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Dr.

João Victor Marques Zoccal

Aula 1:
A estrutura
atômica da matéria
Química geral
Elaboração do conteúdo
Dr. João Victor Marques Zoccal
Núcleo de produção
NTE (Núcleo de Tecnologias Educacionais)
Coordenação de produção
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Coordenação de AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem)
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Revisão
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Auxiliar de revisão
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Lilian Biork Rodrigues
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Competências

Esta aula tem por objetivo apresentar os conceitos de


átomos, números quânticos e de propriedades periódicas.

Nesta aula

• O modelo atômico atual

• Os números quânticos

• Orbitais e identificação de elétrons

• Tabela periódica e suas propriedades


O modelo atômico atual

Matérias básicas, como química, física e matemática,


compõem conhecimentos científicos e tecnológicos que servem
de base para outras áreas, como é o caso da engenharia.

O foco do nosso estudo está direcionado à área da química,


e nesta primeira unidade focaremos na análise da estrutura básica
da matéria, ou seja, começaremos pelos átomos e, na próxima
unidade, discutiremos sobre as ligações químicas.

Diversos modelos atômicos foram formulados e discutidos


ao longo da história, a fim de explicar as propriedades químicas e
físicas dos materiais. Porém, vamos nos ater às informações do
modelo atômico atual.

Primeiramente, sabe-se que os elétrons apresentam uma


massa muito pequena (9,109.10-31 kg) e possuem carga negativa,
as quais se movem ao redor do núcleo atômico, ou seja, nos
orbitais atômicos. O núcleo atômico situa-se no centro do átomo,
sendo constituído por prótons, partículas de carga positiva e com
massa (1,6726.10-27 kg) cerca de 1837 vezes superior à massa do
elétron e, por nêutrons, partículas sem carga e com massa
ligeiramente superior à dos prótons (1,675.10-27 kg).
Os átomos apresentam números iguais de elétrons e
prótons, logo são eletricamente neutros. Os números de prótons
são conhecidos como número atômico (Z), o qual estabelece a
posição de um elemento químico na tabela periódica. Já o número
de massa atômica é simbolizada pela letra A, sendo equivalente à
soma do número de prótons e nêutrons presentes no núcleo (A =
Z + n).

Cada elemento químico possui o número de elétrons


distribuídos nos diferentes níveis energéticos (ou camadas),
simbolizadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q ou, respectivamente,
pelos números 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Vale ressaltar que cada nível de
energia possui uma quantidade máxima de elétrons e dentro de
um mesmo nível há subníveis de energia.

Os elétrons que estão no último nível de energia, ou seja,


mais afastados do núcleo, são classificados como elétrons de
valência, sendo os responsáveis pelas características e
propriedades físico-químicas de um elemento químico. De acordo
com a Teoria do Octeto, os átomos tendem a apresentar 8
elétrons em seu nível de valência, com exceção para o H, He, Li e
Be.
Quando o átomo perde elétrons, o mesmo carrega-se
positivamente, sendo classificado como cátion (íon positivo). No
entanto, ao receber elétrons, o átomo carrega-se negativamente,
sendo classificado como ânion (íon negativo). Em adição, quando
ocorre o deslocamento dos elétrons provoca-se uma corrente
elétrica, que dá origem aos fenômenos relacionados à eletricidade
e ao magnetismo.

Na tabela periódica, o período (linhas horizontais) relaciona-


se diretamente ao nível de mais alta energia do átomo, enquanto
o grupo, ou família (colunas verticais), agrupa elementos que
tendem a possuir as mesmas propriedades químicas.

Outra informação importante relaciona-se aos isótopos,


isótonos e isóbaros. Isótopos são átomos de um mesmo elemento
que apresentam o mesmo número de prótons mas diferentes
números de nêutrons. Já os isótonos são átomos de diferentes
elementos químicos os quais apresentam mesmo número de
nêutrons. Os isóbaros são átomos de elementos químicos
diferentes que possuem o mesmo número de massa.
Os números quânticos

O modelo atômico atual retrata sobre níveis de energia,


orbitais, quantidade de elétrons, etc. Diante disto, é importante
entendermos algumas definições importantes:

- orbital: é a região de maior probabilidade de se encontrar


um determinado elétron, estando em seu menor nível de
energia.

- spin: é o sentido de rotação de uma partícula, ou seja,


dependendo do sentido de rotação do elétron ocorrerá variação
da orientação do campo magnético.

- números quânticos: são de grande relevância para


descrever a posição e as energias dos elétrons nos átomos. São
apresentados em 4 números quânticos:

→ principal (n – nível de energia): responsável pela


determinação da energia do elétron, do tamanho do orbital
ocupado pelo elétron e da distância do elétron ao núcleo. O
número n é representado por valores inteiros 1, 2, 3, .... .

→ secundário ou azimutal (l – subnível de energia):


representam a forma do orbital. O orbital s é esférico,
enquanto os orbitais p, d e f apresentam a forma de halteres
(forma de oito). Os orbitais s, p, d e f são representados,
respectivamente, por 0, 1, 2 e 3.
→ magnético (ml): representa a orientação do
orbital no espaço, podendo ter qualquer valor inteiro
entre -3 a +3, inclusive o zero.

→ spin (ms): representa a rotação do elétron em


torno de seu eixo, podendo ter apenas os valores +1/2
e -1/2.

Diante disto, como os elétrons apresentam níveis distintos e


específicos de energia, faz com que tenham uma região muito
limitada de localização. Logo, os números quânticos nos dizem
qual a região mais provável de se encontrar o elétron no átomo e
qual seu sentido de rotação.

Wolfgang Pauli, em 1925, retratou que “não existe em um


mesmo átomo dois elétrons com os quatro números quânticos
iguais”. Ou seja, se os elétrons pertencentes a um mesmo átomo
possuírem um mesmo nível e subnível de energia e estarem no
mesmo orbital, obrigatoriamente eles devem conter spins
diferentes.

Orbitais e identificação de elétrons


Mas como os níveis de energia são preenchidos?

Num nível de energia há vários subníveis de energia que são


preenchidos na ordem de menor energia para maior energia.
Diante disto, o químico Linus Pauling desenvolveu um diagrama a
fim de auxiliar na distribuição dos elétrons nos subníveis de
energia.

Figura 1: Diagrama de Linus Pauling

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.

De acordo com a Figura 1, podemos observar que os


subníveis s, p, d e f são os únicos preenchidos, apresentando
formas distintas e número específicos de orbitais. O orbital s, por
exemplo, apresenta apenas um orbital, sendo este esférico. No
entanto, existem orbitais s em todos os níveis de energia.

E agora, como seria a existência desses orbitais? Estariam


um dentro do outro? A resposta é sim, conforme podemos
visualizar na Figura 2.
Figura 2: Orbitais 1s, 2s e 3s

Fonte: Shutterstock. Foto: chemistrygod.

Ao observar a Figura 2, os elétrons nos orbitais s podem


estar em qualquer ponto do orbital. Assim sendo, onde existir
elétrons haverá uma chance mínima de se encontrar outros.

Em relação aos orbitais p, por serem energicamente


parecidos, inicialmente seriam preenchidos cada um com um
elétron e, apenas posteriormente, começariam a serem
preenchidos pelo segundo elétron, minimizando a repulsão
eletrostática.

Mas os orbitais p qual formam apresentam? A forma dos


orbitais p é de duas esferas achatadas (até o centro do núcleo, na
qual já está envolto pelo orbital s), orientadas de acordo com os
eixos cartesianos x, y e z.
Figura 3: Orbitais p

Fonte: Shutterstock. Foto: aiyoshi597.

A Figura 3 demonstra que o local de menor possibilidade de


se encontrar um elétron no orbital p corresponde ao ponto onde
se encontram os elétrons do orbital s, ou seja, próximo do núcleo.

Em relação aos orbitais d, estes estão mais afastados do


núcleo em relação aos orbitais p, dentre os quais os elétrons deste
orbital irão ocupar os espaços vazios entre os orbitais s e p. Na
Figura 4 observamos a forma dos orbitais d.

Figura 4: Orbitais d

Fonte: Shutterstock. Foto: chemistrygod.


Agora vamos observar, conforme a Figura 5, os orbitais f, que
são representados por sete orbitais.
Figura 5: Orbitais f

Fonte: Shutterstock. Foto: magnetix.

A partir do estudo dos números quânticos e dos tipos de


orbitais, vamos ver como é realizado o preenchimento dos orbitais
atômicos. Como vimos no diagrama de Linus Pauling, os orbitais
devem ser preenchidos segundo uma ordem de menor energia
para maior energia.

Além disto, segundo a regra de Hund, todos os orbitais de


um mesmo subnível devem estar preenchidos antes que qualquer
um deles receba o segundo elétron, sendo que o segundo elétron
deve ter spin diferente do primeiro (sinais contrários).

Na Figura 6 veremos de forma ilustrativa cada orbital


representado por uma caixinha.

Figura 6: Esquema de caixas representativo de orbitais

Fonte: Acervo pessoal


O primeiro quadrado representa o orbital s que pode conter
no máximo 2 elétrons. O próximo, o orbital p com 6 elétrons, o
orbital d com 10 elétrons e o orbital f com 14 elétrons.

Na Figura 7, está representada a distribuição eletrônica do


sódio e do cloro, compostos do nosso dia a dia.

Figura 7: Distribuição eletrônica do sódio e do cloro

sódio (11 e-): 1s2, 2s2, 2p6, 3s1

cloro (17 e-): 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p5


Fonte: Acervo pessoal

Podemos observar que o sódio apresenta um elétron no


subnível 3s. Quando este elemento perde este elétron, ou seja,
doa o elétron para outro átomo, o nível 2p fica com 8 elétrons.

Em relação ao cloro, ele apresenta cinco elétrons no


subnível 3p, somando-se com os 2 elétrons do orbital 3s, falta
apenas mais um elétron para completar a regra do octeto. Diante
disto, o cloro recebe este elétron faltante de outros átomos.

Por exemplo, para o átomo de sódio, referente ao seu orbital


3s1 (camada de valência), seus quatro números quânticos são: n =
3, l = 0, ml = 0 e ms = +1/2.
Tabela periódica e suas propriedades

A tabela periódica é composta por períodos e colunas. Os


períodos (linhas) relacionam-se aos níveis de energia existentes
nos elementos químicos, estando dispostos em ordem crescente
de número atômico na tabela.

Diante disto, o primeiro período é composto apenas pelos


elementos hidrogênio e hélio, pois o nível 1 suporta apenas 2
elétrons, ou seja, apresenta apenas o orbital s. Da mesma forma,
o segundo e terceiro períodos têm apenas 8 elementos, pois
comportam apenas 8 elétrons.

Dessa forma, à medida que aumenta o número de elétrons


no nível energético ocorrerá o aumento do número de elétrons no
período da tabela periódica.

Em relação às colunas da tabela periódica, são divididas em


18 grupos. Os grupos 1 e 2, conhecidos por metais alcalinos e
alcalinos terrosos, respectivamente, apresentam configuração
eletrônica terminada no subnível s. Já os grupos de 13 a 18
terminam em p, os de 3 a 12 terminam no subnível d e os
elementos que finalizam no subnível f pertencem ao grupo 3,
constituídos pelas séries dos lantanídeos e actinídeos.

Na Figura 8, encontra-se exemplificados os grupos e os


períodos da tabela periódica.
Figura 8: Distribuição dos grupos e períodos da tabela periódica

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.

Na Figura 9, podemos evidenciar os subníveis de energia na


tabela periódica.

Figura 9: Distribuição dos subníveis de energia na tabela periódica

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.

Os elementos químicos, dependendo da sua posição na


tabela periódica, terão propriedades periódicas diferentes, ou
seja, à medida que o número atômico aumenta, as propriedades
periódicas podem aumentar ou diminuir.

Este fato está relacionado à tendência de átomos terem de


doar ou receber elétrons uns dos outros. Mas por que os átomos
tendem a ceder ou receber elétrons? Isso se deve ao fato de
buscarem sua estabilidade, preenchendo sua camada mais
externa com 8 elétrons, tornando os níveis energéticos com
menor energia.

Podemos citar algumas propriedades periódicas como a


afinidade eletrônica (ou eletroafinidade) que é a energia liberada
por um átomo ao receber um elétron. Já a energia necessária para
remover um elétron de um átomo é definido como potencial (ou
energia) de ionização, conforme Figura 10.

Figura 10: Tendência da energia de ionização na tabela periódica

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.


Por outro lado, a eletronegatividade, outra propriedade
periódica, é a tendência de um átomo em atrair elétrons de outro,
conforme Figura 11.

Figura 11: Tendência da eletronegatividade na tabela periódica

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.

Importante ressaltar que a eletronegatividade não é


definida para os gases nobres, uma vez que estes gases estão
estáveis na tabela periódica.
Outra propriedade periódica importante é o raio atômico,
definido como a distância entre o núcleo e o elétron mais externo,
conforme demonstrado na Figura 12.
Figura 12: Tendência do raio atômico na tabela periódica

Fonte: Shutterstock. Foto: saidts.

Conclusão

Nesta primeira aula, retratamos sobre as principais


informações do modelo atômico atual, discutimos sobre os
números quânticos e sobre a tabela periódica, sendo possível
compreender que os elementos químicos não estão apenas
ordenados em ordem de número atômico, mas também de
acordo com a energia de seus elétrons.

Na próxima aula estudaremos sobre os tipos de


ligações químicas que são de fundamental importância para o
conhecimento.
Referências

BROWN, T. L., LEMAY, H. E., BURSTEN, B. E. Química, a


Ciência Central. Pearson Prentice Hall, 2005, 972p.

BROWN, L. S., HOLME, T. A. Química Geral Aplicada à


Engenharia. Cengage Learning Editora, 2009. 651p.

CHANG, R. Química Geral, Conceitos Essenciais. McGraw


Hill, 2006, 778p.

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