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3 - Cursos Educação e Formação de Adultos


Operação POCH-03-5470-FSE-001039

FICHA DE TRABALHO N.º 5


Curso Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade
Cód 3539 Nome Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade Classificação:

UFCD: UFCD:
Código Ação:
Data: Rub. Formador/a:

Formando/a:

Objetivos da Atividade:

• Refletir sobre o que é a ética e a dentologia profissional;


• Refletir sobre a importância da ética e denontologia no exercício da atividade;
• Reconhecer e respeitar os princípios da pessoa humana.

Procedimentos:
1. Ler atentamente a notícia;
2. Partilhar com o grupo a sua perspectiva.

Justiça nega liminar para obrigar testemunha de Jeová com Covid-19 a receber
transfusão de sangue

Paciente é seguidor da doutrina religiosa Testemunhas de Jeová, a qual não aceita transfusões
sanguíneas. Juiz destaca que homem está consciente e esclarecido sobre efeitos.
A Justiça negou pedido liminar de urgência apresentado pelo Estado do Rio Grande do Norte
para obrigar um paciente internado em estado grave no Hospital Giselda Trigueiro a receber
transfusão de sangue. O homem, com histórico clínico de ser portador do vírus HIV, diabético
e, atualmente, diagnosticado com a Covid-19, recusa o procedimento por motivações religiosas
- é seguidor da doutrina religiosa Testemunhas de Jeová.
Segundo a decisão, houve legitimidade na recusa do paciente de se submeter às transfusões
de sangue, "visto que tal procedimento, para ele, implicaria em tratamento degradante, por
afronta direta às suas crenças".
O Estado ressalta que a transfusão é necessária como forma de resguardar a vida do paciente.
Argumenta ainda que, em virtude do atual quadro de saúde, o homem vem apresentando
redução significativa do nível de hemoglobina no corpo, e necessita, com urgência, da
transfusão sanguínea, sob pena de correr risco de morte em caso de não realização.
"Ao menos à primeira vista, entendo que deve preponderar a autonomia da vontade do
requerido, pessoa adulta, consciente, em plena condição de exercer seus direitos mais caros.
Deve ser obedecido o dever de esclarecimento, ao paciente, acerca dos desdobramentos, dos
efeitos e das consequências de sua opção, por intermédio de informações adequadas e
detalhadas", destaca a decisão do juiz Bruno Montenegro.
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Ao analisar o pedido do Estado, o juiz Bruno Montenegro ressalta que alguns casos inspiram
cuidados e despertam conflitos de interesses e divergências que impedem uma solução única,
pronta e acabada. Ele aponta que as Testemunhas de Jeová constituem uma comunidade
religiosa cristã que remonta ao século XIX. "Acreditam eles, pois, que Deus permite o consumo
da carne de animais, mas impõe a abstenção em relação ao sangue, o qual representaria a
alma e a vida. É dizer: essa religião professa a crença segundo a qual a introdução de sangue
no corpo, seja pela boca, seja pelas veias, deságua em violação às leis de Deus, por contrariar
os dogmas previstos em diversas passagens bíblicas", relata.
Observa ainda que a recusa à transfusão de sangue não conduz ao desejo de morrer ou ao
desprezo pela vida por parte daquele que refutou o procedimento. "A rigor, as Testemunhas de
Jeová consideram a vida uma dádiva divina e não hesitam em acionar a assistência médica,
desde que necessária. Defendem e fomentam, todavia, o desenvolvimento e o manejo de
métodos alterativos à transfusão de sangue e, em caso de inviabilidade ou de inexistência,
optam pela resignação quanto à eventual morte, com a manutenção, incólume de suas
convicções religiosas".
Ao apreciar o caso, o magistrado registra que a recusa de tratamento pelas testemunhas de
Jeová parece ser tendência em julgamentos registrados na Itália, Espanha, Estados Unidos,
Canadá e Argentina. Destaca que a Corte Europeia de Direitos Humanos possui jurisprudência
em favor do princípio da autodeterminação e autonomia pessoal na escolha de tratamento
médico por parte de adulto capaz, tendo decidido que a liberdade de aceitar ou recusar
determinado tratamento médico é protegida pelo direito à autodeterminação pessoal, liberdade
de convicção e crença (religião), devendo ser respeitada a opção do paciente, não importando
se tal opção possa ou não ser rotulada como irrazoada ou irracional.
Em sua decisão, o juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública de Natal entendeu que, estando o
paciente esclarecido sobre todos os possíveis riscos, bem como sendo o âmbito de sua
decisão limitado à esfera individual, é possível sua recusa em submeter-se a transfusão
sanguínea, em respeito à autodeterminação e à liberdade de crença.
"Não cabe ao Estado, ou a quem quer que seja, proceder com avaliação quanto ao mérito da
convicção religiosa, bastando que seja constatada a sua seriedade. Em outras palavras: pouco
importa o acerto ou desacerto do dogma sustentado pelas Testemunhas de Jeová. O que se
discute e se busca tutelar, aqui, é direito ostentado por cada um de seus membros, de orientar
sua própria vida consoante o padrão ético estabelecido por sua própria convicção ou
abandoná-lo a qualquer tempo, livremente, se lhe aprouver".

Fonte: Jornal Rio Grande do Norte


Janeiro de 2021

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