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Trabalho de Culminação de Curso

Ficha #1D: Metodologia (Opção metodológica)


O que é a Metodologia?
Para Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa,
investigação; ou seja, Metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma
pesquisa científica.

A Metodologia informa sobre as abordagens e os procedimentos metodológicos da pesquisa,


ou seja, os recursos (métodos, instrumentos e técnicas) que serão ou foram utilizados para a
colecta, organização e análise de informações (dados), na tentativa de buscar respostas para o
Problema de Pesquisa.
As partes constitutivas da Metodologia são:
1. Tipo de pesquisa
2. População e amostra
3. Instrumentos e técnicas de colecta de dados.
4. Procedimentos para análise de dados.
5. Aspectos éticos a observar durante a pesquisa.

Tipos de pesquisa
Os tipos de pesquisa classificam-se quanto:
 À área da ciência (pesquisa teórica, pesquisa metodológica, pesquisa empírica e
pesquisa prática).
 À natureza (pesquisa básica e pesquisa aplicada).
 Aos objectivos (pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa).
 Aos procedimentos utilizados para a colecta de dados (pesquisas que se valem de fontes
de papel: bibliográfica e documental; pesquisas que se valem de dados fornecidos por
pessoas: experimental, levantamento, estudo de caso, estudo de campo, pesquisa-acção
e pesquisa participante).
 À forma de abordagem (pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa).

Pesquisa teórica
Conforme Demo (2000), a pesquisa teórica trata-se da pesquisa que é "dedicada a reconstruir
teoria, conceitos, ideias, ideologias, polémicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar
fundamentos teóricos".

Pesquisa metodológica
Pesquisa metodológica é o tipo de pesquisa voltada para o questionamento de métodos e
procedimentos adoptados como científicos. "Faz parte da pesquisa metodológica o estudo dos
paradigmas, as crises da ciência, os métodos e as técnicas dominantes da produção científica".
(Demo, 1994).

Pesquisa empírica
Pesquisa empírica é a pesquisa dedicada ao tratamento da "face empírica e fatual da realidade;
produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual". (Demo,
2000). A pesquisa empírica é a busca de dados relevantes e convenientes obtidos através da

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experiência, da vivência do pesquisador. Tem como objectivo chegar a novas conclusões a
partir da maturidade experimental do(s) outro(s).

Pesquisa prática
Pesquisa prática é a pesquisa "ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de
conhecimento científico para fins explícitos de intervenção; não esconde a ideologia, mas sem
perder o rigor metodológico". Alguns métodos qualitativos seguem esta direção, como por
exemplo, pesquisa participante, pesquisa-ação, onde via de regra, o pesquisador faz a devolução
dos dados à comunidade estudada para as possíveis intervenções. (Demo, 2000).

Pesquisa básica
A pesquisa básica objectiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem
aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.
Pesquisa aplicada
A pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução
de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Pesquisa exploratória
O principal objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar cmaior familiaridade com o
objecto de estudo. Muitas vezes, o pesquisador não dispõe de conhecimento suficiente para
formular adequadamente um problema ou elaborar de forma mais precisa uma hipótese. Nesse
caso, é necessário “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do
fenómeno e aponteas características essenciais das variáveis que se quer estudar”. (Köche,
1997).

Pesquisa descritiva
Esta pesquisa é aquela que analisa, observa, regista e correlaciona aspectos (variáveis) que
envolvem factos ou fenómenos, sem manipulá-los. Os fenômenos humanos ou naturais são
investigados sem a interferência do pesquisador que apenas “procura descobrir, com a
[máxima] precisão possível, a frequência com que um fenómeno ocorre, sua relação e conexão
com outros, sua natureza e características”. (Cervo; Bervian, 1983).
Pesquisa explicativa
A pesquisa explicativa tem como preocupação fundamental identificar factores que contribuem
ou agem como causa para a ocorrência de determinados fenómenos. É o tipo de pesquisa que
explica as razões ou os porquês das coisas. Assim, “os cientistas não se limitam a descrever
detalhadamente os fatos, tratam de encontrar as suas causas, suas relações internas e suas
relações com outros fatos. Seu objetivo é oferecer respostas às indagações, aos porquês [...]”.
(Galliano, 1986).

Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica é aquela que se desenvolve tentando explicar um problema a partir das
teorias publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais,
meios eletrónicos, etc.

Koche (1997) afirma que a pesquisa bibliográfica pode ser realizada com diferentes fins:
a) para ampliar o grau de conhecimentos em uma determinada área, capacitando o
investigador a compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa;
b) para dominar o conhecimento disponível e utilizá-lo como base ou fundamentação na
construção de um modelo teórico explicativo de um problema, isto é, como instrumento
auxiliar para a construçãoe fundamentação de hipóteses;

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c) para descrever ou sistematizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um
determinado tema ou problema.

. Pesquisa documental
A pesquisa documental assemelha-se muito com a pesquisa bibliográfica. Ambas adoptam o
mesmo procedimento na colecta de dados. A diferença está, essencialmente, no tipo de fonte
que cada uma utiliza. Enquanto a pesquisa documental utiliza fontes primárias (sem tratamento
analítico), a bibliográfica utiliza fontes secundárias.

A pesquisa documental pode apresentar algumas vantagens e limitações. Gil (2002) aponta as
seguintes vantagens:
a) os documentos consistem em fonte rica e estável de dados;
b) baixo custo;
c) não exige contacto com os sujeitos da pesquisa.
As críticas mais frequentes referem-se à subjectividade no conteúdo registado nos documentos
e a não representatividade.

Pesquisa experimental
A pesquisa experimental, segundo Rudio (1999), “[...] está interessada em verificar a relação
de causalidade que se estabeleceentre as variáveis, isto é, em saber se a variável X
(independente) determina a variável Y (dependente)”. Para isto, cria-se uma situação de
controlo rigoroso, neutralizando todas as influências alheias que Y pode sofrer.

Para que a pesquisa experimental possa ser desenvolvida, é necessário que se tenha, no mínimo,
três elementos:
1. manipulação de uma ou mais variáveis;
2. controlo de variáveis estranhas ao fenómeno observado;
3. composição aleatória de dois grupos: um experimental e outro de controlo, ambos com
características homogéneas, embora só se aplica o estímulo ao primeiro grupo.

Pesquisa de levantamento
Fonseca (2002) aponta que este tipo de pesquisa é utilizado em estudos exploratórios e
descritivos que procuram analisar, quantitativamente, características de uma determinada
população. O levantamento pode ser de dois tipos: levantamento de uma amostra ou
levantamento de uma população (também designado censo).
Para Gil (2002), as pesquisas do tipo levantamento: [...] caracterizam-se pela interrogação direta
das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em
seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados
pesquisados.

Estudo de caso
Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como
um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa
conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser
única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.
O pesquisador não pretende intervir sobre o objecto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele
o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que
procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva

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pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível
completa e coerente, do objecto de estudo do ponto de vista do investigador (Fonseca, 2002).

Estudo de campo
A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica
e/ou documental, se realiza colecta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos
de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-acção, pesquisa participante, etc.) (Fonseca,
2002).

O estudo de campo é uma modalidade de pesquisa na qual o pesquisador “acampa” no local da


pesquisa, envolvendo-se directamente com a realidade através da observação directa. É muito
importante não confundir o estudo de campo com pesquisas de levantamento de dados
realizadas em locais abertos ou públicos.

Pesquisa-acção
Segundo Thiollent (2003), a pesquisa-acção é um tipo de pesquisa social com base empírica
que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema colectivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou
do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Pesquisa participante
A pesquisa participante é uma modalidade de pesquisa qualitativa voltada para a ação político-
social de emancipação das comunidades carentes ou de parcos recursos, tendo como base o
empenho de uma instituição governamental ou privada interessada nos resultados da
investigação e, como tal, disposta a financiá-la (Gil, 2002). Neste sentido, o pesquisador tem
que necessariamente propor meios para a alteração da realidade observada, e não apenas
constatar o problema.
A pesquisa participante foi criada por Bronislaw Malinowski: para conhecer os nativos das ilhas
Trobriand, ele foi se tornar um deles. Rompendo com a sociedade ocidental, montava sua tenda
nas aldeias que desejava estudar, aprendia suas línguas e observava sua vida quotidiana
(Fonseca, 2002).

Pesquisa quantitativa
Segundo Bicudo (2004), a abordagem quantitativa está mais preocupada com a generalização,
relacionada com o aspecto da objectividade passível de ser mensurável, permitindo uma idéia
de racionalidade, como sinónimo de quantificação. Em outras palavras, este tipo de abordagem
se define pela idéia de rigor, precisão e objectividade.

As variáveis na pesquisa quantitativa são analisadas com base nos recursos da Estatística.
Percentagem, moda, média, mediana, desvio-padrão, frequência absoluta, frequência relativa,
regressão logística, intervalo de confiança, análise univariada, análise bivariada, análise
multivariada, teste t de student, teste z, teste qui-quadrado, são algumas das linguagens
adoptadas pelo pesquisador quantitativista.

Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa, conforme Minayo (1996), “[...] trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo
das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização
de variáveis”.

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A pesquisa qualitativa requer do pesquisador uma atenção muito maior às pessoas e às suas
idéias, procurando fazer sentido de discursos e narrativas que estariam silenciosas, tendo como
foco entender e interpretar dados e discursos, mesmo quando envolve grupos de participantes
e ficando claro que ela (a pesquisa qualitativa) depende da relação entre o observador e o
observado. (D’Ambrosio, 2004).

FIM

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