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INTRODUÇÃO
Através das normas jurídicas o Estado também regula a sua própria organização.
Assim, resumidamente, pode-se dizer que a norma jurídica é a conduta exigida ou o
modelo imposto de organização social/estatal (normas de organização). É importante
ressaltar a utilização das expressões lei, regra e norma jurídica como sinônimos. No
entanto, há autores2 que acentuam a distinção entre norma jurídica e lei, observando que
a norma é gênero do qual a lei é espécie, pois esta é apenas uma das formas de
manifestação das normas, que também são produzidas pelo Direito Costumeiro e pela
Jurisprudência.
1
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017. p. 83.
2
Por todos DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. São Paulo: Saraiva Jur
Editora, 2019. p. 109
FONTES DO DIREITO
Nos dias atuais, pode-se dizer que a Lei: "é ato do Poder Legislativo, que
estabelece normas de acordo com os interesses sociais. A sua fonte material é
representada pelos próprios fatos e valores que a sociedade oferece"5.
5
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017. p 146.
A expressão Lei em sentido estrito corresponde à lei (preceito comum)
emanada do Poder Legislativo, no âmbito de sua competência, de acordo com o artigo
59 da CF/1988.
Lei em sentido amplo indica todo o direito escrito (o jus scriptum). É uma
referência genérica que abrange a lei em sentido estrito (a elaborada pelo Poder
Legislativo) e todas as outras formas normativas oriundas de outros poderes, como o
decreto, o regulamento, a portaria etc., que, embora não se caracterizem como leis
stricto sensu – já que não emanam do Poder Legislativo –, integram as normas que
compõem o ordenamento jurídico. Por exemplo, os atos normais de competência dos
Chefes do executivo - Presidente da República, Governador de Estado e Prefeito -, são
baixados mediante simples decretos. A validade destes não exige apreciação do Poder
Legislativo.
Assim, no Código Civil de 2002 (CC/2002)6, estão os artigos que definem quem
são os credores e devedores da prestação de alimentos, o fundamento, etc. No Código
de Processo Civil de 2015 (CPC/2015)7 estão os artigos que tratam da ação de
alimentos, dos prazos e demais regras processuais. Segundo a doutrina jurídica, a lei
substantiva é principal, porque deve ser conhecida por todos, enquanto a adjetiva é de
natureza instrumental e seu conhecimento interessa apenas aos juízes, advogados e
demais pessoas e órgãos que desempenham a função essencial de administração da
justiça.
6
O Código Civil de 2002 (CC/2002) está disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
7
O Código de Processo Civil de 2015 (CPC/015) está disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
3) - Lei de Ordem Pública e de Interesse Privado
São de ordem privada ou de interesse privado as que têm por objetivo regular
interesses particulares, por isso comportam renúncia ou transações. A título ilustrativo
podemos apontar a maior parte dos dispositivos que regulam os contratos no CC/2002.
Características da lei
No direito moderno, com a divisão das funções do Estado exercidas por poderes
distintos, a competência de ditar a lei (o poder de criar direitos e obrigações) é
normalmente conferida ao Poder Legislativo, cujos membros são eleitos pela vontade
popular.
O vocábulo analogia deriva do grego ana logon, que significa segundo a razão.
É a percepção de uma similitude de valores que justificam uma solução justa dentro do
sistema jurídico. Na analogia há uma identidade de razão8.
É o que encontramos na seguinte situação: há uma lei que diz que o condômino
que administra as áreas comuns do prédio que pertencem a todos, sem oposição dos
outros se presume representante comum (de todos). Esta lei pode ser utilizada por
meio de analogia para o caso de usufruto instituído simultaneamente a mais de uma
pessoa, como é o caso de um casal, separado judicialmente. Em virtude da analogia
com a situação do condomínio onde todos são coproprietários, presume-se que é
8
OLIVEIRA, José Maria Leoni Lopes de. Introdução ao Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora,
2006. p. 237.
9
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017. p 195.
representante comum do bem em usufruto aquele (o ex-marido ou a ex-esposa) que
administra o bem sem oposição do outro.
OS COSTUMES
Da comparação entre a lei e o costume, constata-se que este é uma criação mais
legítima e autêntica do Direito, já que produto voluntário das relações cotidianas. De
outro lado, não atende aos anseios de segurança jurídica, como o faz a lei (direito
codificado), em especial, em Estados de dimensões continentais, nos quais comumente
encontrávamos diversidade de usos e costumes.
De modo geral, os costumes podem ser definidos como uma prática reiterada e
constante percebida no meio social. Há dois elementos constitutivos nos costumes: a) -
o elemento externo: que é a repetição ou reiteração de atos por um longo tempo, em
fórmula única (uniformidade), através do uso geral e constante pelos membros da
sociedade. Vale lembrar que o costume não é um fato isolado, mas uma prática que
surge forma lenta; b)- o elemento interno: a convicção de sua necessidade. Trata-se da
certeza de que a observância daquela prática costumeira é necessária e obrigatória para
disciplinar de forma adequada condutas individuais10.
10
SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
p. 81.
outra. Logo, nenhum costume tem força bastante para revogar uma lei. 3) - em relação
à lei vigora o brocardo "iura novit curia", que significa: "a lei o juiz conhece", pois é
publicada no Diário Oficial. Mas, os costumes que se revelam através de fatos, e
normalmente são regionais, precisam ser provados11.
11
OLIVEIRA, José Maria Leoni Lopes de. Introdução ao Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora,
2006, p. 173.
12
PAULA FILHO, Afrânio Faustino de. Instituições de Direito Público e Privado. Cederj. mimeo Vol 1
p. 35.
PRINCÍPIOS E REGRAS
Em relação às regras, eventual conflito deve ser resolvido através dos critérios
hierárquico (Lei superior prevalece sobre lei inferior); cronológico (lei posterior revoga
lei anterior); ou de especialidade (lei especial afasta lei geral), conforme veremos na
próxima aula.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
13
SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição Federal. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003.
14
BONAVIDES, PAULO. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2015 p. 340.
São princípios constitucionais de alta carga valorativa o da dignidade da pessoa
humana, da razoabilidade, da proporcionalidade que conduzem à ideia de justiça e
apresentam compatibilidade com a atual realidade advinda com o pós-positivismo
jurídico, isto é, com a necessidade de que as decisões não busquem unicamente a estrita
legalidade, mas que utilizem a lei em cotejo com outros valores que conduzem a
decisões justas por serem razoáveis. São exemplos também o princípio da igualdade,
segundo o qual homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição. E o da legalidade, que dispõe: ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
15
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Editora Atlas, 2020.
São enunciados normativos, de valor muitas vezes universal que orientam a
compreensão do ordenamento jurídico no tocante à elaboração, aplicação, integração,
alteração (derrogação16) ou supressão (ab-rogação 17) das normas. Assim, o legislador
não encontrando solução na analogia e nos costumes, por exemplo, para preenchimento
de lacuna presente na lei, vai buscá-la nos princípios gerais do Direito, sendo estes
constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e podem ser
universalmente aceitas, mesmo não escritas.
- Lei ordinária - corresponde à maior parte das leis elaboradas pelo Poder Legislativo
da União, dos Estados e Municípios. A aprovação da lei ordinária requer maioria
simples19.
- Lei delegada - É uma lei equiparada à lei ordinária. A competência para a sua
elaboração é do Presidente da República, desde que haja pedido e delegação expressa do
Congresso Nacional para elaborar a lei. A delegação é efetivada por resolução, na qual
conste o conteúdo juntamente com os termos do exercício desta atribuição. Conforme
art. 68, § 1o da CF/1988, tem restrições e não pode ter como seu objeto, por exemplo, as
seguintes matérias: a) atos de competência exclusiva do Congresso Nacional; b) matéria
reservada a lei complementar; c) legislação sobre planos plurianuais; d) diretrizes
orçamentárias e orçamentos; e) - temas relacionados com a organização do Judiciário e
do Ministério Público; f) - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos,
eleitorais.
DO PROCESSO LEGISLATIVO
a) - iniciativa das leis: essa iniciativa pode ser geral ou reservada. Segundo dispõe o
art. 61, caput, da CF/1988: "a iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a
qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores, ao Procurador Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos
casos previstos nesta Constituição". Percebe-se, assim, que a iniciativa geral diz
respeito exclusivamente às leis complementares e ordinárias, que nos interessam
particularmente no último caso, por constituírem a maioria da nossa legislação.
c) - Discussão e votação: passado pelo crivo das comissões o projeto de lei deverá ir ao
plenário para discussão e votação, pois como o nosso regime é bicameral, é
indispensável a aprovação pelas duas casas.
d) - Revisão do projeto: o projeto pode ser apresentado em qualquer uma das casas.
Normalmente é apresentado na Câmara (exceto quando o projeto é apresentado por
Senador ou comissão do Senado), funcionando o Senado como casa revisora e vice-
versa. Se a casa revisora aprová-lo, deverá ser encaminhado à Presidência da República
para as etapas seguintes: a sanção, a promulgação e a publicação; se a casa revisora o
rejeitar, será arquivado; se a casa revisora apresentar emenda, retornará à casa de
origem para nova apreciação. Não admitida a emenda, o projeto será arquivado.
Por isso, afirmamos que o veto é sempre expresso, embora possa ser total ou
parcial. Veto é o ato pelo qual o Presidente da República considerada o projeto, no todo
ou parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetando-o total ou
parcialmente, no prazo de 15 dias úteis contados da data do recebimento, e comunicará,
dentro de 48 horas, ao presidente do Senado o motivo do veto (art. 66, § 1º).
Artigo - é a unidade básica do dispositivo legal, por isso não deve apresentar mais do
que um assunto, enunciando assim uma regra jurídica. Na doutrina jurídica é comum
encontrarmos a expressão caput do artigo. Trata-se de um termo em latim que
significa "cabeça". É utilizado em textos legislativos para se referir à parte principal de
um artigo. Os nove primeiros artigos de uma lei são numerados pela sequência ordinal:
art.1o, art. 2o, ..... art. 9o, os que se seguem a este último, pelos números cardinais: art.
10, art. 11, art. 12 e assim sucessivamente. Os artigos dividem-se em parágrafos, incisos
(ou itens) e alíneas (ou letras).
Inciso - também denominado item, é o elemento estrutural da lei que divide o artigo ou
o parágrafo, atuando de forma a discriminar hipóteses, quando o assunto tratado não
pode ser condensado nem constituir parágrafos. É expresso em algarismos romanos (I,
II, III, IV etc.).
Alínea ou letra - é outro elemento estrutural da lei, consiste numa das subdivisões do
artigo, assinalada por uma letra, destacada por intermédio de um parêntesis, assim: a),
b), c), e assim por diante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS