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Goiânia, 2009

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Copyright © 2009 by Lúcia Kratz

Revisão: Paula Franssinetti M. D. Vieira


Revisão final: Sandra Rosa (conforme novo acordo ortográfico)
Fotos: João Tavares
Projeto gráfico: Adriana Almeida — (62) 3211 34 58
Coordenação gráfica: Editora Kelps
Rua 19 nº 100 - St. Marechal Rondon
Fone: (62) 3211-1616 - Fax: (62) 3211-1075

CIP. Brasil. Catalogação na Fonte


BIBLIOTECA MUNICIPAL MARIETTA TELLES MACHADO

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qual-


quer forma ou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito da autora. A violação
dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal
Brasileiro.

IMPRESSO NO BRASIL Índice para catálogo sistemático:


Printed in Brazil 2009 Eventos. Ensino Superior
CDU:

E-mail para correspondências:

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O Conhecimento

“Todo conhecimento começa com um sonho. Mas sonhar é coisa que


não se ensina. Brota das profundezas do corpo como a água brota
das profundezas da terra. É das pulsões, dos desejos, das faltas e
ausências que cada ser humano é levado a ter vontade de buscar
e, para tanto, pensar”.
(Rubem Alves)

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, que a todas as coisas fez com sabedoria. Nossa


gratidão e louvor pelo dom da vida, pela especial oportunidade de
aqui estarmos, realizando um sonho e iniciando uma nova etapa
em nossa vida como docentes.

AOS PAIS, presentes e ausentes, instrumentos divinos em


nossa caminhada, nosso amor maior.

AOS MESTRES, por compartilharem conosco seus


conhecimentos, por nos desafiarem e estimularem a sermos
melhores a cada dia. Acima de tudo, por terem acreditado em nossos
sonhos e por sonharem conosco.

AOS QUE AMAMOS: esposos, filhos, familiares, amigos, pois


que o amor é a força motriz de nossas vidas.

A TODOS que objetiva ou subjetivamente nos auxiliaram


nessa trajetória.

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Comissão Científica

A Comissão Científica do livro Docência Universitária: múltiplos


olhares na compreensão deste universo, criada em março de 2008, é
composta por um grupo de profissionais especializados, vinculados
ao curso de Pós-Graduação em Docência Universitária realizado pela
Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO/GO, tendo já realizado
diversas turmas.
A Comissão Científica do livro é responsável pelo fomento e
coordenação das atividades científicas de pesquisas Exploratórias e
Descritivas, realizadas em todos os níveis da área educação em nível
superior.

Coordenação
• Profa. MsC. Lúcia Kratz (Doutoranda em Psicologia).

Atribuições da Comissão Científica


• Analisar e emitir parecer, quanto aos aspectos científicos e
metodológicos, de todos os projetos de pesquisa apresentados
no livro;
• Orientar e assessorar quanto aos aspectos científicos e
metodológicos envolvidos nos projetos de pesquisa;
• Avaliar e autorizar a publicação dos artigos científicos neste
livro.

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Dos Componentes da Comissão
Científica e Orientadores

Ana Maria Andrade Rodrigues Carla Conti de Freitas - Gra-


– possui graduação em Administração duada em Letras Português Inglês
de Empresas pelo Centro Universitário pela Universidade Federal de Goiás
de Goiás, MBA Executivo em Admi- e mestre em Letras e Lingüística pela
nistração de Negócios pelo Instituto Universidade Federal de Goiás. Espe-
Brasileiro de Mercado de Capitais, cialista em Psicopedagogia, Avaliação
especialização em Gestão Competitiva Institucional e Docência Universitária.
pela Fundação Instituto de Adminis- Atualmente, é professora da Uni-
tração - USP e especialização em Do- versidade Estadual de Goiás e na
cência Universitária pela Universidade Universidade Salgado de Oliveira.
Salgado de Oliveira. Atualmente, é con- Tem experiência na área de Letras,
sultora - Leonardo Rizzo Participações com ênfase em Lingüística e Língua
e Incorporações Ltda, e professora Inglesa, atuando principalmente
especialista da Universidade Salgado nos seguintes temas: formação de
de Oliveira. Tem experiência na área professores, planejamento de aulas,
de Administração Geral, com ênfase pesquisa-ação em LE.
em Organização, atuando, principal-
mente, nos seguintes temas: gestão
de processos, riscos, comunicação e
normatização de processos.

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Carmen Silvia Neves Carvalho Lívia Costa Andrade - possui
- possui graduação em Pedagogia pela graduação em Pedagogia pela Uni-
Universidade Estadual de Goiás e versidade Católica de Goiás, é es-
especialização em Docência Univer- pecialista em Educação Infantil pela
sitária pela Universidade Salgado de Universidade Católica de Goiás e em
Oliveira. Atualmente, é Professora Docência Universitária pela Universi-
da Faculdade Cambury, Professora e dade Salgado de Oliveira. Atualmente, é
Orientadora da Universidade Salgado Gestora dos Cursos de Licenciatura,
de Oliveira, Professora e orientadora Supervisora de Ensino Especial e
da Universidade Estadual de Goiás e professora titular da Universidade
Professora da Associação Pestalozzi Salgado de Oliveira em graduação e
de Goiânia. Tem experiência na área pós-graduação, além de Docente de
de Educação. Pós-graduação na Faculdade Padrão e
no Curso Júris. É, ainda, palestrante
e consultora na área de Pedagogia e
de Recursos Humanos.

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Lúcia Kratz – Graduada em Gláucia Yoshida – Graduada em
­Administração pela UCG; Professora Ciências Sociais pela UFG; especia-
e Ex-­coordenadora dos Cursos de lista em Formação Sócio Econômica
Administração e Comércio Exterior do Brasil - ASOEC; especialista
na Universidade Salgado de Oliveira em Administração de Cooperativas
- GO; Doutoranda em Psicologia pela pela UCG; especialista em Docência
UCG; Mestre em Administração pela Universitária pela UNIVERSO; espe-
CNEC/FACECA - MG, Especialista cialista em Psicanálise e Inteligência
em Gestão de Negócios pela UCG; em Multifocal pela Faculdade Miche­
Consultoria e Coordenação de Grupos lângelo; mestre em Educação Escolar
pela UCG/SOBRAP; em Psicanálise Brasileira. Atualmente, é professora
e Inteligência Multifocal pela Fac. de pós-graduação. Tem experiência
Michelangelo - DF; em Docência pela na área de educação com ênfase em
UNIVERSO - GO; Consultora Organi­ formação de professores e gestão
zacional na área de Recursos Huma- educacional, tendo atuado como
nos, Marketing, Administração Geral Diretora Pedagógica do IPOG - Ins-
e Gestão Educacional. tituto de Pós-graduação e Diretora
de Extensão da UNIVERSO e coorde-
nadora da Docência Universitária na
UNIVERSO.

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Leonardo Rodrigues – Gradu-
ado em Ciências Sociais pela UFG;
especialista em História do Brasil:
Nacional Regional e Local pela UFG;
especialista em Docência Universi-
tária pela UNIVERSO; especialista em
Psicanálise e Inteligência Multifocal
pela Faculdade Michelângelo; espe-
cialista em Gestão de Arquivos pela
UCB e mestre em História pela UNB.
Atualmente, é professor titular de
Pós-graduação da UNIVERSO, Di-
retor Pedagógico do IPOG - Instituto
de Pós-graduação e professor. Tem
experiência na área de educação com
ênfase em formação de professores
tendo atuado como coordenador de
história na UNIVERSO e coordenação
da Docência Universitária - UNIVER-
SO.

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Comitê de Pesquisas
• O CP analisa os projetos que já tenham aprovação dos professores
orientadores.
• Emite os pareceres por escrito, no prazo máximo de 30 (trinta)
dias. A revisão de cada solicitação poderá se enquadrar em uma
das seguintes categorias:

1. Aprovado
2. Com pendência: quando o Comitê considera o projeto como
aceitável, porém, identifica determinados problemas no
protocolo, no formulário do consentimento ou em ambos, e
recomenda uma revisão específica ou solicita uma modificação
ou informação relevante, que deverá ser atendida em 60
(sessenta) dias pelos pesquisadores;
3. Retirado: quando, transcorrido o prazo, o protocolo permanece
pendente;
4. Não aprovado.

• As reuniões são quinzenais.

Termos e Definições Importantes:


Projeto de Pesquisa - Documento contemplando a descrição da
pesquisa em seus aspectos fundamentais, informações relativas ao
sujeito da pesquisa, à qualificação dos pesquisadores e a todas as
instâncias responsáveis.
Pesquisador responsável (orientador) - pessoa responsável pela
coordenação e realização da pesquisa e pela integridade e bem-estar
dos sujeitos da pesquisa.
Pesquisador (orientando) - pessoa responsável pela realização da
pesquisa e pela integridade e bem-estar dos sujeitos da pesquisa.

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Fluxograma do procedimento de Avaliação
e Confecção do Livro

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sumário

considerações iniciais.......................................................... 19

1 DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA:
HISTÓRIA DE UMA TRAJETÓRIA
Gláucia Yoshida
Leonardo Rodrigues................................................................ 43

2 andragogia: suas implicações


e aplicação no ensino superior
Ivaildes Batista da Silva Costa
Lívia Costa de Andrade........................................................... 43
3 a motivação do professor
na sala de aula do ensino superior
Mabel Cristina Nunes Pinheiro Almeida
Carmen Silvia Neves Carvalho. ................................................ 75
4 o diferencial didático
do professor universitário
Luana Fernandes Barros
Lívia Costa de Andrade......................................................... 103
5 a comunicação como instrumento
de motivação e transformação
Juarez Machado Júnior
Carmen Silvia Neves Carvalho. .............................................. 119
6 desafios na gestão da inteligência emocional
na prática docente
Benaia Miranda Pereira
Lúcia Kratz............................................................................ 153

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7 o adoecimento biopsíquico-físico-social do
professor do ensino Médio
Adriane Pereira Braga de Morais
Lúcia Kratz. ...............................................................................173
8 voluntário
sugestões para o educador
aplicadas ao ensino médio
Yara Antunes Megalle
Lívia Costa Andrade................................................................205
9 a percepção dos docentes do curso de
administração e abordagem do tema
ambiental em suas disciplinas
Elaine Lopes Noronha Farinelli
Lúcia Kratz.......................................................................... 232
10 aprofessores
prática do comportamento ambiental dos
universitários
Cristiane Silvia de Alvarenga e Almeida
Lúcia Kratz. .............................................................................. 259
11 relações interpessoais entre professor
e aluno de graduação
Luci Maria de Morais
Lúcia Kratz. .............................................................................. 307
12 acivil
formação profissional do engenheiro
e o mercado de trabalho
Sebastião Cardoso Filho
Ana Maria Andrade Rodrigues.....................................................335
13 avaliação da aprendizagem
nos cursos de licenciatura
Rosilânia Rocha Tavares
Carla Conti de Freitas................................................................ 363
14 as histórias em quadrinhos
no ensino superior
Léia Cardeal Lima
Carla Conti de Freitas................................................................ 377
15 blog na formação de professores
Fernanda de Castro Cunha
Carla Conti de Freitas................................................................ 387

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considerações iniciais

Caro Leitor,

C
ompreender a dinâmica da sala de aula é um
grande desafio, desafio este, com que o professor
lida diariamente. No momento da verdade, ou seja,
no momento em que se dá o processo de ensino e
aprendizagem é que conquistamos ou não nosso
objetivo principal, o de facilitar a aprendizagem de
nossos alunos.
Neste momento, cabe ao professor perceber,
compreender e interpretar as necessidades de seus alunos e propiciar
um ambiente que impulsione a aprendizagem, que facilite a troca de
experiências, que multiplique os resultados obtidos na sala de aula.
Mas, o que fazer para que isso ocorra? Como se tornar um
facilitador da aprendizagem? Como conhecer melhor este aluno? Bem,
estas e outras questões serão debatidas neste livro, que tem como
objetivo auxiliar o professor em sua missão de vida, em seu papel
essencial de facilitador da aprendizagem.
Neste livro, apresentaremos diversos olhares sobre este
assunto, que ainda necessita percorrer um longo caminho para ser
compreendido em sua complexidade e amplitude, o universo da
aprendizagem de adultos. A pedagogia é um assunto muito estudado,
mas a andragogia, que significa aprendizagem de adultos, conta com
poucos, mas importantíssimos autores, que vêm contribuindo para a
compreensão deste tema.
Este é um livro que integra vários artigos científicos produzidos
por alunos do curso de Docência Universitária realizado pela
Universidade Salgado de Oliveira – Universo, campus Goiânia, que

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20 Considerações Iniciais

será composto por 14 pesquisas acompanhadas e orientadas por


orientadores e analisados pela comissão científica do mesmo.
Mas, antes de adentrarmos nesta discussão, faz-se necessária
a leitura aprofundada sobre a didática no ensino superior. Esta deve
ser precedida de uma análise da educação sob o ponto de vista do
processo econômico globalizado contemporâneo no atual sistema
econômico-político capitalista de nossa sociedade e, ainda, fazendo
uma reflexão crítica sobre o impacto da “globalização” na educação
escolar no que se refere aos avanços tecnológicos e científicos e
suas consequências. Além disso, deve-se buscar, ainda que de forma
superficial, relatar o processo de valorização da esfera educacional como
esteio da transformação na esfera produtiva e os limites do mercado
e da orientação neoliberal na educação.
Para uma melhor compreensão destas questões e de seus
impactos no processo educativo faz-se necessária uma discussão
sobre a globalização e suas consequências na qualificação profissional
demandada pelo mercado de trabalho contemporâneo.
A globalização pode ser entendida como um processo irreversível
onde há maior integração entre os países em seus campos econômico,
cultural e político. Segundo Lanzana (1999), essa traz como principais
impactos: a concentração de mercado, o aumento da importância de
ganho de escala, a transformação da estrutura produtiva e o aumento
das fusões e aquisições.
Diante dessa nova realidade, as organizações devem se adaptar
a um mercado mais competitivo, a um consumidor mais exigente
por preço e qualidade, a uma economia que atende a interesses
internacionais, a uma política neoliberal que gera mais miséria,
desemprego e consequente exclusão social e uma mão-de-obra
geralmente desqualificada para os padrões internacionais.
A busca pela qualidade se vislumbra como alternativa
indispensável à sobrevivência das IES, que passam a persegui-la
tanto em seus produtos, quanto em seus serviços/atendimento ao
consumidor.
Não se pode implantar qualidade no ensino sem incluir uma
mudança na cultura organizacional e um programa de qualificação
do trabalhador, tanto em nível de formação profissional, quanto
pessoal.
Qualificação profissional pode ser entendida como um
procedimento que leva ao conhecimento da tecnologia e ao
desenvolvimento das habilidades básicas necessárias para o
desenvolvimento e execução de um determinado objetivo ou tarefa na
organização. Para o trabalhador, o conceito de qualificação está ligado
tradicionalmente ao domínio do ofício e à combinação de conhecimento,
materiais e processos exigidos para o desempenho em determinado
ramo da produção. Para o empresário, se relaciona à possibilidade de
melhoria dos processos de trabalho.

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Docência universitária:
Múltiplos olhares na compreensão deste universo
21

É importante salientar que a qualificação pressupõe dois tipos de


intervenções educacionais: uma delas se refere à formação profissional
ou à aprendizagem de uma profissão, com o desenvolvimento das
habilidades e a aquisição de conhecimentos necessários para o
desempenho das atividades relacionadas à profissão; a outra se refere à
educação permanente, que visa a suprir as necessidades de atualização e
acompanhamento das inovações tecnológicas que surgem no mercado.
No mercado atual, ocorre um processo acelerado de lançamento
tecnológico, onde novos produtos e serviços são oferecidos com
maior qualidade e menor preço. Esse processo rege o mercado e as
organizações, que se deparam com a consequente necessidade dos
profissionais melhor qualificados, necessitam de não apenas prepará-
los, mas também reciclá-los constantemente. Os trabalhadores, por
seu lado, buscam absorvê-las, até mesmo por representar uma relativa
garantia de sua empregabilidade.
Essa situação leva à necessidade de uma abordagem que utilize
metodologias mais adequadas à educação de adultos, uma vez que
esses alunos possuem características específicas e diferenciadas, e é
do que trata a andragogia .
Goguelin (1970) considera que formar um adulto é favorecer
um futuro desenvolvimento de sua personalidade e, a partir de sua
experiência vivida e de seus conhecimentos adquiridos, conduzi-lo
na descoberta e construção de elementos de todas as ordens que lhe
darão a possibilidade de uma realização mais completa de si mesmo,
dentro de uma adaptação autêntica e realista.
No artigo publicado por Libâneo e Oliveira (1998, p. 597),
encontram-se as afirmativas de que “a escola como instituição social
vem sendo questionada e pressionada no papel que desempenha diante
das transformações econômicas, políticas, sociais e culturais do mundo
contemporâneo” e que a globalização afeta a educação escolar de várias
maneiras, dentre elas:

• Levam o capitalismo a estabelecer finalidades para a escola


mais compatível como os interesses do mercado;
• Modificam os objetivos e as prioridades escolares;
• Produzem modificações nos interesses, nas necessidades e
nos valores;
• Modificam as práticas de convivência humana, bem como as
formas de participação social e política;
• Forçam a escola a mudar suas práticas (acompanhamento
tecnológico);
• Induzem uma alteração na atitude dos professores e no
trabalho docente.

Para L ibâneo e O liveira (1998, p. 597), “a escola já não é


considerada o único meio ou o meio mais eficiente e ágil de socialização

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22 Considerações Iniciais

dos conhecimentos técnico-científicos e de desenvolvimento de


habilidades cognitivas e competências sociais requeridas para a vida
prática”. E essa tensão se apresenta como o início de um processo de
reestruturação do sistema educativo e da escola, tal como a conhecemos
nos dias atuais. Atualmente as escolas devem contribuir para:

• Formar indivíduos capazes de pensar e de aprender a


aprender;
• Prover uma formação global;
• Desenvolver conhecimentos, capacidades e qualidades para
o exercício autônomo, consciente e crítico da cidadania; e
• Formar cidadãos éticos e solidários.

Pensar o papel da escola e especificamente das IES visa a


levantar e perceber a influência do modelo capitalista atual como
agente reavaliador do sistema educativo. Esta influência gera novas
políticas educacionais onde “os países ricos realizaram suas reformas
educacionais, a maior parte delas no sentido de ligar a escolarização
às exigências da produção e do mercado.” Já nos países pobres o
organismo internacional ligado ao capitalismo é quem traça esta política
cuja “otimização dos sistemas escolares, para atender as demandas
da globalização” (Libâneo e Oliveira, 1998, p. 599). Devemos cuidar
para que as IES no Brasil possam ir além, preparando as pessoas para
mais do que atender às necessidades do mercado e das empresas,
preparando-os para serem verdadeiros cidadãos, no sentido amplo da
palavra, pois este próprio mercado possui uma natureza de instabilidade
e mutabilidade e o emprego, como o que conhecemos na atualidade, está
reduzindo e não atende proporcionalmente à quantidade de pessoas que
se tornam economicamente ativas. Ou seja, tem-se que preparar a
pessoa para a vida e não para o emprego.
Outro ponto abordado pelos autores refere-se aos impactos
e as perspectivas da revolução tecnológica da globalização e do
neoliberalismo no campo da educação, neste sentido
Essa equipamentalização eletrônica da escola é, todavia,
apenas uma ponta do iceberg advinda da revolução
tecnológica para o campo da educação. Portanto, “a educação
é um problema econômico na visão neoliberal, já que ela é o
elemento central desse novo padrão de desenvolvimento.” E
que “a desqualificação passou a significar exclusão do novo
processo produtivo.” (Libâneo e Oliveira, 1998, p. 601)

Sobre os objetivos educacionais para uma educação pública de


qualidade diante dos desafios da sociedade contemporânea apresenta
que o ensino “qualidade para todos é hoje uma necessidade e um desafio
fundamental” (Libâneo e Oliveira, 1998, p. 602). Como consequência
deste processo de adaptação, demanda-se uma educação escolar mais

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Docência universitária:
Múltiplos olhares na compreensão deste universo
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competitiva, e que, para atender a esta necessidade, ela se torna mais


fragmentada, dualizada e seletiva, tanto nos aspectos sociais, quanto
culturais. Este novo paradigma põe na mesa as questões sobre o que
seria uma pedagogia da e para a qualidade.
O processo de ensino-aprendizagem vem, ao logo do tempo,
mudando suas formas e enfoques. O ensino tradicional, quando
comparado com o ensino moderno, nos apresenta algumas
características que os diferenciam e que buscam um enfoque no
processo grupal e dinâmico. Dentro de um quadro comparativo, temos
as seguintes diferenciações entre as duas vertentes:

Quadro 01: Comparação entre a educação tradicional e a moderna

Fonte: adaptado de ALCANTARA, Alcides de. A Dinâmica de Grupos e sua Importânciano Ensino,
2ª edição. SENAI: Rio de Janeiro, 1973, p. 12-13.

Neste sentido, pode-se evidenciar uma tendência do ensino


moderno a ver e perceber o grupo e sua importância no aprendizado
do aluno, como forma de desenvolvimento das habilidades necessárias
para o sucesso profissional destes.
A busca por um ensino mais dinâmico e experimental, ou
melhor, vivencial, é a busca pelo “aprender a aprender”1 ou “aprender
fazendo”2 o que traz para o aluno uma flexibilidade importantíssima

1
Aprender a conhecer o seu processo de aprendizagem.
2
Aprender através da prática, ou seja, do processo de vivenciar o conteúdo a ser
trabalhado.

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24 Considerações Iniciais

para direcionar o seu conhecimento às várias realidades, e poder


empregar a melhor solução diante dos vários problemas enfrentados
em seu cotidiano profissional. Para Demo (2000, p. 213-214), aprender
a aprender:
...] indica uma visão didática composta de dois horizontes
entrelaçados, pervadidos pela competência fundamental do
ser humano, que é a competência de construir a competência,
em contato com o mundo, com a sociedade, num processo
interativo produtivo. [...] Por conta disso, o aprender a aprender
afasta-se de táticas clássicas de armazenar conhecimento
copiado, como “decorar”, escutar infinitas aulas, fazer provas,
[...], para privilegiar atitude de questionamento construtivo,
teórico e prático, onde o conhecimento atualizado é modo de
ver a realidade e sobretudo base para interir nela.

Para se trabalhar com educação de adultos, é importante


conceituar o adulto. Para Allport, (apud Knowles, 1990, p.41),
Adulto é aquela pessoa que possui uma extensão de si mesmo,
possui relação afetiva com os outros, possui uma segurança
afetiva com aceitação de si mesmo, uma percepção realística
do mundo, certo conhecimento de si e que possui uma filosofia
coerente com sua conduta

Ludojoski (1972) acrescenta a aceitação de responsabilidade, o


predomínio da razão e o equilíbrio da personalidade. Goguelin (1970,
p.50) considera que
O adulto possui seu desenvolvimento em fase adiantada, e
adquiriu conhecimentos, modelos de como fazer, experiência,
os modelos de condutas em situações dadas e tem noções
de seus limites. Para ele, o adulto está em um processo de
desenvolvimento contínuo e dinâmico, como uma forma
diferenciada de funcionamento.

Como se pode observar, o adulto possui características específicas,


e que devem ser consideradas ao abordá-lo enquanto aluno. A seguir,
apresenta-se o resultado de algumas pesquisas sobre a educação de
adultos.
Stephens (1974) diz que o aluno adulto chega com algumas expecta-
tivas em relação à postura do professor, não aceita disciplina rígida como
a criança, tem necessidade de falar e possui motivações individuais para
buscar aprendizagem. Axford (1980) afirma que os alunos adultos estão
especialmente interessados na aplicação prática do que eles aprendem;
não gostam de ver seus resultados comparados com os de outras pessoas
e devem ser considerados e tratados como adultos.
O aluno adulto é formado mais por seu próprio contexto pessoal
de experiências e perspectivas. Sua aprendizagem se torna mais firme

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Docência universitária:
Múltiplos olhares na compreensão deste universo
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e segura quando aborda a prática e familiaridade com a incorporação e


assimilação de impressões e sensações novas. O adulto é determinado,
mais que os jovens, por suas experiências e ideias. Sua vontade e
possibilidade para aprender dependem essencialmente das motivações
para a utilização e a adequação aos seus interesses e necessidades
individuais do que aprende.
Alguns estudos foram realizados procurando identificar o que
motiva os adultos a aprenderem. Considerando a motivação como um
fator interno da pessoa, Dohmen (1981) e Tough (1990) apresentam os
resultados de seus estudos:
Os fatores motivadores de adultos para a aprendizagem
incluem: busca de autoafirmação profissional e obtenção
de prestígio; busca de autorrealização ou ainda de novas
perspectivas; busca de algo novo para ordenar os conteúdos
previamente conhecidos; busca de orientação – geral ou
especializada – e regras – abstratas ou concretas (Dohmen
1981, p.7).

Os fatores que motivam os adultos a aprenderem, segundo Tough


(apud Knowles,1990), incluem: fatores imediatos, como satisfação
da curiosidade, gosto pelo conteúdo a ser apresentado, gosto pelo
desenvolvimento de habilidades e gosto pela atividade de aprendizagem;
e fatores a médio e longo prazo, como a produção de alguma coisa, o
entendimento sobre algum assunto em situações futuras e a troca de
conhecimentos e habilidades com outras pessoas.
Sá (1984), em seus estudos, considera que são os fatores externos
que levam o aluno adulto a motivar-se, e afirma que eles são três: o fato
de o professor conseguir um estado de alerta do aluno com a ativação do
seu cérebro; o fato de o professor proporcionar o prazer da realização de
alguma coisa relevante; e o fato de o professor conseguir conservar o aluno
interessado. Esta autora acrescenta que o professor ainda precisa confiar
no aluno, facilitar sua aprendizagem, respeitar o aluno como individuali-
dade social e criar um clima pedagógico propício à aprendizagem.
O processo de aprendizagem do adulto também é diferenciado
em relação a crianças e adolescentes. Andrews (1981, p. 13) afirma
que existem algumas particularidades na aprendizagem de adultos,
dentre elas:
• A inteligência – os adultos são mais inteligentes dos 18 aos
25 anos, porém, mais experientes com o tempo;
• Vocabulário – com 45 anos de idade, uma pessoa possui
um vocabulário três vezes maior do que quando estava no
segundo grau (com 16 anos);
• Processamento de informações – aos 60 anos de idade o
cérebro processa quatro vezes mais informações do que
quando a pessoa tinha 21 anos;

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26 Considerações Iniciais

• Senso profissional – a pessoa possui o senso profissional


melhor desenvolvido entre os 40 a 49 anos de idade;
• Criatividade – a criatividade é maior dos 30 aos 39 anos, mas
varia de acordo com a profissão. Pessoas criativas continuam
produzindo trabalhos de qualidade durante toda a sua vida.
• Aspectos emocionais – o sentimento de satisfação com a vida
ocorre com maior ênfase dos 15 aos 24 anos, e o pessimismo
e depressão aparecem com maior frequência dos 30 aos 39
anos.

Existem diversas abordagens relacionadas ao processo ensino-


aprendizagem do aluno adulto. Algumas delas focalizam a importância
na técnica que o professor utiliza; outras, o aluno e suas necessidades;
outras, o conteúdo a ser apresentado ou, ainda, a postura do
professor. Na seleção dos autores apresentados a seguir, considerou-
se seu enfoque no aluno adulto e na dinâmica de seu processo de
aprendizagem, enfoque este que pressupõe que o aluno seja o elemento
fundamental do processo ensino-aprendizagem.
M asetto (1992) levantou aspectos que influenciam na
aprendizagem de adultos, e salienta que: a educação de adultos é um
processo contínuo, que envolve mudanças, é pessoal e diz respeito à
experiência vivenciada; o adulto apresenta uma autonomia no processo
de aprendizagem e utiliza sua experiência pessoal como recurso para
aprender; a aprendizagem do adulto deve ser centrada em situações reais e
ligadas à experiência, ser significativa para o aluno, ter objetivos definidos
e fornecer um contínuo feedback sobre o progresso do aluno
Deve-se ressaltar que cada pessoa possui seu próprio ritmo e estilo
de aprendizagem, bem como experiências e vivências diferenciadas,
o que exige o acompanhamento individualizado do aluno adulto para
lograr bons resultados de sua aprendizagem.
Uma vez apresentados os pressupostos que fundamentam
a prática da educação de adultos, apresentar-se-á a metodologia
considerada mais adequada.
Quintana (1986) considera que a participação plena é fator
essencial para a aprendizagem humana nos processos de educação
de adultos. Para ele, os princípios básicos da estratégia participativa
englobam o fator dinâmico da educação como modificadora da
sociedade.
Já, Ludojoski (1972, p.127) apresenta os princípios gerais para
uma psicopedagogia da educação de adultos:
Empregar exemplos clarificadores, tomados da experiência
real; facilitar a compreensão experimental dos conteúdos do
ensino; buscar a verdade como tarefa exclusiva do aluno;
estimular a pesquisa pelo aluno; relacionar o tema da aula
com uma situação da vida cotidiana do aluno; ensinar o aluno
a pensar por si mesmo e desenvolver uma síntese didática

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Docência universitária:
Múltiplos olhares na compreensão deste universo
27

entre os conteúdos a aprender e o raciocínio pessoal do aluno,


pois pensar é elaborar juízos pessoais sobre um tema.

Dentro da mesma linha de abordagem, Masetto (1992, p. 83)


afirma que existem nove princípios para facilitar a aprendizagem dos
adultos, que são:
Promover a participação; valorizar a experiência e contribuição
dos participantes; explicitar o significado; definir claramente
os objetivos e metas a serem alcançados; estabelecer
os recursos adequados, eficientes e avaliáveis; criar um
sistema de feedback contínuo; desenvolver uma reflexão
crítica; estabelecer um contrato psicológico; adaptar o
comportamento do professor a um processo de aprendizagem
próprio de adultos.

Como se observa, a aprendizagem do adulto pode se tornar um


processo mais enriquecedor na medida em que o professor considerar
a aprendizagem como uma dinâmica onde o interesse pelo prático, a
experiência anterior, a participação e autonomia do aluno podem lograr
importantes contribuições rumo aos objetivos perseguidos.
A metodologia inclui aspectos específicos, desde o planejamento
do curso, a escolha de estratégias, as características do professor e as
formas de avaliação.
Uma vez apresentados os estudos e pesquisas acima citados, fica
claro que o aluno adulto possui características próprias, e, por esse
motivo, deve ser abordado de modo diferenciado, se quiser lograr sua
aprendizagem de modo satisfatório.
Tomando como base o apresentado, pode-se concluir que
existem algumas posturas do professor que facilitam o processo de
aprendizagem do aluno adulto:

• O planejamento realizado com a classe no início do curso,


considerando expectativas, interesses dos alunos e a
disciplina, sendo flexível e garantindo uma sequência lógica
de conteúdos;
• Definir o conteúdo do curso, considerando os assuntos do
interesse dos alunos, úteis e relacionados com a prática,
onde professor e aluno trocam experiências para solucionar
problemas. O conteúdo deve ser proposto pelo professor,
considerando as etapas do processo de autoconsciência
crescente do aluno;
• Devem-se utilizar estratégias variadas, dinâmicas para
integrar o grupo, que deve ser participante e motivado. O
aluno passa a ser co-responsável pela aprendizagem;
• O clima da sala de aula deve ser aberto, participativo e com
ligações entre teoria e prática;

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28 Considerações Iniciais

• O professor deve ser coerente entre seu discurso e prática,


aberto e flexível, competente didaticamente e na área
específica de conhecimentos, preocupado e envolvido com
os alunos;
• E, finalmente, deve-se destacar como fatores fundamentais
que este aluno deve ser compreendido como detentor de
motivações individuais, experiência anterior, interesse por
aspectos aplicáveis na prática e como portador de um potencial
a ser explorado e desenvolvido.

Estamos convidando-o, portanto, para uma viagem inicial, em


que, além deste, será necessária muita dedicação, prática e, sobretudo,
sensibilidade, para que o professor universitário tenha êxito em sua
atuação.
Os artigos deste livro estão divididos de forma estruturada para
que o professor possa caminhar sobre algumas questões fundamentais
na lida com o aluno em sua prática docente.
Vamos fazer esta viagem juntos...

Obrigada,

Msc. Lúcia Kratz


Organizadora

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