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Esta espécie de execução visa efectivar obrigações pecuniárias insatisfeitas, ou seja, aquelas
cuja prestação tem por objecto uma soma em dinheiro, ou seja, aplica-se ao caso das 1
obrigações pecuniárias. Na verdade, a semelhança das outras espécies de acção executiva, a
execução para pagamento de quantia certa na forma ordinária visa a realização coactiva ou
cumprimento forçado da prestação pecuniária, conforme referido antes, tendo o seu regime
específico nos art.ºs 811º a 921º do CPC que, no fundo, constitui a adjectivação da acção de
cumprimento e execução prevista nos art.ºs 817º a 826º do CC.
Na acção executiva, há que ver a posição destas três espécies que, na esteira de JOÃO DE
CASTRO MENDES, apresentam-se da seguinte forma:
a) Articulados
Nota: O texto de apoio não exclui
a obrigatória consulta e estudo da bibliografia recomendada.
Direito Processual Civil – II
4º Ano/P. Lab. - FDUCAN
Texto de apoio
b) Penhora
c) Concurso de credores
d) Pagamento
e) Extinção
No seu decurso, podem ser deduzidos os seguintes meios processuais, que correm por
apenso ao processo de execução:
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- Embargos de Executado
- Embargos de Terceiro
- Reclamação de Créditos
– Requerimento Executivo;
É importante realçar que demanda, penhora, venda e pagamento são pois considerados
quatro pontos básicos da execução para pagamento de quantia certa, isto dentro da
tramitação “normal” de uma execução para pagamento de quantia certa. A venda, pode,
inclusive, ser eventualmente dispensável, nos casos em que seja penhorado dinheiro
suficiente, este que é entregue ao exequente (pagamento imediato). Nesta perspectiva,
JOÃO DE CASTRO MENDES.
Os pontos referidos como básicos, são também tomados por alguma doutrina como
momentos fundamentais da execução e, acabam por ser estes, considerados como
pontos, actos ou momentos, que conformam as chamadas fases da acção executiva.
Aqui postos e, sendo objecto temático do nosso estudo a execução para pagamento de
quantia certa, na forma ordinária, devemos referir, que existem também actividades de
grande importância que se podem enxertar no quadro das fases da acção executiva, mas
que não são consideradas fases desta, designadamente, os embargos de executado (meio
de oposição à execução) e, para alguma doutrina, a convocação de credores e verificação
de créditos, na medida em que a lei admite que certos credores intervenham na acção
executiva, depois de feita a penhora.
Nos casos em que a obrigação exequenda goze de garantia real, requerer-se-á somente
a citação do executado para pagar, sob pena de penhora nos bens onerados – artº. 835º 3
do CPC.
Apresentado o requerimento inicial, caberá ao juiz proferir despacho liminar, que poderá
ser:
c) Despacho de Citação (art. 478º n.º 1 “ex vi” do art. 801º, e arts. 811º n.º 1 e
924º n.º 1, do CPC).
a) Recurso de agravo do despacho de citação, nos termos gerais (art.º 812º do CPC).
b) Dedução de Embargos de Executado (art.º 812º e segs.; 924º n.º 2; 927º nºs 3 e 4,
do CPC).
Pode ainda o executado, além dos dois meios de oposição que podemos aqui designar
regulares, arguir nulidades do despacho de citação, por reclamação, nos termos gerais
(art.º 666º n.º 3, 668º “ex vi” do art.º 801º do CPC).
Importa porém esclarecer que não se restringem a uma simples peça processual em que
o executado impugna a pretensão do exequente. Sendo embora essa a sua função,
constituem um processo formado por diversas peças; e denominam-se de embargos de
executado por contraposição aos embargos de terceiro, utilizáveis em processo de
execução (mas não só) por terceiros, pessoas estranhas ao litígio entre exequente e
executado (e às vezes até por este) como meio de oposição restrito à penhora.
Mais importante, porém, é referir que uma vez admitidos os embargos, o processo é
instruído e julgado como qualquer acção declarativa (art.º 817º, nº 2 do C. P. Civil)
segundo as formas ordinária na execução ordinária, sumária na execução sumária (art.º
925º do C. P. Civil) e sumaríssima na execução sumaríssima (art.º 927º, nº 4 do C. P.
Civil).
Como qualquer outra acção declarativa os embargos começam por uma petição inicial cuja
função óbvia é a de servir de contestação à petição da acção executiva. Assim, são-lhe
aplicáveis as regras daquela primeira petição, obviamente adaptadas à função
impugnatória.
os constantes das alíneas c), g) e h) do art.º 813.°, o primeiro dos quais funciona
como excepção dilatória e os últimos como excepções peremptórias (cfr. art.º
494º n.º 1 al. b), 493.° n.º 3 in fine e 496° al. a) do C. P. Civil).
Todos os fundamentos que seria lícito usar como meio de defesa em processo de
declaração, incluindo, portanto, todos os tipos de excepções dilatórias ou
peremptórias.
Ora, quanto aos fundamentos possíveis dos embargos de executado, nos termos
expostos supra, dois sistemas são referenciados pela doutrina, distinguindo-se um
do outro pela amplitude dos fundamentos a serem utilizados:
Em síntese, o recebimento dos embargos tem, nos termos dos art.ºs 818º e
819º do CPC, os seguintes efeitos:
Ora, já ficou dito que a petição de embargos funciona como contestação da petição
inicial da execução. A sua não dedução tem o efeito cominatório de a execução
continuar a correr seus termos, uma vez que a suspensão desta apenas será
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decretada se for prestada caução conjuntamente com a dedução de embargos de
executado, nos termos do art.º 818º, n.º 1, do CPC. Aliás seria ilógico admitir a
prestação de caução, visando suspender a execução sem, paralelamente, deduzir
uma peça processual – a petição de embargos – onde se alegassem os
fundamentos de oposição susceptíveis de justificar a pretensão de travagem da
execução.
Por outro lado, no caso de oposição parcial (por ex. quando se cumulem créditos
distintos), a prestação de caução, que sempre terá de ser total, não impede o
prosseguimento da execução quanto aos créditos não embargados, nos termos do
art.º 818º n.º 2 do CPC.
na própria contestação dos embargos (art. 794º, n.º 2 do C. P. Civil, aplicável por
força do art. 927º, n.º 4 do mesmo Código).
Caso especial de oposição oficiosa – nunca se pode admitir nem deixar prosseguir
execução sobre questões de direitos indisponíveis, ou seja, execução fundada em título
negocial sobre objecto que não admita transacção, nos termos do art.º 820º CPC.
Mesmo nos casos especiais em que seja o executado depositário dos bens penhorados -
(art.º 839º, n.º 2), será um possuidor em nome alheio.
Esta fase tem por fim a especificação ou delimitação de bens certos e determinados do
património do executado, e até de terceiros nalguns casos (art.º 818º do CC e 821º do
CPC), e a sua afectação ao fim da acção executiva – satisfação do crédito exequendo.
A delimitação referida é feita com base em dois tipos de limites: objectivos e subjectivos.
- Quanto aos limites objectivos estes são marcados por duas regras e pelas
correspondentes excepções, sendo uma decorrente do disposto no art.º 601º do CC - os
bens patrimoniais respondem para qualquer dívida do seu titular, em regra e a outra consta
da norma do art.º 821º do CPC, segundo a qual os bens são penhoráveis, em regra.
CASTRO MENDES refere que os dois artigos referidos não jogam entre si, e só
implicitamente contêm estas regras gerais, pois cada um limita-se pelo outro: “são
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penhoráveis em regra os bens que respondem pela dívida (art.º 821º do CPC) e
respondem pela dívida em regra os bens penhoráveis (art.º 601º CC).
Ora, as duas regras, como referido, admitem excepções: há bens que não respondem por
certas dívidas do seu titular e há bens impenhoráveis.
Na verdade, são as excepções acima que importam alguma atenção e que analisaremos
sucintamente. 9
A propósito dos limites objectivos da penhora, CASTRO MENDES considera que é possível
classificar a impenhorabilidade em atenção a três critérios:
b) Por Termo, quando feita pelo executado (art. 837º n.º 2 CPC). 10
Alberto dos Reis escrevia que «razões de decência e de humanidade fazem com
que se subtraia à penhora, qualquer que seja a natureza da dívida, aquilo que é
absolutamente indispensável à vida do executado e de sua família».
Por isso, que gerando-se um conflito entre o direito do credor exequente a ver
realizado o seu direito (que também tem tutela constitucional) e o direito
fundamental da pessoa a receber uma prestação que lhe garanta uma subsistência
condigna, é este que há-de prevalecer. Em caso de tal colisão entre os dois direitos
«deve o legislador, para tutela do valor supremo da dignidade da pessoa humana,
sacrificar o direito do credor, na medida do necessário e, se tanto for preciso,
mesmo totalmente, não permitindo que a realização deste direito ponha em causa
a sobrevivência ou subsistência do devedor».
O que haverá é, então, de averiguar, em concreto (ou caso a caso) em que medida
o valor do provento nomeado à penhora é imprescindível à satisfação das
necessidades primárias essenciais do executado e de quem dele depende.
d) A Penhora de Direitos faz-se por notificação, nos termos seguintes: – quanto aos
créditos, art. 856º CPC; – títulos de crédito, art. 857º CPC; – abonos ou
vencimentos ou quantias depositadas na Caixa Geral de Depósitos, art. 861º CPC;
2- Protesto imediato.
Protesto imediato, em conformidade com o estatuído no art. 832º CPC;
3- Embargos de terceiro;
Dedução de Embargos de Terceiro: – preventivos, quando deduzidos depois de
ordenada mas antes de efectivada a penhora (art. 1043º do CPC); – repressivos,
quando deduzidos depois de efectivada a penhora (art. 1037º n.º 1 CPC);
4- Acção de reivindicação;
Acção de Reivindicação (art. 1311º do CC).
3- CONCURSO DE CREDORES
3.1- Convocação dos credores.
Feita a penhora, citam-se os credores do executado, nos termos do art.º 864º do CPC.
Tratando-se de penhora de bens imóveis ou direitos reais sobre eles ou móveis sujeitos a
registo (veículos, aeronaves, navios, quotas sociais), tem de ser registada na Conservatória
do Registo Predial/Comercial e tem de ser junta pelo exequente ao processo certidão do
registo de penhora e dos direitos, ónus ou encargos inscritos sobre o bem penhorado.
A este propósito é importante referir que a lei pode regular o processo de execução
segundo um de dois sistemas:
a) Sistema de execução singular – em que só o exequente obtém, pelo processo executivo
que moveu, a satisfação do seu crédito;
b) Sistema de execução colectiva – em que é permitido que todos os credores ou pelo
menos todos os credores cujos créditos se encontrem já vencidos, venham à execução
obter satisfação dos seus créditos.
Se ao sistema singular, entre outros defeitos, era apontada a possibilidade de dar alguma
vantagem injusta ao exequente em relação a outros credores, quebrando o princípio da par
conditio creditorum, ao sistema de execução colectiva, que era apontado como o que
pretendia evitar a referida vantagem injusta para o requerente em detrimento de outros
Nota: O texto de apoio não exclui
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credores do executado, também se apontavam críticas, desde logo, o facto de, ao permitir
que todos os credores com privilégios ou preferências sobre os bens penhorados fossem
admitidos na execução, torva esta muito morosa e prejudicial para o exequente e para o
executado.
Hoje, o sistema da nossa lei é o de execução singular. Mas não de uma execução
puramente ou absolutamente singular. Esta consideração resulta do facto de, entre nós, 14
vigorar o princípio segundo o qual os bens são vendidos livres de direitos reais de garantias,
nos termos do art.º 824º, n.º 2 do CC, admitindo-se, por isso, nos termos do n.º 1 do art.º
865º do CPC, que intervenham na execução os credores que gozem de garantia real dos
bens penhorados.
Portanto, com base no que ficou referido, será mais correcto qualificar o nosso sistema de
execução de misto ou tendencialmente singular, em que os credores vêm à execução
apenas para tutelar e fazer valer os seus direitos reais de garantia e nada mais.
- Pressupostos Específicos da Reclamação de Créditos – art.º 865º do CPC:
- Existência de garantia real sobre os bens penhorados – art.º 865º, n.º 1;
- Existência de título executivo - art.º 865º, n.º 2;
- Certeza e liquidez da obrigação - art.º 865º, n.º 3.
Caso haja credores que venham reclamar os seus créditos, forma-se o apenso de
Reclamação de Créditos(ART.865º a 869º CPC)
4- PAGAMENTO
Modos de pagamento (da quantia exequenda e dos créditos reclamados verificados e
graduados, caso os haja) – art.º 872º a 911º do CPC.
5- EXTINÇÃO
Extinção da execução.
a) Pagamento voluntário, quitação, perdão, renúncia - art.º 916º do CPC.
Junção ao processo o requerimento e o documento comprovativo do depósito da
quantia exequenda, ou o documento comprovativo do perdão, quitação ou
renúncia.
6- RECURSOS
6.1- Apelação – art.º 922º do CPC.
- da sentença que conhecer da liquidação - art.º 807º do CPC;
- da sentença que decidir os embargos de executado - art.º 817º do CPC;
- da sentença de verificação e graduação de créditos - art.º 868º CPC;
6.2- Agravo:
- da sentença homologatória do laudo dos peritos - art.º 809º e 922º, nº 4, ambos 16
do CPC;
- do despacho que, no apenso de verificação e graduação de créditos, declare
reconhecidos ou verificados créditos a graduar – art.º 868º, nº 1 e 922º, nº 4 do CPC;
- de outras decisões que não conheçam do mérito da causa – art.º 733º do CPC;
Estes agravos podem subir também com a apelação da sentença que julgar os
embargos de executado ou graduar os créditos ou julgar a liquidação e tenha efeito
suspensivo.
Especificidades:
Diferencia-se da forma ordinária em dois casos: prazos e regime dos agravos nos
embargos de executado – art.º 925º e 926º CPC.
a) Prazos: 5 dias para o executado pagar ou nomear bens à penhora ou, ainda, para
deduzir oposição (embargos de executado e recurso de agravo).
b) Agravo sobre despachos proferidos nos embargos de executado: aplica-se o
regime estabelecido para o processo sumário de declaração – art.ºs 792º, n.º 2 e
735º do CPC;
Supletivamente: aplica-se o regime estabelecido para a forma ordinária – ver art.ºs 466º,
n.º 2 e 463º e 464º do CPC.
Especificidades:
a) Legitimidade activa:
- A execução sumaríssima é promovida pelo MP quanto às custas liquidadas mas
não pagas e também quanto à quantia constante da sentença se o A. lho requerer
até 24 horas depois do termo do pagamento – art.º 927º, n.º1 do CPC.
- Se o A. não requerer, então, o MP instaura a execução por custas enquanto que
o A. instaura a execução para pagamento de quantia certa separadamente – art.º
927º, n.º 1 do CPC.
Fim:
Destina-se esta espécie de execução a cumprir as obrigações de dar, de entregar e de
restituir uma coisa determinada, certa e fungível. Entrega material ou jurídica da coisa.
Mesmo as coisas móveis determináveis (por simples conta, peso ou medida) – art.º 930º,
n.º 2 do CPC.
A execução consome-se e extingue-se pela entrega da coisa. Se esta não for encontrada
há conversão para a execução por quantia certa do valor equivalente e do prejuízo
resultante da falta de entrega – art.º 931º do CPC.
Título executivo:
- Sentenças que condenam na entrega de determinada coisa;
- Outros títulos elencados no art.º 46º do CPC dos quais conste a obrigação de entrega
de coisa fungível.
Actos processuais:
1. Requerimento inicial executivo tendo anexado o título executivo.
2. Despacho inicial:
- de indeferimento liminar (art.474 ex vi 801CPC)
- de aperfeiçoamento (art.477 ex vi 801 CPC)
- de citação (art. 478, 479 e 811 CPC).
O executado é citado para no prazo de 10 dias fazer a entrega da coisa
ao exequente e para, querendo, deduzir embargos de executado ou agravar
– art.ºs 928º e 929º do CPC.
4. E quando a coisa não seja encontrada para poder ser entregue ao exequente?
- O exequente pode pedir a convolação/conversão da execução em execução para
pagamento de quantia certa. 19
- Neste caso, a execução começará pela liquidação do valor da coisa e do prejuízo
resultante da falta de entrega – art.º 931º e 805º e ss. CPC
- Concluída a liquidação, o exequente procederá à nomeação de bens à penhora
para pagamento da quantia certa.
- Seguem-se os termos do processo executivo sob a forma ordinária, sumária ou
sumaríssima, conforme o valor.
- Cumpre-se o art.º 864º e ss. CPC
6. Agravos: em princípio, sobem a final, nos próprios autos e com efeito meramente
devolutivo, excepto nos casos a que se refere o art.º 923 nº1 a) e b) – art.º 932º
do CPC.
N.B.: A execução para entrega de coisa certa segue a forma processual ordinária,
sumária ou sumaríssima, conforme o valor da execução.
O ordinário segue supletivamente as regras do processo ordinária da execução para
pagamento de quantia certa.
O sumário segue supletivamente as regras daquele, excepto nos prazos e processo
de oposição que são os do sumário para pagamento de quantia certa.
O sumaríssimo segue supletivamente as regras deste último mas com os prazos e
processo de oposição da execução sumaríssima por quantia certa – ver art. 466 CPC.
1. se o devedor estiver obrigado a não praticar algum acto e vier a praticá-lo, tem
o credor o direito de exigir que a obra, se obra feita houver, seja demolida à custa
do que se obrigou a não a fazer.
2. Cessa o direito conferido no número anterior, havendo apenas lugar à
indemnização, nos termos gerais, se o prejuízo da demolição para o devedor for
consideravelmente superior ao prejuízo sofrido pelo credor.
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✓ EXECUÇÃO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO POSITIVO - FORMA ORDINÁRIA
– artigo 828º CC
Tem o seu regime processual nos art.ºs 933º a 940º do CPC.
– Tramitação:
- Requerimento inicial
- Oposição à execução – art.º 812º do CPC
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: art.º 813º a 815º
CPC e ainda o art.º 933º, n.º 2 e 940º, n.º 2 do CPC.
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– Tramitação:
- Requerimento inicial
- Oposição à execução – art.º 812º do CPC
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: ver art.º
813º a 815º do CPC e ainda o art.º 933º, n.º 2 e
940º, n.º 2 do CPC.
- Conversão da execução para prestação de facto em execução para pagamento
de quantia certa – 806º ex vi 934º e 931º CPC.
2- Tramitação processual:
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Texto de apoio
Caso seja ordenada pelo Tribunal a demolição da obra à custa do executado e fixada a
indemnização pelos danos sofridos ou fixar apenas esta última – segue-se o disposto nos
art.ºs 933º a 938º, ex vi art.º 942º, n.º 2 do CPC.
- Forma sumária
Únicas especificidades – ver art.ºs 466º, n.º 2, 2ª parte e 924º e 925º do CPC.
- O prazo para deduzir os embargos e para os contestar é de apenas 5 dias.
- Os termos dos embargos são os do processo sumário de declaração.
*** FIM***
✓ GUIA DE ESTUDOS
Para estudo e preparação, para além da imprescindível e permanente leitura e interpretação da matéria
leccionada, pode o estudante procurar testar a sua compreensão respondendo ou debatendo com colegas
as questões, temas e hipóteses abaixo, que servem unicamente para treinamento, nada obstando que nos
exames sejam colocadas questões, temas e hipóteses diferentes dos que aqui são apresentados, que são
meros exemplos e destinam-se unicamente a estimular e direccionar a preparação do estudante. 23
b. Defina acção executiva e, consoante o seu fim e estrutura, aponte as diferenças entre esta e a acção
declarativa.
c. O que entende por título executivo e diga se bastará a sua apresentação, como causa de pedir, para ficar
dispensada a indicação de factos no requerimento executivo?
d. O que entende por título executivo, qual a sua função na instância executiva e, em face das espécies de
título constantes do art.º 46º do CPC, como podem ser elencados?
e. Os embargos de executado, enquanto meio de oposição à disposição do executado, uma vez admitidos,
impedem o normal andamento da execução?
f. Por sentença, já transitada em julgado, J. & Filhos, LDA foi condenada a demolir um muro, a restituir
uma máquina e a pagar uma indemnização à ANGO-VENDAS, S.A., e, porque aquela não realizou
as prestações voluntariamente, esta última, que obteve a decisão a seu favor, pretende intentar uma única
acção executiva para ver as prestações realizadas coercivamente. Pode fazê-lo? Justifique a sua resposta.
g. Nos termos da alínea a) do artigo 46º do CPC, apenas as sentenças condenatórias proferidas em acção
declarativa de condenação constituem títulos executivos judiciais.
h. O Tribunal Supremo tem competência para as acções executivas baseadas em títulos judiciais, desde que
se trate de acórdãos por ele proferidos em acções declarativas, com trânsito em julgado.
i. Contra o possuidor de bens onerados não pode o credor com garantia real sobre os referidos bens, em
situação alguma, mover acção executiva, devendo este último optar por uma acção declarativa, para que
contra aquele possuidor obtenha título executivo, com base no qual se poderá aferir a legitimidade do
possuidor para estar na acção executiva como parte passiva.
j. Para a exigência de título executivo, considerado como pressuposto processual específico de carácter
formal da acção executiva, o nosso legislador adoptou uma solução de compromisso entre dois princípios.
k. A legitimidade é um dos pressupostos processuais da acção executiva, sendo que, só poderão configurar
como partes na referida acção, aqueles que configurem do título executivo como credor (exequente) e
devedor (executado).
l. A procedência dos embargos produz seus efeitos ao nível da execução, da penhora e do seu registo.
o. Numa acção executiva para pagamento de quantia certa a penhora incide sobre o património do devedor
(executado) e apenas este pode ser objecto de penhora.
p. Feita a penhora, passa-se, nos termos do art.º 864º e seguintes do CPC, à convocação de credores,
distinguindo aqui a doutrina dois sistemas de execução: o sistema da execução singular e o sistema da 24
q. A causa normal de extinção da execução para pagamento de quantia certa é o pagamento coercivo,
podendo a execução, no entanto, extinguir-se sem que tenha lugar o pagamento coercivo. Comente.
2- Hipóteses Práticas:
Resolva:
- Hipótese 1:
MARIA ficou obrigada a demolir um muro, a restituir uma máquina e a pagar uma indemnização
no valor de 5.000.000,00 Kz. (cinco milhões de Kwanzas), por acordo feito na sequência de danos
que causou à propriedade de MARTA, acordo em que a assinatura de MARIA se mostra
devidamente reconhecida.
a) Que modalidade ou situação especial de obrigação está patente no caso e em que consiste? -(2
valores)
b) Pode MARTA intentar uma única acção executiva para realização coerciva das prestações a
que MARIA está obrigada, com base no referido acordo? Se sim, diga que tipo ou espécie de
execução e fundamente a sua resposta. (3 valores)
- Hipótese 2:
Numa acção declarativa de condenação sob a forma ordinária foi proferida sentença que condenou JORGE
a pagar a quantia de 7.000.000,00 Kz. (sete milhões de Kwanzas) a JÚLIO, sentença esta que foi proferida
a 12.03.2020, devida e legalmente notificada às partes a 18.03.2019.
Notificado da decisão, JORGE interpôs recurso dela, recurso que foi admitido como de apelação, com efeito
suspensivo, admissão que também foi prontamente notificada às partes (JORGE e JÚLIO).
Apesar de pendente de recurso a decisão, JÚLIO decidiu, a 29.08.2019, intentar uma acção executiva para
pagamento de quantia certa contra JORGE, com base na referida sentença, que alegou ser título executivo
bastante.
1- Com base na hipótese, pode a acção executiva seguir seus termos tendo como base a referida sentença?
Fundamente a sua resposta.
2- Suponha agora que o referido recurso interposto da decisão tivesse sido admitido com efeito
meramente devolutivo. Podia a acção executiva intentada por JÚLIO seguir seus termos?
Fundamente.
- Hipótese 3:
JORGE, credor, intenta duas acções executivas para pagamento de quantia certa contra JOSÉ e
JORGINA, devedores. No primeiro processo, contra JOSÉ, JORGE não alega nem junta o título executivo
nem faz menção da sua existência.
No processo contra JORGINA, diferentemente do anterior, JORGE alega o título executivo, que diz ser
um documento particular com a assinatura de JORGINA reconhecida presencialmente, na sequência de um
contrato que haviam celebrado, mas não o junta à p.i. (requerimento executivo), que foi recebida pela
Secretaria do Tribunal e distribuída nos termos da lei.
- Que tratamento jurídico-legal deve ser dado às duas situações referidas na hipótese? Fundamente.
- Hipótese 4:
Com base num documento autenticado, veio JANUÁRIO intentar uma acção executiva para entrega de coisa
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certa contra MARIA. Alegou, além da junção do documento referido, que este, que é um escrito particular
cujo conteúdo foi confirmado pelo Notário, dá forma ao contrato pelo qual Maria vendeu o imóvel de que é
(era) proprietária a Januário. Acrescentou que apesar de ter pago o preço do imóvel à Maria, esta não cumpriu
com a sua obrigação de entregar o imóvel, não obstante interpelada pelo comprador por diversas vezes, razão
pela qual vem agora pedir a entrega do imóvel de forma coerciva, por ter em mãos um título com força
executiva nos termos da lei.
- Pode a acção executiva seguir seus termos com base no referido documento autenticado? Fundamente a sua
resposta.
- Hipótese 5:
Juliana Machado e Juliano Machado obrigaram-se, mediante um termo de compromisso, a pagar à CASAS
LINDAS, S.A., o valor de 8.504.001,00 (oito milhões, quinhentos e quatro mil e um Kwanzas), encontrando-
se o referido escrito devidamente assinado pelos obrigados, assinaturas que foram reconhecidas
presencialmente perante o Notário, nos termos legais.
Com o original do referido termo, a CASAS LINDAS, S.A. contratou um Advogado que, depois de sucessivas
interpelações aos devedores da sua constituinte, decide intentar uma acção executiva apenas contra Juliano
Machado, que foi citado para pagar a quantia exequenda ou nomear bens à penhora, no prazo de 10 dias, ou
ainda, para no mesmo prazo, opor-se à execução por embargos ou agravar do despacho de citação.
Juliano Machado, regular e pessoalmente citado na execução, nada fez e, decorrido o prazo legal, foi devolvido
o direito de nomeação de bens à penhora à exequente, CASAS LINDAS, S.A., que veio nos termos da lei,
nomear bens (imóveis e móveis) diversos, no valor da quantia exequenda, identificando-os devidamente.
Ora, entre os bens nomeados, além dos pertencentes à Juliana Machado e ao Juliano Machado, a exequente
nomeou também um bem imóvel pertencente à Julianinha Machadinho, filha de Juliano Machado, o
executado.
Por sua vez, o tribunal determinou (ordenou) a penhora de todos os bens então nomeados, despacho que foi
notificado ao executado na acção executiva, que mais uma vez não reagiu e, alguns dias depois, foi efectuada
a penhora dos mesmos.
1- Imagine que perante a hipótese e já depois de efectuada a penhora de todos os bens nomeados, Juliana
Machado venha contactá-lo, como Advogado, e solicite que a represente e reaja imediata em defesa
dos seus interesses.
- Que meio ou meios processuais utilizaria para o efeito? Fundamente. – (3 valores)
2- Suponha que Juliano Machado, que não reagiu contra o despacho determinativo da penhora, no
trigésimo dia após a sua notificação e já no momento em que se efectuava a penhora dos seus bens,
solicite a si, como seu Advogado, presente na diligência, que recorra do referido despacho, por
entender que entre os bens indicados pela exequente, sobre os quais o tribunal determinou a penhora,
constava o imóvel de sua filha e que a situação estava a causar um grande mal-estar entre pai e
filha.
a) Poderia com os referidos fundamentos usar o meio proposto pelo seu constituinte naquele
momento ou a posterior? Justifique a sua resposta, fundamentando legal e doutrinariamente.
b) Caso não concorde com o meio proposto pelo executado para reagir contra a penhora, diga que
outro meio ou meios de oposição à penhora poderiam ser utilizados para salvaguardar os
interesses de Julianinha Machadinho no processo, logo depois do despacho determinativo da
penhora?
3- Ainda na hipótese, considere que Juliano Machado havia convencionado com a CASAS LINDAS,
S.A. que determinado bem imóvel de que é titular não poderia ser penhorado e, apercebe-se que a
exequente o nomeou e o tribunal determinou a penhora do mesmo, que acabava de ser efectuada.
- Poderia Juliano Machado, executado nos autos, opor-se à penhora deste bem em particular? Como
e com que fundamento? 26
- Hipótese 6:
Joana obrigou-se mediante um contrato de compra e venda a pagar à empresa IMOVENDAS, LDA. o
valor de AKZ. 740.000,00 (setecentos e quarenta mil Kwanzas) pela aquisição de produtos cosméticos
diversos e, porque a referida empresa tinha problemas no terminal de pagamentos automático - TPA da
sua loja, Joana redigiu/lavrou ai mesmo na loja, numa folha de papel A4, um termo em que assumia a
dívida e se comprometia a pagar o preço dos produtos que estava a levar no dia seguinte, por depósito ou
transferência bancária e que apresentaria o comprovativo do pagamento na loja, num prazo não superior
a 48 horas, tendo-lhe sido entregues pela IMOVENDAS, LDA., as coordenadas bancárias para o efeito.
Sucede que Joana não cumpriu naquele prazo nem depois, apesar de constantes interpelações que lhe
foram feitas pela IMOVENDAS, LDA.
Decorrido algum tempo, Joana não mais deu qualquer sinal, nem efectuou o pagamento a que se obrigou,
tendo a IMOVENDAS, LDA. decidido intentar acção executiva contra a sua devedora, com objectivo
de ver reparado coercivamente o seu direito.
1- Atente à hipótese e diga se a IMOVENDAS pode requerer acção executiva contra Joana com base
no termo de compromisso que assinou e que tipo de execução poderia requerer. Justifique a tua
resposta.
2- Suponha que Joana não reaja à citação e, devolvido o direito de nomeação a penhora à exequente,
esta nomeia a capela particular de Joana, um apartamento do Estado em que ela reside pela função
pública que exerce, e uma viatura de marca RAV 4 pertencente ao seu pai e, por despacho, o Juiz
que não se apercebeu da situação dos referidos bens, determinou a penhora dos mesmos, tendo o
despacho sido notificado à Joana através do seu Advogado.
a) Que reacção poderia Joana ter de imediato após a notificação do despacho determinativo da
penhora? Justifique.
b) Imagine agora que o Advogado de Joana não reaja após a notificação do despacho nos termos
acima e se encontre em face da penhora em si mesma. Pode ainda, de alguma forma, opor-se à
penhora? Como? Justifique.
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