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Quarto Encontro

• Capítulo 5

Veremos neste encontro as ideias gerais sobre


a teoria de Schrodinger da mecânica quântica.
Revisão: equações diferenciais
Uma equação diferencial é satisfeita
por uma função particular f(x) e d2 f df
envolve derivadas dessa função. Ex: 2
 3  x 2
f  xf 2
5
dx dx
df/dx

Uma equação diferencial linear é 2


aquela onde f e suas derivadas não têm d f df
2
 3  x 2
f 5
potências maiores que um. dx dx

Em uma equação diferencial


ordinária (EDO), a função f
depende apenas de uma variável.
2 f 1 2 f
Em uma equação diferencial  2 2
parcial (EDP), a função f depende x 2
c t
de mais de uma vairável. Ex: f(x,t)
Qualquer EDO ou EDP pode
ser escrita na forma Exemplos: d2 f df
2
 3  x2 f  5
L̂f  g dx dx
 d2 d 2
ou  dx 2  3  x  f 5
onde:  dx 
f é uma função desconhecida
2 f 1 2 f
g é uma função conhecida  2 2
x 2
c t
L̂ é um operador diferencial  2 1 2 
(opera na função e essa ou  x 2  c 2 t 2  f  0
 
operação é uma derivação).

Uma EDO linear e homogênea é


aquela na qual todos os termos são Importante na
lineares e g = 0. mecânica quântica!
Resolvendo uma EDO linear e homogênea

Para uma EDO linear e homogênea com coeficientes


constantes, a substituição
x
f ( x)  Ae
onde A, λ são constantes) sempre reduz a EDO para uma
equação algébrica em λ.

Para uma equação linear e homogênea, a


combinação linear de quaisquer duas
ˆ  0 Lf
Lf ˆ 0
1 2
soluções é também uma solução. Este é o
princípio da superposição.  Lˆ  f1  f 2   0
Números complexos

Im(z)
É frequentemente conveniente o uso
de números complexos em física, z(t=0)
especialmente na descrição de |A|
movimentos ondulatórios φ
Re(z)

i
z  Ae i t
A Ae

i  t+ 
z Ae
Números complexos são uma
conveniência matemática e tanto a parte
real como a complexa pode ser utilizados
como solução.
Uma equação para ondas de matéria

• A hipótese de de Broglie implicou na busca de uma


teoria ondulatória para o elétron;
• Nessa teoria a mecânica clássica apareceria como
um limite para pequenos comprimentos de onda;
• Em 1926 Schrodinger publicou a sua equação de
onda para a matéria, inclusive elétrons. Meses antes,
Heisemberg publicou uma teoria distinta, incluindo
apenas grandezas mensuráveis, na forma de
matrizes. Schrodinger mostrou que as duas
formulações eram equivalentes, formulações essas
da teoria hoje conhecida como mecânica quântica
(existem outras formulações).
Equação de onda 2 1 2  ( x, t )
Clássica 1D  2 2
x 2
v t
Onde v é a
velocidade da ondas x
em uma corda.

Nós podemos usar esta equação para


descrever ondas de matéria no espaço
livre?

  x, t   e
Solução tentativa: i  kx t 

2
p
Mas isso não é correto! Para partículas E
livres: 2m
Alternativa

2
Modificação da equação de   
onda: 
x 2
t
( é uma constante).
Usamos a mesma solução  ( x, t )  e i ( kx t )
tentativa:
Temos uma proposta de equação para  2  2 
ondas de matéria no espaço livre:   i
2m x 2
t
Para  ( x, t )  e i ( kx t ) teremos

k 2 2
 ( x , t )    ( x , t )
2m
Que tem a forma: (energia cinética) função de onda = (energia total)  função
de onda
Equação de Schrodinger Dependente do Tempo (ESDT)
p2
Para uma partícula em um potencial V E   V ( x, t )
(x,t) 2m
Logo:
(energia cinética + potencial)  função de onda = (energia total)  função de
onda
 2  2 
  V ( x , t )   i
2m x 2
t
Observações:
1. A Equação de Schrodinger é um postulado, logo não
pode ser demonstrada e pode ser mostrada consistente
com experimentos;
2. A ES é de primeira ordem com respeito ao tempo;
3. A ES envolve números complexos e suas soluções
podem ser complexas, diferentes das soluções em
mecânica clássica.
Operador hamiltoniano

A ESDT pode      V ( x , t )        V ( x , t )    Hˆ 
2 2 2 2

ser escrita 2 m  x 2  2 m x 2 
 
como
Ĥ é chamado operador hamiltoniano, que é o operador
diferencial que representa a energia total da partícula.

Assim   2
 2
 ˆ
p 2
Hˆ    2
 V ( x )  
 2m
x
 Vˆ ( x)
 2 m  x 


Onde o operador momento é pˆ x  i
x

A equação de Schrodinger ˆ 
de de maneira compacta:
H  i
t
Solução da Equação de Schrodinger

  2  2
Supondo V(x, t) = V(x): i   V ( x)
t 2m x 2

Propomos uma separação de variáveis:


 ( x, t )   ( x)T (t )
Assim:  2  2 T
 T 2  V ( x)T  i
2m x t

ou  2 1  2 1 T
  V ( x )  i
2m  x 2
T t
Os dois membros da equação acima são iguais a uma
constante, que chamaremos E (E = constante de
separação).
1 T
Assim: i  E
T t
 2 1  2
  V ( x)  E
2m  x 2
Equação de Schrödinger independente do tempo (ESIT)

Resolvendo a equação 1 dT dT iE
i E    dt  T (t )  Ae iEt / 
para t: T dt T 
Que é semelhante à equação de onda com E = ћ.

 2  2
Parte espacial:   V ( x)  E ou Hˆ   E
2m x 2

Esta é a equação de Schrodinger independente do tempo


(ESIT):
Equação de autovalores
A equação de Schrödinger está na forma de uma equação de
autovalores:
Hˆ   E
2 2
onde Ĥ é o operador Hamiltoniano, Hˆ  Tˆ  Vˆ    d
2
 V ( x)
2m dx
 é a função de onda e uma autofunção de Ĥ;

E é a energia total (T + V) e um autovalor de Ĥ. E é constante!

Os autovalores de um operador físico é que podem


fornecer os resultados possíveis de grandezas física
medidas na prática.
ESIT para a partícula livre (V=0)

 
2 2
 2  2
  V  E se V=0   E .
2m x 2
2m x 2

Observe que a função de onda depende de x. Vamos resolver


a EDO. Propomos
x
2

  Ae  2  2 Ae x .
x
Substituindo na equação original:
2
 2 x x  2  x 2
  Ae  EAe     E  Ae  0
2m  2m 
Na equação anterior o termo entre parênteses deve ser zero, para
que a equação seja verdadeira. Assim:

2 2 2mE 2mE
  E  0      2  i 2
 ik
2m  
2 2
2mE  k
definimos k 2
E .
 2m
Como sabemos, a solução da EDO será:
  e ikx ou e  ikx ou então   Ae ikx  Be  ikx , A e B constantes.

A solução completa é a solução obtida multiplicada pela solução


da parte temporal:
i (  kx  Et /  )
 ( x, t )   ( x) T (t )  e
Interpretação para (x,t)

Como vimos anteriormente, a ESDT tem soluções que


complexas e que não são ondas físicas (ex. como as ondas
eletromagnéticas). Dessa forma, como podemores relacionar
 (x,t) com medidas físicas de um sistema?
Interpretação de Born
A probabilidade de encontrar uma partícula em uma pequena
região dx na posição x e no tempo t é igual a
* 2
 ( x, t ) ( x, t )dx   ( x, t ) dx  P ( x, t )dx
* é real como exigido para uma distribuição de
probabilidade por unidade de comprimento (ou volume em
3d).
A interpretação de Born chama  de amplitude de
probabilidade, * (= P(x,t) ) de densidade de
probabilidade e * dx a probabilidade.
Propriedades das funções de onda

1. Para evitar probabilidades infinitas, a função de onda deve


ser finita em todo o espaço;
2. A função deve ser de valor único (definição de função).
3. A função de onda deve ser duplamente diferenciável, suas
derivadas contínuas (exceto quando V for infinito).
4. Para a função de onda ser normalizável, ela deve tender a
zero quando x vai para inifinito.
5. Soluções que não satisfazem essas condições em geral não
correspondem a soluções fisicamente aceitáveis.
Valores Esperados

Se conhecemos (x, t) (a solução da EDO), então o


conhecimento de * dx permite calcular uma “posição
média”:
x   xi P ( xi ) x
i
No limite que x 0 então a soma torna-se:
 

 
2
x x  xP( x)dx  x  ( x, t ) dx
 

Essa média é também chamada valor esperado e é muito


importante em mecânica quântica. De maneira similar:
 

 
2
x2  x 2 P ( x)dx  x 2  ( x, t ) dx
 
Normalização

A probabilidade de encontrar uma partícula em qualquer


lugar é 1:
 

 P( x)dx   ( x, t )
2
dx  1
 
Esta é a condição de normalização.
Se a função (x,t) não é normalizada, então a integral de
normalização será:

  ( x, t )
2 2
N  dx


e assim a função normalizada será norm = (1/N) .


Estados Estacionários

Anteriormente, nós vimos que mesmo quando o potencial é


independente do tempo a função de onda oscila no tempo:

 ( x, t )   ( x) T (t )   ( x)e iEt / 

Mas a distribuição de probabilidade é estática:

2  iEt /   iEt /  2
P ( x, t )   ( x, t )   * ( x )e  ( x )e   ( x)

Assim essa solução é dita estado estacionário.


Que informações podemos obter de ?
Aprendemos como podemos utilizar  para calcular o
valor esperado da posição de uma partícula. O que
acontece se calcularmos os valores esperados da energia e
momento? Conhecemos os operadores energia Ĥ e
momento p̂x :
2 d2
  
Hˆ   2
 V ( x ) ˆ
p  .
2m dx i x
x

O valor esperado de operadores deve ser executado


com cuidado.
Na ESIT multiplicamos ˆ
pela esquerda por  e
Hn  Enn
ˆ dx   E  dx  E   dx  E
integramos em
espaço ( é normalizado).

todo  H
n n  n n n nn n n

E de maneira similar fazemos com o operador momento.


Quando lidamos com operadores, a ordem das operações é
importante.
Resumo

2  2 
 V  x, t    i
Equação de Schrödinger dependente

do tempo:
2m x 2
t
Interpretação da probabilidade:

P  x, t  dx    x, t  dx  *  x, t    x, t  dx
2

 

 dxP x,t   dx  x,t


2
1
 
Equação de Schrödinger independente do tempo:

 2 d 2
 2
 V ( x) ( x)  E ( x)   x, t    ( x )T (t )   ( x )e  iEt / 
2m dx

Condições para a função de onda:


Valor único, contínuas, normalizáveis, diferenciável até segunda ordem.
Exemplo:

Uma partícula tem função de onda   x   Ae  x 2 /2 L2


e energia E   2 / 2mL2
onde L é o comprimento.
(a) Encontre a energia potencial como função de x.
(b) Qual o potencial clássico que tem essa dependência?
2 d   x 
 
2

 2
 U  x   x   E  x  Hˆ  x   Kˆ  Uˆ   x   E  x 
2m dx
Calculamos a d 2  x  d  x  d 2  x 
 x 2 /2 L2   x   x 2 /2 L2  x2 1 
segunda   Ae  2  Ae  L4  L2 
derivada dx 2 dx L  dx 2  
Retornamos à equação de Schrodinger:
2  x2 1  2 2  x2 1  2
   2  U  x 
2 2
 x 2 /2 L2  x 2 /2 L2
 Ae x /2 L 
 L4 L2   U x Ae  Ae  
2m   2mL2 4
2m  L L  2mL2

2 x2   x Análogo clássico:
U  x 
2m L4 uma partícula sujeita a uma
força “-kx” (oscilador
harmônico)

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