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Joaquim Poças Martins | António Matos de Almeida

17 e 18 de abril de 2020

Curso de ética e deontologia, necessário de acordo com os estatutos para se ser


membro efetivo da Ordem dos Engenheiros

Curso de Ética e Deontologia Profissional | 17 e 18 de abril de 2020

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1 A Engenharia em Portugal e no mundo

2 A Ordem dos Engenheiros

3 Ética e Deontologia

Para enquadrar as questões éticas no domínio da profissão vamos falar da profissão.


Do que identifica a profissão de engenheiro, dos desafios e oportunidades em Portugal e
no mundo.
De como se chega a engenheiro e como se continua engenheiro.

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Construção
Supervisão I&D
Reabilitação

Operação
Manutenção
Projeto
Produção Planeamento
Coordenação
Estradas de Segurança
Materiais
Internet

Automóveis
Indústria
Wi-Fi

Pontes
Aeroportos
Túneis
Mobilidade

Aviões
Energia

Agricultura Edifícios
Resíduos Robótica

Saúde
Gás Portos Indústria 4.0

Transportes
Barragens Água

Telecomunicações
AIA
Urbanismo GIS
Eletrónica

Logística
Barcos Moda Florestas
Alimentação
Diretor
Diretor
Geral
Técnico
CEO Administrador Diretor Comercial Diretor Financeiro
3

Há engenharia em quase tudo o que há.


Em tudo o que é artificial e em muito do que nos parece natural.
A azul, neste slide, apresenta-se exemplos de atividades de engenharia.
A vermelho, tipos de funções que exercem.
A verde, cargos que os engenheiros podem desempenhar nas organizações. Os
engenheiros podem ser tudo, podem chegar ao topo de quaisquer organizações,
públicas e privadas, nacionais e internacionais.

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Nesta sessão vamos falar de dilemas, de decisões entre opções que têm inconvenientes.

Mas atenção: dilema é escolher entre opções moralmente certas.

Escolher entre uma opção moralmente certa e outra errada não é um dilema, é uma
tentação moral, que na maioria dos casos é também uma tentação para fazer algo ilegal
e que, portanto, não deve de modo algum ser feito.

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Exemplos de dilemas éticos profissionais

• Introduzir no programa de controlo de um carro autónomo a decisão de virar


o volante, e atirar o carro para uma ravina de 100 metros matando os
ocupantes, ou não virar, e atropelar mortalmente um peão que subitamente
se atravessa na estrada
• Denunciar publicamente (whistleblowing) uma descarga noturna sistemática
e intencional, no coletor de águas pluviais da empresa em que trabalha, de
um efluente altamente tóxico, que seria muito caro tratar de forma legal,
depois de ter reiteradamente informado a chefia, primeiro verbalmente e
depois por gestão documental

Temos aqui dois dilemas éticos profissionais.

Relativamente ao primeiro, com pessoas a guiar, umas virariam o volante, outras não.

Num carro autónomo, a decisão sobre quem vai morrer está no programa, feito por
alguém, que terá decisão de vida ou de morte.

Se tivesse de programar esta instrução no programa, como procederia?

No segundo exemplo, o que deveria fazer um engenheiro perante esta situação?


Denunciar ou não denunciar? O que faria?

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A Engenharia em Portugal
e no Mundo

Vamos mostrar exemplos da engenharia que é feita em Portugal e no mundo.

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Vídeo introdutório do Dia do Engenheiro de 2018, com exemplos de engenharia de cada


uma das especialidades da Ordem.

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A conquista de Marte
Chegaremos a Marte antes de 2050?

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A conquista da Lua
Colocar um homem na Lua até ao final da
década (de 1960) e regressar em segurança
(JFK, Rice Stadium, 12/09/1962)

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Engenharia Mecânica – Principais Conquistas

Onde há Eng. Mecânica? Airbus A380/ Prancha de surf/ Sado 550/ Carrinho de criança/ Satélite artificial/ Fórmula 1/ Energias renováveis/ Transportes
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Engenharia Mecânica – Principais Conquistas

Da combinação da tecnologia AGT


(Advanced Galp Technology) com a
ambição e espírito de inovação Luso,
nasce a Pluma: uma nova geração de
garrafas Galp Gás 100% portuguesa e
100% pensada para os portugueses.

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Engenharia Mecânica – Principais Conquistas
• Novos materiais para “clássicos”

• Exterior: polietileno de alta densidade


• Interior: reservatório em aço
reforçado por uma matriz de
polipropileno e fibra de vidro

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Impressora 3D

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Engenharia Geoespacial: O rigor em Cartografar, Medir e Analisar a Terra

Topografia

GNSS
Laser
GPS/GALILEU
Scanning

ENGENHARIA
Deteção GEOESPACIAL Sistemas
Informação
Remota
Geográfica

Fotogrametria
Proximidade Fotogrametria
Aérea
UAV/Drones

Colégio de Engenharia Geográfica - Ordem dos Engenheiros Região Norte

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TOPOGRAFIA CADASTRO LASER SCANNING NAVEGAÇÃO POR SATÉLITE

OBSERVAÇÃO DA TERRA POR SATÉLITE FOTOGRAMETRIA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

Engenharia Geoespacial: O rigor em Cartografar, Medir e Analisar a Terra


Colégio de Engenharia Geográfica - Ordem dos Engenheiros Região Norte

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Engenharia Geoespacial: O rigor em Cartografar, Medir e Analisar a Terra
Colégio de Engenharia Geográfica - Ordem dos Engenheiros Região Norte

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Exemplos de construção, destruição,
reconstrução, reabilitação, falta de
infraestruturas, que mostram que a
Engenharia, de todas as especialidades,
é parte da solução e está sempre a ser
precisa, de forma recorrente
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Hiroshima depois da bomba, em 1945, com Detroit pujante.


Hiroshima pujante em 2012, Detroit em ruínas depois do abandono da cidade na
sequência da queda da indústria automóvel .

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Detroit antes

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Detroit em 2012

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Detroit em 2019

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Guerra na Síria: necessário reconstruir

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Favela que vai perdurar; há quem esteja pior e que se mudará para a favela para ocupar
casas que são abandonadas por pessoas que conseguem mudar para zonas de
urbanização formal

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TUCA VIEIRA/WIKIMEDIA COMMONS
Realidades diferentes: S.Paulo.
Os mais pobres, em urbanizações informais, sem abastecimento domiciliário, pagam a
água 10 vezes mais cara que os que têm acesso a água canalizada.

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Zona de musseque e alternativa de habitação social na África do Sul

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Habitação já com abastecimento domiciliário de água em Moçambique, mas sem
canalização interna nem casa de banho

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Habitações paupérrimas e rio poluidíssimo.

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Barcelona, exemplo de cidade europeia rica, em que as casas são renovadas com
frequência

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Reabilitação em
48 horas

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Casa reabilitada em dois dias, o sonho realizável de qualquer pessoa, uma oportunidade
para engenheiros

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Estandardização e pré-fabricação, um caminho para a construção no futuro

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Um dos milhares de hospitais recentemente construídos em 10 dias na China em


resposta à pandemia COVID 19

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São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, com o rio Tieté poluidíssimo por falta de
saneamento e com margens betonadas, solução que hoje não seria provavelmente
seguida.

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Inundações e destruição por entubamento de ribeiras urbanas.

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Estandardização em Inglaterra e em Hong Kong, centros comerciais e renovação de lojas,
em que a engenharia Portuguesa é especialmente competitiva

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Mas num mundo em permanente mudança, quando sabemos as respostas mudam as


perguntas …
É preciso fazer de novo, fazer diferente, o que se traduz em novas oportunidades
profissionais para engenheiros

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População
Padrões de consumo
Pobreza
Alterações climáticas
Globalização
Sustentabilidade
Economia circular
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Desafios novos, conceitos novos que requerem respostas diferentes.


Não se resolvem os problemas do futuro com soluções do passado.

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O mundo evoluiu muitíssimo , sobretudo depois da Revolução Industrial.

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Mais de 80% da população do mundo vive nos países em desenvolvimento, cada vez em
grandes e mega cidades e, muito especialmente, nas suas periferias de urbanização
informal.
Em Portugal há décadas que as pessoas abandonam os campos e se deslocam das
aldeias para as sedes de concelho e do interior para o litoral (se se pode falar em interior
num país com 200 km de largura).

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16.6
billion
HIGH

AVERAGE

11.2
billion

7.6 7.6
billion LOW
billion

1.0
billion

A população vai provavelmente aumentar muito, pode duplicar nos próximos 50 anos.
O consumo vai também aumentar muito, sobretudo nos países menos desenvolvidos, o
que se traduz em grandes desafios e oportunidades em termos de engenharia

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População
e rendimentos
2017

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018


A população está a aumentar mas a pobreza está a diminuir e, consequentemente, o
consumo a aumentar.
Rosling, propôs a divisão da população em níveis de rendimento: os que vivem com
menos de 2, 8 e 32 dólares por dia.
Em Portugal a maioria está no nível 4.

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População
e rendimentos
2040

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018


Cada vez haverá, felizmente, menos pessoas no nível 1 e mais nos níveis seguintes.

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Água

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018


O que significa viver em cada um destes níveis

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Transporte

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018

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Cozinhar

Nível1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018

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Comer

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018

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Dormir

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

FONTE: FACT FUL NESS – HANSD ROSLING - 2018


A população está a subir rapidamente, estão a ser construídas infraestruturas de
abastecimento de água por exemplo, mas a um ritmo ainda insuficiente

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World Population

People without acess to potable water

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CO2

Fossil Carbon

Devido ao aumento de população e do consumo, há mais carbono fóssil a passar para a


atmosfera e a criar aquecimento global. Temos de usar menos petróleo e de eletrificar
os transportes, as casas e as fábricas, de usar cada vez menos carvão para produzir
energia, de passar para energias renováveis, sobretudo solar e eólica off-shore.
E poderemos desenvolver sistemas artificiais de sequestro do carbono atmosférico.

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World population

CO2 to date in 2019 (ton)

A quantidade de CO2 na atmosfera está a subir muito rapidamente.

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CO2 (PPM)

Temperature (ºC)

1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020

Em consequência, o mundo está a aquecer.

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O clima está a mudar, a precipitação a diminuir, em muitas zonas do mundo, mais e
mais severos eventos extremos de secas e cheias, tempestades mais violentas e
frequentes.

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A ONU apresentou 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, a maioria dos quais
depende direta ou indiretamente da engenharia

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A água como exemplo

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Vamos considerar o exemplo da água, essencial à vida e ao desenvolvimento económico

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VÍDEOS: PEXELS, DESCOBRINDO PORTUGAL NORTE A SUL, UN IN ACTION, NATIONAL GEOGRAPHIC, MARAVILHAS NATURAIS DE ANGOLA, AGORA JÁ SABES, I LOVE QUATAR, AMNESTY INTERNATIONAL
Population

Environment Energy
WATER

Consumption Climate
change

Opções quanto ao ambiente, por exemplo poderão levar a construir mais barragens e a
fazer transvases (artificializar) ou a renaturalizar os rios;
Quanto à energia, poderemos ter energia muito mais barata que hoje, mas por razões
fiscais o preço pode não seguir os custos.
Quanto à população, poderemos ser seis ou doze biliões de pessoas na Terra.
Poderemos ter alterações climáticas mais ou menos profundas.
Poderemos ter mais ou menos dinheiro disponível, a nível dos estados e das pessoas, o
que fará toda a diferença em termos dos padrões de consumo e da nossa relação com a
água.

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Atualmente, por falta de precipitação, há vastas zonas desérticas no mundo,
praticamente sem população nem vida.

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Mas, curiosamente, as zonas de desérticas não são sempre classificadas como zonas de
escassez de água.
Escassez significa pouca água por habitante e, como nos desertos não há muitas
pessoas, não pode dizer-se que há falta de água. No entanto, de facto não há pessoas
porque não há água.

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1,8% ice and 0,7% fresh water
too deep

97,5% in the sea

Isto foi o que aprendemos e ainda se ensina na escola, que só podíamos contar com
menos de 1% da água que existe no planeta.
Felizmente hoje sabemos que não é assim, podemos ter acesso a novas origens de água.

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URBAN WATER CYCLE

WTP
WWTP

River

WTP

WWTP

Podemos reutilizar infinitamente a água nas cidades e nas indústrias e, assim, ter
sempre água, mesmo com alterações climáticas e, também, muito menos poluição.

Que acha de beber água que já foi esgoto? Mesmo que tecnologicamente tal seja
possível?

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Autonomous houses, lower solar energy costs?

Estamos a evoluir para casas autónomas em termos de energia, pelo menos à escala do
quarteirão, do bairro ou da cidade.

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YOUTUBE
Bill, Gates patrocinou projetos de reutilização da água a partir de esgoto para produção
de água potável.

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BUSINESSINSIDER
Na Namíbia já fazem isto há mais de 50 anos.

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E esta água é perfeitamente segura, em Windohek as pessoas estão habituadas a
consumi-la.

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Reuse as Potable Water (750 000 Population - $100/Person)

FONTE: EPA, 2017, 20Mgd


Source: EPA

É possível reutilizar água para potabilização a menos de 50 cêntimos por metro cúbico,
valor que também é atingido com dessalinização, desde que as instalações funcionem
continuamente e não só em situações de secas prolongadas e severas.

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Spain

As barragens artificializam os rios e cortam a continuidade fluvial.


As populações reagem negativamente à transferência de água para outras bacias
hidrográficas, como acontece em Espanha, por exemplo com o transvase Tejo-Segura.

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Agriculture in the desert

SUNDROP FARMS
Agricultura no deserto já é uma realidade. Com energia solar é possível bombar água do
mar e dessalinizar. Com água e calor, as culturas passam a ser possíveis, o Sahara
poderia alimentar o mundo.

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Dubai before economic
development

O Dubai era um deserto, tinha muito pouca água até …..

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…passar a ter muito dinheiro, e hoje já não tem falta de água, passou
a dessalinizar sem limites.

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… tem até uma pista de ski, e campos de golfe verdejantes.

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Hoje já se dessaliniza com um consumo de energia de 3,5 kWh/m3 e, combinando
reutilização de águas residuais com dessalinização, com menos de 2 kWh/m3.
Com o kWh a 15 cêntimos, estamos a falar de menos de 50 cêntimos o metro cúbico,
perfeitamente comportável para abastecimento público de água e que começa a ser
também comportável para agricultura de produtos de alto valor acrescentado, como
saladas e afins. (em Espanha já se rega com água dessalinizada).

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Desalination

GREENPROPHET

EARTHMAGAZINE.ORG

Exemplo de uma desssalinizadora no médio oriente e de um navio com uma


desssalinizadora, próprio para acudir a situações de consumo excecional, por
exemplo em zonas turísticas, para responder a picos sazonais de consumo.

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Construção
Supervisão I&D
Reabilitação

Operação
Manutenção
Projeto
Produção Planeamento
Coordenação
Estradas de Segurança
Materiais
Internet

Automóveis
Indústria
Wi-Fi

Pontes
Aeroportos
Túneis
Mobilidade

Aviões
Energia

Agricultura Edifícios
Resíduos Robótica

Saúde
Gás Portos Indústria 4.0

Transportes
Barragens Água

Telecomunicações
AIA
Urbanismo GIS
Eletrónica

Logística
Barcos Moda Florestas
Alimentação
Diretor
Diretor
Geral
Técnico
CEO Administrador Diretor Comercial Diretor Financeiro
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De facto, como referido, há muitas oportunidades para engenheiros.

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75
Os diapositivos anteriores evidenciam um mundo de oportunidades
para a engenharia, nas diferentes geografias e especialidades

Muitos mais Engenheiros necessários


Onde?
Para Fazer o Quê?
Que Competências?
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76
Onde e para fazer o quê?
O projeto dura meses,
a construção meses ou
anos, a exploração, Produção Fabril, Exploração, Manutenção,
manutenção e reabilitação Reabilitação, Administração Pública
do que se construiu são
precisas durante toda a
vida. Construção
Nos países desenvolvidos Projeto
há menos projetos de raiz
e mais necessidade de
operação e manutenção;
nos países em
Meses Meses ou Toda a vida
desenvolvimento faz
anos
falta tudo
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Mechanical Engineers
• Candidate Supply: 242.000
• Employers Hiring Now: 3,930
• Current Job Openings: 14.950
• Hiring Scale: 56
• Average Salary Range:$72.000 - $88.000
• Average Posting Period: 46

Top skills employers are looking for in Mechanical Engineers:


• Product development/management
• Project Management
• Mechanical Design
• Autodesk AutCAD
• Solidworkds CAD

Top 5 certifications employers are looking for in Mechanical Engineers:


• Computer Aided Desing (CAD)
• Pofessional Engineer (PE)
• Certified Association Executive (CAE)
• Accreditation Board for Engineering and Tecnology (ABET)
• American National Standards (ANSI)

Ética e Deontologia Profissional 79

Um exemplo do mercado para engenheiros nos EUA.


Atenção aos salários, e ao que os empregadores pedem: domínio de ferramentas
informáticas, qualificações, certificação e competências

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79
Electrical Engineers
• Candidate Supply: 158.000
• Employers Hiring Now: 3,152
• Current Job Openings: 14.285
• Hiring Scale: 58
• Average Salary Range:$77.800 - $95.050
• Average Posting Period: 49

Top skills employers are looking for in Electrical Engineers:


• Electrical Systems
• Project Management
• Power System Modeling
• Autodesk (AutoCAD)
• Technical Support

Top 5 certifications employers are looking for in Electrical Engineers:


• Pofessional Engineer (PE)
• Computer Aided Desing (CAD)
• National Electrical Code (NEC)
• Top Secret Sensitive Compartmented Information (TSSCI)
• Engineer-In-Training (EIT)

Ética e Deontologia Profissional 80

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80
Civil Engineers
• Candidate Supply: 255.000
• Employers Hiring Now: 2,127
• Current Job Openings: 10.586
• Hiring Scale: 24
• Average Salary Range:$78.950- $96.500
• Average Posting Period: 45

Top skills employers are looking for in Civil Engineers:


• Project Management
• Construction Management
• Autodesk AutoCAD
• Bentley Microstation
• Business Development

Top 5 certifications employers are looking for in Civil Engineers:


• Pofessional Engineer (PE)
• Engineer-In-Training (EIT)
• Computer Aided Desing (CAD)
• Computer Aided Design & Drafting (CADD)
• Accreditation Board for Engineering and Tecnology (ABET)

Ética e Deontologia Profissional 81

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81
Esta análise do mercado de
Skills
trabalho para engenheiros
• Perfis de especialização
nos EUA evidencia uma
visão estruturada da Certificações
profissão, por perfis de • Perfis profissionais com
atividade e valorização dos diferentes níveis de
perfis profissionais com qualificação
diferentes níveis de • Especializações em áreas de
atividade
qualificação e
especializações certificadas
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Análise SWOT da profissão

• Oportunidades locais e em diferentes geografias. • Valorização insuficiente de muitos atos de


• Crescimento da procura de serviços da engenharia a nível mundial engenharia.
(construção nova, reabilitação, manutenção, tecnologia). • Algumas tarefas de rotina vão deixar de requerer
• Vocação para a resolução de problemas, empreendedorismo engenheiros qualificados.
e gestão.
• Perspetivas muito diversificadas de carreiras independentemente • Haverá menos engenheiros em cada projeto
da formação de base. (mas mais qualificados).

S W
• Procura contínua de novos produtos, materiais, processos .
O T
• Crescimento da população (habitação, água, transportes, energia).
• Retração da economia (menos investimento).
• Crescimento económico (infraestruturas, edifícios, carros, software, …).
• Globalização (mas constitui uma oportunidade para os bons
• Ajuda internacional no combate da pobreza (um bilião de pessoas sem
profissionais de países em desenvolvimento).
água, dois biliões sem saneamento), biliões sem casa condigna
• Atração cíclica dos melhores alunos para outras profissões
• Guerra e desastres naturais (reconstrução).
(atualmente em Portugal os melhores alunos escolhem de novo
• Novas áreas de atividade (ambiente, alterações climáticas, gestão de
engenharia).
risco, sustentabilidade, cidades verdes, cidades inteligentes)
• Otimização e medidas de eficiência ( perdas de água, eficiência
energética).
• Indústria 4.0, Construção Lean, BIM, Machine Learning, Internet das
coisas, IA. 83

Análise dos pontos fortes e fracos, das oportunidades e ameaças para a profissão de
engenheiro.

Pela positiva, e mais importante, engenharia é uma excelente profissão, com imensas
oportunidades em Portugal e no mundo.

Haver engenharia em tudo o que há é um ponto forte mas também uma fraqueza. Não
existe o ato de engenharia, como existe ato médico, só passível de ser exercido por
médicos.
Há muitos atos de engenharia de exercício livre.

Ao fim de três anos já se é engenheiro em Portugal, enquanto que no reino Unido ou


nos EUA só ao fim de nove a dez anos.

Até há pouco tempo os cursos de engenharia eram de cinco anos, já foram de seis anos,
como continua a ser o de medicina.

Há engenheiros com qualificações e competências muito diferentes.

Os Engenheiros raramente estão inseridos em carreira própria, estão “diluídos” nas


organizações, incluindo na administração pública, e muitas vezes são chefiados por não

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83
Pontos fracos e seu contraponto
• Valorização insuficiente de muitos atos de engenharia: transformação dos
serviços de engenharia em “commodity”, desvalorização do projeto,
“uberização”;
• Cada vez mais tarefas de rotina e repetitivas vão passar a ser executadas
por profissionais menos qualificados, usando programas informáticos
específicos;

Mas, pela positiva, vai aumentar o valor dos engenheiros


mais qualificados, de formação abrangente, com
capacidade integradora, líderes de equipas
pluridisciplinares.
84

The Vision for Civil The American Society of Civil Engineers (ASCE) organized a gathering of thought leaders from diverse
backgrounds and countries – civil engineers, engineers from other disciplines, architects, educators,
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Engineering in 2025 and other leaders – to ask: What will the civil engineering world be like in 2025? What aspirational
role will civil engineers play in that radically transformed world?
84
The Vision for Civil The civil engineer is knowledgeable. He or she understands the theories, principles, and/or
fundamentals of:
Engineering in 2025 • Mathematics, physics, chemistry, biology, mechanics, and materials, which are the foundation of
engineering
• Design of structures, facilities, and systems
• Risk/uncertainty, such as risk identification, data-based and knowledge-based types, and
probability and statistics
• Sustainability, including social, economic, and physical dimensions
• Public policy and administration, including elements such as the political process, laws and
regulations, and funding mechanisms
• Business basics, such as legal forms of ownership, profit, income statements and balance sheets,
decision or engineering economics, and marketing
• Social sciences, including economics, history, and sociology
• Ethical behavior, including client confidentiality, codes of ethics within and outside of engineering
societies, anticorruption and the differences between legal requirements and ethical expectations,
and the profession’s responsibility to hold paramount public health, safety, and welfare

86

Têm formação em ciências básicas, projeto, risco, sustentabilidade, políticas públicas,


negócio, ciências sociais e ética.

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86
The Vision for Civil The civil engineer is skillful. He or she knows how to:
• Apply basic engineering tools, such as statistical analysis, computer models, design codes and
Engineering in 2025 standards, and project monitoring methods
• Learn about, assess, and master new technology to enhance individual and organizational
effectiveness and efficiency
• Communicate with technical and non-technical audiences, convincingly and with passion, through
listening, speaking, writing, mathematics, and visuals
• Collaborate on intra-disciplinary, cross-disciplinary, and multi-disciplinary traditional and virtual
teams8
• Manage tasks, projects, and programs to provide expected deliverables while satisfying budget,
schedule, and other constraints
• Lead by formulating and articulating environmental, infrastructure, and other improvements and
build consensus by practicing inclusiveness, empathy, compassion, persuasiveness, patience, and
critical thinking

87

Dominam as ferramentas básicas de engenharia, as novas tecnologias, sabem


comunicar, trabalhar em equipa, gerir e liderar.

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87
The Vision for Civil The civil engineer embraces attitudes conducive to effective professional practice. He or she exhibits:
• Creativity and entrepreneurship that leads to proactive identification of possibilities and
Engineering in 2025 opportunities and taking action to develop them
• Commitment to ethics, personal and organizational goals, and worthy teams and organizations
• Curiosity, which is a basis for continued learning, fresh approaches, development of new
technology or innovative applications of existing technology, and new endeavors
• Honesty and integrity—telling the truth and keeping one’s word.
• Optimism in the face of challenges and setbacks, recognizing the power inherent in vision,
commitment, planning, persistence, flexibility, and teamwork
• Respect for and tolerance of the rights, values, views, property, possessions, and sensitivities of
others
• Thoroughness and self-discipline in keeping with the public health, safety, and welfare
implications for most engineering projects and the high-degree of interdependence within project
teams and between teams and their stakeholders

88

Assumem atitudes essenciais: ética, curiosidade, honestidade, otimismo, valores,


autodisciplina.

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88
Educating the engineer of 2020
To prepare the engineer of 2020 fot that challenging future, the NAE undertook an in-depth study of how engineering education
would have to change. Among the several recommendations, made in 2005:

• The bachelor´s degree should be considered a pre-engineering or “engineer in training” degree.


• The master´s degree should become the recognized engineering “professional” degree.
• Institutions should take advantage of flexible accreditation criteria in developing curricula and expose students to the essence of
engineering early in their undergraduate experience.
• University education should produce engineers who can both define and solve problems.
• Institutions must teach students how to be lifelong learners.
• Engineering undergraduate programs should introduce interdisciplinary learning and use case studies of both engineering
successes and failures as a learning tool.

89

De acordo com a National Academy of Engineering, no documento de 2005 Educating


the Engineer of 2020, a base para se ser engenheiro é o mestrado.

A licenciatura corresponde a um patamar intermédio para se chegar a engenheiro.

A formação inicial deve produzir engenheiros que saibam não só resolver mas também
definir problemas.

Os engenheiros têm de aprender durante toda a vida, para não ficarem obsoletos.

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89
Grand Challenges for Engineering • Provide access to clean water
What are the great problems that future engineers will need • Restore and improve urban infrastructure
to solve? The NAE received input from 40 countries in a
• Advance health informatics
major visioning exercise to highlight what areas of
engineering will have great potencial for improving • Engineer better medicines
mankind`s quality of life. To address these Grand Challenges • Reverse-engineer the brain
for Engineering, it will take a engineering professionals with
both a breadth and depth of knowledge, strong leadership, • Prevent nuclear terror
and a dedication to the public good. Fourteen challenges • Secure cyberspace
were identified:
• Enthance virtual reality
• Make solar energy economical
• Advance personalized learning
• Provide energy from fusion
• Engineer rhe tools of scientific discovery
• Develop carbon sequestration methods
• Manage the nitrogen cycle
90

Em 2005 foram identificados 14 grandes desafios para os engenheiros.

Estarão atuais?

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90
Não é o mais forte que sobrevive,
nem o mais inteligente,
mas o que melhor se adapta às mudanças.

91

A única certeza é que tudo vai mudar.


Só sobrevivem os que se adaptam à mudança.

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91
92

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92
Regulação da profissão de Engenheiro
e Ordens Profissionais
PORQUÊ?

93

A criação de entidades reguladoras da profissão decorreu de grandes desastres, há uma


centena de anos.

Dois exemplos dos EUA: uma barragem e uma ponte.

Os slides seguintes são autoexplicativos.

Em ambos os casos houve acidentes gravíssimos por falhas humanas, decorrentes de


decisões incorretas, técnicas e políticas.

O que poderia ter sido diferente se, à data, se os engenheiros envolvidos estivessem
sujeitos à disciplina de uma ordem profissional?

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93
Barragem de S Francisco (USA)
Contexto
• O Mayor e Mulholland conceberam um plano • A barragem de S Francisco integrava um plano de 5
grandioso: captar água em Owen Valley e construir reservatórios de reserva e iniciou-se em 1922
um aqueduto com 375 km • O projeto da obra foi atribuído ao próprio
• O aqueduto foi projetado e construído entre 1907 e Mulholland e foi executado sob sua supervisão sem
1913 e a barragem iniciou-se em 1922 recurso a consultores externos de qualquer natureza;
• O acesso à água captada foi um processo obscuro • A sua construção, também da sua responsabilidade,
que ludibriou os agricultores de Owen e os levou à foi discreta. Mulholland não queria dar nas vistas por
ruina, à medida que foram ficando sem água, causa dos conflitos da guerra da água que atingiam o
enquanto floresciam novas fazendas com a irrigação auge;
dos terreno áridos de LA, provocando um conflito
• Entretanto a cidade crescia a um ritmo tal que,
violento que ficou conhecido como “guerra da água”
durante a construção, Mulholland subiu a cota da
em que troços do aqueduto foram dinamitados e barragem para lhe aumentar a capacidade.
fazendas novas destruídas.
• Eaton foi acusado de interesses ilegítimos no negócio
dos terrenos valorizados;
95

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95
Barragem de S Francisco (USA)
Perfil de William Mulholland
• Não era um engenheiro com formação académica • Notabilizado pela construção do Aqueduto de LA -
clássica, Autodidata prestigiado e reconhecido, era 375 km pelo preço e no prazo – obra com
um self-made-man que saíra da Irlanda aos 15 dimensão épica e complexidade então comparada
anos como marinheiro da marinha mercante e , à do canal do Panamá - conquistou enorme
depois de um percurso atribulado. Aos 22 anos prestígio e poder;
fixou-se em LA como operário da Companhia de
Águas, na escavação de valas; • A Universidade da Califórnia em Berkeley fê-lo
doutor honorário
• Trabalhador incansável, inteligente, afável e
determinado, valorizava o conhecimento e foi um • A suas obras foram isentadas de qualquer
leitor voraz nas bibliotecas públicas nos anos supervisão estadual;
iniciais; • Visionário com atração por obras épicas, era
• Aos 31 anos foi nomeado superintendente na reconhecido como pioneiro – terá sido o primeiro
Companhia e aos 47 foi nomeado Engenheiro a utilizar comportas hidráulicas e tratores
Chefe quando o seu chefe e amigo F. Eaton, caterpiller, por exemplo;
engenheiro com formação clássica, foi eleito • As poucas vozes de colegas que o consideram
Mayor da cidade; convencido e imune a qualquer crítica, não
tinham eco. 96

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Barragem de S Francisco (USA)
Colapso em 12 de Março de 1928 • Áreas enormes cobertas por detritos com
(poucas horas após a última inspeção mais de 20 metros de altura.
pelo projetista):
• 450 pessoas mortas e desaparecidas.
• Onda de 47 milhões de metros cúbicos
de água (capacidade da albufeira)
inundou o vale de Santa Clarita

• Velocidade estimada: 29 km/h,(8,3 m/s)


destruiu tudo pelo caminho;

• A cidade de Santa Paula ficou debaixo de


6 metros de lama e destroços.
98

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98
Barragem de S Francisco (USA)
Colapso em 12 de Março de 1928

Percurso da lama até Ventura, 90 km a jusante

99

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99
Barragem de S Francisco (USA)
Causas identificadas
Pelo menos 12 comissões de 70 anos depois o Prof. J. David Rogers, da
inquérito: Univ. de Ciência e Tecnologia do Missouri,
concluiu:
• Instabilidade geológica do cânion.
• Porosidade das rochas;
• O projetista não verificou a

Fonte: Adaptado de : http://super.abril.com.br/tecnologia/barragem-de-st-francis/


capacidade de carga do terreno. • Falta de reforço estrutural para suportar
o aumento de 3 m na altura, em 1924,
quando a obra estava em curso;
• Concentração de responsabilidades –
projeto, construção e monitorização –
numa única pessoa.

100

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100
Barragem de S Francisco (USA)
Em síntese, os vários estudos revelaram:

Erros de conceção
• Incompreensão da geologia do terreno
• Aumento da altura da parede sem reforçar a estrutura e a fundação
Erros de execução
• Qualidade dos betões
• Largura da fundação executada com menos 6 metros que o projeto

101

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101
Barragem de S Francisco (USA)
Erros Éticos
• Mulholland ultrapassou os limites da sua • A limitação de conhecimento, o orgulho e o poder
competência: limitaram-lhe a capacidade de julgamento e
• Tinha formação prática, mas não impediram-no de recorrer a consultores.
dominava o conhecimento científico • Concentração de responsabilidades – projeto,
necessário que o estado da arte já construção e monitorização - numa única pessoa.
oferecia
• As autoridades prescindiram do seu dever de
• A formação de Mulholland era
supervisão em matérias de segurança.
eminentemente prática
• A sua experiência, incidia no transporte
de água e pequenas barragens de terra.
• A conceção da barragem gravítica em
arco requeria conhecimento científico
e experiência que manifestamente
não tinha.

102

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102
Barragem de S Francisco (USA)
Consequências
• A carreira de Mulholland acabou.
• O desastre foi considerado o maior fracasso da engenharia civil americana no século XX.
• Provocou mudanças visando a segurança pública na prática de engenharia civil:
• registo profissional para engenheiros,
• revisão estadual (e federal) das barragens existentes,
• relatórios geológicos obrigatórios nos locais das barragens,
• testes obrigatórios de compactação do solo.
• (o ensaio de Proctor tornou-se standard na Califórnia).
• Suscitou ainda uma reflexão ética sobre a autonomia profissional, ou seja, dos requisitos de
competência científica, prática e comportamental, que conferem aos engenheiros a capacidade de
assumir responsabilidade pelos atos praticados - um novo paradigma no acesso à profissão

103

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103
Ponte de Quebec
• Tipo: Maior ponte metálica de consola
do mundo
• Utilização mista: 2 vias ferroviárias +
3 vias + 1 via pedonal
• Comprimento da ponte: 987 m
• Comprimento do tramo central: 549 m
• Envergadura do balanço: 178 m Construção: 1903-1907
1913-1917
• Largura: 28,7 m
• Altura: 104 m Projetista: Theodore Cooper
Norman McLure

104

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104
Ponte de Quebec Perfil de Theodore Cooper:
• Profissional reconhecido, com numerosos
projetos de prestígio no curriculum, mas era
orgulhoso e arrogante
Contexto: • Sem justificação objetiva, apresentou a solução
como sendo “a melhor e mais barata” para
• Anseio antigo da população de o local.
Québec - no inverno só se podia • Prisioneiro da posição assumida, viu-se
atravessar o rio de comboio, forçado a aumentar o vão de 490 para 550 m
barco, ou sobre o gelo. para reduzir o custo,
• Pressão política e social. • Robert Douglas, Eng. do Governo Canadiano,
reviu o projeto e criticou o valor elevado
• Projeto ambicioso: maior ponte das tensões no vão maior.
do mundo no seu tipo, aspirando
• Rejeitou a crítica com soberba, rejeitando
reconhecimento como maravilha a crítica por um “Zé ninguém”
da engenharia no mundo.
• Recusou supervisionar a construção no estaleiro
e confiou-a um “desk engineer”.
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105
Ponte de Quebec
Avisos ignorados
• No verão de 1907 as falhas de projeto e  Em 27 de Agosto McLure verificou que as
de liderança no estaleiro começaram a deformações de encurvadura aumentaram:
manifestar-se em anomalias da estrutura, • Informou John Deans, o chefe de estaleiro,
especialmente nas peças comprimidas. que comunicou a mensagem a Cooper, na
• O jovem engenheiro Norman McLure foi o Pensilvânia.
primeiro a identificar o problema: • Cooper terá respondido para não se
 Em 6 de Agosto McLure relatou a Cooper acrescentar “mais carga na ponte, até todos
que as barras inferiores, no braço sul, os factos estarem ponderados”, e assumiu que
estavam dobradas; o trabalho teria parado.
 Em 12 de Agosto relatou mais dois casos, • Deans leu a mensagem, mas ignorou-a.
mas Cooper insistiu que a obra  Segundo “A folha de S Paulo”, no dia 29 de Agosto
continuasse; McLure, foi mesmo à Pensilvânia falar com Cooper
e convenceu-o da necessidade de parar a obra
106

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106
Ponte de Quebec
Avisos ignorados
mas a ordem de Cooper chegou tarde demais:
23 minutos antes de terminar a jornada de
trabalho, a ponte colapsou.

76 mortos + 24 feridos.
33 serralheiros da reserva Mohawk entre
os mortos.

107

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107
Ponte de Quebec
Causas do Colapso
Comissão de inquérito: • John Deans foi severamente censurado
• Durante 50 anos o projeto começou e por ter continuado com os trabalhos
parou várias vezes: quando eram óbvios os riscos.

• Quando a obra começou, em 1903, os • A culpa recaiu sobre Theodore Cooper,


cálculos preliminares feitos na fase que cometeu erros graves no projeto.
inicial do projeto não foram verificados. • A empresa foi censurada por colocar o
• O peso real da ponte foi muito maior lucro acima da segurança e recorrer a
que o projetado. engenheiros que negligenciaram seus
deveres profissionais e morais.

108

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108
Ponte de Quebec
A construção da ponte recomeçou em 1913,
sob a direção de Ralph Modjeski que
corrigiu os erros de cálculo.
A fotografia mostra a elevação do tramos
central para fechar o tabuleiro

109

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109
Ponte de Quebec
2º Colapso
Em 11 de setembro de 1916
Ocorreu novo colapso, desta vez
devido a falha do sistema de
elevação do tramo central.
A empresa assumiu a
responsabilidade pela falha e, um
ano depois, em 20 de setembro
de 1917, foi instalado o novo
tramo central.
Resultado: 13 mortos
110

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110
Ponte de Quebec
Reflexão
Autonomia do diretor da obra Atitude de Carter
• O diretor da obra não compreendeu • A soberba não o deixou confirmar o erro
importância do problema técnico que Robert Douglas detetou
(conhecimento) • Desvalorizou os avisos de McLure –
• Desvalorizou os avisos de Mclure (atitude) porventura por ser jovem
• Falta de liderança – foi mero espectador
Atitude das autoridades
(atitude)
• Concentração de toda a responsabilidade
Problemas de comunicação numa só pessoa
• Será que a mensagem de McLure chegou • Desvalorização da supervisão pública: o
correta a Carter? (Carter valorizou a alerta de Robert Douglas
questão quando McLure o contactou
diretamente…)
• Instrução deficiente - não colocar mais
carga significa o quê?
111

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111
Ponte de Quebec
Conséquences des effondrements

Fontes: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pont_de_Qu%C3%A9bec,_vue_est.jpg?uselang=fr
• Au Canada et dans plusieurs autres pays, les effondrements du pont de Québec ont
démontré les dangers de l'autorité absolue d'un ingénieur sur un projet, amenant

http://www.thecanadianencyclopedia.ca/en/article/quebec-bridge-disaster-feature/
plusieurs commentateurs à reconsidérer l'exercice de cette autorité. Les ingénieurs
ont précédé une possible intervention gouvernementale en créant de multiples
associations d'ingénieurs indépendantes
• Ces groupes se sont finalement rassemblés dans leurs domaines respectifs en
créant des ordres professionnels tel l'Ordre des Ingénieurs du Québec (OIQ) dont le
rôle principal est la protection du public d'abord, et la préservation de la crédibilité
des ingénieurs ensuite. Les exigences générales de ce type d'ordre professionnel
incluent un code de déontologie, une standardisation de la formation et un système
de mentorat avec des ingénieurs certifiés.

Ética e Deontologia Profissional 112

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112
Grandes desastres obrigaram à regulação
da profissão e
levaram ao aparecimento das ordens
profissionais como associações
interpares visando o interesse público,
incluindo a segurança de pessoas e bens

113

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113
Ordem dos
Engenheiros (1936)
criada por transformação da Associação
de Engenheiros Civis existente

114

Consulte os estatutos.

Que regulamentos existem?

Pode ser-se membro efetivo sem fazer estágio profissional?

A Ordem tem intervenção nos conteúdos dos cursos de engenharia?

O que é a A3ES?

Como se chega a engenheiro em Portugal?

O que é N1 e N2?

O que é um engenheiro sénior?

E um engenheiro conselheiro?

E um especialista?

Um engenheiro N1 pode chegar a conselheiro?

O que são atos regulados?

O que está na Lei 40?

É obrigatório ter seguro profissional?

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114
Um membro efetivo beneficia automaticamente de um seguro profissional?

Um engenheiro para trabalhar em Portugal tem de ser membro da Ordem?

Quantas ordens há em Portugal para profissionais de Engenharia? Qual é a diferença?

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114
Natureza Jurídica da OE

A regulação profissional dos Engenheiros e de outras profissões com


idêntica natureza, como médicos e advogados, têm uma complexidade
que reclama competências só disponíveis entre pares da profissão.

O Estado delegou competências nas Ordens Profissionais e estas prestam


um serviço público.

115

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115
Competências e Perfis Profissionais

116

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116
Conceitos fundamentais associados à profissão
Confiança Pública Regulação
• Atividade tecnicamente muito complexa • Condicionando a prática de alguns
e impactante atos a titulares de qualificação
• Segurança de pessoas e bens adequada – (Lei 31/2009 +
Legislação específica)
• Sustentabilidade ambiental e
económica • Condicionando o acesso aos títulos
profissionais (Estatutos das Ordens
• O Cidadão comum não tem capacidade
para a escrutinar : Profissionais)
• Protegendo os títulos
• A sociedade criou mecanismos de
profissionais
regulação (legislando) que lhe permitem
confiar que os Engenheiros agem com • Impondo requisitos de
competência (adotando o melhor competência
estado da arte, garantindo a segurança • Impondo um quadro de
de pessoas e bens, cumprindo requisitos responsabilidade e garantias.
de sustentabilidade) e de forma
eticamente irrepreensível. 117

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Competência Profissional
O que é? Adquire-se combinando:
• ensino formal, informal e formação
“capacidade reconhecida para contínua, ao longo da vida
mobilizar os Conhecimentos, • experiência inicial tutelada
as Aptidões e as Atitudes em
• desenvolvimento de atitudes adequadas
contextos de trabalho, de
desenvolvimento profissional, É um processo repartido entre as instituições de
ensino e as organizações profissionais
de educação e de
desenvolvimento pessoal” (SNQ)

118

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Competência Profissional
International
Engineering Alliance

119

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119
Compreensão do
Competência Profissional (SNQ) acervo científico
da profissão

CONHECIMENTO
+
COMPETÊNCIA = APTIDÕES
Ferramentas para
aplicar o conhecimento

+
ATITUDES
Diferente combinação de
Comportamentos do
conhecimento + aptidões = profissional relacionados com
diferentes perfis de competência valores e responsabilidade 120

As aptidões desenvolvem-se sobretudo com a experiência, trabalhando: inicialmente


sob tutela de engenheiros experientes, ganhando progressivamente autonomia. Para
atingir a maturidade profissional são necessários cerca de cinco anos.

É este o tempo estipulado em Portugal para se poder passar a Engenheiro Sénior, no


Reino Unido a Chartered Engineer e nos EUA a Professional Engineer.

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120
Comunidade de Engenharia
Perfis Internacionalmente Reconhecidos

Fonte: IEA / IPENZ


Diferentes papéis requerem diferentes competências
121

Como se coloca Portugal neste domínio?

O que diferencia as funções de um profissional de engenharia?

Que será preciso para exercer funções repetitivas?

E para subscrever os projetos de especialidades de um prédio, de uma ponte ou do


plano de lavra de uma pedreira, ou de um programa informático de controlo de um
avião?

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121
Como se chega a
engenheiro
e como se evolui
na profissão?

123

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123
Títulos profissionais regulados (Engenheiros de topo):
• Professional Engineer (EUA)
• Chartered Engineer (UK)
• Engenheiro (Portugal) (Os engenheiros técnicos estão equiparados desde 2015)
• Outros, dependendo dos países

De modo geral só é reconhecida autonomia a estes títulos profissionais 124

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124
Como se é Engenheiro de topo nos países
mais exigentes do mundo?
Acesso ao título
• Curso de 4-5 anos, acreditado por Entidade Independente
• 4-5 anos de experiência tutelada de prática de Engenharia
• Exames à entrada e saída do período de experiência
(entrevistas, exames de 8 horas …)

Manutenção do título
• Formação ao longo da vida
• Avaliações periódicas
125

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125
Requisitos para chegar a engenheiro

CONHECIMENTO + EXPERIÊNCIA+ ATITUDE


= COMPETÊNCIA PROFISSIONAL
No Reino Unido e nos EUA só ao fim de cinco anos de experiência profissional tutelada,
com exames profissionais (entrevista, no Reino Unido e provas escritas nos USA),
se chega a Chartered Engineer ou Professional Engineer, respetivamente.

126

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126
Conceitos básicos da qualificação profissional
Competência profissional Referenciais de competência
• Já definida como “Capacidade de mobilizar • Consistem no elenco de requisitos de
conhecimento, aptidões e atitudes em competências a demonstrar no acesso à
contexto de trabalho …”, ou seja a capacidade Profissão:
de realizar uma tarefa segundo um
padrão determinado • Em Portugal – não tem expressamente
• Países de referência- (BOK nos EUA e UK-
SPEC no Reino Unido)
Qualificação profissional
• Associações profissionais de referência
• Consiste na avaliação e validação de
• International Engineering Aliance –
competências individuais.
Atributos em linha com o BOK e UK-
• Pressupõe referenciais estabelecidos SPEC
para assegurar objetividade e igualdade • FEANI – não tem
no processo

127

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127
Competência Profissional
UK-SPEC
Referencial de Competências UK-SPEC Áreas genéricas de competência
(UK Standard for Professional Engineering (a desenvolver na formação académica,
Competence) na experiência inicial e ao longo da vida)
Estabelece áreas genéricas de competência • A - Conhecimento e compreensão (amplitude e
comuns a todas as especialidades de Engenharia, profundidade nas áreas da especialidade).
com base nas quais se definem atributos
• B - Conceção e desenvolvimento de processos,
específicos de cada especialidade.
sistemas, serviços e produtos.
• C - Responsabilidade, gestão e liderança.
• D - Comunicação e competências interpessoais.
• E - Comprometimento com a profissão.

128

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128
Competência Profissional
UK-SPEC
Comprometimento com a profissão (Engineering Council)
Compromisso pessoal e profissional com a sociedade, a profissão e o meio ambiente, adotando
valores e comportamentos que mantêm e desenvolvem a reputação da profissão :
• Cumprimento dos códigos de conduta - ética e deontologia.
• Gestão e aplicação de sistemas de trabalho seguros.
• Realização das atividades de engenharia de forma a contribuir para o desenvolvimento
sustentável.
• Desenvolvimento profissional contínuo (CPD) para manter e desenvolver competências.
• Participação ativa na profissão.

129

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129
Competência Profissional
UK-SPEC
Desenvolvimento profissional inicial: • Avaliação entre pares:
Código IPD (Engineering Council): • Conhecimento – conhecimento e
compreensão do atributo e como atingi-
lo (requisitos académicos);
• Formação de base (satisfazendo os
requisitos de conhecimento e • Experiência – em diferentes situações,
compreensão) trabalhando com supervisão (aplicação
correta do conhecimento);
• Plano de desenvolvimento inicial (IPD) –
skills e experiência • Autonomia – em diferentes situações,
ajudando outros e trabalhando sem
• Experiência tutelada supervisão (integração de todas as
competências (técnicas, legais,
processuais, etc.) requeridas e
comportamento ético.

130

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130
Competência Profissional
UK-SPEC
Desenvolvimento profissional ao longo da vida: • Avaliar as ações de CPD contra os objetivos
estabelecidos.
Código CPD (Engineering Council):
• Rever o plano de desenvolvimento
regularmente tendo em conta a reflexão e
• Tomar consciência das necessidades de avaliação de necessidades futuras.
formação e desenvolver um plano.
• Apoiar a formação e desenvolvimento dos
• Realizar as ações de desenvolvimento outros através da orientação e partilha de
conforme o plano e outras oportunidades conhecimentos profissionais.
que possam surgir.
• Registar as atividades de CPD.
• Refletir sobre a aprendizagem de CPD
e registar essas reflexões.

131

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131
132

Consultar este documento.

Em Portugal não é ainda obrigatório evidenciar a atualização.

No entanto, de acordo com os estatutos, o engenheiro tem de ser competente para


exercer a profissão.

Assim, tem vantagem em aderir desde o início da carreira a um programa de atualização


sistemática de conhecimentos ao longo da vida.

A evidência de um programa individual deste tipo enriquece o currículo e será


certamente valorizado em entrevistas profissionais: para o primeiro emprego, para
mudanças de emprego ao longo da carreira.

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Lista não exaustiva de PDC –
Desenvolvimento Profissional Contínuo
 Aprendizagem no trabalho (on the job)  Participação em eventos da Ordem
 Discussão interpares  Participação em atividades da Ordem: organização,
 Apresentações internas na empresa apresentação, orientação ou avaliação de estágios, mentoria
 Participação em feiras e congressos  Compartilhar conhecimento e experiência com colegas
 Recolha sistemática de informação profissional  Palestras em eventos organizados
no domínio da Engenharia  Investigação (no trabalho e para aquisição de novas
 Leitura estruturada (teste sua compreensão do qualificações)
material de leitura)  Ensino (só aplicável a engenheiros não docentes)
 Aprendizagem com colegas  Pesquisa estruturada de informação na Internet
 Promoção da engenharia em escolas primárias e secundárias  Aquisição de novas qualificações
 Apresentações técnicas  Ações de formação presenciais e à distância
 Relatórios internos  Palestras e apresentações em conferências, seminários
 Publicações e workshops
 Exposição a novas situações profissionais  Participação em visitas técnicas, conferências, seminários
e workshops

 Participação em atividades culturais


133

O registo cronológico destas atividades robustece muito o CV e evidencia uma atitude de


busca da excelência que certamente será valorizada.

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133
E em Portugal?

135

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135
Acesso aos títulos: Engenheiro e Engenheiro Técnico

• A licenciatura pós-Bolonha, de apenas três anos, dá acesso a todos os níveis de qualificação de Engenheiros e de Engenheiros Técnicos
• São atribuídas competências plenas ou muito alargadas imediatamente após a passagem a membro efetivo, N1 ou N2
• A distinção N1/N2 é inconsequente, o regime de qualificações (Lei 31/2009) ignora-a
• O perfil do antigo Engenheiro Técnico faz falta no mercdo
136

Que lhe parece esta aproximação entre os perfis de engenheiros técnicos e de


engenheiros?

Que acha da extinção dos cursos de 5 anos?

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136
Formação Académica
Graduação em Engenharia Civil
Formação académica de base - oferta do ensino superior

137

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137
Competência Profissional
Extinção pelo Governo dos mestrados integrados
em Engenharia acaba com uma referência de
qualidade comprovada vai dar lugar a
licenciaturas em engenharia com perfis de
competência muito distintos com os quais a
Ordem e o mercado vão ter de ligar:
• Cursos de banda larga numas escolas e
licenciaturas banda estreita noutras
• Combinações de licenciatura + mestrado
com formação de base limitada
• Cria um problema de regulação.

138

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138
Resposta atual – competências plenas já no 1º ciclo
• 180 ECTS impõem banda estreita :
Conhecimento/Formação Académica • Desequilíbrio C Base/ Largura e Profundidade
Alteração do Ensino • Agravado pela combinação livre de ciclos e perfis
• Competências diferentes no grau

Estruturas
360 Requisitos para resolução dos problemas dos engenheiros:
• conhecimento transversal nas áreas da especialidade
240
• profundidade na área de trabalho
Planeamento
Construções
Territorial
120 Resposta tradicional – competências plenas só no 2º ciclo
• 300 ECTS de Banda larga nas 6 áreas tradicionais da
Eng. Civil
0
• Equilíbrio de Ciências de Base e Ciências de
Engenharia
• Largura nas 6 áreas e profundidade numa delas
Hidráulica Geotecnia • Competências idênticas no grau

Competências da licenciatura insuficientes para


o exercício autónomo
Vias de
Comunicação
1º e 2º ciclos de cada escola passam a conferir
competências diferentes no mesmo grau 139

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139
Acesso à profissão em Portugal
e nos países de referência Requisitos de acesso ao título de Engenheiro

140

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140
Debilidades do sistema Desalinhamento
português de qualificação internacional
profissional dos Engenheiros:
• Os países de referência ou
• Ausência de referencial de requerem o Mestrado para o titulo
competências de engenheiro, ou estão nesse
• Não fundamenta a atribuição inicial caminho (EUA).
de competências e a progressão na • Portugal está no caminho inverso.
carreira em evidências Já tinha e baixou os requisitos para
• Título vitalício a Licenciatura.

141

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141
Desenvolvimento profissional ao longo da vida
• Em Portugal, no atual estatuto da Ordem dos • O desenvolvimento profissional de cada pessoa é
Engenheiros, não está ainda estabelecida a fruto de muitas oportunidades e condicionantes e de
obrigação de evidenciar o desenvolvimento muitas decisões individuais: cada carreira é única e
profissional ao longo da vida para manutenção não é possível padronizar um currículo nem avaliá-lo
da carteira profissional de forma automática sem ser perigosamente redutor

• Há atividades que o exigem, para engenheiros ou • Mas, se não há dúvida que o desenvolvimento
não, por exemplo ITED, ITUR, técnicos de frio profissional ao longo da vida é um fator de
competitividade de cada um no seu exercício
profissional, cada vez mais global, é também um
imperativo ético

142

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142
• Os engenheiros devem, desenvolver um plano
anual de desenvolvimento profissional contínuo,
avaliar anualmente esse desenvolvimento

• Devem registar as atividades relevantes no seu CV

• Devem manter atualizado o seu CV, seguindo um


modelo internacionalmente reconhecido, em
português e em inglês

143

Mesmo sem ser ainda obrigatório para manutenção da carteira profissional de


engenheiro em Portugal, é altamente recomendável manter o CV atualizado, em
Português e em Inglês e registar sistematicamente o desenvolvimento profissional ao
longo da vida, seguindo o modelo inglês, atrás apresentado.

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143
A Ordem dos Engenheiros
Natureza Jurídica, Atribuições e Estrutura Orgânica, Estatuto e Regulamentos

144

Consultar os estatutos e os principais regulamentos.

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144
A Ordem dos Engenheiros é uma associação
de direito público que exerce funções
delegadas pelo estado, sujeita à tutela
administrativa do governo desde 2015

145

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145
Missão da OE
(artigo 3.º)
• Exercer o controlo do acesso à atividade profissional de engenheiro
e do seu exercício;
• Contribuir para a defesa, a promoção e o progresso da Engenharia;
• Estimular os esforços dos seus membros nos domínios científico,
profissional e social;
• Defender a ética, a deontologia, a valorização e a qualificação
profissionais dos engenheiros.

146

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146
Atribuições da OE
(artigo 4.º)
• Atribuir, em exclusivo, o título profissional de engenheiro;
• Defender coletivamente os legítimos interesses, direitos e prerrogativas dos
seus membros;
• Promover a formação e informação profissional;
• Contribuir para a estruturação das carreiras dos engenheiros;
• Proteger o título e a profissão de engenheiro, promovendo o procedimento
judicial contra quem o use ou a exerça ilegalmente;
• Cooperar com entidades europeias e estrangeiras que visem facilitar e
incentivar a mobilidade dos profissionais. 147

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147
Ordem das mais
antigas e de grande
prestígio em Portugal

148

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148
24 nov 1936

149

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149
150

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150
Ordem dos Engenheiros - Evolução

Institution of Civil
Engineers
1828

American Society of Civil


Engineers
1852

2015
1869 1936 1981 1992
Estatuto OE Lei nº 123/2015
Associação dos Criação da OE 2 níveis: Estatuto OE de 2.09 que introduz a
Engenheiros DL nº 27288 Nacional DL nº 119/92 tutela administrativa
Civis de 24.11 e Regional de 30.06 (Lei n.º 2/2013)

152

Como avalia a evolução do papel da Ordem ao longo do tempo?

Consulte a Lei nº 2/2013.

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152
154

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154
Organização da Ordem

Regiões Colégios

155

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155
Organização da OE
Organização Territorial
Porto (sede)
Norte Braga; Bragança; Viana do Castelo e Vila Real

Nacional Centro
Coimbra (sede)
Aveiro; Castelo Branco; Guarda; Leiria e Viseu

OE Lisboa (sede)
Sul Beja, Évora, Faro, Portalegre, Santarém e Setúbal
Regional
Açores Ponta Delgada (sede)

Madeira Funchal (sede)

156

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156
Organização da OE
V R R R R

B CONSELHO DIRETIVO NACIONAL

V R R R R

157

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157
Organização da OE
Sec. Vog. Vog.

Pres. CONSELHO DIRETIVO


REGIONAL

Vice Tes. Vog.

158

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158
Organização por
Especialidade
(Colégios)
• Civil
• Eletrotécnica
• Mecânica
• Geológica e de Minas
• Química e Biológica
• Naval
• Geográfica
• Agronómica
• Florestal
• Materiais
• Informática
• Ambiente
159
159

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159
Número de Membros por Especialidade OERN

160

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160
Organização da OE
Especializações

Civil
Direção e gestão da construção;
Estruturas;
Especializações Hidráulica e recursos hídricos;
Planeamento e ordenamento do território;
Verticais Segurança no trabalho da construção.
(exclusivas de
1 só Colégio) Eletrotécnica
Luminotecnia;
Telecomunicações.

161

Como se pode aceder a uma especialização?

Ao fim de quanto tempo depois de ser membro efetivo?

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161
Organização da OE
Especializações
Avaliações de Engenharia;
Energia;
Acústica;
Aeronáutica;
Alimentar;
Especializações Climatização;
Horizontais Refrigeração;
Segurança;
(transversais
Gestão industrial;
a vários Colégios) Sanitária;
Têxtil;
Geotecnia;
Manutenção industrial;
Sistemas de informação geográfica;
Transportes e vias de comunicação.
162

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162
Organização da OE
Categorias e Título dos Membros
Nas categorias de membros só aos membros efetivos são reconhecidas competências
profissionais próprias da sua especialidade, de acordo com o seu título profissional

Categoria dos Títulos


Membros Profissionais
Estudante Estagiário
Estagiário Nível 1
Efetivo Nível 2
Honorário Sénior
Correspondente Conselheiro
Coletivo Especialista
163

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163
Evolução de Número de Entradas OERN

164

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164
Distribuição por Especialidades

165

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165
OERN – Idade Média dos Membros (2018)

166

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166
Relação entre o Número de Diplomados na
Região Norte e de Inscrições na OERN (2015)

167

Em Portugal, cerca de um em dez diplomados em engenharia é Engenheiro, membro


efetivo da Ordem.

A maior parte não exerce funções em que se exige a subscrição de termos de


responsabilidade para a prática de atos regulados, para os quais é necessária uma
declaração da Ordem.

No entanto, apenas cerca de 30% dos membros da Ordem precisam de declarações da


Ordem e, ainda assim, decidem ser membros, para usufruírem de formação,
publicações, visitas técnicas, networking, mentoring, consultoria jurídica, seguro e uma
carteira profissional.

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167
Ética e Deontologia Profissional
Ética, Moral, Deontologia, Direito

168

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168
Ética, Moral, Deontologia e Direito
Conceitos que condicionam o comportamento humano
• Ética, ramo da Filosofia que estuda a distinção entre o bem e o mal, que procura estabelecer um
conjunto de princípios básicos ideais que devem nortear a conduta humana em sociedade e que
são expectáveis em todas as pessoas, à escala universal.
• Moral estabelece o conjunto de regras adquiridas, no domínio de um grupo, através da cultura,
da educação, da tradição e do quotidiano, e que orientam o comportamento humano na
sociedade na distinção do bem e do mal, do que é socialmente aceitável ou inaceitável. Estas
regras mudam no tempo e no espaço (de país para país e mesmo de local para local). Uma vez
que a Moral atua na reflexão interior de cada pessoa, o que é ou não moralmente correto varia
de pessoa para pessoa.
• Deontologia Profissional estabelece um conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres
— no exercício da profissão.
• Direito estabelece normas de conduta sob pena de sanção. A Lei tem o mesmo valor para todas
as pessoas, no âmbito territorial em que é expressamente aplicável.

169

A ética varia de país para país?

E a moral?

É eticamente correto trabalhar num empresa que fabrica armas?

É eticamente correto contratar um colaborador de 14 anos se estiver a trabalhar num


país em que tal seja legalmente permitido?

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169
Ética e Deontologia Profissional
• Empresas e associações profissionais adotam
CÓDIGOS DE CONDUTA/CÓDIGOS
DEONTOLÓGICOS, com sanções para quem
não cumprir
• Estes códigos regem relações com colegas de
trabalho, a entidade empregadora, os clientes,
os fornecedores e outras partes interessadas
• A Ordem dos Engenheiros tem no seu estatuto
normas deste tipo

170

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170
Ética e Direito: afins mas diferentes

Deposição de resíduos Trabalhar


perigosos em países com Legal
legislação ambiental permissiva

Antiético Ético

Matar, roubar Condução de automóvel


pelas mulheres em
Ilegal alguns países árabes

171

Que acha da afirmação: se é legal posso fazer?

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171
Ordenamento Jurídico

Constituição

Leis, Decretos,
Jurisprudência

Atos normativos:
Portarias, Resoluções, etc.

Contratos, Sentenças Judiciais,


atos e negócios jurídicos
172

O que vale mais? Uma lei ou um decreto–lei?


Qual a diferença?

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172
173

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173
A Engenharia tem riscos
A engenharia é uma atividade que
implica fazer, realizar e, por isso, é
inerentemente arriscada.

É desenvolvida à escala real, envolve


pessoas e recursos materiais,
frequentemente de grande monta.

174

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174
Valores Éticos Universais
• Honestidade
• Integridade
• Cumprimento do prometido
• Justiça
• Respeito pelos outros
• Cidadania responsável
• Procura da excelência
• Prestação de contas

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175
Decisão Ética

FATORES A TER
EM CONTA:
DILEMA:
SIM OU NÃO : Fácil Tempo/Dinheiro
Difícil, escolher o mal menor Família
Carreira
Reputação

Exemplo de dilema: decretar ou não o estado de emergência no contexto do COVID 19.

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176
Dilemas
• Dilema: Decisão entre opções inaceitáveis (com inconvenientes graves)
• Dilema ético: Decisão entre opções eticamente inaceitáveis (mas moralmente
corretas, pois uma opção moralmente incorreta é realmente uma tentação
moral, muito provavelmente ilegal e não deve ser uma opção)
• A decisão (decidir não decidir é uma opção possível) tem consequências: há
ganhadores e perdedores, diferentes em cada opção
• Felizmente a maioria das nossas decisões pessoais e profissionais não são
dilemáticas: com informação, reflexão e bom senso, é possível chegar a
soluções win-win, em que uns ganham mais que outros mas em que todos
ganham
• Mas o bom senso é talvez o recurso melhor distribuído no mundo: cada um
está satisfeito com o que tem …

177

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177
Dilemas éticos

• Os dilemas éticos são desafios extremamente complexos


• Todos fomos/seremos confrontados com dilemas éticos na nossa
vida pessoal, social e profissional
• A capacidade de encontrar a solução ideal para dilemas éticos é
fundamental

178

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178
Exemplos de dilemas éticos profissionais
• Denunciar publicamente (whistleblowing) uma descarga noturna sistemática
e intencional, no coletor de águas pluviais da empresa em que trabalha, de
um efluente altamente tóxico, que seria muito caro tratar de forma legal,
depois de ter reiteradamente informado a chefia, primeiro verbalmente e
depois por gestão documental
• Introduzir no programa de controlo de um carro autónomo a decisão de virar
o volante, e atirar o carro para uma ravina de 100 metros matando os
ocupantes, ou não virar, e atropelar mortalmente um peão que subitamente
se atravessa na estrada

179

Que faria se fosse confrontado com estas situações?

Como construiria a sua decisão?

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179
Como resolver um dilema ético?
• O maior desafio do dilema ético é que não tem uma solução óbvia que cumpra as normas éticas.
• Ao longo da história da humanidade, as pessoas sempre enfrentaram dilemas éticos, e filósofos
propuseram metodologias de solução

Abordagens possíveis:
• Refutar o dilema: A situação deve ser analisada
cuidadosamente e, em alguns casos, a existência do dilema
pode ser logicamente refutada .
• Teoria do valor: escolher a alternativa que oferece o bem
maior e o mal menor.
• Encontrar soluções alternativas: em alguns casos, o
problema pode ser reconsiderado e novas soluções
alternativas podem surgir.

180

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180
Dilemas Éticos - Estratégias de decisão
Resposta a dilemas éticos - Perguntas orientadoras
Teste do Sono Teste do ganho pessoal
Posso dormir descansado se tomar esta decisão? O ganho pessoal resultante da decisão poderá
Teste família turvar o meu julgamento?
Sentir-me-ia orgulhoso de dizer à minha família Teste da congruência
e amigos que tomei esta decisão? Esta decisão é consistente com os meus
Teste da primeira página princípios e valores?
Sentir-me-ia confortável se esta decisão fosse Teste do custo-benefício
publicada na primeira página de um jornal? O benefício da decisão para algumas pessoas
Teste da dignidade pode prejudicar outras?
Esta decisão preserva a dignidade e a Teste da justiça procedimental
humanidade de outras pessoas? Os procedimentos usados serão considerados
Teste do tratamento igual justos pelas pessoas afetadas?
Os direitos das pessoas desfavorecidas são
acautelados nesta decisão? 181

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181
Defesa da segurança, da
O triângulo Dilemático saúde, do ambiente e do

A Ética e a Prática bem-estar público

da Engenharia
Perante uma
irregularidade que Prática
possa prejudicar
terceiros, o da Engenharia
engenheiro debate-se
frequentemente com
um triângulo de Lealdade ao
deveres e direitos. Respeito empregador
pelos colegas e/ou cliente

Vida pessoal,
familiar e social
182

A prática de engenharia é um equilíbrio: em cada decisão tem de se ter em conta uma


multiplicidade de interesses, em parte contraditórios.

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182
Teorias
Ética dos direitos (Locke 1632-1704)
As pessoas têm direitos que
Utilitarianismo (Stuart Mill 1806-1873) não podem ser violados
Ético é o que maximiza o bem
para o maior número de
pessoas
Ética da Virtude (Platão, Aristóteles, Confúcio)
Ações que refletem bons traços
Ética dos deveres (Kant 1724-1804) de caráter são boas; os vícios são
Ético é fazer o que se tem de maus; o resultado da ação não é
fazer independentemente de relevante.
produzir “bons” resultados

183

Ao longo dos tempos, filósofos têm-se debruçado sobre a distinção entre o bem e o mal,
o que devemos fazer e evitar.

Ditado popular: viver não custa, o que custa é saber viver.

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183
Hierarquia das obrigações éticas

Público

Empregador/Cliente

Outros profissionais
e partes interessadas • Não são mutuamente exclusivas
• Têm de ser consideradas em paralelo

184

Um engenheiro que esteja a gerir uma empresa de abastecimento de água e


saneamento, por exemplo, tem de pensar no cliente (que quer água boa e barata), nos
trabalhadores (que querem ganhar mais), no acionista (quer lucro, dividendos) e no
ambiente (quanto mais tratar o esgoto, mais carto fica), respeitando sempre a lei.

A procura do equilíbrio entre interesses diferentes, em parte contraditórios, exige muito


bom senso, uma caraterística essencial de quem decide, seja engenheiro ou não.

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184
Níveis de compreensão Dados

Informação

Conhecimento

Sabedoria

185

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185
Níveis de maturidade na
tomada de decisões éticas
INCOMPETÊNCIA
INCONSCIENTE
1. Cumpre estritamente as regras/procedimentos
(não sabe o que não sabe) gerais seja qual for a situação
INCOMPETÊNCIA 2. Adapta as regras/procedimentos à situação
CONSCIENTE 3. Não tenta valorizar tudo: seleciona os
(sabe o que não sabe)
elementos mais relevantes para a decisão
COMPETÊNCIA e os que pode desvalorizar
CONSCIENTE
(sabe que sabe) 4. Não tenta sequer avaliar em detalhe várias opções,
escolhe a que lhe parece certa e avança
COMPETÊNCIA 5. Intuitivamente percebe o que tem de ser feito e
INCONSCIENTE como fazê-lo, recorrendo a comparação com
(não sabe que sabe)
situações que enfrentou ou sobre as quais refletiu
186

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186
Inteligência Emocional
Autoconsciência Empatia
lidar com o stress sentir o sofrimento do outro

Auto-controlo Competências sociais


escolher bem as palavras que usa comunicação verbal e não verbal

187

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187
Níveis de compreensão Dados

Informação

Conhecimento

Sabedoria

188

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188
Fraude Três elementos
frequentemente presentes:
• Causa sempre danos
Oportunidade
• É sempre intencional A ocasião faz o ladrão
• Envolve sempre uma mentira
Motivo
Dinheiro fácil

Justificação
Corrupção Tenho direito a …

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189
Maturidade profissional
Saber lidar com:

• Dados em excesso
• Ambiguidade
• Mais de uma resposta para a mesma pergunta
• Resposta não completamente correta

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190
Sabedoria
Budismo
Confucionismo ”O que que não é bom para
mim, também não é para o
”Não faças aos outros o outro, portanto como posso
que não queres para ti…” impor a alguém o que não é
não é bom para mim ?”

Islão
“Um crente não deseja para
um seu seu irmão o que não
deseja para si mesmo…”

191

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191
Sabedoria
Cristianismo
Hinduismo “Faz aos outros o que
que queres que te
”Não se comportar com o façam a ti…”
outro de forma a ser-lhe
desagradável, esta é a
essência da moral …”
Judaismo
“Não faças aos outros
Jainismo
o que não gostarias que
“Os seres humanos devem te fizessem a ti…”
tartar todas as criaturas do
mundo como elas gostariam
de ser tratadas…”

192

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192
“Para seres persuasivo, tens de ser
convincente, para seres convincente,
tens de ser credível e para seres
credível tens de ser verdadeiro ...”
– Edward R. Murrow

193

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193
“Põe os pés em chão firme
e depois aguenta-te...”
– Abraham Lincoln

194
194

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194
“A reputação de uma vida pode
ser destruída num minuto”
–Provérbio japonês

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195
“As pessoas de bem não precisam
de leis para fazer o que está certo,
as outras arranjarão sempre maneira
de contornar as leis…”
– Platão

196

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196
“Faz sempre o que está certo –
isso será reconhecido por alguns
e surpreenderá o resto…”
– Mark Twain

197

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197
“As coisas que importam nunca devem
depender das que não importam…”
– Goethe

198

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198
Princípios de Responsabilidade Social ISO 26 000
1. Prestação de contas

2. Transparência

3. Comportamento ético

4. Respeito pela lei

5. Respeito pelos interesses dos acionistas

6. Respeito pelos direitos humanos

7. Respeito pelas normas internacionais de conduta


pg.
199

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199
Whistleblowing Em que consiste a proteção?
(denúncia protegida) • Os empregados denunciantes estão
protegidos por lei.
• O empregador está legalmente
O que é? impedido de retaliar, despedir ou
• denúncia de práticas ilegais, maltratar o denunciante;
imorais ou ilegítimas ocorridas (Não impede que, após o
no seio de uma organização whistleblowing, o empregado não
• realizada por membros da possa ser dispensado por outra razão).
organização, junto de • O empregador fica obrigado a tratar
entidades capazes de agirem o denunciante como qualquer outro
contra essas práticas. colaborador e não o diferenciar por
ele ter realizado a denúncia.

200

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200
Whistleblowing (ASCE)
Em que circunstâncias ?
• Para que haja whistleblowing, é necessário:
• Denúncia do ato ilegal no exterior da empresa, a uma agência
governamental ou policial.
• A denúncia no interior da empresa não pode ser considerada
whistleblowing, nem é alvo de proteção legal
• Não é necessário que o empregador esteja a violar a lei para assegurar
proteção legal
• O que se requer é que o empregado acredite realmente que a lei está a ser
violada e que essa convicção seja razoável

201

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201
Whistleblowing
na Europa

202

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202
Mas sejamos realistas: se o problema for mesmo
intencional, a denúncia tem riscos …
Retaliação expressa ou encapotada (assédio/bullying):
• Ameaças verbais, repreensões por outros motivos, má avaliação de desempenho , retirada
de regalias ou da componente variável da remuneração

• Isolamento: transferência, mudança de funções, não atribuição de novas tarefas

• Difamação: ataques à reputação e caráter

• Expulsão: despedimento, despromoção, extinção do posto de trabalho, dificuldade em


arranjar novo emprego (especialmente grave num país pequeno, onde todos se conhecem)

pg.
203

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203
Critérios para avaliar a obrigação ética de denúncia
• O prejuízo público é mesmo grave e irreparável?

• Foram informados primeiro aos superiores hierárquicos e foram esgotados os


canais internos, até ao Conselho de Administração?

• Tem documentação de suporte suficientemente robusta para sustentar, se


necessário, interna ou externamente, uma acusação?

• A denúncia pública prevenirá de facto o prejuízo público em causa?

• Devemos sempre recusar cumprir uma ordem para cometer uma ilegalidade.
pg.
204

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204
Tudo seria mais fácil se as organizações tivessem
Códigos de Ética expressando:

1. Somos honestos na informação que prestamos aos organismos públicos e


aos clientes
2. Não subornamos
3. Cumprimos os nossos contratos
4. Não fazemos concorrência desleal
5. Cumprimos escrupulosamente a lei
6. Não praticamos nem toleramos assédio

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205
Deontologia Profissional dos Engenheiros
Estatuto da Ordem dos Engenheiros

206

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206
Prioridades em caso de conflito de valores
Conflito de Valores (Código de Ética e Deontologia)
Os Engenheiros dão prevalência:
• aos valores da Humanidade sobre as dinâmicas da Natureza;
• aos Direitos Humanos sobre a implementação e exploração de Tecnologia;
• ao Bem Comum, sobre interesses Privados e Corporativos;
• à Segurança e à Proteção sobre a funcionalidade e rentabilidade das
soluções técnicas.

207

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207
Deontologia profissional dos engenheiros
A regras de conduta profissional dos engenheiros estão estabelecidas no
Estatuto da OE:
Tomo II – Deontologia Profissional
• Cap I – Âmbito, Direitos e Deveres dos Membros
• Cap II - Deveres decorrentes do exercício da atividade profissional.
Tomo I – Da Ordem dos Engenheiros
• Cap VIII - Ação Disciplinar
Define os procedimentos e sanções disciplinares a aplicar em caso
de incumprimento

208

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208
Deontologia profissional
Direitos e Deveres dos Membros
Capítulo I • Direitos dos membros efetivos (art. 136º)
Direitos e Deveres dos • Deveres dos membros efetivos para com a Ordem
Membros (art. 137º)
(são específicos para cada
categoria do membro) • Direitos e deveres dos membros estagiários (art. 138º)
• Direitos dos membros honorários e correspondentes
(art. 139º)
• Deveres dos membros correspondentes
(art. 140º)
• Deveres para com a Comunidade (art. 141º)

209

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209
Deontologia profissional
Direitos e Deveres dos Membros
Capítulo I • Participar nas atividades da Ordem;
• Intervir nos congressos, na assembleia magna e intervir e votar nos
Direitos e Deveres referendos e nas assembleias regionais;
dos Membros • Consultar as atas da assembleia de representantes e das assembleias
regionais;
Direitos dos • Requerer a convocação de assembleias regionais extraordinárias;
membros efetivos • Eleger e ser eleitos para o desempenho de funções na Ordem;
(art. 136º) • Requerer a atribuição de títulos de especialista, conselheiro e sénior;
• Beneficiar da atividade editorial da Ordem;
• Utilizar os serviços oferecidos pela Ordem;
• Utilizar a cédula profissional emitida pela Ordem.

210

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210
Deontologia profissional
Direitos e Deveres dos Membros
Capítulo I • Cumprir as obrigações do Estatuto, do código deontológico e dos
regulamentos da Ordem;
Direitos e Deveres • Participar na prossecução dos objetivos da Ordem;
dos Membros
• Desempenhar as funções para as quais tenham sido eleitos ou
escolhidos;
Deveres dos • Prestar a comissões e grupos de trabalho a colaboração
membros efetivos especializada que lhes for solicitada;
para com a Ordem • Contribuir para a boa reputação da Ordem e procurar alargar o
(art. 137º) seu âmbito de influência;
• Pagar as quotas e de outros encargos estabelecidos pela Ordem;
• Responder a inquéritos dos conselhos disciplinares.

211

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211
Deontologia profissional
Direitos e Deveres dos Membros
Capítulo I • Contribuir para a boa reputação da Ordem e procurar alargar o seu
âmbito de influência;
Direitos e Deveres • Satisfazer os encargos estabelecidos pela Ordem;
dos Membros • Responder a inquéritos dos conselhos disciplinares.
• Participar nas ações de formação deontológica obrigatórias e realizar as
Direitos e deveres respetivas provas de avaliação e o exame final de estágio;
dos membros • Colaborar com o orientador sempre que este o solicite e desde que tal
estagiários seja compatível com a sua atividade de estagiário;
(art. 138º) • Guardar lealdade e respeito para com o orientador;
• Prestar todas as informações que lhe sejam solicitadas pelos órgãos
competentes da Ordem sobre a forma como está a decorrer o estágio;
• Cumprir com zelo e competência as suas obrigações para com a
entidade onde está a realizar o estágio.

212

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212
Deontologia profissional
Deveres decorrentes do exercício
da atividade profissional
Capítulo II • Deveres do engenheiro para com a comunidade
Deveres decorrentes (artigo 141º)
do exercício da • Deveres do engenheiro para com a entidade
atividade profissional empregadora e para com o cliente (artigo 142º)
• Deveres do engenheiro no exercício da profissão
(artigo 143º)
• Deveres recíprocos dos engenheiros (artigo 144º)

213

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213
Deontologia profissional
Deveres decorrentes do exercício
da atividade profissional
Capítulo II • Possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência
as suas funções.
Deveres decorrentes
• Contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao
do exercício da serviço da Humanidade.
atividade profissional
• Defender o ambiente e os recursos naturais.
• Garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em
Deveres do geral.
engenheiro para • Opor-se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu
com a comunidade trabalho.
(art. 141º) • Procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a
qualidade.
• Combater e denunciar práticas de discriminação social e trabalho infantil,
assumindo uma atitude de responsabilidade social.
214

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214
Deontologia profissional
Deveres decorrentes do exercício
da atividade profissional
Capítulo II • Contribuir para a realização dos objetivos económico-sociais das
organizações em que se integre, promovendo o aumento da
Deveres decorrentes produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e das condições
do exercício da de trabalho, com o justo tratamento das pessoas.
atividade profissional • Prestar os seus serviços com diligência e pontualidade, de modo a não
prejudicar o cliente nem terceiros, nunca abandonando, sem
justificação, os trabalhos que lhe forem confiados ou os cargos que
Deveres do engenheiro desempenhar.
para com entidade
• Não deve divulgar nem utilizar segredos profissionais ou informações,
empregadora e para em especial as científicas e técnicas obtidas confidencialmente no
com o cliente exercício das suas funções, salvo se, em consciência, considerar
(art. 142º) poderem estar em sério risco exigências de bem comum.

215

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215
Deontologia profissional
Deveres decorrentes do exercício
da atividade profissional
Capítulo II • Pugnar pelo prestígio da profissão e impor- se pelo valor da sua
colaboração e por uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa-
Deveres decorrentes fé, lealdade e isenção, quer atuando individualmente, quer
do exercício da coletivamente.
atividade profissional • Opor-se a qualquer concorrência desleal.
• Usar da maior sobriedade nos anúncios profissionais que fizer ou
autorizar.
Deveres do
• Não aceitar trabalhos ou exercer funções que ultrapassem a sua
engenheiro no competência ou exijam mais tempo do que aquele de que disponha.
exercício da profissão • Só deve assinar pareceres, projetos ou outros trabalhos profissionais de
(art. 143º) que seja autor ou colaborador.

217

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217
Deontologia profissional
Deveres decorrentes do exercício
da atividade profissional
Capítulo II • Avaliar com objetividade o trabalho dos seus colaboradores, contribuindo
para a sua valorização e promoção profissionais.
Deveres decorrentes • Apenas deve reivindicar o direito de autor quando a originalidade e a
do exercício da importância relativas da sua contribuição o justifiquem, exercendo esse
atividade profissional direito com respeito pela propriedade intelectual de outrem e com as
limitações impostas pelo bem comum.
• Prestar aos colegas, quando solicitada, toda a colaboração possível.
Deveres recíprocos
• Não prejudicar a reputação profissional ou as atividades profissionais de
dos engenheiros colegas, nem deixar que sejam menosprezados os seus trabalhos, devendo,
(art. 144º) quando necessário, aprecia- los com elevação e sempre com salvaguarda da
dignidade da classe.
• Recusar substituir outro engenheiro, só o fazendo quando as razões dessa
substituição forem corretas e dando ao colega a necessária satisfação.

219

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219
Deveres fundamentais Destacam-se:
dos engenheiros
Art 141º - Deveres com a comunidade
1 - “É dever fundamental do engenheiro
(Estatuto da OE): possuir uma boa preparação, de modo a
desempenhar com competência as suas
funções…”
• com a Ordem
• com a Comunidade Artº 143º - Deveres no exercício
• com a Entidade da profissão
Empregadora / Cliente 4 – O engenheiro não deve aceitar trabalho
ou exercer funções que ultrapassem a sua
• no Exercício da Profissão competência.
• Recíprocos dos Engenheiros
220

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220
Tomada de decisões éticas
Alguns Códigos de Ética incluem orientações específicas
para a tomada de decisões
Exemplos extraídos do UK-SPEK (Reino Unido)

221

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221
Competência Profissional UK-SPEC
Statement of Ethical Principles (Engineering Council)
Four fundamental principles to guide engineers and technicians in
achieving the high ideals of professional life:

• Accuracy and rigour

• Honesty and integrity

• Respect for life, law and the public good

• Responsible leadership: listening and informing

222

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222
Competência Profissional UK-SPEC
Guidance on Risk (Engineering Council)
Six principles to guide and motivate professional engineers and technicians in
identifying, assessing, managing and communicating about risk.
1. Apply professional and responsible judgement and take a leadership role.
2. Adopt a systematic and holistic approach to risk identification, assessment
and management.
3. Comply with legislation and codes, but be prepared to seek further
improvements.
4. Ensure good communication with the others involved.
5. Ensure that lasting systems for oversight and scrutiny are in place.
6. Contribute to public awareness of risk.
www.engc.org.uk/risk
223

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223
Competência Profissional UK-SPEC
Guidance on Sustainability (Engineering Council)
Six principles to guide and motivate professional engineers and technicians when
making decisions for clients, employers and society which affect sustainability.
1. Contribute to building a sustainable society, present and future.
2. Apply professional and responsible judgement and take a leadership role.
3. Do more than just comply with legislation and codes.
4. Use resources efficiently and effectively.
5. Seek multiple views to solve sustainability challenges.
6. Manage risk to minimise adverse impact to people or the environment.
www.engc.org.uk/sustainability

224

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224
Exemplos de falhas éticas
em grandes decisões

225

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225
Impacto da atividade dos engenheiros na Sociedade
Não há, porventura, atividade profissional com maior
impacto na sociedade do que a exercida pelos engenheiros.
Os produtos da Engenharia surgem aos nossos olhos qualquer que
seja o lugar para onde olhemos e sempre que fazemos algo.
Os engenheiros intervêm em quase tudo. A sociedade espera deles
atuações eticamente responsáveis para salvaguarda da vida e da
comodidade dos seres humanos.

226

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226
Falhas éticas em grandes decisões 28 de janeiro de 1986

A explosão do Challenger
• Acidente na descolagem, 73 segundos após o
lançamento,
• Explosão da nave e morte dos seus sete tripulantes.
Falhas éticas:
• Fornecedor dos vedantes de borracha omitiu
problemas de fissuração:
• Risco de derrame do combustível e
consequente explosão.
• Risco agravado no lançamento com
temperaturas muito baixas.
• Engenheiros recomendaram o adiamento do
lançamento para corrigir a falha.
• Decisão de lançamento ignorou avisos dos
engenheiros sobre riscos de acidente . 227

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227
Falhas éticas em grandes decisões 28 de janeiro de 1986

A explosão do Challenger (cont)


Fatores da tragédia:
• Pressão política: necessidade de exibir o sucesso
do programa espacial americano para favorecer
reeleição de Ronald Regan;

• Silêncio de algumas pessoas com receio de


prejudicar a sua carreira;

• Interesse comercial do fornecedor, em não ferir as


suscetibilidades da NASA e manter um contrato
proveitoso.

228

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228
Falhas éticas em grandes decisões
O Caso Ford Pinto
• Nos anos 70 a Ford reagiu à entrada da concorrência
estrangeira com um novo automóvel – o Ford Pinto.
• Pretendia-se um automóvel barato e de produção
rápida, com peso inferior a 1000 Kg e custo até $2.000.
• Durante os testes de colisão constataram que o
tanque de combustível, situado na traseira, incendiava
ou explodia em colisões com velocidade superior
a 45km/h.
• Esta falha de projeto representava risco de lesões
graves, ou morte dos ocupantes acidentados.

Qual foi a atitude do presidente da Ford na decisão?


229

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229
Falhas éticas em grandes decisões
O Caso Ford Pinto (cont)
• análise jurídica
a deficiência não violava a regulamentação existente

• análise custo-benefício:
Indemnizações a suportar com os acidentes previsíveis (custo)

- 180 mortes x $200.000 36.000.000


- 180 feridos graves x 67.000 12.060.000
- 2.100 veículos a reparar x 700 1.470.000
Atitude de Lee Iacocca (presidente da Ford):
49.530.000
instrução confidencial para fabricar o automóvel
Sobrecusto de produção para corrigir o erro (benefício): sem custos adicionais enquanto a lei permitisse
- 12.500.000 automóveis x $ 11 137.500.000
Saldo 87 970.000
230

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230
Falhas éticas em grandes decisões
O Caso Ford Pinto (cont)
Resultado:
• Mais de 500 mortes relacionadas com colisões traseiras;
• Indemnizações: mais de $ 450 milhões em ações e danos;
• Perda de confiança na marca Ford;
• Fim de produção do modelo Ford Pinto (substituido pelo
Ford Escort).

Tema para discussão:


A análise custo-benefício é adequada
para decisões de natureza ética?
231

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231
Ação disciplinar
4 casos reais

232

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232
Ação Disciplinar
• Artigo 89.º - Infração disciplinar • Artigo 111.º - Obrigatoriedade • Artigo 115.º - Natureza secreta do
1 - Considera -se infração disciplinar A aplicação de uma sanção disciplinar é processo
toda a ação ou omissão de qualquer sempre precedida do apuramento dos factos 1 - O processo é de natureza secreta
membro da Ordem que viole os e da responsabilidade disciplinar em processo até ao despacho de acusação ou
deveres consignados no presente próprio, nos termos previstos no presente arquivamento.
Estatuto ou nos respetivos Estatuto e no regulamento disciplinar. 3 - O arguido ou o interessado, quando
regulamentos. membro, que não respeite a natureza
• Artigo 113.º - Processo disciplinar
secreta do processo incorre em
• Artigo 91.º - Independência da 1 - O processo disciplinar é regulado pelo
responsabilidade disciplinar.
responsabilidade disciplinar dos presente Estatuto e pelo regulamento
membros da Ordem disciplinar.
1 - A responsabilidade disciplinar é 2 - O processo disciplinar é composto pelas
independente da responsabilidade civil seguintes fases: a) Instrução; b) Defesa do
e criminal decorrente da prática do arguido; c) Decisão; d) Execução.
mesmo facto. 3 - Em todas as fases do processo disciplinar,
2 - A responsabilidade disciplinar são asseguradas ao arguido todas as
perante a Ordem coexiste com garantias de defesa nos termos gerais de
qualquer outra prevista por lei. direito.
233

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233
Ação Disciplinar
• Artigo 100.º - Aplicação de sanções disciplinares ( • Artigo 102.º - Aplicação de sanções acessórias
texto reduzido pelo autor) 1 - Cumulativamente com a aplicação das sanções
• 1 - As sanções disciplinares são as seguintes: disciplinares, podem ser aplicadas, a título de sanções
a) Advertência: aplicada a infrações leves no exercício acessórias:
da profissão dos membros a) Frequência obrigatória de ações de formação
b) Repreensão registada: aplicável a infrações graves. suplementares às ações de formação obrigatórias;
c) Suspensão do exercício profissional até ao máximo b) Restituição de quantias, documentos ou objetos;
de 15 anos: aplicável quando, … a infração disciplinar c) Perda, total ou parcial, de honorários e do custeio
seja grave e tenha posto em causa a vida, a de despesas;
integridade física das pessoas ou seja gravemente d) Perda do produto do benefício obtido pelo arguido;
lesiva da honra ou do património alheios ou de e) Inelegibilidade para órgãos da Ordem por um
valores equivalentes. 5 - incumprimento …do dever de período máximo de 15 anos.
pagar quotas … culposo e se prolongue por período
superior a 12 meses.

234

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234
Ação Disciplinar – Região Norte
Movimento entre 2010 e 2019
Decididos 114 processos disciplinares com as seguintes deliberações:

• 11 Penas aplicadas
• 7 Advertências
• 4 Repreensões Registadas
• 3 Absolvições
• 89 Arquivamentos do processo

235

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235
Ação Disciplinar – Região Norte

Motivos das 11 penas aplicadas:


1 caso Substituição na Direção Técnica da obra, sem dar satisfação ao colega
1 caso Ausência de resposta ao Conselho Disciplinar
3 casos Violação do dever de conduta irrepreensível
6 casos Falsas declarações

236

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236
Ação Disciplinar – Região Norte
Arquivamentos - motivos mais significativos:
3 casos Desistência da queixa
3 casos Fora do âmbito das competências do CDISN
5 casos Não cumprimento do projeto aprovado
8 casos Litígio entre dono de obra e empreiteiro
17 casos Procedimento administrativo da obra

237

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237
Processo disciplinar 1

Falsas declarações no termo de


responsabilidade quanto ao cumprimento
de normas e regulamentos

238

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238
Processo disciplinar 1

A) RELATÓRIO:

1. Deu entrada na Ordem dos Engenheiros – Região Norte, um ofício proveniente de uma Câmara Municipal
participando factos praticados por um engenheiro, na sua qualidade de diretor técnico da obra de
construção civil de uma habitação unifamiliar, suscetíveis de constituírem infração disciplinar

2. Naquela participação e documentos anexos, foi alegado que o engenheiro teria prestado falsas declarações
no termo de responsabilidade e no livro de obra que subscreveu, uma vez que declarou que a obra estava
concluída de acordo com o projeto aprovado. Ora, em vistoria realizada pelo serviços municipais,
verificou-se existir um desajustamento em matéria de ordenamento do território, pois a edificação foi
implantada em local diferente daquele que foi fixado pelo projeto aprovado.

3. Designadamente, a habitação foi aprovada para implantação em local classificado na Carta de


Ordenamento do PDM como “Espaço Natural de Utilização Múltipla” e afastada da faixa de servidão da
Estrada Municipal, mas a respetiva implantação no terreno recuou a casa cerca de 14 metros face à Estrada
Municipal, situando esta em local classificado como Espaço Agrícola pertencente à RAN (Reserva Agrícola
Nacional) e abrangido pelas servidões da REN (Reserva Ecológica Nacional) e da RAN.

239

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239
Processo disciplinar 1

A) RELATÓRIO:
4. O engenheiro prestou esclarecimentos confirmando os factos participados, afirmando não ter tido
qualquer intenção de prestar falsas declarações e ludibriar o município participante, tendo sido o
empreiteiro que implantou o edifício, o engenheiro não se apercebeu do erro existente e não teve a devida
preocupação de verificar, pois desconhecia que no município a implantação não era efetuada pelos
respetivos serviços de topografia.
5. Verificou-se, quer em face da participação, quer em face das declarações prestadas pelo engenheiro que
existiam fortes indícios que este não agira com a diligência que lhe era exigível.
6. Foi proferida acusação, nos termos do Regulamento Disciplinar, acusando-se o Engenheiro ora arguido da
prática de uma infração disciplinar consistente na violação culposa de uma norma deontológica prevista
no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

240

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240
Processo disciplinar 1

B) FUNDAMENTAÇÃO:
1. Os factos acima indiciados permitem sustentar que o engenheiro não agiu com a diligência que lhe era
exigível, uma vez que não verificou se a implantação do projeto no terreno invadia as áreas que se
encontravam delimitadas na planta de condicionantes do município como REN e RAN e em consequência,
acabou por prestar falsas declarações no termo de responsabilidade que subscreveu.
2. Tal conduta do engenheiro configura uma violação culposa, sob a forma de negligência, do dever
deontológico, a que estava obrigado a conhecer e respeitar, de prestar os seus serviços com diligência e
pontualidade de modo a não prejudicar o cliente nem terceiros, previsto no Estatuto da Ordem dos
Engenheiros.

241

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241
Processo disciplinar 1

C) DECISÃO:
Face à fundamentação acima exposta e tendo em conta o grau de culpa do arguido, a gravidade da
infração praticada, bem como, a circunstância deste não ter quaisquer antecedentes disciplinares,
condena-se o arguido numa pena de repreensão registada, prevista no Estatuto da Ordem dos
Engenheiros, pela prática da infração disciplinar acima descrita, consistente na violação, com
negligência, da norma deontológica do Estatuto da Ordem dos Engenheiros

242

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242
Processo disciplinar 1

O caso anterior evidencia que, além das competências técnicas específicas da especialidade, é indispensável
que os engenheiros tenham, entre outros, conhecimento jurídico básico para poderem atuar com autonomia e
subscrever termos de responsabilidade.

Legislação fundamental
Regulação Profissional
Estatuto das OE
Regime de qualificação para os atos da construção Conceitos fundamentais de Direito
(Lei 31/2009 e específicas) • Hierarquia dos diplomas legais
Direitos de autor
• Limitações legais à vontade das partes na
Regulação das atividades contratação pública e privada
Legislação Específica da atividade económica
Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação • Limitações legais à regulamentação e
(RJUE) e do ordenamento do território conceito de nulidade
Regulamentação Técnica geral e específica
• Responsabilidade Cível e Criminal
Legislação de SHT / Ambiente
Código dos Contratos Públicos (CCP)
Código Civil 243

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243
Seguro de Responsabilidade Civil Profissional
Notas importantes
• A indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais decorrente
da responsabilidade profissional pode atingir valores elevados
• Nem todos os riscos profissionais das atividades de engenharia são
suscetíveis de transferência para um seguro de responsabilidade
civil profissional.
• A contratação de uma apólice com a cobertura de risco adequada
exige conhecimento e experiência específicos que recomendam o
recurso a mediadores especializados.
244

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244
Processo disciplinar 2

Falsas declarações no termo de


responsabilidade quanto à conclusão da obra

245

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245
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO:
Deu entrada na Ordem dos Engenheiros – Região Norte, uma comunicação proveniente de uma Câmara
Municipal a participar factos suscetíveis de configurarem violação de normas deontológicas por parte de dois
Engenheiros: A - Diretor Residente e B – Diretor de Obra.
Foi aberto processo disciplinar ao Engenheiro B por alegadas falsas declarações no termo de responsabilidade
que subscreveu atestando que a obra se encontrava concluída com base no qual foi emitida a respetiva licença
de utilização. Com efeito:
• O Engenheiro B declarou, através de um termo de responsabilidade por si assinado, que a obra em questão
se encontrava concluída em conformidade com o projeto aprovado, com as condicionantes da licença, com
o alvará de loteamento, com a utilização prevista no alvará e que as alterações efetuadas ao projeto
estavam em conformidade com normas legais e regulamentares aplicáveis.
• Ora, de acordo com o relatório técnico elaborado pelos serviços da Câmara Municipal, na data de
subscrição do termo de responsabilidade, na sequência de vistoria realizada à obra, o referido edifício
ainda se encontrava em fase de construção.

246

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246
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO:
O Engenheiro B esclareceu:
1. ter sido, efetivamente, o diretor da obra em causa e ter subscrito o respetivo termo de responsabilidade na
qual atestava que a obra se encontrava concluída.
2. Que só o fez porque se encontrava em vésperas de gozar férias e a obra se encontrava na sua fase final,
faltando apenas concretizar alguns pormenores de acabamento cuja execução não deveria ultrapassar
oito dias, uma vez que todos esses pormenores se encontravam contratados e adjudicados a terceiros.
3. que o termo de responsabilidade assinado antecipadamente por si, só deveria ter sido entregue ao dono
da obra quando todos os trabalhos estivessem concluídos.
4. Tal não se veio a verificar porque o dono da obra, após a receção do referido termo, instruiu de imediato o
requerimento para emissão da licença de utilização junto da Câmara Municipal.
5. O que motivou uma informação do Serviço de Finanças competente e a consequente fiscalização
camarária, através de uma vistoria.

247

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247
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO:
Concluiu-se assim:
• Os factos apurados e acima reproduzidos demonstravam, portanto, a existência de indícios de que o
engenheiro B tinha subscrito o termo de responsabilidade como diretor da obra, nele afirmando que a
obra se encontrava concluída, quando, na verdade, sabia que esta ainda se encontrava em fase de
construção.
• Relativamente ao Engenheiro A, o Conselho Disciplinar considerou que os factos participados não
integravam a prática de qualquer conduta que pudesse ser considerada infração disciplinar, pelo que, em
relação a este engenheiro participado foi proferido, no presente processo Despacho de Arquivamento.
• Relativamente ao Engenheiro B o Conselho Disciplinar deliberou proferir acusação, acusando o arguido
da prática de uma infração disciplinar consistente na violação culposa do dever deontológico de pugnar
pelo prestígio da profissão e de se impor por uma conduta irrepreensível, usando sempre boa-fé, bem
como o dever de emitir os seus pareceres profissionais com objetividade e isenção.

248

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248
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO:
• O arguido apresentou defesa escrita, na qual manteve a versão anteriormente apresentada de
que foi à sua revelia que o termo de responsabilidade antecipadamente assinado por si em
vésperas de início de férias foi entregue na Câmara Municipal.
• Invocou em sua defesa o seu irrepreensível percurso técnico profissional de engenheiro
competente, zeloso e diligente.
• Pugnando pela sua absolvição e arrolando quatro testemunhas de defesa.

249

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249
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO – TESTEMUNHAS:
As testemunhas foram convocadas para inquirição, tendo comparecido três delas, que prestaram
depoimento.
Testemunha 1 (Engenheiro A)
• Afirmou conhecer o arguido há cerca de dez anos, trabalhando ambos na empresa X, onde o
arguido é diretor de produção, chefiando a testemunha, que é diretor de obra.
• Disse lembrar-se da obra em causa, pois foi ele o diretor residente, ou seja, o representante do
empreiteiro na obra, embora não fosse o diretor técnico da obra, que era o engenheiro arguido.
• Confirmou que o engenheiro arguido, assinou antecipadamente o termo de responsabilidade e
o termo de encerramento do livro de obra, apesar de saber que a obra não estava concluída
mas partindo do princípio que ela ficaria concluída no prazo de uma semana ou duas.
• Deixou estes documentos à testemunha porque esta é que se encontrava efetiva e
assiduamente na obra e também, porque estava em vésperas de um período de férias.
• Faltavam concluir na obra alguns acabamentos interiores e exteriores, sendo previsível que
ficassem prontos no prazo de uma semana.

250

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250
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO – TESTEMUNHAS:
Testemunha 1 (Engenheiro A) – cont.
• entregou os documentos a um colaborador do dono de obra, não se lembrando quem foi, mas fê-lo
apenas para que esta verificasse se os documentos estavam em ordem, prevenindo essa pessoa no
sentido de que o dono de obra não os entregasse na Câmara Municipal antes da obra estar concluída.
• O dono de obra acabou por entregar os documentos na Câmara Municipal antes da obra estar
concluída, ignorando assim o aviso que lhe tinha sido feito pela testemunha, mas a testemunha não
soube dizer a razão porque isto aconteceu.
• A obra não ficou pronta no prazo previsto de uma semana, porque ocorreram problemas de
enquadramento com os subcontratados do empreiteiro, que a testemunha não soube especificar, pois
já não se lembrava.
• A testemunha afirmou que o engenheiro arguido, que é o seu chefe, é uma pessoa responsável e
cumpridora da deontologia profissional.

251

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251
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO – TESTEMUNHAS:
Testemunha 2
• Também engenheiro civil, declarou conhecer o arguido desde a universidade, pois foi um dos seus
orientadores na monografia de fim de curso, e que há cerca de um ano e meio que trabalha na empresa X,
sendo o engenheiro arguido seu chefe, isto é, diretor de produção.
• Disse lembrar-se da obra em causa nos presentes autos, pois fez parte da equipa técnica que a executou,
como adjunto do engenheiro A.
• Quando ingressou na equipa técnica que dirigia a obra, a obra ainda não se encontrava concluída, faltando
alguns trabalhos, designadamente, aplicação de louças sanitárias (que já estavam aprovisionadas na obra),
podendo existir outros trabalhos de que não se recorda.
• A obra não ficou pronta no prazo previsto porque, possivelmente, como a frente de trabalho era composta
por vários lotes, o lote em causa poderá ter sofrido algum atraso na execução.
• Afirmou ainda que o engenheiro arguido, que é o seu chefe, lhe parece uma pessoa séria e competente.

252

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252
Processo disciplinar 2

A) RELATÓRIO – TESTEMUNHAS:
Testemunha C
• Também engenheiro civil, disse conhecer o arguido desde a universidade e que trabalhava com ele há
cerca de vinte anos.
• Afirmou não ter tido qualquer intervenção na obra em causa e disse que o engenheiro arguido é um
engenheiro competente e uma pessoa que sempre teve uma grande preocupação com a sua conduta
profissional, cumprindo irrepreensivelmente as exigências deontológicas a que está obrigado, sendo que
este padrão de comportamento sempre fez parte da cultura da empresa, e que o exige a todos os seus
colaboradores.

253

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253
Processo disciplinar 2

B) FUNDAMENTAÇÃO
1. Dos factos provados, conclui-se que o engenheiro arguido não agiu com o cuidado que lhe seria exigível
no que diz respeito à assunção de responsabilidade como diretor da obra no termo de responsabilidade
por ele subscrito, pois aí declarou que a obra estava concluída quando tal não correspondia à verdade.
2. Apesar das circunstâncias apuradas, que levam a crer que o engenheiro arguido quis facilitar o
andamento do processo de conclusão da obra com vista à emissão da respetiva licença de utilização,
confiando antecipadamente a outrem os documentos previamente assinados e falhando na previsão da
data efetiva de conclusão dos trabalhos, a verdade é que assinou aqueles documentos numa data em
que sabia não corresponder à verdade aquilo que neles se encontrava declarado, o que configura uma
violação do dever deontológico de pugnar pelo prestígio da profissão e de se impor por uma conduta
irrepreensível, usando sempre de boa-fé, bem como do dever de emitir os seus pareceres profissionais
com objetividade e isenção previsto no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

254

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254
Processo disciplinar 2

B) FUNDAMENTAÇÃO (cont.)
3. Nos termos do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, o Diretor de uma obra de construção civil,
apesar de poder ser funcionário do dono de obra ou do empreiteiro, assume uma responsabilidade
profissional independente, de natureza pública, cujo exercício menos rigoroso pode, na medida em que
corresponde a uma alienação da confiança que a comunidade deposita nos engenheiros, causar danos no
prestígio e credibilidade de toda a classe profissional.
4. O diretor de obra assume esta responsabilidade de natureza pública em dois planos:
• perante a Câmara Municipal que licenciou a respetiva construção, atestando a conclusão da obra com
vista à emissão, sem necessidade de vistoria prévia, do alvará de licença de utilização e competindo-lhe
assegurar que a construção decorra em conformidade com o projeto aprovado e as condições do
licenciamento com a utilização dos métodos construtivos especificados no projeto;
• e perante a sua associação pública profissional, competindo-lhe cumprir escrupulosamente as normas
deontológicas a que está obrigado nos termos do Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

255

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255
Processo disciplinar 2

C) DECISÃO
Face à fundamentação e tendo em conta o grau de culpa do arguido, a gravidade da infração por ele
praticada, que é significativa, desde logo pelo abalo que causou na confiança pública que é reconhecida
aos engenheiros e, em seu favor, a circunstância de ter ficado provado que se trata de um engenheiro com
uma boa reputação técnica e ética e que não tem qualquer condenação disciplinar anterior, condena-se o
arguido numa pena de repreensão registada, prevista no Estatuto da Ordem dos Engenheiros, pela prática
da infração disciplinar acima descrita, consistente na violação, com negligência, das normas deontológicas
previstas no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

256

Revi pequenos pormenores do texto para o tornar mais claro e alguns pontos em que a
cor das letras estaria trocada.

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256
Processo disciplinar 3

Violação do dever de conduta irrepreensível

257

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257
Processo disciplinar 3

A) RELATÓRIO:
• Deu entrada no Conselho Disciplinar da Região Norte da Ordem dos Engenheiros uma participação, enviada
pela Senhora A denunciando o facto do Engenheiro B ter assinado com o nome da Participante
documentação para o licenciamento de uma obra a realizar num prédio de que esta é proprietária.
• O Engenheiro ora arguido, através de carta que dirigiu ao Presidente do Conselho Disciplinar, solicitou uma
audiência no sentido de prestar de viva voz os esclarecimentos sobre a situação, que classificou de injusta.
• Esta audiência teve lugar, tendo o engenheiro prestado declarações perante o instrutor do processo:
• “Não conhece a participante, nunca tendo falado com ela diretamente.
• Afirma não ter falsificado a sua assinatura, mas ter-se limitado a manuscrever o nome da participante
num requerimento feito à Câmara Municipal no âmbito de um processo de licenciamento que o
inquilino de um imóvel pertencente à participante, lhe solicitou que ajudasse a concretizar.”

258

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258
Processo disciplinar 3

A) RELATÓRIO:
• Declarou ainda ter sido contactado pelo referido inquilino da participante, para elaborar os projetos de
especialidade de um restaurante a instalar no imóvel arrendado, bem como para colaborar na preparação da
documentação necessária à obtenção da respetiva licença de construção e, posteriormente, de utilização, do
mencionado restaurante.
• No âmbito desta colaboração profissional, o engenheiro, declarou que, por amizade para com o inquilino e
para lhe evitar o incómodo de ir a Lisboa recolher a assinatura da senhoria, tornando mais célere a obtenção
da licença de construção junto da Câmara Municipal de Algures, manuscreveu num requerimento de junção
de documentos o nome da participante, sem imitar a assinatura desta, consoante se pode verificar pela
simples análise do documento em causa.
• Disse ainda tratar-se de um documento sem grande importância, visto que se destinava apenas a dar
entrada dos projetos necessários no processo acima referido, da responsabilidade do inquilino da
participante, que era o dono do restaurante.

259

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259
Processo disciplinar 3

A) RELATÓRIO:
• Finalmente, referiu que a participação que deu origem ao presente processo disciplinar terá sido motivada
pelo facto da participante ter recebido uma comunicação do advogado do participado no sentido de
proceder ao pagamento dos honorários dos projetos de especialidade elaborados pelo engenheiro
participado para o referido inquilino, uma vez que este não pagou aqueles honorários e o advogado do
participado entendeu que, assim sendo, a participante devia ser responsabilizada subsidiariamente pelo
pagamento dos honorários, já que, na qualidade de senhoria, também beneficiaria da concessão da licença
ao supramencionado restaurante.
• Em face das declarações do engenheiro, acima reproduzidas, foi proferida acusação, acusando-se o arguido
da prática de uma infração disciplinar consistente na violação culposa do dever deontológico de pugnar
pelo prestígio da profissão e de se impor pelo valor da sua colaboração e por uma conduta irrepreensível,
previsto no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

260

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260
Processo disciplinar 3

B) FUNDAMENTAÇÃO:
1. Os factos provados demonstram que o engenheiro arguido, não conhecendo a participante e não tendo
obtido o seu consentimento, assinou com o nome dela um requerimento feito à Câmara Municipal no
âmbito de um processo de licenciamento.
2. O engenheiro arguido foi contactado pelo inquilino da participante para elaborar os projetos de
especialidade de um restaurante a instalar no imóvel arrendado, bem como para colaborar na preparação
da documentação necessária para a obtenção da respetiva licença de construção e, posteriormente, de
utilização daquele restaurante. Foi no âmbito dessa colaboração profissional, que o engenheiro arguido,
por amizade para com o inquilino e para lhe evitar o incómodo de ir recolher a assinatura da senhoria,
manuscreveu num requerimento de junção de documentos o nome da participante no sentido de tornar
mais célere a obtenção da licença de construção junto da Câmara Municipal. É certo que o fez sem
procurar imitar a assinatura da participante, consoante se pode verificar pela simples análise do
documento em causa, que se destinava a dar entrada dos projetos necessários no processo acima referido,
da responsabilidade do inquilino da participante, que era o dono do restaurante, mas a verdade é que este
ato não pode deixar de merecer censura ética.

261

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261
Processo disciplinar 3

B) FUNDAMENTAÇÃO:
3. Acresce que o engenheiro arguido, tendo consciência que a participante nada sabia acerca dos projetos
por si elaborados para o inquilino, lhe solicitou posteriormente, através do seu advogado, o pagamento dos
respetivos honorários, alegando que a participante deveria ser responsabilizada subsidiariamente pelo
pagamento daqueles honorários, uma vez que, na qualidade de senhoria, também beneficiava da
concessão da licença ao supramencionado restaurante, em cujo requerimento, refira-se, o engenheiro
arguido tinha aposto, sem consentimento, a assinatura dela

4. Pese embora as circunstâncias do caso, suscetíveis de atenuar a gravidade da conduta adotada pelo
engenheiro e de afastar a possibilidade deste ter atuado com intenção dolosa, a verdade é que tal conduta,
por si confessada, não deixa de revestir alguma gravidade deontológica, na medida em que consubstancia
uma atitude negligente no exercício da atividade profissional, com prejuízo dos valores da boa-fé e da
necessidade de adoção de uma conduta irrepreensível, previstos no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

262

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262
Processo disciplinar 3

C) DECISÃO:
• Nos termos da fundamentação e tendo em conta as consequências da infração, o grau de culpa do
engenheiro arguido e o seu percurso profissional, sem qualquer antecedente de natureza disciplinar,
condena-se o arguido na pena de repreensão registada, prevista no Estatuto da Ordem dos Engenheiros,
pela prática da infração disciplinar acima descrita, consistente na violação culposa da norma deontológica
prevista no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

263

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263
Processo disciplinar 4

Violação da obrigação de prestar


serviços com diligência

264

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264
Processo disciplinar 4

A) RELATÓRIO:
Deu entrada na Ordem uma participação enviada pelo Senhor F na qual era imputada ao engenheiro X a violação
de deveres deontológicos na medida em que tinha protelado a conclusão de um trabalho encomendado pelo
participante, que consistia no licenciamento da ampliação da construção de uma habitação do participante
situada na Rua X, freguesia Y, município A.
1. O engenheiro, respondeu confirmando que foi efetivamente contratado pelo participante para elaborar um
aditamento ao projeto, com vista a legalizar a construção, que tinha sido executada com uma área superior à
inicialmente licenciada.
2. Afirma que o projeto foi elaborado e entregue na Câmara Municipal B em 20 de maio de 1996.
3. Mas entretanto, a freguesia de Y, onde se situa o prédio do participante foi integrada no novo concelho A,
criado em 19 de novembro de 1998.
4. Tendo sido constatada, em 2010, a necessidade de elaborar um novo projeto, a entregar na Câmara
Municipal A, por caducidade do processo de licenciamento iniciado na Câmara Municipal B.

265

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265
Processo disciplinar 4

A) RELATÓRIO (cont.):
5. O engenheiro ora arguido solicitou então os dados necessários para a execução do novo projeto de
aditamento, pois o mesmo não existia digitalizado e tinha de ser todo redesenhado e admite que o trabalho
demorou mais tempo porque exerce atualmente a sua profissão, a tempo inteiro, na firma xxxx, tendo
pouco tempo disponível para outras atividades.
6. Finalmente, o engenheiro participado afirmou que, face à participação apresentada já não tinha condições
de terminar o trabalho.
Foi então solicitado ao participante que se pronunciasse sobre a resposta do engenheiro participado.
7. O participante alega que se o engenheiro sabia efetivamente que não dispunha de capacidade para executar
atempadamente o trabalho que lhe foi confiado, deveria tê-lo recusado e não ter solicitado um
adiantamento pecuniário, que lhe foi prontamente pago pelo participante.
8. A verdade é que, contactado várias vezes para dar andamento ao assunto, o engenheiro nunca comunicou ao
participante a sua indisponibilidade de tempo.
9. Finalmente, admira-se o participante que, com os meios tecnológicos disponíveis nesta segunda década do
século XXI, o engenheiro ora arguido demore tantos meses a executar este projeto, que indubitavelmente,
não se reveste de especial complexidade.

266

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266
Processo disciplinar 4

B) FUNDAMENTAÇÃO:
1. Os factos provados permitem concluir que o engenheiro, ao não realizar em tempo útil o trabalho que lhe foi
encomendado pelo participante, violou, com negligência, a obrigação deontológica de prestar os seus
serviços com diligência e pontualidade, de modo a não prejudicar o cliente nem terceiros, prevista no
Estatuto da Ordem dos Engenheiros.
2. Por outro lado, tendo aceite realizar aquele trabalho e solicitando que o participante lhe entregasse um
adiantamento para despesas, sabendo que a sua disponibilidade de tempo se tinha tornado mais reduzida, o
engenheiro violou, também com negligência, a obrigação deontológica de não aceitar trabalhos ou exercer
funções que ultrapassem a sua competência ou exijam mais tempo do que aquele que disponha, prevista no
Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

267

Curso de Ética e Deontologia Profissional | 17 e 18 de abril de 2020


267
Processo disciplinar 4

C) DECISÃO:
Nos termos da fundamentação, acima exposta, e tendo em conta o grau de culpa do arguido e as
circunstâncias supra referidas, condenou-se o arguido na pena de advertência, prevista no Estatuto da
Ordem dos Engenheiros, pela prática da infração disciplinar acima descrita, consistente na violação,
com negligência, das normas deontológicas estabelecidas no Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

268

Mais uma vez simplifiquei em alguns pontos e corrigi a cor.

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268
Ética e Deontologia Profissional
Discussão de Casos

269

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269
Caso 1 - Denúncia anónima
• Mário é Engenheiro Químico numa empresa de laticínios. A empresa é muito reputada na região,
pois emprega 320 pessoas que representam cerca de 250 famílias.
• Mário sabe que a empresa, no início de todas as madrugadas, depõe no pequeno rio da região
efluentes nefastos para a fauna e a flora, contrariando a lei.
• Os seus superiores são cúmplices da situação, embora aparentem desconhecer o problema.
• A empresa tem atravessado dificuldades financeiras, em grande parte como fruto da forte
competição gerada pelo ingresso de novos concorrentes no sector.
• Empenhado em cumprir os deveres éticos consagrados no código de deontologia
profissional, Mário transmitiu a informação a um seu amigo, jornalista num jornal regional.
• A notícia adquiriu dimensão nacional e os habitantes da região estão revoltados com a denúncia,
especialmente por ser anónima e temem agora pelo encerramento da empresa.

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Caso 1 - Denúncia anónima
• Terá Mário incumprido os seus deveres de
lealdade para com a empresa?
• Deveria ter tentado, em primeiro lugar, expor
o problema junto dos seus superiores?
• Era seu dever denunciar o caso para defender
o interesse público?
• Deveria ter aguardado que o assunto viesse
a lume espontaneamente?

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Caso 2 – Estágio, a quanto obrigas
(Caso prático 25- pg. 164)

Ramiro realizou o seu estágio numa média empresa • As alterações induziriam elevadíssimos custos,
de construção. provocando grande prejuízo;
Ainda estagiário, passando por uma obra a cargo da • Temia que tais prejuízos pudessem
sua empresa, já em fase de conclusão, detetou um comprometer o futuro da empresa e os postos
grave erro de construção. de trabalho;
Embora sabendo que a vida dos futuros moradores
• Mas também admitiu que, se “desse com a
não corria perigo, o Ramiro compreendeu haver
língua nos dentes”, poderia colocar o seu
riscos sérios de que a humidade invadisse alguns
estágio em risco e adiar o seu ingresso, como
dos apartamentos. Nessa noite, quase não dormiu
membro efetivo, na OE;
com as preocupações:
• Colocou a questão à Carla, engenheira sénior
• Sentia que era seu dever alertar os
da empresa, que aconselhou “Não metas a
responsáveis pela obra, de modo a prevenir
foice em seara alheia”.
danos para os futuros moradores;
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Caso 2 – Estágio, a quanto obrigas
(Caso prático 25- pg. 164)

Volvidos seis anos, já Ramiro deixara a empresa, Quando o juiz o indagou sobre as razões pelas quais
visitando a sua amiga Sónia num dos apartamentos ele não denunciara a situação enquanto era
do referido prédio, apercebeu-se de que a estagiário, respondeu:
humidade impregnava as paredes da sala e um dos
quartos. Soube, também, que a maior parte dos “ Eu era um simples estagiário. Essa não era a minha
apartamentos situados daquele lado da rua padecia função. A culpa é do sistema, porque nos torna
muito dependentes da empresa onde realizamos o
do mesmo problema.
nosso estágio.”
Dado que Sónia instaurou um processo judicial à
empresa, Ramiro foi arrolado como testemunha.

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273
Caso 2 – Estágio, a quanto obrigas
• Quais os direitos e deveres que Ramiro enfrentava quando
compreendeu as falhas de construção do prédio?
• Se fosse abordado pelo Ramiro, que conselhos lhe
transmitiria?
• Qual o “erro” refletido na expressão de Carla? E quais os
refletidos na refletidos na resposta de Ramiro ao juiz?
• Do seu ponto de vista, e atendendo à situação precária de
Ramiro na empresa, considera que ele deveria ou não ter
procedido a uma denúncia externa?
• Em que argumentos assenta a sua resposta?

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Caso 4
O João é engenheiro informático e trabalha numa grande empresa de telecomunicações móveis.
O Presidente do Conselho de Administração da empresa, Engenheiro Eletrotécnico, chamou o João ao seu
gabinete e deu-lhe uma ordem confidencial para realizar as operações técnicas necessárias à colocação sob
escuta de uma série de números de telemóvel de trabalhadores da empresa que exercem funções de
delegados sindicais, alegando que suspeitava de estarem a programar uma greve que poria em risco a
estabilidade económica da empresa.
O João recusou cumprir a ordem, alegando razões deontológicas, e foi imediatamente ameaçado de
despedimento pelo Presidente do Conselho de Administração da empresa.

Comentar a atitude do João e as suas possibilidades de reação face à atitude do PCA.

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275
Caso 4
Deveres do engenheiro (decorrentes do exercício da atividade profissional)
Para com a comunidade (artigo 141º)

• Possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência as suas funções.
• Contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao serviço da Humanidade.
• Defender o ambiente e os recursos naturais.
• Garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em geral.
• Opor -se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu trabalho.
• Procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a qualidade.
• Combater e denunciar práticas de discriminação social e trabalho infantil, assumindo uma atitude de
responsabilidade social.

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276
Caso 5
O Bernardo é engenheiro químico e trabalha há quinze anos numa empresa.
Desde há dois meses a esta parte, são efetuadas descargas de reagentes que se
encontram no seu armazém e estão fora do prazo de validade para as águas de
um ribeiro próximo.
O Bernardo tem conhecimento desta situação através da consulta de
documentos da empresa nos quais se encontra aposto o carimbo: confidencial.
Se fosse o engenheiro Bernardo, que atitude adotaria?

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277
Caso 6
Alice é engenheira química o quadro efetivo de uma empresa industrial.

As suas funções e local de trabalho dão-lhe acesso ao conhecimento pleno de um


processo químico inovador, ainda não patenteado, que, nos últimos meses, foi
desenvolvido por uma equipa de investigadores da empresa.

No seguimento de um insistente convite, que desde há cerca de mês e meio, lhe foi
dirigido por uma empresa concorrente da sua, decidiu aceitar o pedido de prestação
de serviços de consultoria, sem conhecimento da sua entidade profissional.

Comentar a atitude da Engenheira Alice.

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Caso 6 - Comentários
• O dever de sigilo pode ser violado ?
• Não será de admitir que o convite visa o acesso á
informação confidencial ?

À mulher de César…
• Deve evitar posições de conflito de interesses
• O conflito existe, mesmo que apenas potencial, pois as
empresas são concorrentes
• Em situação de concurso de ambas as empresas, como
atuaria?

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279
Caso 6
Deveres do engenheiro - Para com entidade empregadora e para com o cliente (artigo 142º)
• Contribuir para a realização dos objetivos económico -sociais das organizações em que se integre,
promovendo o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e das condições de trabalho,
com o justo tratamento das pessoas.
• Prestar os seus serviços com diligência e pontualidade, de modo a não prejudicar o cliente nem terceiros,
nunca abandonando, sem justificação, os trabalhos que lhe forem confiados ou os cargos que desempenhar.
• Não deve divulgar nem utilizar segredos profissionais ou informações, em especial as científicas e técnicas
obtidas confidencialmente no exercício das suas funções, salvo se, em consciência, considerar poderem estar
em sério risco exigências de bem comum.
• Só deve pagar -se pelos serviços que tenha efetivamente prestado e tendo em atenção o seu justo valor.
• Recusar a sua colaboração em trabalhos cujo pagamento esteja subordinado à confirmação de uma conclusão
predeterminada, embora esta circunstância possa influir na fixação da remuneração.
• Recusar compensações de mais de um interessado no seu trabalho, quando possa haver conflitos de
interesses ou não haja o consentimento de qualquer das partes. 280

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Caso 7
Afonso, engenheiro aeronáutico, foi contactado por um emissário de uma multinacional
com sede na Europa, que lhe propôs um contrato muito bem remunerado para integrar a
equipa de projeto de uma fábrica de motores para aviões a jato.
O Afonso aceitou a proposta e subscreveu o contrato, mas durante a primeira reunião
técnica ocorrida, já na sede da empresa que o contratou, apercebeu-se que a fábrica a
instalar se destina a produzir, de forma camuflada, mísseis balísticos intercontinentais,
com capacidade para transportarem armas de destruição maciça.
Qual deverá ser a atitude do engenheiro em face desta situação?

281

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281
Caso 8
Ana é engenheira do ambiente numa empresa de consultoria, com a função de elaborar
pareceres técnicos em matéria ambiental.
Desde que ingressou na organização, todos os seus pareceres foram assinados apenas e
só pelo administrador.
Ana sente-se desmotivada e considera abusivo o comportamento do administrador, que
também é engenheiro, na medida em que esse comportamento representa uma
apropriação indevida do seu trabalho.
A quem deve ser atribuída a responsabilidade dos pareceres?
Analisar o caso do ponto de vista ético e deontológico.

282

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282
Caso 8
Deveres dos engenheiros - no exercício da profissão • Só deve assinar pareceres, projetos ou outros
(artigo 143º) trabalhos profissionais de que seja autor ou
colaborador. Emitir os seus pareceres
• Na sua atividade associativa profissional, deve
profissionais com objetividade e isenção.
pugnar pelo prestígio da profissão e impor- se
pelo valor da sua colaboração e por uma conduta • Deve no exercício de funções públicas, na
irrepreensível, usando sempre de boa- fé, empresa e nos trabalhos ou serviços em que
lealdade e isenção, quer atuando desempenhar a sua atividade, atuar com a
individualmente, quer coletivamente. maior correção e de forma a obstar a
discriminações ou desconsiderações.
• Opor- se a qualquer concorrência desleal.
• Recusar a sua colaboração em trabalhos sobre
• Usar da maior sobriedade nos anúncios
os quais tenha de se pronunciar no exercício
profissionais que fizer ou autorizar.
de diferentes funções ou que impliquem
• Não deve aceitar trabalhos ou exercer funções situações ambíguas.
que ultrapassem a sua competência ou exijam
mais tempo do que aquele de que disponha.
283

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283
Caso 9
O engenheiro Gustavo é sócio-gerente de um gabinete de projetos de engenharia civil,
encontrando-se suspenso do exercício da sua atividade profissional pela Ordem dos
Engenheiros, por sanção aplicada em processo disciplinar.
Continua, no entanto, a elaborar projetos e a dirigir obras, embora em nome e com a assinatura
do engenheiro Afonso, recém-inscrito na Ordem, que foi admitido no seu gabinete pouco antes
da sanção lhe ter sido aplicada e tem conhecimento de toda a situação.
Apreciar, do ponto de vista deontológico, o comportamento dos engenheiros Gustavo e Afonso.

284

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284
Caso 9 - Comentários
Empregador:
• Viola o dever de cumprimento da sanção aplicada.
• Viola o dever de conduta irrepreensível.
• Questões de Direito que ultrapassam o presente âmbito.

Empregado:
• Viola o dever de só assinar o trabalho que faz.

285

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285
Caso 10
O Sr. Joaquim adjudicou uma obra ao construtor civil Fernando, de quem é amigo, só que
ele não possui alvará para o tipo de obra em causa.
Para instruir o processo de licenciamento o construtor civil Fernando solicitou a outra
empresa construtora, gerida pelo engenheiro Carlos, o “empréstimo “ do seu alvará,
favor esse, a que esta acedeu, em troca de uma contrapartida financeira:
Assim, a empresa gerida pelo engenheiro Carlos ficou a constar de todo o processo de
licenciamento, apesar da obra ter sido efetivamente executada pelo construtor Fernando.

Analisar e comentar.

286

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286
Caso 11 - Comentários
• Falsas declarações
• Concorrência desleal
• Dever de conduta irrepreensível
• Alvará:
• Significado
• Responsabilidades associadas
• Riscos do “empréstimo”

287

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287
Caso 11
Deveres dos engenheiros - no exercício da • Não deve aceitar trabalhos ou exercer funções que
profissão (artigo 143º) ultrapassem a sua competência ou exijam mais tempo do
que aquele de que disponha.
• Na sua atividade associativa profissional, deve
pugnar pelo prestígio da profissão e impor- se • Só deve assinar pareceres, projetos ou outros trabalhos
pelo valor da sua colaboração e por uma profissionais de que seja autor ou colaborador. Emitir os
conduta irrepreensível, usando sempre de boa- seus pareceres profissionais com objetividade e isenção.
fé, lealdade e isenção, quer atuando
• Deve no exercício de funções públicas, na empresa e nos
individualmente, quer coletivamente.
trabalhos ou serviços em que desempenhar a sua
• Opor- se a qualquer concorrência desleal. atividade, atuar com a maior correção e de forma a obstar
a discriminações ou desconsiderações.
• Usar da maior sobriedade nos anúncios
profissionais que fizer ou autorizar. • Recusar a sua colaboração em trabalhos sobre os quais
tenha de se pronunciar no exercício de diferentes funções
ou que impliquem situações ambíguas.
288

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288
Caso 12
A engenheira Madalena faz parte do quadro de uma empresa de construção civil e do elenco técnico exigível
para o alvará, sendo diretora de algumas obras.
Nos últimos tempos, o seu patrão, para diminuir os custos da construção tem vindo a dar instruções contrárias
às da Madalena:

• Substituindo materiais selecionados pelo projetista da obra por outros de pior qualidade.
• Dando ordens diretas aos trabalhadores que obriga a cumprir,
A Madalena está perturbada com a situação, encontra-se indecisa sobre o que deverá fazer, não sabendo o que
escrever no livro de obra e receando que a obra venha a apresentar problemas sérios, pelos quais ela, na
qualidade de diretora técnica, possa ser responsabilizada.
O que faria, na posição da Madalena?

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Caso 12 – Comentários
Contexto de Contrato de Empreitada
• Se não cumprir a qualidade contratada viola o Código Deontológico
• Especificações versus Marcas
• Contratos de Direito Público ou Privado
• Aprovação dos Materiais
• Poder discricionário do projetista?
Contexto do T R da Diretora de Obra
• Cumprimento vinculativo dos elementos essenciais do processo
(licenciamento / Segurança / Conforto regulamentado)
• Elementos secundários
• Legitimidade do Dono de Obra alterar elementos secundários /
Direitos de autor
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Caso 12
Deveres do engenheiro (decorrentes do exercício da atividade profissional)
Para com a comunidade (artigo 141º)

• Possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência as suas funções.
• Contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao serviço da Humanidade.
• Defender o ambiente e os recursos naturais.
• Garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em geral.
• Opor -se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu trabalho.
• Procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a qualidade.
• Combater e denunciar práticas de discriminação social e trabalho infantil, assumindo uma
atitude de responsabilidade social.

291

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291
Caso 12
Deveres do engenheiro - Para com entidade empregadora e para com o cliente (artigo 142º)
• Contribuir para a realização dos objetivos económico -sociais das organizações em que se integre, promovendo
o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e das condições de trabalho, com o justo
tratamento das pessoas.
• Prestar os seus serviços com diligência e pontualidade, de modo a não prejudicar o cliente nem terceiros, nunca
abandonando, sem justificação, os trabalhos que lhe forem confiados ou os cargos que desempenhar.
• Não deve divulgar nem utilizar segredos profissionais ou informações, em especial as científicas e técnicas
obtidas confidencialmente no exercício das suas funções, salvo se, em consciência, considerar poderem estar em
sério risco exigências de bem comum.
• Só deve pagar -se pelos serviços que tenha efetivamente prestado e tendo em atenção o seu justo valor.
• Recusar a sua colaboração em trabalhos cujo pagamento esteja subordinado à confirmação de uma conclusão
predeterminada, embora esta circunstância possa influir na fixação da remuneração.
• Recusar compensações de mais de um interessado no seu trabalho, quando possa haver conflitos de interesses
ou não haja o consentimento de qualquer das partes.
292

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292
Caso 12
Deveres do engenheiro - no exercício da profissão (artigo 143º)
• Na sua atividade associativa profissional, deve pugnar pelo prestígio da profissão e impor- se pelo valor da
sua colaboração e por uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa- fé, lealdade e isenção, quer
atuando individualmente, quer coletivamente.
• Opor- se a qualquer concorrência desleal.
• Usar da maior sobriedade nos anúncios profissionais que fizer ou autorizar.
• Não deve aceitar trabalhos ou exercer funções que ultrapassem a sua competência ou exijam mais tempo do
que aquele de que disponha.
• Só deve assinar pareceres, projetos ou outros trabalhos profissionais de que seja autor ou colaborador.
Emitir os seus pareceres profissionais com objetividade e isenção.
• Deve no exercício de funções públicas, na empresa e nos trabalhos ou serviços em que desempenhar a sua
atividade, atuar com a maior correção e de forma a obstar a discriminações ou desconsiderações.
• Recusar a sua colaboração em trabalhos sobre os quais tenha de se pronunciar no exercício de diferentes
funções ou que impliquem situações ambíguas.
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Caso 13
O dono de uma obra, cujo projeto havia sido elaborado pela engenheira Bárbara, que
subscreveu o correspondente termo de responsabilidade no respetivo processo de
licenciamento municipal, vem agora solicitar ao engenheiro Manuel um aditamento ao projeto
da colega, alegando que a Câmara Municipal lhe exige aquele aditamento para que a obra
possa ser licenciada e que, devido a um desentendimento insanável com a projetista, esta se
recusa a fazê-lo.

Que atitude deverá adotar o Manuel?

294

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294
Caso 13 – Comentários
Primeiro deve-se informar o cliente que vai contactar a
Bárbara, obter dela a declaração correspondente de que há
impedimento e só depois do contacto estabelecido poderá
aceitar o trabalho.
É do interesse do Manuel:
• Tentar Saber, junto da Bárbara, as causas do litígio;
• Averiguar se o conflito com o Dono de Obra resulta de
alterações ilegais por ele impostas ou pretendidas;
• Clarificar eventuais direitos de autor.

295

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295
Conclusão

296

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296
Princípios éticos
Engineering Council and the Royal Precisão e rigor
Academy of Engineering

Quatro princípios
Honestidade e
fundamentais que
integridade de caráter
devem nortear os
engenheiros: Respeito pela vida, pela lei
e pelo interesse público

Liderança responsável:
escutar e informar

297
www.engc.org.uk/professional-ethics

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297
All I Really Need To Know I Learned
In Kindergarten
- Robert Fulghum (1989) (tradução livre, Joaquim Poças Martins)
• Compartilha • Lá fora, atenção ao trânsito, de mão
dada e em grupo
• Joga limpo
• Não te deixes deslumbrar
• Não agridas
• Lembra-te da sementinha no copo a
• Deixa as coisas onde as encontraste
germinar: as raízes descem e a planta
• Limpa o que sujaste sobe, ninguém sabe realmente como ou
porquê, mas somos todos assim
• Não fiques com o que não é teu
• Peixes, pássaros, cães, gatos e até a
• Pede desculpa quando magoares alguém sementinha, todos morrem, nós também
• Lava as mãos antes de comer • Lembra-te da primeira palavra que
• Puxa o autoclismo aprendeste: CUIDADO
• Vive uma vida equilibrada: aprende,
pensa, diverte-te, trabalha e descansa
todos os dias 298

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