Enquanto o Consílio dos Deuses do Mar se realizava, os navegadores continuavam, a sua viagem, contando histórias a bordo. É nesse momento que os marinheiros são surpreendidos pela Tempestade, em cuja descrição se cruzam dois planos narrativos: da viagem e dos deuses. Divisão do episódio em três partes: Tempestade e agitação a bordo (agitação dos elementos da natureza – vento, nuvens e mar – e dos elementos humanos – marinheiros); - Os sinais que alertam a proximidade da tempestade são o vento e a nuvem negra. - O mestre manda amainar, ou seja, tomar ou carregar as velas mais altas, atirar tudo ao mar e dar à bomba. - Os verbos utilizados para transmitir as ordens são os seguintes: “amaina” e “alija” - O responsável pela tempestade foi Baco, que não queria que os portugueses chegassem à Índia. - A tempestade provocou efeitos terríveis; ela fez com que as naus ficassem muito estragadas, o que provocou uma grande aflição aos portugueses. Elementos textuais que podem ilustrar esta afirmação: “Quebrando leva o mastro pelo meio,/Quase toda alagada; A gente chama/ Aquele que a salvar o mundo veio.” - Expressões que traduzem a violência da tempestade: “Mostra a possante nau, que move espanto.” e “Vendo que se sustém nas ondas”.
Súplica de Vasco da Gama à divina guarda;
Intervenção de Vénus.
Principais argumentos utilizados por Vasco da Gama na sua súplica a Deus: - A omnipotência divina (Deus já ajudara outros povos em dificuldades). - Os portugueses estão ao serviço de Deus (vão espalhar a fé cristã por terras desconhecidas), logo tinham uma missão religiosa. - Louva aqueles que morreram lutando pela fé cristã, pois era preferível uma morte heróica e conhecida em África a combater, do que uma morte devido a um naufrágio anónimo, sem honras, nem vitórias. - Os versos que traduzem o estado de espírito de Vasco da Gama são os seguintes: “Ora com nova fúria ao céu subia” e “Confuso de temor, da vida incerto”. - O pedido de Vasco da Gama não foi atendido. A tempestade não acalmou. - A responsável pelo fim da tempestade foi Vénus. - Expressões que comprovam a bonança da tempestade: “E logo à linda Vénus se entregavam/ Amansadas as iras e os furores/ De lhe serem leais esta viagem” Recursos expressivos:
Recurso Estrofe Exemplo Expressivo 75 Perífrase “Aquele que a salvar o mundo veio”
“… os ventos, que lutavam/ como
84 Comparação touros indómitos” 81 Apóstrofe “Divina Guarda, angélica, celeste” 78 Antonomásia “O grão ferreiro sórdido que obrou” “…os ventos, que 84 Personificação lutavam/..bramando…/Pela enxárcia, assoviando.” “Alija (disse o mestre rijamente),/ 72 Anáfora Alija tudo ao mar” “Estas obras de Baco são, por 86 Hipérbole certo,” “…o segundo/Povoador do alagado 81 Dupla Adjetivação e vácuo mundo” “Quanto se dá a grande e súbita 71 Dupla Adjetivação procela”