Você está na página 1de 10

Biologia 10ºano

Membrana plasmática
Todas as células encontram-se envolvidas por uma estrutura membranar designada membrana
plasmática, plasmalema ou membrana celular.
A membrana plasmática constitui uma barreira entre o ambiente citoplasmático (intracelular) e o
ambiente exterior às células (extracelular), contribuindo para a integridade da célula e a manutenção das
suas condições internas. Essa barreira apresenta um comportamento dinâmico, caracterizado por uma
atividade constante, que possibilita efetuar trocas seletivas entre o interior e o exterior da célula, permitindo-
lhe também interagir com estruturas membranares citoplasmáticas e, ainda, reconhecer sinais químicos a
partir do meio extracelular.
Funções gerais da membrana plasmática:
• Proteção do conteúdo citoplasmático;
• Definição da forma da célula;
• Barreira que separa o meio intracelular do meio extracelular;
• Permite o intercâmbio de substâncias;
• É responsável pelo movimento de algumas células (pseudópodes);
• É responsável pelo reconhecimento molecular e celular

Estrutura da membrana plasmática


O modelo explicativo da membrana plasmática atualmente aceite é o modelo do Mosaico Fluído.
Este consiste numa dupla camada de fosfolípidos (as cabeças polares estão viradas para os meios
extracelular e intracelular; as cadeias hidrofóbicas estão viradas umas para as outras “escondidas” no
interior das bicamadas).

Componentes Funções

Fosfolípidos Determinam a estrutura fundamental da membrana; Constituem uma barreira seletiva entre
o meio intra e extracelular.

Contribuem para a estrutura da membrana; Transportam substâncias através entre os dois


Proteínas lados da membrana; Recebem de estímulos extracelulares; Catalisam reações; Fazem a
ancoragem ao citoesqueleto (e à matriz extracelular, nas células animais).
Glícidos Estão envolvidos em processos de reconhecimento celular.
Colesterol Contribui para a integridade da membrana.

Movimentos dos fosfolípidos da membrana que estão na base da sua


fluidez.
A – movimentos laterais – são movimentos rápidos que ocorrem
espontaneamente;
B – movimentos de flip-flop – são movimentos raros que, para
ocorrerem, necessitam da intervenção de uma enzima (flipase) e o
consumo de energia (ATP).

Joana Sousa 1
Biologia 10ºano

Classificação das proteínas membranares:


• Proteínas periféricas / extrínsecas → estão à superfície, podendo ser facilmente isoladas da
membrana, pois encontram-se associadas por ligações eletrostáticas fracas às partes hidrofílicas dos lípidos
ou proteínas integradas.
• Proteínas integradas / intrínsecas → fortemente ligadas às zonas hidrofóbicas dos lípidos, podendo
mesmo atravessar a membrana de um lado ao outro (proteínas transmembranares)

Para além destas moléculas fundamentais (proteínas periféricas e integradas), as membranas


podem apresentar outros constituintes, como o colesterol (lípido para a manutenção da integridade da
estrutura das membranas, pois afeta a sua fluidez).
Na face externa da membrana, existem glícidos ligados às proteínas e aos fosfolípidos, constituindo
respetivamente, glicoproteínas e glicolípidos (desempenham um papel importante no reconhecimento
químico de moléculas presentes o meio extracelular, como as hormonas).
No entanto, algumas proteínas encontram-se ligadas ao citoesqueleto ou a proteínas da matriz
extracelular presente nas células animais, restringindo a sua mobilidade.

O reconhecimento celular adequado é muito importante para realização de processos biológicos


como a defesa do corpo por leucócitos, organização das células em tecidos e órgãos durante o
desenvolvimento embrionário e a inibição por contacto percebido durante o processo de cicatrização de
tecidos lesionados. Esse conjunto de características estruturais das camadas de lípidos e proteínas
imersas, conferem à membrana plasmática a sua chamada permeabilidade seletiva: à medida que é
isolada do meio externo, controla o que pode ou não passar
A membrana pode ativamente evitar a entrada de um composto indesejável, a saída de uma
substância vital e bombear constantemente resíduos e nutrientes. Para que ela desempenhe essa
importante função, há necessidade da existência da propriedade de semipermeabilidade da membrana.
Por semipermeabilidade entende-se a capacidade da membrana deixar passar facilmente, através dela,
certas substâncias e outras com maior dificuldade ou mesmo não atravessá-la. Essa propriedade é derivada
da própria estrutura porosa da membrana. Assim, líquidos e gases não encontram obstáculos para
atravessar a superfície celular enquanto materiais sólidos dependendo do tamanho, carga elétrica e forma
passarão pela membrana com maior ou menor facilidade.

A temperatura influencia a fluidez das membranas. A temperatura a que uma membrana solidifica
depende do tipo de lípidos que a constitui:
(a) Cadeias insaturadas versus cadeias saturadas
das caudas dos fosfolípidos:
– Cadeias insaturadas dificultam a compactação dos
fosfolípidos, contribuindo para o aumento da fluidez da
membrana.
– Cadeias saturadas permitem uma maior compactação
dos fosfolípidos, diminuindo a fluidez da membrana.
b) Papel do colesterol nas membranas (das células
animais):
– A temperaturas baixas, o colesterol aumenta a fluidez
da membrana, pois dificulta a compactação dos
fosfolípidos. A temperaturas mais elevadas, o colesterol
diminui a fluidez da membrana, uma vez que reduz o
movimento dos fosfolípidos. Assim, o colesterol aumenta
a amplitude de temperaturas a que membrana é capaz de manter uma fluidez funcional.

Processos de transporte membranar


A forma como cada substância atravessa a membrana celular e a velocidade desse movimento
dependem, essencialmente, da dimensão das suas partículas, iões ou moléculas, e da sua polaridade. Os
gases, as moléculas lipossolúveis e outras polares de reduzida dimensão atravessam diretamente a

Joana Sousa 2
Biologia 10ºano

membrana pela bicamada de fosfolípidos. Por outro lado, os compostos polares e as moléculas de grandes
dimensões necessitam de transportadores membranares.
Os mecanismos pelos quais ocorrem as trocas de materiais através da membrana celular são
variados. Alguns são controlados por processos físicos (transporte não mediado) e noutros intervêm
proteínas da membrana (transporte mediado). Existem dois transportes transmembranares distintos:
processos passivos (sem consumo de energia metabólica) e processos ativos (requer gasto de energia
na forma de ATP).
Muitas substâncias atravessam a membrana celular a favor do gradiente de concentração, ou
seja, do meio onde se encontram em maior concentração para o meio onde se encontram em menor ,
atingindo assim um equilíbrio entre os dois meios. Designam-se genericamente por transportes passivos,
todos aqueles que não impliquem, por parte da célula, dispêndio de energia. Englobam-se nesta categoria,
os transportes de eletrólitos ou de não eletrólitos que se efetuam, respetivamente, a favor do gradiente de
potenciais eletroquímico ou de concentrações. Há todavia que distinguir duas situações distintas,
decorrentes da natureza das moléculas e das suas permeabilidades: ou se trata de entidades que podem
atravessar a membrana por simples difusão ou, pelo contrário, de moléculas que o não podem e, para as
quais, a célula dispõe de mecanismos que facilitam o respetivo tráfego.

Meio hipertónico – meio com maior concentração de solutos;


Meio hipotónico – meio com menos concentração de solutos;
Meio isotónico – meios que têm a mesma concentração de solutos.

Osmose – Transporte não mediado e passivo


O movimento das moléculas de água pode ocorrer diretamente
através da bicamada fosfolipídica ou através de proteínas-canal designadas aquaporinas.
A água movimenta-se de regiões de menor pressão osmótica e elevado potencial de água (maior
potencial hídrico) para regiões de maior pressão osmótica e baixo potencial de água (menor potencial
hídrico). Passado algum tempo, as concentrações tendem a igualar-se e o movimento da água passará a
ser idêntico nos dois sentidos.

Quanto maior for o gradiente de concentração entre dois meios maior será a pressão osmótica do
meio hipertónico.

O potencial hídrico é a quantidade de energia livre associado às moléculas de águas e traduz a


tendência que essas moléculas têm de entrarem ou saírem de uma solução.
Nas células vegetais, o valor do potencial hídrico depende, sobretudo:
- da pressão física a que o sistema está sujeito (potencial
de pressão), que resulta da pressão exercida pela parede
celular;
- e da quantidade de solutos presentes (potencial
osmótico).
A adição de um soluto à água faz diminuir o seu potencial
hídrico, enquanto a pressão exercida sobre a solução faz
aumentar o potencial hídrico.

Joana Sousa 3
Biologia 10ºano

No caso das células animais, como não existe parede, o potencial hídrico depende apenas da
componente osmótica. Frequentemente, para avaliar o efeito dos solutos no movimento da água por
osmose, usa-se o conceito de pressão osmótica, que é a força que seria necessário exercer para impedir
o movimento da água de um local menos concentrado (meio hipotónico) para um local mais concentrado
(meio hipertónico).
Tipos de soluto Concentração de solutos Potencial da água Descrição
Isotónica (isos = igual; Igual à solução comparadaIgual à solução comparada A concentração de solutos
tónos = vigor) é igual as duas soluções
Hipertónica (hiper = Elevado Baixo Solução ou meio com
muito; tónos = vigor) elevada concentração de
sóluto.
Hipotónica (Hipo = pouco; Baixa Elevada Solução ou meio com
tónos = vigor) baixa concentração de
soluto.

Turgescência, plasmólise e lise celular


Quando uma célula é colocada num meio hipotónico,
a água desloca-se do meio extracelular para o meio
intracelular, provocando um aumento de volume celular (célula
animal) / aumento do vacúolo e volume do citoplasma (célula
vegetal), fenómeno designado turgescência (a célula fica
túrgida).
Quando uma célula é colocada num meio hipertónico,
a água desloca-se do meio intracelular para o meio
extracelular. A perda de água conduz à diminuição do volume
celular (célula animal) / diminuição do vacúolo e retração do
citoplasma - não há diminuição do volume celular (célula
vegetal), sendo este fenómeno desigando plasmólise (a
célula fica plasmolisada).
Quando o meio extracelular é fortemente hipotónico
em relação ao meio intracelular , isso causa a entrada de água na célula animal e promove um aumento de
volume da célula tão acentuado que a sua membrana pode romper – lise celular ( destruição da membrana
celular)

Difusão simples – Transporte passivo e não mediado – Gases sem carga elétrica
Movimento de substâncias de acordo com o gradiente de concentração (meio de maior
concentração para meio com menor concentração), sem que haja intervenção de proteínas transportadoras
(transporte não mediado).
A velocidade do transporte será tanto maior quanto maior for a diferença de concentração entre os
meios.
Apenas depende da concentração da substância que está a difundir-se.
Este movimento tende a igualar a concentração das substâncias nos diferentes meios, o número de
moléculas que atravessa a membrana num sentido é idêntico ao que atravessa no sentido inverso.

Difusão facilitada – Transporte passivo e mediado – Substâncias de maior dimensão e com carga elétrica
Movimento de substâncias (de dimensões consideráveis como a glicose, os aminoácidos ou
algumas vitaminas) de acordo com o gradiente de concentração, exigindo a intervenção de proteínas
transportadoras para atravessarem a membrana. As proteínas são específicas para cada tipo de
substâncias – permeases.
A ligação da molécula a transportar à parte hidrofílica da permease faz com que esta modifique a
sua forma, permitindo a passagem da molécula e regressando, em seguida, à sua forma inicial.
Alguns solutos eletricamente carregados, como os iões K + e Na+, atravessam a membrana através
de canais iónicos, formados por proteínas transmembranares. Neste caso, e ao contrário do que acontece
com as permeases, os solutos não estabelecem ligação com a proteína que forma o canal nem provocam
nela mudanças na sua conformação.

Joana Sousa 4
Biologia 10ºano

Nas membranas das células de muitos tecidos animais e vegetais, a água pode difundi-se de forma
facilitada através de proteínas transmembranares (aquaporinas) que formam canais através dos quais a
água se pode movimentar de forma rápida.
Etapas da difusão facilitada:
- Ligação de uma molécula de soluto à permease;
- Alteração da forma da proteína, o que permite a transferência dessa partícula através da membrana;
- Retorno da permease à sua conformação inicia

Difusão simples vs difusão facilitada


Na difusão simples (A), a
velocidade de transporte através da
membrana é diretamente proporcional à
concentração do substrato.
Na difusão facilitada (B) por
permeases, a velocidade de difusão é
superior para concentrações do substrato
relativamente baixas ou intermédias,
quando comparado com a difusão
simples. No entanto, quando a
concentração é elevada, atinge-se um
ponto de saturação, isto é, todos os locais
de ligação às permeases estão ocupados.
Nesta altura, a velocidade de transporte
estabiliza, mesmo que a concentração da substância aumente.

Transporte ativo
As células necessitam de estabelecer gradientes de concentração de determinadas substâncias
com o meio extracelular. A manutenção desses gradientes garante às células a presença de substâncias
úteis ao seu metabolismo e a saída rápida de substâncias de excreção deles resultantes, mantendo assim o
equilíbrio interno das células.
Estas diferenças de concentração são mantidas pelo transporte ativo de substâncias através da
membrana celular, do meio onde estão menos concentradas para onde a sua concentração é mais elevada.
Este movimento ocorre , portanto, contra o gradiente de concentração, com consumo de energia
metabólica.
O transporte ativo constitui uma forma de transporte mediado, uma vez que as moléculas ou iões se
ligam a proteínas transportadoras da membrana (ATPases) . Estas proteínas consomem energia, na forma
de ATP, necessária ao processo de transporte.

Funcionamento da bomba de sódio e de potássio

• 1º → Ligação de 3 iões Na+ intracelular à ATPase;

• 2º → Ação do ATP sobre a ATPase, alterando a sua


conformação;

• 3º → Saída de 3 iões Na + e ligação de 2 iões K +


extracelular à ATPase;

• 4º → Entrada de K + e regresso da ATPase à


conformação inicial.

Através da hidrólise do ATP em ADP e Pi, a bomba de sódio e potássio promove a saída de três
iões Na+ e a entrada de dois iões K +, assegurando assim a diferença de concentrações entre os meios
intracelular e extracelular.

Joana Sousa 5
Biologia 10ºano

Endocitose e exocitose
As células possuem outros recursos que permitem o transporte, para o interior ou para o exterior, de
macromoléculas, de partículas com maiores dimensões ou mesmo de pequenas células.
A transferência desses materiais faz-se através de vesículas que se formam a partir da membrana
plasmática, em direção ao interior da célula – endocitose –, ou de vesículas que se fundem com a
membrana celular, libertando o seu conteúdo no exterior da célula – exocitose.

Endocitose → consiste basicamente na formação de uma depressão membranar, seguida do envolvimento


de uma porção do meio extracelular onde a(s) partícula(s) se encontra(m), da invaginação da membrana e,
finalmente, a formação de numa vesícula, denominada genericamente por endossoma ou vesícula
endossítica.

Tipos de endocitose:
• Fagocitose → Organismos unicelulares → A membrana plasmática engloba partículas de grandes
dimensões ou mesmo células inteiras. A célula emite prolongamentos (pseudópodes) que englobam a
partícula, formando uma vesícula fagocítica / fagossoma que se destaca da membrana para o interior do
citoplasma. As vesículas assim formadas fundem-se, geralmente, com os lisossomas , dando origem a
vacúolos digestivos, onde se dá a digestão das células fagocitadas.

• Pinocitose → As substâncias que entram na célula são substâncias dissolvidas ou fluídos.

• Endocitose mediada por recetor → processo de endocitose em que macromoléculas entram na célula,
ligadas à membrana das vesículas de endocitose.
Processo:
1.As moléculas ligam-se a recetores existentes na membrana celular. A membrana celular invagina-
se enquanto as proteínas envolvem a vesícula formada.
2. A vesícula é libertada na célula.
3. O revestimento proteico é libertado.
4. A vesícula funde-se com um organelo interno – lisossoma.
5. As moléculas são libertadas no citossol.

Exocitose → As células libertam para o meio extracelular substâncias armazenadas em vesículas. No


processo de exocitose, as vesículas de secreção fundem-se com a membrana plasmática, libertando o seu
conteúdo para o meio extracelular. É fundamental para a célula se livrar de resíduos da digestão intracelular,
mas também fazer parte do processo digestivo de seres pluricelulares.
Processo:
1. Uma vesícula com "carga" no seu interior é libertada envolvida por uma capa proteica.
2. A vesícula libertada do complexo de Golgi transporta moléculas para o meio extracelular.
3. A capa proteica é libertada.
4. A vesícula funde-se com a membrana plasmática e liberta as moléculas que transportava.

Joana Sousa 6
Biologia 10ºano

Movimento de substâncias através da membrana celular


Transporte não mediado Osmose Água
Difusão simples Moléculas lipossolúveis
Transporte mediado Difusão facilitada Glicose; aminoácidos
Transporte ativo Glicose;iões
Transporte em quantidade Endocitose Macromoléculas
Exocitose Resíduos da digestão intracelular

Em resumo,
Processo Características Exemplo
Movimento da água através da membrana plasmática.
Transporte mediado Transporte não mediado

Efetua-se de um meio de menor concentração em soluto para um


Osmose Água
meio de maior concentração, ou seja, de um meio hipotónico para
um meio hipertónico. É um transporte passivo.

Moléculas
Difusão Deslocação de substâncias a favor do gradiente de concentração
lipossolúveis
simples sem intervenção de transportadores. É um transporte passivo.
Gases

Transporte de substâncias a favor do gradiente de concentração.


Difusão Glicose e
É um transporte passivo.
facilitada aminoácidos
Intervêm proteínas transportadoras, como permeases.

Transporte de substâncias contra o gradiente de concentração. Glicose,


Transporte
Intervêm proteínas transportadoras e envolve transferências de aminoácidos e
ativo
energia pela célula. iões.

Inclusão de macromoléculas ou de agregados moleculares por


invaginação da membrana plasmática, formando-se uma vesícula Macromoléculas
Transporte em quantidade

endocítica. Gotículas de
Fagocitose – Inclusão de macromoléculas ou agregados solutos
Endocitose
moleculares em que a célula emite pseudópodes que rodeiam o Bactérias
material, originando-se uma vesícula fagocítica. captadas por
Pinocitose – Processo endocítico em que as substâncias entram em glóbulos brancos
solução.

Resíduos da
Expulsão de substâncias para o exterior da célula por um processo
Exocitose digestão
inverso da endocitose.
intracelular

Transporte transmembranar e impulso nervoso

O transporte através das membranas celulares está na base de muitos processos vitais, como a
origem e a propagação do impulso nervoso os animais, ao longo dos neurónios que constituem a maior
parte do tecido nervoso.
Os neurónios apresentam um corpo celular e dois tipos de prolongamentos:
• Dendrites – prolongamentos finos , geralmente ramificados, que recebem e conduzem os estímulos
provenientes do ambiente ou de outras células até ao corpo celular;

Joana Sousa 7
Biologia 10ºano

• Axónio – fibra fina e longa cuja função é transmitir os impulsos nervosos provenientes do corpo celular.
Nos vertebrados e alguns invertebrados , o axónio é coberto por uma bainha isolante de mielina.
O conjunto do axónio e da bainha de mielina que o envolve designa-se fibra nervosa. As fibras
nervosas reunidas em feixes envolvidos por uma capa de tecido conjuntivo constituem os nervos,

Um impulso nervoso é a transmissão de um sinal codificado de um estímulo dado ao longo da


membrana do neurónio, a partir de seu ponto de aplicação. Os impulsos nervosos podem passar de uma
célula a outra, criando assim uma cadeia de informação dentro de uma rede de neurónios.
Nos neurónios com bainha de mielina a transmissão do impulso nervoso Nas regiões dos nódulos
de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo em
toda a extensão da região mielinizada (a mielina é isolante) - condução saltatória. Já nos neurónios sem a
bainha um potencial de ação iniciado em uma extremidade de um axónio apenas se propaga numa direção,
não retornando pelo caminho já percorrido. Consequentemente, os potenciais de ação são unidirecionais –
condução ortodrómica. Uma vez que a membrana axonal é excitável ao longo de toda sua extensão, o
potencial de ação propagar-se-á sem decaimento. A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga
ao longo do axónio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente do potencial de ação, o
que, por sua vez, depende de certas características físicas do axónio.

Em repouso, a membrana do neurónio encontra-se polarizada, verificando-se uma diferença de


potencial elétrico entre o seu interior (negativo) e o exterior (positivo). Este potencial de repouso (na
ordem dos -70 mV) resulta, sobretudo, de uma concentração desigual de iões Na + e K+ no exterior e no
interior dos neurónios. Esta situação é mantida, por transporte ativo, graças à ação da bomba de sódio e
potássio. Em cada ciclo de funcionamento, esta ATPase transporta três iões Na + para o exterior e dois K+
para o interior, havendo uma acumulação de um maior numero de cargas positivas no exterior do neurónio.

Joana Sousa 8
Biologia 10ºano

Se uma célula nervosa for sujeita a estímulos de natureza física ou química, poderá ser
desencadeada uma rápida alteração do seu potencial, originando o impulso nervoso. Este processo é
conhecido como potencial de ação e integra uma fase de despolarização e outra de repolarização. O início
da despolarização é desencadeado pela abertura de canais de sódio que possibilita a entrada de Na +, por
difusão facilitada, para a célula. Este movimento faz com que o interior da célula fique mais positivo do que
o interior, atingindo-se um valor máximo de despolarização, correspondente ao pico potencial de ação. Este
pico potencial de ação provoca o fecho dos canais de Na + e a abertura dos canais de K+, o que promove a
difusão facilitada destes iões para o exterior, levando à repolarização. No final desta fase, a intervenção da
bomba de sódio e potássio permite o retorno ao potencial de repouso e à possibilidade de um novo
estímulo.

A estimulação de um neurónio obedece à lei do “tudo ou nada”. Isto significa que o estimulo tem de
ter uma determinada intensidade para gerar um potencial de ação. O estímulo mínimo necessário para
desencadear um potencial de ação designa-se estímulo limiar. Uma vez ultrapassado esse estimulo limiar,
e portanto estimulado o neurónio, o potencial de ação é igual, independentemente da intensidade do
estímulo.
O potencial de ação, que se gera na área da membrana estimulada, propaga-se à área vizinha,
conduzindo à sua despolarização. Verifica-se, então, uma sucessão de despolarização e repolarização ao
longo da membrana do neurónio - impulso nervoso. A propagação faz-se num único sentido (dendrite –
corpo celular - axónio)
A ocorrência do potencial de ação, em determinado
local da membrana, leva à abertura de canais de sódio
vizinhos, fazendo com que o potencial de ação se propague
através do axónio até às suas terminações.
A rápida propagação do impulso nervoso, nos
neurónios dos Vertebrados, é garantida pela presença da
bainha de mielina. Esta bainha é formada por camadas
concêntricas de membranas das células de Schwann.
O isolamento dos axónios pela bainha de mielina
apresenta interrupções – nódulos de Ranvier – nos quais a
superfície do axónio fica exposta.
Nas fibras nervosas mielinizadas, o potencial de ação
despolariza a membrana do axónio unicamente na região dos nódulos de Ranvier, pois o efeito isolante da
bainha de mielina impede que essa despolarização ocorra nas restantes zonas. Desta forma, o impulso
nervoso salta de um nódulo para o seguinte.

Joana Sousa 9
Biologia 10ºano

Sinapse
A sinapse é uma região de contacto muito próxima entre a extremidade de um neurónio e a
superfície de outras células ( outros neurónios, células musculares, células sensoriais ou células
glandulares).

Tipos de sinapse:

• Sinapses químicas (existem entre as terminações dos axónios e as células musculares):


Nas sinapses químicas existe um pequeno espaço entre as membranas celulares –fenda sináptica –
que interrompe a propagação do sinal elétrico entre as membranas dessas células.
Quando o impulso nervoso atinge as extremidades do axónio pré-sináptico, libertam-se para a fenda
sináptica substâncias químicas - neurotransmissores. Estas substâncias ligam-se a recetores da
membrana da célula seguinte (células pós-sináptica), desencadeando o impulso nervoso, que assim
continua a sua propagação.
Os neurotransmissores encontram-se armazenados em vesículas. O impulso nervoso induz a fusão
dessas vesículas com a membrana do axónio. Este processo de exocitose permite que os
neurotransmissores sejam lançados a fenda sináptica. Os neurotransmissores, ao ligarem-se a recetores da
membrana do neurónio pós-sináptico, conduzem à abertura de canais iónicos associados a esses recetores,
permitindo a entrada de Na+ na célula. Esta entrada provoca a despolarização da membrana, originando um
impulso nervoso nessa célula.
Após atuarem, os neurotransmissores podem ser reabsorvidos por endocitose pelo neurónio pré-
sináptico ou degradados enzimaticamente. Desta forma, o impulso nervoso pode ser considerado um sinal
eletroquímico, com uma componente elétrica e uma componente química.

•Sinapses elétricas (ocorrem no Sistema Nervoso Centras – SNC – dos Vertebrados):


Permitem que o impulso nervoso se propague muito rapidamente de um neurónio para outro. Neste
caso, o potencial de ação propaga-se diretamente do neurónio pré-sináptico para o pós-sináptico, sem
intervenção de neurotransmissores. Isto é possível, porque, nestas sinapses, existem alguns pontos de
contacto entre as membranas de duas células, permitindo que a despolarização se propague de forma,
praticamente, continua.

Joana Sousa 10

Você também pode gostar