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Introdução

De acordo com Débora Diniz e Ana Terra Mejia Munhoz,autoras do texto Cópia e
Pastiche: plágio na comunicação científica, datado no século I, o plágio surgiu na história na
mesma época em que se tem registros dos primeiros escritos com autoria, portanto, é de
suma importância definir o que é plágio, sendo uma ação antiética intelectual, assim como
outros desvios de autoria como: a autoria fantasma, compadrio e até mesmo o autoplágio.
Desta forma, de acordo com Stuart Green, no período românico se estabeleceu
o conceito de autor e o que seria sua propriedade literária, visto que nos tempos clássicos a
cópia criativa não era vista como plágio e sim uma produção legítima. Através dos séculos e
com a chegada da internet e sua tecnologia, a criação literária foi gradualmente substituída
pela cópia fraudulenta.
No entanto, segundo as autoras é preciso se atentar aos momentos em que a
cópia criativa agrega valor para a obra original, como em livros culinários, por exemplo, o
que já não acontece no campo da ciência onde o limite entre plágio e cópia é melhor
definido.
Para as autoras em se tratando de citações, para não cair no erro do plágio por
engano, é necessário seguir regras rígidas e prescritivas, chamadas regras de
normalização, de como citar frases de outros autores, de como citar e parafrasear,além de
regras sobre a estética e sobretudo a ética do texto, pois infringe a atribuição da autoria, que
nada mais é do que o reconhecimento do criador do texto.
Em se tratando da criminalidade, o plágio é considerado crime nas situações em
que a obra plagiada possui direitos autorais, o que não ocorre em toda obra, mas não é
requisito para ser original. Assim, é de entendimento geral que o plágio ofende a criatividade
e honestidade intelectual de seu criador, como trás Diniz e Munhoz.

A Voz do Autor

O prémio Nobel de Literatura concedido a Orhan Pamuk em 2006 (PAMUK


2007) contou com o discurso “A maleta de meu pai”, que com título autoexplicativo, contava
com textos encontrados na maleta de seu pai, e assim, Pamuk confessou que estava aflito
com a possibilidade de não encontrar a “voz de autor” nos textos de seu pai.
De acordo com Pamuk, é uma preocupação recorrente no campo da literatura,
seja ela de qual gênero for. Em se tratando do texto científico,a tolerância é branda, não é
esperado de um cientista que seja um bom escritor pois essa não é sua especialidade, é
necessário apenas que seja um bom comunicador, visto que obras científicas possuem sua
própria forma de comunicação, na forma de resumos, artigos, capítulos, fichamentos,
resenhas monografias, dissertações, ensaios, teses e entre outros.
Porém raramente essa habilidade é desenvolvida, e não é esperado que os
escritores deste gênero possuam a “voz de escritor”, é necessário que cumpram a chamado
estilo compartriplicado pela comunidade acadêmica, havendo inclusive um vasto mercado
editorial para saciar a demanda de ensino do método e assim atingem o chamado “resultado
da pesquisa” ao invés de buscarem a estética do texto, como dita as autoras.
De acordo com a autora, nessas situações é observado o cumprimento das
normas e o conjunto da obra, sem se atentar ao cumprimento das regras, o importante é a
originalidade e a criatividade, portanto é de suma importância observar quem escreveu
primeiro, quem compôs sua equipe de trabalho, em qual universidade, e suas inspirações
bibliográficas.
Desta forma, após concluída sua produção, o autor deve se atentar à
normalização de seu texto, organizando o mesmo em gêneros como: título extenso, título
corrido, resumo, introdução, metodologia, análise dos dados,resultados, conflitos de
interesses, ordem de autoria,participação dos autores, referências bibliográficas e
financiamento, respectivamente. Tal organização vem antes mesmo de sua avaliação quanto
à mérito, estética e até mesmo sua atribuição para a ciência como um todo., como é
explicado por Diniz e Munhoz.
Influência, Memória e Cópia

No olhar da autora, é necessário se atentar nas influências que obras já


publicadas exercem na criação de novos textos, é por esse motivo que um escritor está
sempre a busca de perguntas ainda não respondidas ou melhores respostas. Desta forma
um jovem escritor precisa separar sua obra das inspirações existentes, o que é feito na base
da pesquisa, é necessário também se atentar ao fato de que durante o processo de
produção do texto transforma o pesquisador em um escritor.
Desta forma, como dito por Antoine Compagnon em sua obra: O Trabalho de
Citação, há uma forma de estilo de comunicação científica que delimita o diferencial entre o
plágio e a citação direta. Assim,a citação direta é um recurso de abandono da autoria por um
momento,em uma espécie de licença textual, o que indica a citação é o uso das aspas, e é
orientado que seja um recurso excepcional porque o uso excessivo pode insinuar a
incapacidade expressiva do autor.
Assim sendo, o texto de Diniz e Munhoz revela que há implicações quanto ao
uso da citação direta,sejam elas éticas e estéticas, em se tratando de citação por admiração
ou reconhecimento de influência, aceitação tem cunho de reconhecimento de influência e
portanto, é um sinal de honestidade intelectual, pois o autor passa sua admiração aos seus
leitores, e por conta disso possui um formato específico, que se mostra no indicação da obra
citada, espaçamento do texto,tamanho diferenciado das fontes, recuo em relaçãoas
margens, aspas e e da página entre parênteses que servem para sinalizar ao leitor a
mudança de voz no texto.
Em se tratando de citação indireta, Diniz e Munhoz sintetizam que comumente
conhecida como paráfrase, é o principal recurso para a revisão da literatura, estado da arte,
fundamentação teórica ou revisão bibliográfica, é através dela que é possível a inspiração
com apropriação honesta, o que gera o exercício da síntese e a fidelidade do texto.
Por definição das autoras, a paráfrase é uma síntese do texto de inspiração, sem
os componentes de identificação para se caracterizar uma citação direta, como toda citação
possui regras de estética e de ética para a sua utilização é sempre finalizado com a fonte, o
autor do texto original, além de seu tempo e espaço de publicação, assim gera a
possibilidade da checagem da fonte, além de dar a possibilidade do leitor se aprofundar no
texto original
Por fim, as autoras reforçam que é importante salientar que as citações diretas e
indiretas (paráfrase) são ambas recursos legítimos pois colocam em uso a memória
intelectual além de potencializar a criação do autor

Pastiche e Plágio Intencional

Por definição, pastiche é o limiar entre a subversão literária e o plágio, é


comumente usado como o recurso estilístico de paródia em relação a outros textos, onde
há alterações em comparação com o texto original mas não na intenção de recriar, e sim de
enganar. Em se tratando do campo da ciência, o pastiche é a pior forma do plágio, onde há
a tentativa de demonstrar uma falsa originalidade, predestinado à humilhação em vista da
iminência da descoberta, como afirmam as autoras.
Assim, de acordo com Diniz e Munhoz, como o copista, aquele que comete o
pastiche apenas contorce o texto para aparentar originalidade, porém se diferencia no tempo
dedicado ao trabalho visto que o copista apenas copia e cola, e no pastiche existe uma
dedicação para subverter o texto forma tal que com o uso de outras palavras diga a mesma
coisa do texto original e assim passe despercebido, sendo descoberto na extrema
semelhança entre os textos.
De acordo com as autoras, o texto nos revela que existem duas classes
daqueles que praticam o pastiche: jovens estudantes que copiam por aprendem por
imitação, comumente usados para o curso e sem publicação. Em se tratando do segundo
grupo, são considerados profissionais, pesquisadores maduros que se consideram
transformistas de autores.
Danos do Plágio

Segundo Posner em 2007 e Sutherland-Smith em 2008, suas obras tratam de


como o plágio é a violação da originalidade de um autor através da cópia ou pastiche, em
se tratando de obras que não são respaldadas de direitos autorais, o dano é moral, e em se
tratando da limitação de investimento em pesquisa o dano também pode ser material,
embora difícil de mensurar.
Sobretudo, segundo a autora, o plágio ataca a integridade de toda a comunidade
acadêmica assim como de cada pesquisador em individual. Portanto é utilizado um amplo
sistema para detectar e combater o plágio além da humilhação perante a comunidade
acadêmica, há também a expulsão das universidades.

Respostas ao Plágio

É afirmado o texto de Diniz e Munhoz que é fato que não há criação sem
inspiração, e por isso, no processo de se tornar um escritor,é utilizado da imitação, repetição
e tradução como exercícios mentais. Concluindo, não há demérito em ser um escritor
mediano na comunicação científica desde que o autor consiga transmitir sua mensagem e
respeite as normas estabelecidas para tipo de texto que está produzindo.
Portanto, nas universidades a proibição do plágio conta com a inspeção dos
textos académicos através de softwares de caça-plágios, além de uma comissão de
integridade acadêmica e sobretudo uma banca de especialistas que avaliam casos
concretos, criando um ambiente hostil para plagiadores, como trás Diniz e Munhoz.
Em se tratando do olhar técnico dos trabalhos acadêmicos, as autoras relata que
o plágio se encontra presente no ensino médio e universitário e portanto é necessário que a
avaliação pedagógica esteja preparada para essas situações, em se tratando da
cumunidadecientífica em si, o controle do plágio é garantido através das publicações online
que permitem a utilização de softwares, além da comunidade em si, com seus leitores,
também fazerem tal curadoria, fazendo com que a descoberta seja iminente.
Por fim, Diniz e Munhoz reforçam que é importante salientar que aquele que
comete plágio seja ele direto ou indireto, é visto com desprezo por toda a comunidade, e
sofre a humilhação de ser descoberto de sua farsa, inclusive pelo mau uso de sua liberdade
de expressão como um cidadão.

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