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Reitor
Fernando Ferreira Costa
Vice-Reitor
Edgar Salvadori de Decca
Pró-Reitor de Pesquisa
Ronaldo Aloise Pilli
Pró-Reitor de Graduação
Marcelo Knobel
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Euclides de Mesquita Neto
Rosana Baeninger
organizadora
Apoio
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
Harold Robinson - Representante Brasil e Diretor Argentina e Paraguai
Taís Freitas Santos - Representante Auxiliar
FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN 978-85-88258-23-5
Apresentação
Taís Freitas Santos ...................................................................................................................... 7
Introdução .................................................................................................................................. 9
Cidadania, qualidade de vida e produção do espaço urbano: desafios para a gestão urbana e
para o enfrentamento da questão social
Claudete de Castro Silva Vitte .................................................................................................... 79
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Este artigo é baseado em trechos selecionados da publicação de Martine e McGranahan
(2010), no qual pode ser encontrada uma discussão mais extensa destes e outros tópicos
relacionados, assim como a bibliografia detalhada.
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grandes problemas sociais e ambientais que afligem as cidades brasileiras
no século 21.
Este artigo argumenta que as dificuldades urbanas atuais refletem
a confluência de dois fatores principais interligados: a desigualdade
profundamente arraigada na sociedade brasileira e a incapacidade de prever,
aceitar e planejar de forma antecipada o crescimento urbano maciço e
inevitável. Pode-se dizer que a forte desigualdade que caracteriza até hoje
a sociedade brasileira veio nos navios portugueses, os quais trouxeram a
estratificação social característica do país colonizador, e foi logo fortalecida
pelas sesmarias e pela adoção do sistema da escravatura. Através dos séculos,
a desigualdade tem sido reproduzida e aprofundada pelas estruturas sociais
e culturais que predominaram nos ciclos coloniais, imperiais, republicanos,
militares e democráticos, chegando a mostrar sinais de arrefecimento apenas
nos últimos anos.
Profundamente arraigada na cultura e nas instituições, essa desigualdade
tem contribuído para imunizar a sociedade contra o reconhecimento do direito
à cidade da população de baixa renda e tem deprimido sua capacidade para
apreciar a dimensão dos problemas enfrentados pelas massas populacionais
que dinamizaram o crescimento urbano brasileiro. Essa aceitação implícita e,
de certa forma, inconsciente da desigualdade e da pobreza também explica
a lentidão dos políticos e planejadores para apreender e reagir à magnitude,
velocidade e importância do crescimento urbano. Essa lentidão, por sua vez,
impediu a adoção de atitudes proativas em relação à urbanização, facilitando
assim a propagação da pobreza habitacional, da inadequação fiscal e da
degradação ambiental que hoje marca tantas cidades brasileiras. Esses
problemas têm dificultado o aproveitamento da urbanização precoce do país
e a exploração do seu potencial para o desenvolvimento social e econômico
do país.
O atual trabalho visa analisar o crescimento urbano brasileiro no contexto
do desenvolvimento nacional e extrair daí algumas lições práticas que possam
servir para orientar as transições urbanas que estão se iniciando, com volumes
populacionais muito maiores, nos países em desenvolvimento da Ásia e da
África. Muito se poderia aprender da experiência brasileira para ajudar esses
países a fazer uma transição urbana mais equitativa e menos comprometida
pelos problemas que marcam a trajetória da urbanização brasileira.
90%
80%
70%
60%
50% Brasil
40% África
30%
Ásia
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0
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TABELA 1 - Crescimento Anual da População e do PIB na Ásia (Menos o Japão), África, América
Latina e Brasil, em Perídos Selecionados entre 1500 e 1998
Período
TABELA 2 - Taxas Brutas de Natalidade e Mortalidade (por mil), Brasil 1872 a 1960
Período Taxa Bruta de Natalidade Taxa Bruta de Mortalidade
1872-1890 46,5 30,2
1890-1900 46,0 27,8
1900-1920 45,0 26,4
1920-1940 44,0 25,3
1940-1950 43,5 19,7
1950-1960 44,0 15,0
Fonte: Fundação IBGE (2003).
TABELA 4 - Estimativas da Migração Rural-Urbana Líquida (en milhões), Por Sexo, Brasil 1940-2000
Considerações finais
Referências
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