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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ

CURSO DE FARMÁCIA
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA

CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA DO PROCESSO SAÚDE-


DOENÇA
Prof. MSc. Rian Felipe de M. Araújo
FENÔMENO VITAL
• Homeopatia concebe o fenômeno vital do ponto de vista filosófico;
• As leis físicas não são suficientes para explicar a vida;

“As substâncias materiais que compõem nosso organismo não


seguem, em suas combinações vitais, as leis às quais se
submetem as substâncias na sua condição inanimada; elas são
reguladas pelas leis peculiares à vitalidade”
Hahnemann
FENÔMENO VITAL
• A realidade viva é indescritível com base apenas no reducionismo e
no determinismo físico-químico da biologia molecular;
• Jamais se conhecerá a vida enquanto continuar atento apenas aos
aspectos estruturais;
FENÔMENO VITAL
• Diante da complexidade da vida, precisa-se de modelos
conceituais para explicá-la;
• São instrumentos teóricos para descrever a realidade;
• Exemplo do modelo atômico: átomo nunca foi visualizado mas
esclarece os fenômenos físicos observados;

Alguém já viu um átomo?


FENÔMENO VITAL
• Talvez os modelos nem existam como idealizamos;
• O mapa é modelo do território.
– Não é o território;
– Tem tamanho diferente mas é necessário para entender o território;
FENÔMENO VITAL
• O modelo conceitual da terapia homeopática é de origem vitalista;
• Deve-se aceitar um princípio de causalidade para a vida, fora das
dimensões físicas habituais;
• O princípio vital nunca foi provado (nem refutado)
• Apresenta-se coerente e os dados clínicos apresentam excelentes
resultados;
FENÔMENO VITAL
• Os modelos adotados pela alopatia e acupuntura também se
apresentam coerentes;
• Todos os modelos têm suas limitações;
• Quando surgem modelos mais elaborados, os antigos vão sendo
substituídos;

Paul Ehrlich A. J. Clark Sthephenson


FENÔMENO VITAL
“Vitalismo é uma doutrina filosófica no qual os seres vivos
possuem uma força particular que os mantém atuantes, o
princípio ou força vital, distinta das propriedades físico-
químicas do corpo;”
FENÔMENO VITAL
• A condição do organismo depende apenas da saúde da vida que
o anima;
• Logo, a doença consiste em condição alterada originalmente
apenas nas sensibilidades e funções vitais independente de toda
consideração química;
• Ou seja, a origem primária está na perturbação da força vital;
FORÇA VITAL
• Hahnemann interpreta a força vital como a mantenedora do
equilíbrio orgânico;
• Assim, doenças são manifestações deletérias da força vital
modificada;
• Microorganismos são apenas fatores necessários, mas não
suficientes para produzir doenças;
FORÇA VITAL
• Desse modo, os fungos não podem ser considerados a causa única
das micoses;
• Se a força vital estiver comprometida, outros fatores contribuem
para o desenvolvimento patológico pois estão sempre presentes;
FORÇA VITAL
• A força vital que mantém o organismo
em harmonia;
• Sem ela o organismo não age, não
sente e se desintegra;
• São responsáveis pela integração dos
diversos níveis dinâmicos da realidade
humana (físico, emocional e mental);
FORÇA VITAL
• O organismo humano encontra-se em equilíbrio nos aspectos
físico, emocional e mental;
• Quando a força vital é perturbada, os mecanismos de defesa são
acionados - imunológico e endócrino;
FORÇA VITAL
• A força vital pode ser influenciada negativamente por fatores
exógenos, como:
– Estilo de vida e alimentação;
– Hábitos,
– Fatores endógenos como tristeza, irritabilidade e ódio
FORÇA VITAL
• Homeopatia define saúde como um estado de equilíbrio dinâmico
que abrange as realidades físicas e psicoemocional dos indivíduos;
• Além das interações com o ambiente natural e social;
• A doença reflete mediante os sintomas, o esforço da força vital na
tentativa de restabelecer o equilíbrio
FORÇA VITAL
• A FV está intimamente ligada ao corpo físico e é favorecida por
atividade artísticas, sono, alimentação e ritmos de vida sadios;
• FV não pode ser observada mas pode ser evidenciada pelo
método de cristalização sensível desenvolvido por Ehrenfried
Pfeiffer
MÉTODO DE CRISTALIZAÇÃO SENSÍVEL
• Soluções de sais cristalizantes modificam-se especificamente pela
adição de substâncias orgânicas;
• Adiciona-se uma pequena quantidade do material orgânico
pesquisado (suco de planta, sangue, soro, etc) em uma solução de
cloreto de cobre,
• Seca em placa sob temperatura, umidade e pressão constantes, em
local isolado e isento de oscilações e vibrações;
MÉTODO DE CRISTALIZAÇÃO SENSÍVEL
• Ao se utilizar material inorgânico, ou folha em fenecimento, o
cloreto de cobre cristaliza-se de forma desordenada;
• Quando usa-se suco extraído de folhas frescas, vemos agulhas
dispostas de forma organizada;
NÍVEIS DINÂMICOS
• Homeopatia reconhece a interdependência entre os processo
psicomentais e o corpo e o papel integrador da FV;
• Concebe doença como um processo que pode ter se iniciado nos
níveis emocional e mental, se manifestando posteriormente sob a
forma de lesão orgânica;

Mental Emocional

Físico

Lesão
orgânica
NÍVEIS DINÂMICOS
• Para a homeopatia a causa primária dos desequilíbrios pode advir
de diferentes níveis da realidade humana;
• Para a alopatia, a causa se situa no componente celular;
• Homeopatia privilegia a prevenção ao atuar ao nível emocional e
mental alterado;
• Visa fortalecer a força vital
Doença

Alopatia Sintoma

Homeopatia Força Vital


NÍVEIS DINÂMICOS
• Ser humano apresenta 3 níveis dinâmicos identificáveis: físico,
emocional e o mental;
• Pensa pelo nível mental, sente pelo emocional e age pelo físico;
• Encontra-se coeso pela ação integradora da força vital
NÍVEIS DINÂMICOS
• Hierarquia: mental >> emocional >> físico;
• Para o homeopata é necessário distinguí-los para avaliar a evolução
da doença;
• Dentro de cada nível existem sub-níveis hierarquizados:
– No físico: órgãos respiratórios >> pele
– No emocional: depressão >> desânimo
NÍVEIS DINÂMICOS
• Por exemplo, um indivíduo que sofre de amigdalites com
frequência;
• Embora muitos indivíduos apresentem as mesmas bactérias e não
apresentem a doença;
• O paciente poderá tomar antibiótico para exterminar as bactérias
mas não afetará o fator emocional;
NÍVEIS DINÂMICOS
• Poderá retornar de forma mais grave;
• Alguns médicos homeopatas utilizam antibióticos para diminuir a
população bacteriana em combate direto à doença inflamatória;
• Em seguida lançam mão do simillimum para tratamento do
doente;
• A alopatia e homeopatia poderão atuar juntas;
• Diarréia, vômitos, inflamação e febre são fatores de combate a
agentes estranhos;
• Em infecção, os pirogênios liberados pelos leucóciotos provocam
elevação da temperatura;
• A febre combate os microorganismos pois a duplicação diminui;
• O uso de antitérmicos dificulta o trabalho orgânico em direção a
cura;
• A homeopatia combate o motivo da febre;
• Não há registro de dano cerebral por causa da febre, a não ser por
doenças como meningite e encefalite;
• Outras pessoas não podem apresentar febre acima de 40 °C como
hipertensos, cardíacos, diabéticos e os que convulsionam;
• Nas convulsões, a febre revela um problema neurológico
preexistente;
• Alguns médicos homeopatas prescrevem antitérmicos quando a
temperatura passa de 39°C;
• Na perspectiva homeopática, o clínico reforça os mecanismos de
defesa naturais, agindo na mesma direção da força vital;
• Patogenesia da beladona:
– Sintomas físicos: olhos vermelhos, pupilas dilatadas,
latejos na cabeça com cefalalgia intensa, rubor facial, boca
seca com aversão à água, extremidades frias, insônias;
– Sintomas emocionais: angústia, irritabilidade excessiva;
– Sintomas mentais: superexcitação mental, embotamento
da mente, delírios com alucinações visuais
• Se um paciente com faringite e outro com
intoxicação alimentar apresentarem sintomas
encontrados na patogenesia da beladona, o médico
homeopata prescreverá para ambos o mesmo
medicamento homeopático;

“Homeopatia trata de doentes e não de doenças”


• São sempre os sintomas que pertencem ao paciente e não à
doença que indicarão o medicamento específico;
• Primeira constatação de que o tratamento está correto é o
aumento transitório dos sintomas, seguido do desaparecimento;
• Constantine Hering (1800 – 1880)
• Estabeleceu a homeopatia na América do
Norte
• Havia sido incumbido de escrever trabalhos
de combate à homeopatia
• Pesquisou e acabou tornando um dos grandes
médicos homeopatas do século XIX
• Elaborou diversos experimentos, inclusive
com veneno de cobra;
• Servem para acompanhar a evolução do tratamento;
• Orienta sobre suspensão ou troca de medicamento;
– Sintomas devem desaparecer na ordem inversa do seu aparecimento;
– O corpo procura exteriorizar os sintomas, mantendo-os em suas partes
exteriores;
– A cura progride dos órgãos mais nobre para os menos nobres;
– Antigos sintomas podem reaparecer
• Quadro de enxaqueca crônica:
– Paciente apresentou inicialmente tontura,
– Por último depressão

• Cura se dará primeiro pela depressão;


• Com isto, o médico assegurará que o indivíduo está em processo
de cura;
CONSULTA HOMEOPÁTICA
• Homeopata escuta, interroga, observa e examina o paciente;
• Objetivo de obter a mais perfeita totalidade dos sinais e sintomas
– história biopatográfica;
• A semiologia homeopática não se reduz à coleta fria dos sintomas;
• Deve-se atribuir valores;
• Deve ser qualificada quanto à natureza, intensidade, época e hora
de surgimento
CONSULTA HOMEOPÁTICA
• Evita-se perguntas do tipo “sim” ou “não”;
– Errado: Você tem cãibras a noite?
– Certo: Como é seu sono?

– Errado: Apresenta dor de cabeça durante a menstruação?


– Certo: como você se sente antes, durante e depois da
menstruação?

– Errado: Você gosta de lugares claros ou escuros?


– Certo: Qual sua relação com a luminosidade do ambiente
MATÉRIA MÉDICA HOMEOPÁTICA E
REPERTÓRIO
• Após o levantamento dos sinais e sintomas, tem-se a fase da
identificação do simillium;
• Usa-se as matérias médicas homeopáticas e repertórios;
• Matéria médica:
– Descreve a farmacodinâmica, farmacologia, terapêutica, toxicologia, e
toxicomanias;
• Repertório:
– Compilação de todos os sintomas organizados em ordem alfabética;
MATÉRIA MÉDICA HOMEOPÁTICA E
REPERTÓRIO
• Nos repertórios, os medicamentos se agrupam sob a rubrica dos
sintoma;
• Elaborou-se referências cruzadas que compilam medicamentos em
que determinado sintoma foi localizado
• Permitir que o clínico reveja rapidamente
– Matéria médica >> Medicamento >> sintomas
– Repertório >> Sintomas >> medicamentos

• Repertório permite que o homeopata encontre rapidamente o


medicamento;
• Em seguida ele o estuda com mais detalhes na matéria médica,
confirmando sua indicação.
REPERTÓRIO
• Estrutura do Repertório
– I. Dividido em Capítulos: Ex. Mente, Vertigem, Cabeça,
Olho, Visão, Ouvido, Audição, Nariz, Face, Boca, Dentes,
Garganta, Garganta Externa, Estomago, Abdômen, Reto,
Fezes, Bexiga, Rins, Próstata, Uretra, Urina, Genitais Masc,
Genitais Fem, Extremidades, Unhas, Calafrio, Febre,
Transpiração, Pele, Generalidades
– II. Rubricas
– III. Primeira sub-rubrica
– IV. Segunda sub-rubrica
– V. Graus subsequentes de sub-rubricas
REPERTÓRIO
Exemplo:
 Capítulo – EXTREMIDADES
 Rubrica – DOR: abrot. acon. aesc. aeth.
 Sub-rubrica - Perna: acon. agar. alum. am-c. alum
 Sub-rubrica - Panturrilha: acon. agar. agn. alum. anac.
 Sub-rubrica – Repuxante: acon. agar.alum. am-c.ang, ant-t
“Para um tratamento conveniente, nós devemos anotar
após cada sintoma todos os medicamentos que
produzem tal sintoma, expressando-os através de
abreviaturas, tendo em mente que isto terá uma
influência em nossa escolha, e proceder da mesma
maneira com todos os outros sintomas, anotando os
medicamentos que os excitam (na experimentação).
Após a preparação de tal lista, nós deveremos ser
capazes de distinguir quais os medicamentos que
cobrem a maioria dos sintomas presentes,
especialmente os mais peculiares e característicos . E
este será o medicamento a ser procurado”

Samuel Hahnemann
ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ
CURSO DE FARMÁCIA
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA

CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA DO PROCESSO SAÚDE-


DOENÇA
Prof. MSc. Rian Felipe de M. Araújo

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