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AULA 6

JÂNIO QUADROS E JOÃO GOULART

GELSON FONSECA JR.


AULA 6
JÂNIO QUADROS E JOÃO
GOULART

Política Externa Independente


(1961-1964)
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JÂNIO QUADROS E JOÃO
GOULART

CHEFES DE GOVERNO
Jânio Quadros
• 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961
• Renuncia

Ranieri Mazzili
• Presidente da Câmara
• Assume como interino até 8 de setembro de 1961
• Goulart fora do Brasil
• Manifesto militar contra a posse de Goulart
• Adota-se o parlamentarismo
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PRESIDÊNCIA DE GOULART
Regime Parlamentar
• Tancredo Neves é nomeado Primeiro Ministro, exercendo o cargo de setembro de
1961 até junho de 1962
• Auro Moura Andrade (1 e 2 de julho de 1962)
• Brochado da Rocha (até setembro de 1962)
• Hermes Lima (novembro de 1962 a janeiro de 1963)

• OBS: Brochado da Rocha, depois de San Tiago não ter sido aceito pelo
Parlamento

Regime Presidencial
• Plebiscito e retorno ao presidencialismo (janeiro de 1963 a março de 1964)
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MINISTROS DE ESTADO
Data da posse Ministro

31/01/1961 Afonso Arinos de Melo Franco

11/09/1961 Francisco Clementino de San Tiago Dantas

16/07/1962 Afonso Arinos de Melo Franco

24/09/1962 Hermes Lima

18/06/1963 Evandro Cavalcanti Lins e Silva

22/08/1963 João Augusto de Araújo Castro


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MINISTROS DE ESTADO

Afonso Arinos de Melo Franco


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MINISTROS DE ESTADO

Francisco Clementino de San Tiago Dantas João Augusto de Araújo Castro


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MINISTROS DE ESTADO

Evandro Cavalcanti Lins e Silva


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ROTEIRO

“Apesar dos erros e insuficiências, a Política Externa Independente ou ao menos os


princípios que a inspiraram sobreviveram à adversidade porque constituíam uma
necessidade histórica da evolução da consciência coletiva da Nação. A demora e a
dificuldade em ser reconhecida como tal se devem, no começo, ao pioneirismo da
concepção e à radicalidade interna e externa da época. Estar certo antes da hora
não é crime nem erro, apenas falta de sorte. O epitáfio dessa diplomacia podia bem
ser a frase tantas vezes citada de Maquiavel: a sina da Política Externa
Independente foi ter muita virtú e pouca fortuna”
Rubens Ricupero (p.473)
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ROTEIRO
1. A situação nacional: Instabilidade institucional, as dificuldades
econômicas
2. A situação internacional: o agravamento da Guerra Fria e a questão
cubana. A emergência dos não alinhados
3. As opções nacionais: as propostas nacionalistas e americanistas
4. A eleição de Jânio Quadros, suas inclinações e a articulação de uma nova
proposta de política externa
5. As ações da PEI: a abertura para o mundo socialista e para a África. As
iniciativas na Conferência do Desarmamento
6. A diplomacia na questão cubana
7. A relação entre política interna e externa: a crise do Governo Goulart
8. Um novo paradigma
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Nova Política Externa do Brasil


Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Se somente agora o Brasil está sendo ouvido em assuntos internacionais, é porque,
ao assumir o poder, resolvi tirar proveito das consequências da posição que
atingimos como nação. Nós fôramos injustificadamente relegados a uma posição
obscura, enquanto – mesmo em nosso próprio hemisfério – havia erros e problemas
se acumulando em nosso caminho, que punham a perder o nosso próprio futuro.
Abandonamos a diplomacia subsidiária e inócua de uma nação jungida a interesses
dignos, mas estrangeiros, e, para proteger nossos direitos, colocamo-nos na
primeira linha, convencidos que estávamos de nossa capacidade para contribuir com
nossos próprios meios para a compreensão entre os povos.”
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Nova Política Externa do Brasil


Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Em consequência da formação histórica, cultural e cristã, tanto quanto a situação


geográfica, nossa nação é predominantemente ocidental. Nosso esforço nacional é
dirigido para a obtenção de sistema de vida democrático, tanto política como
socialmente. Poderá não ser inútil frisar aqui que nossa dedicação à democracia é
maior do que a de outras nações da nossa esfera cultural. Tornamo-nos, assim, o
exemplo mais bem sucedido de coexistência racial e integração conhecido na
história.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“No entanto, na situação atual, não podemos aceitar uma posição nacional
predeterminada, exclusivamente na base das premissas acima. É inegável que
temos outros pontos em comum, com a América Latina em particular e com os
povos recentemente emancipados da Ásia e África, que não podem ser ignorados,
porque se encontram nas bases do reajustamento da nossa política e sobre eles
convergem muitas das linhas principais do desenvolvimento da civilização brasileira.
Se é verdade que não podemos relegar nossa devoção à democracia a um lugar
secundário, não é menos verdade que não podemos repudiar laços e contatos
oferecendo grandes possibilidades para a complementação nacional.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Os Estados Unidos precisam compreender que hoje enfrentam um desafio do


mundo socialista. O mundo ocidental precisa mostrar e provar que não é somente o
planejamento comunista que promove a prosperidade das economias nacionais. O
planejamento democrático precisa também fazer o mesmo, com a assistência dos
que são economicamente capazes, se o sistema político de uns perplexos dois terços
do mundo ocidental vai evitar o risco de uma bancarrota.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Não podemos frisar com demasiada frequência a que ponto a pobreza nos separa
da América do Norte e das principais nações europeias do mundo ocidental. Se, pelo
sucesso alcançado, elas representam aos olhos dos povos subdesenvolvidos o ideal
de realização de uma elite de origem cultural europeia, vai, no entanto, se
enraizando nas mentes das massas a convicção de que esse ideal, para uma nação
sem recursos e prejudicada nas suas aspirações de progresso, é uma ironia. Que
solidariedade pode existir entre uma nação próspera e um povo desgraçado? Que
ideais comuns podem, no curso do tempo, suportar a comparação entre as áreas
ricas, cultivadas, dos Estados Unidos e as zonas assoladas pela fome no nordeste do
Brasil?”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Neste ponto, poderia ser apropriado fazer referência aos preconceitos ideológicos
das democracias capitalistas, sempre prontas a depreciar a ideia de intervenção
estatal em países onde ou o Estado controla e governa o crescimento econômico – o
que se tornou uma questão de soberania – ou nada é realizado. Não estamos em
posição de permitir a liberdade de ação de forças econômicas em nosso território,
simplesmente porque essas forças, controladas do exterior, fazem o seu próprio
jogo e não o de nosso país.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“A questão de Cuba, ainda dramaticamente presente, nos convenceu, de uma vez


por todas, da natureza da crise continental. Ao defender com intransigência a
soberania de Cuba contra interpretações de um fato histórico que não pode ser
controlado a posteriori, acreditamos ajudar a despertar o continente para a
verdadeira noção das suas responsabilidades. Defendemos nossa posição a respeito
de Cuba, com todas as suas implicações. A atitude do Brasil foi, sem dúvida,
compreendida por outros governos e, à medida que ganha terreno, o inteiro sistema
regional mostra sinais de regeneração na avaliação das responsabilidades de cada
nação-membro.”
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Nova Política Externa do Brasil


Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Creio que é precisamente na África que o Brasil pode prestar o melhor serviço aos
conceitos de vida e métodos políticos ocidentais. Nosso país deveria tornar-se o elo,
a ponte entre a África e o Ocidente, desde que estamos tão intimamente ligados a
ambos os povos. Enquanto pudermos dar, às nações do Continente Negro, um
exemplo de completa ausência de preconceito racial, juntamente com provas
cabais de progresso sem solapar os princípios da liberdade, estaremos contribuindo
decisivamente para a integração efetiva de todo o continente num sistema ao qual
estamos presos por nossa filosofia e tradição histórica.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“Por muitos anos, o Brasil fez o erro de apoiar o colonialismo europeu nas Nações
Unidas. Essa atitude – que somente agora começa a desaparecer – deu lugar a uma
justificada desconfiança quanto à política brasileira. Círculos mal informados,
excessivamente impressionados com as maneiras de agir europeias, contribuíram
para um erro que deve ser atribuído mais ao desprezo dos compromissos mais
profundos de nosso país do que à malícia política. Nossas relações fraternais com
Portugal influíram na complacência demonstrada pelo Ministério das Relações
Exteriores do Brasil nesse assunto.”
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Artigo de Jânio Quadros na Foreign Affairs

“O primeiro passo para tirar proveito total das possibilidades da nossa posição no
mundo consiste em manter relações normais com todas as nações. O Brasil, que por
má interpretação ou distorção do seu bom senso político, levou vários anos sem
contatos regulares com as nações do bloco comunista, a ponto, mesmo, de ter
apenas relações comerciais indiretas e insuficientes com elas. Como parte do
programa do meu governo, decidi examinar a possibilidade de reatar relações com a
Romênia, Hungria, Bulgária e Albânia; essas já foram agora estabelecidas.
Negociações para o reatamento de relações com a União Soviética estão em
progresso e uma missão oficial brasileira vai à China para estudar as possibilidades
de trocas. Em consonância com essa revisão de nossa política externa, meu país,
como é sabido, decidiu votar a favor da inclusão na agenda da Assembleia Geral das
Nações Unidas da questão da representação da China; essa posição inicial terá, no
seu devido tempo, suas consequências lógicas. ”
Muito obrigado.

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