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As vanguardas: rutura com os cânones das artes e da

literatura
Muitos jovens artistas e das letras, reconheciam a relatividade do
conhecimento e as teses de Freud, constituindo um movimento de
vanguarda cultural ao proporem uma estética inteiramente nova.

Modernistas foi o nome atribuído a estes criadores e modernismo ao


movimento estético e literário.

As inovações na pintura
O expressionismo alemão

• Contexto intelectual

Pintores libertários, críticos do conservadorismo e da moral burguesa


pretendiam aproximar-se mais dos elementos agitadores e
revolucionários.

Os pintores expressionistas tinham influências do cromatismo de Van


Gogh e de Munch. A simplicidade e o primitivismo de alguns das suas
reproduções revelam influencias da arte africana.

• Mensagem

Os expressionistas repudiavam a materialização e afirmavam que a


pintura era a expressão instintiva e individual dos sentimentos. Muitas
das obras eram geradas pela angústia e dramas interiores do homem.

Estas reproduções seriam para denunciar o mal-estar vivido nas


primeiras décadas do século XX. Nas pinturas verifica-se a angústia, o
desespero, os dramas e a miséria social.

• Estrutura formal
Na pintura expressionista sobressai a deformação intencional das
imagens visuais através da pincelada larga e uma escala de cores
fortemente intensas, contrastantes e livremente aplicadas.

O fauvismo francês
• Contexto intelectual

A novidade artística proposta pelo vanguardismo em Paris, provocou


fortes críticas e escândalos. O fauvismo destina-se a um ato de
provocação ao racionalismo clássico.

• Mensagem
Os praticantes do fauvismo não se preocupavam em expressar os
sentimentos e as críticas sociais.
• Estrutura formal
O fauvismo é a exaltação da cor. Os fauvistas recorriam as cores fortes
que aplicavam no estado puro, com tonalidades fortes aplicadas de
forma irracional.

O cubismo

• Contexto intelectual

O movimento cubista é contemporâneo da corrente expressionista. Os


críticos ressaltam os “pequenos cubos” que compunham as obras
cubistas.

• Mensagem
Os pintores cubistas conseguem desmantelar por completo a perspetiva
do objetivo, e propõem uma visão intelectual do espaço. • Estrutura
formal
Cubismo analítico – durante a criação, procede-se a uma minuciosa
decomposição das imagens no plano, articulando com pequenos sólidos
geométricos.

Nesta fase do cubismo analítico, há uma separação entre a


representação da figura dos objetivos e a sua realidade natural.

Cubismo sintético – recriava a realidade representada através da ligação


lógica e coerente das figuras geométricas.

Nesta fase, regressa a cor, à qual se juntam outros materiais (que não
sejam tinta) e acentua a essência e a verdade pretendida pelos pintores
cubistas.
• Principais praticantes

Picasso, Duchamp etc...

O abstratismo

• Mensagem

O abstratismo constitui o juntar da pintura livre, sem preocupações na


representação do objeto. Assim, nas produções abstratas, o objeto
desaparece totalmente.
O artista assim coloca na tela o seu mundo interior, uma realidade
subjetiva, oculta e profunda.

• Estrutura formal
O abstracionismo lírico, sensível ou expressionista – Kandisnky;
abstracionismo geométrico – Piet Mondrian.

O abstracionismo de Kandisnky evidencia complexos jogos de cores


fortes e virantes, e complexas combinações de linhas.
Em total liberdade, é expresso o interior do pintor e a originalidade da
sua criação.

O abstracionismo de Piet Mondrian dá às suas obras uma forte carga


geométrica, com linhas retas e cores primárias.

Mondrian pretendeu contribuir para a construção de um mundo melhor,


pela representação da ordem e harmonia, através do equilíbrio das
formas geométricas e das cores primárias e neutras.

O futurismo

• Mensagem

Os futuristas desenvolveram uma batalha contra as formas culturais


tradicionais de inspiração burguesa. Propuseram-se a destruir tudo o que
era clássico e tradicional.

• Estrutura formal

Expressou-se na música produzida por instrumentos e ruídos dos


motores, na literatura, onde defendiam a total liberdade, na produção
plástica, onde produziam imagens complexas, como por exemplo o
movimento do ar causado pela velocidade das máquinas.

O dadaísmo

• Mensagem

Os dadaístas, assumidamente niilistas, negavam a realidade substancial,


as normas morais e cívicas, bem como toda a autoridade política.

Dada não significa nada!

O objetivo dos dadaístas era negar todos os conceitos de arte e técnicas


artistas. Basicamente vulgarizar a criação artística.
A arte para os dadaístas era a antiarte, por isso optaram por subverteram
os valores. O objetivo deste movimento era chocar e suscitar reações
negativas.

• Estrutura formal
Através de manifestações espontâneas, libertarias e anárquicas como
espetaculares, marcada pelo caos e pelo barulho.
Inventaram os ready-made, pratica de elevação de um objeto comum à
categoria de obra de arte.

• Principais praticantes

Marcel Duchamp, etc...

O surrealismo

• Contexto histórico

O surrealismo pode considerar-se uma continuação do movimento Dada.

• Mensagem
O surrealismo tem uma ligação próxima ao pensamento freudiano
(freud).
Os surrealistas afirmam que o pensamento é automaticamente
comandado pelo inconsciente. As suas obras eram expressão da
interioridade do seu inconsciente.
• Estrutura formal
As suas obras caracterizam-se pela livre fluência automática dos motivos
e movimentos inconscientes (através das drogas, fomes ou crises
emocionais).

• Principais praticantes

Salvador Dalí, etc...

Portugal no primeiro pós-guerra


No final da primeira guerra mundial, em Portugal triunfava a república.

Tal como na restante europa, intensificava-se a agitação social a que os


governos republicanos não conseguiam dar vazão. Com a credibilidade
dos governos republicanos minada pela inoperância política,
prenunciava-se a transição da democracia liberal, para a ditadura.

As dificuldades económicas e financeiras


As dificuldades económicas

A economia portuguesa no início do século XX, continuava a assentar na


atividade agrícola que não evidenciava grandes desenvolvimentos
técnicos.
A produção industrial continuava impossibilitada devido à debilidade do
setor dos transportes e das comunicações.

Os setores rodoviários e ferroviários mantinham-se iguais e não foram


reparados. Os grandes portos marítimos de Lisboa e Leixões, não
estavam adaptados às novidades da circulação marítima, como a
marinha mercante.

As dificuldades financeiras

A insuficiência produtiva, levou Portugal a racionar e a aumentar o preço


dos produtos.

Para responder aos problemas, eram emitidas notas de banco


(desvalorizadas), que provocavam o agravar da inflação.
As dificuldades do país deviam-se sobretudo, à fuga de capitais
nacionais para o estrangeiro, devido à queda do valor do escudo.

Num país descapitalizado, os governos da 1a república assistiam ao


agravamento do défice da balança comercial e ao disparar da dívida
pública.

A instabilidade da Primeira República


Durante 16 anos, da primeira república, houve 8 eleições para a
presidência da República, e 9 eleições legislativas e foram nomeados 45
governos.

A instabilidade política
Houve divergências dentro do Partido Republicano motivadas pelas
ambições pessoais de poder.
Assim, surgiam as primeiras divisões internas e o movimento republicano
acabou por se desfazer em várias pequenas fações.

A constituição de 1911, estipulava o predomínio do poder legislativo


sobre o poder executivo.

A constante interferência do congresso na atividade governativa, tornava


ineficaz as ações dos governos.

Os desentendimentos entre partidos do congresso, inviabilizava maiorias


parlamentares e fazia cair governos e presidentes.

Numa situação económica e financeira frágil, os governos republicanos


deixavam transparecer uma maior inoperância na resolução das
dificuldades e eram vistos como uma continuação da administração
corrupta (da monarquia).

A instabilidade social

Juntando o quadro económico e financeiro ao quadro político, estavam


criadas as condições para um quadro social explosivo.

A desvalorização da moeda e a inflação provocam uma serie de


dificuldades nas classes médias titulares de rendimentos fixos.

Os operários não conseguiam suportar os custos de vida e as situações


de desemprego frequentes.
A agitação social – manifestações e greves, são cada vez mais violentas
e o poder político fica mais fragilizado.

Os setores conservadores – grupos económicos e altas patentes


militares – receiam que Portugal siga a vida do socialismo.

Em Portugal, como noutros países europeus, o regime parlamentar é


culpado de causar todos os males da república, e assim aspiram por um
governo forte e autoritário que resolva os problemas do país.

A falência da Primeira República


A 28 de maio de 1926, com a incapacidade do governo de restaurar a
ordem e a tranquilidade, e de resolver a economia do país, foi levado
acabo um golpe de estado e instituído um regime de ditadura militar.

Tendências culturais: entre o naturalismo e as


vanguardas
No início do século XX, em Portugal, persistia o classicismo racionalista e
naturalista, o que evidenciava uma forte resistência à inovação.
Os interesses materiais dos burgueses sobrepunham-se aos interesses
culturais, condicionando a liberdade de expressão.

Grupos de intelectuais organizaram-se em círculos de contestação à


velha ordem e iniciaram estratégias provocatórias, como resposta às
formas políticas e culturais conservadoras.
O modernismo, estético e literário rompe a fraqueza intelectual em
Portugal.

O analfabetismo da população portuguesa e o conservadorismo dos


meios urbanos, não proporcionada abundância de publico culturalmente
interessado nos novos eventos culturais.

O modernismo na literatura

• O primeiro modernismo – a revista Orpheu

Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros


e Fernando Pessoa, levados pelos novos temas, publicaram os primeiros
poemas de intervenção na contestação à velha ordem literária.
O movimento não se fez apenas à volta das publicações, reforçou a
adesão de novos criadores.

• O segundo modernismo
O movimento inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento do
movimento Orpheu, continuou a luta pela crítica livre contra o
academismo literário, inspirados na psicanálise, e o primado do individual
sobre o coletivo.

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