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PhD project: From coastal defence to coastal adaptation. The role of coastal boundary lines in coastal management plans: a comparative study between Portugal and
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All content following this page was uploaded by Bruno Neves on 20 October 2014.
Bruno Neves 1,2, Iva Miranda Pires 2,3 Maria José Roxo 1,3
Resumo
As culturas intensivas e superintensivas estão associadas ao aumento de pressões
ambientais, nomeadamente a perda de biodiversidade e alterações na paisagem. É o
caso do olival intensivo e superintensivo de regadio. Na região do Alentejo tem
vindo a assistir-se a uma mudança no tipo de cultura de olival, com a transição de
olival em modo tradicional para intensivo e superintensivo de regadio, devido à
intensificação de culturas existentes ou à plantação de novas culturas de olival,
num processo impulsionado em parte pela construção da barragem do Alqueva.
Este crescimento transformou o Alentejo na principal região de produção de olival
correspondendo aproximadamente a metade da produção nacional. A intensificação
de culturas, como a do olival, acarreta outro tipo de problemas para além dos
referidos inicialmente, como os relacionados com a erosão do solo, com o aumento
do consumo da água e sua contaminação. Estes problemas por sua vez estão
associados à desertificação. Sendo o Alentejo uma região com elevada
susceptibilidade à desertificação, este artigo pretende ilustrar as implicações
negativas que advêm destas alterações bem como discutir soluções que possam
contribuir para as mitigar com base na recolha de informação quantitativa e em
entrevistas realizadas a stakeholders na região, no âmbito do projeto Redes
Transfronteiriças de Relações entre Empresas: Norte de Portugal – Galiza e
Alentejo – Extremadura, do CEG–IGOT, UL.
Com a adesão de Portugal à UE em 1986, o setor agrícola ficou sujeito às suas políticas,
nomeadamente à Política Agrícola Comum (PAC), e o olival beneficiou de fundos que
incentivaram a sua modernização e expansão (Scheidel e Krausmann 2011). Esta
modernização provocou mudanças nos modos de produção e consecutivamente
mudanças na paisagem. Passou-se assim de um olival produzido em áreas marginais
com solos pouco produtivos, em terraços ou em áreas de montado caracterizadas por
uma média de 100 árvores/hectare, possibilitando assim uma segunda cultura, como
cereais ou mesmo a pastorícia, para modos de produção mais intensivos onde as
explorações agrícolas podem ultrapassar as 2000 árvores/hectare nos olivais
superintensivos. A nível nacional estas alterações tornaram-se mais visíveis nos finais
dos anos 90 (Ferreira 2010; Weissteiner, Strobl, e Sommer 2011).
Ciente das implicações ambientais causadas pelo setor agrícola, nomeadamente pelas
culturas intensivas, a UE, através da PAC, introduziu em 2004 medidas ambientais
obrigatórias relativas à produção agrícola (Scheidel e Krausmann 2011). Sendo o
Alentejo uma das regiões mais suscetíveis à desertificação, a nível nacional (DGOTDU
2006; Roxo 2011), importa perceber que impactes resultam das dinâmicas em torno do
sector olivícola e do crescente investimento na intensificação desta atividade.
O Alentejo é hoje a região que mais azeite produz e onde se localiza mais de 51%
(173392ha em 2011) da área de produção nacional (INE 2013a). Desde 1986, ano de
adesão à UE, a região registou um crescimento de 175% na produção de azeitona para
azeite, tendo passado de 117960t para 324809t em 2011 (INE 2013b).
Para além da Espanha o problema afecta também outros países do sul da Europa, caso
da Grécia, Itália e Portugal, em resultado não só desta como de outras atividades
agrícolas (Beaufoy 2001; DGOTDU 2006).
4. Ilações Finais
Neste sentido, é considerado relevante dar a devida importância aos estudos referentes
aos problemas que advêm dos modos de olival mais intensivos na região da Andaluzia,
que como o Alentejo, é uma região com elevada susceptibilidade à desertificação. É
igualmente importante dar atenção a iniciativas individuais como a apresentada,
referentes a medidas preventivas de erosão, apesar deste tipo de iniciativas surgir como
um caso particular, não refletindo a realidade do setor olivícola.
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