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DIREITO CIVIL: PESSOAS E BENS

PROF. DR. FELIPE CARVAS

DIREITO CIVIL: PESSOAS E BENS | PROF. DR. FELIPE CARVAS


BIBLIOGRAFIA INDICADA
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: parte geral. São Paulo: Saraiva. 2016. v. 1. (Acervo Virtual).
 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: parte geral. 19ª ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2016. 498 p. v.
1. (Acervo Virtual).
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Teoria geral do direito civil. São Paulo: Saraiva. 2003-2016. v. 1.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
 LÔBO, Paulo. Direito Civil. Parte Geral. 6a. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Acervo virtual.
 MONTEIRO, Washington de Barros, PINTO, Ana Cristina de Barros Monteiro França. Curso de direito civil: parte geral, 40. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2005. 368 p. v. 1. Acervo Virtual.
 PEREIRA, Caio Mário da Silva; (rev) MORAES, Maria Celina Bodin; Instituições de Direito Civil. Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral do
Direito Civil. Vol I, 31a. ed.; Rio de Janeiro: Forense. 2018. Acervo virtual.
 PEREIRA, Caio Mário da Silva; (rev) MORAES, Maria Celina Bodin; Instituições de Direito Civil. Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral do
Direito Civil. Vol I, 31a. ed.; Rio de Janeiro: Forense. 2018. Acervo virtual.
 RODRIGUES, Silvio 1917-. Direito civil: parte geral. 34. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1. Acervo Virtual.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1 Introdução ao Direito Civil. Direito Civil Constitucional
2 Pessoas. Pessoa Natural. Personalidade Jurídica
3 Nascituro. Teorias. Embriões. Capacidade de Direito e de Fato
4 Estatuto da Pessoa com Deficiência no Direito Civil. Deficiente Intelectual. Capacidade. Inclusão social. Tomada de Decisão
Apoiada. Curatela
5 Incapacidades. Absolutamente e relativamente incapazes. Suprimento da Incapacidade. Cessação da Incapacidade.
Emancipação
6 Índio. Situação Jurídica do indígena. Morte real e Morte Presumida
7 Individualização da Pessoa natural: nome, estado e domicílio
8 Direitos da Personalidade. Atos de disposição do próprio corpo
9 Direitos da Personalidade. Anencefalia. Aborto. Trangênero
10 Direitos do Intelecto. Palavras. Escritos. Obras. Imagem. Honra
11 Direitos do Espírito. Privacidade. Intimidade. Gênero. Orientação sexual
12 Ausência. Procedimento
13 Pessoas Jurídicas
14 Bens considerados em si mesmos
15 Bens considerados em si mesmos
16 Principais e acessórios. Bens públicos e particulares
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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL

 O que é o Direito?

 Há um sem número de definições, sendo bastante comum a que define direito como um
conjunto de normas que disciplina a vida em sociedade e que se vale da coerção para essa
finalidade
 Diferença entre a moral, ética e Direito: as normas jurídicas não são as únicas que regem a vida
em sociedade

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MORAL ÉTICA DIREITO

Refere-se a um modo de agir pessoal: Refere-se a um modo de agir social: há Refere-se a um modo de agir legal:
adquire-se e desenvolve-se a moral de certo consenso e adesão da sociedade imposição por meio do ordenamento
acordo com a vivência em relação às suas normas jurídico
Moral: conjunto de normas que a Ética: conjunto de reflexões sistemáticas
sociedade elabora para regulamentar o sobre a moral, elaboradas no curso da
comportamento dos indivíduos que história (é um compromisso social).
compartilham a vida social A ética, como fruto do exercício do
organização social mais eficaz raciocínio, é um “tipo de postura e se
• Norma moral é interiorizada no refere a um modo de ser, à natureza da
processo de educação ação humana, ou seja, como lidar diante
• “um comportamento moral é avaliado das situações da vida e ao modo como
como tal segundo normas que convivemos e estabelecemos relações
orientam a ação e conforme as uns com os outros....”
condições concretas em que ela
acontece.”

Tem normas e regras pessoais (a pessoa Tem normas e regras sociais: guia-se pela Tem normas e regras legais
guia-se pela consciência) cultura social
• Convicção interna ou temor
É individual É social É jurídico
PARA A MORAL O QUE IMPORTA É O MOTIVO (KANT)
 A moral não está fundamentada ao aumento da felicidade ou qualquer outra
finalidade. Está fundamentada no respeito às pessoas como fins em si mesmas
 As pessoas não podem ser usadas como meio de bem-estar próprio

 O que fundamenta a liberdade humana é a capacidade de raciocínio e a autonomia:


o respeito ao próximo é fundamental
 O valor moral de uma ação não está em suas consequências, mas na intenção com
que é realizada (motivo)
 Fazer a coisa certa porque é a coisa certa, e não por algum motivo exterior a isso
(interesse). Deve ser uma prática moral e em prol da moral

“A partir de sua filosofia, o homem passa a ser o centro


da vida moral, sendo ativo e criador, orientando sua vida
com clareza de sua consciência e com o conhecimento
das normas morais, cuja obediência é também a
condição de liberdade” (Para filosofar. Saraiva: SP, 2007)

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MODOS DE PENSAR O DIREITO : BUSCA PELOS FUNDAMENTOS DO
DIREITO
 Direito Natural: a partir da observação da ordem
da natureza das coisas (não há unanimidade
acerca de seu conceito
 Com fundamento em Aristóteles, pode-se
afirmar tratar-se de um valor independente da
norma positivada, que deveria ser considerado
para todas as pessoas em todos os tempos
 Problema: não pode haver direito ideal, de
conteúdo imutável, sem considerar as variações
da vida (Rosa Nery)
 Quatro diferentes aspectos do jusnaturalismo:
Antígona, de Sófocles, é um clássico exemplo (1) fruto de uma racionalidade comum a todos;
de direito natural (2) conotação teológica; (3) ligação à natureza
do homem; (4) a natureza das coisas fixa o
parâmetro do direito natural
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TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO

 Seu estudo ganha relevância porque idealizada por


Miguel Reale, coordenador da elaboração do
 Aspecto normativo: direito como
anteprojeto do Código Civil de 2002 ordenamento e sua respectiva ciência
 Aspecto fático: direito como fato, ou em
sua efetividade social e histórica
 Aspecto axiológico: direito como valor
de Justiça
Lições preliminares de Direito

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POSITIVISMO JURÍDICO: DE ONDE VÊM AS NORMAS JURÍDICAS?
 Hans Kelsen é o idealizador da Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, que explica o ordenamento a
partir de uma visão positivista
 O Direito é visto como um conjunto de normas e a teoria tem o mérito de estabelecer a ideia de
validade das normas jurídicas
 O Direito refletiria o mundo do dever-ser, por meio dos “modais deônticos” (permissão, obrigação,
proibição), não se confundindo com o mundo do ser
 Por que se deve obedecer à norma? O autor resolve a questão com fundamento na validade,
desenvolvendo uma teoria de hierarquia escolanada das normas.
 Criou para ele próprio um problema: qual o primeiro fundamento? Seria a norma hipotética
fundamental (tenho que obedecer a Constituição). É uma norma pressuposta, pensada, e é uma
condição de possibilidade da teoria.
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PANORAMA NORMATIVO

Norma hipotética fundamental


Cumpra-se a Constituição

Hans Kelsen
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 A. princípios constitucionais do direito privado

 B. Direitos fundamentais
Norma hipotética fundamental  C. Ordem social e econômica
Cumpra-se a Constituição
 D. Família, criança, adolescente, jovem, idoso

 E. Normas de concretização do direito privado

Lei n. 10.404/2002
Código Civil

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VAMOS PENSAR EM EXEMPLOS?
"Quero comer na paz
do senhor, entendeu?
Não quero que você
fale enquanto eu estou
na mesa comendo,
obrigada, me respeita,
valeu. Não estou a fim"

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EVOLUÇÃO DO DIREITO PRIVADO
Direito do ocidente é legado do Direito
Romano
Código de Justiniano (Corpus Iuris
Civilis, Instituições de Direito Civil) são a
base do Direito que é estabelecido
atualmente Ordenações manuelinas Código Napoleônico

753 a.C. – 565 d.C 1446 1512 - 1603 1603 – 1867 1804

Ordenações Afonsinas Ordenações Filipinas


Direito Romano
+
Direito Canônico
+
Costumes

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DO DIREITO ROMANO À REVOLUÇÃO FRANCESA

 (a) Do Direito Romano até a Revolução Francesa: divisão do Direito em Civil e Penal (dicotomia
estrutural).
 Tudo o que não era penal, era civil.
 Problema: não havia uma conformação estrutural. Por conta disso, por anos o Direito Civil
carregava, por exemplo, o Direito Administrativo.
 (b) Revolução Francesa (Code de France, 1804): divisão do Direito em Público e Privado.

 Liberalismo demandou alteração da estrutura jurídica.


 Dois grandes referenciais: patrimonialista e individualista.

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EVOLUÇÃO DO DIREITO PRIVADO NO BRASIL

Constituição Imperial
Ordenou formulação de um CC Nomeação de Clóvis Bevilácqua Aprovação do Código Reale

1824 1858 1899 1916 2002

Teixeira de Freitas Aprovação do Projeto


Projeto não aprovado Vigência a partir de 1917

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EVOLUÇÃO NO BRASIL
 (c) Constituição Imperial (1824) e o Direito Civil: até seu advento, aplicavam-se as ordenações portuguesas.

 (d) Código Civil de 1916 – estrutura do Direito Civil: parte geral (elementos componentes de uma relação jurídica –
sujeito, objeto e vínculo – aplicação geral, não limitada ao próprio Direito Civil) e parte especial (trânsito jurídico –
direito obrigacional, titularidades, afetivas). Elaborado no mesmo caminho do Code de France e BGB.
 (e) Neutralidade e indiferença das Constituições brasileiras em relação ao Direito Civil (direito civil era só privado e
as constituições não se preocuparam com ele. Somente a CF de 1988 o fez)
 (f) Pulverização das relações privadas e perda da referência: relações privadas que não estavam no CC, perdendo,
por isso, sua completude e generalidade. Tais assuntos passaram a ser tratados em microssistemas (Lei do
Inquilinato, Código de Minas, Código de Águas, Lei de Registros Públicos, Lei do Desquite, Lei do Divórcio, Lei da
União estável etc.).
 Na década de 1970, Orlando Gomes propôs uma reunificação do Direito Civil. Surge o movimento de
constitucionalização do Direito Civil. Houve um deslocamento de eixo do Direito Privado, que foi parar na
Constituição. Fim da Summa Divisio.

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ESTRUTURA DO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Das pessoas

Parte Geral Dos bens

Dos fatos jurídicos

CC Obrigações e Contratos

Direito de Empresa

Parte Especial Direito das Coisas (Direitos reais)

Direito de Família

Direito das Sucessões

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DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL

 Atividade interpretativa a partir da Constituição de 1988

 Constitucionalização e publicização: distinções

 Constitucionalização é o nome do tecido normativo infraconstitucional conforme a


Constituição. Ex.: União Estável homoafetiva
 Publicização: Orlando Gomes a chama de dirigismo contratual. É a participação do Estado em
relações privadas para assegurar a igualdade. Ex.: agências reguladoras.
 Repersonalização do Direito Civil (Paulo Lobo): proteção da pessoa deixa de ser apenas no
aspecto patrimonial, passando a incluir os valores constitucionais / existenciais

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DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL

 Direito Civil mínimo: intervenção mínima do Estado na relação privada. Há formalidades mínimas,
mas que não podem asfixiar a autonomia privada. Ex.: “Art. 14. É válida, com objetivo científico,
ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.”
 Limites entre a autonomia privada (liberdade de autodeterminação) e a intervenção estatal no
Direito Civil (Direito Civil-Constitucional).
 Incidência direta dos tratados e convenções internacionais no âmbito das relações privadas.

 Bloco de constitucionalidade. Ex.: A Convenção de Nova Iorque foi incorporada como emenda
constitucional e inspirou a elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
 Controle de convencionalidade. Ex.: prisão civil do depositário infiel (falta de aplicabilidade da
norma constitucional)

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PARADIGMAS DO
CÓDIGO CIVIL:
ETICIDADE,
OPERABILIDADE E “Creio, portanto, que
hoje seja mais correto
SOCIALIDADE definir o direito, do
ponto de vista
funcional, como
forma de controle e
de direção social.”

Doutrina de Norberto Bobbio: da


estrutura à função do Direito - diz
que devemos estudar não só a
estrutura do direito, mas para
que ele serve - funcionalização
dos institutos
PARADIGMAS DO CÓDIGO CIVIL: ETICIDADE, OPERABILIDADE E
SOCIALIDADE
 ETICIDADE: preocupação com o conteúdo ético do Direito Civil. Ex.: arts. 113 e 422 do CC
(boa-fé objetiva – diversas fases do contrato/ negócio jurídico). Não se confunde com a
moral, que tem conteúdo pessoal. A eticidade é um padrão comportamental mínimo que
se espera de todos
 OPERABILIDADE ou concretude: os direitos civis devem ser facilmente operados. Ex.: art.
189, CC (violado o direito, nasce a pretensão, extinguível nos prazos dos arts. 205 e 206)
 SOCIALIDADE: todas as normas do Direito Civil devem ter uma preocupação social. Ex.:
função social do contrato. Todos os estudos da função social remontam à obra Da
estrutura à função, de Bobbio. Mais importante que estudar o que é o direito, é estudar a
função do direito. Exs.: Função do contrato – art. 421, da propriedade – art. 1.028, §1º,
da família – art. 1.513, da cláusula penal – art. 413, da imagem – art. 20.
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