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processo penal

Sistemas e Princípios

Sistema acusatório
● Caracteriza-se pela distinção entre acusação, defesa e julgamento, que ficam a
cargo de pessoas distintas.
● chama-se acusatório porque de acordo com esse sistema, ninguém pode ser
chamado a juízo sem que haja acusação (por meio da qual o fato imputado seja
narrado com todas as suas circunstâncias)
● assegura-se ao acusado o contraditório e a ampla defesa
● garante-se à defesa o direito de manifestar-se apenas depois da acusação, exceto
quando quiser e puder abrir mão desse direito
● atos processuais públicos
● cabe às partes produzir provas
● isonomia processual: defesa e acusação devem estar em equilíbrio
● O acusado responderá ao processo em liberdade, exceto na hipótese em que atos,
fatos ou circunstâncias relacionados ao seu comportamento e à natureza do delito
imputado demonstrarem a necessidade de sua segregação provisória.
● predominantemente oral

Sistema inquisitivo
● típico de sistemas ditatoriais: podem estar reunidas na pessoa do juiz a função de
acusar, defender e julgar
● Não é obrigatório existir uma acusação formulada por órgão público ou pelo
ofendido, sendo lícito ao juiz desencadear o processo criminal ex officio
● faculta-se ao magistrado substituir-se às partes e determinar a produção de provas
● o acusado praticamente não possui garantias, o que dá margem a excessos
● o processo não é público
● desigualdade entre as partes
● defesa restrita: não lhe é permitido manifestar-se depois da acusação para refutar
provas e argumentos trazidos ao processo pelo acusador
● permite prisão provisória (sem presunção de inocência)
● predominam nele procedimentos exclusivamente escritos

Sistema misto ou inquisitivo garantista


● mistura entre os dois sistemas: ao mesmo tempo em que há a observância de
garantias constitucionais, como a presunção de inocência, a ampla defesa e o
contraditório, mantém ele alguns resquícios do sistema inquisitivo, a exemplo da
faculdade que assiste ao juiz quanto à produção probatória ex officio e das restrições
à publicidade do processo que podem ser impostas em determinadas hipóteses.
● Há divisão entre as funções de acusar, defender e julgar. Entretanto, ao juiz é lícito,
em determinadas situações, substituir-se às partes, ora praticando atos próprios de
acusador, ora incorporando postura de defensor.

No Brasil
Majoritariamente aponta-se o sistema acusatório, mas existe uma corrente minoritária que
defende ser o sistema inquisitivo garantista.
Princípios
-Juiz natural: ninguém será julgado senão por autoridade competente
-Duplo Grau de Jurisdição: possibilidade de interpor recursos
-Ampla defesa
-Contraditório: Direito das partes de terem ciência de todos os atos e fatos havidos no
processo
-Imparcialidade do Juiz
- Devido Processo Legal

Não adotamos o sistema da prova tarifada, e sim o livre convencimento motivado


(excepcionalmente a íntima convicção no Tribunal do Júri)
O sistema acusatório foi o acolhido pela Constituição Federal que tornou privativa do Ministério
Público a propositura da ação penal pública; a relação processual somente tem início mediante a
provocação de pessoa encarregada de deduzir a pretensão punitiva (ne procedat judex officio);
impede que o magistrado promova atos de ofício na fase investigatória.

● A LEI PROCESSUAL NO TEMPO, ESPAÇO E EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS


ESPAÇO
O direito processual penal será aplicado à todas as infrações penais perpetradas em
território nacional (LEX FORI)
-critério: “considera-se praticado crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão , no todo
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” - teoria da
ubiquidade ou mista
EXCEÇÕES:
1. tratados, convenções e regras de direito internacional
Quando o Brasil é parte de tratados ou convenções, ou quando sua participação em
organização internacional disciplinada por suas próprias regras processuais, afasta a
jurisdição criminal brasileira
2. prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado,
nos crimes conexos com os Presidentes da República, e dos Ministros do STF, nos
crimes de responsabilidade
Incide a chamada jurisdição política: determinadas condutas não são julgadas pelo
Judiciário, mas por órgãos do Legislativo (Senado)
3. Os processo da competência da Justiça Militar
4. Os processos de competência do tribunal especial
Na atualidade, a criação de Tribunais especiais está proibida em razão do princípio do juiz
natural instituído no art. 5.º, XXXVII e LIII, da Constituição Federal de 1988.

O que diz respeito aos crimes políticos está previsto na Lei 7.170/1983 (Lei de Segurança
Nacional)
5. Processos por crime de imprensa
Prejudicada, igualmente, essa previsão. Primeiro, porque a Lei 5.250/1967, que regulava o
processo para a apuração dos crimes de imprensa, havia determinado, em seu art. 48, a
aplicação do Código de Processo Penal de forma subsidiária, e, segundo, porque o STF,
nos autos da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 130-7/DF5, declarou não
recepcionada pela Constituição Federal de 1988 a Lei 5.250/1967 (Lei de Imprensa),
afastando-a do ordenamento jurídico pátrio. Com essa decisão, juízes e tribunais passaram
a aplicar as figuras tipificadas no Código Penal e as normas procedimentais gerais previstas
no Código de Processo Penal para a apuração dos crimes contra a honra, quer sejam ou
não cometidos por meio da imprensa.

TEMPO
tempus regit actum/efeito imediato/aplicação imediata da lei processual: se no curso de um
processo criminal sobrevier nova lei processual, os atos já realizados sobre a égide da lei
anterior manterão sua validade normal.
Já as normas materiais são aquelas que objetivam assegurar direitos ou garantias. Possuem efeitos
retroativos nos aspectos que visam beneficiar o réu, mas jamais retroagem para prejudicá-lo.
A heterotopia, em síntese, consiste na intromissão ou superposição de conteúdos materiais no âmbito
de incidência de uma norma de natureza processual, ou vice-versa, produzindo efeitos em aspectos
relacionados à ultratividade, retroatividade ou aplicação imediata (tempus regit actum) da lei.
Incorre em crime continuado o agente que, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie, de tal forma que, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, seja possível concluir terem sido os crimes subsequentes continuação
do primeiro (art. 71 do Código Penal)
Por outro lado, crime permanente é aquele cuja consumação se protrai no tempo, dependendo sua
duração da vontade do sujeito ativo do delito.

PESSOAS
Apesar de a regra ser de aplicação da lei processual penal a todas as pessoas, existem pessoas que, no
exercicio de determinadas funções, são excluidas dessa aplicação e da autoridade do poder judiciário
- imunidades diplomáticas: tratados, convenções e regras de direito internacional
- agentes diplomáticos Chefes de Estado e os representantes de governos estrangeiros ficarão
absolutamente excluídos da jurisdição criminal dos países em que exercem suas funções,
estendendo-se tal imunidade a todos os agentes diplomáticos, incluindo-se embaixadores,
secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das respectivas representações,
seus familiares e funcionários de organismos internacionais quando em serviço (por exemplo,
ONU, OEA, OIC etc.). Isto significa que deverão ser processados e julgados no Estado que
representam, desimportando, para tanto, tratar-se o delito praticado de crime ou contravenção
(art. 31, §§ 1.º e 4.º da CVRD). Outrossim, não estarão obrigados a comparecer perante
qualquer juízo ou tribunal do país acreditado para testemunhar ou prestar informações sobre
fato de que tenham conhecimento (art. 31, § 2.º, da CVRD).
- agentes consulares: imunidade relativa, atinge apenas os atos praticados em função do
consulado
-IMUNIDADE PARLAMENTAR
imunidades que incidem no âmbito do Poder Legislativo da União. Estas garantias, em última
análise, representam, para os Deputados Federais e Senadores, a segurança de que poderão
exercer plenamente suas atribuições, livre de ameaças ou pressões de qualquer natureza,
inclusive quanto a processos judiciais que poderiam advir de razões meramente políticas.A
imunidade material (ou imunidade penal, ou imunidade absoluta ou inviolabilidade) é
aquela que garante ao parlamentar a prerrogativa de não ser responsabilizado pelas suas
manifestações escritas ou orais.As imunidades parlamentares formais (ou imunidades
processuais, ou imunidades relativas) compreendem as prerrogativas concedidas aos
parlamentares de não serem presos provisoriamente senão em flagrante por crime
inafiançável e a possibilidade de sustação dos processos criminais contra si instaurados
As regras gerais de processo penal são aplicadas a todos os tribunais, e são aquelas
contidas no CPP. Em caso de lei especial, prevalece esta, sendo aplicada,
subsidiariamente, o CPP.

Disposições preliminares do CPP


art. 1º ao 3º
o CPP vale em todo territorio brasileiro
exceto: tratados, convenções e regras de direito internacional; presidente, misnistros
do STF; os processos de competencia da justiça militar;
tem vigencia imediata, ex tunc
admite interpretação extensiva, aplicação analógica
o processo penal tem estrutura acusatória

INQUÉRITO
é o conjunto de diligências realizadas pela autoridade policial para obtenção de
elementos que apontem a autoria e comprovem a materialidade das infrações
penais investigadas, permitindo ao ministério público, e ao ofendido, o oferecimento
da denuncia e da queixa crime

Possui natureza administrativa

inquisitorial

não é imprescindível para ajuizar ação penal e não está sujeita a declaração de
nulidade

possui independencia formal

características: é um procedimento escrito, deve ser instaurado de officio,


indisponivel (uma vez instaurado, não pode ser arquivado)

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