Você está na página 1de 17

CONCEITO E FUNDAMENTO DO DIREITO DAS

SUCESSÕES
Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam
a transferência do patrimônio (ativo e passivo – créditos e
débitos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou
testamento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC.
A Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º,
XXX).
O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada
ou não com o direito de família.

DA SUCESSÃO EM GERAL
A sucessão pode ser classificada em:

Sucessão Legítima (ou ab intestato) —> decorre da lei;


morrendo a pessoa sem testamento transmite-se a herança aos
herdeiros legítimos indicados pela lei. Também será legítima se
o testamento caducar ou for declarado nulo.
Sucessão Testamentária —> ocorre por disposição de
última vontade (testamento). Havendo herdeiros necessários
(cônjuge sobrevivente, descendentes ou ascendentes), o
testador só poderá dispor de metade da herança
(art. 1.789 CC). A outra metade constitui a “legítima”,
assegurada aos herdeiros necessários. Não os havendo terá
plena liberdade de testar. Mas se for casado sob o regime da
comunhão universal de bens (art. 1.667 CC) o patrimônio do
casal será dividido em duas meações e a pessoa só poderá
dispor da sua meação.
Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão,
especialmente a contratual. São proibidos os pactos
sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança de
pessoa viva (art. 426 do C.C. – pacta corvina). No entanto
admite a cessão de direitos.
A título universal —> o herdeiro é chamado para suceder na
totalidade da herança, fração ou parte dela, assumindo a
responsabilidade relativamente ao passivo. Ocorre tanto na
legítima como na testamentária.
A título singular —> o testador deixa ao beneficiário um
bem certo e determinado (legado). O herdeiro não responde
pelas dívidas da herança.
ABERTURA DA SUCESSÃO, ACEITAÇÃO E
RENÚNCIA DA HERANÇA
A Abertura da Sucessão (também chamada de delação ou
devolução sucessória) se dá no momento da constatação da
morte comprovada do de cujus (expressão latina abreviada da
frase de cujus successione agitur – aquele de cuja sucessão se
trata, ou seja, a pessoa que faleceu; de cujus também é
chamado de autor da herança).
O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido
como Droit de Saisine (direito de posse imediata), ou seja,
transmite-se automaticamente e imediatamente, o domínio e a
posse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários do
de cujus, sem solução de continuidade (ou seja, sem
interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato
(art. 1.784 CC). Não necessita da prática de qualquer ato. No
entanto deve-se proceder a um inventário para se verificar o
que foi deixado e o que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O
herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante,
herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus
sucessores, se falecer em seguida. Há necessidade de apuração
da capacidade sucessória.

Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título


universal e o legatário a título singular.

Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes


do CC)– é o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro
(legítimo ou testamentário) manifesta livremente o desejo de
receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação consolida
os direitos do herdeiro. É também indivisível e incondicional
porque não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte e
sob condição ou a termo, isto para se preservar a segurança nas
relações jurídicas; a aceitação deve ser pura e simples. Não
pode haver retratação da aceitação da herança. No entanto
pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se
verifica que o aceitante não é herdeiro.
A aceitação pode ser classificada em:
• expressa – declaração escrita (pública ou particular).

• tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de


herdeiro.

• presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois


que é notificado para que declare se aceita ou não a herança.

Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral


pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a
herança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade. É
ato solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o
tabelião) ou termo nos autos (perante o juiz).
Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se
configura em uma renúncia propriamente dita. Na verdade é
uma aceitação e imediata transmissão, havendo a incidência de
tributação causa mortis e também inter vivos. Também é
chamada de renúncia translativa. A renúncia válida é a
abdicativa, isto é, cessão gratuita, pura e simples.

Requisitos para a renúncia:


• Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem
renunciar, senão por seu representante legal, autorizado pelo
Juiz.

• Forma prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública


ou ato judicial); não há renúncia tácita nem presumida.

• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é


indivisível até à partilha.

• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia


prejudica credores, estes podem aceitar a herança.

• Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória ou


mariEXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC)é uma espécie de
incapacidade sucessória que priva uma pessoa de receber a
herança. É uma pena civil, criada pelo legislador, atingindo os
herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários. A pena
de indignidade só alcança o indigno, sendo representado por
seus sucessores, como se morto fosse. São excluídos por
indignidade os herdeiros ou legatários que:

a) houverem sido autores, co-autores ou partícipes em crime


de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente.

b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da


herança, ou incorreram em crime contra a sua honra (calúnia,
difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou companheira (o).

c) por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da


herança de livremente dispor dos seus bens por ato de última
vontade.

Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido


(representação). O indigno não terá direito ao usufruto nem
administração dos bens que seus filhos menores herdaram. A
exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos
de indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária,
movida por quem tenha interesse na sucessão (art. 1.815 CC).
O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência. Os
efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex
tunc) à data da abertura da sucessão, considerando o indigno
como pré-morto ao de cujus.
Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitar
o indigno, desde que o faça de forma expressa em testamento
ou outro ato autêntico (ex.: escritura pública). É o perdão do
indigno.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. Sucessão Legítima é aquela
em que o de cujus faleceu sem testamento (ou ab intestato), ou
o testamento deixado caducou, ou é ineficaz. Há uma relação
preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o finado.
Se deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é
possível que ocorra uma redução das disposições
testamentárias para respeitar a quota dos mesmos, prevista em
lei.
Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados
pelo legislador e essa seqüência é denominada ordem de
vocação hereditária.

VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS


Arts 1829 – 1844 do Código Civil. O chamamento dos
sucessores é feito de acordo com uma seqüência denominada
ordem de vocação hereditária, que é uma relação preferencial,
estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para
suceder o de cujus na sucessão legítima.
Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge;
3ª cônjuge; 4ª colaterais até 4º grau. (Art 1829)

Descendentes: mais próximos excluem mais remotos. Os de


mesmo grau sucedem nos mesmos direitos, sucessão por
cabeça e não por estirpe.

Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há


distinção entre linha materna e paterna (Art 1836, § 2º), o que
interessa é o grau. Não há direito de representação para
ascendentes (Art 1852).

Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção:


direito de representação para filho de irmão pré-morto. Irmãos
germanos ou bilaterais e irmãos unilaterais: os últimos têm
metade do quinhão dos primeiros (Art 1841 e ss). Tio e
sobrinho são colaterais de 3º grau, na falta de outros herdeiros,
a herança deveria ser dividida entre eles, porém o direito
sucessório estabelece que sobrinho exclui tio da sucessão, pois,
devido ao direito de representação, o sobrinho entra no lugar
do irmão pré-morto, que é um colateral de 2º grau, enquanto o
tio, por ser ascendente, não possui direito de representação, se
mantendo no 3º grau, como mais próximos afastam mais
remotos, logo, sobrinho exclui tio (Arts 1840, 1843 caput e
1851 ss).

Observações importantes:
1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da
classe precedente. Exemplo: os ascendentes só serão chamados
na sucessão se não houver descendentes.

2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio,


exclui o mais remoto. Exemplo: o de cujus deixou um filho e
este possui dois filhos (que são netos do de cujus); a herança
irá somente para o filho, excluindo, neste caso, os netos.

3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente


são considerados herdeiros necessários; neste caso o testador
só poderá dispor por testamento de metade da herança. Isto é,
metade de seus bens irá obrigatoriamente para os herdeiros
necessários (salvo alguma hipótese de deserdação). A outra
metade ele poderá dispor em testamento.

4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições


(Constituição Federal, art. 227, § 6º: “Os filhos, havidos ou não
da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho não
pode ser chamado de adulterino ou bastardo. Tanto faz seja ele
proveniente de um casamento ou de uma relação
extraconjugal: é filho do mesmo jeito e terá direito à herança.
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer
exatamente desta forma, ou seja, pode haver algumas
modificações.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856)


Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos
parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele
sucederia, se vivesse (art. 1.851 CC). Só tem aplicação na
sucessão legítima.
Exemplo: A faleceu deixando 05 filhos. Dois deles (B e D)
faleceram anteriormente (ou seja, antes de A). Um desses (B)
tinha um filho (G) e o outro (D) tinha dois filhos (H eI).
Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do
pai. G representará seu pai na herança de seu avô e receberá a
totalidade que seu pai receberia (20%). No
entanto H e I representam D e irão herdar apenas 10% cada
um da totalidade da herança. Os filhos herdam por cabeça ou
por direito próprio. Já os netos herdam por estirpe ou por
direito de representação.
Mas neste mesmo exemplo se todos os filhos já fossem pré-
mortos, concorrendo apenas os netos, todos do mesmo grau, a
sucessão não seria mais deferida por representação (ou
estirpe), mas por cabeça. Assim, como só há três netos, cada
um herdará um terço da totalidade da herança. Essas cotas
chamam-se avoengas, por serem transmitidas diretamente do
avô para os netos.

O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido e


também ao excluído por indignidade ou deserdação.

Somente se verifica o direito de representação na linha reta


descendente (operando-se ad infinitum), nunca na ascendente
(art. 1.852 CC). Na linha colateral, só ocorrerá em favor dos
filhos de irmãos do falecido (sobrinhos), quando com irmão
deste concorrerem. Mas não há representação na renúncia nem
na herança testamentária, não se aplicando, também aos
legados.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E TESTAMENTO
Sucessão Testamentária é aquela em que a transmissão
hereditária se opera por ato de última vontade, revestido da
solenidade requerida por lei. Em outras palavras, é a sucessão
que se faz por meio de um testamento. Permite a instituição de
herdeiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor a
título singular). Como já vimos, tem certas limitações, pois
deve respeitar a legítima (que é a parte que cabe aos herdeiros
necessários).

A sucessão testamentária rege-se pela:


• Lei vigente no momento da feitura do testamento, que regula
a capacidade testamentária ativa e a forma do ato de última
vontade.

• Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a


capacidade testamentária passiva e a eficácia jurídica do
conteúdo das disposições testamentárias.

Testamento — é um ato personalíssimo, unilateral, solene e


revogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu
patrimônio para depois de sua morte.
O testamento serve também para a nomeação de tutores,
reconhecimento de filhos, deserdação de herdeiros, revogação
de testamentos anteriores e outras declarações de última
vontade.

O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser


feito em conjunto com outra pessoa (é nulo o testamento
conjuntivo). Proíbe-se, os pactos sucessórios, ou seja,
estipulações bilaterais, de feição contratual, em favor dos
estipulantes ou de terceiros, afastando-se a possibilidade de
contratos que tenham por objeto herança de pessoa viva
(art. 426 C.C. – pacta corvina). É ato personalíssimo, podendo
ser revogado.
O testamento, por ser um negócio jurídico, requer para a sua
validade agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não
defesa em lei. É um negócio jurídico que requer uma série de
solenidades. Caso não sejam observadas, o ato será
considerado nulo (conforme a regra geral do art. 166, V do CC).
Também é necessária a análise da capacidade testamentária
ativa e passiva.
Capacidade Testamentária Ativa
A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o
testamento. O Código Civil estabelece apenas como incapazes
de testar (art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos, os
desprovidos de discernimento (ex.: os que não estiverem em
perfeito juízo, surdos-mudos, que não puderem manifestar a
sua vontade, etc.) e a pessoa jurídica.
Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido,
etc. Os maiores de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar de
relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a
assistência de seu representante legal.

A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o


invalida. A capacidade para testar deve existir no momento em
que o testamento é feito, pois a incapacidade superveniente
não invalida o testamento eficaz. O testamento do incapaz não
pode ser convalidado com a superveniência da capacidade.

Capacidade Testamentária Passiva


A capacidade testamentária passiva é a capacidade para
adquirir por testamento. Rege-se pela regra genérica de que
são capazes todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, maiores ou menores, existentes ao tempo da
morte do testador.

Não podem ser contemplados por testamento as coisas


inanimadas, os animais e as entidades místicas. Se o
beneficiário do testamento já morreu (pré-morto), a cláusula é
considerada caduca.

São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:

• Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade,


pois já foi concebido) até a morte do testador, salvo se a
disposição deste se referir à prole eventual de pessoas por ele
designadas e existentes ao abrir-se a sucessão.

• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente


a imóveis situados no Brasil.

São relativamente incapazes para adquirir por testamento,


proibindo que se nomeiem herdeiros ou legatários:
• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge,
seus ascendentes, descendentes, e irmãos.

• As testemunhas do testamento.

• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este,


sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de
05 anos.

• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão,


perante o qual se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o
testamento.

Restrições do testamento
Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo
herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge
sobrevivente), salvo se os mesmo forem deserdados. As
disposições que excederem à metade disponível será reduzida
ao limite dela. Reduzem-se também as doações feitas em vida,
que atingiram a legítima dos herdeiros necessários (são
chamadas doações inoficiosas).

Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer


espécie), total ou parcialmente. Não há uma hierarquia entre
os testamentos.

11. FORMAS DE TESTAMENTO


1) ORDINÁRIO: a) Público; b) Particular; c) Cerrado

2) ESPECIAL: a) Militar; b) Marítimo; c) Aeronáutico

TESTAMENTO ORDINÁRIO
Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC)
Testamento público é o lavrado por tabelião em livro de notas,
de acordo com a declaração de vontade do testador, exarada
verbalmente (o mudo não pode) em língua nacional, perante o
oficial. É o testamento mais seguro. Porém tem o
inconveniente de permitir a qualquer pessoa conhecer o seu
teor. Podem testar de forma pública: os analfabetos, os surdos
(desde que não sejam mudos). O cego só pode testar por
testamento público. Só não podem assim testar os mudos e os
surdos-mudos.

Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do


art. 1864 do CC.
Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo.
Depois de lido e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e
cumprimento.

Testamento cerrado (arts. 1.868 a 1.875 CC)


Testamento cerrado é o escrito em caráter sigiloso, feito e
assinado pelo testador ou por alguém a seu rogo, completado
por instrumento de aprovação lavrado por oficial público em
presença de 02 (duas) testemunhas idôneas. Também é
chamado de secreto ou místico.

O analfabeto e o cego não podem testar desta forma. O surdo-


mudo só poderá fazer esse testamento se souber ler e escrever.
Ao entregá-lo ao oficial deve escrever na face externa “que é
seu testamento cuja aprovação lhe pede”.

Contém quatro elementos:

a) Cédula testamentária – escrita pelo testador (ou alguém a


seu rogo, desde que não seja beneficiário), em caráter sigiloso.
As disposições testamentárias estão nesta fase.

b) Auto de entrega – o testador (não se admite portadores)


entrega a cédula ao tabelião na presença das testemunhas, que
não precisam saber do teor do testamento.

c) Auto de aprovação – lavrado pelo oficial público para


assegurar a autenticidade do ato; todos (oficial, testador,
testemunhas) assinam o instrumento.
d) Cerramento – o tabelião lacra o envelope com cera
derretida, costura a cédula com cinco pontos de retrós e lança
pingos de lacre sobre cada um. Após isso o tabelião entrega ao
testador, lançando em seu livro nota do lugar, ano, mês e dia
em que o testamento foi aprovado e entregue.

Requisitos:

• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e


assinado pelo testador; pode ser escrito mecanicamente, desde
que todas as páginas sejam numeradas e autenticadas com sua
assinatura (art. 1.868, parágrafo único CC).
• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.

• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto de


aprovação, tendo-o por bom, firme e valioso.

• Leitura do auto de aprovação.

• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado.

Morto o testador, deve o testamento cerrado ser apresentado


ao Juiz para as formalidades da abertura, e para que o Juiz
mande registrar, arquivar e cumprir (arts. 1.125 e 1.126
do C.P.C.).
Observações:

1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não


saibam ler (analfabetos e cegos).

2. As testemunhas, ao contrário do testamento público, não


sabem quais são as disposições testamentárias.

3. Desvantagens: possui muitas formalidades, pode ser


ocultado; qualquer vício o invalida (ex: lacre rompido).

Testamento particular (arts. 1.876 a 1.880 CC)


O testamento particular (também chamado de aberto, ológrafo
ou privado), é o escrito pelo testador e lido em voz alta perante
três testemunhas idôneas, que também assinam. É a forma
menos segura de se testar, porque depende de confirmação em
juízo pelas testemunhas. É permitido aos que sabem ler e
escrever. Não pode ser utilizado pelo cego, analfabeto e os
incapacitados de escrever.

Requisitos:

• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo


mecânico (art. 1.876 CC)– neste caso não pode conter rasuras
ou espaços em branco.
• 03 (três) testemunhas.

• Leitura do testamento pelo testador.

• Publicação, em juízo, após a morte do testador.

• Homologação do testamento pelo Juiz.

• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as


testemunhas forem afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo
menos da leitura perante elas e reconheçam suas assinaturas o
testamento será confirmado. Em casos excepcionais o
testamento sem testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz,
desde que se convença da sua veracidade.

Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos


herdeiros legítimos. Pelo menos uma das testemunhas deve
reconhecer sua autenticidade. Após isso e ouvido o Ministério
Público o Juiz confirmará o testamento.

TESTAMENTOS ESPECIAIS
São os de caráter provisório, feitos em situações de
emergência.
Testamento Marítimo e Aeronáutico
O testamento marítimo ou aeronáutico consiste na declaração
de vontade feita a bordo de navios ou aeronaves de guerra ou
mercantes, em viagem de alto mar. Deve ser lavrado pelo
comandante ou escrivão de bordo perante duas testemunhas
idôneas.

Observação: se o testador não morrer na viagem ou nos 90 dias


subseqüentes após o desembarque, o testamento perde a
validade (caduca).

Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por
militares e demais pessoas a serviço do exército em campanha,
dentro ou fora do país. Deve ser escrito por autoridade militar,
na presença de duas testemunhas. Admite a forma
nuncupativa, isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser
feito de viva voz na presença de duas testemunhas.

Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou


nos 90 dias subseqüentes em lugar onde possa testar na forma
ordinária, o testamento caducará.

Registro, Arquivamento e Cumprimento


Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado
ao Juiz que o mandará registrar, arquivar e cumprir, se não
houver vício externo que o torne suspeito de nulidade ou
falsidade. Depois de efetuado o registro, o mérito das
disposições testamentárias será examinado no inventário ou
em ação ordinária própria.

DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre
as Disposições Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que
podem ou não ser ditas em testamentos.
A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do
Testador, ou seja, a maneira que ele dispor será absoluta
quanto aos bens. Contudo, nem mesmo a disposição de última
vontade do de cujus poderá ferir a legislação, nem mesmo a
vontade do testador pode se opor à licitude da lei ou os
princípios morais.

Como sabemos, no testamento podem conter disposições


patrimoniais ou disposições exclusivamente pessoais. As
disposições patrimoniais podem ser encontradas mais
facilmente nos testamentos comuns,e, até certos autores vêem
o testamento apenas como meio de disposição do patrimônio.
Contudo, existem também diversas disposições de ordem não
patrimonial que podem ser aditadas a um testamento, por
exemplo, reconhecimento de filho, nomeação de tutor,
recomendações sobre o funeral, o destino do corpo do de cujus,
e outras relativas a direito pessoal.

Convém salientar que serão consideradas como não escritas


quaisquer cláusulas chamadas de derrogativas, aquelas onde o
testador contraria o Princípio da Irrevogabilidade do
Testamento, ou dispensa qualquer das suas solenidades.

Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de


serem apostas em um testamento.

Pode-se num testamento, instituir herdeiros, através de um


antigo instituto conhecido desde o Direito Romano como
heredis institutio, válido ainda em nosso ordenamento
jurídico. Existem duas regras gerais, a primeira, onde diz que
somente o testador tem o poder de instituir os herdeiros, e a
segunda, é que não existem nenhuma restrição acerca da
quantidade de herdeiros. A Instituição de algum herdeiro gera
efeitos imediatos, cabendo aos herdeiros testamentários o
direito à sua parte.

È lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens


dispostos em testamento, de modo que podem haver condições
que enquanto não forem atendidas, o bem não se transmitirá.
Por exemplo, um herdeiro testamentário receberá o bem
quando colar grau em curso superior.
Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os
bens determinados encargos, que podem variar
indefinidamente. Podendo ser o encargo em favor de terceira
pessoa, ou da sociedade em geral.

O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento,


algumas razões que levaram ele a realizar a di

tal), pois o direito à sucessão é considerado bem imóvel.

Efeitos da renúncia:
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado
à sucessão; seus efeitos retroagem à data da abertura da
sucessão. O que repudia a herança pode aceitar legado.

• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima,


transmite-se de imediato aos outros herdeiros da mesma classe
(direito de acrescer). Os descendentes do renunciante não
herdam por representação. No entanto se ele for o único da
classe seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.

• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração


dos bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus
filhos menores.

• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.

HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823)


Para falar em herança jacente e vacante é necessário falar em
sucessão do Município, do Distrito Federal e da União. Na
verdade a administração pública não é herdeira, não lhe é dado
o direito de saisine, isto é, não se torna proprietária dos bens
da herança no momento da morte do de cujus, como acontece
com os demais herdeiros.
Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros
conhecidos ou quando estes repudiarem a herança, os bens
irão para o Município ou Distrito Federal (se localizados nas
respectivas circunscrições) ou União (se situados em Território
Federal). Mas não de imediato. Há um procedimento legal:

Herança Jacente
Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são
arrecadados. Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-
los e administrá-los. A característica principal da herança
jacente é a transitoriedade da situação dos bens. Não goza de
personalidade jurídica; é uma universalidade de direito. São
expedidos editais convocando eventuais sucessores. Após a
realização de todas as diligências, não aparecendo herdeiro e
decorrido um ano após o primeiro edital, haverá a declaração
de vacância.

Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a
proprie

Você também pode gostar