Você está na página 1de 2

fazendas; b) endividamento do cafeicultor frente aos agentes de financiamento; c) surgimento

de outras atividades econômicas advindas desse produto, como os “comissários de café,


ensacador, exportador”; d) aparecimento de bancos e casas bancárias; e) transformações na
Revista de Enc arte Do
Professor
cidade do Rio de Janeiro. Providos dessas informações, os alunos devem elaborar um quadro História da
de referências para o mural da sala de aula. A Lei Feijó, assinada entre o governo da Regência
do Brasil e a Grã-Bretanha, em 7 de novembro de 1831, proibia o tráfico negreiro. Porém, os
Biblioteca
cafeicultores do Vale Médio do Paraíba atuaram como pilares do Partido Conservador (pós Nacional ano 5 | nº 57 | Junho 2010
1840). Discuta com os alunos a relação contraditória entre a Lei Feijó, a expansão da lavoura
cafeeira e o crescente poder político e econômico dos produtores e negociadores de café. Este material foi elaborado com a finalidade de oferecer sugestões de trabalho na sala de aula. As
4 - O auge da produção cafeeira no Vale do Paraíba acontece entre 1850 e 1870, o que atividades apresentadas têm como características o aspecto lúdico e o estímulo à criatividade e à
é evidenciado pelo valor monetário do escravo. Em um quadro informativo, os alunos curiosidade, à formação dos valores da vida social e à construção de identidades que busquem a
devem indicar essa mudança de valor. Na década seguinte, entre 1870 e 1880, contudo, as igualdade no acesso aos bens culturais e sociais.
transformações no preço da fazenda Gabiru revelam outro panorama. O declínio de valores,
no caso em questão, aponta para o envelhecimento das lavouras e da mão de obra. Em outro
História: tempo, espaço e sociabilidades

“O
quadro informativo, devem ser apontados os valores da fazenda Gabiru em 1863, 1880 e 1887.
Depois, os dois quadros devem ser comparados e disponibilizados para consulta em sala de aula. passado é, [...], uma dimensão permanente da consciência humana, um componente
inevitável de todas as criações da humanidade. O problema para os historiadores
5 - Os mapas, o quadro de referência e os quadros de valores da fazenda Gabiru e da mão de é analisar a natureza desse “sentido do passado” na sociedade e localizar suas
obra escrava devem compor um mural de informações acerca da expansão cafeeira no mudanças e transformações”. Aguçar entre os alunos a percepção da importância
século XIX. A visualização desses itens em conjunto permite novas indagações e também e do sentido do estudo da História, tal como expressa nas palavras de Eric Hobsbawm, constitui,
conclusões sobre o tema. Se possível, proponha a elaboração de um trabalho em conjunto atualmente, grande desafio para o professor. Um caminho é trazer para as aulas dessa disciplina
com o professor de informática para a produção dos mapas e quadros. propostas que estabeleçam cada vez mais uma relação íntima entre o momento presente e o
SAIBA MAIS NA RHBN
tempo passado, ressaltando as experiências vividas em exames localizados espacialmente, no
O artigo “O imperador do café”, de Aloysio Clemente Breves Beiler [RHBN nº 21, de junho de qual os agentes históricos possam ser compreendidos em seus movimentos, vozes e estratégias.
2007], revela diversos aspectos dos grandes cafeicultores da região Sudeste, além de curiosidades Entender o espaço não apenas em sua dimensão física, mas também, e sobretudo, em seu aspecto
a respeito de Joaquim José de Souza Breves, o brasileiro mais rico do século XIX e dono de um social, sublinhando os tipos de relações e sociabilidades nele travadas pelos diferentes indivíduos ou
exército de escravos. (www.rhbn.com.br/imperadorcafe) grupos sociais. Cabe ao professor convencionar para os alunos a escala de sua análise, bem como
o recorte temporal. Como exemplo, o espaço da grande fazenda de café em meados do século
Este encarte pode ser impresso no site ( w w w. r ev i s t a d e h i s t o r i a . c o m . b r ) XIX ou as casas que vendiam café na cidade de São Paulo no final do século XIX e início do XX
(RHBN nº 57). De acordo com a escolha feita pelo professor, determinados aspectos do passado
c o o r d e n a d o r d o p ro j e to serão colocados em evidência e então estudados. Os conceitos “tempo” e “espaço”, por serem
Caro(a) professor(a), e e d i to r a ç ã o
termos de uso comum inseridos no cotidiano dos alunos, passam a eles a impressão de que não há
Luciano Figueiredo
A Revista de História da Biblioteca Nacional criou, no Portal do (Universidade Federal Fluminense) a necessidade de discuti-los. O que não ocorre com os conceitos de “imperialismo” e “comunismo”.
Professor do MEC, um Fórum de História do Brasil para debater a A aula de História deve ser, portanto, um momento para reflexão sobre as noções de “tempo” e
aplicação deste encarte. Comente sua experiência pedagógica, tire p ro d u ç ã o e x e c u t i va “espaço” procurando problematizá-las e fazer com que deixem de soar como naturais.
dúvidas, sugira novas ideias e discuta conosco os caminhos para Cristiane Nascimento
uma educação de qualidade que começa na sala de aula.


concepção e realização
Esperamos sua valiosa contribuição no Portal do Professor.
Silvana Bandoli Vargas e
Acesse: www.rhbn.com.br/portaldomec
Roberta Martinelli (Colégio
Atividade 1
Você também pode acessar o site da RHBN (www. Pedro II) A leitura do artigo “Requentado não, requintado”, de Joana Monteleone, embasa ano
E n s
Funda i n o
revistadehistoria.com.br) ou o Twitter (www.twitter.com/RHBN). a atividade que é sugerida para o 9º ano do Ensino Fundamental. O conteúdo menta
l
p ro j e to g r á f i c o histórico sugerido é o período da virada do século XIX para o XX no Brasil,
Isabela da Silveira
momento marcado por transformações de ordem política – a passagem do Império História

c o n s u lto r i a p e dag ó g i c a
para a República –, como também na esfera da vida cotidiana.
Oldimar Cardoso (USP/
Universität Augsburg)
1 - Professor(a), divida a turma em grupos, solicite que leiam o artigo proposto e respondam as
seguintes questões: a) Qual o tema central do texto; b) Procure, no dicionário, o significado
c o p i d e s qu e do termo “cosmopolita”; c) De acordo com o artigo, qual era o significado social de
Ana Lucia Normando

EncarteJunho_57.indd 1 11/23/10 1:30:30 AM


“tomar um café” na passagem do século XIX-XX? Quais pessoas frequentavam os cafés? As suas vidas na mesma cidade ou região, mas no tempo atual; c) Quando ouvimos nossos
respostas devem ser lidas em voz alta por um representante de cada grupo. Aproveitando pais e avós, suas histórias nos parecem levar a um tempo distante e diferente do nosso.
o que os alunos responderam, o professor(a) deve comentar que o final do século XIX e o Entretanto, “mesmo distante e diferente, esse tempo está de alguma maneira presente no
início do XX no Brasil foi uma época marcada por intensas mudanças: o fim da escravidão, o nosso tempo, como a vida de nossos avós, e dos avós de nossos avós, estão de alguma forma
começo do governo republicano, o surgimento das fábricas, a chegada no país das novidades presentes em nossas vidas” (Margarida de Souza Neves & Alda Heizer. A Ordem é o Progresso.
do tempo – como a primeira linha telefônica, a luz elétrica nas principais cidades, os São Paulo: Atual, 1991. p. 9). Pensando nisso, compare as respostas dos grupos com os
cinematógrafos, os automóveis, entre outros – e a difusão de novos hábitos e costumes. depoimentos dos entrevistados e identifique os espaços de encontro que mudaram e os
que permaneceram no decorrer do tempo em sua cidade ou região. Identifique também os
2 - O texto descreve de forma rica e detalhada dois tipos de estabelecimentos de café que
tipos de relações sociais vivenciadas nesses espaços. Elas ainda permanecem hoje em dia?
existiram na cidade de São Paulo: o primeiro traz o exemplo da propriedade de Maria
Punga, que era mais comum de ser visto entre as décadas de 1850-1860; enquanto o SAIBA MAIS NA RHBN
outro começou a surgir no último quartel do século XIX, com o aparecimento das casas No artigo “Uma cidade deserta” [RHBN nº 17, de fevereiro de 2007], Maria Pace Chiaveri escreve
mais sofisticadas que simbolizavam a “modernidade” e o “progresso”. Explique que para sobre os ideais de modernidade e civilização do início da República a partir da análise de registros
grande parte dos brasileiros daquela conjuntura “ser moderno” era estar e se comportar fotográficos da cidade do Rio de Janeiro feitos pelos irmãos Musso. (www.rhbn.com.br/cidadedeserta)
igual aos franceses e ingleses, considerados como modelos da civilização. Vale aqui


comentar que, a partir da conjuntura do entre guerras, ingleses e franceses perderam
sua importância para o modelo norte-americano. Este passou a influenciar de forma
Atividade 2
preponderante nos padrões de comportamento inclusive até os dias de hoje. ano
O artigo “Café no bolso”, de Carlos Gabriel Guimarães, é objeto de estudo do E nsino
3 - Solicite aos grupos que releiam o artigo e, em uma folha de papel, desenhem os dois tipos exercício pensado para o 2º ano do Ensino Médio. O conteúdo histórico é a M é
d i o

de estabelecimentos com base nas informações disponíveis no texto. Os desenhos devem expansão da cafeicultura no Sudeste brasileiro no século XIX e a criação de um
ser expostos no mural da sala de aula para que todos conheçam os resultados dos trabalhos. espaço de sociabilidades e trocas políticas e econômicas em função dessa atividade. História

Ainda em relação aos desenhos, liste com os alunos as diferenças entre os dois tipos de
1 - Professor(a), solicite que a turma leia o texto em questão. Comente a
estabelecimentos de café, registrando-as no quadro. Conclua que os cafés tinham papel
respeito dos hábitos alimentares da região onde os alunos vivem. Tomam café? Em
fundamental e representavam importantes espaços para as pessoas se encontrarem e se
quais circunstâncias? Qual é o significado de “servir um cafezinho”? Uma pausa? Uma
relacionarem, ou seja, se sociabilizarem. Introduza a seguinte ideia: ainda que pudessem ser
ocasião de amabilidade e gentileza? Como o café passou a fazer parte da nossa cultura?
encontrados na mesma época, ou na mesma rua como indica o texto, esses dois tipos de
Em que período histórico o café passou a ter papel relevante? Reflita com os alunos
estabelecimentos estavam ligados a tempos diferentes: o de Maria Punga associava-se a um
sobre a importância do café para a “sociedade do tempo controlado pelo relógio”.
tempo “antigo”, no qual o café era feito de forma artesanal pela proprietária, que “torrava e
Considere o valor econômico e político que os cafeicultores tiveram em dois momentos
socava os grãos num pilão velho” e “coava apenas três canecos de cada vez”. Os fregueses, dentre
e circunstâncias distintos: Império e República. Este exercício tem por foco o Império e
os quais “homens poderosos”, tinham o hábito de comer bolos de fubá, broinhas de polvilho
o surgimento do café como atividade econômica e a base de poder político no século
e bolinhos de tapioca. Já as novas casas de café eram sofisticadas e inspiradas nas tradições
XIX. Os alunos devem ler, na página 27, o texto “Do cafezal ao cafezinho”, quando são
europeias. O espaço desses novos estabelecimentos associava-se a um “novo tempo” e a novas
apontadas as mudanças que a República inaugura nas relações de poder dos cafeicultores.
formas de comportamento e sociabilidades, guiadas pelos ideais de modernidade e civilização
da época. Assim é possível destacar mudanças e permanências no cenário das principais cidades 2 - O processo de expansão da lavoura de café no Sudeste do Brasil tem início no século XIX,
do final da década de 70. Retorne a passagens do texto que confirmam tal característica. tomando a direção do Vale do Paraíba fluminense e paulista. Professor(a), trabalhe com a
A página 30 apresenta um exemplo: “Enquanto muitos se divertiam [...] pela cidade”; “Novos turma um mapa em que haja a representação gráfica do Sudeste brasileiro (disponível em
símbolos chegavam [...] de escravos e forros.” No último parágrafo do texto, a autora menciona a www.ibge.gov.br/ibgeteen/mapas/index.html), destacando com cores diferentes o processo
chegada das máquinas dos cafés expressos em estabelecimentos “onde não havia nem mesas e de expansão da lavoura cafeeira (Vale do Paraíba fluminense e “oeste velho” paulista). No
cadeiras e todos tinham que se encostar no balcão para sorver o café”. Comente que a introdução segundo parágrafo da página 24, o autor faz referência ao “oeste velho” paulista. Solicite aos
desse tipo de serviço sinalizava uma nova forma de comportamento social relacionado à vida alunos que marquem no mapa qual foi o equívoco dessa nomeação? Leste ou oeste? O
urbana, com o ritmo cada vez mais acelerado. Proponha uma comparação com o momento autor, ainda no parágrafo, indica os grupos sociais que, com a vinda da Corte para o Rio de
presente. Pergunte aos alunos onde, hoje em dia, podemos visualizar tempos diferentes Janeiro em 1808, incrementaram a cafeicultura na região. Quais são esses grupos sociais? As
convivendo num espaço próximo, como no caso dos dois cafés? conclusões dos alunos devem ser registradas em seus cadernos. É importante também marcar
no mapa os dois fluxos migratórios que se estabelecem para a região do Vale do Paraíba.
4 - Para finalizar, os grupos devem elaborar o seguinte exercício: a) Entrevistem seus pais e avós
Professor(a), faça uma exposição em sala de aula dos mapas coloridos e de suas informações.
sobre as lembranças do tempo em que eram mais jovens. Quais os espaços da cidade ou
região que frequentavam, onde eram os seus “pontos de encontro”? O que faziam ali? 3 - Dando continuidade ao exercício, a turma deve destacar no texto as principais transformações
b) Agora são vocês, os alunos do grupo, que devem responder as perguntas com foco em ocorridas na sociedade imperial em função do desenvolvimento da cafeicultura: a) tamanho das

EncarteJunho_57.indd 2 11/23/10 1:30:30 AM

Você também pode gostar