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ENTREVISTAS PRELIMINARES

São sessões que ocorrem antes de a análise começar. Seu objetivo principal é
Diagnosticar significa
estabelecer um diagnostico diferencial (neurose x psicose) que oriente o decorrer reconhecer, por meio da
da análise. transferência, a posição
Possui a mesma estrutura da análise, quando se utiliza da associação livre, mas do sujeito frente ao
ainda é distinta dela, principalmente por ter como objetivo central a formulação do Outro.
diagnóstico.
▪ Tempo de compreender
▪ Tempo de concluir (momento onde pode-se transformar o tratamento de ensaio em análise)
FUNÇÃO SINTOMAL (SINTO-MAL) Analisabilidade é função do sintoma
Nessa função é preciso transformar a demanda do sujeito em sintoma analítico, ou seja, retirar o
sintoma do lugar de resposta, e colocá-lo no lugar de questão (enigma), para que o analisante busque
decodifica-la
É importante que o analista não aceite as demandas em estado bruto, mas as questione, pois para
Lacan só a uma demanda verdadeira, que é a de se desvencilhar de um sintoma. Para ele, pessoas que
buscam análise para se conhecer melhor devem ser despachadas.
O sintoma deve ser questionado pelo analista. "A que esse sintoma está respondendo? Que gozo ele
vem delimitar?"
O sintoma é um significado para o sujeito, que precisa reassumir sua dimensão de
Questão: Desejo significantes, para que implique o sujeito e o desejo.
O sintoma aparece como significado do Outro s(A), e é endereçado ao analista
que está no lugar do outro (A). O analista portanto precisa introduzir o desejo na
dimensão sintoma, sendo apresentado como questão.
"O analista completa o sintoma", nessa formulação Lacan esclarece o Discurso da histérica
movimento do sintoma ao analista. Quando chega a analise, o sujeito possui
um sintoma que significa algo (signo). Ao ser questionado e transformado
em questão (momento de histerização), esse sintoma representa a divisão
do sujeito. Esse sintoma encontra o analista e se torna propriamente um
sintoma analítico. O enigma ($) é dirigido ao analista
(S1), que é suposto deter o
saber: o analista é assim incluído
Sujeito suposto saber: o analista que possui saber a respeito do paciente, que o nesse sintoma, completando-o. O
próprio sujeito ainda não tem. analisante cobra a produção de
Essa suposição de saber do analista, mesmo que ilusória, é importante para que um saber (S2). Essa manobra é
o paciente aceite e "respeite" as intervenções e silêncios do analista, com a frustrante, pois o saber é
impotente em se dar conta da
expectativa de serem relevantes. verdade do gozo (a)

As entrevistas preliminares, portanto, pretendem provocar a histerização do sujeito.


Sendo histérico o sujeito dividido, ou seja, o inconsciente em exercício.

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Função diagnóstica
Essa função tem como objetivo direcionar a análise através do diagnóstico diferencial, porém é
importante lembrar da implicação, onde o diagnóstico só tem sentido se servir de orientação para a
condução da análise.
O diagnóstico é buscado no simbólico, onde se encontram as questões fundamentais do sujeito da
passagem dele pelo complexo de édipo.
Através dos 3 meios de negação do édipo pode-se corresponder as 3 estruturas clínicas : neurose,
perversão e psicose.

neurose perversão psicose


RECALQUE: O elemento é DESMENTIDO: O elemento é FORACLUSÃO: O elemento é
negado no simbólico mas negado e afirmado no negado no simbólico e
conservado no inconsciente, simbólico, retornando como retorna no real como
voltando como sintoma. fetiche. (no simbólico) automatismo mental.
(também no simbólico) (exemplo alucinações)

O neurótico não se recorda O perverso possui o retorno O psicótico aponta a relação


dos acontecimentos da da negação de forma de exterioridade como
infância (amnésia infantil), cristalizada no fetiche, significante. Também
mas a estrutura edipiana se podendo ser desvendado pela demonstra uma certeza
presentifica no sintoma. estrutura da linguagem. delirante, que demonstra um
distúrbio na linguagem.

É importante que o analista ultrapasse as estruturas clínicas para chegar aos tipos clínicos (histeria e
obsessão). Como o analista é convocado a ocupar o lugar do Outro, é importante detectar como é a
relação do sujeito com o Outro.
OBSESSÃO
O neurótico vive na fantasia de que precisa ser completo, e ter tudo sob controle. Para se defender
da questão "qual é o desejo do Outro" ele finge que o Outro não existe.
Ele paralisa quando se depara com essa questão.
Na análise, ele assume um lugar quase autônomo, fazendo muitas associações (presenteando o
analista), quase que ignorando a presença do analista como Outro.
O Outro precisa estar no lugar de morto, para que não deseje. O obsessivo pode até mesmo se
empenhar para satisfazer o outro, para que ele não precise mais desejar, por isso fica pesquisando
e calculando.
"Eu amumia mulher" - múmia morta, objeto. O Outro ideal esta morto.

histeria
A histeria, para tentar resolver a questão do desejo do Outro, tenta se transformar no objeto que
ela considera ser a causa do desejo do Outro.
A histeria faz questão de ver o Outo desejar, se o outro deseja, logo eu existo, porque eu sou o
objeto que faz o outro desejar.
Existe na histeria uma insatisfação crônica, porque ela mantem o Outro no estado desejante, nunca o
satisfazendo por completo. Para fazer isso, se queixa. "nada está bom, algo falta"
O seu desejo cronicamente insatisfeito serve para manter o outro desejando.
Na análise não faz associações, usa muito o termo "não se o que falar, não consigo me lembrar".
Mantem sempre o analista desejando e no estado de carência, como Outro. Assim a histeria
assegura sua existência como objeto de desejo do Outro.

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Função transferencial
Para que uma análise comece é necessário que haja o estabelecimento da transferência, sendo essa
uma função do analisante onde o analista apenas precisa saber como usar.

Transferência de saber
É a ilusão do sujeito em que ele acredita que seu analista detém saber a seu respeito. Quando essa
função do Sujeito Suposto Saber é encarnada, a transferência já está estabelecida.
O analista deve assumir um posicionamento de ignorância douta, que consiste em conhecer seus limites,
e não se colocar como sujeito de saber.
Algoritmo da transferência
Um significante do sujeito (significante da transferência) se dirige
a um significante qualquer que representa o analista. Esse
significante produzido pelo sujeito analisante faz com que ele
escolha o analista. (exemplo da banda tocando na sala de espera)

Esse algoritmo responde independente das particularidades de cada um, a estrutura da entrada em
análise. Uma vez que está só se inicia pelo estabelecimento da transferência.

Amor de transferência
Com o surgimento do amor se dá a transformação da demanda, ou seja, a partir do estabelecimento do suposto
saber, surge uma demanda de presença/amor do sujeito. O analisando confia algo ao analista, supondo que ele já saiba
sobre o seu inconsciente, cabe ao analista então utilizar da ignorância douta para que não se "nutra" por esse amor
que lhe é dedicado.
Quando o desejo aparece como questionamento, o analisando responde com amor. Cabe ao analista fazer emergir
dessa demanda a dimensão do desejo. Tornando-se Sujeito Suposto Desejar, fazendo aparecer a dimensão desejo
como desejo do :Outro, levando o sintoma a categoria enigma.
"Amar é dar aquilo que não se tem a quem não quer", o analista da sua falta ao analisando (quando ele demanda), para
que não ocupe lugar de grande maestro.
O objeto a é o objeto que causa desejo, dentro do real

▪ Demanda transitiva : demanda de algo, por exemplo, livrar-se de seu sintoma


▪ Demanda intransitiva: demanda de amor, demanda de presença

Retificação subjetiva
Quando o paciente chega na análise, ele não se sente responsável pelo seu sofrimento, ou seja, ele não
está implicado com seu próprio sofrimento. Esse sentimento vem de fora a ele, seja um trauma ou algo
que outras pessoas estão fazendo com eles.
Por isso é preciso compreender de que forma o sujeito usa desse sofrimento em "beneficio" próprio.
"De que forma essa pessoa faz uso do deu adoecimento?"
A retificação subjetiva é um processo que precisa acontecer no início (entrevista preliminar), para que a
pessoa deixe de se queixar dos outros, e passe a se queixar de si mesma. Fazer com que ela perceba
que de alguma maneira contribui para que o seu problema permaneça
O paciente precisa sair do âmbito de analisado e se tornar analisante, sair do lugar de vítima e se
responsabilizar.
Esse processo precisa acontecer durante toda a análise .
▪ Obsessivo: retificar a causalidade, que é consequência. Sua impossibilidade de agir associada a sustentação de um
desejo impossível.
▪ Histérico: retificar sua reivindicação. Sar da posição de vítima para a de agende, que sustenta sua insatisfação.

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