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1 Teste de Fiscalidade (Correcção)

Data: 06/04/2018
Curso laboral/ Pós laboral Duração: 120 minutos
1. Diga se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações: (2,5)
a. O IPA é um imposto indirecto;...............................................................(F)
b. Em Moçambique todos impostos são nacionais;..................................(F)
c. A obrigação fiscal pode ser cumprida por outras pessoas que não sejam
os respectivos sujeitos
passivos;.......................................................................................................(V)
d. Os impostos autárquicos podem ser criados pela Assembleia
Municipal;.....................................................................................................(F)
e. O Imposto sobre a superfície não integra o sistema tributário
moçambicano;...............................................................................................(F)
f. O Imposto Especial sobre o Jogo é um imposto directo;......................(F)
g. O Imposto sobre Veículos Automóveis é um imposto cobrado nos
Municípios;....................................................................................................(F)
h. O Imposto sobre a produção é um imposto indirecto;............................(F)
i. O Imposto sobre Sucessões e Doações é um imposto
directo;............................................................................................................(F)
j. O Imposto Pessoal Autárquico substitui, nas autarquias o Imposto de
Reconstrução Nacional...............................................................................(V)

2. O Direito Tributário tem uma relação com outros ramos de direito.


Na base desta afirmação e a sua escolha identifique quatro desses ramos de
direito e comente sobre essa relação e sobre a autonomia de Direito Fiscal.
(3,0)
A autonomia de um ramo de direito é relativa, pois, um ramo de direito não
constitui um compartimento estanque, necessariamente mantém relações e
dependências estreitas com outros ramos.

Direito Fiscal e Direito Constitucional


O direito fiscal estabelece relações com o direito constitucional na medida em
que existem, na Constituição, normas respeitantes a disciplina jurídica dos
impostos. Tais normas, por se inserirem na legislação constitucional, são de
direito constitucional.
Ao conjunto dessas normas, que são numerosas, a doutrina designa
constituição fiscal ou direito constitucional fiscal, é o caso dos artigos 45 al. c),
100, 127, 179 nº 2 al. o). Daqui resulta a ligação íntima entre o direito fiscal e o
direito constitucional, na medida em que o primeiro é dominado por
princípios e regras de natureza constitucional.

Direito Fiscal e Direito Administrativo


O direito fiscal surgiu como um ramo de direito financeiro, e este do direito
administrativo, dai a extrema importância do direito administrativo no
tratamento científico do direito fiscal. Estes dois ramos de direito apesar de
autónomos mantêm relações estreitas, de tal modo que alguns institutos
estudados nos cursos de direito fiscal, como as normas de organização dos
serviços administrativos e a competência dos funcionários que lançam,
liquidam e cobram os impostos, têm natureza administrativa.
Ademais, a segunda e a última instância do contencioso tributário se situam
na segunda secção e no plenário do Tribunal Administrativo,
respectivamente.

Direito Fiscal e Direito Penal


O direito fiscal estabelece relações com o direito penal na medida em que
existe um direito fiscal penal, constituído por um conjunto de normas que
prevêem a violação de preceitos tributários e estatuem as respectivas sanções
– infracções fiscais. Mas também as normas do direito penal (código penal)
são subsidiariamente aplicáveis ao direito fiscal penal, sobretudo nos casos
em que a infracção fiscal constitui crime fiscal a que corresponda pena de
prisão ou multa convertível em prisão.

3. A Doutrina distingue o Direito Público do Direito Privado. Dentro desta


perspectiva qual é a natureza do Direito Fiscal. Fundamente. (3,0)
Desde que se admite a separação entre o Direito e o Direito Privado, o Direito
Fiscal, integrado do Direito Financeiro, há-de situar-se no Direito público,
independentemente do critério adoptado para a referida destrinça. De acordo
com o Critério dos Interesses, o Direito Fiscal se enquadra no Direito público
porque as suas normas visam tutelar o interesse da colectividade. a receita
resultante da arrecadação do imposto destina-se à satisfação de necessidades
Públicas; de acordo com o Critério dos Sujeitos da Relação Jurídica e
atendendo a posição dos sujeitos da relação jurídico-fiscal, em que por um
lado, temos o Estado ou outros entes públicos, e por outro, os cidadãos,
concluímos que o direito fiscal é, sem dúvidas de Direito Público, na medida
em que um dos sujeitos da relação- o Estado ou outro ente público --- se situa
num plano superior ao do outro. O Estado, encontra-se revestido do IUS
IMPERII materializado através do poder de tributar. O Estado actua na
relação do imposto, revestido de um poder especial, superior, que permite a
execução do património do devedor para garantir as dívidas fiscais que não
forem voluntariamente satisfeitas, sem necessidade de declaração prévia do
seu direito. É o chamado "Benefício de Execução Prévia" ou "Benefício da
Executoriedade", que gozam o Estado e outros entes públicos

4. Define o imposto e a taxa e estabeleça a distinção entre estes dois conceitos e


mencione que instrumento legal permite a sua criação, e diga quais os
elementos essenciais do imposto. (Explique ̵ os). (3,0)
Definir o imposto é distingui-lo das demais receitas públicas têm, do ponto de vista
da Constituição da República, um interesse fundamental.
É que a disciplina constitucional aplicável aos impostos – a chamada Constituição
Fiscal – impõe a estas prestações, regras destintas das que cabem às outras receitas
públicas.
Importa referir que:
Tradicionalmente, costuma-se definir o imposto como uma prestação, coactiva,
definitiva, unilateral, estabelecida pela lei, a favor de uma entidade incumbida da
prossecução de uma função pública, para a realização de fins públicos, sem carácter
de sanção.
Nos últimos anos, com o apoio na redacção dada ao nº 2 do artigo 3º da Lei Geral
tributária (LGT), tem sido proposto que a ideia de capacidade contributiva passe
também a integrar o conceito de imposto.
Assim, o imposto corresponde as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro,
exigidas por uma entidade pública, para a prossecução de fins públicos, sem
contraprestação individualizada, e cujo facto tributário assenta em manifestações de
capacidade contributiva, devendo estar previstos na lei.
As taxas são prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade pública,
como contrapartida individualizada pela utilização de um bem do domínio público,
ou pela remoção de um limite jurídico à actividade dos particulares, desde que
prevista na lei.
Com efeito, ao contrário do imposto, que não confere a quem paga o direito a
nenhuma contrapartida directa e imediata sinalagmaticamente ligada a esse
pagamento, a taxa é sempre a contrapartida individualizada de algo que se recebe
em troca, seja um serviço concretamente prestado, seja pela utilização de um bem do
domínio público, seja a remoção do limite legal ao exercício de determinada
actividade (cfr. nº4 do artigo 3 da LGT).
Em termos essenciais, pode dizer-se que o imposto se distingue da taxa, porque
aquele é unilateral e esta bilateral.
A taxa não se distingue do imposto por ser voluntária; distingue-se por ser bilateral.

O instrumento legal que permite a Criação dos impostos em Moçambique é a Lei da


Assembleia da República. Assim, no nosso ordenamento jurídico encontramos a Lei
n.º 15/2002, de 26 de Junho;

Os elementos essenciais são: a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos


contribuintes.
Incidência – já vimos, a propósito da constituição da obrigação do imposto que a
incidência de um imposto é o universo resultante da definição legal do conjunto dos
factos sujeitos a tributação.
Benefícios fiscais – são todas as excepções à tributação, que se traduzem num
regime de tributação mais favorável para o contribuinte, ou seja, é a redução ou
eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus tributário, oriundo de lei ou
norma específica.
Taxa – em regra, a taxa do imposto é a percentagem ou o valor que, aplicado à
matéria colectável, nos dá a colecta do tributo.
Garantias dos contribuintes – são todas as normas que consagram meios de defesa
dos particulares em face da prática, ou da omissão, de actos da administração fiscal
que lesem direitos ou interesses legítimos, bem como as prerrogativas gerais
contidas aos particulares em matéria fiscal.

5. Os impostos são criados para a satisfação de fins públicos. Esta expressão


engloba os objectivos do imposto. (2,0)
a. Na base desta afirmação, diga quais são os objectivos do imposto.
Explique-os.

Objectivos fiscais
Os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento das despesas públicas,
ou seja, para o financiamento dos gastos públicos do Estado.

Objectivos sociais
Os visam a “repartição justa da riqueza e dos rendimentos”, “a diminuição das
desigualdades”, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado
social, operando-se assim uma verdadeira redistribuição de riqueza. (combate a
pobreza absoluta).

Objectivo económicos
Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,
consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como tabaco, certas bebidas, o jogo,
as antiguidades, etc), proteger a indústria nacional (estabelecendo direitos
aduaneiros protetores durante certo período), incentivar a poupança e o
investimento (indirectamente através de desagravamentos fiscais).

6. Debruce sucintamente sobre as formas de extinção da divida tributária. (3.5)


Nos termos do art. 43 da LGT o pagamento da divida tributária constitui a principal
obrigação do sujeito passivo. O pagamento pode ser efectuado pelo contribuinte ou
por terceiro, neste caso verifica-se a sub-rogação.
O pagamento do imposto pode ser:
(1) Por conta (pagamento parcial antecipado),
(2) Pagamento a pronto (pagamento único) e
(3) Pagamento a prestações (pagamento fraccionado).
As outras formas de extinção da obrigação do imposto são:
 Compensação,
 Dação em cumprimento,
 Confusão
 Falência ou insolvência e
 Prescrição.
Quando o sujeito passivo e o Estado sejam reciprocamente credor e devedor, pode o
sujeito passivo livrar-se da sua obrigação por meio da compensação, nos termos
estabelecidos na legislação tributária, e em relação a créditos reconhecidos por acto
administrativo ou decisão judicial, a que tenha direito o sujeito passivo em razão de
pagamentos indevidos de tributos.
A compensação de dívidas de tributos pode ocorrer por iniciativa da administração
tributária ou por iniciativa do contribuinte.
A lei geral tributário, art. 45, prevê, também, a dação em cumprimento como uma
das formas de extinção da dívida tributária. Esta verifica-se quando o devedor de
tributos realiza a prestação com coisa (bens moveis ou imoveis) diversa da que for
devida (dinheiro).
Segundo o art. 46 da LGT a dívida tributária pode também extinguir-se pela
confusão, que se verifica quando se reúnem as qualidades de credor e devedor da
mesma obrigação tributária na mesma entidade pública.
Decorrido certo tempo sem que a administração tributária faça valer o seu crédito a
dívida tributária extingue-se pela prescrição. Segundo o art. 47 da LGT o período de
prescrição é de 10 anos e começa a contar desde o início do ano civil seguinte ao do
vencimento da prestação. Contudo existem causas de suspensão e de interrupção do
prazo de prescrição que podem determinar a não coincidência entre o tempo
cronológico e a data da prescrição.
Por força do art. 47 da LGT a falência ou insolvência do devedor também
determinam a extinção da dívida tributária. A extinção só será definitiva se a falência
ou insolvência se mantiver durante o prazo de prescrição.

7. Debruce sobre a composição do sistema fiscal moçambicano. Desenvolva o


tema abaixo (entre 10 e 25 linhas). (3.0)
O sistema fiscal moçambicano é composto por:
 Impostos Nacionais
 Impostos Autárquicos
Impostos Nacionais
Os impostos nacionais encontram-se previstos na Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, e
Lei n.º 5/2009, de 12 de Janeiro.

Estes dividem-se em:


 Impostos directos ou sobre o rendimento (artigos 56 n.º 3 e 57 e seguintes)
 Impostos indirectos ou sobre a despesa ou consumo (artigos 56 n.º 3 e 66 e
seguintes)
 Outros Impostos (artigo 70)

Impostos directos ou sobre o rendimento


 Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC)
 Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS)
 Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC)

Impostos indirectos ou sobre a despesa ou consumo


 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)
 Imposto sobre Consumos Específicos (ICE)
 Direitos Aduaneiros

Outros Impostos
 Imposto do Selo
 Imposto sobre Sucessões e Doações
 SISA
 Imposto Especial sobre o Jogo
 Imposto de Reconstrução Nacional
 Imposto sobre Veículos Automóveis
 Outros impostos estabelecidos por lei (ex. Imposto sobre a produção e
Imposto sobre a superfície – actividades mineira e petrolífera)

Impostos Autárquicos
Impostos autárquicos encontram-se previstos na Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro
 Imposto Pessoal Autárquico
 Imposto Predial Autárquico
 Imposto Autárquico de Veículos
 Imposto Autárquico da SISA

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