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Arrependimento sincero

Cena 1

Giselle e Rafaela vestidas de criança sentadas no chão brincando.

Giselle: Vou ser sua melhor amiga para sempre!

Rafaela: Haja o que houver!

As duas saem um para cada lado dando tchau.

Cena 2

Giselle está em cena, indo em direção a Rafaela que está sentada em um banco da escola.
Rafaela era uma menina descabelada e sem sal. Marina entra em cena e intercepta Giselle.

Marina: Ei! Oi! Você é a aluna nova?

Giselle: Sim... Por quê?

Marina: Meu nome é Marina! Nossa como você é bonita! Vai dar uma ótima Top na balada!
Como é teu nome?

Giselle: Giselle... Top... Top na balada? (Fala tentando desviar de Marina para olhar Rafaela)

Mariana: É... É! Ah, aquela é a Rafaela. Horrenda né. Você não vai querer andar com esse
tipinho de gente. Essa menina parece até que nasceu de um cruzamento entre um leão e um
macaco.

Giselle: Ah... É... Ela é bem desarrumadinha mesmo...

Marina: Desarrumadinha? O mendigo que eu vi voltando da festa ontem era menos


deplorável.

Rafaela vem em direção as meninas, tem uma bíblia em mãos.

Rafaela: Gi! Você realmente veio pra estudar comigo! Que ótimo! Vai ser tudo como
antigamente, não vou mais ficar sozinha!

Giselle: Eu (Olha para Marina que lhe reprime com o olhar)... Não sei do que você tá falando.
Nem te conheço.

Rafaela: Não tá me reconhecendo?

Giselle: Eu (Olha para Marina novamente)...

Marina puxa Giselle para perto e cochicha


Marina: É queimação! Dá um jeito nela!

Gisele: Nunca vi mais feia.

Marina puxa Giselle pelo braço e sai sorrindo. Rafaela as segue.

Rafaela: Por que vocês estão rindo de mim? O que eu fiz? Eu tô cansada de ser tratada assim!
Deveriam sentir vergonha de serem tão más!

Marina: Você que...

Giselle: VOCÊ é que deveria ter vergonha dessa sua aparência. Xispa.

Marina: Não me enganei sobre você, disse que seria ótima! Estou orgulhosa!

Entra Paulo em cena.

Paulo: O que tá acontecendo aqui?

Marina: Nada, Paulinho não se mete! É essa menina complexada com mania de perseguição!

Rafaela indigna-se, põe as mãos sobre os olhos e chora. Paulo a consola.

Paulo: Vocês realmente deveriam se envergonhar.

Giselle: Vergonha devia ter ela de ser tão feia. (Olha para Rafaela) Vê se sai do meu pé menina.

Rafaela sai correndo triste. Marina puxa Paulo e saem juntos rindo.

Cena 3

Em cena o Professor e Giselle.

Professor: Giselle, o que aconteceu com você? Você era uma das melhores alunas na sua outra
escola segundo o histórico. Infelizmente, se você não se esforçar mais vai acabar reprovando
no meio do ano!

Giselle: Mas professor... Eu sou uma aluna tão boa! O senhor não acha? (Giselle se insinua para
o professor)

Professor: Só acho que você deve se esforçar mais. “Quem abrir um buraco cairá nele”. “Quem
racha pedras, será ferido por elas”. É mais inteligente pensar antes de agir, mocinha.

Giselle: Isso é muito chato... Será que eu posso agir de algum jeito pra que o senhor pense por
mim? (Gisele abraça o professor por trás e se insinua)

O professor empurra Giselle brutamente e grita.

Professor: Você vai se destruir com as tolices que diz menina! Vai se destruir!

Professor sai de cena alterado.


Cena 4

Rafaela entra em cena.

Rafaela: Eu pensei que nós seríamos amigas para sempre! Que nunca me faria mal!

Giselle: As coisas mudam. Eu quero ser popular, quero ser elogiada, amada e invejada por
todos!

Rafaela: Mas você disse...

Giselle: Não importa o que eu disse.

Rafaela: Quem é sábio recebe elogios pelas coisas que diz, mas o tolo é destruído pelas suas
próprias palavras. Você começa dizendo tolices e termina falando coisas absurdas e más. Eu li
em Eclesiastes, capítulo 10.

Giselle: E quem não sabe se por no seu lugar também é destruído pelas suas ações. Vê se sai
do meu pé, eu já disse!

Gisele sai de cena para um lado.

Rafaela: Pois você vai ver quem vai ser destruída.

Rafaela sai para o outro lado.

Cena 5

Marina e um amigo conversam no banco da escola. Giselle entra em cena. Os dois a olham
desdenhosamente.

Giselle: Oi Mari! Como você tá, minha amiga linda?

Marina: Amiga? Sua? Eu não. Não sou amiga de piriguete que se troca por nota.

Giselle: Como assim?

Mariana: Todo mundo já sabe que você tentou convencer o professor a não te reprovar com
truquinhos sujos. A Rafa viu! Coitada, foi te pedir desculpas e falar que se afastaria de você pra
não te prejudicar e viu você se “futucando” com o professor.

Giselle: Não! Vocês entenderam errado!

Marina: E aliás, fiquei sabendo que a Rafinha é sua amiga de infância, como pôde falar mal de
alguém que cresceu com você daquele jeito? Você não presta.

Giselle: Mas foi você que disse que...


Marina: Eu nunca te forcei a nada. Você é a única responsável pelos teus atos. Não tenho nada
a haver com isso. Aliás, sai de perto garota que não quero que ninguém me veja falando com
alguém como você.

Marina sai com o amigo e Giselle fica no banco chorando.

Cena 6

Rafaela entra em cena, olha Giselle chorando e senta ao seu lado. Giselle olha indignada para
Rafaela e sai correndo chorando. Rafaela continua sentada, pensativa e com remorso.

Paulo: O professor de religião quer falar com você! Tá encrencada!

Paulo sai. O professor entra em cena e senta ao lado de Rafaela no banco.

Professor: Foi você que espalhou essas coisas horríveis?

Rafaela: Fui eu... Mas...

Professor: A vingança não tem um gosto tão bom quanto imaginava, não é? (Rafaela acena
com a cabeça, negando) Na verdade, o sentimento de perdoar as pessoas é muito mais
recompensador; nobre. Você deveria tentar se redimir pelo que fez. Ela é sua amiga, sempre
foi.

Rafaela: Mas ela não é mais como antigamente! Ela não presta! Se misturou com os outros,
mesmo ela tendo certeza de que isso nunca aconteceria, a convivência a envenenou!

Professor: E a você também.

Rafaela: Como assim?

Professor ri, abaixa a cabeça e continua.

Professor: Ao julgá-los, você se torna igual a eles. Que te julgam de volta na mesma medida em
que você o fez.

Rafaela abaixa a cabeça e faz uma pausa.

Rafaela: Talvez o senhor tenha razão. Mas fazer algo a respeito vai dar tanto trabalho, afinal
todo mundo já sabe, deixa pra lá, o tempo conserta!

Professor: Em Eclesiastes 10;18 lemos que “Se por preguiça você deixar de consertar o telhado
de sua casa, ele acabará ficando cheio de goteiras, e cairá”.

Rafaela: É por isso que toda vez que deixo de arrumar alguma coisinha que baguncei por
preguiça, quando vou ver a bagunça já tá muito maior! (Sorri)

Professor: Você entendeu! Tente arrumar os seus erros antes que eles fiquem muito maiores.
Agora vamos, é hora da minha aula com vocês.
Cena 7

O professor e Rafaela entram e sentam. Gisele já está sentada na sala de aula. Marina, Paulo e
um amigo estão por perto conversando e sorrindo.

Giselle: Talvez eles estejam certos. Eu realmente tenho feito coisas horríveis... Mas como?
Foram apenas bobagens inocentes. Brincadeiras. E por tão pouco, apenas para me sentir
aprovada por todos, olha só o que me tornei.

Giselle olha as pessoas rindo ela a sua volta e começa a chorar. Rafaela olha a amiga chorando,
e sobe na cadeira.

Rafaela: Eu inventei tudo isso sobre ela! Não suportei o fato de ela não me querer mais por
perto e ter se tornado uma de vocês. Acabei fazendo tudo isso! Se quiserem sorrir de alguém,
sorriam de mim! Eu sou a errada! Eu sou a pecadora!

Todos ficam em silêncio.

Paulo: IH ! A LOUCA!

Então todos começam a rir e saem de cena juntos conversando e rindo.

Giselle e Rafaela permanecem em cena. Gisele senta no chão e chora, Rafaela abaixa e a
abraça.

Giselle: Por que você fez isso?

Rafaela: Eu posso até não gostar das suas atitudes, mas eu te amo assim como Jesus me
ensinou a amar até mesmo àqueles que mais me machucam. Somos amigas para sempre, haja
o que houver!

As duas se abraçam e ali ficam. O professor, Marina e Paulo entram e ficam de pé na frente
delas.

Professor: Para arruinar toda a sua história são precisas algumas palavras.

Marina: Mas para corrigir todos os seus erros você só precisa de duas...

Gisele levanta com Rafaela de mãos dadas e ficam à frente dos três.

Gisele e Rafaela: ARREPENDIMENTO SINCERO!

Paulo: E se você não for sábio o suficiente para não errar...

Amigo: Seja sábio o suficiente para se arrepender.

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