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Índice

1   O autor e a obra ............................................................................................................................................... 4


2   O Humanismo quinhentista ......................................................................................................... 7
3   O contexto histórico-cultural português .................................................................. 9
4   Texto dramático / Representação ...................................................................................... 12
4.1. Drama – o texto e a representação ............................................................................................................... 12
4.2. Características do texto dramático ............................................................................................................ 13
4.3. A importância das didascálias ............................................................................................................................. 14

5   O teatro .................................................................................................................................................................... 15
5.1. A função do teatro ..................................................................................................................................................................... 16
5.2. O teatro antes de Gil Vicente .................................................................................................................................. 16
5.3. O teatro com Gil Vicente ................................................................................................................................................ 18

6   O texto da peça e a estrutura .................................................................................................... 19


6.1. Natureza da obra ......................................................................................................................................................................... 20
6.2. O mote e o argumento ......................................................................................................................................................... 21
6.3. As variantes do mote ........................................................................................................................................................... 24
6.4. Estrutura externa ....................................................................................................................................................................... 25
6.5. Estrutura interna ....................................................................................................................................................................... 26

7   A ação ......................................................................................................................................................................... 27
7.1. Coordenação e correlação das ações ........................................................................................................ 28

8   As personagens ............................................................................................................................................ 29
8.1. Caracterização das personagens .................................................................................................................... 30
8.2. A personagem-tipo e a crítica vicentina .......................................................................................... 34

9   Objetivo da crítica vicentina ................................................................................................... 36


9.1. A dimensão satírica:
a ironia, a caricatura, o sarcasmo, a sátira, o cómico ..................................................... 37
9.2. Os tipos de cómico ................................................................................................................................................................... 39

10   A importância das didascálias na Farsa de Inês Pereira ................. 42


11   A linguagem em Gil Vicente ....................................................................................................... 43
11.1. A linguagem na Farsa de Inês Pereira .................................................................................................. 44
11.2. Os recursos expressivos ................................................................................................................................................. 46

12   A representação do quotidiano ............................................................................................ 53


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13   Características marcantes da peça ................................................................................. 55


14  Avaliação .............................................................................................................................................................. 57

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Coleção Resumos  Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

 importância das
A
10 didascálias na Farsa
de Inês Pereira
As didascálias são uma parte fundamental do texto dramático, pois apre-

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sentam informação indispensável. Estabelecem a ligação entre o pensamento
do autor e o espetáculo imaginado pelo encenador e executado pelos atores.
Como vimos (ponto 6.3.), na Farsa de Inês Pereira, a didascália inicial con-
tém elementos importantes para a leitura/representação do texto. Mas essa
não é a única didascália que encontramos. Existem didascálias que indicam as
personagens e existem ainda outras que desempenham diferentes funções:

Função Exemplo

Indicação da entrada e saída “(Vem Pêro Marques e diz:)”


de personagens “(vai-se Pêro Marques e diz Inês Pereira:)”

Indicações espaciotemporais “Chega a casa de Inês Pereira:”

Identificação de tarefas
“Lê Inês Pereira a carta.”
a desempenhar

Identificação dos títulos das


“Canta o Escudeiro o romance ‘Mal me quieren en
cantigas que as personagens
Castilla’ e diz Vidal”
em cena vão cantar

Indicação da personagem
“(Chega o Escudeiro onde está Inês Pereira e diz:)”
a quem se deve dirigir

“Vem a Mãe com certas moças e mancebos pera


fazerem a festa.”
Informação sobre as atitudes “Vem um Ermitão a pedir esmola e diz:”
e os comportamentos “Vem Lianor Vaz visitá-la e ela finge-se muito
anojada”
“Assentou-se com as costas pera elas e diz:”

Pelas didascálias, facilmente se compreende por que razão um texto dra-


mático resulta num texto “novo” de cada vez que é representado. À possibili-
dade de sentidos idealizados pelo dramaturgo, juntam-se os sentidos conferi-
dos pelo encenador e que transmite aos atores, e que vão resultar numa
interpretação potencialmente nova, diferente do texto escrito.

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11   A linguagem em Gil Vicente

 linguagem
A
11 em Gil Vicente

“A linguagem de Gil Vicente representa na história da língua o ponto


de transição da forma arcaica para a forma moderna.”
Óscar de Pratt, in Gil Vicente: notas e comentários, Lisboa, 1931

Ao analisarmos um texto literário devemos ter em atenção a linguagem


(o vocabulário e a sua riqueza e expressividade; os níveis de língua; o tom pre-
dominante do discurso) e o estilo (recursos estético-estilísticos característi-
cos e construções frásicas típicas).
No texto dramático, as falas das personagens podem apresentar caracte-
rísticas habituais do discurso oral, nomeadamente:

• frases incompletas, por hesitação ou por interrupção;


• alteração da ordem lógica do discurso e consequente reformulação;
• uso de vocabulário corrente ou mesmo familiar (por vezes, até popular);
• redundâncias e pleonasmos.

As falas das personagens, quando o texto se centra no “eu” e exprime emo-


ções e sentimentos, desejos e frustrações, caracterizam-se pelas marcas de sub-
jetividade e pelo recurso à primeira pessoa. Se, pelo contrário, o texto se centra no
espectador, há uma necessidade de transmitir informações, vontades, pedidos
ou ordens, o que faz com que se usem formas verbais de segunda e terceira pes-
soas, caracterizando-se pelas marcas subjetivo-objetivas e de inter-relação.

Assim, a nível linguístico, Gil Vicente serve-se:

• de expressões de registo popular;


• de expressões usadas na corte;
• do português e do castelhano (a corte portuguesa era bilingue no século XVI);
• de expressões latinas (conhecidas através das cerimónias religiosas).

De facto, nas suas obras, Gil Vicente teve o cuidado de adequar a lingua-
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gem às personagens e grupos sociais que representam. A linguagem é, assim,


não só um elemento ao serviço do cómico, mas também uma ferramenta útil
ao serviço da caracterização das personagens. É, pois, uma linguagem rica,
diversificada e, acima de tudo, adaptada a cada personagem.

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