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REPRODUÇÃO MATRICIAL, UM NOVO MÉTODO DE REPRODUÇÃO PARA

ALGORITMOS GENÉTICOS COM CODIFICAÇÃO REAL

César Daltoé Berci∗, Celso Pascoli Bottura∗


DMCSI - FEEC - UNICAMP

Av. Albert Einstein, 400 - sala 215


Campinas, Brasil

Emails: cesardaltoe@hotmail.com, cpbottura@dmcsi.fee.unicamp.br

Resumo— A relevância dos algoritmos genéticos como ferramenta de busca e otimização é considerável, e
vem crescendo com a ampliação da sua gama de aplicações. A eficiência do algoritmo em encontrar o objetivo é
determinada não só pela complexidade do problema, mais também pelo conjunto de parâmetros e operadores es-
colhidos. O objetivo deste trabalho é apresentar um novo método de reprodução, baseado em um aproveitamento
mais racional do espaço de busca, obtendo assim um melhor desempenho do algoritmo em diversas aplicações.

Palavras-chave— Algoritmos Genéticos, Método de Reprodução, Otimização Não Linear

1 Introdução Charles Darwin, que propôs a existência de um


mecanismo, batizado por ele de seleção natural.
Com o constante crescimento da capacidade com- A existência desse mecanismo faz com que
putacional disponı́vel, ferramentas de inteligência nem todos os organismos que nascem, sobrevivam
computacional e outros métodos numéricos mais ou reproduzam-se, mas somente uma porção
onerosos ganham representatividade em diversas destes organismos, melhor adaptados para en-
áreas, onde destaca-se aqui as áreas de otimização frentar as adversidades ambientais do sistema no
e controle não lineares. qual estão inseridos. Dessa forma, após várias
Dentre as ferramentas inteligencia computa- gerações as caracterı́sticas favoráveis à adaptação
cional disponı́veis, encontram-se os algoritmos do organismo serão favorecidas, enquanto as vari-
genéticos, método baseado no principio da ações desfavoráveis tendem a desaparecer.
evolução capaz de encontrar soluções para prob- As teorias de Darwin resultam em uma lei
lemas bastante complexos através de um processo geral de evolução que quando aplicada a uma
evolucionário razoavelmente simples. população de organismos, resulta de forma emer-
Para tornar possı́vel a solução do problema gente em uma nova população contendo organis-
são necessárias algumas definições e métodos, a mos mais adaptados ao meio onde vivem. Este
fim de criar um ambiente computacional que processo evolutivo pode ser descrito, de maneira
simule um meio natural sujeito à evolução. En- formal, por meio do algoritmo mostrado a seguir.
tre os métodos necessários está o método de re-
produção que estabelece como serão gerados os
herdeiros durante o processo evolutivo. Considerar uma população de organismos
O objetivo deste trabalho é descrever de forma inicial;
sucinta as principais caracterı́sticas e motivações while not fim do
dos algoritmos genéticos, e apresentar um novo Reproduza os organismos;
método de reprodução aplicável a algoritmos com Varie aleatoriamente os organismos;
codificação real sobre espaços de busca contı́nuos, Aplique a Seleção Natural
end
desenvolvido com o intuito de criar um aproveita-
mento mais racional deste espaço, melhorando as- Algorithm 1: Algoritmo evolutivo
sim a capacidade de exploração e o desempenho
de todo o processo evolutivo. As idéias de Darwin foram o objeto de estudo
de vários pesquisadores durante os anos de 30 e
2 Origens dos Algoritmos Genéticos 40 do século XX, que desenvolveram o princı́pio
da preservação da variabilidade por meio da mu-
Durante séculos, a humanidade acreditou ter sido tação e recombinação genética. Posteriormente,
formada por um criador inteligente e onipotente, nos anos de 50 e 60, biólogos e matemáticos desen-
responsável pela criação do universo e toda sua volveram simulações computacionais de sistemas
existência da forma como o conhecemos. Essa teo- evolutivos com base nesses estudos.
ria criacionista foi sustentada principalmente por Dando seqüência a esses eventos, John Hol-
religiosos, e ganhou força durante o intervalo de land, professor da Faculdade de Engenharia
tempo conhecido como idade das trevas. Elétrica e Computação da Universidade de Michi-
O principal trabalho a questionar essa gan, juntamente com seus alunos e colegas pro-
hipótese de forma cientifica, foi elaborado por fessores, desenvolveram em meados da década de
60, um método heurı́stico o qual foi chamado de ismo. Essas alterações são aleatórias e pontuais,
algoritmo genético, tendo como objetivo estudar envolvendo a eliminação ou substituição de um ou
formalmente o fenômeno de adaptação ocorrido na de poucos alelos.
natureza, para com isso assimilar seus mecanismos
e traduzi-los para processos computacionais. 3 Algoritmos Genéticos
Em seu livro Adaptation in Natural and Arti-
ficial Systems (Holland, 1975), Holland descreve Algoritmos genéticos são métodos de busca e
os conceitos básicos dos algoritmos genéticos e otimização baseados em processos biológicos de
em 1989, é publicado o livro Genetic Algorithms evolução. Estes algoritmos foram desenvolvidos
in Search, Optimization & Machine Learning tendo basicamente dois objetivos:
(Goldberg, 1989), no qual David Goldberg trata
da maior parte dos tópicos de relevante mérito na • Abstrair de maneira formal e rigorosa pro-
área. Atualmente, estes dois livros são as refer- cessos biológicos envolvidos na evolução dos
ências mais importantes sobre algoritmos genéti- seres vivos, possibilitando um melhor en-
cos, e sua aplicação se estende aos mais diversos tendimento dos organismos vivos e de suas
problemas na área de otimização e aprendizado de origens.
máquina.
• Utilizar computacionalmente a capacidade
existente nos mecanismos de evolução nat-
2.1 Terminologia Biológica ural, desenvolvendo sistemas evolutivos ca-
pazes de resolver problemas complexos basea-
A estrutura básica que descreve um organismo
dos na evolução de agentes simples.
vivo é o cromossomo, formado por uma cadeia de
DNA (Deoxyribonucleic acid ). Cada cromossomo Estes algoritmos utilizam uma população de
de um ser vivo é formado por genes, que são blo- soluções candidatas ao problema, sendo cada
cos funcionais de DNA. Cada gene está localizado solução representada por um indivı́duo da pop-
em uma posição (locus) particular de um cromos- ulação. Estes indivı́duos, assim como em um am-
somo. biente natural, encontram-se sujeitos a interações
Um gene, ocupando um dado locus, pode ap- com o meio onde estão inseridos. O processo
resentar várias formas alternativas. À essas for- de evolução acontece de forma continuada e si-
mas dá-se o nome de alelo. A tı́tulo de exemplo, multânea com relação a todos indivı́duos da pop-
consideremos o gene que determina a cor de uma ulação, caracterizando uma estratégia paralela de
certa flor. Esse único gene apresenta diferentes busca.
versões, ou alelos diferentes, um podendo resultar Esses algoritmos podem ser considerados fer-
em flores brancas e outro em flores vermelhas. ramentas de busca global, dada a maior proba-
O conjunto de cromossomos existente no in- bilidade de se encontrar uma solução globalmente
terior do núcleo das células carrega a herança ótima da função em comparação a algoritmos pro-
genética do indivı́duo, herdada de seus genitores. cedurais, que apresentam uma grande probabili-
Como os cromossomos são compostos de genes, dade de encontrar um ótimo local mais próximo
é possı́vel concluir que esta informação está ar- de onde o método foi inicializado.
mazenada em um conjunto dessas estruturas. À Em (Goldberg, 1989), o autor introduz a es-
esse conjunto de genes dá-se o nome de genótipo. trutura básica de funcionamento de um algoritmo
O genótipo carrega informação a respeito de genético, explicitando cada etapa do algoritmo.
várias caracterı́sticas do indivı́duo, porém, a man- Mais detalhadamente, esse algoritmo pode ser de-
ifestação destas caracterı́sticas é muitas vezes in- scrito pela seguinte sequência de passos:
fluenciada pela ação do meio, gerando manifes-
tações causadas pela expressão do genótipo so- • É gerada uma população inicial formada
mada à interação do indivı́duo com o ambiente por um conjunto aleatório de indivı́duos,
em que se encontra. Essa manifestação é con- onde cada indivı́duo representa uma possı́vel
hecida como fenótipo e como esta gera fatores ob- solução para o problema.
serváveis, a genética clássica utiliza-se do fenótipo • É iniciado o processo evolutivo: cada indivı́-
de um indivı́duo para deduzir conclusões a re- duo da população é avaliado e recebe um con-
speito de seu genótipo. ceito, chamado de fitness, que reflete a qual-
A reprodução nada mais é do que a recom- idade da solução por ele representada. Em
binação das informações genéticas dos pais, que processos naturais, essa avaliação representa
ocorre por meio de um processo conhecido como: o quão adaptado um organismo esta em re-
crossover, que consiste em uma troca aleatória de lação ao meio onde ele vive.
material genético entre dois cromossomos distin-
tos, ocorrida durante a meiose celular. • São selecionados membros da população com
Na biologia, mutações são mudanças na se- base no conceito que estes receberam na etapa
qüência de pares de base do DNA de um organ- anterior. Parte dos indivı́duos é mantida para
a nova geração. Enquanto isso, os indivı́duos seja atribuı́da diretamente ao cromossomo (campo
menos adaptados não são selecionados e desa- escalar sobre os reais), sem necessidade de conver-
parecem da população, em um processo que são.
tende a extinguir variações desfavoráveis. São possı́veis ainda várias outras codificações,
visto que os cromossomos são sempre representa-
• São escolhidos pares para reprodução tam-
dos por sı́mbolos de um alfabeto pertencente a
bém com base em seu fitness. Esses indivı́-
uma dada linguagem.
duos se reproduzem e deixarão descendentes
na nova geração.
3.2 Reprodução
• A nova população é sujeita a mutações
aleatórias, visando introduzir variabilidade Nos algoritmos genéticos, o processo de repro-
nos indivı́duos. Essas variações serão avali- dução tenta implementar as caracterı́sticas nat-
adas na próxima geração, onde caracterı́sti- urais da reprodução dos organismos, ou seja, re-
cas favoráveis à solução do problema serão combinar o material genético dos pais para gerar
privilegiadas. um filho, conseguindo com isso propagar a herança
• O processo evolutivo continua criando novas genética dos pais para a próxima geração.
gerações até que um dado critério seja aten- Consideremos dois indivı́duos pais represen-
dido e uma solução satisfatória seja encon- tados pelos cromossomos: C 1 = (c11 , c12 , ..., c1N ) e
trada. C 2 = (c21 , c22 , ..., c2N ), selecionados em uma pop-
ulação representada por pontos do espaço RN ,
Esse algoritmo, apesar de parecer bastante onde todo cji ∈ R é um número real. A repro-
simples do ponto de vista biológico, representa dução desses cromossomos pode ser realizada de
uma poderosa ferramenta de busca adaptativa e inúmeras maneiras, tendo cada uma delas, car-
robusta (Brun, 2007), de grande poder computa- acterı́sticas próprias favoráveis a aplicações difer-
cional. entes.
Uma das etapas mais complexas e que de- São observadas na literatura diversas pro-
spende maior tempo e trabalho na aplicação postas de métodos de reprodução aplicáveis a al-
dos algoritmos genéticos, é a fase de codificação goritmos genéticos com codificação real, sendo
do problema, tendo em vista que os algoritmos várias delas aqui tratadas, além da reprodução
genéticos atuam sobre a codificação do problema, matricial apresentada neste documento, que tem
evoluindo os indivı́duos da população, sem levar como objetivo melhorar a performance do algo-
em conta o que eles representam e sim seu nı́vel ritmo em determinados problemas. A seguir, são
de adaptação medido pelo seu fitness. apresentadas as principais propostas de repro-
A codificação consta basicamente da definição dução encontradas na literatura.
de como os cromossomos irão representar as pos-
sı́veis soluções, funções de fitness para avaliar a • Flat Crossover (Radcliffe, 1991). Neste
adaptação de cada indivı́duo, operadores genéti- método de reprodução, o cromossomo filho
cos de mutação e reprodução e mecanismos de se- H = (h1 , h2 , ..., hN ) é gerado componente a
leção. O termo codificação se aplica normalmente componente através da seguinte equação:
de forma mais restrita, tratando apenas da rep-
resentação dos cromossomos. Neste documento
optou-se por uma definição mais ampla da codi- hi = c1i + r(c2i − c1i ) ∀i ∈ {1...N } (1)
ficação, devido à variações necessárias para que o
algoritmo possa ser implementado em diferentes onde r é um número aleatório tal que: r ∈
tipos de problemas, como por exemplo: otimiza- [0, 1]. Dessa forma, cada componente hi do
ção de funções, clusterização de dados, entre out- vetor H é escolhida aleatoriamente no inter-
ros. valo: [c1i , c2i ].
Consideremos agora o subespaço S, formado
3.1 Codificação Real pelos possı́veis filhos de um determinado par
Esta codificação representa os cromossomos por de cromossomos C1 e C2 . Para o método de
números ou vetores reais. Tal representação reprodução em questão, este subespaço for-
permite cobrir um domı́nio bastante abrangente mará um hipercubo limitado pelos cromosso-
(Herrera et al., 1998), o que seria difı́cil trabal- mos pais.
hando com cadeias binárias, pois, para aumentar
o domı́nio sem perder precisão, faz-se necessário • Crossover Aritmético (Michalewicz,
aumentar o comprimento das cadeias binárias, o 1992). Similar ao Flat Crossover, porém, é
que causa um conseqüente aumento exponencial determinado um parâmetro r constante e
em complexidade ao problema. Além deste fator, dois cromossomos filhos H 1 e H 2 são gerados
a codificação real permite que a função de fitness a partir dele como segue:
Este é um processo de cruzamento bastante
simples, e muito utilizado em problemas de
h1i = c1i + r(c2i − c1i ) ∀i ∈ {1...N } otimização irrestrita. Assim como o método
h2i = c2i + r(c1i − c2i ) ∀i ∈ {1...N } BLX-α, este método também tem a capaci-
(2) dade de expandir o espaço de busca, para,
com isso, encontrar soluções fora do sube-
spaço onde o método foi inicializado.
• BLX-α (Eshelman and Schafter, 1993).
Outro método similar ao Flat Crossover, onde • Crossover Heurı́stico de Wright (Wright,
são escolhidos componentes hi para os cro- 1991). Este método de cruzamento leva em
mossomos filhos dentro do intervalo: [cmin − conta o fitness do melhor indivı́duo entre
Iα, cmax + Iα], onde: cmin = min(c1i , c2i ) e os dois pais, tentando gerar herdeiros mais
cmax = max(c1i , c2i ). semelhantes a esse pai melhor adaptado.
Esse processo pode expandir (ou contrair Consideremos aqui que o cromossomo C 1
para α < 0) o subespaço S, possibilitando possui fitness mais elevado; sendo assim, o
um aumento da diversidade da população, herdeiro H será dado pela seguinte equação:
que poderá se expandir mais facilmente para
regiões fora do subespaço onde o método foi
inicializado. É possı́vel notar também que H = C 1 + r(C 1 − C 2 ) (3)
para α = 0, o método será idêntico ao Flat onde r é um número aleatório pertencente ao
Crossover. intervalo: [0, 1].
• Crossover Simples (Wright, 1991). Um • Recombinação Matricial. Este método,
ponto de crossover é escolhido e dois novos apresentado neste documento e proposto ini-
cromossomos são gerados pela recombinação cialmente em (Berci, 2008), visa explorar
das componentes dos cromossomos pais, de forma mais eficiente o espaço de busca.
como segue: Para tanto, é realizado o processo inverso
na definição do operador de reprodução,
onde primeiramente é estipulado empirica-
H1 = (c11 , ..., c1r , c2r+1 , ..., c2N ) mente um subespaço onde deseja-se que se
H2 = (c21 , ..., c2r , c1r+1 , ..., c1N ) encontrem os herdeiros, para posteriormente
definir-se um equacionamento matemático
onde r é um número aleatório inteiro escol- que gere esse subespaço.
hido entre 1 e N . Consideremos uma função objetivo que gerou
Este método tenta preservar caracterı́sticas as curvas de nı́vel ilustradas na Figura 1.
do crossover biológico, assim como é feito O método proposto visa gerar herdeiros no
na codificação binária, porém, o método gera subespaço S descrito na figura.
uma subespaço discreto dentro de um espaço
de busca continuo, o que reduz de um valor Curvas de nı́vel
que tende a infinito o número de possı́veis
herdeiros. Essa drástica redução do número
de elementos do subespaço S, pode em algu-
mas situações levar a uma perda de diversi-
dade da população.
Cromossomos Pais
• Crossover de Linha Estendida
(Mühlenbein and Schlierkamp-Voosen, 1993).
Neste método de recombinação, é escolhido
um escalar α ∈ [−0.25, 1.25] aleatoriamente Subespaço S
e o cromossomo filho é então expresso pela
seguinte equação:

Figure 1: Curvas de nı́vel


H = C 1 + α(C 2 − C 1 )

O subespaço S que representa os possı́veis O subespaço S é então definido como o in-


cromossomos filhos, é formado por um seg- terior de uma hiperesfera centrada no ponto
mento de reta que passa pelos cromossomos médio entre os cromossomos pais, dado por:
pais e se estende por 25% do comprimento da Ct = (C 1 + C 2 )/2. Esta hiperesfera tem seu
distância entre os dois, em cada uma de suas raio igual à distância entre os vetores pais:
extremidades. R = norma(C 2 − C 1 ). Se considerarmos um
vetor unitário v(θ), formando um angulo θ de resultados que comprovam as conclusões ex-
com a reta que passa pelos cromossomos pais postas neste documento.
r, essa hiperesfera pode ser determinada var- A caracterı́stica estocástica dos algoritmos
iando o ângulo θ. genéticos dificulta a análise da sua eficiência, dado
Dessa forma um herdeiro H pertence ao sube- que será encontrado um resultado diferente a cada
spaço S se: norma(H − Ct) ≤ Rv. execução do método para o mesmo problema.
Dessa forma, torna-se necessário introduzir um
Consideremos a tı́tulo de exemplo, dois cro- método de inferência estatı́stica, analisando não
mossomos pais, C 1 e C 2 , escolhidos ao acaso apenas resultados pontuais, mais sim a média e a
e pertencentes ao espaço R2 , bem como variância obtidos de uma série de nr repetições do
números aleatórios α gerados a partir de algoritmo.
uma distribuição retangular de probabili- A fim de realizar as comparações necessárias
dades. Foram gerados 1500 herdeiros H para para comprovar a eficiência do método proposto,
os cromossomos C 1 e C 2 com base no método consideremos o seguinte conjunto de parâmet-
proposto, sendo o resultado ilustrado pela ros, utilizados na implementação dos algoritmos
Figura 2. genéticos utilizados nos exemplos discutidos neste
documento:

• N = 10 - Dimensão do problema.

• nr = 100 - Número de repetições do processo


evolutivo.

• ng = 20 - Número de gerações por repetição.

• np = 100 - Tamanho da população (número


de indivı́duos).

Como o ótimo global dessa função é x∗ =


[1, 1, ..., 1]T , foi escolhido convenientemente um
intervalo inicial J = [−0.5I, 1.5I] contendo esse
ponto como condição inicial para a população, que
é inicializada aleatoriamente utilizando uma dis-
Figure 2: Reprodução matricial, exemplo de apli-
tribuição uniforme de probabilidade.
cação. pontos vermelhos representam os herdeiros
Serão avaliadas aqui 3 variações do mesmo
H, gerados a partir dos cromossomos pais em azul
algoritmo genético, onde é alterado apenas no
método de reprodução. O algoritmo l.e. utiliza
Este método de reprodução traz resultados reprodução por Linha Estendida, o m. utiliza re-
semelhantes aos métodos BLX-α e de linha produção matricial, e por fim o blx, utiliza repro-
estendida, quanto à expansão da população, dução BLX 0,25. O gráfico mostrado na Figura
porém, gera herdeiros pertencentes a um 3 ilustra os valores médios da função, obtidos por
subespaço S diferente, escolhido com base na cada uma das variações propostas.
continuidade do espaço de busca e da função
objetivo, na tentativa de aumentar a eficiên- 80
Evolução dos Resultados
l.e.
cia do algoritmo através de uma melhor ex- m.
70 blx
ploração do espaço de busca.
60

4 Exemplos e Comparações 50
f (x)

40

Uma das principais áreas de aplicação dos algorit-


30
mos genéticos é a otimização de funções, na qual
esses algoritmos representam uma relevante ferra- 20

menta, principalmente em situações onde pouco 10


se conhece a respeito da função objetivo, sendo
impossı́vel determinar suas derivadas. 0
0 10 20 30 40 50 60
Geração
A tı́tulo de exemplo, será considerada neste
trabalho apenas a função de Rosenbrock, sendo
um trabalho mais detalhado encontrado em Figure 3: Valor médio da função Rosenbrock
(Berci, 2008), onde são analisadas outras funções e obtido por cada uma das variações propostas após
cenários de aplicação diversos, obtendo uma série 100 repetições
É possı́vel notar na análise da Figura 3 que o duzindo a taxa de mutação ou pela escolha apro-
desempenho do método de reprodução matricial, priada dos operadores, é observada a redução tam-
apresentado neste documento, é bastante superior bém da diversidade da população, que em alguns
ao dos outros métodos de reprodução avaliados. casos pode se tornar um problema, devendo as-
Atribui-se esse resultado a melhor exploração do sim, ser respeitado um compromisso claro exis-
espaço de busca quanto utilizado o método matri- tente entre a diversidade da população e a taxa
cial de reprodução, tendo em vista que trata-se de de convergência.
uma função contı́nua e estritamente concava. Uma alta preservação da diversidade é con-
Outra caracterı́stica fundamental na análise statada no método BLX 0.25, porém, este não en-
do desenvolvimento das variações propostas é a contra bons resultados o que indica que apesar de
avaliação da população como um todo e não ape- preservar a capacidade explotaria do algoritmo,
nas do melhor indivı́duo, oque é feito por meio este apresenta uma taxa de convergência muito
da Figura 3. Essa avaliação é realizada através pequena, prejudicando sua eficiência.
da diversidade da população, estimada com base
na variância σ 2 observada nos valores da função 5 Conclusões
calculados para todos os indivı́duos da população.
A diversidade da população em um algoritmo Os métodos de reprodução (sobre codificação real)
genético, ou outro algoritmo similar, representa as aplicados na implementação de algoritmos genéti-
diferenças entre os indivı́duos, podendo, no caso cos, são em geral ferramentas numéricas capazes
em questão, ser estimada por uma métrica da dis- de gerar herdeiros (pontos) em um espaço de busca
tancia entre os cromossomos, sendo a grandeza com base em regras probabilı́sticas aplicadas aos
aqui escolhida uma, entre inúmeras possibilidades, pais (outros pontos).
a variância citada. Neste documento é apresentado um método
O gráfico mostrado na Figura 4, mostra o de reprodução baseado em uma definição em-
valor médio obtido para a diversidade da popu- pı́rica de um subespaço onde estimasse ser mais
lação em cada geração, plotado em uma escala conveniente posicionar os herdeiros, considerando
natural. um espaço de busca sobre uma função contı́nua.
O algoritmo de reprodução é então desenvolvido
Diversidade da População
11
l.e.
para reproduzir estatisticamente este espaço e
m. implementa-lo na reprodução dos indivı́duos.
10 blx
O problema de minimização da função de
9
Rosenbrock apresentado neste documento, com-
8 prova a eficiência do método de reprodução matri-
cial, que obteve um resultado consideravelmente
f (x)

7
superior a outras métodos de reprodução encon-
6
trados na literatura.
5 Observa-se uma alta taxa de convergência
4
quando utilizando o método matricial, porém, não
se obtém ganho significativo com relação a preser-
3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 vação da diversidade, que permanece comparável
Geração
aquela observada para o método linha estendida,
porém, a maior taxa de convergência do método
Figure 4: Diversidade média da população, esti- proposto o torna superior na aplicação proposta.
mada pela variância do valor da função Rosen- Dessa forma, mostra-se que o método de re-
brock para cada cromossomo da população produção aqui apresentado representa uma impor-
tante ferramenta para implementação de algorit-
É fácil perceber que o operador de reprodução mos genéticos, obtendo bons resultados e elevada
matricial, assim como a reprodução de linha es- taxa de convergência, alcançando um considerável
tendida, apresentam uma redução bastante acen- ganho de eficiência para o exemplo de aplicação
tuada na diversidade da população durante a discutido.
evolução do algoritmo. Essa redução pode causar
uma convergência prematura do método em al- References
gumas situações, o que não aconteceu no exemplo
proposto. No caso do operador de reprodução ma- Berci, C. D. (2008). Observadores inteligentes de
tricial, essa diminuição da diversidade aumentou a estado: Propostas, Master’s thesis, Universi-
taxa de convergência do algoritmo genético, tendo dade Estadual de Campinas.
em vista que esse é o método que obteve o melhor
resultado dentre as variações analisadas. Brun, A. L. (2007). Algoritimos Genéticos, Apos-
Geralmente, quando se tenta aumentar a taxa tila EPAC - Encontro Paranaense de Com-
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