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4 Clinica Cirúrgica em Pequenos Animais
4 Clinica Cirúrgica em Pequenos Animais
CLÍNICA CIRÚRGICA
SAÚDE EM PEQUENOS
ANIMAIS
Copyright © Portal Educação
283p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-279-4
CDD 636.0897
SUMÁRIO
1 MATERIAL CIRÚRGICO............................................................................................................7
4 CICATRIZAÇÃO .......................................................................................................................59
5 ANTIBIOTICOTERAPIA............................................................................................................65
10 HÉRNIAS .................................................................................................................................132
10.1 Considerações gerais ............................................................................................................132
12 EMERGÊNCIAS OFTÁLMICAS...............................................................................................176
15 ESPLENECTOMIA ...................................................................................................................213
16 TÓRAX .....................................................................................................................................217
18 VIDEOCIRURGIA .....................................................................................................................237
18.1 Definição .................................................................................................................................237
19 TRANSPLANTE RENAL..........................................................................................................246
20.11 Anestesia.................................................................................................................................267
ANEXO I .............................................................................................................................................282
1 MATERIAL CIRÚRGICO
Para arrumação básica de uma mesa cirúrgica devem estar presentes materiais
cirúrgicos previamente autoclavados e dispostos de forma sequencial obedecendo à ordem de
necessidade para um procedimento cirúrgico, ou seja, dispostos da esquerda para direita e de
cima para baixo da seguinte forma: corte, hemostasia, síntese e acessórios, podendo haver
algumas modificações nesta disposição.
Fonte: arquivo pessoal. Fig. 2 - A – diferentes tamanhos de cabos de bisturi número; B - modo correto da
empunhadura do Bisturi em contato com o tecido no momento de incisá-lo. 9
Tesouras
Fonte: arquivo pessoal. Fig.3 – A -Tesouras de Mayo com diferentes tipos de ponta: à esquerda ponta romba e fina 10
à direita; B- Modo correto de segurar a tesoura.
Pinças Hemostáticas
A danificação de uma pinça de alta qualidade é mais frequentemente o resultado direto
de maus-tratos. À medida que a superfície de apreensão da pinça fica sobrecarregada, as suas
lâminas se tornam desalinhadas e a tensão nos cabos diminui, impedindo que o instrumento
segure o tecido firmemente. A atividade excessiva no pino também causa um desalinhamento
das lâminas. O uso contínuo do instrumento acelera a deterioração e leva á quebra.
12
Pinças teciduais
Fig.10-pinça Doyen
Pinças de Polegar
As pinças de polegar são assim denominadas por serem geralmente seguras entre o
polegar e o primeiro dedo. São usadas para várias tarefas envolvendo trabalho delicado.
Embora as pinças de polegar não sejam construídas para prender agulhas de sutura,
muitos cirurgiões, ao passar uma agulha através de um tecido com um porta-agulhas, prendem a
extremidade da agulha com pinças de polegar para puxá-la o resto do trajeto através do tecido.
A configuração em dente-de-rato da pinça de Adson não permite uma superfície de apreensão
segura e frequentemente leva à danificação do instrumento.
Pinças de Campo
As pinças de campo são projetadas para prender panos à pele. Como as extremidades
de uma pinça de campo penetram realmente na pele, elas devem ser afiadas e sem rebarbas ou
lascas. As pinças de campo também são usadas para prender tubos de sucção, cabos de
eletrocautérios e cabos de equipamentos de força aos panos.
As pinças de campo de Backaus (Fig.13) de 8,75cm e de 13.75cm são utilizadas mais
frequentemente em cirurgia veterinária.
15
Porta-agulhas
16
Afastadores
Afastadores Digitais
O afastador de Farabeuf (Fig. 15) possui lâminas chatas e mais profundas em ambas
as extremidades. Eles permitem o afastamento de mais tecido em orifícios mais profundos.
17
Fonte arquivo pessoal.
Afastadores Autoajustáveis
18
Fios de sutura absorvíveis – Sofrem degradação e uma rápida perda na força tênsil 19
dentro de 60 dias, sendo fagocitados ou hidrolisados.
O PDS perde apenas 31% da força tênsil em 42 dias, com completa absorção em seis
meses (podendo causar calcinose circunscrita). O ácido poliglicólico e a poliglactina 910 são
mais rapidamente hidrolisados em ambientes alcalinos, mas relativamente estáveis em locais
contaminados. O ácido poliglicólico pode ser rapidamente degradado em urina infectada. A
reação tecidual é mínima com este tipo de fio. A infecção ou exposição a enzimas digestivas não
influenciam a taxa de absorção de fios absorvíveis sintéticos.
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
11.0
12.0
Menor diâmetro
Tabela 1 – demonstração dos tipos e diâmetros dos diferentes fios absorvíveis e não-absorvíveis.
Suturas absorvíveis podem ser usadas na pele e subcutâneo, mas na pele devem ser
removidos porque a absorção requer contato com fluidos corporais.
Músculo e Tendão – Fios absorvíveis ou não podem ser usados, e devem ser
colocados paralelamente às fibras. No tendão o fio deve ser forte, não-absorvível e com mínima
reação, com agulha fina, comprida e afunilada.
Fios absorvíveis são preferidos, entretanto o catgut deve ser evitado porque sua
absorção em tecidos contaminados é imprevisível. Em alguns estudos, o náilon monofilamentar
ou o polipropileno promovem menos infecção em tecidos contaminados que fios metálicos.
Tamanho da sutura e recomendações de usos gerais na cirurgia de pequenos
animais
Classes
Cardíaco - não-absorvível
sintético
23
2 AVALIAÇÃO, PREPARAÇÃO E ANESTESIAS EM CÃES E GATOS
24
3- Exploração física
25
4 - Diagnóstico laboratorial
Animais jovens e velhos são mais sensíveis à anestesia devido à maior dificuldade de
metabolização dos fármacos anestésicos.
O jejum é importante para que não ocorra refluxo do conteúdo estomacal e aspiração
do mesmo no sistema respiratório, uma vez que o animal sob efeito sedativo e anestésico perde
a capacidade de controlar fechamento e abertura de válvulas e esfíncteres.
27
Em cirurgias gastrintestinais devem-se reduzir ainda mais o material digestivo,
fazendo-se um jejum alimentar de 24 horas e jejum hídrico de 12 horas.
Considerações fisiológicas
28
Frequência cardíaca
29
Anestesia barbitúrica
30
Caso de animais que tenham recebido MPA, a dose do barbitúrico deve ser reduzida
em 40-50%. Empregando-se a mesma técnica de aplicação anteriormente descrita.
Este tipo de anestesia proporcionará um tempo anestésico hábil de até uma hora,
enquanto que, o paciente que não recebeu MPA, o tempo será de até duas horas. Caso se
requeira uma anestesia de duração ultracurta, poder-se-ão empregar os tiobarbituratos, na
concentração de 2,5 e na dose de 25 mg/kg (empregando-se a mesma técnica de aplicação do
pentobarbital sódico), ou na dose de 12,5 mg/kg, caso se tenha empregado MPA.
Anestesia volátil
Sem dúvida alguma, a anestesia volátil representa o que há de mais seguro em termos
de anestesia felina.
As técnicas empregadas em gatos são várias, entretanto, para facilitar, serão citadas
as usadas rotineiramente.
Não convém, em anestesia volátil por qualquer agente, deixar que o animal permaneça
sem discreto reflexo palpebral ou laringotraqueal, pois, nessa espécie animal, esses reflexos
desaparecem apenas do 2º para o 3º planos do estágio lII de Guedel, daí se justifica a
dificuldade da colocação da sonda endotraqueal ou o início da depressão bulbar súbita. 31
Induzir com tiopental a 1,25 a 2,5% por via intravenosa, até a perda do reflexo
oculopalpebral.
Esta associação tem dado bons resultados em pequenos animais, pois as ações
ansiolítica, anticonvulsivante e miorrelaxante do zolazepam, associadas à ação analgésica
potente de tiletamina, causam um sinergismo por potenciação adequado, levando a uma
anestesia dissociativa de boa qualidade e que permite intervenções cirúrgicas em cabeça, tronco
e membros, desde que não se intervenha em pleura ou peritônio, pois para este fim as doses
deveriam ser maiores do que as costumeiramente usadas, ou então recorrer a outros fármacos
(associações anestésicas ou anestesia volátil).
Em felinos, a dose varia de 7 a 10 mg/kg pela via intramuscular ou 5 mg / kg pela via
intravenosa para procedimentos cirúrgicos mais fugazes, o que serviria até como agente indutor
da anestesia volátil.
34
Anestesia local
Esse tipo de anestesia é requerido quando o estado do animal não permite outros
tratamentos anestésicos, ou pela interferência que esses fármacos teriam sobre o modelo
experimental.
Ao se optar por uma técnica anestésica, é necessário que se avalie inicialmente qual o
tipo da intervenção ou manipulação e sua duração, bem como o tipo de temperamento (dócil,
indócil, nervoso) ou estado (gravidez, obesidade, cardíaco ou chocado).
Normalmente, ao se optar até por uma tranquilização, devem-se evitar aplicações
medicamentosas desnecessárias, ou insuficientes para mera manipulação.
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A - Viagem longa
O diazepam não pode ser colocado na mesma seringa, apesar de ser uma
benzodiazepina, pois precipitará imediatamente, tomando a solução leitosa.
Caso se use a associação de fenotiazina e benzodiazepina, o período hábil de
tranquilização se estenderá por mais de 8 horas, devido à ação do midazolam.
36
Considerando-se que não existe sinergismo digno de nota entre os anestésicos locais
e a MPA, esta última poderá ser feita empregando-se desde a simples tranquilização até a mais
potente. Entretanto, o grande cuidado a ser tomado é nos casos em que o animal está chocado
(brigas ou quedas com dilacerações), quando a MPA deverá ser suprimida ou reduzida em até
75%.
Primeira técnica: Jejum prévio, com aplicação de tiopental a 2,5% IV, 25 mg/kg,
administrando metade da dose total rapidamente e o resto lentamente, até o desaparecimento
dos reflexos interdigital e palpebral.
Essa indução usada isoladamente é desaconselhável em animais idosos, cardiopatas,
nefropatas, Hepatopatas, em choque e submetidos à cesariana.
Segunda técnica
Essa indução anestésica é, sem dúvida, a mais empregada na rotina anestésica por
sua segurança, face à redução de 50 a 60% do agente barbitúrico, o que a torna indispensável,
especialmente em animais nos quais a indução requer cautela.
Sugere-se não exceder uma complementação anestésica, a qual deverá ser aplicada
na dose suficiente para fazer desaparecer novamente os reflexos, interdigital e palpebral.
Terceira técnica
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MPA aguardando 15 minutos se IV e 30 a 45 minutos se IM, logo após quetamina (2 a
4 mg/kg IV) lentamente ou 10 a 15 mg/kg IM.
Quarta técnica
Jejum não é a condição mais importante nesta associação, que é realizada da seguinte
maneira: midazolam na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg; clorpromazina ou levomepromazina, 1 mg/kg;
quetamina, 1 a 2 mg/kg, os três produtos injetados pela via intravenosa e na mesma seringa.
Outra vantagem desta associação é que, em animais arredios, a associação pode ser
aplicada pela via intramuscular, ocorrendo à prostração em 5 a 7 minutos.
Quinta técnica
A vantagem desta associação é que ela pode ser aplicada em animais que não
permitem a manipulação pelo seu temperamento, bastando à aplicação intramuscular para
causar a prostração do animal, sem estresses desnecessários.
Manutenções
A evolução do ato cirúrgico e plano anestésico desejado vão variarem de acordo com o
paciente e tipo de cirurgia.
41
As potencializações ocorrem com outros fármacos como barbitúricos, succinilcolina e
fármacos usados em MPA.
Intubação endotraqueal
Jejum prévio.
Indução: tiopental a 2,5%, 12,5 mg/kg, ou tiamilal a 2,5%, 10,5 mg/kg, ou metohexital a
2,5%,6,5 mg/kg, metade da dose rapidamente e o resto até o desaparecimento dos reflexos
Interdigital e laringotraqueal.
Essa conduta é a mais aconselhada para a rotina anestésica por sua segurança,
tranquilidade e discreta alteração dos parâmetros fisiológicos (temperatura retal, pulso arterial e
frequência respiratória).
Terceira conduta
Quarta conduta
Jejum.
A grande vantagem é que a prostração é tão severa que com a aplicação dos
anestésicos halogenados, ministrados por máscara, os animais não reagem, permitindo assim a
indução e manutenção suave sem necessidade de elevar as doses do anestésico volátil.
Quinta conduta
Jejum.
Essa técnica anestésica, outrora defendida e empregada, está hoje restrita apenas aos
ensaios de técnicas cirúrgicas ou experimentais, pelos inconvenientes que a mesma oferece, tais
como limitações em pacientes não-hígidos ou mesmo pela recuperação desconfortável.
Sexta conduta
Jejum. 45
Pentobarbital sódico a 3%, 15 mg/kg (0,5 ml) IV, metade da dose rapidamente e,
quando sobrevier a prostração, aplicar lentamente o resto até desaparecerem os reflexos
interdigital, laringotraqueal e palpebral.
Sétima conduta
Jejum.
Essa conduta anestésica é reconhecidamente a mais prática, pois, por meio de uma
simples aplicação intramuscular, consegue-se uma anestesia de 40 a 50 minutos. Ela é segura,
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desde que se pré-trate o animal com atropina, a fim de se evitarem os efeitos
parassimpatomiméticos da xilazina, tais como bradicardia com arritmia e até bloqueios
atrioventriculares de segundo grau.
Oitava conduta
Jejum.
Essa conduta é vantajosa quando se dispõe de óxido nitroso, pois, por ser anestésico
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inerte, não é metabolizado pelo organismo, sendo eliminado totalmente pela própria expiração.
Convém, nessa conduta, evitar associações do tipo quetamina e éter, pois ambas
apresentam características simpatomiméticas, alterando severamente os parâmetros
cardiocirculatórios.
Nona conduta
Jejum.
Evitar a hiperoxia por meio da administração excessiva de oxigênio puro, pois poderá
sobrevir apneia provocada não pelo miorrelaxante, mas sim por desequilíbrio da relação O2 e
CO2.
Convém lembrar que a administração excessiva de O2 acarreta apneia que, com certa
habilidade, pode ser contornada, mediante o controle da administração de menos 02.
Observação
Tranquilizar o animal.
Tricotomia e antissepsia rigorosa do local (de preferência depilar uma boa área).
Caso isso não aconteça, com outra seringa vazia, injetar 5 ml de ar e, com o dorso da
mão sobre a pele do animal (região lombar), perceber-se-á a infiltração do ar a nível subcutâneo.
Convém lembrar, como exemplificado, que, se for empregada lidocaína a 1%, cada ml
da droga terá 10 mg de princípio ativo e, para um cão de 10 kg, não se poderão exceder 70 mg
ou 7 ml. Caso, agora, se use a mesma lidocaína a 2%, o volume não poderá exceder 3,5 ml.
Em cães, especialmente, não se pode levar em consideração apenas a dimensão da
coluna vertebral, face às diferenças anatômicas verificadas nas diferentes raças, pois os animais
longilíneos e baixos (bassethound, dachshund, pequinês, ...) estarão sempre sujeitos às
intoxicações, caso não se observe as doses máximas permitidas.
Convém manter o animal na posição de esfinge por cinco a 10 minutos, pois, embora a
lidocaína cause anestesia local quase que imediata, convém aguardar uma melhor embebição
tissular pelo anestésico de forma equitativa (lados direito e esquerdo), dando assim uma
anestesia bilateral uniforme, já que, em decúbito lateral, por gravidade, causará apenas
anestesia local unilateral.
Fig. 19 - demonstração da agulha sendo colocada na região lombossacra; B: seringa conectada para injeção do
agente anestésico.
A B
Este tipo de anestesia é de grande valia, mas, por se tratar de uma anestesia de
técnica mais apurada e pelo espaço subaracnoide em cães ser de poucos milímetros, é
raramente empregada. Igualmente, se executada sem a devida assepsia, pode causar
meningites com resoluções fatais.
Jejum.
Aguardar 15 minutos.
Técnica possui uma vantagem maior sobre a anestesia peridural, pois o seu
relaxamento é maior por agir diretamente em nível de raízes nervosas espinhais.
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Informações gerais
• Tipo de ferida
• Paciente
• Procedimento cirúrgico
• Ambiente cirúrgico
Conceitos básicos
Instrumental cirúrgico
Itens críticos: todo e qualquer material que entra em contato com o tecido subcutâneo,
este material deverá ser esterilizado. Ex: instrumental cirúrgico em geral, pano de campo, luvas,
compressas, etc.
Itens semicríticos: refere-se ao material que entra em contato com cavidades mucosas
que possam estar contaminadas e estes deverão estar, pelo menos, desinfetados. Ex: tubo
endotraqueal, sonda uretral, etc.
A) métodos físicos:
Antissépticos
São usados para reduzir a flora bacteriana da pele, braços e mãos do cirurgião e
equipe cirúrgica, além do campo operatório do paciente. Este é o ponto que contesta a técnica
cirúrgica asséptica, pois não se consegue esterilizar a pele sem destruí-la.
Além da atividade antimicrobiana, os antissépticos não podem ser tóxicos, não devem
ser irritantes quando aplicados na pele e devem reter suas propriedades in vivo. O antisséptico
ideal é um agente bactericida de amplo espectro que também seja eficaz contra esporos, vírus e
fungos. Ex: sabões, álcool, compostos iodopovidona, clorexidina e compostos de amônia
quaternária.
2º) Somente à parte de fora dos materiais enrolados ou empacotados deve ser tocada
por mãos sem luvas, e estes pacotes devem ser abertos pelo volante longe do corpo para não
contaminá-los.
3º) Materiais esterilizados são manuseados somente com luvas esterilizadas ou com
instrumentos esterilizados.
4º) Uma vez que algum material é removido de um pacote, o mesmo não deve ser
retornado ao mesmo.
5º) Toda vez que um material esterilizado apresentar-se úmido, este deve ser
considerado não esterilizado.
3.2 Classificação da possibilidade de infecção intraoperatória
Duração da cirurgia;
• Perfuração das luvas;
• Procedimentos de emergência;
• Aumento da idade; 58
• Doença preexistente;
• Má nutrição.
Infecção hospitalar: infecções em ferimentos que não estavam presentes e nem incubado, antes
da internação
Causas comuns:
• Cateteres;
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São variadas as causas de ferimentos que vão desde cirurgia, infecção, traumas
(veicular, arma de fogo, brigas), substâncias químicas, tumores, temperaturas excessivas e até
mesmo uma medicação tópica.
1. Inflamação: minutos a três dias. Fase chamada de Lag ou substrato. Nesta fase
tem-se a liberação de mediadores químicos (histamina, serotonina e prostaglandinas) pelos
mastócitos e plaquetas. Neutrófilos e mastócitos fagocitam e destroem restos celulares e corpos
estranhos e macrófagos liberam substâncias quimiotáticas para estimular fibroplasia,
angiogênese e a síntese de colágeno.
2. Reparação ou proliferação. Entre 3º e 21º dias, a fase de proliferação
fibroblástica, infiltração capilar e a reepitelização.
3. Maturação ou remodelação (meses ou anos). Ligações entre fibras de colágeno
(rede de fibras ao longo das linhas de estresse da ferida).
4. Contração - fase final da cicatrização, ação dos miofibroblastos que contêm 60
actina, proteína contrátil das células musculares.
Base da resistência da cicatrização: O colágeno é a principal proteína estrutural do
tecido conjuntivo. A resistência do tecido cicatricial se aproxima, mas nunca se iguala à do tecido
normal.
61
Aspecto: vermelho e granular - barreira contra a infecção, sobre uma base para
epitelização e fonte celular contração cicatricial.
A – Locais:
Inchaço na incisão;
Dor;
Coloração;
Necrose tissular;
Estravazamento serossanguinolento.
5 ANTIBIOTICOTERAPIA
Indicações
6.1 Caudectomia
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Definição
Indicações
Anestesia
Técnica cirúrgica
Disseca-se a pele de maneira romba no sentido proximal. A ligadura dos vasos pode
ser feito isoladamente nas artérias (lateral caudal, medial caudal e ventral) e nas veias
(coccígeas, caudais laterais, esquerda e direita) com fio cat-gut (4.0 ou 3.0) ou em massa sobre
o corpo da última vértebra que irá permanecer com categute 2.0. Após ligadura é feita a
desarticulação entre as vértebras. A sutura de pele é feita com pontos simples separados com fio
inabsorvível (náilon 3.0).
Pós-operatório
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Deve-se ter cuidado com a higiene diária, aplicando-se repelentes de moscas em
pasta, pois são menos tóxicos, e fazer o curativo diariamente. Porém, se os rabos estiverem bem
cortados e não houver infecção, mesmo sem os pontos, a cicatrização ocorre sem problemas.
Depois de dez dias de idade, a anestesia local já não resolve tão bem, e a dor
insuportável de uma caudectomia mal anestesiada pode resultar em traumas emocionais
irreversíveis no filhote. Aos dois meses de idade, o corte do rabinho transforma-se então em uma
verdadeira cirurgia de amputação de membro, e seu pós-operatório irá requerer a utilização de
drogas antibióticas, anti-inflamatórias, curativos e contenção do animal para que ele não retire os
próprios pontos, colocando em contato o local da ferida com a boca.
Complicações
Deiscência de sutura – caso ocorra deixar que aconteça a cicatrização por segunda
intenção, tratar a ferida aberta contaminada.
6.2 Conchectomia
Conceito
ereto e em forma de concha, o homem, ao longo do tempo, reconheceu que esta realidade
beneficia as condições de proteção e audição. Talvez seja esta a real intenção do homem em
formatar orelhas grandes e pendentes em conchas eretas em algumas raças, propiciando além
de um corte estético, o fator proteção. O aumento do tamanho das orelhas dos cães ocorreu com
o tempo e isso talvez tenha sido na intenção de fechar o conduto auditivo para diminuir a
audição nos cães de caça, para não se distraírem do faro como é o caso do Basset Hound,
Bloodhound, Cocker Spaniel, entre outros, resultando em maiores problemas nas orelhas e
conduto auditivo, como otites (infecção nos ouvidos), fungos, sarnas, otematomas
(descolamento da cartilagem por hemorragia auricular), injúrias, dilacerações, alopecia,
sangramento, miíases (bicheira), surdez e dermatites. Percebemos que orelhas pendulares são
sempre alvos fáceis e com pouca chance de defesa, acarretando em uma maior incidência de
problemas. Um cão doméstico com orelhas pendulares se fosse solto na natureza
provavelmente morreria rapidamente, pois qualquer ferimento no pavilhão atrairia insetos,
moscas, e fatalmente uma miíase ocorreria, levando o animal à morte em pouco tempo.
Raças
Schnauzers, Pinscher, Boxer, Dobermann, Dog Alemão, Pit Bull, Dogo Argentino,
Mastin Napolitano, Grifon de Bruxelas, American Stafordshire Terrier.
Indicações:
Vantagens da conchectomia 70
Anestesia
Técnica
Faz o posicionamento de uma pinça para corte de orelhas de acordo com o local onde
irá incisar com bisturi. O sangramento é totalmente controlado com eletrocautério, e com sutura
com fio inabsorvível em toda sua extensão, facilita-se um correto posicionamento e cicatrização.
É um procedimento feito em torno de 30 minutos.
Pós-operatório:
6.3 Otohematoma
Conceito
Causas
A causa dos otohematomas nem sempre é bem esclarecida, mas parece que surgem
no decurso do ato de coçar a orelha ou de balanças a cabeça, em razão a irritação ou coceira
associada a otites externas, causadas por bactérias, ácaro ou por fungos na maior parte dos
casos.
Mais frequentes em cães com orelhas pendulares com inflamação crônica e aguda,
ectoparasitas, corpos estranhos e os tumores e pólipos do canal auditivo.
Tratamento
Em primeiro lugar deve resolver-se a causa do hematoma auricular. Caso este seja 72
recente pode fazer-se a punção, para drenar o líquido. Dez a quinze dias são suficientes para a
pele e a cartilagem ganharem aderência novamente. Devendo fazer a compressão da orelha
durante este período para ajudar à recuperação. Infelizmente, na maioria dos casos este
procedimento não é suficiente e tem mesmo que se recorrer à cirurgia.
Tratamento conservativo
Obs: para hematomas com uma consistência fluida. Geralmente aplica-se uma atadura
na orelha.
Técnica Cirúrgica
B
A C
73
D E
Fonte: Prof. Eugênio Henriques. Aula de Clinica Médica. FAA., 2004 e Bojrab, 1996.
Fig.23- A: orelha com otohematoma, observar o aumento que se formou entre a parte interna e externa
da mesma; B:realização do corte em “S” na parte interior da orelha afetada; C: visualização do corte
em “S”; D: demonstração de como fica a orelha em sua parte externa após ter suturado o defeito; E:
demonstração da parte interna da orelha, corte em “S” aberto e vários pontos simples laterais paralelos
a incisão.
6.4 Entrópio
Etiologia
Hereditária: caninos com menos de seis meses de idade com entrópio,
considera-se de origem hereditária, a menos que se encontre outro fator desencadeante;
Conformacional: é o entrópio de maior ocorrência nos pequenos animais, está
relacionado às raças predisponentes como o Sharpei, Chow Chow, Rothweiller, Dog Alemão,
Labrador e Bulldog;
Adquirida: é a causa mais comum nas demais espécies, divide-se em dois
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principais, o entrópio cicatricial e o entrópio espástico. O entrópio cicatricial decorre de uma
sequela da cicatrização de um ferimento na pálpebra. O entrópio espástico geralmente resulta de
um blefaroespasmo, e pode ser causado por problemas ciliares, provocando dor corneal
(triquíase, distiquíase e distriquíase), por corpos estranhos ou lesão corneal e pela conjuntivite;
Obs.: quando a irritação e a epífora estão associadas com os problemas ciliares, a
aplicação de pomadas lubrificantes e a remoção manual dos cílios proporcionarão alívio
temporário destes sinais clínicos.
Incidência
A. Cães: geralmente hereditário, mas pode ocorrer por blefaroespasmo ou por injúrias
(lesões). Raças predisponentes: Rothweiller, chow-chow, Bulldog, Setter inglês, São Bernardo;
Cocker, etc.;
Sinais clínicos
Considerações cirúrgicas
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Tratamento
Prenda uma porção de pele com uma pinça halsted mosquito curva, o suficiente para
que a pálpebra volte à posição anatômica normal. A quantidade de pele a ser removida deve ser
medida individualmente para cada caso. A prega de pele é feita logo abaixo da margem
palpebral (3 a 5 mm), depois de feita a marcação da pele com as pinças mosquitos, a porção
excedente é removida com uma tesoura de mayo curva, retirando toda a parte que foi pinçada. A
ferida da pele é, então, fechada com pontos isolados simples (náilon 4.0 a 5.0), mantendo a
pálpebra na sua posição anatômica normal.
Pós-operatório
Fig.24 A- Pálpebra invertida; B- Incisão com bisturi em meia lua; C- Sutura da ferida cirúrgica.
6.5 Ectrópio
Definição
Etiologia
Sinais clínicos:
Tratamento cirúrgico
Pós-operatório
Curativo local com pomadas oftálmicas ou colírios, e a retirada dos pontos com 15 dias
de pós-operatório. O uso do colar elizabetano evita a automutilação.
7 APARELHO REPRODUTOR FEMININO
7.1 Ovário-histerectomia
78
Indicações
A ovário-histerectomia pode ser uma terapia adjunta justificável para uma neoplasia
mamária. A pesquisa atual sobre os receptores hormonais nos tumores mamários caninos pode
finalmente tomar possível a determinação de quais cadelas responderão a uma ovário-
histerectomia no momento da mastectomia por análise de receptores hormonais tumorais
específicos.
79
Anatomia Cirúrgica
A veia ovariana esquerda drena para dentro da veia renal esquerda, e a veia ovariana
direita drena para dentro da veia cava caudal. As veias uterinas correm em associação íntima
com as artérias uterinas e terminam caudalmente nas veias ilíacas internas.
80
Técnica Cirúrgica
Se o útero estiver aumentado, exige-se uma incisão abdominal mais extensa. Localiza-
se o corno uterino esquerdo com o dedo indicador. Pode-se colocar uma pequena pinça
hemostática no ligamento próprio para ajudar na retração do ovário. Estica-se ou rompe-se o
ligamento suspensor com o dedo indicador. Deve-se direcionar uma tensão mais caudalmente
ao longo da parede corporal dorsal que perpendicularmente a incisão, para evitar o rasgo do
complexo AV ovariano. Localiza-se o complexo AV ovariano e faz-se uma "janela" no mesovário
imediatamente caudal ao complexo AV ovariano. Pinça-se duplamente o complexo AV ovariano
com uma pinça hemostática. Deve-se manter contato constante com o ovário ao aplicar a
primeira pinça para assegurar que todo o ovário seja removido. Rompe-se então o pedículo entre
a pinça média e o ovário.
Devem-se colocar as pinças no pedículo ovariano, tão próximas do ovário quanto for
possível para prevenir a inclusão acidental do ureter.
Prefere-se uma sutura absorvível (por exemplo, o categute cromado) para todas as
ligaduras. Coloca-se uma sutura circular frouxa ao redor da pinça proximal. Remove-se a pinça à
medida que se aperta a sutura circular de forma que a mesma sutura repouse no sulco de tecido
esmagado criado pela pinça. Coloca-se uma sutura de transfixação entre a sutura circular e a
superfície de corte do pedículo. Prende-se o pedículo (sem prender a ligadura) com uma pinça
de polegar, libera-se a pinça final e inspeciona-se o pedículo quanto a sangramentos. Se não
ocorrer sangramento, recoloca-se o pedículo no abdome.
Isola-se o corno uterino direito por meio do segmento do corno uterino esquerdo
distalmente até a bifurcação. Repete-se o procedimento da ligadura no pedículo ovariano direito.
Faz-se então uma janela no ligamento largo adjacente à artéria e à veia uterinas, e prende-se e
lacera-se o mesmo. A ligadura em massa dos ligamentos, largo e redondo raramente é 81
necessária; no entanto, devem-se ligar os grandes vasos no ligamento largo.
82
D E F
Complicações e Sequelas
Hemorragia
A piometra do coto uterino pode ocorrer se não se remover todo o corpo uterino ou
porções de qualquer dos cornos uterinos durante a ovário-histerectomia e o animal tiver níveis
sanguíneos de progesterona elevados. A fonte de progesterona pode ser endógena proveniente
de tecido ovariano residual ou exógeno (proveniente de compostos gestacionais utilizados para
tratar uma dermatite). Podem-se evitar a piometra do coto uterino excisando-se completamente
os cornos e o corpo do útero.
Ligadura do Ureter
A incontinência urinária após uma ovário-histerectomia pode ser causada por um nível
estrogênico sistêmico baixo; por aderências ou granulomas do coto uterino que interferem na
função do esfíncter vesical; e por fistulação vaginoureteral proveniente da ligadura comum da
vagina e do ureter. Terapia recomendada para a incontinência urinária responsiva a estrógenos
é a administração oral de dietilstilbestrol em 0,1 a 1,O mg por dia por 3 a 5 dias seguida, por uma 84
dose de manutenção de 1,O mg por semana.
O ganho de peso corporal foi a sequela em longo prazo mais comum relatada em um
estudo, ocorrendo em 26,2% das cadelas após uma ovário-histerectomia eletiva. A causa do
ganho de peso excessivo após a ovário-histerectomia é pouco compreendida. Uma teoria sugere
que os depósitos de gordura do corpo possuam receptores para 'hormônios esteroides
específicos, de forma que se facilite ou bloqueie a deposição de gordura em uma maneira
regional em resposta a testosterona, ao estradiol, a progesterona e ao cortisol. O estradiol inibe
a lipase lipoproteica nos adipócitos dos depósitos gordurosos incorrendo no fato de que os
ácidos graxos circulantes podem não se esterificar e depositar. Consequentemente, um baixo
nível de estradiol sistêmico após uma ovário-histerectomia pode levar a uma deposição
excessiva de gordura e a um ganho de peso.
Síndrome Eunucoide
85
Em qualquer procedimento abdominal, pode ocorrer uma incisão acidental do baço ou
da bexiga, uma falha na remoção de todos os tampões de gaze da cavidade abdominal antes do
fechamento, uma deiscência, uma formação de seroma e uma automutilação. O traumatismo
autoinfligido do ferimento abdominal tem sido descrito como a complicação mais comum
associada com a ovário-histerectomia de cadelas com menos de 25 kg. Pode-se evitar a maioria
dessas complicações por meio de uma atenção estrita a detalhes e pela observação dos
princípios básicos da técnica de cirurgia asséptica.
7.2 Piometra
Conceito
Tipos
Fechada
Aberta
Causas
Progesterona exógena
Sintomas
sintomas gerais incluem depressão, anorexia, vômitos, diarreia, polidipsia (aumento na ingestão
de líquidos) e poliúria (aumento na produção urinária).
As lesões renais associadas com a piometra têm sido investigadas. Ocorre uma
redução na capacidade de concentrar a urina, associada com a infecção bacteriana do útero,
porém ela não ocorre associada com a manipulação hormonal, na ausência de infecção
bacteriana.
Diagnóstico
88
O diagnóstico diferencial mais importante para a piometra é a gestação. A aparência
radiográfica do útero gravídico antes da calcificação fetal (cerca de 42 dias) é indistinguível da
obtida quando há piometra. Ambas possuem uma densidade líquida homogênea.
Tratamento
Cirúrgico: ovário-histerectomia
Clínico: antibioticoterapia e soroterapia para corrigir acidose.
O tratamento de escolha para a HCE -piometra é a ovário-histerectomia
B
A
C D
Conceito
Com o estrogênio atuante, ocorre edema excessivo, aumento de tamanho das dobras
de mucosa e hiperemia do tecido vaginal, podendo ocorrer ou não a exteriorização através da
vulva.
Sinais clínicos
Ao exame físico, pode ser observado edema da mucosa vaginal e vulvar, que se
apresenta brilhante, lisa e de coloração avermelhada.
90
Fig 28- Demonstração da massa exteriorizada pela vulva da cadela com hiperplasia vaginal.
Outros sinais clínicos podem ser observados como: disúria, lambedura excessiva da
vulva, acasalamento doloroso e períneo evaginado.
De acordo com alguns autores, a hiperplasia vaginal pode ser classificada em:
hiperplasia vaginal de 1º grau apresentando edema de mucosa, com protrusão dos lábios
vulvares, principalmente em decúbito lateral e hiperplasia vaginal de 2º grau apresentando
tumefação dos bordos vulvares, principalmente acima da comissura ventral da vagina. Em casos
mais graves, pode ocorrer prolapso vaginal, com exteriorização da mucosa em forma de coroa,
apresentando opacidade e desidratação, podendo ainda ocorrer fissuras, infecções secundárias
e úlceras devido à exposição prolongada da mucosa.
Ocorrência
A hiperplasia vaginal acomete com maior frequência cadelas de raças grandes jovens
e intactas.
Diagnóstico
Como diagnóstico, se preconiza a execução do exame clínico com auxílio ou não da
vaginoscopia, além da citologia e histopatologia.
91
No caso de neoplasias, além destas apresentarem diferente consistência, as lesões
neoplásicas e seus sintomas não possuem ligação com a fase do ciclo estral.
Tratamento
Em situações de prolapso vaginal, o tecido deve ser protegido de infecções, com o uso
de compressas e antissépticos locais e ainda deve se prevenir o risco de automutilação e
traumatismo com o colar elizabetano.
Em alguns casos, que não regridem espontaneamente pode ser feita a administração
de hormônios que induzirão a ovulação, como hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) ou
gonadrofina coriônica humana (HCG), todavia os efeitos colaterais são bastante expressivos
quando essa terapia é utilizada rotineiramente. Pode ser utilizado também o acetato de
megestrol, que antagoniza o estrogênio, evitando a hiperplasia, portanto não deve ser utilizado
em cadelas que se destinam à reprodução. O tratamento medicamentoso é feito no caso de
cadelas com função reprodutoras.
A neoplasia da glândula mamária é uma doença das cadelas e gatas mais idosas. Os
tumores das glândulas mamárias (TGM) caninos são os tumores mais comuns nas tabelas. Nas 92
gatas, só os tumores cutâneos e os linfomas são mais comuns que os tumores de glândulas
mamárias. Os tumores das glândulas mamárias são muito raros nos machos.
Os tumores de mama mistos são aqueles que mais comumente acometem as cadelas,
e a observação frequente de cartilagem e osso nesses tumores tem provocado controvérsias em
relação ao tipo celular que dá origem a metaplasia. O tecido ósseo formado na glândula mamária
é tão autêntico que muitas vezes observamos a presença de medula óssea típica e ativa.
Quando da presença de cartilagem, esta assume seu aspecto morfológico característico e
demonstra íntima associação com o tecido epitelial adjacente. Os tumores mistos são formados
por dois tipos celulares: as células epiteliais e as mioepiteliais. Elas se manifestam
histologicamente, de forma muito variada, o comportamento de cada tumor vai variar de acordo
com a sua origem e seu arranjo histológico.
A drenagem linfática das glândulas mamárias está sujeita a uma variação individual e
também é influenciada pelo estágio da lactação e pela presença de massas que ocupam espaço.
A linfa geralmente flui a partir dos três pares craniais de glândulas mamárias em direção aos
linfonodos axilares e a partir dos dois pares caudais em direção aos linfonodos inguinais. Em
algumas cadelas, encontra-se presente uma conexão linfática entre as glândulas abdominais,
cranial e caudal.
94
Tratamento Cirúrgico
A excisão deve ser feita naqueles animais que possuem carcinomas inflamatórios ou
moléstias metastáticas. A alta taxa de recidiva indica a incapacidade de se remover todos os
focos de células malignas. A avaliação completa, incluindo as radiografias torácicas, a palpação
cuidadosa de todas as glândulas mamárias, linfonodos periféricos, tecido mole adjacente e
estruturas ósseas, assim como análises laboratoriais adequadas são pré-requisitos para o
tratamento cirúrgico.
Pode-se optar por quatro procedimentos para a excisão:
Nodulectomia;
Mastectomia simples;
Mastectomia em bloco;
Mastectomia unilateral completa.
Para todas às técnicas, é recomendado o envio do material excisado para biópsia.
Para os cães com chance de recidiva recomenda-se que sejam reexaminados pelo
menos a cada um ou três meses. Nos animais com carcinoma “in situ”, os exames devem ser
feitos com intervalos de três a seis meses. Já os tumores benignos sugerem controles menos
agressivos no pós-operatório, a não ser que tenham novos tumores primários.
Técnicas cirúrgicas
Nodulectomia
Fonte: arquivo pessoal.
Mamectomia parcial
Faz-se uma incisão livre sobre o tumor. Se o tumor tiver contato ou estiver aderido à
pele ou ao tecido subcutâneo, ou seja, se o tumor estiver "fixo" à pele, faz-se uma incisão
elíptica que engloba tanto o tumor como a pele afetada. Desenvolve-se um plano artificial de
dissecção no tecido mamário normal que circunda o tumor. Remove-se uma quantidade livre de
tecido, frequentemente atingindo um terço da metade da mama. Faz-se o fechamento do defeito
no tecido mamário por uma aproximação direta, se for possível. Faz-se uma aproximação
subcutânea com categute 4-0 ou 3-0 para reduzir a tensão no fechamento da pele. Fecha-se
rotineiramente a pele.
Fonte: arquivo pessoal.
96
Fig. 30-Demonstração esquemática da mamectomia.
Mastectomia
Cuidados e complicações
A B
C D
100
Fonte: Castro, J. Aula Pós-graduação. FAA, Valença-RJ, 2005.
Prognóstico
A mortalidade por câncer nos cães com carcinomas invasivos ou carcinomas com
metástase distante foi de 88%. A taxa de recorrência foi mais alta nos cães com carcinomas
invasivos macroscópicos (44%) do que nos cães com carcinomas benignos e não invasivos
(12%). Outros estudos demonstram que:
101
8 APARELHO REPRODUTOR MASCULINO
8.1Orquiectomia
102
Definição
Indicação:
Técnicas de abordagem:
Com uma das mãos os testículos são forçados ventralmente contra a bolsa escrotal,
para que seja feita uma incisão sobre o rafe mediana escrotal.
São incididas pele, túnica dartos, fáscias escrotais e túnica vaginal parietal, com uma
incisão suficientemente longa para permitir que os testículos e os epidídimos possam emergir da
bolsa escrotal.
C
A
B
D E F
Fonte: Arquivo pessoal. Fig. 34 - A: Incisão no saco escrotal; B: Incisão nas túnicas; C: exposição do testículo;
D:Ligando epidídimo com fio de náilon 3-0; E: seccionando os testículos com uma lamina de bisturi, logo acima da
pinça hemostática colocada para evitar sangramento; F: Após remover testículos sutura-se o saco escrotal com
pontos simples separados.
Pós-operatório:
Anti-inflamatórios e antibióticos;
Caminhadas diárias, mas evitar atividade física vigorosa nas primeiras 72 horas após a 104
cirurgia para prevenir hemorragias.
8.2 Criptorquidismo
A descida testicular deve ser completa logo após o nascimento. Devem-se considerar
permanentemente retidos os testículos não localizados no interior do escroto por volta dos dois a
quatro meses de idade. Nenhuma droga pode estimular a migração testicular após o mecanismo
contrátil de o gubernáculo testicular ter regredido. Os testículos retidos em uma posição inguinal
ou abdominal são predispostos a alterações malignas (seminoma e tumor das células de Sertoli)
em uma idade mais avançada, por isso se deve recomendar a castração dos animais
criptorquídicos.
Diagnóstico
Técnica cirúrgica
Realiza-se uma celiotomia na linha média por meio da linha alba desde o umbigo até o
prepúcio, com o paciente sob anestesia geral e a parede abdominal ventral preparada para uma
cirurgia asséptica.
Prostatite
Diagnóstico
O exame histopatológico por meio de uma biópsia com agulha acrescenta informações
diagnósticas adicionais com um mínimo de esforço e risco para o paciente.
Tratamentos
Marsupialização
A marsupialização da próstata é a criação cirúrgica de uma fistula entre um saco
preenchido de fluido e a parede abdominal. Esse procedimento é mais efetivo no caso de um
abscesso grande um cisto que se localize próximo à parede abdominal.
Técnica cirúrgica
109
Anestesia-se e coloca-se o paciente em decúbito dorsal e prepara-se o abdome para
uma cirurgia asséptica.
Faz-se uma incisão cutânea na linha média ventral, do umbigo até a extremidade do
prepúcio, e depois uma curva lateral e caudalmente, deixando o prepúcio paralelo à entrada
pélvica.
Após a drenagem da cavidade, palpa-se a glândula para conferir quanto a outras áreas
de flutuação. Se existirem vários abscessos ou cistos parenquimatosos pequenos. Lava-se a
cavidade com quantidades abundantes de solução salina.
Embora a PIS seja eficiente nos casos de prostatite crônica, não se deve utilizá-la em 110
próstatas que requeiram a remoção total.
Técnica cirúrgica
Abre-se a glândula, expondo-se a uretra, utilizando um bisturi elétrico curvo, são feitas
incisões longitudinais em meia-lua sucessivas para remover o parênquima glandular a partir do
centro da cápsula em cada lado.
Remove-se lateral e dorsolateralmente a maior parte da próstata, deixando uma
armação de parênquima de 2 a 3 mm dentro da cápsula. Devido à cápsula prostática do cão ser
muito fina, a remoção de todos os tecidos abaixo da cápsula resulta em uma ruptura capsular.
Prostatectomia Total
Técnica Cirúrgica
O parênquima prostático circunda a uretra e limita-se contra o colo vesical que deve
permanecer intacto para evitar uma incontinência pós-operatória. Utilizam-se um tampão de
gaze e uma dissecção simples para retirar o tecido prostático ao longo da superfície cranial a
partir do colo vesical, de forma que se possa identificar a uretra proximal. Rompe-se a próstata
desde a uretra imediatamente proximal à entrada do duto deferente na superfície dorsal. Rompe-
se a uretra tão próxima da borda caudal da próstata quanto possível para assegurar uma
anastomose com uma tensão mínima. Remove-se a próstata a partir do cateter, e reinsere-se o
cateter na bexiga.
112
Coloca-se a primeira sutura interrompida através das superfícies dorsais da uretra
proximal e membranosa. Depositam o nó externamente à luz e deixam as extremidades longas.
Usam as extremidades da sutura para rotacionar a uretra, e colocar suturas adicionais entre elas
a intervalos de aproximadamente 2 mm.
Bexiga
próstata
próstata
próstata
Fig. 37 - A: visualização e identificação da próstata; B: próstata já sendo acessada; C: remoção da próstata após
sua separação da uretra.
9 SISTEMA URINÁRIO
113
Oxalato de cálcio;
Fosfato amoníaco magnesiano;
Uratos de sódio e amônio;
Cistina;
Dióxido de silicone;
Xantina.
Cistina
Diagnósticos
Análise de urina: inclui análise visual dos cristais presentes. Tal teste não é
específico.
Estudo de imagens: radiografias, pneumocistografias radiografias de duplo
contraste e ultrassonografias. Esses exames fornecem informações sobre o tamanho, a forma, a
radiopacidade, a localização e o número de cálculos detectados, e indica a composição mineral.
Remoção cirúrgica e envio para análise: é o único meio garantido de
determinação precisa sobre a composição mineral.
Complicações
Essa obstrução tem efeitos sistêmicos (uremia) e pode levar à ruptura ureteral, da
bexiga ou da uretra.
Quando a obstrução é total e persiste por vários dias.
Uropatia obstrutiva;
Contraindicações ao tratamento médico (aspectos nutricionais); 115
Defeitos anatômicos que predispõem à infecção do trato urinário (divertículo);
Machos, porque a dissolução do cálculo urinário está associada ao maior risco
de obstrução da uretra.
Ela envolve a infusão pulsátil de solução salina estéril no cateter uretral distal à pedra.
A uretra é distendida, e o cálculo empurrado para a bexiga. Se necessário, exerce-se pressão
sobre a uretra proximal através do reto, o que aumenta a dilatação uretral. É necessária forte
sedação ou anestesia geral para realização da técnica. A anestesia da uretra pode ser feita com
Iidocaína para evitar espasmos uretrais.
9.3 Cistotomia
Conceito
Indicações:
116
Remover cálculos vesicais;
Examinar a superfície interior da bexiga;
Cateterizar os ureteres.
Pré-operatório
Técnica Cirúrgica
Faz-se uma incisão abdominal caudal em linha média nos gatos e cadelas.
Nos cães machos, faz-se uma incisão cutânea curva lateral ao prepúcio, retrai-se
lateralmente o mesmo e faz-se uma incisão abdominal na linha média através da linha alba.
A B
A
B
Pontos de Cistocentese
retenção
Fig.39 - Demonstração de colação dos pontos de reparo para expor a bexiga e realização de cistotomia para
esvaziá-la antes de incisar. Faz-se uma incisão em estocada na bexiga com um bisturi. Estende-se cranial e
caudalmente a incisão com uma tesoura de Metzenbaum.
Incisão em
estocada na
bexiga
Estende- se cranial
e caudalmente a
incisão com uma
tesoura
118
Passa-se um cateter no interior da uretra, e lava-se a mesma com solução salina para
desalojar quaisquer cálculos na uretra proximal.
Fecha-se a bexiga em uma camada com uma sutura absorvível, utilizando um padrão
inversor (Cushing ou lambert) em uma parede vesical. A sutura não deve penetrar na luz da
bexiga.
A B
Pós-operatório
Deve-se permitir que o paciente urine frequentemente. Se isso não for possível, deve-
se manter a bexiga vazia por meio de uma cateterização intermitente ou de um cateter uretral
interno conectado em um sistema de coleta estéril por três dias.
Colar elizabetano.
9.4 Uretrostomia
Definição
Indicações:
Cálculos que não podem ser removidos pela uretrostomia ou por lavagem
retrógrada para a bexiga;
Produção de cálculos recorrentes que não são passíveis de controle médico;
Estreitamentos uretrais distais ao escroto em razão aos cálculos, a traumatismos
ou retrostomias;
Traumatismo peniano grave, neoplasia do prepúcio ou uretra, quando é
necessária a amputação do pênis;
Doenças congênitas (hipospadias, deficiência no comprimento peniano
prepucial) que exige manipulação do pênis ou prepúcio (ou ambos) e forma de abertura uretral
mais proximal.
120
Tipos de uretrostomia:
Pré-escrotal;
Escrotal;
Perineal;
Pré-púbica ou antipúbica.
A obstrução uretral por urólitos ocorre mais frequentemente em cães machos, mas
também ocorre em cadelas. Geralmente há uma história de estrangúria ou oligúria. Um cão
afetado pode exibir ansiedade, depressão ou fraqueza. A bexiga pode ficar enormemente
distendida. O cão pode parecer inicialmente normal e depois piorar rapidamente.
Pré-operatório
Um animal com obstrução uretral requer um tratamento imediato, pois essa afecção
resulta em uma uremia pós-renal e em desequilíbrios, hídrico, eletrolítico e ácido-básico
associado que constituem riscos de vida.
Descomprime-se inicialmente a bexiga por meio de uma cistocentese com uma seringa
de uma agulha de calibre 22.
121
Usa-se uma uroidropropulsão para mover os urólitos de volta na luz da bexiga. Pode-
se utilizar esse procedimento, que envolve a dilatação de uma porção da uretra com um fluido
sob pressão, em cães tanto machos como fêmeas.
Técnicas Cirúrgicas
Utiliza-se uma uretrostomia pré-escrotal (que cria uma abertura temporária na uretra)
para trazer os urólitos da uretra pré-escrotal e/ou desviar dos urólitos alojados na uretra peniana.
Uretrostomia Pré-escrotal
122
Se a incisão se estender por cima do escroto, torna-se mais provável que o cão escorie
o local e que haja um risco de que os testículos se prolapsem através da incisão.
Fig. 42 - Fonte: Stone, E.A.: Urologic sllrgery-an update./n Contemporary Tsslles in Small Animal
Practice. Vol. 4: Nephrology and Urology. Editado por E.B. Breitschwerdt. New York. Churchill Livingstone. 1986.
Fig. Uretrostomia pré-escrotal. A) Local da incisão cutânea e dissecção do tecido subcutâneo até o
músculo retrator do pênis. B) Incisão longitudinal no interior do músculo do corpo esponjoso e da uretra após o
rebatimento lateral do músculo retrator do pênis. C) Suturas de retenção no corpo cavernoso e exposição do interior
uretral. Após a remoção dos urólitos pode-se deixar aberta ou fechar uma uretrostomia em um padrão interrompido
simples (inserção).
Uretrostomia Escrotal
Indicações:
Cálculos uretrais recorrentes;
Obstruções agudas;
Ferimentos uretrais distais severos no osso peniano ou no pênis;
Estenose uretral distal ao escroto;
Doenças que requeiram a amputação do pênis ou do prepúcio (neoplasia,
estrangulamento peniano, hipospadias e deficiência na extensão peniana ou prepucial).
124
Técnica Cirúrgica
Coloca-se o cão sob anestesia geral, posicionando o mesmo em decúbito dorsal com
os membros traseiros suavemente abduzidos e presos caudalmente.
Deve-se ter cuidado em deixar pele suficiente na face lateral da incisão para se evitar
uma tensão na uretrostomia durante fechamento.
Escolhe-se o limite caudal da incisão para se assegurar que a nova abertura uretral
permita que a urina seja desviada direta ventral a partir do arco isquiático.
125
Material de sutura não-absorvível 4-0 monofilamentar (náilon ou polipropileno).
Coloca-se a primeira sutura a partir do canto da incisão uretral caudal até o canto da
incisão cutânea caudal.
B
A
A síndrome urológica felina (SUF - que é sinônimo de doença do trato urinário inferior
no felino) pode resultar de vários fatores etiológicos únicos, múltiplos e interativos ou não- 126
relacionados. Os fatores que têm sido implicados como atuantes de um papel causador no
desenvolvimento da SUF são os agentes infecciosos (tais como os vírus e as bactérias, dieta e
as anomalias do úraco especialmente os divertículos vesicais).
A obstrução uretral tem sido associada com concreções e tampões uretrais. As outras
causas de obstrução uretral são as estenoses, as lesões da próstata e as massas extraluminais
que comprimirem a luz uretral. A obstrução da uretra por meio de tampões ocorre comumente no
macho, mas raramente na fêmea. A explicação para isso reside nas diferenças anatômicas na
estrutura uretral entre os sexos. A uretra no macho é longa e estreita, enquanto que na fêmea é
curta e larga.
Os cristais que compõem uma concreção apresentam bordas bem afiadas, que se
estendem a partir das margens da concreção. No gato macho, na raiz do pênis imediatamente
proximal às glândulas bulbo uretrais, o diâmetro luminal uretral se estreita, criando um efeito de
afunilamento. À medida que a concreção desce pela uretra, ela pode se alojar nesse ponto.
Inicialmente, o gato pode geralmente forçar uma concreção através da uretra peniana por meio
de um esforço. No entanto, essa ação força as bordas afiadas dos cristais no interior da mucosa
uretral, resultando em microlacerações múltiplas. Esse traumatismo resulta em hemorragia,
inflamação uretral, edema e inchaço, que reduzem adicionalmente o diâmetro uretral. A
passagem de outra concreção através da uretra resultará em uma obstrução que não poderá ser
desalojada pelo animal. Essa situação requer um tratamento de emergência para desbloquear a
obstrução uretral.
Diagnóstico
127
A história pode incluir uma micção em locais incomuns junto com um aumento na
frequência de tentativas de micção.
Tratamento Médico
Adicionalmente, uma massagem na uretra por meio do reto pode ajudar a desalojar as
concreções uretrais pélvicas ou abdominais.
Induz-se então o esvaziamento vesical por meio de uma palpação suave na bexiga. Se
128
não desobstruir tenta-se a lavagem uretral retrógrada para desalojar a concreção no interior da
bexiga por meio de uma hidropropulsão.
Se não se puder restaurar a desobstrução uretral por esse método, deve-se suspeitar
de uma lesão mural ou periuretral, com ou sem um tampão uretral associado.
Anestesia
Técnica Cirúrgica
Prende-se a cauda com um esparadrapo por cima da linha média dorsal das costas, e
colocam-se panos de campo na área genital.
Faz-se uma incisão elíptica, começando a meio caminho entre o ânus e o escroto, ao
redor do escroto e do prepúcio.
Se o animal estiver intacto, realiza-se a castração.
A B
C D
Fonte: Stone, E.A.: Urologic surgery-an update./n Contemporary Tsslles in Small Animal Practice. Vol. 4:
Nephrology and Urology. Editado por E.B. Breitschwerdt. New York. Churchill Livingstone. 1986.)
FIG. 44 - A - Identifica-se o músculo isquiocavernoso e corta-se o mesmo com uma tesoura próximo ao
ligamento peniano. B - Termina-se a dissecção uretral transeccionando-se o útero masculino em forma de "V"
próximo à uretra. C- Incisa-se a uretra no interior da luz com um bisturi.
A
B
.
Fonte: Bojrab, 1996.
Fig. 45 - A - Corta-se o excesso peniano com uma tesoura no nível da incisão uretral caudal;
Pós-operatórios
Remove-se a sutura bolsa-de-tabaco do ânus, utilizando uma pomada
impermeabilizante para evitar queimaduras pela urina (Hipoglós).
Complicações
132
Uma hérnia consiste na saída de conteúdo de uma cavidade através de sua parede
sendo diferenciadas pelo local anatômico (umbilical, inguinal, diafragmática e perineal). Podendo
ser do tipo congênita ou adquirida (traumática incisional ou por degeneração da musculatura
p.ex.: perineal).
Partes da hérnia:
Anel;
Conteúdo;
Saco – mesentério, peritônio.
Incidência:
Gato – diafragmática.
Fisiopatologia:
133
Sinais clínicos:
Tumefação;
Ausência de dor;
Consistência variável;
Alteração respiratória.
Diagnóstico:
Exame clínico;
Histórico;
Palpação;
Radiografia e ultrassonografia.
Oclusão segura para não ter recidiva obliteração do tecido do saco herniário.
Etiologia
134
Uma hérnia umbilical ocorre se o anel umbilical não se formar apropriadamente, se for
demasiado grande para permitir uma contração completa no nascimento ou se não ocorrer
contração.
Sinais
A hérnia umbilical apresenta-se como uma massa no abdome ventral onde se deveria
localizar a cicatriz umbilical.
Complicações
Pode-se encontrar como conteúdo o intestino ou outras vísceras abdominais. Neste
caso pode ocorrer estrangulamento ou obstrução.
Diagnóstico
Tratamento
136
Técnica cirúrgica
Se a hérnia for grande ou caso possa palpar o conteúdo, deve-se abrir o saco herniário
e palpar o conteúdo, o anel hernial e, se possível, o diafragma ventral.
Não se deve debridar o anel hernial, pois isso privaria o cirurgião de um tecido
conjuntivo forte e viável, necessário para se fechar o defeito.
O tamanho do material de sutura deve ser o escolhido para o fechamento de rotina das
incisões abdominais com base no peso do animal.
Fecham-se rotineiramente o tecido subcutâneo e a pele.
Pós-operatório
Devendo-se reconferir a incisão e retirar as suturas cutâneas após tal período. 137
Anatomia Cirúrgica
Etiopatogênese
138
Sinais Clínicos
A maioria dos cães com hérnias inguinais apresentará uma massa disforme e mole na
região inguinal que geralmente não é dolorosa à palpação. A massa pode se encontrar presente
por até um ano e pode ou não ser redutível à palpação. A elevação dos quartos traseiros pode
ajudar o examinador na redução da hérnia e permitir a palpação do defeito na parede abdominal.
A hérnia pode conter um útero gravídico ou infectado que seja incapaz de ser reduzido. Os
outros tecidos e órgãos que podem estar contidos na hérnia incluem o omento, o intestino, a
bexiga, a gordura prostática e o baço.
Diagnóstico
O diagnóstico se dá pelo exame físico, podendo ser auxiliado por uma radiografia que
demonstre alças intestinais preenchidas por gás ou o surgimento de um esqueleto fetal em
ossificação após 43 a 45 dias de gestação. A bexiga pode ser identificada por uma radiografia de
139
contraste após uma cateterização e uma aspiração do conteúdo vesical.
A hérnia pode surgir como um inchaço lateral à vulva e deve ser diferenciada de uma
hérnia perineal.
Técnica Cirúrgica
Pode-se utilizar uma incisão na linha média ventral para todas as hérnias inguinais.
Essa abordagem permite a visualização de ambos os anéis inguinais e o reparo da herniação
bilateral por meio de uma incisão única. Isso também permite a extensão cranial da incisão,
quando for necessária, sem a invasão do tecido mamário ou de seu suprimento sanguíneo.
A incisão cirúrgica se estende da borda cranial da pelve até tão longe cranialmente
quanto for necessário para permitir a exposição do saco hernial. Prossegue-se essa incisão
através do tecido subcutâneo para baixo em direção à bainha reta ventral. Procede-se a
dissecção bruscamente sob o tecido mamário, remove-se e rebate-se lateralmente o tecido 140
mamário para expor o anel inguinal e o saco hernial.
Em alguns casos, pode ser necessário alargar o anel hernial cranialmente para facilitar
a redução da hérnia. Se a hérnia incluir a bexiga, a aspiração da urina facilita a redução.
Sutura se o anel hernial com suturas interrompidas simples de material de sutura não-
absorvível 2-0.
Deve-se ter cuidado durante o fechamento para evitar os vasos pudendos externos e o
nervo genitofemoral, que saem da face caudomedial do anel.
Nos machos deve-se fechar o anel inguinal sem o comprometimento do cordão
espermático à medida que ele atravessa o canal inguinal.
Puxa-se então o tecido mamário de volta à linha média fecha-se o tecido subcutâneo, 141
utilizando suturas absorvíveis. Tendo o cuidado em se eliminar o espaço morto potencial.
Pós-operatórios
Considerações gerais
Animais com hérnias diafragmáticas têm dificuldade respiratória por várias alterações
intercorrentes.
Diagnóstico
Como os pequenos animais que sofrem traumatismo por automóvel são geralmente
jovens (menos de dois anos) e machos, não é surpresa que uma população semelhante esteja
em maior risco de ocorrência de hérnias diafragmáticas. O único sinal clínico consistente é a
função respiratória comprometida exacerbada pelo estresse.
A hérnia diafragmática pode ser difícil de identificar em razão dos sinais clínicos
abertos poderem estar ausentes, muitos sinais clínicos comumente descritos (tais como um
abdome "forçado", ruídos pulmonares e cardíacos abafados, e presença de sons abdominais no
peito) constituem métodos não-confiáveis de diagnóstico. O sinal clínico mais comum é a 144
dispneia.
A hérnia pode ser identificada algum tempo depois do evento traumático. Não é
incomum que um animal que tenha sobrevivido ao episódio traumático original seja apresentado
meses mais tarde por razões não-relacionadas, no momento em que a auscultação pode revelar
uma anormalidade.
A silhueta diafragmática fica incompleta na maioria dos casos, embora outras doenças
(hidrotórax e hemotórax) resultem semelhantemente na perda do contorno da silhueta
diafragmática, complicando o diagnóstico diferencial. A presença de alças intestinais
preenchidas por gás na cavidade torácica permite a confirmação do diagnóstico. A toracocentese
e a subsequente citologia de qualquer fluido pleural ajudarão a caracterizar a efusão. A remoção
da efusão e a repetição das radiografias torácicas podem permitir uma melhor avaliação do tórax
e uma definição da silhueta diafragmática.
Anestesia
145
Institui-se uma respiração assistida após a indução com pressões positivas não
excedam 20 cm de H20. O controle da respiração assegura uma oxigenação adequada e
durante procedimento cirúrgico.
Pode ser necessário aumentar na ruptura diafragmática para reduzir mais facilmente o
conteúdo herniário.
A B C D
Fonte: Arquivo pessoal. Fig.47 - A– Toracotomia lateral; B-demonstração da ruptura diafragmática; C- visualização
das vísceras abdominais dentro da cavidade torácica; D: herniorrafia diafragmática.
Deve-se colocar uma sonda de toracotomia antes de se fechar o defeito inteiro. A
sonda é facilmente colocada através da parede lateral do peito antes de se fechar o diafragma.
Esse método permite a avaliação completa do ar a partir do espaço pleural e é preferível ao uso
mais comum de uma ventilação de pressão positiva que permita o escape de ar intratorácico por
meio de um espaço deixado no fechamento do ferimento diafragmático, ajudando
consequentemente a evitar um barotrauma pulmonar. Esse método também é superior à
148
aspiração com agulha repetida da cavidade do peito, que acarreta o risco de lacerar o pulmão.
Pode-se remover a sonda dentro de poucas horas após a evacuação do ar da cavidade torácica
ou deixá-la no local por um período variável de tempo, dependendo da sua utilidade no manejo
pós-operatório.
A E
Fig. 48 - A: demonstração da reconstituição de pressão negativa dentro da cavidade torácica por meio de uma
sonda; B: sucção com uma seringa acoplada ao dreno.
Pós-operatório
Complicações
Têm-se calculado as taxas de mortalidade para os cães e gatos que sofrerem uma
herniorrafia diafragmática. Esses números indicam uma taxa de mortalidade global de
aproximadamente 20%. Observaram-se taxas de mortalidade significativamente mais altas em
animais que sofreram uma cirurgia dentro das primeiras 24h após o traumatismo devido à
incapacidade de estabilizar de forma efetiva o paciente no pré-operatório.
Conceito
Hérnia perineal resulta do enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias do
diafragma pélvico, promovendo deslocamento caudal de órgãos abdominais ou pélvicos para a
região do períneo.
A hérnia perineal é mais comum em cães machos intactos sendo mais raros em
cadelas e gatos. Podendo ser uni ou bilaterais.
150
Etiologia
A irrigação vascular ocorre através da artéria femoral circunflexa medial que remete
ramos e penetram na superfície ventral do músculo que reveste o forame obturador e os ramos
da artéria glútea caudal proporcionam irrigação colateral. Ao passar sobre a grande incisura
isquiática, o nervo isquiático remete um ramo caudalmente na direção da parede do músculo que
reveste a pequena incisura isquiática.
Músculo glúteo superficial: É originado cranialmente pela fáscia glútea, a parte lateral
do sacro, a primeira vértebra caudal, e a metade cranial do ligamento sacrotuberoso (ausente
nos felinos). Sua inserção ocorre através de um tendão largo e achatado avançando sobre a
superfície lateral do trocanter maior indo inserir no terceiro trocanter. A irrigação vascular ocorre
através dos ramos da artéria glútea caudal e penetram na superfície dorso medial do músculo, o
nervo glúteo caudal, que pode originar tanto do nervo isquiático quanto do primeiro e segundo
152
nervos sacrais, penetram na superfície medial da parte dorsocaudal do músculo.
Músculo esfíncter anal externo: É um músculo voluntário estriado que circunda o canal
anal. Este esfíncter pode ser dividido em três partes. A parte cutânea situa-se diretamente sob a
pele, no tecido subcutâneo. As fibras superficiais, que direta ou indiretamente se inserem na
terceira ou quarta vértebra caudal, avançam sobre a superfície lateral do canal anal e sacos
anais e inserem-se no músculo constritor da vulva. As fibras profundas circundam o canal anal,
avançando medialmente aos sacos anais. As fibras superficiais podem cruzar ventralmente ao
ânus, ou podem intercambiar com fibras profundas. A irrigação vascular ocorre através de um
ramo da artéria glútea caudal e a única inervação é o nervo retal caudal, que deixa o nervo
pudendo ao nível da borda caudal do músculo elevador do ânus e penetra a parte caudodorsal
do esfíncter anal externo na região da fossa isquiorretal.
Nervo pudendo: O nervo pudendo, a artéria e veia pudendas internas avançam até a
fossa isquiorretal na superfície ventrolateral do músculo coccígeo, e em seguida evoluem
caudomedialmente através da superfície dorsal do músculo obturador interno. Ramos do nervo
pudendo inerva o esfíncter anal externo e a pele perineal antes que o nervo termine, o nervo
pudendo e os vasos sanguíneos pudendos estão reunidos por tecido conjuntivo, e geralmente
estão relacionados a parte ventral do saco herniário perineal.
Nervos perineais e nervo retal caudal: Seus ramos são originados do nervo pudendo,
os nervos perineais originam-se da superfície dorsal do nervo pudendo e são responsáveis pelo
suprimento do períneo e a pele do ânus, o nervo retal caudal pode originar-se de nervos sacrais,
ou deixar o nervo pudendo na borda caudal do músculo levantador do ânus e é responsável pela 153
inervação do esfíncter anal externo.
As hérnias podem ser uni ou bilaterais, sendo as bilaterais mais frequentes nos felinos
com uma predominância inexplicada pelo lado esquerdo.
Tem-se descrito as hérnias perineais como dorsais, entre o músculo elevador do ânus
e coccígeo, ou ventrais que ocorre entre o elevador do ânus e o esfíncter anal externo.
Recentemente, descreveram-se dois tipos adicionais de hérnias, uma hérnia ciática, entre o
músculo coccígeo e o ligamento sacrotuberoso (ausente em gatos) e também ventralmente ao
músculo isquiouretral.
O tipo mais comum de hérnia em cães e gatos é a hérnia perineal ventral que ocorre
entre o elevador do ânus e o esfíncter anal externo.
Quando o conteúdo herniário são vísceras e estas são comprimidas, há uma rápida
deterioração do quadro, podendo ocorrer choque e morte se a hérnia não for corrigida
rapidamente.
154
Sinais clínicos
Diagnóstico:
Histórico clínico;
Sinais clínicos;
Exames radiográficos;
Ultrassonografias.
Diagnóstico Diferencial
Terapia conservadora
Os regimes dietéticos e medicamentosos devem ser ajustados para que sejam obtidas
fezes moles e defecação regular, uma dieta deve ser oferecida rica em fibra com laxantes
formadores de volume. Estes medicamentos são a metilcelulose que mediante suas
propriedades hidrofílicas e osmóticas, estes agentes retêm água e eletrólitos no lúmem intestinal, 156
amolecem e aumentam o volume fecal.
Realizações de enemas com água morna aos quais pode ser adicionado emoliente
fecal. Devem ser administradas a todos os animais constipados, aproximadamente 12 a 18 horas
antes da cirurgia. Este intervalo se faz necessário para que permita a total evacuação de líquidos
no intestino grosso, e para que seja evitada contaminação do local cirúrgico.
Tratamento cirúrgico:
Utiliza-se com frequência material de sutura não absorvível monofilamento (náilon 2-0 -
0).
Se realizada a secção do tendão. Deve-se tomar cuidado para não lesar o nervo
pudendo que se localiza dorsalmente a ele. O músculo coccígeo é suturado ao músculo esfíncter
externo do ânus em pontos isolados simples. Em seguida, aplica-se um ponto U separado
incluindo o músculo obturador interno, coccígeo e esfíncter externo do ânus. O procedimento é
finalizado aproximando-se o músculo obturador interno e esfíncter externo do ânus com pontos
simples isolados.
A transposição do músculo glúteo superficial pode ser utilizada nos casos em que o
tratamento tradicional falhou.
159
160
Quando o anel herniário tem uma dimensão que torna impossível a aproximação dos
tecidos sem criar uma tensão excessiva, pode utilizar-se um implante prostético.
Estes materiais são bem tolerados em feridas, são extensíveis e não são reabsorvidos.
A rede deve estender-se 1,5 a 3 cm para além das margens do defeito e é ancorada a estruturas
resistentes com pontos isolados de fio monofilamento não-absorvível. O tecido de granulação e a
rede de capilares invadem a rede, formando uma camada de tecido conjuntivo em quatro a seis
semanas.
A B C D
Fig. 49 - A: visualização de uma hérnia perineal (tumefação perineal unilateral); B:incisão sobre o defeito;
visualização do conteúdo incluindo bexiga urinária; D: sutura com pontos simples separados.
Cuidados pós-operatórios e complicações
Os emolientes fecais devem ser administrados em média durante dois meses, pois
diminuem as possibilidades de recorrência.
162
Deve-se considerar a OCF uma cirurgia de resgate para aliviar a dor e restaurar uma
função razoável. Como o procedimento não reconstrói a articulação coxofemoral, não se
recupera uma função articular normal.
Fatores Gerais
Indicações:
Técnica Cirúrgica
Para abordagem e exposição da Articulação Coxofemoral, pode-se fazer uma
abordagem craniolateral modificada incluindo a elevação das origens da musculatura do vasto
para se obter uma maior exposição do colofemoral.
Faz-se uma incisão na fáscia lata ao longo da borda cranial do músculo bíceps femoral
e prossegue-se proximal e cranialmente ao longo da borda do músculo glúteo superficial.
Estende o corte distalmente para que se possam rebater facilmente o músculo tensor
da fáscia lata e bíceps femoral.
Corta-se a cápsula articular em linha com o colo femoral e procede-se a incisão 165
lateralmente através das origens da musculatura do vasto. Com a incisão desses músculos,
encontra-se um sangramento moderado; uma pressão aplicada com um tampão de gaze é
geralmente adequada para se obter uma hemostasia.
Elevam-se a cápsula e os músculos vastos a partir do colo com uma rugina afiada. No
caso dos animais com fibrose extensa, um bisturi será útil para limpar esses tecidos densos.
Palpar o trocanter menor medialmente para preservá-Io. Ele serve como inserção do
músculo íliopsoas, um importante flexor e rotador externo do quadril.
Se o quadril estiver luxado, torna-se útil obter uma redução antes ou durante o
procedimento. Isso restaura as relações anatômicas normais e estabiliza a cabeça femoral no
acetábulo durante a ostectomia. Se não se puder reduzir a luxação, deve-se colocar um
afastador manual abaixo da cabeça e do colo femorais para proporcionar uma estabilização e
proteger os tecidos moles circundantes.
Após se cortar o colo, prende-se a cabeça femoral com uma pinça óssea uma pinça de
campo, rompe-se o ligamento da cabeça femoral (se estiver intacto) com uma tesoura curva e
forte e cortam-se quaisquer ligamentos capsulares remanescentes. Remove-se então a porção
da cabeça e do colo.
Removem-se quaisquer projeções ou irregularidades ósseas que permanecerem na
superfície de corte do fêmur com um desgastador ou um raspador ósseo. Se a hemorragia
proveniente da superfície medular for persistente, utiliza-se uma cera óssea para se obter uma
hemostasia. Lava-se completamente o ferimento com solução salina, controlando qualquer
hemorragia remanescente.
Caso se corte o tendão glúteo profundo, repara-se o mesmo com uma ou duas suturas 166
com polidioxanona.
167
Anatomia Funcional
Pode-se descrever a patela como a porção ossificada do tendão do quadríceps.
Embora a própria patela seja uma estrutura passiva no corpo, ela exerce um papel importante
em um sistema dinâmico denominado como o mecanismo extensor da soldra.
O ligamento patelar é uma faixa forte de tecido conjuntivo fibroso que corre da patela
até a tuberosidade tibial. Quando o grupo de músculos do quadríceps se contrai, a força
resultante puxa a patela, o ligamento patelar e a tuberosidade tibial, causando a extensão da
soldra. Durante esse movimento, a patela corre no sulco troclear. Um corte transversal da pateIa
revela uma superfície articular convexa. O sulco troclear é côncavo e permite uma articulação
íntima entre o fêmur e a patela. As fibrocartilagens para-patelares encontram-se em ambos os
lados da pateIa e se prendem à cápsula articular. Essas estruturas se articulam com as cristas
trocleares e aumentam a área de superfície, e consequentemente dispersam a força dos
músculos do quadríceps.
Etiologia
Esse distúrbio pode ser ou congênito ou traumático. A forma congênita é mais comum
e é geralmente observada em cães de raças pequenas e pode causar anormalidades mínimas a
severas na movimentação do animal (claudicação).
Sinais clínicos
169
O quadro clínico é frequentemente o de um animal obeso com uma deformidade para
fora dos membros posteriores.
A luxação patelar medial, a menos que seja traumática, raramente causa uma
claudicação aguda.
Luxações patelares mediais com claudicação aguda podem estar associadas a outras
causas. Deve-se investigar se há uma lesão do ligamento cruzado.
Essa estrutura deve se encontrar em uma linha reta paralela ao eixo longitudinal do 170
membro quando vistas a partir de uma direção craniocaudal. No caso da luxação patelar medial
de grau I, essas estruturas geralmente estão bem alinhadas.
Na maioria dos casos o único reparo exigido é a criação de uma contenção lateral para
impedir o deslocamento medial da patela. Isso pode ser obtido sobrepondo-se a cápsula articular
lateral com um padrão de sutura de Lambert interrompido. Nos animais menores (15 kg ou
menos).
Outra técnica que funciona bem é o uso de uma sutura única de náilon 1-O ou 2-0
passada ao redor da fabela lateral e através do tendão de quadríceps imediatamente proximal à
patela. Direciona-se então a sutura distalmente, amarra-se então a estrutura na face lateral da
articulação e isto serve para restringir o deslocamento medial da patela. Essa técnica funciona
especialmente bem nos cães grandes.
Luxações de Grau II
A patela geralmente repousa em sua posição normal no caso de uma luxação de grau
II, mas se luxa com a flexão da articulação e permanece luxada até ser reposicionada por meio
de uma compressão manual ou da extensão da articulação. Os animais geralmente apresentam
alguma forma de distúrbio de andadura. Eles também são mais prováveis de desenvolver
alterações degenerativas devido ao maior grau de má-articulação.
171
Trocleoplastia
Nessa técnica, remove-se uma cunha osteocondral a partir do sulco troclear. Iniciam-
se os cortes no ponto mais alto das cristas troclear medial e lateral.
172
A B C
D E F
Fig.51 - A; demonstração de como se deve esculpir o sulco intertroclear para aprofundá-lo; B: realização da
osteotomia em cunha; C: curetagem do leito osteotomizado; D: Perfuração da crista tibial para estabelecer sutura
antirrotacional; E: visualização da colocação das suturas antirrotacionais; F: Patela suturada com pontos simples
separados.
Fisiopatologia 173
Etiologia
O flape causa dor intensa, pois fica solto na articulação, outras vezes pequenos flapes
se tornam calcificados e podem se alojar nas extremidades e poderão ser absorvidos
lentamente.
Avaliação Radiográfica.
A B C
D E
F
Fig 52 - A: Incisão em pele; B: dissecção do subcutâneo para visualização do músculo a ser seccionado; C: local da
secção muscular; D: afastamento da musculatura e visualização da cápsula articular; E: cápsula articular aberta
para remoção do flape intra-articular; F: Flape sendo removido de dentro da articulação.
Complicações e cuidados pós-operatórios
176
Se a unha do gato lacerou apenas a córnea, a sutura fechada da ferida feita por um
oftalmologista pode ter sucesso em salvar o olho.
177
Figura 52 – animal com trauma ocular e posterior miiase, foi retirado todo o globo e também pálpebra.
Definição
A proptose traumática resulta do deslocamento súbito do globo ocular para fora de sua
órbita. Um globo ocular prolapsado torna-se uma emergência, uma vez que, a correção de um
prolapso em até 30 minutos, pode salvar o olho ou diminuir muito o período de reabilitação.
Predisposição
Raças braquicefálicas como o Pequinês, Bull Dog e Pug são predispostas para a
ocorrência da proptose ocular traumática, principalmente pelas características da proeminência
dos olhos e das órbitas pouco profundas. O tratamento de emergência para proptose envolve o
reposicionamento do globo ocular na órbita e a tarsorrafia (sutura das pálpebras) temporária. A
enucleação (remoção cirúrgica do olho) do globo ocular deve ser considerada se o grau de lesão
do olho for acentuado.
178
3. Tamanho pupilar:
B. Midríase – ocorre quando a inervação simpática não é lesada, porém pode existir
lesão do nervo óculo-motor e gânglio ciliar. O prognóstico é reservado à desfavorável;
Com a utilização do bom senso, deve-se sempre tentar recolocar o globo ocular na
órbita, a não ser naqueles casos de ruptura da túnica fibrosa ou da perda de todo o tecido de
sustentação. Comete-se um erro de menor gravidade recolocando-se um globo ocular que mais
tarde deverá ser removido, do que removendo um globo ocular que poderia ter ficado.
Técnica
A anestesia deve ser geral e necessita-se colocar três a quatro pontos isolados simples
com fio não-absorvível, envolvendo as pálpebras e lubrificar o olho com pomada oftálmica.
As pálpebras devem ser tracionadas pelos fios dos pontos, ainda sem os nós é feito
um movimento oposto de introdução do globo ocular com o cabo de bisturi ou com o dedo.
Figura 53: Demonstração de cão com prolapso do globo ocular, que teve como tratamento somente
reposicionamento do mesmo e pálpebras suturadas por sete dias. Fonte: Arquivo pessoal
Definição
Indicações:
A. Microftalmia congênita complicada: associado à ceratites, ceratoconjuntivites e
entrópio;
C. Neoplasias intraoculares;
181
D. Traumas graves;
E. Desconforto ocular que não seja solucionado por outra terapia clínica ou cirúrgica.
Técnica cirúrgica
As margens das pálpebras são aproximadas por meio de uma sutura isolada ou
contínua. As incisões são realizadas paralelamente às margens das pálpebras e a distância deve
ser suficiente para evitar as glândulas de meibomian (4 a 6 mm). Essas incisões são estendidas
medial e lateralmente, até a intersecção palpebral, deste modo circundando a fissura palpebral
fechada. Continua-se a dissecação aprofundando essa incisão até o encontro da subconjuntiva.
A tração para frente das pálpebras facilita essa dissecação. Continua-se a dissecação posterior
e externamente, até o encontro com a esclera, procede-se a dissecação posteriormente para
promover a separação da esclera dos tecidos subjacentes. Após a secção dos músculos
extraoculares, o globo fica ligado apenas pelo nervo óptico, pelas bainhas nervosas e fáscias,
que contém os vasos do globo ocular. Uma pinça hemostática curva é colocada sobre o feixe do
nervo óptico e o globo é liberado e removido com tesoura. É feita uma ligadura mais
profundamente à pinça hemostática (categute 3.0 ou 2.0 para pequenos animais e nº 1 para os
grandes animais). As bordas das pálpebras são suturadas com pontos isolados simples wolff ou
Donatti (nylon 0,20 ou 0,30 para pequenos animais, e 0,50 a 0,70 para grandes animais),
podendo ou não deixar dreno no canto medial do olho.
182
Figura 56 - o coto do nervo óptico é preso, ligado e cortado para completar a enucleação. A conjuntiva,
membrana nictitante e as margens palpebrais são removidas.
Antibioticoterapia e Anti-inflamatório;
Complicações:
Deiscência da sutura – tratar a ferida aberta, deixando cicatrizar por segunda intenção.
13 APARELHO REPRODUTOR FEMININO
184
Fatores maternos
b) Inércia uterina secundária: ocorre depois de prolongada contração uterina sem êxito
em expulsar um feto que obstrui o canal do parto, ou todos os fetos ainda retidos no útero face à
obstrução. Desta forma, ocorre fadiga da musculatura uterina após as sucessivas contrações
improdutivas. Tanto na inércia uterina primária quanto na secundária, a musculatura uterina
normalmente falha em responder à administração de ocitocina.
185
e) Torção ou ruptura uterina: torções uterinas de diferentes graus podem ocorrer,
predispondo à distocia. Os casos de ruptura uterina são mais frequentes após a administração
de ocitocina em dose excessiva, feita por leigos, sem prescrição.
Fatores fetais
d) Exame ultrassonográfico: várias mensurações fetais podem ser realizadas por meio
da ultrassonografia para se determinar a idade gestacional em cadelas, como o diâmetro das
vesículas embrionárias, o diâmetro biparietal e o diâmetro abdominal fetal. Entretanto, embora
essas mensurações sejam amplamente utilizadas, é importante lembrar que a acurácia desse
exame pode ser inferior a 50% quando as mensurações fetais são realizadas após o dia 39 da
gestação. Além disso, como as fórmulas para cálculo da idade gestacional são adaptadas para
cadelas de várias raças, normalmente o resultado é apresentado com variação de ± 3 dias.
Como já existem dados para cálculo de idade gestacional para algumas raças diferentes, como
para beagles ou retrievers, é importante que sejam realizadas mensurações de acordo com a
raça. Existe também variação quando se comparam dados de cadelas pequenas (menos de 9
kg) e gigantes (mais de 40 kg).
De acordo com tempo de gestação pode-se também avaliar a viabilidade fetal por meio
de exame ultrassonográfico, utilizando critérios como a frequência cardíaca, a movimentação
espontânea e o peristaltismo intestinal fetal. Durante uma gestação canina, os batimentos
cardíacos fetais estão acima de 220 por minuto (bpm), e os fetos no terço final da gestação
apresentam movimentação espontânea. Frequência cardíaca entre 180 e 220 bpm em fetos
caninos é indicativa de discreto sofrimento fetal, e abaixo de 180 bpm tem-se severo sofrimento
fetal. Além disso, a detecção de peristaltismo intestinal fetal parece estar relacionada com
sofrimento fetal e risco perinatal acentuado, sendo necessária intervenção cirúrgica imediata. O
exame ultrassonográfico também é útil no diagnóstico de malformações fetais.
- Glicose: embora seja recomendada por alguns autores, são raros os casos de
cadelas em distocia com hipoglicemia. Porém, caso seja diagnosticada a hipoglicemia ou quando
ocorre toxemia da gestação, pode-se utilizar glicose oral ou solução de glicose a 5,0 ou 10%, por
via IV.
Figura 60 - Exposição lenta e gradual do corno uterino desvitalizado, a fim de evitar descompensação
cardiocirculatória e ruptura do órgão.
Figura 61- Após ressecção do corno uterino necrosado (à esquerda), observar a integridade do corno contralateral
que também foi extirpado de uma cadela.
193
Figura 62– Apresentação dos fetos enfisematosos, removidos do corno uterino desvitalizado. Fonte:
www.cirurgiaonline.com.br. Acesso em: janeiro de 2008.
13.2 Cesariana
A indução anestésica também pode ser realizada com o auxílio de máscara, com a
administração de isofluorano.
195
A cesariana na cadela e na gata é geralmente um procedimento de emergência, pois a
distocia prolongada coloca em risco as vidas da mãe e/ou neonato.
Anatomia cirúrgica
Ao se fazer a incisão abdominal durante uma cirurgia cesariana, o cirurgião deve estar
ciente de que o útero se encontra próximo à parede abdominal fina e distendida.
Técnica cirúrgica
196
O cirurgião deve também lembrar de que o útero se encontra aumentado e não deve
ser lacerado ao se entrar na cavidade abdominal.
197
Faz-se então uma pequena incisão com um bisturi em uma área relativamente
avascular na face ventral ou dorsal do corpo uterino, deve-se ter cuidado em não lacerar
inadivertidamente um feto com bisturi. Estende-se então a incisão uterina com uma tesoura até
um comprimento suficiente para remoção dos fetos.
Figura 64 – local da incisão para retirada dos fetos. Fonte: www.google.com. Acesso em: fev. 2008.
No caso de uma distocia deve-se remover primeiro o feto que se encontra parado no
corpo uterino, conduzindo cada feto à incisão por meio de uma compressão suave do corno
uterino. Isso é feito espremendo-se o corno cranialmente ao aumento de volume. Uma vez que o
feto encontre-se perto da incisão pode-se segurá-lo e aplicar uma tração suave para facilitar uma
remoção rápida a partir do útero. À medida que se remove cada feto, rompe-se o saco amniótico
para permitir que se inicie a respiração.
198
Figura 65 – demonstração do feto já retirado do útero com cordão umbilical pinçado para ser ligado.
Fonte: www.google.com.
Devem-se remover os fluídos fetais do campo operatório por meio de sucção para
minimizar a contaminação. Pinçam-se então os vasos umbilicais e rompem-se os mesmos
aproximadamente 2 a 3 cm da parede abdominal fetal.
Remove-se então lentamente a placenta associada a partir do endométrio por meio de
uma tração suave para minimizar a hemorragia.
Figura 67: demonstrando novo feto o qual é removido pela incisão e abaixo as membranas fetais.
www.google.com. Acesso em: fev.2008.
Uma vez que se tenham removido todos os fetos, o útero começa a se contrair
rapidamente, essa contração é importante no cessamento da hemorragia. Se o útero não iniciar
a contração no momento do fechamento, pode-se administrar ocitocina (1a 2 unidades / Kg IM
ou EV) ou maleato de ergonovina (0,02 a 0,1 mg/Kg IM).
O útero pode ser suturado com fio absorvível, utilizando-se agulhas sem corte.
Aproximam-se cuidadosamente as bordas da incisão uterina com padrão de Cushing contínuo,
inversor e de camada dupla, seguido por uma sobressutura de Lembert contínua.
200
Figura 69: Sutura do útero em padrão invertido. Fonte: www.google.com.br. Acesso em: fev 2008.
Também pode se utilizar material de sutura não absorvível para fechar a linha Alba.
Fecha-se o tecido subcutâneo com fio de sutura absorvível 3-0 ou 2-0, e a pele com fio não-
absorvível.
14 EMERGÊNCIAS GASTROINTESTINAIS
201
Conceito
Se não for tratada imediatamente, a dilatação pode evoluir para torção gástrica.
Fatores de risco:
Predisposição:
Racial: Raças grandes como, Dobermann, Dog Alemão, Fila Brasileiro, 202
Pastor Alemão, Rottweiler, São Bernardo, Seter Irlandês, Weimaraner e outras;
Genética: levar em consideração o histórico familiar para desenvolvimento;
Predisposição anatômica: tamanho do animal e tipo corporal;
Manejo alimentar: alimento muito seco associado ao fato de beber água de
forma excessiva e posterior exercitação pós-alimentação.
Movimento Fatal
A rotação do estômago dá-se inicialmente no piloro e antro pilórico. Ela passa do lado
ventral direito do abdômen - rotacionando sob o estômago - e repousa dorsalmente sobre a
cárdia no lado esquerdo.
Mais importante que essa explicação é saber que se trata, acima de tudo, de uma
emergência veterinária e cirúrgica com alto índice de mortalidade.
Sinais clínicos
Intranquilidade e dor;
Vômitos repetidos (frequentemente não-produtivos); expulsão de líquido e
alimentos, misturados à substância monoide (muco) espumosa.
Aumento da frequência respiratória; dificuldade respiratória;
Hipersalivação (ptialismo);
Distenção (timpanismo);
Andar (caminhar) nervoso;
Pulso fraco;
Mucosas pálidas;
Aumento da freqüência cardíaca.
Evolução
Por ser de extrema gravidade, a prevenção é a melhor medida de combate à torção 204
gástrica.
A dilatação gástrica pode ocorrer rapidamente; um cão pode morrer poucas horas
depois do inchaço estomacal. O óbito geralmente ocorre em decorrência de insuficiência
respiratória e choque.
Prevenção:
Fisiopatologia
Cardiovascular:
A dilatação gástrica comprime as veias cava caudal e porta, sequestrando sangue na
metade caudal do organismo levando a diminuição do retorno venoso ao coração e o animal
entra em choque hipovolêmico.
Respiratória:
Gástrica:
Avulsão dos vasos gástricos curtos ao longo da grande curvatura do estômago tem
como consequência à isquemia da parede gástrica, necrose de toda ou de uma parte da mesma.
Normalmente do lado esquerdo da grande curvatura e o fundo gástrico.
Diagnóstico:
Sinais clínicos;
Exame físico;
Radiografias;
Decúbito lateral direito é de escolha.
206
Figura 72 – Rx evidenciando estômago cheio de gás. Fonte: Dilatação Gástrica. Redação Veterinária
On-line disponível em: www.veterinariaonline.com.br. Acesso em: 25 jan.2004.
Tratamento clínico:
Tratamento cirúrgico
207
Descompressão gástrica:
Gastropexia temporária
Figura 73 - A: Demonstração de animal com um tubo dentro do estômago; B: demonstração de como se retira o
tubo, observe no detalhe que na parte do tubo que fica do lado de fora tem um fio comprido enrolado tipo bailarina, e
no estômago esse mesmo fio está fazendo uma bolsa de tabaco na parede estomacal. Na hora de fechar essa
incisão e remoção do tubo não há necessidade de abrir novamente a cavidade, basta puxar o fio que ele vai fechar
a parede do estômago. Fonte: Fossun, 2002
Reposicionar o estômago
208
Cuidado para evitar trauma ao órgão;
O cirurgião de pé ao lado direito do cão. Sua mão direita será introduzida em direção à
parede dorsal esquerda para segurar o piloro e a mão esquerda empurra o estômago para baixo,
enquanto à direita, gentilmente, levanta e posiciona o piloro.
Gastropexia circuncostal
Nada mais é que prender o estômago junto a costela, fazendo um túnel por baixo da
costela e um flape de serosa na parede abdominal que passara por esse túnel e será suturado a
parede estomacal, seu local de origem.
Figura 74 - Observe o flape e a seguir o túnel por baixo da costela e passagem do flape por baixo dela
para retornar ao estômago sendo devidamente suturado. Fonte: Fossun, 2002.
Figura 75: na sequência tem-se o já estômago reposicionado, o estômago com flape de serosa, túnel
feito na parede abdominal e passagem do flape de serosa estomacal dentro dele e o mesmo sendo suturado a
parede estomacal. Fonte Fossun, 2002.
Diagnóstico:
Sinais clínicos;
Visualização do corpo estranho;
RX simples ou contrastado.
Sinais clínicos:
Vômito;
Depressão;
Desidratação;
Febre;
Anorexia;
Dor abdominal.
Achados radiográficos:
211
Técnica Cirúrgica
A B C D
E F G H
212
I J
Figura 77– A- animal colocado em decúbito dorsal e sob anestesia geral; B- exploração das alças
intestinais para localizar parte acometida; C- realização da enterotomia; D - demonstração do tamanho e posição da
incisão na alça intestinal; E, F e G - remoção do corpo estranho linear da luz intestinal; H – enterorrafia (sutura do
local incisado); I - demonstração do tamanho e tipo de corpo estranho linear (barbante enovelado), J- parede
abdominal suturada. Fonte: www.redvet.com.br. Acesso em: 02 de fevereiro de 2008.
15 ESPLENECTOMIA
Anatomia cirúrgica
213
O seu parênquima é composto pela polpa branca, de tecido linfoide, e pela polpa
vermelha, constituída por sinusoides venosos e por tecido celular.
O seu suprimento arterial faz-se pela artéria esplênica, um ramo da artéria celíaca. Os
animais que se apresentam com doenças do baço têm também esplenomegalia, seja ela difusa
ou focal.
A esplenomegalia focal pode ser causada quer por processos neoplásicos benignos ou
malignos. O baço é um órgão de preferência para a metastização de tumores.
Esplenectomia parcial
A esplenectomia parcial está indicada em pacientes com lesões traumáticas ou focais,
de modo a preservar a função do baço. Depois de remover a porção afetada, a sutura poderá ser
com sutura automática (grampeador cirúrgico) ou com duas camadas de sutura contínua. As
suturas automáticas podem não ficar suficientemente fixas ao tecido esplênico e originar
hemorragias.
214
Esplenectomia total
B
C 215
Nos cães não há o risco que existe em Medicina Humana de ocorrer sépsis fatal
depois de retirar por completo o baço. Contudo, é preferível efetuar uma esplenectomia parcial,
quando é possível, pois a total traz desvantagens:
Para remover o baço é necessário ligar todos os vasos ao nível do hilo, o que torna a
cirurgia muito trabalhosa, isto porque existem inúmeros vasos a ligar.
Depois de uma esplenectomia pode ser necessária uma transfusão sanguínea - o 216
animal deve ser observado por 24 horas, onde se deve avaliar o hematócrito até que estabilize.
16 EMERGÊNCIAS NO TÓRAX
16.1 Pneumotórax
217
Sinais clínicos:
Dispneia inspiratória;
Taquipneia;
Posição ortopneica.
Diagnóstico:
Histórico;
Figura 80 - Sinais radiográficos: Latero - lateral - densificação homogênea no tórax ventral, bordas
pulmonares separadas da parede torácica; obliteração completa ou parcial da imagem cardíaca; fissuras
interlobares; Fonte: Lourenço, 2007.
219
Classificação:
Oxigenoterapia;
Fluidoterapia;
Analgesia;
Toracocentese;
Figura 81 – Animal com máscara de oxigênio recebendo suporte ventilatório com intuito de melhorar o
estado geral. Fonte: Arquivo pessoal.
16.2 Toracocentese
A toracocentese consiste em realizar uma punção intratorácica para remover por meio
de uma válvula de três vias acoplada a uma seringa ou a um sugador o conteúdo presente, seja 220
líquido ou ar.
Figura 82: Marcação do local onde será fixada a mangueira de três vias para drenar conteúdo torácico.
Fonte: arquivo pessoal
Toracotomia
Consiste na abertura do tórax para correção cirúrgica da lesão que está ocasionando o
hemotórax ou pneumotórax.
Normalmente o acesso é realizado por incisão lateral entre o quarto e quinto espaço
intercostal ou o mais próximo possível da lesão previamente identificada por exames
diagnósticos.
Figura 83 - Incisão cutânea sobre o local onde há ruptura da musculatura. Figura 30 - Exposição e
secção dos músculos superficiais torácicos. Fonte: http://www.redevet.com.br/cirurfot/pneumo.htm. Acesso em:
02/03/08.
Figura 86– Após suturar musculatura torácica lacerada que estava ocasionando a patologia é colocada
uma última sutura para o fechamento da cavidade torácica.
17.1 Fraturas
223
Definição
Considerações Gerais
Representa boa parte das cirurgias ortopédicas (50% ou mais), o resultado final não
acaba com a cirurgia e sim quando o animal consegue por meio de uma consolidação normal,
restabelecendo o funcionamento normal do membro.
Fratura exposta não deve ser tratada na hora devido a contaminação (contraindicação
para cirurgia imediata) nesses casos se deve imobilizar, suturar pele reposicionar o osso no local
anatômico e fazer uso de anti-inflamatórios e antibióticos durante sete dias.
Não deixar para realizar cirurgia com mais de 21 dias. Nesse momento estará instalado
processo cicatricial, já tem calo ósseo e cirurgia será mais cruenta.
Diagnóstico:
Histórico;
Palpação;
Radiografias.
224
Indicação cirúrgica
Indicações questionáveis:
Retardo na consolidação;
Fraturas múltiplas;
Considerações econômicas.
Infecção – contaminação;
Consolidação retardada ou não-união – destruição da vascularização ou má-
fixação;
Dispersão do hematoma da fratura – nesse hematoma já tem células para
cicatrização, não remover se for possível;
Alterações vasculares – com relação ao acesso – preservar o Máximo que
puder, acesso bem delicado, seccionar próximo aos tendões para preservar funcionalidade do
músculo preservando o ventre do mesmo;
Reação ao implante metálico – raro (metalose);
Aderências da membrana do músculo um sobre o outro e sobre o osso.
Manipular o mínimo possível para não dificultar o pós-operatório;
Formação de tecido cicatricial que pode prejudicar a função muscular.
Classificações
Quanto à estabilidade:
Estável: A parte mole mantém uma parte coaptada à outra ou uma fratura
incompleta;
Instável: As extremidades afastadas com mobilidade, movimentação dos
segmentos dos ossos envolvidos.
Completa;
Incompleta (fissura).
Transversa;
Oblíqua (em bisel);
Espiral (uma linha de fratura);
Cominutiva (várias linhas de fratura e fragmentos - esmagamento);
Segmentar/Múltipla (várias fraturas no mesmo osso – vários segmentos –
segmentos maiores);
Fiseal (na placa epifisária pode prejudicar o crescimento. Em animais jovens...);
Fratura impactada (um osso entra no outro).
Classificação das fraturas epitisárias em animais jovens, de SALTER-HARRIS:
O osso quebra quando uma força é exercida sobre ele até que sua resistência final
seja rompida. Ocorre quando o osso não consegue mais absorver a energia do impacto.
Tratamento 227
Talas
Tipo de fratura;
Localização da fratura;
Quantos membros foram afetados;
Temperamento do animal;
Cuidado pós-operatório do dono;
Custo e experiência profissional.
Biomateriais
- Cromo 17-20%
- Níquel - 10-14%
- Molibdênio - 2-4%
- Silício 0,75%
- Manganês - 2%
- Ferro – 55 - 60%
- Chumbo A 2 Ppm
Ductibilidade: Determinar até que grau a placa precisa ser moldada. Também nesse
caso o titânio é melhor.
Desvantagens: o animal não fica quieto, pisa na água; morde; come, etc.
O gesso, no entanto, é mais rígido que a tala. O importante é que ele acompanhe a
conformação do membro e inclua as duas articulações (proximal e distal). Ele vai impedir as
forças de flexão e cisalhamento (parcialmente porque há tecido mole no meio). O gesso, no
entanto, não impede as forças de rotação, tensão e compressão (na verdade, ele só está
impedindo a de tensão, se o cão não quebrar).
O gesso deve ser forte o suficiente para aguentar o peso do animal. 229
Quando usamos dois pinos a chance de rodar dentro do canal medular é menor. O
pino deverá ter 1/3 do diâmetro do osso e sua colocação cruzada.
O pino vai impedir a flexão e o cisalhamento (se o pino for único, não. Se for mais de
um ou então mais grosso, impede o cisalhamento, mas também tem suas contraindicações:
duas irrigações, etc.).
A – Pino de Steinman
Rosqueado / Circular.
D - Kuntscher - Triangular (como uma calha). Apoio em três pontos, evitando a rotação.
Figura 93 - Introdução de fio de aço nas extremidades opostas da fratura e introdução de pino de aço
intramedular. Figura 36 - Pino intramedular sendo colocado em posição para a fixação do foco de fratura.
Figura 94 - cerclagem ajustada com o fêmur no seu eixo. Figura 95 - Redução da fratura com fixação
interna com pino de aço para posterior ajuste da cerclagem. Fonte: WWW.redvet.com.br. Acessado em: 02 de
fevereiro de 2008.
231
Figura 96 - Fáscia suturada. Figura 97 - Pele suturada.
Placas ósseas
Ao remover a placa três ou quatro meses após fica marcada no osso, pois ocorre uma
reabsorção óssea, levando a uma osteoporose temporária e quando retira os osteoclastos e a
neovascularização agem remodelando o osso tornando-o anatomicamente normal.
Ex. fratura cominutiva com vários segmentos a placa é ideal. Porém no caso de fratura
transversa não é necessário.
232
É o mais versátil e o mais adaptável também inibe todas as cinco forças. Com a fratura
inicia reações importantes – hematoma da fratura possui células importantes para cicatrização.
Se puder fazer redução fechada com fixador será melhor.
Colocação: inserção dos primeiros pinos tem que ser próximos ao foco de fratura para
permitir melhor estabilidade e o segundo colocar o mais distante possível do foco de fratura para
dar mais rigidez.
233
Figura 99 - Introdução de pinos lisos por meio da tíbia e união dos cinco pinos através de um pino
paralelo ao membro.
A resina acrílica é de baixo custo, e dá uma boa fixação quando associada a três ou
quatro pinos fixados de forma transversal ao foco de fratura.
É importante dobrar as pontas dos pinos para firmar a resina e não haver
afrouxamento.
Para o pino não ficar torto durante, dificultando a colocação da resina deverá ser fixado
com pinça óssea. 234
Figura 103 - Exposição do Rádio fraturado. Figura 104 - Introdução de pinos transversalmente ao
Rádio em terço proximal.
235
Figura 105 - Introdução de pinos transversalmente ao Rádio em terço distal. Figura 106 - Fixação dos
pinos com pino amarrado com fio de cerclagem.
Figura 107 - Todos os pinos fixados. Figura 108 - Aplicação da resina acrílica.
236
Figura 109 – Resultado final após a resina ter sido aplicada sobre os pinos, colocada de forma bilateral.
Fixação auxiliar:
Parafuso poderá ser colocado reto ou com angulação de acordo com a necessidade;
18.1 Definição
237
18.2 Introdução
Complicações:
Perfuração das vísceras;
Trauma de grandes vasos;
Acidose respiratória;
Compressão dos grandes vasos da corrente venosa de retorno ao coração.
Posição:
Decúbito dorsal;
Trendelemburg – leve inclinação da calha cirúrgica para melhor visualização
intra-abdominal, porém causa uma compressão mais acentuada ao diafragma.
Para realização de procedimentos laparoscópicos é necessário o estabelecimento do
pneumoperitônio, com a finalidade de proporcionar adequada exposição das estruturas
abdominais e manutenção de campo cirúrgico.
Técnica cirúrgica
Animais são devidamente anestesiados e mantidos com anestesia inalatória.
Posicionados em decúbito apropriado.
A cavidade abdominal é puncionada com agulha de Veress, na região umbilical ou
paracostal direita para instalação do pneumoperitônio com pressão máxima entre 10 e 12mm
Hg.
A seguir são realizadas quatro incisões de pele para introdução dos trocartes.
Estes quatro portais permitem a passagem da ótica (30 graus e 10 mm de diâmetro) e 239
também do instrumental cirúrgico, pinças e tesouras.
Inicialmente, realiza-se exploração da cavidade abdominal para verificar eventual lesão
de víscera por efeito da introdução da agulha de Veress ou do primeiro trocarte.
São então realizadas as seguintes manobras cirúrgicas: localização e individualização
da estrutura a ser avaliada ou removida do local acessado.
Após divulsão do órgão alvo, faz-se a identificação dos vasos a serem ligados com
clipes ou fios de sutura.
Por eletrocauterização, secciona-se a estrutura afetada ou a ser removida.
Aplicam-se dois ou três clipes de titânio médio-grande (dois proximais e um distal ao
órgão), mediante o uso de pinça aplicadora de clipes ou são ligados com fio de sutura.
Compressas de gaze são introduzidas na cavidade para remoção parcial de sangue.
Após liberação do órgão ou estrutura alvo faz-se a secção e pelo portal três, o mesmo
será retirado com auxílio de uma pinça de apreensão com dentes.
Quando necessária, amplia-se a incisão da parede abdominal para a saída das
estruturas citadas.
A cavidade abdominal é irrigada com solução Nacl 0,9%, seguida de aspiração. As
cânulas são retiradas sob visualização.
Finalizando-se o procedimento, o CO2 é removido abrindo-se a válvula de uma das
cânulas ao mesmo tempo em que se mantêm leve pressão sobre o abdômen.
A parede abdominal é suturada de modo rotineiro.
Instrumentos cirúrgicos especiais para videocirurgia
240
Figura 114 – Ótica – utilizada acoplada a uma fonte luminosa com intuito de visualizar as estruturas intracavitárias,
projetando-as em um monitor. Representa os “olhos” da videocirurgia.
Fonte: Catálogo storz, 2004.
Figura 115 - Cânula para pneumoperitônio segundo VERESS. Fonte: Folheto KARL STORZ (1992)
Equipamentos
241
Figura 117 – Fonte de luz fria com lâmpada de xénon, 175 Watts. Fonte: Catálogo storz, 2002
.
Figura 119– Todo o equipamento para videolaparoscopia montado, pronto para ser utilizado.
Fonte: Oliveira (2005).
Procedimento cirúrgico
242
Figura 120 A- punção com agulha de Veress, primeiro acesso a cavidade; B: Agulha aspirando a cavidade para
verificar se há hemorragia por perfuração de algum órgão; C: Insuflador acoplado para fazer o pneumoperitônio e
assim permitir melhor visualização dos órgãos na cavidade abdominal.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 121: demonstração de como se faz o primeiro acesso (portal), demonstração do local e forma correta para se
introduzir o trocárter na cavidade abdominal.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 122 - Depois de passado o condutor o mesmo é suturado a pele para que não aja perda do pneumoperitônio
e seguida é passada a ótica (endocamera). A partir deste momento todos os movimentos são monitorados na tela
da televisão ou computador acoplado ao equipamento.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 123– por meio de iluminação intracavitária escolhem-se os outros portais, observe a iluminação, isso evita
que ocorra complicações como perfuração ou hemorragia. 243
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 124 - Todos os portais de acesso já com as pinças cirúrgicas e, óticas acopladas, momento para se começar
o procedimento cirúrgico.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 125 – A: visualizando imagem no monitor; B – Animal em decúbito dorsal e Trendelemburg C- destacando a
posição dos cirurgiões durante o procedimento cirúrgico.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
Figura 126– A:Individualização de útero; B: individualização do ovário
Fonte: Oliveira, 2005. 244
Figura 127– A: Apreensão do pedículo ovariano e dissecção por eletrocauterização do ligamento suspensório do
ovário; B: Secção do ligamento.
Fonte: Oliveira, 2005.
Figura 130 - A e B: Retirada do útero inteiro da cavidade por um dos portais; C: útero já extirpado.
Fonte: Arquivo pessoal. Cetrex – Brasília, setembro de 2006.
19 TRANSPLANTE RENAL
O Transplante renal está sendo executado com frequência crescente em cães e gatos
e é uma terapia que pode restabelecer a função renal e melhorar a qualidade de vida do animal.
246
Porém, deve-se considerar que um transplante de rim requer um compromisso do proprietário
devido ao investimento financeiro e esforço exigido para manter estes pacientes depois de
cirurgia.
Cada vez mais cães e gatos levam vidas mais longas e saudáveis após um transplante
renal. Existem relatos de gatos que recebem rins transplantados com sobrevivência de seis anos
ou mais depois de cirurgia. O rim implantado normalmente funciona e deve promover uma
melhor qualidade de vida pelo receptor do transplante. Porém, alívio da IRC, eliminação da
doença e terapia de manutenção terapêutica do paciente transplantado é de alto custo.
Pacientes de transplante exigirão medicamentos diariamente de forma vitalícia para prevenir a
rejeição.
O transplante deveria ser executado assim que a perda de peso progressiva fosse
identificada. Uma vez que, um é indicador muito importante para realização precoce do
transplante, e perda de peso progressivo apesar de terapia dietética adequada. Considera-se
que a perda de peso de maior que 20% leva a um prognóstico reduzido para o sucesso da
cirurgia de transplante renal.
O protocolo cirúrgico deverá ser organizado com tempo, deve-se ter e avaliar um
doador e preparar o receptor para cirurgia. Uma semana geralmente é o mínimo. Pode levar
mais tempo dependendo da disponibilidade do doador e compatibilidade com o receptor.
Existem certos critérios que candidatos de transplante renal em potencial têm que
cumprir antes de ser indicado para transplante.
Qualquer cão ou gato com uma doença que poderia afetar o rim transplantado
potencialmente (como pielonefrite) não deveriam ser transplantados.
Cães e gatos que requerem fluidos subcutâneos ou um tubo gástrico para alimentação
devem ter o transplante o mais cedo possível.
Não seria executado transplante renal em pacientes com doença cardíaca significante,
248
diabetes, infecção urinária bacteriana ativa, certos cânceres ou infecções viróticas como FIV, FIP
ou FeLV. Semelhantemente, doenças como oxalúria, hipertensão, doença inflamatória crônica
do intestino ou amiloidose aumentam as chances de um resultado ruim depois de cirurgia ou um
período de vida curto para o rim transplantado, podendo eliminar o candidato em questão.
Transplante nunca é uma cirurgia de emergência. Com IRA, o paciente pode ser
estabilizado com hemodiálise e em intoxicação, devem ser removidos os metabólicos tóxicos
(por excreção ou diálise) antes do transplante para evitar danos maiores, e cirurgia em uma a
duas semanas.
19.3 Pré-operatório
Felizmente, estes tipos sanguíneos não são frequentemente encontrados, são vistos
mais em certos animais de sangue puro exóticos. Se o cão ou gato tem tipo sanguíneo B ou de
AB, terá que achar um cão ou gato doador para a cirurgia, possivelmente cão ou gato puro
sangue.
Avaliação de rim - em geral, se os rins forem pequenos em tamanho, não requer uma
biópsia renal antes de transplante porque a anestesia e procedimento de biópsia aumentam o
risco de induzir a perda da função renal residual propiciando uma crise de urêmia terminal.
Porém, se os rins são de tamanho normal ou grande (ou tem anormalidades isoladas não
identificadas) em radiografa ou ultrassom, eles devem ser biopsiados desde que o cão ou gato
pode ter uma condição, como linfoma renal que os desqualificaria como um candidato de
transplante.
250
O doador deverá estar sem nenhum risco para problema renal e ter menos que seis
anos de idade.
251
19.6 Receptor
O candidato ao transplante deve ser internado dois a três dias antes de cirurgia para
preparação de pré-cirúrgica.
Antes do transplante, o receptor recebe fluidos e uma dieta com baixo índice proteico.
Porém, deve ser lembrado que o paciente debilitado com IRC terá limitado sucesso, o
transplante deveria ser feito antes de debilitação física generalizada estar presente.
Um dia antes da cirurgia o receptor terá cateteres apropriados colocados e isso será
usado depois de cirurgia para administração de fluidos, retirando amostras de sangue. Além
disso, a maioria dos pacientes recebe uma transfusão de sangue neste momento.
253
A nefrectomia do doador começa antes da preparação do paciente que receberá o
transplante.
Lupas com aumento de duas a três vezes são recomendadas para a dissecação
vascular. Um rim saudável é removido do doador e transplantado para o cão ou gato receptor.
Os rins afetados permanecem no cão ou gato doente. O novo rim é colocado próximo à
bexiga.
O cão ou gato receptor viverá com três rins e o doador com um. Na realidade, os dois
rins originais apesar de fracos ainda desempenham alguma função, e são vitais na maximização
das possibilidades de sobrevivência.
O rim do doador é lavado com solução contendo cloreto de sódio a 0,9% (500L),
254
lidocaína 2% sem epinefrina (6L) e heparina (2.000 Unidades), injetada através da artéria renal
até que a veia renal esteja livre de coágulos sanguíneos.
A veia renal é anastomosada à veia cava caudal e a artéria renal para a aorta sob uso
de um microscópio cirúrgico.
A artéria ilíaca é isolada e sua oclusão é obtida com o auxílio de uma pinça vascular de
bulldog, que é posicionada próxima à bifurcação da aorta e à aplicação de ligadura, mais
distalmente, próximo ao anel femoral; na sequência, procede-se a incisão entre as pinças.
Para a anastomose da veia ilíaca à veia renal aplicam-se duas suturas interrompidas,
com fio de seda siliconizado ou prolene nº 6- 0, no aspecto cranial e caudal à veia. A 255
anastomose é concluída com a aplicação de duas suturas contínuas simples posicionadas lateral
e medial à veia.
Após a anastomose venosa, a artéria renal e a artéria ilíaca são alinhadas e se aplicam
duas suturas de reparo, com uma distância de 180º entre elas; na sequência, pontos
interrompidos simples com fio de náilon ou prolene nº 8-0 concluem a anastomose arterial.
Durante a anastomose arterial administra-se manitol (0,75mg/kg) por via intravenosa.
A B
Figura 131 – A: Relação anatômica entre a artéria ilíaca externa e a veia. Figura B - A artéria ilíaca foi preparada
para anastomose término-terminal com a artéria renal e a veia ilíaca preparada para anastomose laterolateral com a
veia renal. (Adaptado do GOURLEY, M.I.; GREGORY C.R. Atlas of Small Animal Surgery). Observe a figura acima e
logo após, a figura abaixo.
A B
256
2.a 2.b
Figura 132 a - Anastomose da veia ilíaca com a veia renal pela aplicação de dois pontos interrompidos posicionados
nos aspectos, cranial e caudal à veia. Figura 2b - Aplicação de duas suturas contínuas simples entre as veias ilíaca
e renal. (Adaptado do GOURLEY, M.I.; GREGORY C.R. Atlas of Small Animal Surgery).
Fig. 3
Figura 133 - A artéria renal e a artéria ilíaca são alinhadas e se aplicam dois pontos de reparo, a uma distância de
180º entre eles. Na sequência pontos interrompidos simples com fio de náilon ou polipropileno nº 8-0 concluem a
anastomose arterial. (Adaptado do GOURLEY, M.I.; GREGORY C.R. Atlas of Small Animal surgery).
A ureteroneocistostomia extravesicular justapõe a mucosa ureteral com a mucosa
intacta da bexiga. Esta técnica tem como função diminuir a incidência da obstrução ureteral, que
ocorre principalmente em gatos, devido ao pequeno diâmetro do ureter, aproximadamente
0,3mm.
O ureter é cateterizado com fio de polipropileno nº 5-0, que auxilia a sutura do ureter à
mucosa vesical que é realizada com a aplicação de dois pontos interrompidos simples com
náilon nº 8-0, distanciados um do outro em 120º. Realiza-se a síntese da parede da bexiga e o
ureter é ancorado na camada serosa por meio de dois pontos interrompidos simples e fio de
náilon nº 8-0.
Fig. 4
Fig. 134: O rim é transplantado no abdômen. Os rins nativos não são removidos assim o cão ou gato normalmente
termina com três rins. Ocasionalmente, podem ser removidos um ou ambos os rins nativos para tentar prevenir
problemas relacionados a estes rins.
258
Em alguns casos, o novo rim não começa a funcionar imediatamente e então será
necessária a ajuda dos rins originais que só serão removidos em caso de desenvolverem uma 259
infecção ou tumores.
O receptor normalmente fica no hospital por 10-14 dias pós-transplante, o doador pode
ser liberado dois dias depois de cirurgia.
Cães e Gatos mais saudáveis devido ao transplante parecem ficar mais capazes de
metabolizar ciclosporina (provavelmente o fígado está mais saudável também). O exame de
sangue é vital logo antes da próxima dose de ciclosporina para adquirir uma avaliação precisa 260
dos níveis de droga.
20 PRÓTESE TOTAL DE QUADRIL
Considerações gerais
O tratamento para doenças que acometem a articulação coxofemoral em cães e gatos 261
é variado, desde conservador até cirúrgico, de acordo com o grau de lesão. Porém ao se realizar
uma substituição total de quadril com emprego de prótese, o resultado obtido é cerca de 90%
satisfatório.
20.1 Particularidades
262
20.3 Objetivo
Aliviar a dor;
Melhorar a função do quadril;
Promover estilo de vida ativo;
Correção do movimento reduzido da articulação artrítica, melhorando a
movimentação do membro.
263
20.5 Prótese
A haste femoral provoca algum grau de reabsorção óssea, podendo desta forma levar
a perda de sua estabilidade e comprometer o bom desempenho. Próteses com haste femoral
mais flexível diminuem a perda óssea induzida pela tensão, mas a durabilidade do implante
impede este tipo de modelo.
Figura 136 – prótese do quadril, dois componentes. Figura 137 – prótese do quadril, três componentes.
Figura 138– Técnica para prótese total de quadril, esquematização passo a passo.
20.7 Indicações
Processo infeccioso, como: dermatites, otites, afecções do saco anal, afecção dentária, 266
cistite ou prostatite;
Animais displásicos com função normal da articulação livre de dor, não são candidatos
cirúrgicos;
Começa 24 horas antes da cirurgia com uso de antibiótico. A cefalosporina será usada
também no transoperatório e pós-operatório como auxílio à técnica cirúrgica boa e asséptica.
20.10 Pré-operatório
Manutenção - halotano
Incisão de pele;
Osteotomia da cabeça femoral, deixando a maior parte da porção distal do colo intacto.
Figura 140 – incisão em pele e fascia lata. Fonte: Bojrab, 1996 e Oliveira, 2004.
268
Figura 141– incisão na inserção de glúteo e fascia lata. Fonte: Bojrab, 1996 e Oliveira, 2004.
Figura 142: Incisão sobre os músculos glúteos, médio e profundo. Fonte: Oliveira, 2004.
Figura 143: Demonstração do local onde será realizada a osteotomia do trocanter maior para melhorar o campo
cirúrgico. Fonte: Oliveira, 2004 e Bojrab, 1996
269
Preparo do acetábulo
270
Figura 146 - A: Teste da prótese de quadril com cabeça femoral para ver se estão adequados; B: Com outro
instrumento são realizados furos no acetábulo para que o cimento penetre e fixe bem o acetábulo novo. B: cimento
ósseo pronto para ser injetado.
E importante abrir bem o canal femoral, pois o espaço necessário é para aplicar uma
camada de cimento ósseo e também a prótese;
271
Figura 147 - cefalectomia para posterior preparo do canal femoral que deve ser dilatado o suficiente para caber a
prótese e uma camada de cimento ósseo.
Fonte-Oliveira, 2001.
Fixação da prótese
Quanto mais tempo demorar a realização cirúrgica, mais longa será sua reabilitação.
272
20.15 Pós-operatório
Figura 145 -Rx de quadril imediatamente após colocação da prótese de quadril, unilateral. Oliveira, 2001.
Entre 3-6 meses já há uma diferença significativa entre membro tratado e não tratado.
20.17 Complicações
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ANEXO I
282
CAPÍTULO IV - CIRURGIAS ESTÉTICAS MUTILANTES EM PEQUENOS ANIMAIS
http://www.cfmv.org.br/portal/legislacao/resolucoes/resoluca_877.pdf