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por Fenelon Rocha
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á dez anos chegava a público, em ver-
são impressa, este 10 Mulheres Antes da
Hora. A iniciativa da Coordenadoria de
Comunicação do Estado (CCom) abraçava um
propósito mais que claro: evidenciar a trajetória
de mulheres que marcaram nossa história. Agora
o trabalha ganha uma versão digital, com os
mesmos textos e o mesmo projeto gráfico do
espetacular Tupy.
O projeto não muda. Tampouco o propósito:
lançar luz sobre a trajetória de mulheres extraordi-
nárias, personagens que estiveram bem à frente de
seu tempo e ajudaram a abrir novos caminhos – e
não apenas para as mulheres. São figuras que
deixaram marcas poderosas no percurso nem
sempre tranquilo.
Na apresentação de 2012, a então deputada
Lilian Martins assinalava: “Há pessoas que
passam pela vida. Outras que permanecem”. Os
dez perfis aqui retratados são de personalidades
que permanecem, que são marcantes em áreas tão
diversas, como literatura, ação social, ciência,
história, comunicação e política. No texto, Lilian
chamava atenção para as duas faces da moeda da
injustiça histórica que se comete contra o gênero
feminino.
“A primeira dessas facetas – destacou – é a tempo passar e arregaçaram as mangas, interfe-
limitação de espaço para que a mulher pudesse rindo nas circunstâncias e no destino” – acentuou
exercitar seus direitos e usar plenamente suas a então deputada, egressa da UFPI que hoje presi-
ideias e talentos. Até hoje ainda há limites sérios: de o Tribunal de Contas do Estado. E o livro
a maior parte dos cargos de comando é entregue procurava precisamente resgatar os feitos de
aos homens; e as mulheres seguem ganhando mulheres que, seguramente, estiveram adiante
menos, mesmo em funções iguais. No Brasil, o das horas, à frente do tempo comum.
salário inicial de uma mulher com nível superior é “Aqui estão Esperança Garcia, rebelde
30% menor que o concedido a um homem que clamando por dignidade, e Jovita Feitosa, guerrei-
ingressa no mercado nas mesmas condições”. ra decidida a lutar por um País inteiro. Também
Infelizmente, a estatística segue válida. está Amélia Beviláqua, ousada ao tentar lançar
O texto apontava outras limitações, como a luz sobre os iluminados da Nação; Nasi Castro,
baixa representação política. “Somos um pouco ela própria iluminadora de caminhos, como
mais da metade da população do Brasil, mas parteira ou poetisa; e Niéde Guidon, um farol para
temos só 9% das cadeiras na Câmara dos Deputa- a Arqueologia que ofereceu à Ciência um novo
dos. Na Assembleia Legislativa do Piauí, são porto no sertão do Piauí. Há muito mais: Genu
apenas 7 entre 30 vagas”, lembrou. Hoje, a Moraes, que há sete décadas desdenha das regras
realidade na Câmara Federal é um pouco melhor e encanta homens e mulheres; Elvira Raulino,
(15% dos assentos), mas muito distante da transgressora e inovadora no ser e no fazer; Graça
proporção das mulheres na vida do país. No caso Cordeiro, hipnotizante apenas por mover tão bem
da Assembleia piauiense, a situação piorou, com a varinha da generosidade; Teresinha Queiroz,
apenas 4 mulheres eleitas em 2018. Os dados que mergulhou na academia para submergir como
comprometem a Democracia e Justiça. uma Iara a encantar as mentes dos discípulos; e
A outra faceta da moeda da injustiça é o não Francisca Trindade, puro carisma a enfeitiçar as
reconhecimento. “Mesmo com todas as limita- massas e, sobretudo, carregar os anseios de todo
ções, a História nos reserva (e esconde) exemplos um povo para o espaço da representação popular”
brilhantes, de mulheres que não esperaram o – descrevia a apresentação.
E aqui está o trabalho outra vez. Em 2012,
participei do projeto triplamente – como Coorde-
nador de Comunicação, como organizador
do volume e como autor de três textos (um
deles com a colaboração de Katya D’An-
gelles). Naquele momento, tivemos o
entusiasmado apoio do governador Wilson
Martins. Agora, recebemos a autorização da
CCom, através do coordenador Allison Bacelar,
também entusiasmado no propósito de projetar
nossos valores.
Mais que tudo, a disponibilização do trabalho
em formato digital atende à alta demanda, na
procura permanente de muitos que desejam
conhecer as pessoas que marcaram a trajetória
desse Estado. E aqui fica o agradecimento à
Editora da UFPI, que viabiliza a distribuição mais
ampla de uma obra que clareia os caminhos da
memória de nossa terra. A intenção é,
assim, preencher uma lacuna importante nas
referências históricas relativas ao Piauí em geral,
e à mulher em particular.
Aproveitem. Porque as histórias que temos
aqui, mesmo aquelas sem final feliz, são muito,
muito inspiradoras. Elas mostram que outra
realidade é possível.
FICHA TÉCNICA

Universidade Federal do Piauí GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ


José Wellington B. de Araújo Dias (2022)
REITOR Wilson Nunes Martins (2012)
Gildásio Guedes Fernandes
COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO
VICE-REITOR Allison Beserra Bacelar (2022)
Viriato Campelo Fenelon Rocha (2012)

SUPERINTENDENTE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL


Fenelon Rocha PROJETO GRÁFICO
Tupy Neto
DIRETOR DA EDITORA DA UFPI
Cleber de Deus REVISÃO
Rejane Moraes
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
FOTOGRAFIA
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Educação
Serviço de Processamento Técnico Arquivo pessoal
André Pessoa
D532 10 Mulheres antes da hora / Fenelon Rocha (Organizador). Paulo Barros
2. ed. Teresina: 2022.
148 p.
Régis Falcão

ISBN 978-65-5904-157-2

1. Mulheres. 2. Piauí – personalidades. 3. Piauí –


história. I. Rocha, Fenelon. II. Título.
CDD: 305.4

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