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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS


FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

BEATRIZ CORDEIRO DE BONA


CAIO LUCAS SILVA SANTOS
FABRICIO ALEX RAMALHO PRAÇA
MARIA EDUARDA FERREIRA CABRAL
PEDRO HENRIQUE PACHECO ARAGÃO

ELETROQUÍMICA

MARABÁ-PA
2017
BEATRIZ CORDEIRO DE BONA
CAIO LUCAS SILVA SANTOS
FABRICIO ALEX RAMALHO PRAÇA
MARIA EDUARDA FERREIRA CABRAL
PEDRO HENRIQUE PACHECO ARAGÃO

ELETROQUÍMICA

Artigo Científico apresentado à Faculdade de


Engenharia de Materiais da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará em
cumprimento às exigências da disciplina de
Físico-Química dos Materiais.

Orientador:
Prof. Dr. Eng. Silvio Alex Pereira da Mota.

MARABÁ-PA
2017
RESUMO

A eletroquímica é um ramo da Química que estuda o aproveitamento das reações de


oxirredução, em que há transferência de elétrons, para a formação de corrente elétrica, bem
como o processo inverso: formação de energia química por meio da energia elétrica. Uma
corrente elétrica pode provocar uma reação química ou, uma reação química pode produzir uma
corrente elétrica. A relação entre estes dois fenômenos é estudada pela eletroquímica. As pilhas
e baterias são dispositivos em que ocorre uma reação de oxidorredução que produz corrente
elétrica. Isso significa que há uma conversão de energia química em energia elétrica. Esse
processo é espontâneo, pois há a transferência de elétrons entre um metal que tem a tendência
de doar elétrons (eletrodo negativo – ânodo), por meio de um fio condutor, para um metal que
tem a tendência de receber elétrons (eletrodo positivo – cátodo). A eletrólise é o processo
inverso das pilhas e baterias, isto é, uma corrente elétrica gera uma reação química de
oxidorredução. A eletrólise é um processo não espontâneo que transforma energia elétrica em
energia química. No início do século XIX, o físico e químico inglês Michael Faraday realizava
diversos experimentos de eletrólise (processo em que a corrente elétrica desencadeia reações
químicas), e, então, começam a surgir os primeiros indícios de como se dá a relação entre a
matéria e a eletricidade. A partir desses experimentos, Michael Faraday propôs, em 1834,
algumas regras gerais para a eletrólise, que ficaram conhecidas como leis de Faraday (ou leis
da eletrólise). Além de todos esses conceitos essenciais para a eletroquímica, o objetivo deste
trabalho também é tratar da condutividade, reações eletródicas e potencial de eletrodo.

Palavras-chaves: eletroquímica, eletrólise, condutividade, reações eletródicas, potencial de


eletrodo.
ABSTRACT

Electrochemistry is a branch of chemistry that studies the use of oxidation reactions, in which
there is transfer of electrons, for the formation of electric current, as well as the inverse process:
formation of chemical energy by means of electric energy. An electric current can cause a
chemical reaction or, a chemical reaction can produce an electric current. The relationship
between these two phenomena is studied by a branch of chemistry called electrochemistry.
Batteries and batteries are devices in which an oxidoreductive reaction occurs that produces
electric current. That means there is a conversion of chemical energy into electrical energy.
This process is spontaneous, since there is the transfer of electrons between a metal that tends
to donate electrons (negative electrode - anode), by means of a conducting wire, to a metal that
tends to receive electrons (positive electrode - cathode). Electrolysis is the reverse process of
batteries and batteries, that is, an electric current generates a chemical reaction of
oxidoreduction. Electrolysis is a non-spontaneous process that transforms electrical energy into
chemical energy. In the early nineteenth century, British physicist and chemist Michael Faraday
performed several electrolysis experiments (a process in which electrical current triggers
chemical reactions), and then the first signs of how the relationship between matter and the
electricity. From these experiments, Michael Faraday proposed, in 1834, some general rules for
electrolysis, which became known as Faraday's laws (or laws of electrolysis). In addition to all
these essential concepts for electrochemistry, the objective of this work is also to address the
conductivity, electrode reactions and electrode potential.

Keywords: electrochemistry, electrolysis, conductivity, electrode reactions, electrode


potential.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Estrutura da pilha. .................................................................................................... 10
Figura 2- Esquema do processo de eletrólise do NaCl. .......................................................... 11
Figura 3- Dissociação iônica do NaCl em meio aquoso.......................................................... 12
Figura 4- Esquematização da eletrólise do NaCl. ................................................................... 13
Figura 5- Ilustração da Elétrolise do Nacl em meio aquoso.. ........................................................ 13
Figura 6- Reações da eletrólise do NaCl.. ................................................................................... 14
Figura 7- Esquema da eletrólise do H2SO4.. .......................................................................... 15
Figura 8 - Michel Faraday. ...................................................................................................... 16
Figura 9 - Célula eletrolítica de AgNO3. ................................................................................. 17
Figura 10 - Células eletrolíticas em série. ............................................................................... 17
Figura 11 - Ilustração dos íons. ............................................................................................... 20
Figura 12: Dissociação Iônica. ................................................................................................ 20
Figura 13: Condução nos Eletrólitos. ...................................................................................... 21
Figura 14: Dissociação eletrolítica do Cloreto de Sódio. ........................................................ 22
Figura 15- Pilha de Alessandro Volta. .................................................................................... 25
Figura 16 – Pilha com eletrodos de cobre e zinco. .................................................................. 26
Figura 17 – Pilha com eletrodos de cobre e zinco após um certo tempo. ............................... 26
Figura 18- Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC. ....................................... 28
Figura 19- Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC. ....................................... 29
Figura 20- Pilha com eletrodos de Zn e Hidrogênio. .............................................................. 30
Figura 21- Pilha com eletrodos de Cu e Hidrogênio.. ............................................................. 31
Figura 22- Representação de uma pilha. ................................................................................. 32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Tabela dos potenciais de redução. ........................................................................... 28


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 8
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 8
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 8
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 9
3.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA ELETROQUÍMICA ............................................ 9
3.2 ELETRÓLISE .................................................................................................................... 11
3.2.1 Leis de Faraday .............................................................................................................. 15
3.2.1.1 primeira Lei de Faraday................................................................................................ 16
3.2.1.2 segunda Lei de Faraday ................................................................................................ 17
3.3 CONDUTIVIDADE ........................................................................................................... 19
3.3.1 Teoria da dissociação iônica de Arrhenius .................................................................. 19
3.3.2 Eletrólitos ....................................................................................................................... 20
3.3.3 Dissociação eletrolítica .................................................................................................. 20
3.3.4 Condução nos eletrólitos ............................................................................................... 21
3.4 APLICAÇÕES DA ELETRÓLISE .................................................................................... 22
3.4.1 Galvanoplastia ............................................................................................................... 22
3.4.2 Tipos de galvanoplastia ................................................................................................. 23
3.5 REAÇÕES ELETRÓDICAS .............................................................................................. 23
3.5.1 Reações Eletrolíticas ...................................................................................................... 23
3.5.2 Eletrolise no HCl............................................................................................................ 23
3.5.3 Eletrólise do H2SO4........................................................................................................ 24
3.6 PILHAS E BATERIAS ...................................................................................................... 24
3.6.1 A presença da ponte salina ........................................................................................... 27
3.6.2 Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC ............................................ 27
3.7 POTENCIAL DE ELETRODO ......................................................................................... 28
3.7.1 O eletrodo-padrão de hidrogênio ................................................................................. 28
3.7.2 Medida do potencial-padrão de um eletrodo .............................................................. 29
3.7.3 Cálculo do 𝑬𝟎𝒓𝒆𝒅 do eletrodo de zinco ............................................................................ 30
3.7.4 Cálculo do 𝑬𝟎𝒓𝒆𝒅 do eletrodo de cobre .......................................................................... 31
4 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS. .................................................................................................................... 36
7

1 INTRODUÇÃO

Os primeiros estudos eletroquímicos datam de 1786 e foram realizados por Galvani. Ele
observou que uma perna de rã “movia-se” quando a ele se aplicava uma diferença de potencial
elétrico. Um dos polos do elemento de descarga elétrica era fixado no nervo e o capacitor no
músculo. Galvani imaginava que o sistema formava um capacitor, descarregando a sua
eletricidade na perna (TICIANELLI, 1998).

O objetivo fundamental da Eletroquímica é o estudo de sistemas capazes de entregar


trabalho útil elétrico a partir de reações de oxirredução (células galvânicas) ou de sistemas nos
quais ocorrem processos de oxirredução ao receberam trabalho útil elétrico (eletrólise)
(TICIANELLI, 1998).

Numa reação de oxirredução ocorrem dois processos básicos: a perda de elétrons


chamada de oxidação, e o ganho de elétrons chamado de redução. Se uma substância sofre
redução ela causa, consequentemente, a oxidação de outra substância, portanto ela atua como
um agente oxidante. Da mesma forma uma substância que foi oxidada atuou como agente
redutor (BROWN, 2005).

Uma reação é considerada eletroquímica se ela estiver associada a uma passagem de


corrente elétrica através de uma distância finita, maior que a distância Inter atômica. Essa
passagem de corrente envolve o movimento de partículas carregadas: íons, elétrons ou ambos.
Dessa forma na maioria das reações, que se manifestam em presença de uma superfície
metálica, ocorre esta passagem de corrente através do metal, e a reação é eletroquímica em sua
natureza (WOLYNEC, 2003).

A corrosão de metais manifesta-se em diferentes tipos de meios, porém o meio em que


ele ocorre com maior frequência é o aquoso. Nesse meio o mecanismo da corrosão é
essencialmente eletroquímico. Assim, técnicas eletroquímicas podem ser utilizadas na
avaliação, no controle e na investigação da corrosão de metais sofrendo diferentes tipos de
ataques corrosivos (WOLYNEC, 2003).
8

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar a eletroquímica bem como a conversão de energia química (reações de


oxirredução) em energia elétrica (pilhas e baterias) e o processo contrário (eletrólise).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar a importância das Leis de Faraday para a Eletroquímica.


b) Verificar a condutividade dentro da eletroquímica bem como a teoria da dissociação
iônica de Arrhenius.
c) Analisar as reações eletródicas e o potencial de eletrodo.
9

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA ELETROQUÍMICA

O objetivo fundamental da Eletroquímica é o estudo de sistemas capazes de entregar


trabalho útil elétrico a partir de reações de oxirredução (células galvânicas) ou de sistemas nos
quais ocorrem processos de oxirredução ao receberem trabalho útil elétrico (eletrólise)
(TICIANELLI; GONZALES, 2005).
A eletroquímica ocupa-se da análise da inter-relação de fenômenos químicos e de
fenômenos elétricos. Tal inter-relação é constatada, de um lado, pela condutividade elétrica
apresentada por certos líquidos e soluções, isto é, pela passagem de corrente elétrica através do
meio produzindo reações químicas, e, por outro, pela produção de corrente elétrica a partir de
reações químicas (BISCH; COSTA, 2007).
No primeiro caso, temos o fenômeno conhecido da eletrólise, pelo qual a passagem de
uma corrente elétrica através de uma solução provoca a decomposição de substâncias. O
segundo diz respeito ao funcionamento das pilhas elétricas (BISCH; COSTA, 2007).

A matéria é composta de partículas eletricamente carregadas, por isso há a possibilidade


de converter energia elétrica em energia térmica ou o contrário. A compreensão desses
fenômenos tem passagem pelos estudos das reações de oxidação – redução, estas reações por
exemplo estão envolvidas com armazenamento de energias e pilhas elétricas e
ferrugem/corrosão. (FOGAÇA, 2017).
Para que possamos entender as reações eletroquímicas é necessário que tenhamos
conhecimento do conceito de estado de oxidação dos átomos que formam um composto
químico em que pode ser definido como a diferença entre o número de elétrons que um
elemento tem na substância pura e o número de elétrons que seu átomo tem num composto
(BISCH; COSTA, 2007).
As reações que envolvem transferência de elétrons são chamadas de reações de
oxirredução, pois nelas ocorrem simultaneamente a redução e a oxidação. A espécie química
que perde elétrons passa por uma oxidação e fica com o Nox (número de oxidação) maior. Já a
espécie química que recebe esses elétrons passa por uma redução e o seu Nox fica menor
(FOGAÇA, 2017).
Por exemplo, a seguir há uma reação desse tipo, na qual uma placa de zinco metálico
(Zn0) é colocada em uma solução de sulfato de cobre (que possui cátions cobre II (Cu2+)
dissolvidos). O zinco sofre oxidação, perdendo dois elétrons e transformando-se no cátion zinco
10

(Zn2+), enquanto os íons de cobre recebem esses elétrons e transformam-se em cobre metálico
(Cu0). Veja a equação iônica desse processo: Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s) (BISCH;
COSTA, 2017).
Podemos afirmar que o fenômeno eletroquímico na maioria das vezes acontece com
reações semelhantes a essa. Sendo que existem duas formas mais comuns: Pilhas e Baterias,
onde existe a conversão de energia química em energia elétrica, no qual uma reação espontânea
de oxidação-redução produz corrente elétrica. (GALIZA et al, 2014).
A pilha pode ser dividida em três partes:

1. Elétrodos - são os condutores de corrente da pilha:

- Ânodo: elétrodo positivo de uma pilha.

- Cátodo: elétrodo negativo de uma pilha.

2. Eletrólito - é a solução que age sobre os elétrodos.

3. Recipiente - guarda o eletrólito e suporta os elétrodos.

Observe a figura a seguir que exemplifica a estrutura:

Figura 1 - Estrutura da pilha

Fonte: Galiza et al (2014)

Eletrólise é o processo inverso que acontece com as pilhas e baterias, neste a energia
elétrica é transformada em energia química. Utiliza-se energia elétrica para forçar a ocorrência
de uma reação química não espontânea pela neutralização das cargas dos íons e formação de
substâncias simples (FOGAÇA,2017).
11

A célula eletrolítica é onde ocorre a eletrólise. O arranjo dos componentes das células
eletrolíticas é diferente do arranjo das células galvânicas (é uma célula eletroquímica em que
uma reação química espontânea é usada para gerar uma corrente elétrica), os dois eletrodos
estão no mesmo compartimento com um tipo de eletrólito, e as concentrações e pressões não
são próximas da padrão (ATKINS, 2007).
“Como em todas as células eletroquímicas, a corrente passa pelo eletrólito, carregada
pelos íons presentes” (ATKINS,2007).
Quando se passa uma corrente elétrica proveniente de algum gerador (como uma pilha
ou uma bateria) por um líquido iônico (substância fundida - eletrólise ígnea) ou por uma
solução aquosa que contém íons (eletrólise em meio aquoso). Desse modo, o cátion presente
no líquido ou na solução recebe elétrons, e o ânion doa elétrons, para que ambos fiquem com
carga elétrica igual a zero e com energia química acumulada (FOGAÇA,2017).

3.2 ELETRÓLISE

Eletrólise é basicamente uma reação de oxi-redução não espontânea, realizada através


de uma corrente elétrica, através de uma solução. (FELTRE, 1928).
Um dos exemplos mais importantes de eletrólise ígnea é a do cloreto de sódio (NaCl)
ou sal de cozinha, que produz duas substâncias simples, o sódio metálico, Na0(s), e o gás cloro,
Cl2(g). A Figura 3 abaixo mostra como ocorre esse tipo de eletrólise:

Figura 2- Esquema do processo de eletrólise do NaCl.

Fonte: Feltre (1928).

Quando o sal é aquecido a uma temperatura de 800,4 º C, ele se funde e seus íons ficam
livres conforme a Equação 01:

NaCl → Na+ + Cl- (Eq.02)


12

Veja o que ocorre em cada eletrodo quando o gerador é ligado.

 Eletrodo positivo: Ânodo - desse eletrodo saem os elétrons, sofrendo oxidação e é


onde os ânions Cl- se descarregam;

 Eletrodo negativo: Cátodo - esse eletrodo recebe os elétrons, sofrendo redução e é


onde os cátions Na+ se descarregam.

As semirreações e a reação global que ocorrem nessa eletrólise ígnea são:

 Semirreação no cátodo: Na+ + e- → Na. (redução).


 Semirreação no ânodo: 2Cl- → Cl2 + 2e- (oxidação).
 Reação global: 2 Na+ + 2 Cl- → 2 Na + Cl2.

Eletrólise em solução aquosa com eletrodos inertes

O resultado é totalmente diferente daquele que ocorre na eletrólise ígnea, pois a água
da própria solução se ioniza segundo a equação:
H2 O ↔ H + + OH − (Eq. 04)
Apesar de muito fraca, a ionização irá “competir” com a dissociação do NaCL:
NaCl ↔ Na+ + Cl− (Eq. 05)
Logo:
Figura 3: Dissociação iônica do NaCl em meio aquoso.

FONTE: Feltre, 2008.

O que sempre vai acontecer, nesse tipo de eletrólise, é o seguinte: o polo 2 descarrega,
em primeiro lugar, o cátion de descarga (redução) mais fácil (nesse caso, o H1). Analogamente,
o polo 1 descarrega, em primeiro lugar, o ânion de descarga (oxidação) mais fácil (nesse caso,
o CL2). (FELTRE, 2008). Resumidamente, teremos:
13

Figura 4: Esquematização da eletrólise do NaCl.

FONTE: Feltre, 2008.

As figuras mostram uma ilustração geral da eletrólise do NaCl em meio aquoso e suas
reações:

Figura 5: Ilustração da Elétrolise do Nacl em meio aquoso.

FONTE: Feltre, 2008.

Suas semirreações e reação global são:


14

Figura 6: Reações da eletrólise do NaCl.

FONTE: Autor.

Eletrólise em solução aquosa com eletrodos ativos (ou reativos).

Eletrodo ativo (ou reativo) é o que participa das reações de eletrólise, sofrendo em geral
um desgaste ou corrosão. Em qualquer eletrólise, os eletrodos devem, evidentemente, ser bons
condutores de eletricidade; isso nos obriga a utilizar eletrodos metálicos ou de grafite.
Entretanto, o eletrodo pode sofrer corrosão devido à passagem da corrente elétrica ou devido
às substâncias formadas na eletrólise. Vejamos como exemplo a eletrólise de H2SO4 em solução
aquosa diluída, com eletrodos de cobre. Na solução aquosa, temos as seguintes ionizações:

H2 SO4 → 2H 2 + SO2−
4 (Eq. 06)

H2 O → H + + OH − (Eq. 07)

O polo (-) tem, como única opção, a descarga do H+. O polo (+), porém, poderia optar
por retirar elétrons do SO42- ou do OH- ou, agora, do próprio anodo (que é o metal cobre),
segundo a equação Cu0 → Cu2+ + 2e_. Como essa última oxidação é mais fácil, ela será, sem
dúvida, a preferida. Esquematicamente:
15

Figura 7: Esquema da eletrólise do H2SO4.

FONTE: Feltre, 2008.

Reações da eletrólise:

Ionização inicial: 𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒 → 𝟐𝐇 + + 𝐒𝐎𝟐−


𝟒

No polo (-), (redução catódica): 𝟐𝐞− + 𝟐𝐇 + → 𝐇𝟐

No polo (+), (redução catódica): 𝐂𝐮 → 𝐂𝐮𝟐+ + 𝟐𝐞−

Reação global da eletrólise: 𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒 + 𝐂𝐮 → 𝐂𝐮𝐒𝐎𝟒 + 𝐇𝟐 (𝐆)

É interessante notar que a reação não é espontânea. O Cu, estando abaixo do H na


tabela de potenciais-padrão de eletrodo, não pode deslocar o H+ dos ácidos, no entanto, aqui a
reação se efetuou, pois foi forçada a isso pela passagem da corrente elétrica.

3.2.1 Leis de Faraday

Michael Faraday foi um físico e químico inglês, nasceu em Newington a 22 de setembro


de 1791 e faleceu em Hampton Court a 25 de agosto de 1867, tendo grandes contribuições no
campo da Eletroquímica. Ele foi responsável pela criação dos termos: cátion, ânion, eletrodo,
eletrolítico, entre outros. Ele foi intitulado como um experimentalista, título merecido em
virtude de ter realizado incontáveis experimentos envolvendo as leis que regem a eletrólise. Os
estudos propostos por Faraday são, na maioria, relacionados à eletrólise, mas não foi somente
a esta área que o cientista focou suas pesquisas.
16

Figura 8 - Michel Faraday.

Fonte: ROBERT (2011).

Michael Faraday formulou duas leis que regem o aspecto quantitativo da eletrólise,
relacionando a massa (m) formada ou transformada, com a carga elétrica que atravessa o
circuito e o equivalente-grama das substâncias obtidas nos eletrodos. (ROBERT, 2011).

3.2.1.1 primeira Lei de Faraday

A primeira Lei de Faraday estabelece que a massa (m) de uma substância eletrolisada é
diretamente proporcional à quantidade de eletricidade (Q) que atravessa a solução. (FELTRE.
1928).
Matematicamente:

m = k1 . Q- (Eq.08)
Lembrando que em Eletricidade:

Q=i.t (Eq.09)
Onde:

𝑖 = intensidade da corrente elétrica:


𝑡 = tempo de passagem da corrente elétrica.
Logo:

m = k1 . i . t (Eq.10)

Essa lei pode ser comprovada com a célula abaixo. Medindo a intensidade de corrente
(i) no amperímetro, o intervalo de tempo (t) de passagem da corrente com um cronômetro e
determinamos o aumento da massa (m) sofrido pelo catodo, devido à deposição de prata durante
17

a eletrólise. Verificamos, então, que à proporção que aumentam (i) e (t), aumentará também a
massa (m).

Figura 9: Célula eletrolítica de AgNO3.

Fonte: Feltre (1928).

3.2.1.2 Segunda Lei de Faraday

A segunda Lei de Faraday diz que a mesma quantidade de eletricidade irá eletrolisar
massas (m) de substâncias diferentes, que serão proporcionais aos equivalentes-gramas (E) de
oxi-redução.
Matematicamente:
m = k2 . E (Eq.11)
Podemos comprovar essa lei ligando, por exemplo, duas células eletrolíticas em série,
com soluções diferentes:

Figura 10 - Células eletrolíticas em série.

Fonte: Feltre (1928).


18

A ligação em série garantirá que a mesma quantidade de eletricidade passará pela


primeira e pela segunda célula eletrolítica. Constata-se que a massa de prata (mAg) depositada
na primeira célula é diferente da massa de Cobre (mCu) depositada na segunda célula. No
entanto.

mAg m
= E Cu =(k 2 ) (Eq.12)
EAg Cu

Onde:
mAg =k2 . EAg e mCu = k2 . ECu (Eq.13)

E, generalizando:
m= k2 . E (Eq.14)
Relacionando as duas leis, temos:
m=k . E . Q ou m=K. E.i.t (Eq.15)

Por outro lado, constata-se, também experimentalmente, que, passando por uma célula
eletrolítica uma quantidade de eletricidade (Q) igual a 96500 coulombs, a massa eletrolisada
(m) é sempre igual ao equivalente-grama (E), qualquer que seja o eletrólito utilizado.

Q = 96500 coulombs → m = e

Desse modo a formula 𝑚 = 𝐾 . 𝐸 . 𝑄 ficará:

1
E = K . E . 96500 → K = (Eq.16)
96500

Logo:
1
m= .E.Q (Eq.17)
96500
19

Ela constitui a equação geral da eletrólise, nela, o valor de (E) representa sempre o
equivalente-grama de oxi-redução do eletrólito. As leis e fórmulas apresentadas valem tanto
para eletrólises ígneas como para eletrólises em solução. De acordo com Feltre, 1928, como
acontece em qualquer reação química, uma eletrólise pode não ter um rendimento (r) total ou
completo. Caso o problema mencione um rendimento (0 < r < 1) devemos ‘corrigir’ as fórmulas
dadas:
1
m= 96500 . E . Q . r (Eq.18)

A quantidade de eletricidade igual a 96500 Coulombs é denominada 1 FARADAY (F).


Ela é importantíssima em eletroquímica, pois representa a quantidade de eletricidade capaz de
eletrolisar 1 equivalente-grama de qualquer substância; o Faraday representa, também, a carga
elétrica de 1 mol (6,02×1023) de elétrons.

3.3 CONDUTIVIDADE

3.3.1 Teoria da dissociação iônica de Arrhenius

A partir das experiências dos físico-químico sueco August Arrhenius, realizadas com a
passagem de corrente elétrica através de soluções aquosas, formulou-se a hipótese de que estas
continham os íons, partículas carregadas. Segundo Arrhenius os íons positivos, os cátions, e
negativos, os ânions (SOUZA, 2015).

Segundo Silva (2007) a teoria da dissociação eletrolítica de Arrhenius referisse a quando


uma substância se dissolve em água, vai-se dividindo em partículas cada vez menores. Em
alguns casos, essa divisão se encerra nas moléculas e a solução não conduz a corrente elétrica.
Em outros casos, a divisão vai além de moléculas; estas dividem-se em partículas ainda
menores, com carga elétrica, denominadas íons. Nesta situação, a solução é condutora. Os íons
estão ilustrados logo abaixo, conforme a Figura 6.
20

Figura 11 - Ilustração dos íons.

Fonte: Cesar (2009).

3.3.2 Eletrólitos

Em termos simples, é possível afirmar que um eletrólito é um tipo de material que,


quando dissolvido em agua, se torna condutor. Na maioria das situações, os eletrólitos são
soluções de ácidos, bases ou sais, diluídas em solvente, normalmente água. Por isso recebem o
nome de solução iônicas (MARQUES, 2015). Um exemplo de dissociação iônica pode ser visto
na Figura 7.

Figura 12 - Dissociação Iônica.

Fonte: Fogaça (2009).

3.3.3 Dissociação eletrolítica

As ligações iônicas resultam da atração elétrica entre cátions e ânions, constituindo a


molécula. Tendo em vista que nessas ligações a força elétrica é de fundamental importância,
para separar os íons há a necessidade de fazer com que essa força fique consideravelmente mais
21

reduzida. E isso é possível se o meio no qual o composto estiver for um meio dielétrico
(MARQUES, 2015).

Denomina-se de dielétrico o material que dificulta a passagem da corrente elétrica.


Nesse tipo de material, os elétrons em fluxo ordenado têm seu movimento impedido. Perceba
que a definição de dielétrico é exatamente a mesma para isolante elétrico (JUNIOR, 2015).

Conforme Marques (2015), a água possui uma constante dielétrica que é 80 vezes maior
que a constante dielétrica do ar. Consequentemente, a força eletrostática fica 80 vezes menor
quando o composto está imerso na água. Esse enfraquecimento da força eletrostática acarreta a
separação dos íons. Esta separação é a dissociação eletrolítica.

3.3.4 Condução nos eletrólitos

Suponhamos agora uma solução de um ácido, uma base ou um sal em água, por
exemplo, cloreto de sódio em água. Sabemos que suas moléculas se dissociam, isto é, existem
íons de sódio e de cloro soltos na água, caminhando em direções quaisquer. Suponhamos que
nessa solução sejam mergulhadas duas placas metálicas A e B, ligadas aos polos de um gerador
G, conforme a Figura 8. As duas placas metálicas são chamadas eletrodos. O eletrodo negativo,
isto é, aquele ligado ao polo negativo do gerador é chamado cátodo. O eletrodo positivo, isto é,
aquele ligado ao polo positivo do gerador é chamado anodo (CENTRO DE ENSINO E
PESQUISA APLICADA, 2010).

Figura 13 - Condução nos Eletrólitos.

Fonte: Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (2010).

Esse movimento de íons em sentidos opostos forma a corrente elétrica.


Consequentemente, a solução passa a conduzir a eletricidade. O dado interesse a desse processo
de condução é o fato de que ele acaba sendo um processo autossustentado. Isso ocorre porque
os elétrons que são cedidos ao ânodo são enviados, através desse eletrodo, para o gerador. O
papel do gerador é enviá-los para o cátodo através do fio metálico (MARQUES, 2015).
22

No cátodo, os elétrons são assimilados pelos íons positivos. Ao receberem esses


elétrons, esses íons se transformam em átomos neutros. Assim, nos fios metálicos, a corrente é
uma corrente de elétrons que são retirados dos ânions e repassados para cátion. Esse processo
é ilustrado na figura abaixo na qual se considera a dissociação eletrolítica do cloreto de sódio
(MARQUES, 2015).

Figura 14 - Dissociação eletrolítica do Cloreto de Sódio.

Fonte: Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (2010).

3.4 APLICAÇÕES DA ELETRÓLISE

3.4.1 Galvanoplastia

É uma técnica industrial que utiliza a eletrólise em meio aquoso para cobrir uma
determinada peça metálica com um outro metal. O objetivo é obter uma ou mais das vantagens
abaixo (DIAS, 2015):

 Adquirir resistência a corrosão;


 Adquiri proteção contra oxidação;
 Maior durabilidade;
 Aumentar a resistência da peça;
 Ampliar a espessura da peça
 Elevar a condutividade elétrica ou térmica;

O ponto de partida do processo consiste em preparar uma solução contendo um sal do


metal com o qual se pretende recobrir outro metal menos nobre (MARQUES, 2015).
Usa-se como ânodo uma barra do metal mais nobre, e como cátodo o próprio objeto
sobre o qual deve ser depositado. O ânodo é ligado ao ponto positivo de um gerador de uns 5
ou 8 volts e o objeto, que se quer recobrir com o precioso metal, é ligado ao polo negativo. Com
23

a passagem da corrente, o íon metálico se dirige para o cátodo e se deposita nele. O íon ácido
se dirige em direção ao ânodo, e lá reagindo formando um sal primitivo (MARQUES, 2015).

3.4.2 Tipos de galvanoplastia

Os tipos de galvanização sempre estão associados ao metal que foi utilizado para
recobrir uma determinada peça. As espécies mais comuns de galvanização são:

 Cromagem, utilizando o crômio (Cr);


 Prateação, utilizando a prata (Ag);
 Douração, utilizando o ouro (Au);
 Niquelagem, utilizando o níquel (Ni);
 Zincagem, utilizando o zinco (Zn);
 Estanhagem, utilizando o estanho (Sn);
 Cadmeação, utilizando o cádmio (Cd).

3.5 REAÇÕES ELETRÓDICAS

3.5.1 Reações Eletrolíticas

A eletrólise é um processo em que se passa uma corrente elétrica sobre uma substância
e, por meio de reações de oxirredução, o composto decompõe-se. Se a substância estiver no
estado líquido (fundida), temos uma eletrólise ígnea, mas se estiver em solução aquosa, tem-se
uma eletrólise em meio aquoso (Fogaça). Os cátions descarregam-se no cátodo sofrendo
redução e os aníons no ânodo sofrendo oxidação. Observaremos a seguir algumas reações de
eletrolise.

3.5.2 Eletrolise no HCl

A eletrolise de uma solução do ácido forte HCl os produtos formados são: Cl2(g) no
ânodo e H2(g) no cátodo.

No ânodo:

2Cl- (aq) → Cl2(g) + 2e- (Eq. 19)

2OH- → O2(g) + H2O + 2e- (Eq. 20)


24

No cátodo, devido à elevada concentração de íons hidrogênio na solução, a reação


catódica é usualmente escrita na forma de redução do H+:

2e- + 2H+ (aq) → H2(g) (Eq. 21)

2H+ (aq)+ 2Cl- (aq) → Cl2(g) + H2(g) (Eq. 22)

De modo que a equação global do processo é:

No ânodo: 2Cl-(aq) → Cl2(g) + 2e-

No cátodo: 2e- + 2H+ (aq) → H2(g)

2Cl-(aq) + 2H+(aq) → Cl2(g) + H2(g) (Eq. 23)

3.5.3 Eletrólise do H2SO4

O H2SO4 é um ácido forte (pela perda de um próton) e assim a reação catódica é a mesma
que para o HCl. No Ânion o íon bissulfatos HSO4- poderia ser oxidado, entretanto verifica-se
que a água perde elétrons mais facilmente.

Ânodo: 2H2O → O2 + 4H+(aq) + 4e-


Cátodo: 4e- + 4H+ → 2H2(g)

2H2O → 2H2(g) + O2 (Eq. 24)

3.6 PILHAS E BATERIAS

As pilhas e baterias foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo com a contribuição


de diversos cientistas. Somente a partir da descoberta de Volta, de que dois metais diferentes
ligados eletricamente por uma solução eletrolítica serviam como fonte de tensão, que se
começou a buscar pelos melhores eletrodos que tornavam as pilhas e baterias mais eficientes e
práticas (NISENBAUM, 2009).
25

Embora sejam utilizados indistintamente, os termos pilha e bateria não são a mesma
coisa. Pilha é um dispositivo constituído unicamente de dois eletrodos e um eletrólito,
arranjados de maneira a produzir energia elétrica. Bateria é um conjunto de pilhas, dependendo
do maior ou menor potencial e a corrente que se quer.
Em 1800, Alessandro Volta criou uma pilha que consiste em metais de dois tipos
separados por panos umedecidos em sal ou ácido fraco. Os discos de metal ficavam empilhados,
por isso o nome pilha. Os primeiros metais usados por Volta foram a prata e o zinco (VAZ, et
al, 2006). A voltagem fornecida pela pilha de Volta depende do número de elementos na pilha,
conforme a Figura 10.

Figura 15- Pilha de Alessandro Volta.

Fonte: VAZ, et al (2006).

John Frederick Daniell, no ano de 1836, construiu uma pilha com eletrodos de cobre e
zinco, assim como na pilha de Volta, possuindo funcionamento semelhante. No entanto, a
diferença está nos eletrodos que ocupam compartimentos separados e a utilização da ponte
salina, responsável pelo fechamento do circuito. A seguir, na Figura 11 o voltímetro indica que
está havendo passagem de corrente elétrica (fluxo ordenado de elétrons) através do fio condutor
(FOGAÇA, 2009).
26

Figura 16 – Pilha com eletrodos de cobre e zinco.

Fonte: Fogaça (2009).

Após um certo tempo pode-se constatar na Figura 12 as seguintes alterações: a corrosão


da placa de zinco, a placa de cobre teve sua massa aumentada, a solução de ZnSO4 presente no
eletrodo de zinco vai tendo sua concentração aumentada, e a solução de CuSO4 presente no
eletrodo de cobre vai tendo sua concentração diminuída, o que se constata visualmente pela
diminuição da coloração azul da referida solução.

Figura 17 – Pilha com eletrodos de cobre e zinco após um certo tempo.

Fonte: Fogaça (2009).

Ao fechar o circuito externo, os íons de Cu2+, por apresentarem um potencial de redução


superior, atraem elétrons da lâmina de zinco provocando a semi-reação de oxidação do Zn
conforme a Equação 20.
Zn0(s) →Zn2+
(aq) +2e
-
(Eq.25)

Os elétrons cedidos pela lâmina de zinco são enviados por meio de um condutor externo,
provocando um fluxo ordenado de elétrons (corrente elétrica), detectado com auxílio do
27

amperímetro. A placa sofre corrosão, já que, ao perder elétrons, átomos de zinco vão para a
solução na forma Zn2+
(aq) . A solução vai tendo a sua concentração aumentada.

No eletrodo de cobre, íons Cu2+ da solução migram até a lâmina de cobre provocando
uma semi-reação de redução, conforme a Equação 21.

Cu2+ - 0
(aq) +2e →Cu(s) (Eq.26)

A lâmina de cobre tem a sua massa aumentada, pois, ao ganhar elétrons, íons
Cu2+ 0
(aq) sofrem redução e nela se depositam na forma de cobre metálico (Cu ). A solução vai

tendo a sua concentração diminuída, o que é evidenciado pela diminuição da coloração azulada
(VILELLA, 2012).

3.6.1 A presença da ponte salina

No eletrodo de zinco, haverá um aumento da concentração de Zn2+ na solução (aumento


de cargas positivas) e no eletrodo de cobre, haverá diminuição da concentração de Cu2+.
Para manter o equilíbrio elétrico das cargas nos eletrodos é colocada uma “ponte salina”,
que é formada por um tubo em U contendo no seu interior uma solução aquosa de KCl ou
K2SO4 embebido em um material gelatinoso (FOGAÇA, 2009).
Assim, numa pilha, haverá uma corrente elétrica externa constituída por um fluxo de
elétrons através de um fio condutor e uma corrente interna constituída pelo movimento de íons
Zn2+ E SO2-
4 em sentidos opostos no interior da ponte salina. Na realidade, a sua função é manter

o equilíbrio elétrico das cargas nas soluções que constituem os eletrodos da pilha (VAZ, et al,
2006).

3.6.2 Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC

Lembre-se de que o cátodo, por ser o eletrodo que atrai elétrons (sofre redução), deve
possuir um potencial de redução (E0red ) maior.
Com o que aprendemos até aqui, a pilha de Daniell pode ser representada da seguinte
maneira na Figura 13.
28

Figura 18- Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC.

Fonte: VAZ, et al (2006).

3.7 POTENCIAL DE ELETRODO

A pilha de Daniell foi montada com um eletrodo de zinco e um eletrodo de cobre. Na


realidade, é possível construir pilhas com outros pares de eletrodos.
Vimos anteriormente que cada eletrodo apresenta um determinado potencial de redução.
Esse potencial depende da concentração da solução na qual a lâmina se encontra mergulhada e
da temperatura. Chama-se de eletrodo padrão ou eletrodo normal aquele no qual a concentração
da solução é de 1 mol/L (molar) e a temperatura é de 25ºC (298 K).
Somente é possível medir o potencial de um eletrodo por comparação com o de um
outro eletrodo tomado arbitrariamente como padrão. Assim o eletrodo-padrão escolhido foi o
eletrodo de hidrogênio (H2/H+) ao qual foi atribuído o E0red =zero; a medição deve ser feita em
condições-padrão, ou seja, pressão de 1 atm, temperatura de 25 ºC e concentração de H += 1
mol/L.

3.7.1 O eletrodo-padrão de hidrogênio

Na pilha de Daniell, os eletrodos são constituídos por placas (lâminas) metálicas


mergulhadas em soluções contendo seus respectivos íons. Usando esse raciocínio, um eletrodo
de hidrogênio deveria ser constituído por uma lâmina de hidrogênio mergulhada numa solução
contendo íons H+.
Na realidade isso pode ser feito borbulhando-se continuamente gás H2, fornecido a uma
pressão de 1 atm, sobre uma lâmina de platina. A platina é altamente porosa e absorve moléculas
de H2, funcionando como suporte do gás. Esse conjunto trabalha como se fosse uma “lâmina de
hidrogênio” na sua superfície é mergulhada numa solução ácida, na qual a concentração de H+
em quantidade de matéria é de 1,0 mol/L na temperatura de 25ºC. A Figura 14 abaixo mostra
29

como é montado um eletrodo de hidrogênio, ao qual arbitrariamente foi atribuído o valor zero
2H+
para seu potencial de redução (E0red , = 0).
H2

Figura 19- Representação para as pilhas estabelecida pela IUPAC.

Fonte: Fogaça (2009).

3.7.2 Medida do potencial-padrão de um eletrodo

Uma pilha é constituída de dois eletrodos, e sabemos que cada eletrodo possui um
determinado potencial de redução. O fluxo de elétrons através do fio condutor externo evidencia
uma diferença de potencial (ddp) entre esses eletrodos, e a presença do voltímetro intercalado
no circuito mede essa ddp.
Dessa forma pode-se concluir que o potencial de um eletrodo é a diferença de potencial
elétrico entre um eletrodo e o eletrodo-padrão ou normal de hidrogênio.
Num eletrodo de hidrogênio é possível ocorrer uma reação de oxidação:

H2g →2H+ +2e- E0red = 0 (Eq. 27)

Num eletrodo de hidrogênio é possível ocorrer uma reação de redução:


2H+ +2e- → H2g E0red = 0 (Eq. 28)
Para se determinar o potencial-padrão do eletrodo de um determinado elemento
químico, monta-se uma pilha na qual um dos eletrodos é o eletrodo-padrão de hidrogênio e o
outro eletrodo é o do elemento cujo potencial se deseja medir, ambos a 25ºC e solução 1,0 molar
de seus respectivos íons.
30

3.7.3 Cálculo do 𝑬𝟎𝒓𝒆𝒅 do eletrodo de zinco

Observamos na lâmina de zinco sofre corrosão, o que evidencia que o eletrodo de zinco
está sofrendo o processo de oxidação, portanto ele é o ânodo da pilha. Pode-se então concluir
que no eletrodo de hidrogênio está ocorrendo o processo de redução, ou seja, íons H+, por
possuírem um potencial de redução maior, atraem elétrons da placa de zinco provocando a sua
oxidação. As semi-reações e a reação global da pilha estão representadas na Equação 24:

No ânodo (oxidação) Zn0(s) →Zn2+(aq) +2e


-

No cátodo (redução) 2H+(aq) +2e- →H2(g)


Global Zn0(s) +2H+(aq) →Zn2+
(aq) +H2(g) (Eq. 29)

Figura 20- Pilha com eletrodos de Zn e Hidrogênio.

Fonte: Fogaça (2009).

O valor numérico que consta no voltímetro indica a diferença de potencial, é


representado por ddp ou ∆E e pode ser calculado pela expressão:

∆E0 =(E0red cátodo ) − (E0red ânodo ) (Eq.30)

Como o eletrodo de hidrogênio apresenta um potencial de redução maior que o do


eletrodo de zinco, conforme a Equação 26:

∆E0 =(E0red cátodo ) − (E0red ânodo )


∆E0 =(E0red 2H+ /H2 )-(E0red Zn2+ /Zn)
0
0,76 𝑉 = 0 − (𝐸𝑟𝑒𝑑 𝑍𝑛2+ /𝑍𝑛)
(E0red Zn2+ /Zn)= − 0,76 V (Eq.31)
31

O sinal negativo no potencial-padrão de um eletrodo indica que o potencial de redução


do referido eletrodo é menor que o potencial-padrão de redução do eletrodo padrão de
hidrogênio, ao qual foi arbitrariamente atribuído o valor zero.

3.7.4 Cálculo do 𝑬𝟎𝒓𝒆𝒅 do eletrodo de cobre

Observa-se na lamina de cobre tem sua massa aumentada, o que evidencia que o eletrodo
de cobre está sofrendo o processo de redução, portanto ele é o cátodo da pilha. Conclui-se então
que no eletrodo de hidrogênio está ocorrendo o processo de oxidação, ou seja, íons Cu2+, por
possuírem um potencial de redução maior, atraem elétrons do eletrodo de hidrogênio. As semi-
reações e a reação global da pilha podem ser representadas pelos valor numérico que consta no
voltímetro que indica a diferença de potencial, é representado por ddp ou ∆E0 , e pode ser
calculado pela expressão:

∆E0 =(E0red cátodo ) − (E0red ânodo ) (Eq. 32)

Como o eletrodo de cobre apresenta um potencial de redução maior que o do eletrodo


de hidrogênio, a Equação X pode ser escrita:
∆E0 =(E0red cátodo ) − (E0red ânodo )
∆E0 =(E0red 𝐶𝑢2+ /Cu) − (E0red 2𝐻 + /𝐻2 )
0,34 = (E0red 𝐶𝑢2+ /Cu) − 0
(E0red 𝐶𝑢2+ /Cu) = +0,34 V (Eq. 33)

O sinal positivo no potencial-padrão de um eletrodo indica que o potencial de redução


do referido eletrodo é maior que o potencial-padrão de redução do eletrodo-padrão de
hidrogênio, ao qual foi arbitrariamente atribuído o valor zero.
Quem atrai os elétrons em uma pilha causando o fluxo de elétrons é sempre o eletrodo
de maior potencial de redução.
32

Figura 21- Pilha com eletrodos de Cu e Hidrogênio.

Fonte: Fogaça (2009).

Analisando a tabela dos potenciais de redução, vamos examinar a pilha constituída pelos
eletrodos de alumínio e cobre e, com base nos valores encontrados, montar um esquema da
pilha. Respondendo as seguintes questões: a) Qual dos eletrodo é o cátodo e qual é o ânodo? b)
Qual dos eletrodos é o polo positivo e qual é o polo negativo? c) Qual a semi-reação do ânodo?
d) Qual a semi-reação do cátodo? e) Qual a reação global da pilha? f) Qual a ddp inicial da
pilha?

Tabela 1- Tabela dos potenciais de redução.


Semi-reação 𝑬𝟎𝒓𝒆𝒅

𝐶𝑙2(𝑔) + 2𝑒 − → 2 𝐶𝑙(𝑎𝑞) 0
Ered = +1,36 V

𝐵𝑟2(𝑙) + 2𝑒 − → 2 𝐵𝑟(𝑎𝑞) 0
Ered = +1,09 V
+ 0 0
𝐴𝑔(𝑎𝑞) + 𝑒 − → 𝐴𝑔(𝑠) Ered = +0,80 V
2+ 0 0
𝐶𝑢(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢(𝑠) Ered = +0,34 V
+
2𝐻(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐻2𝑔 0
Ered = +0,00 V
2+ 0 0
𝑃𝑏(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝑃𝑏(𝑠) Ered = −0,13 V
2+ 0 0
𝑁𝑖(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝑁𝑖(𝑠) Ered = −0,23 V
2+ 0 0
𝑍𝑛(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝑍𝑛(𝑠) Ered = −0,76 V
3+ 0 0
𝐴𝑙(𝑎𝑞) + 3𝑒 − → 𝐴𝑙(𝑠) Ered = −1,66 V
+ 0 0
𝑁𝑎(𝑎𝑞) + 𝑒 − → 𝑁𝑎(𝑠) Ered = −2,71 V
2+ 0 0
𝐶𝑎(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐶𝑎(𝑠) Ered = −2,87 V
+ 0 0
𝐾(𝑎𝑞) + 𝑒 − → 𝐾(𝑠) Ered = −2,92 V
+ 0 0
𝐿𝑖(𝑎𝑞) + 𝑒 − → 𝐿𝑖(𝑠) Ered = −3,04 V
Fonte: Fogaça (2009).
33

0
Os valores dos 𝐸𝑟𝑒𝑑 dos eletrodos de cobre e alumínio extraídos da tabela de potenciais
de redução são:

2+ 0 0
𝐶𝑢(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢(𝑠) Ered = +0,34 V (Eq. 34)

3+ 0 0
𝐴𝑙(𝑎𝑞) + 3𝑒 − → 𝐴𝑙(𝑠) Ered = −1,66 V (Eq.35)

Com base nesses dados, podemos esquematizar a pilha da seguinte maneira, conforme
a Figura 17.

Figura 22- Representação de uma pilha.

Fonte: Fogaça (2009).

a) Cátodo é o eletrodo de cobre e Ânodo é o eletrodo de alumínio.


b) O polo positivo é o eletrodo de cobre e o polo negativo é o eletrodo de alumínio.
c) d) e) A semi-reação do ânodo, a semi-reação do cátodo e a reação global da pilha estão
representadas a seguir:

0 3+
No ânodo (oxidação) 2𝐴𝑙(𝑠) → 2𝐴𝑙(𝑎𝑞) + 6𝑒 − (× 2)
2+ 0
No cátodo (redução) 3𝐶𝑢(𝑎𝑞) + 6𝑒 − → 3𝐶𝑢(𝑠) (× 3)
_________________________________________________
2+ 0 0 3+
Global 3𝐶𝑢(𝑎𝑞) + 2𝐴𝑙(𝑠) → 3𝐶𝑢(𝑠) + 2𝐴𝑙(𝑎𝑞) (Eq.36)
f) A ddp da pilha é:
∆E0 =(E0red maior) − (E0red 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟)
∆E 0 =(+0,34V)-(-1,66V)=2,0 V (Eq.37)
34

4 CONCLUSÃO

Através deste trabalho, que se constituiu de uma breve revisão bibliográfica, foi possivel
relembrar determinados conceitos provenientes da química básica. Assim como apresentou uma
área da química mais aprofundada no que tange o estudo da eletroquímica através das leis de
Faraday, além da teoria de Arrhenius.
A eletroquímica mostrou-se ser uma grande e importante área de estudo da química.
Sendo igualmente importante para a natureza, quanto para a indústria, tendo em vista que
processos eletroquímicos estão presentes diariamente na vida cotidiana. Para a engenharia de
materiais possuir conhecimento sobre eletroquímica é fundamental, uma vez que, através da
mesma é possivel estudar e entender fenômenos de degradação, como a corrosão, um grande
problema para os materiais metálicos.
35

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