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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS DE CAMPINA GRANDE


CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO

VITÓRIA MARIA XAVIER ALBUQUERQUE

A QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO COMO COMBATE À EVASÃO E À ELISÃO


FISCAL: UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DA SEGURANÇA JURÍDICA DO
CONTRIBUINTE

CAMPINA GRANDE
2018
VITÓRIA MARIA XAVIER ALBUQUERQUE

A QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO COMO COMBATE À EVASÃO E À ELISÃO


FISCAL: UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DA SEGURANÇA JURÍDICA DO
CONTRIBUINTE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Curso de Direito da Universidade Estadual
da Paraíba, como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharela em Direito.
Área de concentração: Direito Tributário.

Orientador: Prof. Me. Francisco Leite Duarte

CAMPINA GRANDE
2018
É expressamente proibido a comercialização deste documento, tanto na forma impressa como eletrônica.
Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano do trabalho.

A345q Albuquerque, Vitoria Maria Xavier.


A quebra do sigilo bancário como combate à evasão e à
elisão fiscal [manuscrito] : uma análise sob o enfoque da
segurança jurídica do contribuinte / Vitoria Maria Xavier
Albuquerque. - 2018.
27 p.
Digitado.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) -
Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências
Jurídicas , 2018.
"Orientação : Prof. Me. Francisco Leite Duarte ,
Departamento de Direito Público - CCJ."
1. Quebra do sigilo bancário. 2. Evasão e elisão fiscal. 3.
Interesses constitucionalmente protegidos. I. Título
21. ed. CDD 343.04

Elaborada por Fernanda M. de A. Silva - CRB - 15/483 BSCCJ/UEPB


A Deus. Sem Ele, nada seria possível.
Ao meu pai, minha mãe e meu irmão, por toda
dedicação, apoio, confiança e incentivo de
sempre.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por ter permitido que eu chegasse até aqui, por ter me
concedido coragem e forças para alcançar meus objetivos, e não somente por esses anos como
universitária, mas que em todos os momentos é o meu maior mestre.
Agradeço à minha mãe, Maria Tereza, ao meu pai, José de Arimateia e ao meu irmão,
Luiz Gabriel, meus maiores incentivadores, que demonstraram confiança, paciência e apoio
desde o início desta caminhada, por terem vivido esse sonho comigo. Agradeço aos meus
demais familiares pela torcida sempre positiva e por terem contribuído de forma direta e
indireta nesta trajetória.
Um agradecimento especial aos meus amigos de curso, Karen, Lorena, Kenedy, Filipe,
Gabriel, Biu, Amanda, Erycleuson, Ângelo e nosso eterno GD, que permanecerá sempre em
nossos corações. Muito obrigada amigos, vocês tornaram a caminhada mais leve e tranquila,
sempre permanecemos de mãos dadas, enfrentando os desafios postos à nossa frente, e ao
final desse ciclo não poderia ser diferente.
Aos meus demais amigos, por muito além de me apoiarem nas decisões mais
importantes da minha vida, estarem ao meu lado e entenderem os períodos em que estive
ausente.
Ao meu professor e orientador, Francisco Leite Duarte, pela colaboração neste
trabalho, e por ao longo do curso ter sido um grande incentivador e exemplo a ser seguido.
Agradeço a todos os professores, por me proporcionarem o conhecimento não apenas
racional, mas a manifestação de caráter e afetividade da educação no processo de formação
profissional, por tanto que se dedicaram, não somente por terem me ensinado, mas por terem
me feito aprender.
Por fim, aos companheiros do Rocha, Marinho e Sales Advogados e do Advocacia
David Diniz.
“O segredo ou o sigilo numa República é a
pior espécie de Tirania.”
Marcelo Artilheiro
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 07
2 O SIGILO BANCÁRIO..................................................................................... 09
2.1 O sigilo bancário no ordenamento jurídico brasileiro.................................... 09
2.2 A proteção aos direitos do contribuinte na Constituição Federal................. 11
3 EVASÃO E ELISÃO TRIBUTÁRIAS............................................................. 13
3.1 A Lei Complementar n.º 105/2001 e o dever das instituições financeiras de
prestar informações ao
Fisco..................................................................................................................... 14
3.2 A inoponibilidade do sigilo bancário ao acesso dos dados bancários pela
Receita Federal................................................................................................... 17
4 A VIRAGEM JURISPRUDENCIAL DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL........................................................................................................... 18
4.1 Da compatibilidade do acesso com o direito à intimidade, à privacidade e
à inviolabilidade de dados................................................................................. 21
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 22
REFERÊNCIAS................................................................................................. 25
7

A QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO COMO COMBATE À EVASÃO E À ELISÃO


FISCAL: UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DA SEGURANÇA JURÍDICA DO
CONTRIBUINTE

Vitória Maria Xavier Albuquerque*

RESUMO

O presente trabalho tem como foco a análise da possibilidade de quebra do sigilo bancário
como ferramenta ao combate da evasão e elisão tributária internacional. Busca-se verificar a
constitucionalidade da referida medida. O sigilo de dados bancários caracteriza-se como
direito fundamental do indivíduo, inviolável, protegido pelo artigo 5º da Constituição Federal.
O regramento legal acerca da obtenção das informações, resguardadas pelo sigilo bancário,
pelo Fisco está previsto nos arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de
2001. Todavia, o Supremo Tribunal Federal ratificou a constitucionalidade do artigo 5º da LC
105/2001, norma que impõe o dever de as instituições financeiras informarem periodicamente
à Receita Federal, as operações financeiras que exorbitem valores determinados,
independentemente de autorização judicial. Verifica-se a presença de interesses contrapostos,
de um lado o direito à intimidade, privacidade e sigilo de dados, e de outro, o poder dos entes
de tributação, com o fito de promover adequada fiscalização. Para a resolução desta celeuma
se propõe a ponderação dos interesses constitucionalmente protegidos, para concluir pela
compatibilidade do acesso aos dados pelo Fisco, sem autorização judicial, com os direitos
individuais do contribuinte.

Palavras-Chave: Quebra do sigilo bancário. Evasão e elisão fiscal. Interesses


constitucionalmente protegidos.

1 INTRODUÇÃO

O sigilo, seja fiscal, bancário ou qualquer outra espécie de sigilo, é tema bastante
controverso e delicado. Sabe-se que o sigilo tem como premissa proteger uma parte, de forma
que seus dados e suas informações não sejam transmitidos a outras pessoas sem o seu
consentimento, de modo a não lhe trazer transtornos e prejuízos. Em contrapartida, muitas
vezes em favor da coletividade, este direito individual é relativizado e ocorre o que se
conhece por quebra de sigilo.
Nesse sentido, resta claro, que em se tratando de sigilo, principalmente o bancário, o
qual é objeto do presente estudo, entram em conflito valores importantes e de ordem
constitucional, a saber: a intimidade, a privacidade, a inviolabilidade dos dados, e o dever de
fiscalização pela administração pública.

*
Aluna de Graduação em Direito na Universidade Estadual da Paraíba - Campus I.
E-mail: valbuquerque23@gmail.com
8

.
Tendo em vista o cenário brasileiro, marcado pelo alto índice de sonegação fiscal, seja
pelo desconhecimento da lei ou até mesmo pelo sentimento de “injustiça tributária”, que
produz como consequência a diminuição da arrecadação pelo Fisco e o desequilíbrio das
relações comerciais, aqui será analisada a possibilidade de quebra do sigilo bancário como
ferramenta para o combate à evasão e elisão tributárias fiscais, apresentando uma evolução
dos referidos institutos.
O objetivo do presente trabalho é discutir a constitucionalidade das transferências de
informações, resguardadas pelas instituições financeiras, para o Fisco sem a necessidade de
autorização judicial, sob a análise da regulamentação normativa de acesso direito aos dados
do contribuinte pela administração, com enfoque para a Lei Complementar nº 105, de 10 de
janeiro de 2001.
Dessa forma, a análise da aplicação desse dispositivo normativo, bem como os
instrumentos trazidos por ele, exercem relevante papel na garantia da efetividade da
fiscalização tributária, principalmente diante da realidade vivida no Brasil, em que as práticas
de sonegação estão enraizadas historicamente e acabaram tornando-se a regra. Será
demonstrada a validade prática da referida norma, posto que ela produz resultados concretos e
positivos na arrecadação de tributos e no combate à sonegação fiscal.
Será analisada a proteção que a Constituição Federal confere aos contribuintes atrelada
ao dever fundamental de pagar tributos, propondo-se a ponderação dos interesses
constitucionalmente protegidos, com a finalidade de combater o problema da evasão e elisão
tibutária internacional. Ademais, será demonstrado através do entendimento do Supremo
Tribunal Federal acerca da matéria, a compatibilidade do acesso às informações bancárias do
contribuinte, pelo Fisco, com o direito à intimidade, à privacidade e à inviolabilidade dos
dados.
Para o desenvolvimento do presente trabalho, a pesquisa adotada foi o estudo
bibliográfico e documental, realizado em doutrinas, artigos, legislações aplicáveis ao tema e
jurisprudência que tratam da temática. O método utilizado na abordagem, é o indutivo, haja
vista que os resultados obtidos foram constatados a partir da observação de casos concretos
que confirmam a realidade apresentada.
Ademais, estrutura-se em três capítulos, apresentando-se, no primeiro, um apanhado
geral sobre o sigilo bancário de dados, seu conceito e alcance, sua abordagem no ordenamento
jurídico brasileiro e a proteção conferida ao contribuinte na Constituição Federal. No segundo
capítulo a abordagem recai sobre os institutos da evasão e elisão tributárias fiscais,
9

demonstrando como a quebra do sigilo bancário funciona como mecanismo de combate a


estas práticas, contribuindo para a arrecadação de tributos e para o enfrentamento da
sonegação fiscal. No terceiro e último capítulo, analisa-se a mudança de entendimento do
Supremo Tribunal Federal acerca da matéria, permitindo o acesso direto pelo Fisco a
informações bancárias do contribuinte, asseverando a constitucionalidade da Lei
Complementar n.º 105/2001.

2 O SIGILO BANCÁRIO

O sigilo bancário consiste em um dever jurídico, imposto às instituições financeiras,


de resguardarem não apenas as informações bancárias de seus clientes, como também outros
dados ou informações de clientes e terceiros vinculados a um banco, como consequência da
relação negocial estabelecida entre este e o seu cliente.
Várias são as definições do instituto em destaque elaboradas pela doutrina,
destacando-se como uma obrigação da instituição financeira de não revelar certos fatos, atos,
cifras, ou outras informações de que teve conhecimento por ocasião do exercício de sua
atividade bancária e notadamente aquelas concernentes a seu cliente (ABRÃO, 2011).
No que diz respeito ao alcance do referido instituto, cabe citar André Terrigno
Barbeitas (2002, p. 15):
O tema possui duas dimensões distintas. A primeira, a vertente de cunho
essencialmente civilístico, correspondente às origens históricas do instituto,
envolvendo as questões resultantes do resguardo da situação patrimonial dos clientes
em face da própria instituição financeira e dos demais indivíduos, em especial os
seus familiares, representantes, sócios e sucessores. A outra, de cunho publicista,
significou uma atenuação dos rigores da primeira, admitindo-se um regime especial
quando as informações bancárias interessarem ao Estado, sobretudo ao Poder
Judiciário e ao Fisco.

Observa-se, portanto, que o sigilo bancário se trata de um dever concreto de conduta,


por parte da instituição financeira, qual seja, abster-se de revelar a terceiros, informações
captadas por ela no exercício de sua atividade. Através do sigilo tem-se a segurança de que
informações sobre operações bancárias realizadas não cheguem ao conhecimento de terceiros.

2.1 O sigilo bancário no ordenamento jurídico brasileiro

Desde o surgimento das primeiras instituições bancárias, ainda no Direito Romano, a


prática de guarda de sigilo sobre as informações financeiras era recorrente, e foi se
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incorporando às atividades bancárias, perdurando até os dias atuais, como mecanismo de


segurança e controle da atividade bancária.
Em 31 de Dezembro de 1964 foi editada a Lei n.º 4.595, recepcionada pela
Constituição Federal com força de lei complementar, em virtude do disposto no artigo 192,
que prevê em seu artigo 38 que as instituições financeiras conservarão sigilo em suas
operações ativas e passivas a serviços prestados (BRASIL, 1964).
Logo após, em 1966, foi sancionada a Lei n.º 5.172, qual seja, o Código Tributário
Nacional, que inaugura em seu art. 197 a obrigatoriedade de terceiros dispostos neste artigo,
mediante intimação escrita, prestar todas as informações de que dispuserem com relação aos
bens negócios ou atividades de terceiros. São eles: tabeliães, escrivães e demais serventuários
de ofício, os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras, as
empresas de administração de bens, os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais, os
inventariantes, os síndicos, comissários e liquidatários, bem como quaisquer outras entidades
ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou
profissão (BRASIL, 1966). O art. 198, parágrafo único do CTN, prevê as exceções ao sigilo
fiscal, situações em que poderá ocorrer a divulgação das informações obtidas dos
contribuintes.
Em seguida, em 2001, foi publicada a Lei Complementar n.º 105, que autoriza a
“quebra” do sigilo bancário pela administração tributária, suscitando uma questão de grande
complexidade, a sua constitucionalidade (BRASIL, 2001).
Toda a proteção conferida ao correntista esbarra na atividade fiscalizadora do ente
público, para o cumprimento das obrigações tributárias. Em contrapartida, ainda se verificam
problemas relacionados com a falta de consciência tributária em boa parte da população e a
pesada carga tributária, fatores que contribuem para as práticas de evasão e elisão tributárias.
A Constituição de 1988 confere proteção ao sigilo de dados, como expressão de
direitos fundamentais do indivíduo, previsto nos incisos X e XII, do art. 5º, que assim
encontram-se redigidos:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
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Alguns autores consideram a garantia conferida ao sigilo de dados, apenas uma


proteção quanto à divulgação da informação, do registro, da operação, independentemente da
forma como se apresentem, seja transmitidas ou armazenadas. Para outros, a proteção recai
apenas sob o fluxo ou a transmissão de dados e informações.
Marco Aurélio Greco entende que a proteção ao sigilo bancário, encontra fundamento
no inciso XII, do supracitado dispositivo legal, assim, afirmar que a proteção seria apenas
quanto ao fluxo das informações ou aquelas informações que não poderiam ser captadas a não
ser no seu trajeto, em razão da sua volatilidade, é captar apenas parte da garantia, pois do
ângulo do interessado, ver as informações, que lhe digam respeito, acessadas estática ou
dinamicamente é indiferente, no que diz respeito ao que passa a ser de conhecimento de
terceiro (GRECO, 2003).
De contraponto, José Afonso da Silva defende que ao declarar que é inviolável o sigilo
da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, a Constituição
está proibindo que se abram cartas e outras formas de correspondência escrita, se interrompa o
seu curso e se escutem e interceptem telefonemas, ou seja, impede o acesso à própria ação
comunicativa, mas não dados comunicados (SILVA, 2005).
Desta forma, o alcance da proteção constitucional dos incisos X e XII do art. 5º, da
Constituição Federal, em relação ao sigilo bancário, encontra-se controvertido, tendo em vista
que não há unanimidade de entendimento.
Impede ressaltar, que já houve a tentativa de erguer o sigilo bancário em garantia
constitucional expressa, através da Emenda Constitucional n.º 139/84, apresentada a
Comissão Mista, o qual buscava alterar o §9º, do art. 153 da CRFB/88, porém restou
infrutífera.
Compreende-se que o sigilo bancário possui proteção constitucional, que pode ser
regrada tanto pelo inciso X, quanto pelo inciso XII, do art. 5º da Constituição Federal,
dependendo da interpretação que se dê aos dispositivos. Sendo assim, como toda norma
constitucional, deve ser seguida a regra de relativização diante de interesses conflitantes.

2.2 A proteção aos direitos do contribuinte na Constituição Federal

A Constituição Federal segue o modelo do estado Democrático de Direito, em que


ocorre a intervenção estatal na esfera privada, como forma de garantia das liberdades
individuais.
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É possível que, em certos casos, os dados bancários deixem entrever aspectos da vida
privada, o que se coloca em questão, é saber se a garantia ao sigilo bancário está abrangida
pelo princípio constitucional que protege a intimidade e a vida privada, adquirindo, portanto,
status de direito fundamental individual, ou se sua previsão é de natureza infraconstitucional.
Ainda que o sigilo bancário possa ser enquadrado no âmbito do resguardo do direito à
intimidade, deve-se distinguir as informações referentes ao círculo pessoal e familiar do
indivíduo, e àquelas decorrentes de suas relações com terceiros, que normalmente são mais
numerosas.
Neste sentido, a Constituição Federal confere ao contribuinte determinadas garantias,
que visam a promover a constituição do Estado sob a forma de uma democracia de direito.
O art. 145, §1º da CRFB/88 dispõe sobre a graduação dos impostos, quando possível,
de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte. O art. 150 estabelece as limitações
do poder de tributar, elencando em seus incisos os princípios da legalidade, isonomia,
irretroatividade da lei tributária, anterioridade, proibição de tributos com efeito de confisco e
que limitem o tráfego de pessoas.
No art. 151, o legislador buscou uniformizar o tributo em todo o território nacional,
conforme proíbe no artigo seguinte, a diferença tributária entre bens e serviços, em razão da
procedência ou destino.
Outrossim, ao lado de toda a proteção conferida ao contribuinte pela Carta Magna,
quanto à limitação tributária, verifica-se também o dever fundamental de pagar tributos,
decorrente do princípio da isonomia e da justiça fiscal.
De acordo com os artigos 150, II e 145, §1º, ambos da CRFB/88, é impossível instituir
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, é
totalmente proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles
exercida.
A função arrecadatória dentro do limite da capacidade contributiva de cada indivíduo,
se faz necessária para a manutenção do Estado e o cumprimento de seus objetivos. O dever de
pagar tributos foi elevado à categoria de dever fundamental que não pode ser violado, pois
desestrutura todo o sistema de tributação. Grande parte dos tributos instituídos, dependem de
uma atuação do contribuinte, de declarar receitas e recolher por sua conta própria o montante
tributado.
Ademais, a sonegação tributária configura violação da norma constitucional, capaz de
desequilibrar o sistema tributário, sobrecarregando os contribuintes que cumprem com as suas
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obrigações tributárias e inviabilizando a concorrência de mercado, podendo levar até a uma


fuga de capital para outros países.

3 EVASÃO E ELISÃO TRIBUTÁRIAS

Aos entes federados foi designada a competência para instituir e arrecadar tributos,
assim como para atuar na fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias, como forma
de garantir a proteção da dignidade da pessoa humana e a erradicação da pobreza e da
marginalização, e redução das desigualdades sociais e regionais, objetivos previstos na
Constituição Federal.
A excessiva tributação provoca no contribuinte o sentimento de injustiça social, que o
leva ao cumprimento da norma, apenas por receio das sanções. O sentimento de rejeição as
normas tributárias leva o contribuinte à sonegação, como forma de se insurgir ante as
injustiças e corrupções praticadas pelo poder público.
Dessa forma, a evasão e a elisão são meios adotados pelo contribuinte como forma de
esquivar-se da obrigação tributária, ambas as práticas, são adotadas com o mesmo intuito de
diminuir a carga tributária.
A evasão tributária é “toda e qualquer ação ou omissão tendente a elidir, reduzir ou
retardar o cumprimento de obrigação tributária” (DÓRIA, 1977). Pode-se dizer que a evasão,
a depender dos meios empregados para se eximir do pagamento dos tributos, poderia ser lícita
ou ilícita. Já a elisão, seria sempre lícita, pois sua prática dá-se com o uso de lacunas da lei.
Outra diferença crucial entre os dois institutos, baseia-se no critério da ocorrência do
fato gerador. Se o ato ocorresse após a incidência do fator gerador, seria identificado como
evasão. Porém, se o próprio ato fosse tendente a evitar a própria incidência do fato gerador,
seria configurado como elisão.
Ives Gandra da Silva Martins afirma que “a distinção básica entre elisão e evasão
reside nos meios adotados para se fugir ao peso, sempre injusto, da carga tributária do Estado
moderno, sendo tais meios legais ou ilegais, no que se conforma a elisão e evasão fiscal”
(MARTINS, 1988).
Pelo Código Tributário Nacional, ao realizar o fato gerador, surge a obrigação
principal que tem por objeto o pagamento do tributo. Ao Fisco recai o direito à percepção de
valores, sendo, portanto considerados violadores da norma tributária, os artifícios do
contribuinte para distorcer o fato gerador ocorrido.
14

Desse modo, surge o problema da conceituação da elisão tributária, sendo


modernamente entendida como “a conduta dos sujeitos que, mediante a criação de negócios
jurídicos lícitos, buscam evitar no todo ou em parte a obrigação tributária, com violação
indireta da lei, através de um contorno ao seu campo material de incidência, visando a uma
economia de tributos” (TÔRRES, 2003).
O instituto da elisão tributária, não é mais entendido como sendo uma atuação lícita,
mesmo sendo praticado para evitar a ocorrência do fato gerador, não se pode considerá-lo
imune à autuação do Fisco.
Portanto, a evasão é a violação direta da lei, visando encobrir a realização do fato
gerador, enquanto a elisão é uma forma indireta de descumprimento da lei tributária, em que o
contribuinte, utiliza-se das lacunas da lei para a prática de atos contrários à vontade do
legislador.
Quanto às práticas de evasão fiscal, é possível citar: a omissão de informação ou
prestação de declaração falsa às autoridades fazendárias; a fraude na fiscalização tributária,
inserindo elementos inexatos ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou
livro exigido pela lei fiscal; a falsificação ou alteração de nota fiscal, fatura, duplicata, nota de
venda ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; deixar de fornecer, quando
obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou
prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
A elisão pode ocorrer, como por exemplo, uma empresa que decide montar sua sede
em algum estado que tenha um imposto sobre circulação de mercadorias e serviços com uma
alíquota mais baixa, com o objetivo de pagar menos impostos.
Nesse sentido, entre as medidas destinadas a solucionar o problema da evasão e elisão
tributárias, destaca-se a quebra do sigilo bancário. Justifica-se tal medida no dever do Estado
de fiscalizar o cumprimento da obrigação tributária, assim como, grande parte dos tributos
instituídos dependem de uma atuação do contribuinte de declarar receitas e recolher por conta
própria o montante liberado.
O objetivo é aumentar a arrecadação, sem modificar a legislação tributária. Porém,
como será verificado adiante, a quebra do sigilo bancário apresenta restrições quanto a sua
constitucionalidade, ao passo que a Constituição também protege a intimidade, o sigilo de
dados e a privacidade do indivíduo contra transgressões.

3.1 A Lei Complementar n.º 105/2001 e o dever das instituições financeiras de prestar
informações ao Fisco
15

A Lei Complementar n.º 105/2001, assim dispõe no caput do seu art. 1º, in verbis:
Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e
passivas e serviços prestados.

O art. 17, da Lei n.º 4.595/64, considera como instituições financeiras “as pessoas
jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros”.
Outrossim, com o advento da Lei n.º 7.492/86, o conceito de instituição financeira foi
ampliado, acrescentando as que possuem como atividade típica a custódia, distribuição,
negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. Ademais, trouxe também
como equiparação a instituição financeira, a pessoa jurídica que arrecade e gerencie seguros,
câmbio, consórcio ou qualquer tipo de poupança e a pessoa natural que pratique quaisquer
funções dentre as citadas, mesmo que por eventualidade (BRASIL, 1986).
O §1º, do art. 1º da Lei Complementar n.º 105/2001, enumera especificamente o que
pode ser considerado instituição financeira, para os efeitos da referida lei:
§ 1º São consideradas instituições financeiras, para os efeitos desta Lei
Complementar:

I - os bancos de qualquer espécie;


II - distribuidoras de valores mobiliários;
III - corretoras de câmbio e de valores mobiliários;
IV - sociedades de crédito, financiamento e investimentos;
V - sociedades de crédito imobiliário;
VI - administradoras de cartões de crédito;
VII - sociedades de arrendamento mercantil;
VIII - administradoras de mercado de balcão organizado;
IX - cooperativas de crédito;
X - associações de poupança e empréstimo;
XI - bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
XII - entidades de liquidação e compensação;
XIII - outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim venham
a ser consideradas pelo Conselho Monetário Nacional.

O art. 5º da supracitada lei, dispõe acerca da possibilidade de transferência de dados


provenientes de operações financeiras, entre as instituições e a administração tributária. É
imperioso destacar os tipos de operações financeiras que estão sujeitas a fiscalização pela
administração tributária, conforme preleciona o parágrafo 1º, do art. 5º da referida lei:
Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos
limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão
à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos
usuários de seus serviços.
16

§ 1º Consideram-se operações financeiras, para os efeitos deste artigo:

I - depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança;


II - pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques;
III - emissão de ordens de crédito ou documentos assemelhados;
IV - resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, inclusive de poupança;
V - contratos de mútuo;
VI - descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títulos de crédito;
VII - aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variável;
VIII - aplicações em fundos de investimentos;
IX - aquisições de moeda estrangeira;
X - conversões de moeda estrangeira em moeda nacional;
XI - transferências de moeda e outros valores para o exterior;
XII - operações com ouro, ativo financeiro;
XIII - operações com cartão de crédito;
XIV - operações de arrendamento mercantil; e
XV - quaisquer outras operações de natureza semelhante que venham a ser
autorizadas pelo Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários ou
outro órgão competente.

O que se destaca aqui não é a interceptação de dados, na verdade é o acesso aos dados
anteriormente comunicados, que por sua vez não possuem a menor capacidade de revelar algo
que viole a privacidade dos usuários (SARAIVA FILHO, 2005).
Logo, o teor das informações disponibilizadas pelas instituições financeiras à
administração tributária, não podem tratar de origem ou natureza dos gastos efetuados a partir
das operações financeiras, devendo se limitar apenas a identificação do operador e a quantia
movimentada mensalmente.
Esta transferência de dados, possibilita o controle necessário para o bom
funcionamento da fiscalização tributária, combatendo práticas ilícitas, como a evasão e a
elisão tributárias. Caso sejam observados indícios de fraude, omissões ou ilícito fiscal, a
autoridade administrativa poderá requisitar a documentação necessária para apuração dos
fatos.
Como citado anteriormente, a problemática surge ante ao fato de que a possibilidade
de acesso a informações e dados referentes a movimentações financeiras do investigado, não
autoriza o Fisco a devassar o sigilo do contribuinte de maneira generalizada e sem critérios,
mas sim que seja limitado em casos de suspeita de sonegação que já possuem processo
administrativo ou fiscal em curso (TORRES, 2012).
Quanto à hipótese prevista no parágrafo único do art. 6º, da Lei Complementar n.º
105/2001, Leandro Paulsen assevera que independentemente do caso, a transferência de dados
está amparada pela obrigação funcional dos agentes públicos de manterem o sigilo dos
documentos e informações acessados, razão pela qual sustenta-se que há uma transferência do
17

dever de conservar as informações sigilosas, não havendo, portanto, que se falar em quebra do
sigilo do contribuinte (PAULSEN, 2014).
No julgamento do Recurso Extraordinário n.º 389.808 (BRASIL, 2010), o Ministro
Dias Tófolli chamou a atenção para uma impropriedade semântica na redação dos artigos 10 e
11, da lei complementar em questão, afirmando que o legislador equivoca-se ao mencionar
um “quebra” do sigilo, quando na verdade o que ocorre é uma transferência sigilosa de
informações entre as instituições financeiras e a Receita Federal.
Desta forma, justifica-se a sobredita medida antievasiva e antielisiva, pois a sonegação
tributária viola o princípio da igualdade e provoca injustiça entre os contribuintes.
Portanto, em quaisquer das hipóteses enumeradas pela lei complementar não há que se
falar, a princípio, em “quebra” de sigilo bancário, mas sim da transferência do dever de
conservar o sigilo, que não apenas é das instituições financeiras, pois passou a ser também do
Fisco.

3.2 A inoponibilidade do sigilo bancário ao acesso dos dados bancários pela Receita
Federal

Inicialmente, é necessário ressaltar que o sigilo bancário é revestido de duplo grau de


proteção, haja vista que além da proteção legislativa que abrange apenas as operações ativas,
passivas e serviços prestados, “cobre também informações sigilosas obtidas sobre terceiros
em caráter profissional, obrigados ao sigilo, por força da proteção constitucional à vida
privada e à intimidade” (SALOMÃO NETO, 2005, p. 502).
No que se refere às operações e movimentações financeiras das instituições bancárias
no Brasil, o afastamento do sigilo bancário não é exclusividade apenas da administração
fazendária, tal instituto também se aplica às Comissões Parlamentares de Inquérito, que
possuem poder de investigação próprios das autoridades judiciais.
Já o Ministério Público, via de regra, não tem o poder de quebrar o sigilo bancário sem
autorização judicial, porém, como bem leciona a doutrina, o Supremo Tribunal Federal já
reconheceu esta possibilidade de acesso a informações, em casos que envolvam desvio de
dinheiro público.
Este entendimento advém do princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado, ao passo que as instituições financeiras não podem se afastar do dever de transferir
ao Ministério Público, informações relevantes que possam ser utilizadas para deflagrar o
procedimento administrativo em defesa do erário público.
18

O parágrafo 1º, do art. 145 da Constituição Federal diz que é faculdade da


administração tributária realizar a identificação patrimonial do contribuinte, desde que
respeitados os seus direitos, logo “os dados informatizados bancários são sigilosos para
terceiros, não para a Administração tributária, que, inclusive tem autorização constitucional
de identificar todos os dados pertinentes ao patrimônio, rendimentos e atividades econômicas
dos contribuintes” (SARAIVA FILHO, 2013, p. 186).
Imperioso ressaltar a necessidade de se concretizar uma justiça fiscal igualitária, onde
a fiscalização alcance também aqueles que se utilizam do sigilo bancário como um refúgio.
Desta feita, cabe destacar a linha de raciocínio da Ministra Ellen Gracie, no
julgamento da Ação Cautelar n.º 33 (BRASIL. STF. AC 33, Relator: Ministro Marco Aurélio
Mello, Data de Julgamento: 24/11/2010), ao afirmar que não há quebra do sigilo bancário,
apenas transferência do sigilo, antes mantido pelas instituições financeiras (sigilo bancário) e
passa a ser de responsabilidade da Receita Federal (sigilo fiscal).
Portanto, pode-se concluir que o sigilo bancário não pode ser utilizado como óbice à
eficiência da administração, porquanto não há uma “quebra” do sigilo bancário, mas tão
somente uma transferência sigilosa de informações ao Fisco, para combater práticas que
maculam o sistema tributário nacional.

4 A VIRAGEM JURISPRUDENCIAL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

A matéria discutida no presente trabalho, qual seja, a possibilidade de quebra do sigilo


bancário, já foi objeto de julgamento pelos tribunais superiores.
O Supremo Tribunal Federal, em 2010, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º
389.808 (BRASIL, 2010), de relatoria do Ministro Marco Aurélio Mello, entendeu que a
quebra do sigilo bancário dependia de autorização do poder judiciário.
O relator afastou a possibilidade de quebra pela Receita Federal sem autorização
judicial, sob a alegação que sobre o judiciário, “não se pode transferir a atuação deste,
reservada com exclusividade por cláusula constitucional, a outros órgãos, sejam da
administração federal, sejam da estadual, sejam da municipal” (BRASIL, STF - RE: 389808
PR, Relator: Ministro Marco Aurélio Mello, Data de Julgamento: 15/12/2010).
Conforme já exposto, o Ministro Dias Tóffoli, se posicionou de forma contrária ao
relator, defendendo que “não se trata da quebra de sigilo, trata-se na verdade, de uma
transferência de dados sigilosos de um portador desse dado que tem o dever de sigilo, para um
outro portador que manterá a obrigação desse sigilo. Se não o mantiver, cometerá crime e será
19

responsabilizado” (BRASIL, STF - RE: 389808 PR, Relator: Ministro Marco Aurélio Mello,
Data de Julgamento: 15/12/2010).
Seguindo a divergência principiada pelo Ministro Dias Tóffoli, a Ministra Carmem
Lúcia defendeu que não houve “agressão aos direitos fundamentais, uma vez que não está
autorizado por lei a dar a público, mas apenas a transferir para um outro órgão da
administração, para o cumprimento das finalidades da Administração Pública, aqueles dados”
(BRASIL, STF - RE: 389808 PR, Relator: Ministro Marco Aurélio Mello, Data de
Julgamento: 15/12/2010).
SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do
artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência,
às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a
quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e,
mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal.
SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta
da Republica norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-
tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.

(STF - RE: 389808 PR, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento:
15/12/2010, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-086 DIVULG 09-05-2011
PUBLIC 10-05-2011 EMENT VOL-02518-01 PP-00218)

Novamente, no julgamento da ADI 2390, o relator Ministro Dias Tóffoli, defendeu a


inexistência de eventual quebra de sigilo bancário, tendo dessa vez, prevalecido seu
entendimento, no qual sustenta que “para se falar em “quebra” de sigilo bancário pelos
dispositivos impugnados, necessário seria vislumbrar, em seus comandos, autorização para a
exposição das informações bancárias” (BRASIL, STF – ADI 2390, Relator: Ministro Dias
Tóffoli, Data de Julgamento: 18/02/2016).
Acrescenta ainda que, “o art. 10 da própria lei complementar, estabelece que a
divulgação de informações bancárias pelas instituições financeiras fora das hipóteses previstas
na lei, constitui crime, o qual é apenado com reclusão, de um a quatro anos, e multa”
(BRASIL, STF – ADI 2390, Relator: Ministro Dias Tóffoli, Data de Julgamento:
18/02/2016).
Nesse sentido, o art. 11 da LC 105/2001 dispõe que “o servidor público que utilizar ou
viabilizar a utilização de qualquer informação obtida em decorrência da quebra de sigilo de
que trata esta Lei Complementar responde pessoal e diretamente pelos danos decorrentes, sem
prejuízo da responsabilidade objetiva da entidade pública, quando comprovado que o servidor
agiu de acordo com orientação oficial” (BRASIL, 2001).
Destaca-se, também, as recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça, com as
autorizações de quebra de sigilo bancário, em sede de carta rogatória. A medida é concedida
20

como forma de combate às práticas de evasão e elisão tributárias, assim como, de lavagem de
dinheiro, configurando-se como importante instrumento de cooperação internacional.
No julgamento da CR 438/BE, o Ministro Relator Luiz Fux dispôs que o STJ, com a
nova competência que lhe foi concedida pela EC 45/2004, deve se atentar às necessidades da
cooperação internacional, em especial no combate ao crime organizado transnacional, e
possibilitar aos demais Estados estrangeiros a investigação de ditas organizações criminosas,
através da concessão de exequatur de cartas rogatórias para este fim (BRASIL, STJ – CR
438/BE, Relator: Ministro Luiz Fux, Data de Julgamento: 15/08/2007).
CARTA ROGATÓRIA. DILIGÊNCIAS. BUSCA E APREENSÃO. QUEBRA DE
SIGILO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DO EXEQÜATUR. 1.
Carta Rogatória encaminhada pelo Ministério das Relações Exteriores a pedido da
Embaixada da Bélgica, com o fim de verificar possível crime de lavagem de
dinheiro envolvendo empresário brasileiro descrito nestes autos, por solicitação do
juízo de instrução, do Tribunal de Primeira Instância de Bruxelas, Bélgica. 2. É
cediço que: A tramitação da Carta Rogatória pela via diplomática confere
autenticidade aos documentos. 3. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
pautava-se no sentido da impossibilidade de concessão de exequatur para atos
executórios e de constrição não-homologados por sentença estrangeira. 4. Com a
Emenda Constitucional 45/2004, esta Corte passou a ser competente para a
homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas
rogatórias. 5. A Resolução 9/STJ, em 04 de maio de 2005, dispõe, em seu artigo 7º,
que "as cartas rogatórias podem ter por objeto atos decisórios ou não decisórios". 6.
A Lei 9.613/98 (Lei dos Crimes de Lavagem de Dinheiro), em seu art. 8º e parágrafo
1º, assinala a necessidade de ampla cooperação com as autoridades estrangeiras,
expressamente permite a apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores
oriundos de crimes antecedentes de lavagem de dinheiro, cometidos no estrangeiro.
7. Destarte, a Lei Complementar 105/2001, por sua vez, em seu art. 1º, parágrafo 4º,
dispõe que as instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e
passivas e serviços prestados, sendo que a quebra de sigilo poderá ser decretada,
quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase
do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos seguintes crimes: VIII –
lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores; IX – praticado por
organização criminosa. 8. Deveras, a Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional (Decreto 5.015/2004) também inclui a cooperação
judiciária para "efetuar buscas, apreensões e embargos", "fornecer informações,
elementos de prova e pareceres de peritos", "fornecer originais ou cópias certificadas
de documentos e processos pertinentes, incluindo documentos administrativos,
bancários, financeiros ou comerciais e documentos de empresas", "identificar ou
localizar os produtos do crime, bens, instrumentos ou outros elementos para fins
probatórios", "prestar qualquer outro tipo de assistência compatível com o direito
interno do Estado Parte requerido" (art. 18, parágrafo 3, letras a até i). Parágrafo 8
do art. 18 da Convenção ressalta que: "Os Estados Partes não poderão invocar o
sigilo bancário para recusar a cooperação judiciária prevista no presente Artigo". 9.
In casu, A célula de tratamento das informações financeiras (CETIF) denunciou no
dia 16 de Julho 2002 ao Escritório do Procurador Geral em Bruxelas a existência de
índices sérios de branqueamento de capitais (...) entre as pessoas envolvidas no
presente processo. 10. Princípio da efetividade do Poder Jurisdicional no novo
cenário de cooperação internacional no combate ao crime organizado transnacional.
11. Concessão integral do exequatur à carta rogatória

(STJ - CR: 438 BE 2005/0015196-0, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de


Julgamento: 15/08/2007, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: --> DJ
24/09/2007 p. 224)
21

Assim, diante da urgente necessidade de uma atuação interligada entre os Estados para
a coerção de infrações globais em matéria tributária e fiscal, o mecanismo do
compartilhamento de informações entre membros da ordem econômica mundial se revela
como um avanço na política fiscal tanto de países emergentes como desenvolvidos, fazendo
com que o instituto ganhe destaque na comunidade internacional (BASTOS, 2014).
Cumpre destacar que, cerca de setenta países já permitem a transferência de
informações pelas instituições financeiras para a Receita, sem a necessidade de autorização
judicial, enquanto apenas dezoito países ainda resistem em permitir o acesso direto da
administração tributária. Estes Estados que se mostram intransigentes, quanto a flexibilização
do sigilo bancário, que geralmente são países de pouca influência na comunidade econômica
mundial, o fazem por ter interesse em atrair investidores que prefiram realizar movimentações
sigilosas nos bancos locais, enfraquecendo o combate efetivo contra a evasão e elisão fiscais,
a lavagem de dinheiro e até mesmo o terrorismo.
Isto posto, os tribunais superiores têm compartilhado o mesmo entendimento quanto à
fundamentação constitucional acerca da possibilidade de transferência de dados sigilosos,
bem como do seu caráter relativo diante de situações que sugerem a prática de atos ilícitos.
Enxergam na quebra do sigilo bancário, uma forma de combate às práticas de evasão e de
elisão tributárias, concebidas internamente e no exterior.

4.1 Da compatibilidade do acesso com o direito à intimidade, à privacidade e à


inviolabilidade de dados

Como já mencionado, a administração tributária funciona como braço direito da


administração pública, ambas atreladas ao princípio da legalidade, na medida em que as
autoridades administrativas precisam cumprir com suas funções institucionais sempre
respeitando os direitos individuais dos contribuintes (PACELLO, 2004).
Um dos principais argumentos contrários à possibilidade do acesso direito aos dados
do contribuinte pelo Fisco, é de que este acesso comprometeria o direito à intimidade e à vida
privada.
Deve ser levado em conta que o âmbito da proteção de um direito fundamental, pode
ser caracterizado pelo bem jurídico que está sendo tutelado e que este por vezes é de difícil
compreensão, haja vista a dificuldade em se estabelecer com precisão o limite de alcance que
um direito pode gerar efeitos.
22

Deste modo, os direitos fundamentais não podem servir de pretexto para a prática de
atividades ilícitas, nem como argumento para se eximir de eventual responsabilização na
esfera cível ou penal. De contraponto, o Estado não pode suprimir direitos fundamentais sob o
argumento de que isto seja necessário para o desenvolvimento de suas atividades, haja vista,
que estes poderes estatais devem obedecer aos limites demarcados pela Constituição e pelas
leis.
Conforme amplamente esposado anteriormente, a Constituição Federal (BRASIL,
1988) prevê como direitos fundamentais, a intimidade e a vida privada, e a inviolabilidade de
dados, nos seus incisos X e XII, do art. 5º.
O âmbito de proteção do direito à intimidade, a que se refere o inciso X, do art. 5º da
Constituição Federal (BRASIL, 1988), é considerado por grande parte da doutrina como algo
bem próximo ao direito à privacidade, porém, é necessário distinguir esses preceitos, ao passo
que a própria Carta Magna fez a separação da intimidade das demais modalidades que
compõe a privacidade.
Apesar dos conceitos de intimidade e vida privada parecerem idênticos, estes podem
ser diferenciados pelos seus respectivos âmbitos de incidência. A intimidade possui menor
amplitude, portanto se encontra dentro do campo de proteção da vida privada, que por sua vez
é mais amplo.
Quanto à inviolabilidade de dados, o objeto protegido não são propriamente os dados,
mas sim a sua comunicação, que não pode sofrer interferência de terceiros, sob pena de
flagrante violação deste preceito fundamental. Observa-se que apenas as comunicações dos
dados encontram-se sob o manto de proteção da Constituição, de forma que os dados em si
não possuem status constitucional, pois não constituem desdobramentos da intimidade.
Resta claro, que o intuito do constituinte ao prever a inviolabilidade de dados, foi
proteger a sua comunicação da invasão de terceiros estranhos a relação, como forma de
garantir a intimidade dos sujeitos que transferiram e receberam os dados.
A interpretação lógica trazida pelo inciso XII, do art. 5º da Constituição Federal
(BRASIL, 1988) seria de que o dispositivo veda o acesso de terceiros a informações
referentes ao “ser”, mas não proíbe o acesso da Receita Federal a respeito de dados do “ter”,
que contam com rigorosa manutenção de sigilo fiscal pela administração tributária e com a
irretorquível proteção aos direitos fundamentais do contribuinte (LEAL, 2013).
Conclui-se que a transferência sigilosa de informações não objetiva violar o direito à
intimidade e à vida privada do cidadão, mas sim de garanti-los através do dever de
23

conservação do sigilo pela Administração Tributária, demonstrando a compatibilidade do


acesso com os direitos e garantias do contribuinte.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho foi realizada uma análise dos aspectos mais relevantes sobre a
quebra do sigilo bancário, como forma de repressão às práticas de evasão e elisão fiscais,
investigando a compatibilidade da referida medida, com o ordenamento jurídico brasileiro.
Foram examinados os institutos da evasão e elisão tributária, que constituem formas
de atuação ilícitas do contribuinte. Acobertados pelo sigilo bancário, os contribuintes violam a
legislação tributária com o intuito de diminuir o recolhimento de tributos. Verificou-se que as
sobreditas práticas provocam um desequilíbrio no sistema tributário pátrio, pois violam o
princípio da isonomia e geram situação de injustiça tributária.
A proposta de quebra do sigilo bancário foi apresentada como possível forma de
controlar o problema da sonegação fiscal, uma vez que cabe ao Fisco o poder de investigação
do cumprimento da obrigação tributária.
Observou-se que existe divergência na doutrina quanto ao dispositivo constitucional
que acobertaria o sigilo de dados, se o inciso X ou o XII, do art. 5º da Constituição Federal.
Outro ponto observado, foi o conflito existente entre a norma que dispõe sobre a competência
da administração pública para fiscalizar, cobrar e executar tributos, e a proteção conferida ao
sigilo bancário, de ocultar informações.
Através da análise de precedentes do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Justiça, foi possível verificar a utilização da técnica de harmonização dos princípios para
permitir a quebra do sigilo bancário diante da requisição do Fisco. A ponderação de princípios
foi levantada, em razão de não haver na Constituição distinção entre suas normas,
prevalecendo o princípio da isonomia. Como regra prevalece a proteção ao sigilo bancário,
com possibilidade de quebra, em situações de exceção, garantindo ao Fisco o poder-dever de
verificar o cumprimento da obrigação tributária.
Verificou-se, ainda, a preocupação com a cooperação jurídica internacional, em
especial no combate ao crime organizado internacional, com a concessão de exequatur em
cartas rogatórias para este fim, autorizando-se a quebra do sigilo em favor de Estados
estrangeiros.
Por tudo que foi apresentado, chega-se a compreensão de que a viragem
jurisprudencial promovida pelo Supremo Tribunal Federal acerca da matéria, revelou-se como
24

um avanço, ao passo que com essa medida, o Brasil evoluiu em termos de transparência fiscal
e cooperação tributária internacional, assegurados os direitos individuais dos contribuintes,
demonstrando um equilíbrio entre a eficiência da administração tributária e o respeito aos
direitos e garantias fundamentais do contribuinte.
Desta forma, o acesso às informações bancárias do contribuinte pelas autoridades
fiscais, sem necessidade de autorização judicial prévia, propicia à administração tributária
meios de aumentar a arrecadação, através de procedimentos de fiscalização mais céleres e
eficazes, sem o aumento de tributos e com melhor distribuição da carga tributária, indo ao
encontro do anseio de construção de uma sociedade justa e solidária, e obedecendo aos
princípios da capacidade contributiva e da igualdade fiscal.

THE BREAKING OF BANKRUPTCY AS A FIGHT AGAINST EVASION AND FISCAL


ELISION: AN ANALYSIS UNDER THE TAXPAYER'S SECURITY APPROACH

ABSTRACT

The present work focuses on the analysis of the possibility of breach of banking secrecy as a
tool to combat evasion and international tax avoidance. It seeks to verify the constitutionality
of this measure. The secrecy of banking data is characterized as a fundamental right of the
individual, inviolable, protected by article 5 of the Federal Constitution. The legal rule about
obtaining information, backed by bank secrecy, by the IRS is foreseen in the arts. 5th and 6th
of the Supplementary Law n.º 105, of January 10, 2001. However, the Supreme Federal Court
ratified the constitutionality of article 5 of the LC 105/2001, a norm that imposes the duty of
the financial institutions to periodically inform the IRS, the financial transactions that outside
determined values, Irrespective of judicial authorisation. It is verified the presence of interests
contracted, on the one hand the right to intimacy, privacy and confidentiality of data, and on
the other, the power of the taxation ones, with the aim of promoting adequate supervision. To
resolve this conclusion, it proposes the weighting of constitutionally protected interests, to
conclude by the compatibility of access to data by the tax authorities, without judicial
authorisation, with the individual rights of the taxpayer.

Keywords: Breach of bank secrecy. Evasion and tax avoidance. Constitutional protection
interests.
25

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