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a
Universidade Cândido Mendes – Mestrado em Economia e Gestão Empresarial.
1. Introdução
A Concessão de crédito objeto de estudo desse trabalho é muito importante para a
economia de um país, sendo um dos principais elementos para o crescimento do padrão de vida
dos consumidores, do lucro das empresas e do desenvolvimento da economia. Entender como
ela é influenciada pela inadimplência é importante para entender as razões que levam as
instituições a serem mais ou menos flexíveis em valores, prazos e taxas. Sob o aspecto
financeiro, a concessão de crédito significa dispor a um tomador recursos para atender as suas
mais diversas necessidades, mediante uma remuneração paga pelo uso do dinheiro no tempo,
conhecida como juros (Bueno, 2003). Quando acontece uma concessão de recursos, a
instituição financeira passa a possuir o chamado Risco de Crédito. Segundo (Jorian, 1997), este
risco pode ser definido como sendo a possibilidade de a contraparte não cumprir com as
obrigações monetárias contratuais relativas às transações financeiras. Esse não cumprimento
das obrigações contratuais é chamado de inadimplência.
A inadimplência de crédito é um assunto que muito interessa ao negócio bancário, por
estar diretamente relacionada à mensuração do risco de crédito do sistema financeiro. A
avaliação deste indicador é fundamental em diversos aspectos, como aprovação, precificação,
avaliação de garantias e provisionamento (Zaniboni, 2013). Na área financeira, o controle de
risco é o que permite a sobrevivência das instituições. Sem o controle do prejuízo e da
inadimplência, seriam insustentáveis a concessão de crédito e a obtenção de lucros. Assim
sendo, a gestão de riscos passou a ocupar, nos últimos tempos, posição de destaque na
administração financeira, especialmente em consequência da expansão do crédito, do
crescimento do mercado e da globalização. No Brasil, em particular, esse crescimento da gestão
de riscos foi também motivado pela maior estabilidade econômica alcançada após a
implantação do Plano Real e do controle da inflação (Bueno, 2003).
Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é utilizar modelos econométricos de
séries temporais para analisar o comportamento do Saldo da Carteira de Crédito Pessoa Física
e da Taxa de Inadimplência. Para tanto serão utilizados dados extraídos do banco central do
Brasil no período de março de 2012 a fevereiro de 2017, os resultados encontrados sugerem
uma relação negativa entre as variáveis inadimplência da carteira de crédito pessoa física e a
concessão de crédito pessoa física, já o índice de confiança do consumidor e a taxa de juros -
Selic acumulada no mês apresentaram uma relação positiva com a concessão de crédito pessoa
física nas estimações realizadas.
Este trabalho está estruturado em quatro partes principais, incluindo a presente
introdução. Inicialmente apresentam-se conceitos básicos relacionados à Carteira de Crédito
Pessoa Física e da Taxa de Inadimplência e uma breve revisão bibliográfica do tema. A seção
seguinte contempla a metodologia, onde serão apresentadas as variáveis em estudo e os
resultados econométricos obtidos. Posteriormente, apresentam-se os resultados e, por fim, as
conclusões do trabalho.
2. Referencial Teórico
A palavra crédito é proveniente do latim credere, e tem como significado acreditar,
confiar (Paiva, 1997). Em suma, é promessa de pagamento feita por pessoas ou empresas. O
banco compra do cliente sua promessa de pagamento, por isso, temos o crédito como principal
elemento na relação cliente-banco.
Segundo (Schrickel, 1997), uma das diversas formas de definir o crédito é o ato de ceder
ou destacar, por um determinado período, um valor ou patrimônio a um terceiro, criando a
expectativa de receber uma parcela integral do que foi cedido.
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(Silva, 2006), diz que, apesar dos eventuais problemas, o crédito ainda tem o poder de
influenciar diretamente o mercado, favorecendo a circulação de riquezas e o aumento da
demanda, uma vez que é elemento facilitador das vendas no comércio.
O crédito representa um importante papel de fomento na sociedade, uma vez que
proporcionar o consumidor a capacidade de adquirir bens ou serviços o que incentiva no
aumento da demanda em todo o mercado. No caso dos bancos e instituições financeiras, o
crédito é o principal elemento na relação cliente-banco, isto é, o próprio negócio, uma vez que
a principal atividade é a intermediação financeira, transferindo recursos depositados pelos
poupadores aos tomadores de crédito (Sales, 2006).
3. Dados e Metodologia
Para avaliar a influência da inadimplência da carteira de crédito pessoa física na
concessão de crédito pessoa física, foi utilizado as equações conforme descritas abaixo.
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(KPSS). Conforme resultados apresentados na tabela 1 do apêndice para o período analisado
de março de 2012 até fevereiro de 2017 todas as séries se mostram estacionárias.
4. Resultados Econométricos
4.1 Teste de Raiz Unitária
Em séries temporais, é necessário avaliar a estacionaridade das séries. Quando temos
séries não estacionárias, ou seja, que apresentam raiz unitária podemos ter estimações não
consistentes, resultados espúrios, pois essas séries possuem uma tendência que dificulta
encontrar estimadores consistentes. As séries estacionárias se desenvolvem ao longo do tempo
ao redor da média, estas séries são mais comportadas. Desta forma realizou-se os testes em
todas as séries utilizadas no nosso trabalho.
Realizou-se os testes de Dickey-fuller (ADF), teste de Philips Perron e o teste de
Kwiatkowski-Philips-Schmidt (KPSS). Conforme resultados apresentados na tabela 1, todas as
séries se mostram estacionárias.
Tabela 01: Teste Raiz unitária
Series ADF - Augmented Dickey_Fuller PP - Phillips Perron KPSS - Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin
Teste Valor Crítico Teste Valor Crítico Teste Valor Crítico
CC_PF I -3.9334 0.0033*** -3.7770 0.0052*** 0.6271 0.7390***
CC_PF TI -4.1213 0.0044*** -4.4476 0.0040*** 0.2424
CC_PF N 0.3490 0.7825 0.0076 0.6811
NPL_PF I -1.7934 0.3802 -1.7526 0.4000 0.6389 0.7390***
NPL_PF TI -0.9560 0.9420 -1.0620 0.9266 0.2248
NPL_PF N -2.0227 0.0422** -1.7829 0.0710*
ICC I -1.5775 0.4876 -1.5611 0.4959 0.8282
ICC TI -0.1548 0.9927 -0.3478 0.9873 0.1952 0.2160***
ICC N -1.6937 0.0853* -1.5812 0.1064
IR I -0.6733 0.8449 -1.3897 0.5814 0.8226
IR TI -1.6545 0.7583 -3.9369 0.0164** 0.1174 0.1190*
IR N 0.7374 0.8711 -0.1574 0.6521
Notas: (a) Constante, (b) Constante e tendência, (c) None - ***Denotes 0,01 **Denotes 0,05 *Denotes
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Tabela 02. Estatística Descritiva
Variáveis CC_PF NPL_PF ICC IR
Média 124996.5 4.356333 121.8568 0.875833
Mediana 126898.5 4.155000 113.3750 0.870000
Máximo 154191.0 5.510000 165.8500 1.220000
Mínimo 99678.00 3.660000 84.55000 0.490000
Desvio Padrão 11879.86 0.549850 27.12415 0.203189
Assimetria -0.247536 0.882383 0.288012 -0.136171
Curtose 2.867030 2.455698 1.704265 1.807638
Jarque-Bera 0.656941 8.526666 5.026827 3.739743
Probabilidade 0.720024 0.014075 0.080991 0.154143
No de Observações 60 60 60 60
Tabela 3: Correlação
Variáveis CC_PF NPL_PF ICC IR
CC_PF 1.0000 -0.7790 -0.6192 0.5904
NPL_PF -0,7790 1.0000 0.8128 -0.6955
ICC -0.6192 0.8128 1.0000 -0.9120
IR 0.5904 -0.6955 -0.9120 1.0000
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com a concessão de crédito pessoa física nas estimações realizadas, esse resultado sugere o que
já era espera em relação ao Índice de confiança do consumidor, o aumento da confiança do
consumidor na economia reflete em maior concessão de crédito para os consumidores. Já a taxa
de juros - Selic acumulada no mês apresenta um efeito contraditório no controle da concessão
de crédito, tendo em vista que seu aumento está indicando que a concessão de crédito aumenta.
Observa-se que nas estimações utilizando OLS, o modelo passou no teste de Reset
(Ramsey Reset), que mostra que o modelo está correto, passou no teste de normalidade dos
erros (Jarque-Bera) o que comprova que os resíduos se comportam com distribuição normal.
Em relação aos testes de heterocedasticidade (ARCH) e Correlação serial (LM), o modelo
também passou nos testes o que demonstra ausência de heterocedasticidade, ou seja, é
homocedástico e ausência de autocorrelação dos resíduos respectivamente.
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Tabela 04. (Variável Dependente: CC_PF)
Variáveis independentes OLS
Eq. 01
C 163105.7***
(20507.94)
[7.953295]
NPL_PF -18695.12***
(3064.196)
[-6.101148]
ICC 192.1939**
(108.8274)
[1.766044]
IR 22735.87**
(11776.34)
[1.930640]
R2 0.631992
Adjusted R2 0.612277
F-statistic 32.05684
Prob(F-statistic) 0.0000
J-statistic
Prob. (J-statistic)
Ramsey RESET (1) 0.012081
Prob.(Ramsey RESET) 0.9904
Heteroskedasticity ARCH (1) 0.8540
Prob.(Heteroskedasticity) 0.3593
Breusch–Godfrey-LM test (1) 1.298066
Prob.(Breusch–Godfrey-LM test) 0.2814
Jarque-Bera 0.133756
Prob.(Jarque-Bera) 0.935309
Número de observações 60
Notas: Erros padrão entre parênteses e t-statistic entre colchetes. Níveis de
significância marginais: (***)Denota 0,01 (**)Denota 0,05 (*)Denota 0,10
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teste faz a correção destes referidos erros através do aumento do Desvio Padrão (Erro Padrão)
conforme apresentado na Tabela 5 (HAC – NEW-WEST).
A Tabela 5 mostra os resultados obtidos na estimação utilizando o Teste de Erros
Robustos em relação a influência da inadimplência da carteira de crédito pessoa física na
concessão de crédito pessoa física. Em geral os resultados obtidos corroboram com as
descobertas anteriores quando se avaliou a estimação OLS.
5. Conclusão
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juros. Com juros mais altos, menos pessoas são capazes de tomar empréstimo ou de continuar
pagando a dívida já contratada anteriormente.
O índice de confiança do consumidor e o índice taxa de juros – Selic afetam o nível das
concessões de crédito - pessoas físicas de forma positiva. O impacto que o índice de confiança
do consumidor causa no nível de concessão de crédito pessoa física já era esperado uma vez
que quanto menos incertezas os consumidores possuem, mais eles tendem a gastar com bens
duráveis que são adquiridos através de empréstimos e financiamentos. Já o impacto do índice
taxa de juros – Selic no nível de concessão de crédito pessoa física não vai ao encontro do que
consta na literatura, contudo explica a situação vivenciada no Brasil durante o período de
analise onde milhares de brasileiros precisaram de um recurso extra para enfrentar a crise.
Referências Bibliográficas
JORION, P. Value at risk: the new benchmark for controlling market risk. Irwin Professional
Pub., 1997.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.