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Texto: Daniela Chindler Ilustrações: Cíntia

PROGRAMA Faria
CCBB EDUCATIVO
DIÁLOGOS E SENTIDOS
De que forma é possível conversar sobre os conceitos
presentes nas instituições culturais de maneira que as
crianças compreendam? Como apresentar movimentos,
técnicas, períodos e linguagens para esse público que está
dando seus primeiros passos nesses ambientes? Na essência
da proposta pedagógica do Programa CCBB Educativo,
está a questão da acessibilidade. A instituição cultural
precisa levar em consideração seu público. Uma história bem
contada para os jovens visitantes também será uma história
bem contada para visitantes mais experientes.

Através do olhar de uma menina nascida no Bronx,


conheceremos a Nova York das décadas de 1970 e 1980, com
o surgimento da Pop Art, do movimento Hip-Hop, da força do
grafite e da arte de rua. Foi esse "caldeirão cultural" que tanto
influenciou a vida e o trabalho de Jean-Michel Basquiat.

Com esta exposição, o Centro Cultural Banco do Brasil


reafirma o compromisso com a ampliação do acesso à cultura
e a formação de público, desta vez com a obra de um jovem
considerado um gênio da arte urbana.

Boa leitura e divirtam-se!

Centro Cultural Banco do Brasil


Texto: Daniela Chindler Ilustrações: Cíntia Faria
Nasci em dezembro na Big Apple, na Grande Maçã! Sou do Bronx, uma região de Nova York onde podem ser ouvidas várias línguas
diferentes pelas ruas. Aqui vivem americanos negros, famílias de imigrantes italianos
e os flocos de neve, porque em e muitos moradores de origem hispânica, ou seja, vindos de países de língua
Gosto de imaginar a cegonha voando entr
que dariam esse apelido a uma espanhola. Minha mãe é porto-riquenha, e meu pai, americano.
dezembro faz frio aqui, em NOVA YORK. E por
idas de cavalos eram chamados de
cidade? Antigamente os prêmios das corr
adoram comer essa fruta –, e os
Meu nome é Dolores Rodríguez,
“maçãs” – aposto que é porque os cavalos
cidade que dava grandes prêmios.
jóqueis desejavam participar do torneio na
rquino escreveu em sua coluna que

mas todo mundo me chama de Lola.


Um dia, um jornalista de esportes nova-io
daí surgiu o nome.
todos queriam competir na “Big Apple”, e

pre dizem:
Meu pai e seus amigos, músicos de jazz, sem Rico Lola Rodríguez, que
Fui batizada assim em homenagem à poetisa de Porto
s falam espanhol.
escreveu “Mis Cantos”. Na vizinhança, quase todo
“Há muitas maçãs na árvore,
As ruas do Bronx eram perigosas, e a mãe ficava
mas somente uma preocupada quando eu saía para pular corda com
grande maçã”. minhas amigas. Mas aqui também é o bairro do
Jardim Botânico e do Zoológico.
Isso porque Nova York era a
cidade onde eles mais gostavam Eu adorava colorir, nos
de se apresentar... papéis grandes
que papai trazia do esc
ritório, girafas
e os enormes búfalos b
isontes que
me impressionavam.

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Meus tios moravam em outra região, no Brooklyn, e
sempre que íamos vê-los mamãe aproveitava para
me levar ao museu que tem lá. São cinco andares
e várias coleções: arte egípcia, asiática, africana,
europeia, americana e arte contemporânea.
É gigante, um dos maiores dos Estados Unidos.
Eu gostava tanto de visitar o Museu do Brooklyn
que até ganhei uma carteirinha de membro júnior.

Uma vez, eu e mamãe atravessamos a ponte


do Brooklyn e fomos para a ilha de Manhattan visitar o
de Arte Moderna de Nova York.
MoMA, que é o Museu dadas quando entrei na galeria e vi
Estávamos de mãos
o enorme mural de Guernica. Fiquei assombrada.

Não conseguia nem piscar na frente daquela


pintura de três metros e meio de altura por
quase oito metros de comprimento. Picasso
Eu só sei que ver Guernica
foi uma das coisas mais importantes que
teve que usar uma escada para pintá-la.
As cores da obra em tons de cinza azulado são
noturnas, ela é sombria e mostra o pesadelo
me aconteceram quando era criança.
e a dor dos moradores da cidade espanhola
No alto da tela, tem uma única lâmpada que ilumina o ambiente.
Guernica, bombardeada por aviões alemães.
Seu brilho tem pontas recortadas, como um clarão, uma referência
Talvez Picasso tenha usado essas cores para
às bombas que caíram sobre a cidade. A luz também lembra um
o mural parecer com uma página de jornal e
olho que observa tudo.
todos saberem que aquilo aconteceu.

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Tenho dois irmãos mais velhos, por isso hav
ia Dessa forma o roxo, o verde, o vermelho e o laranja são criados apenas na nossa
bonecos e quadrinhos por todos os cantos
da retina. A técnica evoluiu, mas o processo de separar em pontos dessas quatro
casa e brincávamos os três juntos.
cores continua até hoje. E foi assim também que essa história foi impressa.

O Aquaman, o Lanterna Verde,


a Mulher-Maravilha, o Superman e o Papai me apresentou também o pintor Roy Lichtenstein,
Batman eram nossos preferidos. Mas eu
sentia falta de outras heroínas, por que
que tinha duas coisas parecidas comigo: nasceu aqui,
só uma mulher entre tantos homens? em Nova York, e adorava quadrinhos.
Ele achava que um detalhe nas revistinhas, como um beijo, o nascer do sol
Além disso, queria uma que se parecesse ou uma despedida, ganhava vida na pintura e por isso reproduzia essas
comigo. Foi assim que comecei a desenh cenas em grandes dimensões nas telas. Lichtenstein se divertia escolhendo
ar
minhas próprias aventuras e criei uma hero as imagens que iria pintar, folheando os quadrinhos.
ína
com ares de realeza: Super Queen Lola,
de cabelo black igual ao meu.

Meu pai me mostrou um segredo


das revistas em quadrinhos:

a técnica de Benday.
Usando pontinhos de apenas quatro
cores – magenta (esse tipo de rosa
aqui ao lado), ciano (azul-claro), preto
e amarelo – é gerado um efeito ótico,
e nossos olhos veem as cores que não
estão ali impressas.

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Reparem aqui como Roy Lichtenstein traça os contornos pretos
Ele fez parte de um movimento chamado Pop Art
típicos das revistinhas e brinca com os pontos Benday, ampliando-os.
(abreviação das palavras em inglês Popular Art ),
adas
imagens encontr
que falava do excesso do consumo usando
dia a dia.
em cartazes, revistas e objetos do nosso

Lichtenstein tem uma série de


pinturas que mostram garotas
loiras chorando ou enxugando
as lágrimas. Por que será?
Papai falou que eram imagens
clichês, ideias que, de tão
repetidas, acabam se tornando
um “lugar comum”.

Por que motivo as mulheres


precisam ser fracas e salvas?

Minha heroína
Su p e r Q u e e n L o l a
vai ser durona
e valente.
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ônibus, tento Ele e eu tínhamos muitas coisas em comum. A mãe de Basquiat também
o
Adoro passear pela cidade. No
sentar na janela para ir olhand
o as ruas. Qual instituiçã era porto-riquenha, ele amava Nova York e, assim como eu, achava que
ência
Fico reparando nos grafites pin
tados nos muros tem mais influ mais heróis negros precisavam ser representados nas pinturas.

e nos prédios abandonados. política?


( ) Televisão
Daí comecei a notar uma palavra ( ) Igreja
que eu não conhecia: SAMO. ( ) SAMO Basquiat decidiu que os
Não parecia ser inglês, muito me
nos espanhol.
( ) McDonald´s
negros seriam
os protagonistas, os heróis
tura do artista na maioria de suas obras.
Descobri que era uma sigla e uma assina
Basquiat e do seu parceiro, Al Diaz.
Em sua tela “Per Capita”, o lutador de

SAMO – "same old shit"


boxe Cassius Clay tem uma auréola radiante
sobre a cabeça. Em 1960, aos 18 anos, o atleta
conquistou a medalha de ouro na Olimpíad
mesma merda de sempre". a
– quer dizer, em português, "a de Roma. Ao chegar nos Estados Unidos,
Ops! Desculpa pelo palavrão. Cassius jogou a medalha no Rio Ohio com
o um
protesto pelo racismo presente na socieda
estava por todo o centro de de
Os dois eram espertos, SAMO inos americana. Nos jogos de Atlanta, em 199
vagões dos trens. Os nova-iorqu 6, 36
Nova York – em Manhattan e nos anos depois, já conhecido como Muhamm
eram os autores das frases ad
começaram a se perguntar quem Ali, o pugilista foi a personalidade escolhi
Voice publicou um artigo. da
grafitadas, e o jornal The Village para acender a pira olímpica.
a ficar conhecido.
Foi quando Basquiat começou

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Aqui em casa todo mundo é da música. No meu bairro, no Bronx, surgiu o
hip-hop. Afrika Bambaataa, um dos Os haitianos e os po
Papai sempre bota para tocar na vitrola os discos rto-riquenhos, com
a nossa família, ad o
inventores, falou que o estilo era uma oravam o estilo. Um
em vinil dos grandes mestres de jazz. Sou fã de vez, Basquiat leu um a
novidade interessante (hip) que fazia livro de Biologia
Charlie Parker, Miles Davis e Nina Simone. Mas meu que explicava em
com que as pessoas quisessem se que áreas do cérebr
preferido é o Ray Charles tocando soul music. Soul a gente aprendia a o
mover (hop). Mas hip também é o nome usar a mão como
significa “alma” em inglês. A música na cultura ferramenta e as pa
dos quadris em inglês, então há quem lavras. Aí ele foi pa
negra é muito importante: é um hobby, mas o palco, pegou o m ra
pense que o nome vem da ideia de icrofone – com o liv
também uma forma de se expressar e até de rezar. na mão – e improv ro
balançar os quadris durante a dança. isou esse poema:
Ray Charles misturou a música gospel cantada nas
igrejas com o ritmo do blues e do jazz. "O homem pode
ir à lua
com o cérebro e
a mão
Meus irmãos são do rap: uma combinação deéritmo e poesia.
Basquiat aprend, euondemupoitor
O homem pode
dividir o átomo
quase como
em
O canto no rap é mais falado, sua mensag com o cérebro e
a mão
ursos do Malcon X,
um discurso. Papai disse que lembra os disc O homem pode
um dos nossos grandes líderes, símbolo
da luta contra o racismo. nas ruas de Nova York ver as estrelas
com o cérebro e
todo lado se curtia o hip-hop.
a mão."
O grupo de rap Public Enemy cantou:

“Too black, too strong”, que


quer dizer “Muito negro, muito forte”.
Meus irmãos são péssimos em desenhar, mas ótimos em rimar. Nos duelos, os dois rappers
se desafiavam e podia parecer que um estava ofendendo o outro cantando, mas, na
realidade, era só uma competição para ver quem se saía melhor improvisando rimas.
Os rappers pegam a base de uma música, que chamamos de sample (às vezes é até uma
música famosa), e fazem a rima por cima. É daí que surge o scratch, aquele movimento de
ir para frente e para trás com o disco, que dá a impressão de que o vinil está arranhado.
Meus irmãos pesquisam todo tipo de música para “samplear” e fazer rimas por cima.
Eles também andam sempre com o boombox, aquele aparelho de som grandão.
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Outro dia, estava ajudando a arrumar as latas na despensa da cozinha.
Eram duas latas de milho, uma de feijão e três de sopa.

Aí me lembrei do Andy Warhol.


A primeira exposição dele foi
justamente com latas de sopa
Campbell, seu prato favorito.
Eram 32 telas com a mesma lata de sopa
representada: 32 sopas, uma de cada sabor,
expostas na galeria em fileiras, como se
fossem produtos em uma prateleira de
supermercado.

a de massa ao
Warhol estava falando da cultur O estúdio era um grande galpão, quase sem mobília, com as
imos no nosso
retratar os produtos que consum paredes de prata brilhante e iluminação igual à de um teatro.
nte e sabão em pó.
dia a dia, como sopa, refrigera As paredes não eram pintadas, mas forradas com papel-alumínio.
Eu ia adorar ter um quarto assim, como a fábrica prateada!

Ele é um dos grandes ilha de Manhattan,


A Fábrica ficava aqui em Nova York, nasuas
nomes da Pop Art.
telas, dirigia filmes
e era um lugar muito animado, onde Warhol fazia
e promovia festas frequentadas por artistas e personalidades
como Mick Jagger, Lou Reed e Salvador Dalí.
“The Factory”
Warhol chamou seu estúdio de
sas Warhol registrava tudo com câmeras Polaroid, aquelas que
(A Fábrica) para lembrar as coi
imprimem as fotos na hora, sabe? Até o jogador brasileiro de
produzidas em série.
futebol, o Pelé, foi fotografado pela Polaroid do Warhol.
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Andy Warhol Eu sou uma bagunceira, mas Andy era o homem
da arrumação. Ele também tinha um diário.
gostava mesmo de Foi nesse diário que ele contou a respeito do primeiro
coisas repetidas. encontro que teve com: Jean-Michel Basquiat.
Warhol anotou mais ou menos isso:
Ele produziu retratos em série
de ídolos da música e do cinema
usando a técnica de serigrafia,
que é um processo de impressão
que permite criar muitas obras
iguais. Na indústria, a serigrafia Saí para almoçar
com um
é usada para fazer rótulos de amigo que trouxe um assistente
consigo
produtos e estampar tecidos, Jean-Michel Basq do rapaz voltou
uiat. Tirei
como camisetas. uma foto dele com trazendo um
minha
câmera Polaroid . presente – uma
Ele perguntou
se podia fazer um tela com um
a foto minha
também. Convidei retrato duplo noss
-o para o.

Quando Marilyn Monroe morreu, almoçar, mas ele


comer. Cerca de um
saiu sem
a hora e
A tinta ainda
estava molhada
.
Warhol decidiu fazer uma homenagem a ela.
Fiquei enciumad
meia depois, quan o, ele era mais
do ainda rápido do que eu
estávamos no resta .
urante ,
Usou uma fotografia de um filme e a reproduziu repetidamente,
ia os
mudando apenas as cores. Ele não ligava quando a tinta entup
pontos de impressão, pois curtia essas imperfeições.

Foi na Fábrica que Warhol começou a colecionar as cápsulas do tempo. Desde pequeno,
Warhol usava sempre uma per
ele coletava todos os tipos de objeto e passou a guardar cartas, presentes, fotografias – uca de cabelo branco meio pra
vezes, dava para ver o cabelo teado e, às
tudo que servisse de material para seu trabalho – em caixas de papelão no estúdio. preto dele por baixo. Ele adorav
jaquetas de couro pretas e ócu a vestir
Ele fechava uma caixa por mês e, quando morreu, foram encontradas 600 caixas! los grandes, cool!

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Basquiat ficou famoso em um evento do qual eu adoraria ter
participado. Havia muitos edifícios por aqui que esta
vam sem moradores enquanto
Andy Warhol reconheceu o talento De todos esses trabalhos,

Não era justo e, para divulgar esse


de Basquiat e virou seu padrinho. os artistas escolheram as 16
cidadãos nova-iorquinos não tinham onde morar. E de repente estavam os dois melhores obras para compor
io vazio na Times Square para a trabalhando juntos.
problema, organizaram uma exposição em um préd Juntos mesmo, nas mesmas tel uma exposição chamada
artistas. O evento ganhou o nome as. Se fossem
qual foram convidados pintores, músicos e outros pianistas, podíamos dizer que
dos artistas eram mulheres (muitas compunham a “Warhol & Basquiat:
de “Times Square Show” – era bem legal, metade quatro mãos, mas nesse caso
ém. Basquiat ocupou um quarto de eram pinturas
feministas, como eu) e havia vários negros tamb a duas mãos. Andy começava Pinturas”.
um ia do chão ao teto. a tela com uma
esquina e pintou dois murais abstratos, sendo que serigrafia e Basquiat desenhava
uma máscara, O cartaz da mostra ficou
escrevia uma palavra, e assim muito famoso, com a
por diante.

cr íti co s am ar am se u tr ab al ho e di ss er am que era imagem dos pintores usando


Os Era uma espécie de casamento,
anos 80. os dois formavam calções e luvas de boxe.
a primeira arte radical apresentada nos uma grande dupla. Eles criavam
da outra e chegaram a pintar apr
uma obra atrás
oximadamente
Basquiat adorava o esporte,
e o cartaz reproduzia os
150 quadros em mais ou menos anúncios das lutas.
um ano!
Uma hora Basquiat estava grafitando seus
"textos pintados" nos muros das ruas dos A exposição, porém, foi um
bairros do Soho e do East Village e, no fracasso. Os especialistas
momento seguinte, tornou-se um pintor muito não gostaram nada do que
conhecido. As palavras não sumiram de sua viram, e a crítica negativa
obra, continuavam lá, mas agora dividiam abalou a amizade da dupla,
o espaço com pinceladas violentas, figuras que não se falou mais.
do esporte e da música, referências aos Só que o tempo mostrou
quadrinhos, racismo, história da arte, ruas de que os críticos de arte
Nova York, imagens dos livros de ciência. estavam errados, e
Na primeira exposição individual de Basquiat, hoje todo mundo pensa
todos os quadros foram vendidos. Uau! diferente, que as telas eram,
Ele ganhou centenas de milhares de dólares na verdade, muito boas!
em apenas uma noite!

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Era mais fácil grafitar escondido dentro
do vagão; nos painéis das estações, era
mais arriscado, porque ele ficava mais
vulnerável e podia ser facilmente pego
pelos policiais. Mais de uma vez ele foi
levado algemado por um, que depois viu
que seus colegas policiais eram fãs de
Keith e queriam apertar sua mão.

Keith atraía a atenção dos frequentadores


do metrô. Era comum as pessoas
simplesmente ficarem de pé, observando-o
trabalhar, mas às vezes elas perguntavam
o que seus desenhos significavam.
E ele respondia: “Decidir é seu trabalho,
Conheci outro artista andando de eu apenas faço o desenho”.
metrô: Keith Haring.
Ele era da Pensilvânia, mas tinha se Um bebê engatinhando com raios ao redor, o “bebê radiante”,
mudado para Nova York e adorava
Seus desenhos eram tornou-se uma espécie de assinatura dele.
estar na cidade grande, na Big Apple, simples, como
pirâmides, salsichas,
onde tudo acontecia. discos voadores, Em pouco tempo, Keith já era uma celebridade
seres humanos, figur a que
as com asas, e vendia suas obras nas galerias, mas o que ele Lichtenstein dizi
aparelhos de televisã que
No metrô, as paredes das estações o e animais. gostava mesmo era de desenhar onde todos não havia nada
nsar
tinham painéis com espaços vazios para você pudesse pe
propaganda, em geral com um fundo preto.
Com frequência, Keith pudessem ver: muros, fachadas de prédio, escolas
e hospitais. Embora fosse mais conhecido como um que gostaria de
mudar
Keith pensou: "Esses painéis estão pedindo chegava a fazer 30 ou 40 artista de Nova York, Keith viajou por todo o mundo quando Keith te
rminava
do estava
para serem desenhados!" O fundo preto para pintar murais públicos em Paris, Berlim, Pisa, um trabalho. Tu
dava um ótimo contraste com os traços desenhos em um dia. Sydney e até no interior da Bahia ele chegou, em lindamente dese
nhado.
brancos do giz. E giz era barato. uma cidade chamada Serra Grande.

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Keith Haring era muito amigo de Basquiat A coroa de três picos tinha se
e, um dia, pintou para ele um quadro de presente: tornado um símbolo de Basquiat:
ela aparecia em muitas das suas telas sobre a cabeça
das pessoas que ele admirava, como os boxeadores
Jack Johnson e Muhammad Ali, os músicos Charlie Parker

“Uma pilha de e Dizzy Gillespie, além do próprio Keith Haring.

coroas para Basquiat contou a um jornalista que, em suas


pinturas, as coroas dão aos personagens um
status de força e heroísmo. Acho que vou pintar
Jean-Michel uma coroa na minha Super Queen Lola.

Basquiat"
a
Mas rei mesmo er
om
o Basquiat que, c
apenas 24 anos,
e g ou a se r ca pa da
c h
vist a Th e N e w York
re
Times! Irado!
22
Dividi aqui com vocês meus artistas favoritos.
Nova York não era uma cidade fácil, tinha muitos problemas, mas mesmo assim
Keith Haring animou o metrô com seus seres incríveis. Quando quase nenhum
taxista parava para negros, Basquiat reinou com seu talento. Com 21 anos ele já era
sensação em Nova York. “O artista é alguém que produz coisas que as pessoas não
necessitam ter”, dizia Andy Warhol, que em um prédio velho e sem valor construiu
uma fantástica fábrica prateada onde serigrafias de latas de sopa, garrafas de
refrigerante e caixas de sabão em pó saíam direto para os museus. Legenda das obras
Meus irmãos e Página 7 Página 16
Nascer do Sol Marilyn Monroe
outros irmãos do
[Sunrise] Andy Warhol, 1967
Bronx invadiam as Roy Lichtenstein, 1965 Serigrafia
ruas com sua dança, Litografia em offset em vermelho, azul e amarelo. 91 x 91 cm
46,7 x 62 cm
e as rádios, com seus
Hamburgo, Museum für Kunst und Gewerbe Página 21
protestos e ritmo. Bebê Radiante
Fizemos bonito e Página 8 [Radiant Baby]
Moça chorando Keith Haring, 1982
demos nosso recado.
[Crying Girl]
Roy Lichtenstein, 1964 Página 22
Parece que Esmalte sobre placa de aço Uma pilha de coroas para Jean-Michel Basquiat
117 x 117 cm [A Pile of Crowns, for Jean-Michel Basquiat]
entramos para Milwaukee Art Museum Keith Haring, 1988.
Acrílico sobre tela
a história, né? Página 15 274,32 x 304,8 cm
Latas de Sopa Campbell
[Campbell's Soup Cans], © Estate of Roy Lichtenstein / AUTVIS, Brasil, 2018.
Andy Warhol, 1962
© 2018 - The Andy Warhol Foundation for the Visual
Tinta de polímero sintético sobre tela

Não é à toa que papai falou que não


Arts, Inc./ Licensed by AUTVIS, Brasil.
50,8 cm × 40,6 cm cada
Museu de Arte Moderna, Nova Iorque © Keith Haring artwork © Keith Haring Foundation.

há um palco como a Big Apple.


Patrocínio PROGRAMA CCBB EDUCATIVO CADERNO DE MEDIAÇÃO

Dividi aqui com vocês meus artistas favoritos.


Banco do Brasil DIÁLOGOS E SENTIDOS JEAN-MICHEL BASQUIAT
Realização Coordenação educativa Redação
Ministério da Cultura Izabela Mariano Daniela Chindler
Centro Cultural Banco do Brasil Luiz Silva
Nova York não era uma cidade
Projeto educativo
fácil, tinha muitos problemas,
Coordenação de produção
mas mesmo assim
Colaboração
Adriana Xerez
Keith Haring animou o metrô com seus seres incríveis. Quando
Sapoti Projetos Culturais Natália Salles quase nenhum
Ilustração
Coordenação-geral Assistente de coordenação educativa Cíntia Faria
taxista
Daniela parava para negros, Basquiat
Chindler ZUG Produçõesreinou com seu talento. Revisão
Culturais Com 21 anos ele já era
textual
Coordenação administrativo-financeira Educadores
sensação
Fernanda Galvão em Nova York. “O artista é alguém que produz coisas
Beatriz Barros que as pessoas não
Marcela Lima
Projeto gráfico
Larissa Altoé
necessitam
Simone Vieira ter”, dizia Andy Warhol,
Bruno Ramos que
Bruno Lourenço
em um prédio velho e sem
(Surdo)
Gabriel valor construiu
Victal

uma fantástica fábrica prateada


Coordenação
Adriana Xerez
de produção onde serigrafias de latas de
Jéssica Policastri
Intérprete de Libras
sopa, garrafas de
EXPOSIÇÃO
refrigerante e caixas de sabão em pó saíam direto para
Fabiana Martelotte Anne Magalhães os museus.
JEAN-MICHEL BASQUIAT
OBRAS DA COLEÇÃO MUGRABI
Assistente de coordenação educativa Estagiários
Cíntia Faria Alex Campelo 25 de janeiro a 07 de abril de 2018
Estagiários André Souza Coordenação geral
Meus irmãos e
Bárbara Martins Anna Belinello Art Unlimited
Rafael Ribeiro Carla Ferraz Pieter Tjabbes
outros irmãos do Clara Lobato Tânia Mills
Fabiano Lira
Bronx invadiam as Gustavo Braustein
Curador
Pieter Tjabbes
Marcos Ogawa
ruas com sua dança, Mario Rezende
Nayara Patente
e as rádios, com seus Pedro Furtado

proCultural
Centro testosBanco
e ritm o. – São Paulo
do Brasil

Fizemos bon
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – SP. Próximo às estações Sé e São Bento do Metrô
Informações: (11) ito e
3113-3651/3652 | Agendamento: (11) 3113-3649
dem
SAC:os0800nos
729so recado.
0722 | Ouvidoria BB: 0800 729 5678 | Deficiente Auditivo ou de Fala: 0800 729 0088
Alvará de Funcionamento nº 2017/14012-00. Validade: 26/07/2018.
Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros nº 337826. Validade: 28/01/2019.
Parece que
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entramos para
a história, né?
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Não é à toa que papai falou que não


há um palco como a Big Apple.

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