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Direito Processual Civil – II

4º Ano/P. Lab. - FDUCAN


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✓ EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA – FORMA ORDINÀRIA

Esta espécie de execução visa efectivar obrigações pecuniárias insatisfeitas, ou seja, aquelas
cuja prestação tem por objecto uma soma em dinheiro, ou seja, aplica-se ao caso das 1
obrigações pecuniárias. Na verdade, a semelhança das outras espécies de acção executiva, a
execução para pagamento de quantia certa na forma ordinária visa a realização coactiva ou
cumprimento forçado da prestação pecuniária, conforme referido antes, tendo o seu regime
específico nos art.ºs 811º a 921º do CPC que, no fundo, constitui a adjectivação da acção de
cumprimento e execução prevista nos art.ºs 817º a 826º do CC.

O CC (art.º 550º e seguintes) distingue três hipóteses de obrigações pecuniárias: obrigações


de quantidade, obrigações de moeda específica e obrigações de moeda estrangeira.

Na acção executiva, há que ver a posição destas três espécies que, na esteira de JOÃO DE
CASTRO MENDES, apresentam-se da seguinte forma:

• Obrigação de quantidade – tem por objecto certo valor expresso em moeda


angolana (Kwanzas), não havendo, quanto a esta espécie, dúvida de que
executam-se mediante execução para pagamento de quantia certa;

• Obrigação de moeda específica – nesta, há que distinguir, consoante a moeda


específica tenha curso legal (em Angola), caso em que o devedor compromete-se
a pagar só em moeda metálica, por exemplo, em que deverá ser aplicada a
execução para pagamento de quantia certa, ou não tenha curso legal (em Angola),
caso em que ocorre a conversão da obrigação de moeda específica em obrigação
de quantidade, sendo como tal tratada. Constando do título como moeda específica
sem curso legal, pode haver necessidade de liquidação;

• Obrigação em moeda estrangeira – executam-se através da execução para entrega


de coisa certa. Nem todas as obrigações pecuniárias se executam, portanto, pela
forma de processo executivo para pagamento de quantia certa. Apenas as duas
primeiras espécies referidas supra.

É importante referir que no caso de uma obrigação em moeda estrangeira, ou o executado


tem o valor em moeda estrangeira no seu património, empregando-se a execução para
entrega de coisa certa, nos termos do art.º 928º e seguintes do CPC, ou não tem o valor
da obrigação em moeda estrangeira, caso em que ocorrerá a conversão do crédito em
moeda angolana, o que ocorre nos termos do art.º 931º do CPC.

Em síntese, a acção executiva para pagamento de quantia certa, na forma ordinária,


compreende as seguintes fases:

a) Articulados
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b) Penhora
c) Concurso de credores
d) Pagamento
e) Extinção

No seu decurso, podem ser deduzidos os seguintes meios processuais, que correm por
apenso ao processo de execução:
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- Agravo (como meio de oposição à execução)

- Embargos de Executado

- Embargos de Terceiro

- Reclamação de Créditos

1- FASE INTRODUTÓRIA (Da Demanda / articulados)

– Requerimento Executivo;

Como é consabido, no nosso direito, a garantia geral das obrigações é o património do


devedor, como de resto dispõe o art.º 601º do CC.

O que ocorre na execução, em termos práticos, é o Tribunal ir buscar no património do


executado (devedor) bens, mediante a sua apreensão ou desapossamento (penhora),
para serem entregues ao exequente, caso os bens constituam eles próprios o objecto da
prestação (pagamento imediato) ou são vendidos (venda executiva, coactiva ou forçada)
para com o seu preço se realizar a prestação, mediante entrega ao exequente (credor), a
título de pagamento da prestação em si ou da indemnização.

É importante realçar que demanda, penhora, venda e pagamento são pois considerados
quatro pontos básicos da execução para pagamento de quantia certa, isto dentro da
tramitação “normal” de uma execução para pagamento de quantia certa. A venda, pode,
inclusive, ser eventualmente dispensável, nos casos em que seja penhorado dinheiro
suficiente, este que é entregue ao exequente (pagamento imediato). Nesta perspectiva,
JOÃO DE CASTRO MENDES.

Os pontos referidos como básicos, são também tomados por alguma doutrina como
momentos fundamentais da execução e, acabam por ser estes, considerados como
pontos, actos ou momentos, que conformam as chamadas fases da acção executiva.

Aqui postos e, sendo objecto temático do nosso estudo a execução para pagamento de
quantia certa, na forma ordinária, devemos referir, que existem também actividades de
grande importância que se podem enxertar no quadro das fases da acção executiva, mas
que não são consideradas fases desta, designadamente, os embargos de executado (meio
de oposição à execução) e, para alguma doutrina, a convocação de credores e verificação

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de créditos, na medida em que a lei admite que certos credores intervenham na acção
executiva, depois de feita a penhora.

No requerimento inicial é requerida a citação do executado para pagar ou nomear bens à


penhora (art. 811º n.º 1; 924º n.º 1 do CPC).

Nos casos em que a obrigação exequenda goze de garantia real, requerer-se-á somente
a citação do executado para pagar, sob pena de penhora nos bens onerados – artº. 835º 3

do CPC.

Nas hipóteses de obrigação ilíquida, deduzir-se-á o incidente de liquidação, nos termos


dos art.ºs 805º e 806º do CPC.

Apresentado o requerimento inicial, caberá ao juiz proferir despacho liminar, que poderá
ser:

a) Despacho de Indeferimento (art. 474º “ex vi” do art. 801º CPC).

b) Despacho de Aperfeiçoamento (art. 477º “ex vi” do art. 801º).

c) Despacho de Citação (art. 478º n.º 1 “ex vi” do art. 801º, e arts. 811º n.º 1 e
924º n.º 1, do CPC).

d) Despacho Determinativo da Penhora e da subsequente notificação do


executado, nos seguintes casos: – no caso do processo sumaríssimo (art. 927º
nºs 2 e 3 do CPC).

e) Despacho de Citação para contestar o incidente de liquidação; e,


posteriormente, de notificação nos termos do art. 811º n.º 2 do CPC.

1.1- Meios de Oposição à Execução

São dois os meios de oposição do executado, em face do despacho de citação:

a) Recurso de agravo do despacho de citação, nos termos gerais (art.º 812º do CPC).

b) Dedução de Embargos de Executado (art.º 812º e segs.; 924º n.º 2; 927º nºs 3 e 4,
do CPC).

Pode ainda o executado, além dos dois meios de oposição que podemos aqui designar
regulares, arguir nulidades do despacho de citação, por reclamação, nos termos gerais
(art.º 666º n.º 3, 668º “ex vi” do art.º 801º do CPC).

É importante reter aqui o seguinte: a partir da citação o executado, nos termos do


art.º812º do CPC, tem dois meios de oposição, que não se excluem, contando que não
se reproduzam num dos meios os fundamentos que sejam invocados no outro, o
executado tem dois prazos diferentes para os dois meios de oposição: 8(oito) dias para

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agravar do despacho de citação e 10 (dez) dias para apresentar a petição de embargos


de executado, como oposição à execução.

1.1.1- Embargos de Executado (Fundamentos; Prazo; Tramitação, Efeitos e Alcance


do Caso Julgado).
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Os embargos de executado são um meio de oposição à execução, nos termos do art.º
812º do CPC, sendo deduzidos mediante um articulado chamado petição de embargos
de executado.

Importa porém esclarecer que não se restringem a uma simples peça processual em que
o executado impugna a pretensão do exequente. Sendo embora essa a sua função,
constituem um processo formado por diversas peças; e denominam-se de embargos de
executado por contraposição aos embargos de terceiro, utilizáveis em processo de
execução (mas não só) por terceiros, pessoas estranhas ao litígio entre exequente e
executado (e às vezes até por este) como meio de oposição restrito à penhora.

Com as peças integradoras dos embargos é organizado um caderno processual exclusivo,


autuado por apenso ao caderno processual do processo de execução propriamente dito
(art.º 817º, nº 1 do C. P. Civil).

Mais importante, porém, é referir que uma vez admitidos os embargos, o processo é
instruído e julgado como qualquer acção declarativa (art.º 817º, nº 2 do C. P. Civil)
segundo as formas ordinária na execução ordinária, sumária na execução sumária (art.º
925º do C. P. Civil) e sumaríssima na execução sumaríssima (art.º 927º, nº 4 do C. P.
Civil).

A acção declarativa subjacente aos embargos segue o regime da forma de processo


declarativo equivalente à forma do processo executivo a que aquela acção respeita. Os
embargos de executado serão deduzidos: – em processo ordinário, no prazo de dez dias,
a contar da citação (art.º 816º); – em processo sumário, no prazo de cinco dias (art.º
924º n.º 2) – em processo sumaríssimo, no prazo de cinco dias (art.º 927º n.º 3).

Como qualquer outra acção declarativa os embargos começam por uma petição inicial cuja
função óbvia é a de servir de contestação à petição da acção executiva. Assim, são-lhe
aplicáveis as regras daquela primeira petição, obviamente adaptadas à função
impugnatória.

Com referência ao pedido a formular na petição de embargos, ele consistirá em pugnar


pela improcedência total ou parcial da pretensão do exequente. No tocante à causa de
pedir (fundamentos dos embargos) há que atender ao seguinte:

a) Execução baseada em sentença judicial – os fundamentos de oposição


constituem «numerus clausus» e encontram-se taxativamente enunciados nas
diversas alíneas do art.º 813.° e no n.º 2 do art.º 815.° do CPC, destacando-se

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os constantes das alíneas c), g) e h) do art.º 813.°, o primeiro dos quais funciona
como excepção dilatória e os últimos como excepções peremptórias (cfr. art.º
494º n.º 1 al. b), 493.° n.º 3 in fine e 496° al. a) do C. P. Civil).

b) Execução baseada em decisão arbitral – os fundamentos admissíveis repartem-


se em dois grupos (art. 814.° n.º 1 do C. P. Civil), constituindo também «numerus
clausus»: I) Os mesmos que podem ser opostos à sentença judicial, previstos no
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art. 813º do C. P. Civil; II) os que podem ser utilizados como fundamento da
anulação judicial da decisão arbitral;

c) Execução baseada em título diferente de sentença judicial ou decisão arbitral –


os fundamentos repartem-se por dois grupos, mas sem «numerus clausus» (art.
815º, n.º 1 do C. P. Civil): I) os mesmos que, com as devidas adaptações, podem
ser utilizados contra a sentença judicial;

Todos os fundamentos que seria lícito usar como meio de defesa em processo de
declaração, incluindo, portanto, todos os tipos de excepções dilatórias ou
peremptórias.

Ora, quanto aos fundamentos possíveis dos embargos de executado, nos termos
expostos supra, dois sistemas são referenciados pela doutrina, distinguindo-se um
do outro pela amplitude dos fundamentos a serem utilizados:

a) Sistema restritivo – a execução só pode ter por fundamento um dos pontos


referidos no art.º 813º do CPC, na opinião de JOÃO DE CASTRO MENDES, um
fundamento de conhecimento oficioso do Tribunal, sistema aplicável para a
acção executiva que tiver como título executivo uma sentença, ou seja, um
título judicial (próprio);

b) Sistema não restritivo – na execução podem ser alegados todos os


fundamentos do art.º 815º do CPC, além dos fundamentos do art.º 813º, e
aplica-se às execuções baseadas em outros títulos executivos,
designadamente, os judiciais impróprios, os negociais ou administrativos.

Refira-se também que funcionando os embargos, tecnicamente, como acção


declarativa e tendo a respectiva petição a natureza de contestação, pode surgir a
seguinte pergunta: será admissível ao executado deduzir, nesta, pedido
reconvencional contra o exequente? À primeira vista ele poderia enquadrar-se em
qualquer das hipóteses previstas no n.º 2 do art. 274º do C. P. Civil, mas
entendemos que a dedução não é lícita por duas razões:

a) uma de natureza substantiva: os embargos destinam-se exclusivamente


a provar que o título não tem força executiva ou, tendo-a, não pode produzir
os efeitos dela derivados;

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b) outra de natureza processual: se ao executado fosse lícito deduzir


pedido reconvencional, o exequente, na contestação a que se refere a
primeira parte do nº 2 do art.º 817º do CPC, poderia opor excepções a
esse pedido, implicando o direito de o executado oferecer novo articulado
de resposta a essas excepções nos termos do art.º 503º n.º 1 do CPC,
articulado esse que é inadmissível por força da segunda parte daquele nº
2 do art.º 817º. 6

Com referência à apresentação da petição de embargos, observar-se-á ainda, além


do que já se referiu, que o prazo da apresentação é contado em princípio, a partir
da data da citação ou notificação do executado, e tem a duração de 10 dias em
processo ordinário ou de 5 dias em processo sumário ou sumaríssimo (art. 811º/1
e 3, 816º, 924º/1 e 2, 927º/3 do C. P. Civil).

Apresentada a petição ao juiz este profere despacho liminar com um de dois


sentidos:

a) recebe os embargos – ordena ainda a notificação do exequente para,


querendo, contestá-los nos prazos adiante referidos (art.º 817.°, n.º 2 do
C. P. Civil);

b) rejeita-os liminarmente com um ou mais dos fundamentos previstos no


n.º 1 do art. 817º do C. P. Civil.

Se os embargos tiverem sido recebidos, o exequente, após a notificação e


querendo contestar, apresentará a contestação dentro de um dos seguintes
prazos, contado desde a notificação: – 10 dias em processo ordinário – art. 817º
nº 2.

1.1.2- Efeitos do despacho de recebimento dos embargos

Em síntese, o recebimento dos embargos tem, nos termos dos art.ºs 818º e
819º do CPC, os seguintes efeitos:

a) Não suspende o andamento da execução, salvo se o


embargante/executado prestar caução;
b) Se os embargos forem parciais, isto é, se não compreenderem toda a
execução, esta prossegue na parte não embargada (ainda que o
embargante preste caução total);
c) A execução prossegue se, depois de prestada caução, o processo de
embargos estiver parado durante mais de 30 dias por negligência do
embargante;
d) Se a suspensão da execução for decretada depois da citação dos credores
(art.864 CPC), ela não abrange o apenso da verificação e graduação de
créditos;
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e) Durante a pendência dos embargos e prosseguindo a execução, ninguém


(exequente e credores) pode obter pagamento dos seus créditos sem
prestar caução;

Ora, já ficou dito que a petição de embargos funciona como contestação da petição
inicial da execução. A sua não dedução tem o efeito cominatório de a execução
continuar a correr seus termos, uma vez que a suspensão desta apenas será
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decretada se for prestada caução conjuntamente com a dedução de embargos de
executado, nos termos do art.º 818º, n.º 1, do CPC. Aliás seria ilógico admitir a
prestação de caução, visando suspender a execução sem, paralelamente, deduzir
uma peça processual – a petição de embargos – onde se alegassem os
fundamentos de oposição susceptíveis de justificar a pretensão de travagem da
execução.

Por outro lado, no caso de oposição parcial (por ex. quando se cumulem créditos
distintos), a prestação de caução, que sempre terá de ser total, não impede o
prosseguimento da execução quanto aos créditos não embargados, nos termos do
art.º 818º n.º 2 do CPC.

Aproveita-se para referir que a execução embargada e suspensa na totalidade ou


em parte, prosseguirá se o executado deixar parados os embargos durante mais
de 30 dias por motivo que lhe seja imputável (art.º 818º, n.º 4 do C. P. Civil).

Exemplificando: Se, na petição de embargos, o executado invocar, como


fundamento de oposição, caso julgado anterior à sentença que serve de título
executivo (art.º 813º, al. g) do C. P. Civil) o qual, a ser provado, destruirá a eficácia
do título (art.º 675º, n.º 1 do C. P. Civil): devido ao curto prazo facultado ao
executado para deduzir oposição (10 ou 5 dias), este poderá ver-se na
contingência de não conseguir juntar certidão da primeira sentença (continente do
caso julgado) à petição de embargos e requerer um prazo suplementar (v. g. 10
dias) para entregar a certidão; se se desleixar e deixar passar os ditos 30 dias sem
entregar a certidão e sem justificar atempadamente o incumprimento, sofre a
mencionada cominação.

Anota-se a terminar que a contestação, pelo exequente, da petição de embargos


tem a função de «réplica», já que aquela petição, como se referiu, tem a função de
contestação da petição inicial da execução. Tal como à réplica (e à resposta à
contestação na acção sumária) a lei não confere efeito cominatório à sua não
dedução, ficando todavia o exequente naturalmente impedido de alegar objecções
às questões levantadas pelo executado na petição de embargos, nomeadamente
excepções. Essa omissão, porém, não invalida que, nos momentos processuais
adequados o exequente possa oferecer todos os tipos de prova susceptíveis de
contrariar os factos alegados pelo executado na petição de embargos (arts. 512º,
523.° e 524.° do C. P. Civil); exclui-se do que fica dito a execução sumaríssima
em que a prova testemunhal e por depoimento de parte só podem ser requeridas

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na própria contestação dos embargos (art. 794º, n.º 2 do C. P. Civil, aplicável por
força do art. 927º, n.º 4 do mesmo Código).

Não havendo contestação da petição dos embargos, não há qualquer cominação,


confrontando-se o conteúdo do requerimento executivo com o conteúdo alegado
na petição de embargos. Só há petição e contestação. Não é admissível a
reconvenção.
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1.1.3- Efeitos da procedência dos embargos:

a) declara-se extinta a execução

b) ordena-se o levantamento da penhora

c) ordena-se o cancelamento do registo da penhora

d) dá-se sem efeito a venda executiva

Caso especial de oposição oficiosa – nunca se pode admitir nem deixar prosseguir
execução sobre questões de direitos indisponíveis, ou seja, execução fundada em título
negocial sobre objecto que não admita transacção, nos termos do art.º 820º CPC.

2- FASE DA PENHORA (Conceito, função e objecto, natureza e efeitos)

2.1- Conceito, Função e Objecto

A penhora é um acto de desapossamento de bens do devedor, que ficam na posse do


tribunal a fim de este os usar para realização dos fins da acção executiva.

Com a penhora, opera-se uma transferência forçada da posse. Não há transferência do


direito de fundo, pois isso só ocorre com a entrega, ou venda ou adjudicação.

Mesmo nos casos especiais em que seja o executado depositário dos bens penhorados -
(art.º 839º, n.º 2), será um possuidor em nome alheio.

Esta fase tem por fim a especificação ou delimitação de bens certos e determinados do
património do executado, e até de terceiros nalguns casos (art.º 818º do CC e 821º do
CPC), e a sua afectação ao fim da acção executiva – satisfação do crédito exequendo.

A delimitação referida é feita com base em dois tipos de limites: objectivos e subjectivos.

- Quanto aos limites objectivos estes são marcados por duas regras e pelas
correspondentes excepções, sendo uma decorrente do disposto no art.º 601º do CC - os
bens patrimoniais respondem para qualquer dívida do seu titular, em regra e a outra consta
da norma do art.º 821º do CPC, segundo a qual os bens são penhoráveis, em regra.

CASTRO MENDES refere que os dois artigos referidos não jogam entre si, e só
implicitamente contêm estas regras gerais, pois cada um limita-se pelo outro: “são
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penhoráveis em regra os bens que respondem pela dívida (art.º 821º do CPC) e
respondem pela dívida em regra os bens penhoráveis (art.º 601º CC).

Ora, as duas regras, como referido, admitem excepções: há bens que não respondem por
certas dívidas do seu titular e há bens impenhoráveis.

Na verdade, são as excepções acima que importam alguma atenção e que analisaremos
sucintamente. 9

A propósito dos limites objectivos da penhora, CASTRO MENDES considera que é possível
classificar a impenhorabilidade em atenção a três critérios:

a) Impenhorabilidade absoluta e relativa – aqui a ideia central é a de o bem em causa


não poder ser penhorado ou poder sê-lo em certas condições. Ver especialmente os
art.ºs 822º e 823º do CPC e as categorias de bens que o Autor elenca na conjugação
destas normas com as de direito substantivo;

b) Impenhorabilidade total e parcial – esta classificação toma um bem em que se podem


distinguir partes, contando com a possibilidade de essas partes estarem sujeitas a
regimes diversos de penhorabilidade. Surge assim a figura da impenhorabilidade (e da
penhorabilidade) total ou parcial. São exemplos os soldos militares, os proventos dos
funcionários públicos, salários em geral, pensão de reforma, indemnização por acidente
ou renda vitalícia, etc. – art.º 823º, n.º 1, als. e) e f) e n.º 4.

c) Impenhorabilidade intrínseca e extrínseca - aqui a destrinça é feita consoante a


limitação resulte das próprias qualidades materiais ou jurídicas de certo bem, por
exemplo um túmulo é impenhorável – art.º 822º, n.º 1, al. c), ou de uma situação
jurídica particular em que o bem ou direito se encontra, por exemplo, um prédio é um
bem em si penhorável, mas se pertence ao Estado já não o será, em regra – art.º
823º, n.º 1, al. a).

- Relativamente aos limites subjectivos da penhora, estes estabelecem-se do seguinte


modo: só podem penhorar-se bens do executado ou de algum dos executados, não
respondem bens que no todo ou em parte, são de terceiro. Afloramentos destes limites,
ver art.ºs 824º e 825º do CPC.

A regra acima é de direito adjectivo ou processual civil e é absoluta. Não comporta


excepções. Diferente é a regra de direito substantivo segundo a qual só respondem pela
dívida bens do devedor, art.º 818º do CC. Esta regra tem excepções: por exemplo bens
empenhados ou hipotecados pertencentes a terceiro podem ser chamados a responder
por certa dívida. Mas para tal, o seu titular tem de ser parte passiva na execução. Um outro
exemplo é a fiança (dívida acessória).

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2.2- Procedimentos de determinação e efectivação da penhora

2.2.1– Nomeação dos bens à penhora (acto da parte):

a) No Requerimento Inicial: - no caso de processo sumaríssimo (art. 927º n.º 2


do CPC);

b) Por Termo, quando feita pelo executado (art. 837º n.º 2 CPC). 10

c) Por Requerimento, quando feita pelo exequente em face da devolução do direito


à nomeação (arts. 836º e 837º n.º 2 CPC).

d) Dispensabilidade de nomeação, quando se trate de obrigação com garantia real


(art.º 835º do CPC).

2.2.2 – Despacho determinativo da penhora (acto do juiz):

Pressupõe verificação dos limites subjectivos de penhorabilidade (art.ºs 817º e


818º do CC e 821º do CPC) e também os limites de suficiência dos bens
nomeados (art.º 833º CPC).

Não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir


judicialmente o seu cumprimento e de executar o património do devedor, nos
termos declarados neste código e nas leis de processo» – art. 817º do CCiv.

Em presença está, portanto, a esfera jurídica patrimonial do sujeito adstrito à


realização de uma prestação debitória, para com o seu credor – entendida aquela
como o conjunto de direitos, avaliáveis em dinheiro, pertencentes ao sujeito titular.
E a chamada «função externa» dessa esfera patrimonial: «os credores, se o devedor
não pagar a sua dívida, podem através dos tribunais fazer retirar bens do
património do devedor».

Alberto dos Reis escrevia que «razões de decência e de humanidade fazem com
que se subtraia à penhora, qualquer que seja a natureza da dívida, aquilo que é
absolutamente indispensável à vida do executado e de sua família».

Por isso, que gerando-se um conflito entre o direito do credor exequente a ver
realizado o seu direito (que também tem tutela constitucional) e o direito
fundamental da pessoa a receber uma prestação que lhe garanta uma subsistência
condigna, é este que há-de prevalecer. Em caso de tal colisão entre os dois direitos
«deve o legislador, para tutela do valor supremo da dignidade da pessoa humana,
sacrificar o direito do credor, na medida do necessário e, se tanto for preciso,
mesmo totalmente, não permitindo que a realização deste direito ponha em causa
a sobrevivência ou subsistência do devedor».

O que haverá é, então, de averiguar, em concreto (ou caso a caso) em que medida
o valor do provento nomeado à penhora é imprescindível à satisfação das
necessidades primárias essenciais do executado e de quem dele depende.

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A agressão ao património do executado só é permitida numa medida que seja


adequada e necessária para a satisfação da pretensão do exequente, o que conduz
a uma indispensável ponderação dos interesses do exequente na realização da
prestação e do executado na manutenção do seu património.

Quando respeite a bens imóveis, o despacho determinativo da penhora conterá a


nomeação de depositário, sob informação da secretaria (art.º 839º n.º 1 CPC).
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Havendo arresto, decretar-se-á a penhora, declarando-o convertido nesta, por


despacho, nos termos do art.º 846º CPC.

2.2.3 - Efectivação da Penhora (acto da secretaria):


a) A Penhora de Imóveis – incluindo nesta espécie, além da penhora da propriedade
perfeita, a do usufruto de imóveis ou da raiz dos bens sujeitos a esse encargo –
far-se-á por entrega simbólica ou efectiva (art. 840º CPC) dos bens ao depositário,
mediante termo no processo exarado no tribunal, de harmonia com o disposto nos
arts. 162º a 164º e 838º n.º 2 do CPC; em caso de dificuldades, a entrega efectiva
do bem penhorado poderá ser realizada, a requerimento do depositário, pelo
funcionário judicial, nos termos do art. 840º do CPC, lavrando-se o competente
auto da ocorrência;

b) A Penhora de Móveis – incluindo a penhora do usufruto de móveis – faz-se pela


efectiva apreensão dos bens e sua entrega a depositário ou remoção para a
secretaria judicial ou depósito público, avaliando-se os mesmos por louvado
nomeado, de tudo se lavrando o competente auto (art. 848º e 849º CPC).

c) A penhora de veículos automóveis far-se-á mediante auto, com prévia requisição


da respectiva apreensão à autoridade policial.

d) A Penhora de Direitos faz-se por notificação, nos termos seguintes: – quanto aos
créditos, art. 856º CPC; – títulos de crédito, art. 857º CPC; – abonos ou
vencimentos ou quantias depositadas na Caixa Geral de Depósitos, art. 861º CPC;

e) No que respeita à penhora de Estabelecimento Comercial como universalidade,


pondera-se a eventual necessidade de descrever no auto de penhora alguns dos
elementos que integram aquela universalidade.

f) A penhora em escritório ou arquivo de advogado terá de ser presidida pelo juiz,


em conformidade com o preceituado no art.º ____ do Estatuto da Ordem dos
Advogados.

2.3- Efeitos da Penhora


a) Especificação dos bens e sua indisponibilidade material – os bens passam a ser
conservados em nome e à ordem do tribunal (art. 838º n.º 2 e 848º CPC);
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Texto de apoio

b) Limitação da disponibilidade jurídica – ineficácia relativa aos actos de disposição


ou de oneração dos bens penhorados, em conformidade com o art. 819º e 820º
do CC;
c) A penhora gera a favor do exequente uma espécie de direito real de garantia,
segundo o qual ele adquire preferência sobre os bens penhorados, como aliás se
extrai do preceituado no art. 822º do CC.
12

2.4- Registo da Penhora


– Alguns exemplos de penhoras sujeitas a Registo:
a) Penhora de imóveis ou de direitos sobre eles – art. 2º n.º 1 alín n) do Código
de Registo Predial e 838º n.º 3 do CPC;
b) Penhora de créditos hipotecários ou garantidos por consignação de
rendimentos de coisas imóveis – art. 2º n.º 1 alín o) do Cód Reg Pred.
c) Penhora de veículos automóveis;
d) Penhora de navios ou de créditos hipotecários sobre eles – art. 4º alín f) do
Dec.Lei n.º 42.644 de 14 Nov 1959

2.5- Meios de oposição à penhora


1- Agravo do despacho determinativo da penhora;
Recurso de Agravo do despacho determinativo da penhora, nos termos gerais;
Sendo inadmissível recurso, dado o valor da causa, caberá reclamação por
nulidades, nos termos dos arts. 666º n.º 3, 668º e 801º CPC;

2- Protesto imediato.
Protesto imediato, em conformidade com o estatuído no art. 832º CPC;

3- Embargos de terceiro;
Dedução de Embargos de Terceiro: – preventivos, quando deduzidos depois de
ordenada mas antes de efectivada a penhora (art. 1043º do CPC); – repressivos,
quando deduzidos depois de efectivada a penhora (art. 1037º n.º 1 CPC);

4- Acção de reivindicação;
Acção de Reivindicação (art. 1311º do CC).

2.6- Caducidade da penhora - (art. 847º CPC):


a) Pressuposto: paragem do processo, durante seis meses, por negligência do
exequente;
b) Medida: levantamento da penhora, a requerimento do executado, e ordem de
cancelamento do registo quando o haja.

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Texto de apoio

2.7- Levatamento da Penhora


- Efectuada a penhora, ela ira subsistir, em princípio, até à venda do bem
penhorado. Pode, porém, extinguir-se por causa diferente da venda executiva, quer
essa causa implique a realização da execução ou não.
Então, a penhora é levantada, mediante despacho judicial, como acontece nos
casos seguintes:
a) Quando ocorra uma causa de extinção da execução diferente do 13
pagamento posterior à venda executiva;
b) Quando seja julgada procedente a oposição à penhora;
c) Quando o exequente desista da penhora, nos casos em que é permitida a
substituição por outro bem penhorado;
d) Se a execução estiver parada durante seis meses, por negligência do
exequente, e o executado requerer o levantamento;
e) No caso de desaparecimento do bem. (Ou há lugar a indemnização e a
penhora transfere-se para o bem sub-rogado (crédito ou quantia paga) –
art.º 823º CC ou não há lugar a indemnização e a penhora extingue-se por
falta de objecto).

3- CONCURSO DE CREDORES
3.1- Convocação dos credores.
Feita a penhora, citam-se os credores do executado, nos termos do art.º 864º do CPC.
Tratando-se de penhora de bens imóveis ou direitos reais sobre eles ou móveis sujeitos a
registo (veículos, aeronaves, navios, quotas sociais), tem de ser registada na Conservatória
do Registo Predial/Comercial e tem de ser junta pelo exequente ao processo certidão do
registo de penhora e dos direitos, ónus ou encargos inscritos sobre o bem penhorado.

3.2- Sistemas de execução


Entre nós, só os credores que gozem de garantia real sobre os bens penhorados podem
reclamar, pelo produto destes, o pagamento dos respectivos créditos e a reclamação tem
por base um título com força executiva, nos termos do art.º 865º CPC.

A este propósito é importante referir que a lei pode regular o processo de execução
segundo um de dois sistemas:
a) Sistema de execução singular – em que só o exequente obtém, pelo processo executivo
que moveu, a satisfação do seu crédito;
b) Sistema de execução colectiva – em que é permitido que todos os credores ou pelo
menos todos os credores cujos créditos se encontrem já vencidos, venham à execução
obter satisfação dos seus créditos.

Se ao sistema singular, entre outros defeitos, era apontada a possibilidade de dar alguma
vantagem injusta ao exequente em relação a outros credores, quebrando o princípio da par
conditio creditorum, ao sistema de execução colectiva, que era apontado como o que
pretendia evitar a referida vantagem injusta para o requerente em detrimento de outros
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credores do executado, também se apontavam críticas, desde logo, o facto de, ao permitir
que todos os credores com privilégios ou preferências sobre os bens penhorados fossem
admitidos na execução, torva esta muito morosa e prejudicial para o exequente e para o
executado.

Hoje, o sistema da nossa lei é o de execução singular. Mas não de uma execução
puramente ou absolutamente singular. Esta consideração resulta do facto de, entre nós, 14
vigorar o princípio segundo o qual os bens são vendidos livres de direitos reais de garantias,
nos termos do art.º 824º, n.º 2 do CC, admitindo-se, por isso, nos termos do n.º 1 do art.º
865º do CPC, que intervenham na execução os credores que gozem de garantia real dos
bens penhorados.

Portanto, com base no que ficou referido, será mais correcto qualificar o nosso sistema de
execução de misto ou tendencialmente singular, em que os credores vêm à execução
apenas para tutelar e fazer valer os seus direitos reais de garantia e nada mais.
- Pressupostos Específicos da Reclamação de Créditos – art.º 865º do CPC:
- Existência de garantia real sobre os bens penhorados – art.º 865º, n.º 1;
- Existência de título executivo - art.º 865º, n.º 2;
- Certeza e liquidez da obrigação - art.º 865º, n.º 3.

Caso haja credores que venham reclamar os seus créditos, forma-se o apenso de
Reclamação de Créditos(ART.865º a 869º CPC)

4- PAGAMENTO
Modos de pagamento (da quantia exequenda e dos créditos reclamados verificados e
graduados, caso os haja) – art.º 872º a 911º do CPC.

Na execução o pagamento pode ocorrer:


- Por entrega de dinheiro depositado existente no processo – art.º 874º do CPC;
- Por adjudicação ao exequente (a seu pedido) dos bens penhorados suficientes - art.ºs
875º a 878º do CPC;
- Por consignação de rendimentos auferidos dos bens imóveis ou móveis sujeitos a registo
– art.879 a 881 CPC
- Por venda:
a) Extrajudicial: - em Bolsa – art.º 884º do CPC; - venda directa – art.º 885º do
CPC; - por negociação particular – art.º 886º do CPC; - venda em estabelecimento
de leilão – art.º 888º do CPC
b) Judicial – art.º 889º do CPC: - por propostas em carta fechada – art.º 890º a
895º do CPC; - por arrematação em hasta pública – art.º 896º a 906º do CPC.

Depois de estes se pronunciarem ou não, o juiz ordena o modo do pagamento que ao


caso convier em conformidade com a lei (art.º 874º a 889º do CPC).

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A venda por arrematação em hasta pública é a modalidade de venda mais utilizada,


sobretudo quando se trate de imóveis ou móveis de elevado valor – art.º 889º a 911º do
CPC.
Três praças (901 a 903 CPC)

Atenção: - casos de anulação da venda – 908 CPC


- casos em que a venda fica sem efeito - 909 CPC 15

Remição, caso o cônjuge, descendentes ou ascendentes do executado


queiram – art. 912 a 915 CPC.

5- EXTINÇÃO
Extinção da execução.
a) Pagamento voluntário, quitação, perdão, renúncia - art.º 916º do CPC.
Junção ao processo o requerimento e o documento comprovativo do depósito da
quantia exequenda, ou o documento comprovativo do perdão, quitação ou
renúncia.

Feita a conta e pagas as custas, o juiz profere sentença de extinção.

b) Desistência (da instância ou do pedido) da execução pelo exequente – art.º 918º


CPC.
Apresentado o requerimento do exequente ou feita a desistência por termo no
processo ou por documento autêntico, nos termos do art.º 300º do CPC, profere-
se despacho a extinguir a execução.

N.B.: Em todos os casos de extinção da execução e havendo penhora de imóveis


ou móveis sujeitos a registo, o juiz ordena o cancelamento dos registos na sentença
de extinção ou antes.

6- RECURSOS
6.1- Apelação – art.º 922º do CPC.
- da sentença que conhecer da liquidação - art.º 807º do CPC;
- da sentença que decidir os embargos de executado - art.º 817º do CPC;
- da sentença de verificação e graduação de créditos - art.º 868º CPC;

O recurso de apelação tem efeito meramente devolutivo quando interposto no tribunal


de comarca.

Só tem efeito suspensivo se incidir sobre a sentença proferida nos embargos de


executado e o embargante tiver prestado caução.

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A apelação da sentença que conheça dos embargos de executado e da graduação de


créditos sobe no próprio apenso que, sendo o efeito meramente devolutivo, é
desapensado e instruído com certidões das peças consideradas necessárias mas fica
no processo principal certidão da sentença recorrida.

6.2- Agravo:
- da sentença homologatória do laudo dos peritos - art.º 809º e 922º, nº 4, ambos 16
do CPC;
- do despacho que, no apenso de verificação e graduação de créditos, declare
reconhecidos ou verificados créditos a graduar – art.º 868º, nº 1 e 922º, nº 4 do CPC;
- de outras decisões que não conheçam do mérito da causa – art.º 733º do CPC;

Regime dos agravos – art.º 923º do CPC.


1. Agravos interpostos no decurso da liquidação: sobem a final com a apelação
da sentença que julgar a liquidação ou com o agravo a que se refere o art.º
922º, n.º 4 do CPC;
2. Agravos interpostos de decisões proferidas nos apensos de embargos de
executado e de graduação de créditos - ver art.º 734º e ss do CPC;
3. Os outros agravos interpostos até à realização da penhora sobem quando
esta estiver concluída;
- os agravos interpostos depois de finda a penhora sobem quando estiver
concluída a adjudicação, venda ou remição de bens;

Estes agravos podem subir também com a apelação da sentença que julgar os
embargos de executado ou graduar os créditos ou julgar a liquidação e tenha efeito
suspensivo.

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Texto de apoio

✓ EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA - FORMA SUMÁRIA


Estão sujeitas à forma sumária as execuções fundadas em:
- Sentenças proferidas em acções declarativas com a forma de processo sumário
e as fundadas noutros títulos elencados no art.º 46º do CPC, quando o valor do
pedido estiver dentro da alçada do tribunal provincial - ver art.º 465º, n.º 2 do
CPC. 17

Especificidades:
Diferencia-se da forma ordinária em dois casos: prazos e regime dos agravos nos
embargos de executado – art.º 925º e 926º CPC.
a) Prazos: 5 dias para o executado pagar ou nomear bens à penhora ou, ainda, para
deduzir oposição (embargos de executado e recurso de agravo).
b) Agravo sobre despachos proferidos nos embargos de executado: aplica-se o
regime estabelecido para o processo sumário de declaração – art.ºs 792º, n.º 2 e
735º do CPC;

Supletivamente: aplica-se o regime estabelecido para a forma ordinária – ver art.ºs 466º,
n.º 2 e 463º e 464º do CPC.

✓ EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA - FORMA


SUMARÍSSIMA
Seguem esta forma as execuções fundadas apenas em sentenças proferidas em acções
declarativas com a forma sumaríssima que condenem em quantia certa ou na entrega de
coisa certa –art.ºs 465º, n.º 3 e 462º, n.º 1 do CPC.

Especificidades:
a) Legitimidade activa:
- A execução sumaríssima é promovida pelo MP quanto às custas liquidadas mas
não pagas e também quanto à quantia constante da sentença se o A. lho requerer
até 24 horas depois do termo do pagamento – art.º 927º, n.º1 do CPC.
- Se o A. não requerer, então, o MP instaura a execução por custas enquanto que
o A. instaura a execução para pagamento de quantia certa separadamente – art.º
927º, n.º 1 do CPC.

b) Formalidades – art.º 927º, n.ºs 2 e 3 do CPC.


- Direito de nomear bens à penhora – pertence exclusivamente ao exequente.
- A nomeação de bens consta logo do requerimento inicial de execução;
- Não há citação mas notificação do executado;
- A notificação do executado (para deduzir oposição por embargos) é feita só
depois de feita a penhora – art.927 nº3 CPC (o termo da penhora também lhe é
notificado).

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Texto de apoio

- A falta da notificação não constitui causa de anulação da venda – art.909 e 921


CPC.
- Atendendo ao valor, não há oposição por agravo;
- Prazo para embargar: 5 dias.
- Os embargos de executado seguem os termos do processo sumaríssimo (petição
de embargos e contestação, não há saneador especificação e questionário) – art.ºs
794º, 796º do CPC. 18

Supletivamente: aplica-se o regime estabelecido para a forma ordinária – ver art.ºs


466º, n.º 2 e 463º e 464º do CPC.

✓ ACÇÃO EXECUTIVA PARA ENTREGA DE COISA CERTA - TRAÇOS GERAIS


Corresponde e adjectiva a execução específica prevista no artigo 827 CC: se a prestação
consistir na entrega de coisa determinada, o credor tem a faculdade de requerer, em
execução, que a entrega lhe seja feita judicialmente.

Fim:
Destina-se esta espécie de execução a cumprir as obrigações de dar, de entregar e de
restituir uma coisa determinada, certa e fungível. Entrega material ou jurídica da coisa.
Mesmo as coisas móveis determináveis (por simples conta, peso ou medida) – art.º 930º,
n.º 2 do CPC.

A execução consome-se e extingue-se pela entrega da coisa. Se esta não for encontrada
há conversão para a execução por quantia certa do valor equivalente e do prejuízo
resultante da falta de entrega – art.º 931º do CPC.

Título executivo:
- Sentenças que condenam na entrega de determinada coisa;
- Outros títulos elencados no art.º 46º do CPC dos quais conste a obrigação de entrega
de coisa fungível.

Actos processuais:
1. Requerimento inicial executivo tendo anexado o título executivo.
2. Despacho inicial:
- de indeferimento liminar (art.474 ex vi 801CPC)
- de aperfeiçoamento (art.477 ex vi 801 CPC)
- de citação (art. 478, 479 e 811 CPC).
O executado é citado para no prazo de 10 dias fazer a entrega da coisa
ao exequente e para, querendo, deduzir embargos de executado ou agravar
– art.ºs 928º e 929º do CPC.

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Texto de apoio

3. Caso o executado não proceda voluntariamente à entrega, o juiz ordena em


conformidade com o disposto no artigo 930 do CPC. (conforme se trate de coisas
móveis/obrigações de quantidade, imóveis ou coisas em compropriedade).

4. E quando a coisa não seja encontrada para poder ser entregue ao exequente?
- O exequente pode pedir a convolação/conversão da execução em execução para
pagamento de quantia certa. 19
- Neste caso, a execução começará pela liquidação do valor da coisa e do prejuízo
resultante da falta de entrega – art.º 931º e 805º e ss. CPC
- Concluída a liquidação, o exequente procederá à nomeação de bens à penhora
para pagamento da quantia certa.
- Seguem-se os termos do processo executivo sob a forma ordinária, sumária ou
sumaríssima, conforme o valor.
- Cumpre-se o art.º 864º e ss. CPC

5. Fundamentos dos embargos:


- Os mesmos constantes dos art.º 813º a 815º CPC, na parte aplicável – ver art.º
929º do CPC;
- com fundamento nas benfeitorias a que o executado tenha direito – art.º 929º
n.º1 CPC . Neste caso, o despacho de recebimento dos embargos suspende a
execução até ao embolso do valor das benfeitorias quando as benfeitorias
concedam o direito de retenção (benfeitorias necessárias ou úteis), salvo se o
exequente depositar ou caucionar o valor das benfeitorias.

6. Agravos: em princípio, sobem a final, nos próprios autos e com efeito meramente
devolutivo, excepto nos casos a que se refere o art.º 923 nº1 a) e b) – art.º 932º
do CPC.

N.B.: A execução para entrega de coisa certa segue a forma processual ordinária,
sumária ou sumaríssima, conforme o valor da execução.
O ordinário segue supletivamente as regras do processo ordinária da execução para
pagamento de quantia certa.
O sumário segue supletivamente as regras daquele, excepto nos prazos e processo
de oposição que são os do sumário para pagamento de quantia certa.
O sumaríssimo segue supletivamente as regras deste último mas com os prazos e
processo de oposição da execução sumaríssima por quantia certa – ver art. 466 CPC.

✓ ACÇÃO EXECUTIVA PARA PRESTAÇÃO DE FACTO - TRAÇOS GERAIS


Destina-se a dar efectivação ao disposto nos artigos 828º e 829º do CC.
- Art.º 828º do CC (prestação de facto fungível): o credor de prestação de facto fungível
tem a faculdade de requerer, em execução, que o facto seja prestado por outrem à custa
do devedor.
- Art.º 829 CC (prestação de facto negativo):

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a obrigatória consulta e estudo da bibliografia recomendada.
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Texto de apoio

1. se o devedor estiver obrigado a não praticar algum acto e vier a praticá-lo, tem
o credor o direito de exigir que a obra, se obra feita houver, seja demolida à custa
do que se obrigou a não a fazer.
2. Cessa o direito conferido no número anterior, havendo apenas lugar à
indemnização, nos termos gerais, se o prejuízo da demolição para o devedor for
consideravelmente superior ao prejuízo sofrido pelo credor.
20
✓ EXECUÇÃO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO POSITIVO - FORMA ORDINÁRIA
– artigo 828º CC
Tem o seu regime processual nos art.ºs 933º a 940º do CPC.

Quatro situações podem ocorrer:


a) Se a obrigação/prestação de “facere” (facto positivo) tem prazo fixo e o
devedor não cumpriu: - o credor/exequente, expirado o prazo, pode requerer
a prestação por outrem – art.º 933º a 938º do CPC;

b) Se a obrigação/prestação de “facere” (facto positivo) não tem prazo fixo e o


devedor não cumpriu: - o credor/exequente pode provocar a fixação do vencimento
pelo tribunal através do meio previsto no art.º 939º e 940º do CPC. – ver também
art.º 777º do CC;
Se o devedor não cumprir no prazo fixado pelo tribunal pode requerer a prestação
por outrem – art.º 933º a 938 e 940º, n.º 2 do CPC.

c) Se a obrigação/prestação de “facere” (facto positivo) for infungível por natureza


ou convenção das partes e o devedor não cumpriu: - o credor pode apenas exigir
uma indemnização pelos danos sofridos pelo incumprimento da obrigação – art.º
933º, n.º 1 do CPC;

d) Se a obrigação/prestação de “facere” (facto positivo) for fungível e o devedor


não cumpriu: - o credor/exequente pode optar, nos termos do art.º 828º do CC e
933º, n.º 1 do CPC, entre a prestação de facto por outrem à custa do devedor ou
a indemnização pelo dano sofrido com o incumprimento da obrigação.

✓ Execução para prestação de facto positivo fungível


Para os casos em que o prazo esteja fixado no título executivo e o credor tenha optado
pela prestação de facto por outrem à custa do devedor – art.º 933º a 938º do CPC.

– Tramitação:
- Requerimento inicial
- Oposição à execução – art.º 812º do CPC
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: art.º 813º a 815º
CPC e ainda o art.º 933º, n.º 2 e 940º, n.º 2 do CPC.
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Texto de apoio

- Avaliação do custo da prestação e realização da quantia apurada – art.º 935º, n.º 1 e 2


do CPC;
- Realização da prestação de facto – art.º 935º, n.º 2 e 936º, n.º 1 do CPC;
- Apresentação e aprovação das contas – art.º 936º, n.º 1 e 2 e 1018º, n.º 1 do CPC;
- Pagamento do crédito apurado a favor do exequente: art.º 937º, n.º 1 e 455º do CPC.

✓ Execução para prestação de facto positivo infungível 21


Casos de execução para prestação de facto fungível com prazo certo fixado no título
executivo tendo o credor optado pela indemnização do dano sofrido.

– Tramitação:
- Requerimento inicial
- Oposição à execução – art.º 812º do CPC
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: ver art.º
813º a 815º do CPC e ainda o art.º 933º, n.º 2 e
940º, n.º 2 do CPC.
- Conversão da execução para prestação de facto em execução para pagamento
de quantia certa – 806º ex vi 934º e 931º CPC.

✓ Execução para prestação de facto positivo - sem prazo fixado no título


executivo – art.ºs 939º e 940º do CPC;
- Tramitação:
- Requerimento inicial – art.º 939º, n.º 1 do CPC;
- Resposta sobre o prazo – art.º 939º, n.º 1 do CPC e oposição à execução – art.ºs 812º
e 939º, n.ºs 2 e 3 do CPC;
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: art.ºs 813º a
815º do CPC e ainda o art.ºs 933º, n.º 2 e 940º, n.º 2 do
CPC.
- Fixação do prazo pelo tribunal – art.º 940º, n.º 1 do CPC.
- Se o executado prestou o facto no prazo fixado – a execução é extinta.
- Se o executado não presta o facto, então, segue-se a tramitação prevista na primeira ou
na segunda situação, já referidas – art.º 940º, n.º 2 do CPC.

✓ EXECUÇÃO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO NEGATIVO - Forma Ordinária –


artigo 829º do CC.
1- Regulação: - art.ºs 941º e 942º do CPC.
O credor tem direito a exigir do devedor:
- demolição da obra à custa do devedor
- e indemnização do dano sofrido.

2- Tramitação processual:
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Texto de apoio

A- Requerimento inicial em que pede:


- a verificação da infracção da obrigação por meio de exame ou vistoria;
- a demolição da obra (se for o caso);
- a indemnização pelo prejuízo sofrido
- a fixação do dia para a nomeação de peritos:
- a citação do executado para em 10 dias deduzir oposição por embargos
B – Oposição à execução – art.º 812º do CPC 22
- agravo
- embargos de executado – fundamentos: ver art.ºs 813º
a 815º do CPC e ainda o art.º 941º, n.º 2 e 4 do CPC.
C – Nomeação de peritos e exame ou vistoria
D – Despacho sobre a violação da obrigação – art.º 942º, n.º 1 do CPC.
E – Termos posteriores

Caso seja ordenada pelo Tribunal a demolição da obra à custa do executado e fixada a
indemnização pelos danos sofridos ou fixar apenas esta última – segue-se o disposto nos
art.ºs 933º a 938º, ex vi art.º 942º, n.º 2 do CPC.

- Forma sumária
Únicas especificidades – ver art.ºs 466º, n.º 2, 2ª parte e 924º e 925º do CPC.
- O prazo para deduzir os embargos e para os contestar é de apenas 5 dias.
- Os termos dos embargos são os do processo sumário de declaração.

*** FIM***

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a obrigatória consulta e estudo da bibliografia recomendada.
Direito Processual Civil – II
4º Ano/P. Lab. - FDUCAN
Texto de apoio

✓ GUIA DE ESTUDOS

Para estudo e preparação, para além da imprescindível e permanente leitura e interpretação da matéria
leccionada, pode o estudante procurar testar a sua compreensão respondendo ou debatendo com colegas
as questões, temas e hipóteses abaixo, que servem unicamente para treinamento, nada obstando que nos
exames sejam colocadas questões, temas e hipóteses diferentes dos que aqui são apresentados, que são
meros exemplos e destinam-se unicamente a estimular e direccionar a preparação do estudante. 23

1- Questões e temas de resposta ou desenvolvimento (sucinto):


a. Dê o conceito de acção executiva, referindo-se expressamente ao que lhe serve de base, bem como ao seu
fim e objecto.

b. Defina acção executiva e, consoante o seu fim e estrutura, aponte as diferenças entre esta e a acção
declarativa.

c. O que entende por título executivo e diga se bastará a sua apresentação, como causa de pedir, para ficar
dispensada a indicação de factos no requerimento executivo?

d. O que entende por título executivo, qual a sua função na instância executiva e, em face das espécies de
título constantes do art.º 46º do CPC, como podem ser elencados?

e. Os embargos de executado, enquanto meio de oposição à disposição do executado, uma vez admitidos,
impedem o normal andamento da execução?

f. Por sentença, já transitada em julgado, J. & Filhos, LDA foi condenada a demolir um muro, a restituir
uma máquina e a pagar uma indemnização à ANGO-VENDAS, S.A., e, porque aquela não realizou
as prestações voluntariamente, esta última, que obteve a decisão a seu favor, pretende intentar uma única
acção executiva para ver as prestações realizadas coercivamente. Pode fazê-lo? Justifique a sua resposta.

g. Nos termos da alínea a) do artigo 46º do CPC, apenas as sentenças condenatórias proferidas em acção
declarativa de condenação constituem títulos executivos judiciais.

h. O Tribunal Supremo tem competência para as acções executivas baseadas em títulos judiciais, desde que
se trate de acórdãos por ele proferidos em acções declarativas, com trânsito em julgado.

i. Contra o possuidor de bens onerados não pode o credor com garantia real sobre os referidos bens, em
situação alguma, mover acção executiva, devendo este último optar por uma acção declarativa, para que
contra aquele possuidor obtenha título executivo, com base no qual se poderá aferir a legitimidade do
possuidor para estar na acção executiva como parte passiva.

j. Para a exigência de título executivo, considerado como pressuposto processual específico de carácter
formal da acção executiva, o nosso legislador adoptou uma solução de compromisso entre dois princípios.

k. A legitimidade é um dos pressupostos processuais da acção executiva, sendo que, só poderão configurar
como partes na referida acção, aqueles que configurem do título executivo como credor (exequente) e
devedor (executado).

l. A procedência dos embargos produz seus efeitos ao nível da execução, da penhora e do seu registo.

m. Dê a noção de penhora e refira-se a sua função, objecto e seus principais efeitos.

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n. Os embargos de executado constituem um dos meios de oposição à execução à disposição do executado,


com fundamentos legais específicos que a doutrina referencia em dois sistemas, tendo efeitos ao nível do
seu recebimento que são distintos dos efeitos resultantes da sua procedência”.

o. Numa acção executiva para pagamento de quantia certa a penhora incide sobre o património do devedor
(executado) e apenas este pode ser objecto de penhora.

p. Feita a penhora, passa-se, nos termos do art.º 864º e seguintes do CPC, à convocação de credores,
distinguindo aqui a doutrina dois sistemas de execução: o sistema da execução singular e o sistema da 24

execução colectiva. Assim, referindo-se previamente aos pressupostos ou requisitos da Reclamação de


Créditos, diga, sumariamente, em que consiste cada um dos sistemas apontados e caracterize o sistema de
reclamação de créditos consagrado no nosso CPC, fundamentando legal e doutrinalmente a sua resposta.

q. A causa normal de extinção da execução para pagamento de quantia certa é o pagamento coercivo,
podendo a execução, no entanto, extinguir-se sem que tenha lugar o pagamento coercivo. Comente.

2- Hipóteses Práticas:
Resolva:
- Hipótese 1:
MARIA ficou obrigada a demolir um muro, a restituir uma máquina e a pagar uma indemnização
no valor de 5.000.000,00 Kz. (cinco milhões de Kwanzas), por acordo feito na sequência de danos
que causou à propriedade de MARTA, acordo em que a assinatura de MARIA se mostra
devidamente reconhecida.
a) Que modalidade ou situação especial de obrigação está patente no caso e em que consiste? -(2
valores)
b) Pode MARTA intentar uma única acção executiva para realização coerciva das prestações a
que MARIA está obrigada, com base no referido acordo? Se sim, diga que tipo ou espécie de
execução e fundamente a sua resposta. (3 valores)

- Hipótese 2:
Numa acção declarativa de condenação sob a forma ordinária foi proferida sentença que condenou JORGE
a pagar a quantia de 7.000.000,00 Kz. (sete milhões de Kwanzas) a JÚLIO, sentença esta que foi proferida
a 12.03.2020, devida e legalmente notificada às partes a 18.03.2019.

Notificado da decisão, JORGE interpôs recurso dela, recurso que foi admitido como de apelação, com efeito
suspensivo, admissão que também foi prontamente notificada às partes (JORGE e JÚLIO).

Apesar de pendente de recurso a decisão, JÚLIO decidiu, a 29.08.2019, intentar uma acção executiva para
pagamento de quantia certa contra JORGE, com base na referida sentença, que alegou ser título executivo
bastante.

1- Com base na hipótese, pode a acção executiva seguir seus termos tendo como base a referida sentença?
Fundamente a sua resposta.
2- Suponha agora que o referido recurso interposto da decisão tivesse sido admitido com efeito
meramente devolutivo. Podia a acção executiva intentada por JÚLIO seguir seus termos?
Fundamente.

- Hipótese 3:
JORGE, credor, intenta duas acções executivas para pagamento de quantia certa contra JOSÉ e
JORGINA, devedores. No primeiro processo, contra JOSÉ, JORGE não alega nem junta o título executivo
nem faz menção da sua existência.

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No processo contra JORGINA, diferentemente do anterior, JORGE alega o título executivo, que diz ser
um documento particular com a assinatura de JORGINA reconhecida presencialmente, na sequência de um
contrato que haviam celebrado, mas não o junta à p.i. (requerimento executivo), que foi recebida pela
Secretaria do Tribunal e distribuída nos termos da lei.
- Que tratamento jurídico-legal deve ser dado às duas situações referidas na hipótese? Fundamente.

- Hipótese 4:
Com base num documento autenticado, veio JANUÁRIO intentar uma acção executiva para entrega de coisa
25
certa contra MARIA. Alegou, além da junção do documento referido, que este, que é um escrito particular
cujo conteúdo foi confirmado pelo Notário, dá forma ao contrato pelo qual Maria vendeu o imóvel de que é
(era) proprietária a Januário. Acrescentou que apesar de ter pago o preço do imóvel à Maria, esta não cumpriu
com a sua obrigação de entregar o imóvel, não obstante interpelada pelo comprador por diversas vezes, razão
pela qual vem agora pedir a entrega do imóvel de forma coerciva, por ter em mãos um título com força
executiva nos termos da lei.
- Pode a acção executiva seguir seus termos com base no referido documento autenticado? Fundamente a sua
resposta.

- Hipótese 5:
Juliana Machado e Juliano Machado obrigaram-se, mediante um termo de compromisso, a pagar à CASAS
LINDAS, S.A., o valor de 8.504.001,00 (oito milhões, quinhentos e quatro mil e um Kwanzas), encontrando-
se o referido escrito devidamente assinado pelos obrigados, assinaturas que foram reconhecidas
presencialmente perante o Notário, nos termos legais.

Com o original do referido termo, a CASAS LINDAS, S.A. contratou um Advogado que, depois de sucessivas
interpelações aos devedores da sua constituinte, decide intentar uma acção executiva apenas contra Juliano
Machado, que foi citado para pagar a quantia exequenda ou nomear bens à penhora, no prazo de 10 dias, ou
ainda, para no mesmo prazo, opor-se à execução por embargos ou agravar do despacho de citação.

Juliano Machado, regular e pessoalmente citado na execução, nada fez e, decorrido o prazo legal, foi devolvido
o direito de nomeação de bens à penhora à exequente, CASAS LINDAS, S.A., que veio nos termos da lei,
nomear bens (imóveis e móveis) diversos, no valor da quantia exequenda, identificando-os devidamente.

Ora, entre os bens nomeados, além dos pertencentes à Juliana Machado e ao Juliano Machado, a exequente
nomeou também um bem imóvel pertencente à Julianinha Machadinho, filha de Juliano Machado, o
executado.

Por sua vez, o tribunal determinou (ordenou) a penhora de todos os bens então nomeados, despacho que foi
notificado ao executado na acção executiva, que mais uma vez não reagiu e, alguns dias depois, foi efectuada
a penhora dos mesmos.

1- Imagine que perante a hipótese e já depois de efectuada a penhora de todos os bens nomeados, Juliana
Machado venha contactá-lo, como Advogado, e solicite que a represente e reaja imediata em defesa
dos seus interesses.
- Que meio ou meios processuais utilizaria para o efeito? Fundamente. – (3 valores)

2- Suponha que Juliano Machado, que não reagiu contra o despacho determinativo da penhora, no
trigésimo dia após a sua notificação e já no momento em que se efectuava a penhora dos seus bens,
solicite a si, como seu Advogado, presente na diligência, que recorra do referido despacho, por
entender que entre os bens indicados pela exequente, sobre os quais o tribunal determinou a penhora,
constava o imóvel de sua filha e que a situação estava a causar um grande mal-estar entre pai e
filha.
a) Poderia com os referidos fundamentos usar o meio proposto pelo seu constituinte naquele
momento ou a posterior? Justifique a sua resposta, fundamentando legal e doutrinariamente.

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b) Caso não concorde com o meio proposto pelo executado para reagir contra a penhora, diga que
outro meio ou meios de oposição à penhora poderiam ser utilizados para salvaguardar os
interesses de Julianinha Machadinho no processo, logo depois do despacho determinativo da
penhora?
3- Ainda na hipótese, considere que Juliano Machado havia convencionado com a CASAS LINDAS,
S.A. que determinado bem imóvel de que é titular não poderia ser penhorado e, apercebe-se que a
exequente o nomeou e o tribunal determinou a penhora do mesmo, que acabava de ser efectuada.
- Poderia Juliano Machado, executado nos autos, opor-se à penhora deste bem em particular? Como
e com que fundamento? 26

- Hipótese 6:
Joana obrigou-se mediante um contrato de compra e venda a pagar à empresa IMOVENDAS, LDA. o
valor de AKZ. 740.000,00 (setecentos e quarenta mil Kwanzas) pela aquisição de produtos cosméticos
diversos e, porque a referida empresa tinha problemas no terminal de pagamentos automático - TPA da
sua loja, Joana redigiu/lavrou ai mesmo na loja, numa folha de papel A4, um termo em que assumia a
dívida e se comprometia a pagar o preço dos produtos que estava a levar no dia seguinte, por depósito ou
transferência bancária e que apresentaria o comprovativo do pagamento na loja, num prazo não superior
a 48 horas, tendo-lhe sido entregues pela IMOVENDAS, LDA., as coordenadas bancárias para o efeito.

Sucede que Joana não cumpriu naquele prazo nem depois, apesar de constantes interpelações que lhe
foram feitas pela IMOVENDAS, LDA.

No entanto, a quando da segunda interpelação, Joana deslocou-se à loja da IMOVENDAS e solicitou


ao representante da IMOVENDAS que cedesse o termo que havia assinado para que fosse reconhecer a
sua assinatura, alegando que não tinha feito o pagamento apenas por contratempos e que queria
demonstrar que estava de boa-fé, pelo que foi ao Notário e reconheceu a sua assinatura aposta no termo
presencialmente, devolvendo-o depois ao representante da IMOVENDAS.

Decorrido algum tempo, Joana não mais deu qualquer sinal, nem efectuou o pagamento a que se obrigou,
tendo a IMOVENDAS, LDA. decidido intentar acção executiva contra a sua devedora, com objectivo
de ver reparado coercivamente o seu direito.

1- Atente à hipótese e diga se a IMOVENDAS pode requerer acção executiva contra Joana com base
no termo de compromisso que assinou e que tipo de execução poderia requerer. Justifique a tua
resposta.
2- Suponha que Joana não reaja à citação e, devolvido o direito de nomeação a penhora à exequente,
esta nomeia a capela particular de Joana, um apartamento do Estado em que ela reside pela função
pública que exerce, e uma viatura de marca RAV 4 pertencente ao seu pai e, por despacho, o Juiz
que não se apercebeu da situação dos referidos bens, determinou a penhora dos mesmos, tendo o
despacho sido notificado à Joana através do seu Advogado.
a) Que reacção poderia Joana ter de imediato após a notificação do despacho determinativo da
penhora? Justifique.
b) Imagine agora que o Advogado de Joana não reaja após a notificação do despacho nos termos
acima e se encontre em face da penhora em si mesma. Pode ainda, de alguma forma, opor-se à
penhora? Como? Justifique.

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