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uma concretização deste princípio. Além do art. 91º, devemos apelar diretamente ao art.

40º/2, 3.
4.2. Finalidade
É uma das questões polémicas do direito penal português – já dissemos que de acordo
com o art. 40º/1, também as medidas de segurança visam a proteção de bens jurídicos e a
reintegração do agente na sociedade.
A questão aqui é outra: no caso da medida de segurança de internamento de
inimputável, também devemos dizer que a finalidade da medida de segurança é a proteção
de bens jurídicos e, consequentemente, a reafirmação da validade da norma violada com
a prática do crime e a reintegração do agente na sociedade? Há dois entendimentos
distintos, não há concordância no que toca ao entendimento autónomo da medida de
segurança de internamento de inimputável.
Esta questão colocou-se desde sempre, porque o artigo 91º/2 na redação anterior a 1995
dizia expressamente que a medida de segurança em causa tinha obrigatoriamente uma
duração mínima. Então, alguns autores entendiam que esse limite mínimo de 3 anos existia
para a prossecução de finalidades de prevenção geral positiva.
A outra corrente, com a qual a Dra. Maria João concorda, vai no sentido de que a medida
de segurança de internamento de imputável prossegue a finalidade principal preventivoespecial, e só
secundariamente prevenção-geral. Não tendo, portanto, relevo autónomo.
Hoje, continua a ser uma questão pertinente. De acordo com o art. 91º/2, quando o
crime for praticado por inimputável corresponder a crime contra pessoas ou punível com
pena de prisão superior a 5 anos, terá de ter duração mínima de 3 anos – salvo se a
libertação se revelar compatível com a ordem jurídica.
Daqui decorre claramente que a medida de segurança de internamento por anomalia
psíquica prossegue também uma finalidade de prevenção geral positiva ou de integração.
O que resulta deste artigo é que o internamento tem uma duração mínima, mas poderá
não ter se a libertação for compatível com a ordem jurídica e a parte especial.
A Dra. Maria João, atualmente, entende que o legislador português resolveu a questão
da imputabilidade diminuída permitindo ao tribunal, nos termos do art. 20º/2, que
considere inimputável quem seja imputável. Portanto, num juízo de alternatividade, nos
casos de imputabilidade diminuída, o juiz pode aplicar uma medida de segurança ou uma
pena.
Nestes casos, temos alguém inimputável, mas é um agente de imputabilidade
diminuída relativamente ao qual valem as considerações de prevenção geral positiva.
Então, entendemos que o art. 91º/2 se aplica exclusivamente aos delinquentes considerados
inimputáveis pelo 20º/2. Isto porque em relação a eles faz sentido continuarmos a fazer
referência à prevenção geral positiva, uma vez que foram considerados inimputáveis, mas,
no fundo, são agentes imputáveis.
Seguimos o entendimento do prof. Roxin, que reforça esta ideia por dois argumentos.
Primeiro, entende-se que, quando aplicamos uma medida de segurança a alguém
inimputável por anomalia psíquica, não faz sentido reafirmar a validade da norma violada

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