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Nesta secção serão ilustrados os conceitos que constam no RFALEI (Lei n.º 73/2013,
de 3 de setembro) e os conceitos contabilísticos relativos aos elementos das
demonstrações financeiras. Outros conceitos, sobretudo os relativos ao processo
orçamental e à contabilidade orçamental são também descritos no presente manual.
A Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, tem no seu artigo 2.º um conjunto de definições,
relevantes para o âmbito de aplicação do POCAL. Nestes termos:
Nos termos do artigo 5.º da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto, consideram-se entidades
públicas participantes os municípios, as associações de municípios,
independentemente da respetiva tipologia, e as áreas metropolitanas.
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Entidades públicas reclassificadas. As entidades, com natureza, forma e
designação de empresa pública, fundação ou associação públicas, que tenham sido
incluídas no subsetor administração local das administrações públicas no âmbito do
Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, nas últimas contas setoriais
publicadas pela autoridade estatística nacional.
É aqui oportuno dar nota que o INE irá atualizar em setembro de 2015 a lista das
entidades que integram o Sector Institucional das Administrações Públicas, tendo por
referência o ano de 2015.
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A última alteração à LCPA ocorreu por intermédio da Lei n.º 22/2015, de 17 de março, que a
republicou. O Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho, que regulamenta a LCPA, sofreu a
última alteração através do Decreto-Lei n.º 99/2015, de 2 de junho, que o republicou.
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i. Não é provável que um exfluxo de recursos, que incorpora benefícios
económicos ou um potencial de serviço, seja exigido para liquidar as
obrigações; ou
ii. O montante das obrigações não pode ser mensurado com suficiente
fiabilidade.
Por um lado, é de notar que esta definição de passivo contingente também consta na
IPSAS 19 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, sugerindo que
a mesma foi tida em conta na concretização do conceito de responsabilidades
contingentes.
(b) É uma obrigação presente que decorra de acontecimentos passados mas que não
é reconhecida porque:
(ii) A quantia da obrigação não pode ser mensurada com suficiente fiabilidade.
Vemos então que o legislador teve muito de perto em conta o conceito de passivo
contingente que existe na normalização contabilística atualmente vigente para o
sector empresarial.
Têm sido efetuadas algumas críticas, bem como a identificação de riscos, em relação
ao processo orçamental nas autarquias locais.
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Nesse sentido, no Relatório Relativo ao Orçamento do Estado para 2012 (pp. 132-
135), são identificados riscos que se agrupam em três áreas:
Endividamento municipal.
De referir aqui a recente regra de controlo dos valores a orçamentar nas receitas de
capital dos municípios, limitando os montantes a incluir nos documentos previsionais
para 2016, respeitantes à venda de bens imóveis, à média aritmética simples das
receitas arrecadadas com a venda de bens imóveis nos últimos 36 meses que
precedem o mês da sua elaboração. Esta regra consta no artigo 253.º da Lei n.º 82-
B/2014, de 31 de dezembro (Lei do Orçamento do Estado para 2015).
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Quadro 1: Evolução do grau de execução da receita
M€
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Receitas orçamentadas [1] 11 215,2 11 572,3 13 001,9 12 995,1 12 595,6 11 674,3 10 823,7
Receitas cobradas [2] 7 541,6 7 746,9 8 198,0 7 859,5 7 771,6 7 683,4 7 774,8
Grau de execução da receita [3] = [2]/[1] 67,2% 66,9% 63,1% 60,5% 61,7% 65,8% 71,8%
Fonte: Carvalho et al. (2014)
Consta-se uma baixa taxa de execução da receita prevista nos orçamentos, apesar
de a despesa ser assumida tendo por base o orçamento da receita e não a receita
cobrada.
Este foi um dos motivos para o aparecimento da LCPA que visa adequar a assunção
de compromissos aos fundos disponíveis.
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orçamento respeita, por efeitos da progressão de escalão na mesma categoria, e
aquele pessoal com contratos a termo certo ou cujos contratos ou abertura de
concurso para ingresso ou acesso estejam devidamente aprovados no momento
da elaboração do orçamento;
No orçamento inicial, as importâncias a considerar nas rubricas “Remunerações
de pessoal” devem corresponder à da tabela de vencimentos em vigor, sendo
atualizada com base na taxa de inflação prevista, se ainda não tiver sido
publicada a tabela correspondente ao ano a que o orçamento respeita.
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Sobre os mecanismos de supervisão económica e orçamental vigentes na União Europeia
em relação aos Estados-Membros, nomeadamente os que integram a zona do Euro, sugere-
se a consulta de:
http://ec.europa.eu/economy_finance/economic_governance/sgp/index_en.htm
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Nesse sentido, em cumprimento das obrigações de estabilidade orçamental
decorrentes do Programa de Estabilidade e Crescimento, a lei do Orçamento
estabelece limites específicos de endividamento anual da administração central do
Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais, compatíveis com o saldo
orçamental calculado para o conjunto do sector público administrativo.
Estes limites podem ser inferiores aos que resultariam das leis financeiras
especialmente aplicáveis a cada subsector.3
3 Em relação à Regiões Autónomas, entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2014 a nova Lei
das Finanças das Regiões Autónomas, aprovada pela Lei Orgânica n.º 2/2013, de 2 de
setembro.
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no âmbito da garantia da sustentabilidade orçamental, associadas aos limites de
endividamento e/ou às transferências do Orçamento do Estado para as restantes
administrações públicas, até que a situação criada tenha sido devidamente sanada.
De notar que os interesses diretos das autarquias locais correspondem a 40% dos
membros do CCF.
O CCF reúne ordinariamente duas vezes por ano, até 15 de março e até 15 de
setembro, antes da apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento e da
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Lei do Orçamento do Estado, respetivamente, e, extraordinariamente, por iniciativa do
seu presidente ou de um terço dos seus membros.
O CCF remete aos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e
das autarquias locais, até 30 dias após a realização das reuniões um relatório onde
conste a informação trocada e as respetivas conclusões.
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2.2.1. Equilíbrio orçamental
É estabelecida a regra de a receita corrente bruta cobrada dever ser pelo menos igual
à despesa corrente acrescida das amortizações médias de empréstimos de médio e
longo prazo. Considera-se amortizações médias de empréstimos de médio e longo
prazos o montante correspondente à divisão do capital contraído pelo número de anos
do contrato, independentemente do seu pagamento efetivo.
Os orçamentos das autarquias locais são anuais, coincidindo o ano económico com o
ano civil.
Em anexo aos orçamentos das autarquias locais e das entidades intermunicipais, são
apresentados, aos respetivos órgãos deliberativos, de forma autónoma, os
orçamentos dos órgãos e serviços com autonomia financeira, bem como das
entidades participadas em relação às quais se verifique o controlo ou presunção do
controlo pelo município, de acordo com o artigo 75.º do RFALEI.
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No relatório que acompanha o OE consta o cenário macroeconómico, conforme artigo 36.º
da LEO.
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Os orçamentos das autarquias locais e das entidades intermunicipais apresentam o
total das responsabilidades financeiras resultantes de compromissos plurianuais, cuja
natureza impeça a contabilização direta do respetivo montante total no ano em que
os compromissos são assumidos.
Fundos comunitários;
Fundo Social Municipal;
Cooperação técnica e financeira (artigo 22.º);
Empréstimos a médio e longo prazos para aplicação em investimento ou
contraídos no âmbito de mecanismos de recuperação financeira nos termos
dos artigos 51.º e 57.º e seguintes;
Receitas provenientes dos preços cobrados que se destinam a ser transferidas
para empresas concessionárias.
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Nos termos do POCAL, ponto 2.3., nas Grandes Opções do Plano são definidas as linhas de
desenvolvimento estratégico da autarquia local e incluem, designadamente, o plano
plurianual de investimentos e as atividades mais relevantes da gestão autárquica.
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Os limites são vinculativos para o ano seguinte ao do exercício económico do
orçamento e indicativos para os restantes.
Nos casos em que as eleições para o órgão executivo municipal ocorram entre 30 de
julho e 15 de dezembro, a proposta de orçamento municipal para o ano económico
seguinte é apresentada no prazo de três meses a contar da data da respetiva tomada
de posse.
Estes elementos e anexos têm de ser regulamentados por decreto-lei, o que ainda
não ocorreu à data da elaboração do presente manual.
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Contudo, somos da opinião que esta consiste uma boa oportunidade para se
institucionalizar a orçamentação na base do acréscimo, o que implica a preparação
de demonstrações financeiras previsionais – balanço e demonstração de resultados.
3. PRINCÍPIOS ORÇAMENTAIS
Princípio Definição
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De notar que estes princípios são aqueles que alguma literatura designa de “clássicos”
(e.g., Fainboim e Lienert, 2010). Efetivamente, a evolução nas melhores práticas de
Gestão Financeira Pública levou à definição de outros princípios muito associados a
questões de transparência, responsabilização por objetivos e resultados e
sustentabilidade das finanças públicas, em todas as suas dimensões. Surgem assim
princípios como a responsabilidade por recursos confiados (accountability)6, a
transparência e a estabilidade.
É oportuno aqui referir que alguns dos princípios orçamentais identificados no POCAL
são designados como regras orçamentais no RFALEI, conforme acima se indica no
ponto 6.2. É o caso da anualidade, unidade, universalidade, não consignação e
equilíbrio.
Princípio da legalidade;
Princípio da estabilidade orçamental;
Princípio da autonomia financeira;
Princípio da transparência;
Princípio da solidariedade nacional recíproca;
Princípio da equidade intergeracional;
Princípio da justa repartição dos recursos públicos entre o Estado e as
autarquias locais;
Princípio da coordenação entre finanças locais e finanças do Estado;
Princípio da tutela inspetiva.
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Podemos definir a accountability como a obrigação de prestar contas pelas
responsabilidades assumidas e de justificar a utilização e gestão dos recursos empregues. As
pessoas que aceitam esta obrigação são responsáveis pelos recursos e operações que
controlam perante quem tem a competência de fiscalizar a obrigação. Assim, cada uma das
partes é responsável pelo seu dever.
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3.1.1. Princípio da legalidade
São nulas as deliberações de qualquer órgão das autarquias locais que envolvam o
exercício de poderes tributários, determinem o lançamento de taxas não previstas na
lei ou que determinem ou autorizem a realização de despesas não permitidas por lei.
Através da Lei n.º 22/2011, de 20 de maio, foi introduzido na LEO este princípio, com
o aditamento do artigo 10.º-A, densificado do seguinte modo:
Verifica-se aqui uma referência expressa aos subsetores que constituem o sector
público administrativa, um dos quais o subsector local (vide Figura 1).
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estrutural e pelo limite da dívida pública, conforme previsto na presente lei e na
legislação europeia.
As autarquias locais têm património e finanças próprios, cuja gestão compete aos
respetivos órgãos.
b) Gerir o seu património, bem como aquele que lhes seja afeto;
d) Liquidar, arrecadar, cobrar e dispor das receitas que por lei lhes sejam destinadas;
De acordo com Franco (2012, pp. 152-153) a autonomia financeira é um atributo dos
poderes financeiros das entidades públicas infra estaduais relativamente ao Estado,
podendo definir-se como medida de liberdade dos poderes financeiros das entidades
públicas, sendo possível assumir as seguintes modalidades quanto à matéria:
Modalidades Caracterização
Verificamos assim que as autarquias locais gozam destes quatro tipos de autonomia,
pese embora tenham de respeitar as regras definidas para a execução dos seus
orçamentos e o respeito pelos demais princípios orçamentas.
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3.1.4. Princípio da transparência
Na LEO este princípio passou a constar a partir de 2011, com o aditamento do artigo
10.º-C, através da Lei n.º 22/2011, de 20 de maio, que tem a seguinte redação:
Tal não parece consistente com a literatura. Por exemplo, de acordo com o FMI
(2012), a transparência orçamental consiste na clareza (compreensibilidade),
fiabilidade, frequência, tempestividade e relevância do relato público orçamental e a
abertura aos cidadãos do processo de tomada de decisão orçamental, consistindo um
elemento crítico para uma eficaz gestão orçamental.
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No âmbito do presente princípio, a Lei do Orçamento do Estado pode determinar
transferências do Orçamento do Estado de montante inferior àquele que resultaria das
leis financeiras especialmente aplicáveis a cada subsetor, sem prejuízo dos
compromissos assumidos pelo Estado nas áreas da solidariedade e da segurança
social.
Na LEO, também consta este princípio, que foi aditado em 2011, sob o artigo 10.º-B,
por intermédio da Lei n.º 22/2011, de 20 de maio:
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f) Dos encargos explícitos e implícitos em parcerias público-privadas, concessões e
demais compromissos financeiros de caráter plurianual;
b) Do investimento público;
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3.1.8. Princípio da coordenação
A tutela inspetiva só pode ser exercida segundo as formas e nos casos previstos na
lei, salvaguardando sempre a democraticidade e a autonomia do poder local.
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Aguarda-se a publicação da nova Lei de Enquadramento Orçamental, aprovada pela
Assembleia da República no passado mês de julho.
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subsetores que constituem as administrações públicas é responsável pelos
compromissos por si assumidos.
Este princípio também admite que, nas situações legalmente previstas, pode uma
entidade de um dos subsectores que constituem as administrações públicas assumir
ou garantir compromissos assumidos por outra entidade pertencente a outro
subsector.
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