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UNIVERSIDADE CATOLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

DIREITO DO COMERCIO INTERNACIONAL

TEMA

EVOLUÇÃO DO COMERCIO INTERNACIONAL DA IDADE MÉDIA A


ACTUALIDADE

Luanda, 2021

Professor: Dr. Carlos Queta

i
[ii]

O verdadeiro comércio inspira virtudes


próprias: a economia, a boa-fé, a
exactidão, a ordem e actividade leal.

Eça de Queiroz

ii
[iii]

Professor: Dr. Carlos Queta

Integrantes do grupo:

 Celso Dário de Carvalho Gouveia Carlos – 15958


 Eunice Pedro de Deus – 18064
 Águeda Tomás – 13540
 Tsinduka Uta – 17707
 Leonísio Santos – 13732
 Simão Lopes -12536
 Helder Muti – 14636
 Carmen Doce – 18159
 Ianira Miguel – 15408
 Luis Carlos – 18515
 Dinis Kakepa- 11028

iii
[iv]

AGRADECIMENTOS

A Deus pelas nossa vidas e por ajudar-nos a ultrapassar todos os obstaculos


encontrados ao longo deste ano academico.
A cada um dos participantes pela dedicação e entrega, aos nossos professores pela
oportunudade de nos permitir esquisar um tema tão actual e actuante nos dias de
hoje e por toda dedicação em partilhar o seu saber em sala de aula.

iv
[v]

RESUMO

Dado o crescente número de grupos de interesse atuantes no âmbito do comércio


internacional, verifica-se uma diversidade de fontes do Direito do Comércio
Internacional.

O presente trabalho estuda os três principais vetores de criação deste ramo, de modo a
analisar o quanto uniforme é esta criação. Primeiramente, averígua-se o papel das
organizações internacionais especializadas em criar normas uniformes sobre comércio
internacional e temas a fins. Essas organizações, por vezes privadas, por vezes compostas
apenas por Estados, funcionam não apenas como uma fonte de Direito, mas também como
fórum de debate entre os Estados. Posteriormente, verifica-se a função interpretativa e
harmoniosa das cortes arbitrais, novamente, especializadas no tema em tela. Por fim,
estuda-se, talvez, o principal vetor é a própria lex mercatoria traduzida como conjunto de
princípios criados pelos agentes econômicos no mercado internacional. Este conjunto de
princípios tem importância para comércio interfronteiriço desde seu surgimento, na Idade
Média, e ganha destaque, no presente trabalho, quanto a sua conciliação com o Direito
estatal.

Desta forma, conclui-se que a atuação de diferentes fóruns e agentes econômicos que vão
desde o Estado à empresa transnacional, numa complexa rede de interesses diversos, se
traduz no Direito do Comércio Internacional.

v
[vi]

SUMARIO

AGRADECIMENTOS ....................................................................................... iv
RESUMO............................................................................................................ v
SUMARIO ......................................................................................................... vi
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 3
O DIREITO DO COMERCIOINTERNACIONAL ............................................... 4
A UNIFORMIZAÇÃO ...................................................................................... 5
BREVE HISTORICO DA EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL...... 7
DIPLOMACIA ................................................................................................. 8
O APERFEIÇOAMENTO DO COMÉRCIO ...................................................... 11
AS FORMAS COMERCIAIS MAIS MODERNAS ............................................ 11
O COMÉRCIO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ..................................... 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 13
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA ................................................................... 14

vi
[1]

INTRODUÇÃO

Não há dúvida que o comércio sempre ocupou importante lugar no seio da humanidade,
tendo papel fundamental no seu desenvolvimento,isso se apresenta hoje no grande
fascínio exercido pelo consumismo na vida das pessoas, o que, ajudado pelo avanço
tecnológico, facilita a aquisição de bens e serviços.
Diante dos grandes conglomerados econômicos que não param de se fortalecer, fica difícil
imaginar a vida sem a atividade mercantil, uma vez que, de um jeito ou de outro,
praticamente todos, cada um em sua medida, estão envolvidos na rede mundial de
consumo que se transformou o comércio.

Essa incrível participação das transações mercantis na vida moderna faz surgir várias
outras relações jurídicas, as quais necessitam de uma regulamentação própria em razão
de sua natureza específica. É aí que entra o papel decisivo do Direito do comercio
inernacional, ou empresarial como muitos já o definem.
Tal disciplina da atividade mercantil, que surgiu, como se verá mais detalhadamente no
decorrer deste trabalho acadêmico, dos usos e costumes da classe comerciante da Idade
Média, adquiriu grandes proporções e elevada importância, disciplinando toda a seara
mercantilista: operações de crédito, direitos do consumidor, celebração de contratos,
fusão de grandes empreendimentos, controle de práticas econômicas abusivas, consumo
de produtos importados, cheques sem fundos, circulação de bens e valores, entre muitas
outras operações executadas pela quase totalidade dos habitantes do planeta.

Isso é apenas uma amostra de como os empreendimentos comerciais e,


consequentemente, o Direito Comercial, estão presentes no atual modelo social; mais
inserido na vida das pessoas do que se pode dar conta, principalmente pela tênue fronteira
que separa os países em tempos de globalização, ou mundialização como preferem
alguns. Se historicamente o comércio nunca conheceu fronteiras, isso está ainda mais
acentuado na contemporaneidade.

Diante dessa constatação, depreende-se que só vem a aumentar a importância de se ter


um Direito Comercial sintonizado com as novas exigências da vida moderna, menos
conhecido do que vários outros ramos jurídicos, como o Direito Civil ou o Direito Penal
[2]

mas talvez tão ou mais utilizado que muitos, torna-se cada vez mais necessário se estudar
essa disciplina jurídica com a mesma atenção dispensada às demais é com essa
perspectiva que este artigo será desenvolvido.
[3]

DESENVOLVIMENTO

A criação do Direito do Comércio Internacional, uma uniformização desuniforme a


história da uniformização do Direito Comercial inicia-se no Renascimento, em que foi
preciso enfrentar uma Europa dividida em pequenos feudos fechados em suas próprias
atividades agrícolas, sem qualquer atividade comercial entre eles. Com o Renascimento
e o crescimento das cidades italianas mercantis, passou-se a utilizar, no mercado europeu,
o que hoje é chamada lex
mercatoria.
Segundo Irineu Strenger (STRENGER, 2005), Goldman define a lex mercatoria como
sendo “precisamente um conjunto de princípios, instituições e regras com origem em
várias fontes, que nutriu e ainda nutre estruturas e o funcionamento legal específico da
coletividade de operadores do comércio internacional”.
Assim como no passado, o mercado atualmente busca mecanismos legais eficientes na
regulamentação do Direito do Comércio Internacional através da uniformização de
normas mercantis.
Para isso, em lugar de se buscar a aplicação da norma do vendedor ou do comprador,
através de uma regra de conexão, ou do princípio da proximidade, ou ainda do interest
analisys; no comércio internacional a solução mais eficiente foi sempre a combinação, a
uniformização e a criação de uma norma comum. Deste modo, o contrato internacional é
regulado por uma norma conhecida por ambas as partes. A harmonização legislativa, por
tanto, desde sua origem, com o fim do Feudalismo e o início do Capitalismo, tem sido
uma das diretrizes mais importantes para o comércio internacional. O desenvolvimento
do comércio internacional através, especialmente, da expansão dos meios de
comunicação e a abertura dos mercados, permite que se afirme, hoje, viver-se em uma
nova etapa da Globalização, tal fenômeno, controvertido quanto à sua origem, dá-se
através da integração econômica e social dos povos em sua esfera global, que, por sua
vez, ocorre por meio da troca cultural e a expansão dos mercados nacionais (MAXEINER,
1997).

Apesar de divergências doutrinárias quanto às etapas da Globalização, é senso comum na


doutrina caracterizar essa nova etapa pela crescente velocidade em que as trocas de
informações são feitas e os problemas advindos desta nova realidade, como as questões
envolvendo propriedade intelectual e pelo uso das novas tecnologias, como a internet. No
[4]

Direito, segundo Cláudia Lima Marques, Erik Jayme afirma tratar-se de tempos pós-
modernos caracterizados pela pluralidade, comunicação, velocidade, fluidez e
internacionalidade das relações privadas (MARQUES, 2008).

Neste contexto, deparamo-nos com uma diversidade não apenas cultural, mas também
legislativa, em que para o mesmo caso é possível aplicar mais de uma lei nacional, por
vezes, uma regra internacional, ou mesmo o Direito Consuetudinário. Conclui-se, desta
forma, que, cada vez mais, os diversos procedimentos de uniformização, a serem vistos
mais a diante, criam, na verdade, uma variedade tão rica e não centralizada de regras de
Direito do Comércio Internacional, que nos permite falar em uma uniformização
desuniforme.

O DIREITO DO COMERCIOINTERNACIONAL

A criação do Direito Comercial Internacional dá-se pela própria uniformização das


normas substanciais de direito comercial (CASTRO, 2000 e TENÓRIO, 1976). Enquanto,
por outro lado, o Direito Internacional (Privado) Comercial diz respeito a regras internas
relativas a conflitos mercantis com elemento internacional. Oscar Tenório destaca que tal
distinção não justifica o estudo separado, uma vez que a “uniformização do direito é fruto
da experiência e da observação das regras de conflitos de leis propriamente ditas dos
vários países” (TENÓRIO, 1976, p. 224).

Assim sendo, Irineu Strenger define o Direito Comercial como “o complexo de normas
jurídicas que regulam entre particulares relações que derivam da atividade comercial”.
Neste sentido, o autor entende que o Direito Comercial Internacional é parte do Direito
Internacional Privado, que tem por objeto “fixar os princípios que determinam a
competência das normas jurídicas dos Estados, pertencentes ao direito comercial”
(STRENGER, 2005, p. 757).

No entanto, o mesmo autor defende a autonomia deste ramo, ao explicar que o Direito do
Comércio Internacional, ainda em vias de consolidação, utiliza-se de meios técnicos mais
amplos que o Direito interno, justamente pela natureza internacional das suas relações
[5]

jurídicas. No entanto, a autonomia do Direito do Comércio Internacional estará sempre


condicionada à efetividade da lei
interna (STRENGER, 1996). No que se refere às fontes, Maristela Basso afirma que o
Direito do Comércio Internacional possui tanto fontes de direito transnacional, como de
direito interno. No entanto, a autora explica que as primeiras atuam na ausência de normas
nacionais, sendo objeto de grandes contestações doutrinárias. Além disso, a autora inclui
no grupo de normas transnacionais a lex mercatoria e seus ramos específicos, como a lex
petrolea (RIBEIRO, 2006). Em contrapartida, Irineu Strenger afirma que as normas
consuetudinárias e os tratados normativos são as fontes exclusivas do Direito do
Comércio Internacional, visto que, como parte do Direito Internacional, este deve
manifestar-se apenas através da “vontade concorde de vários Estados” (STRENGER,
2005, p. 759). O autor explica que há dois pressupostos fundamentais a existência do
Direito do Comércio Internacional: “a diversidade das normas do direito comercial” e “a
existência do comércio internacional” (STRENGER, 2005, p. 757-758).

A UNIFORMIZAÇÃO

Se o fenômeno da uniformização das regras de Direito do Comércio Internacional é o


reflexo da crescente integração comercial mundial ou se é, por si, o facilitador deste
último, tal diagnóstico é irrelevante dado o estágio avançado em que ambos os fenômenos
hoje se encontram. O que é digno de nota, sem dúvida, é a correlação entre estes dois: o
comércio cresce na medida em que as
normas se uniformizam e a uniformização das normas cresce na medida em que o
comércio internacional se expande. Dada esta afirmativa, importa, neste momento,
analisar o fenômeno da uniformização.

Como ressalta Jacob Dolinger, as diversidades fruto da cultura de cada povo são naturais
e necessárias. O direito uniforme, segundo o autor, é sempre bem-vindo, quando
espontâneo (DOLINGER, 2009). Oscar Tenório, seguindo a esteira de René David, cita
os principais fatores de influência para as legislações como sendo os aspectos geográficos,
raciais, lingüísticos, religiosos e
econômicos. Continuando o autor afirma: “Sem um sentido da realidade nacional não é
possível pensarmos em unificação” (TENÓRIO, 1976, p. 39).
[6]

A idéia de uma uniformização geral e universal do Direito já foi, há muito, superada. Já


no século XX, a ilusão de se criar um Direito Universal se desfez. Passou-se a entender
que tal ideal não passava de uma utopia, uma vez que o Direito Uniforme, para sua
exigibilidade, depende da concessão de cada país individualmente, da aplicação uniforme
de cada jurisprudência e que tal
ideal era impraticável, especialmente em relação a determinados institutos do Direito
Civil, que refletem a cultura e a tradição de cada povo (CASTRO, 2000).
No entanto, com o Direito Comercial, como bem ressalta Jacob Dolinger, o processo de
uniformização, senão natural, faz-se, sem dúvida, necessário (DOLINGER, 2009). No
mesmo sentido, Irineu Strenger entende que, no Direito Comercial, a unificação das
normas de Direito Internacional Privado aparece como um anelo mais justificado
(STRENGER, 2005). Por essa particularidade é que se vê a grande atividade
uniformizadora no ramo do Direito Comercial. Uma
vez que o comércio internacional guarda em si a consequência natural de ser
multiconectado a diversos ordenamentos jurídicos distintos, é também imprescindível que
suas normas venham a suprir futuros conflitos de leis.
Com este objetivo, são muitos os exemplos de normas de Direito do Comércio
Internacional uniformes. Apenas a título ilustrativo, seguem as que se pode chamar de
principais para o Brasil e o mundo: Convenção de Genebra para a Adoção de uma Lei
Uniforme Sobre Letras de Câmbio e Notas Promissórias, de 1930; Lei Uniforme Relativa
ao Cheque, de 1931; Convenção Européia
sobre Resolução de Disputas Envolvendo Investimentos entre Estados e Nacionais de
Outros Estados, de 1965; Convenção Interamericana Sobre Arbitragem Comercial
Internacional, de 1975; de Roma, de 1980; a Convenção das Nações Unidas para a Venda
Internacional de , de 1980; e Convenção Interamericana sobre Direito Aplicável aos
Contratos Internacionais, de 1994.
[7]

BREVE HISTORICO DA EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

O Comércio Internacional é uma evolução das práticas relacionais desenvolvidas desde


os povos antigos, no principio caracterizados, na Idade Antiga, por serem nómadas e
extractivistas. As relações comerciais entre tais tribos se davam através do chamado
“escambo” (troca pura e simples de bens sem uso de moeda), a grande dificuldade neste
período era em algumas ocasiões encontrar quem desejasse o que se tinha e ao mesmo
tempo dispor do produto do qual se almeja ter. Chegava-se inclusive a gerar rixas e
guerras entre tribos por algo que era objecto de desejo.
Outros problemas que se originaram neste período antigo é que com o crescimento
populacional das tribos, em geral, onde nem todos eram escravos (provenientes da
absorção de outras tribos e até mesmo trocas), uma parte dos trabalhadores da tribo eram
servos livres, onde recebiam de seus senhores favores ou produtos como remuneração,
que em alguns casos gerava certo ciúme, pela valorização de um produto em detrimento
da desvalorização de outro. Ou ainda, em uma determinada troca em que não se chegava
há um consenso sobre os valores dos produtos trocados, ou quando ambos comerciantes
reconheciam que um determinado produto era de menor valor que o outro, como mensurar
o saldo devedor, e em que se estabelecia este saldo devedor.
Para facilitar as relações comerciais nesta época nasce a “moeda” (bens de aceitação
mútua que são eleitos como intermediários de trocas, ou ainda, que serve como medida
de valor e que tem aceitação geral). No inicio tais moedas eram produtos como gado,
trigo, cevada, bebida, onde se estabeleceu valores como, por exemplo, hipoteticamente
falando, um boi valia 10 vestimentas, ou ainda, uma porção de trigo valia 5 doses de
bebida, e por aí vai. Surgiu no mesmo período as primeiras moedas cunhadas em cobre,
bronze e ferro, e mais tarde se percebeu que pela abundância destes metais não nobres e
por sua deterioração e fraqueza ao longo do tempo, estes não cumpriam a função de
reserva de riqueza, e eles foram sendo substituídos pelos metais nobres prata e ouro, que
por sinal não era tão fácil de achar, criando assim a chamada reserva de riqueza. Não
importava onde a moeda foi cunhada ou sua estampa ou até mesmo o formato, pois ela
era medida em peso no local de comércio.
Neste período as rotas comerciais ainda eram terrestres onde os principais locais de
comércio eram o norte da África (Egipto), Oriente Médio e sul da Europa (Grécia), com
as incursões de alguns Impérios e exércitos da época tem-se também a rota comercial do
[8]

oriente, principalmente com a Índia, mais tarde China. Com a morte de Alexandre o
Grande (323 a.C) e o declínio de seu império pelas divisões internas, marcam o inicio do
comércio marítimo desenvolvido por Atenienses (Grécia) e Fenícios (Líbano), novas
regiões ao longo do mediterrâneo são desenvolvidas, principalmente cidades com saídas
para o mar. Note sempre que com todo crescimento populacional as necessidades crescem
na mesma proporção e novas medidas têm que virem a serem tomadas.
No período conhecido por Idade Média, quase mil anos (começou no ano 476, quando o
Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos povos bárbaros, e se estendeu até perto
das Grandes Navegações, em 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos
otomanos), pouco houve de desenvolvimento nas relações comerciais e de produção,
período da história também conhecido por “Idade das Trevas”. Mas um fato, porém
marcou significativamente e é o precursor das relações de câmbio e bancárias dos dias de
hoje, o papel-moeda, nascido na China por volta do ano 900 d.C.
Com o desenvolvimento da indústria náutica da época, culminando com a construção de
grandes barcos para viagens de longo curso, o desenvolvimento das caravelas
(deslocamento de 50 Ton) e o surgimento das naus (no inicio com deslocamentos de 400
Ton chegando ao longo dos anos a 900 Ton) marca o fim da Idade Média e o inicio das
“Grandes Navegações”, No incido um investimento praticamente exercido apenas pelo
estado, já que era investimento de risco, pouco atraiu dinheiro do sector privado, com o
advento das descobertas feitas e o estabelecimento de linhas comerciais, aliado há um
estado empobrecido, pelo alto investimento no sector, abre-se a porta para o surgimento
do investimento privado criando as grandes companhias de navegação, onde se destacam
três: Companhia Britânica das Índias Orientais, fundada em 1600; Companhia
Neerlandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oost-Indische Compagnie - VOC),
fundada em 1602; Companhia Francesa das Índias Orientais, fundada em 1664.

DIPLOMACIA

Definida como ciência e arte referentes às relações entre os Estados”, relações


internacionais por meio de embaixadas ou legações, astúcia no trato de negócios
melindrosos, ou ainda designação de certos documentos medievais manuscritos”. Usada
desde os tempos antigos, onde eram enviados para tratar de assuntos específicos,
[9]

retornando com sua conclusão. Nos tempos actuais, tal órgão ganhou mais notoriedade
por, além de defender assuntos de seu país de origem, por abrir portas comerciais,
buscando tornar seu país de origem uma victrine de oportunidades seja para
investimentos, bem como de produtos e serviços ofertados para o comércio internacional.
Se antes eram apenas enviados por seu governo de origem, a partir do século XVII alguns
países europeus passaram a manter missões permanentes em algumas nações, isto foi à
base para o que hoje conhecemos como “Ministério das Relações Exteriores”, e nos dias
actuais, e dentro dos limites do direito internacional, uma “Missão Diplomática” pode
defender os interesses de uma empresa ou de um indivíduo de seu país.
Os senhores interessados em chamar mercadores para as suas feiras eram obrigados a
conceder a "paz do mercado" ou "paz da feira", coibindo vexames ou represálias, dando
alojamento e condições de armazenamento dos produtos e prometendo a redução ou
isenção de taxas. Esta política foi habilmente seguida pelos condes de Champanhe, que
também se serviram do salvo-conduto e dos guardas das feiras para garantir o sucesso e
o bom funcionamento das mesmas.

O salvo-conduto era a protecção oferecida pelos senhores aos comerciantes presentes nas
suas feiras. Os guardas feiras eram funcionários responsabilizados pela manutenção da
segurança dos mercadores. De início, estes eram apenas funcionários condais
encarregados de organizar e controlar os regulamentos, mas desde 1174 passam a ter
poderes jurisdicionais sobre os mercadores dentro dos limites privilegiados das feiras. No
século XIII tinham uma jurisdição sobre todo o ocidente medieval cristão, e a partir de
1260 foram generalizadas as "cartas dos guardas das feiras", que exigem a utilização de
notários, procuradores e sargentos.
Durante um longo período de tempo o comércio medievo foi uma actividade errante, na
qual o mercador seguia a rota dos produtos, sendo a venda feita através da exposição
directa dos artigos em lojas, mercados e feiras. Este processo foi propício à organização
de grupos de mercadores, que se associavam por razões comerciais e também por
questões de segurança. A título de exemplo, cite-se o caso dos almocreves, o protótipo do
mercador itinerante que viaja em grupo ou, como no Portugal medievo se dizia, em
recova. Só muito tardiamente se verificou a troca do mercador itinerante pelo mercador
que controlava os seus negócios a partir de uma sede fixa.
[10]

Em fins do século XIX e inicio do século XX os países reconhecerem a necessidade de


se ter regras de arbitrariedade para o comércio internacional nada de prático se
concretizou, até que em 1919 é fundada a “Associação Internacional de Empresas”,
sediada em Paris, que visa promover o comércio internacional, o investimento, o mercado
livre de bens e serviços e o livre trânsito de capitais, através da defesa dos interesses dos
seus associados junto das organizações internacionais e das entidades reguladoras dos
diferentes estados, bem como estabelecer regras comuns a todos os seus associados, tal
associação é mais conhecida como “Câmara Internacional do Comércio – CCI”. Uma das
principais actividades da CCI é a criação de regras que, por aceitação voluntária, regem
a maior parte das relações econômicas e comerciais. Assim acontecem com uma de suas
grandes criações os “International Commercial Terms – INCOTERMS (Termos
Internacionais de Comércio)”, instituído em 1936, com as Regras dos Créditos
Documentários e com outros instrumentos utilizados nas transações comerciais
internacionais. A CCI exerce trabalho de "lobby" sobre entidades governamentais e
supranacionais no sentido das suas preocupações e necessidades serem vertidas para
acções concretas, sendo que esta actividade é particularmente sentida, entre outros, junto
da Organização Mundial do Comércio (OMC), da Comissão Europeia e da Organização
das Nações Unidas (ONU). Em termos institucionais, a CCI estimula as respectivas
delegações nacionais a exercerem pressão junto dos Ministérios responsáveis no sentido
de serem aceites as suas posições.
Mesmo uma associação comercial privada, de âmbito internacional, com regras e práticas
definidas, não foram o suficiente para apaziguar e dar estabilidade ao comércio e as
relações internacionais, tanto que anos mais tarde, a implantação dos INCOTERMS,
eclode a 2ª Guerra Mundial, sem contar que muitos países a época passavam por grave
crise económica. Desta forma entende-se que as relações comerciais internacionais
praticadas por duas ou mais empresas dependem directamente de certa estabilidade
política no ambiente internacional. Tanto que com o término da 2ª Guerra Mundial em
1945 é criada a “Organização das Nações Unidas – ONU”, com maior abrangência e
poderes, para substituir a fracassada “Liga das Nações”, que era apenas um foro de
discussões mundiais. Logo após a criação da ONU, em 1947 nasce o “General Agreement
on Tariffs and Trade – GATT” (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio ou
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), onde os países signatários também se
comprometeram em criar um organismo internacional que pudesse gerar, reger e arbitrar,
[11]

sobre normas, procedimentos e práticas nas relações comerciais internacionais, que


deveriam ser aceitas e ratificadas pelos governos dos países membros. Por ser assunto
muito complexo, de conseqüências e necessidades jurídicas, tal órgão levou quase 50 anos
para se tornar realidade, culminado que em 1º de janeiro de 1995 com a criação da
“Organização Mundial do Comércio – OMC”, com sede em Genebra (Suíça), sendo
primeira corte arbitral de comércio mundial, onde suas principais funções são: gerenciar
os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio; Servir de fórum para
comércio nacional (firmar acordos internacionais); Supervisionar a implementação dos
acordos firmados pelos membros da organização (verificar as políticas comerciais
nacionais); Outra função muito importante na OMC é o “Sistema de resolução de
Controvérsias”, este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela
aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os países membros.

O APERFEIÇOAMENTO DO COMÉRCIO

A partir do momento em que a população europeia cresceu demais para se restringir aos
feudos, a Idade Média foi abalada. Afinal, a falta de espaço nas vilas interioranas resultou
em um êxodo rural. Dessa forma, as pessoas migraram em massa para as cidades, que
eram chamadas de burgos.

Ali haviam pequenos mercados, onde comerciantes expunham e trocavam produtos. Com
o passar do tempo, esses barganhadores prosperaram, enriqueceram, surgindo aí a
burguesia e avançando rumo à Idade Moderna. Curiosamente, de forma paralela
ao renascimento cultural, houve o renascimento comercial.

AS FORMAS COMERCIAIS MAIS MODERNAS

A base do comércio é a troca espontânea de mercadorias, do contrário haveria o confisco,


ou um crime e por aí vai. Na troca directa, os comerciantes exaltam as qualidades dos
próprios produtos e, após uma apresentação de propostas, chega-se a um consenso
comum.

Essas trocas podem ser: bilaterais – mais simples – ou multilaterais – responsáveis por
envolver várias pessoas – que inclusive podem ser internacionais. Enfim, para o comércio,
[12]

o importante é fazer circular as mercadorias, fomentar o intercâmbio cultural e gerar


riquezas. O contrário a isso era a Idade Média, onde ficava-se limitado por um feudo ou
castelo e pouco praticava-se o comércio, já que quase tudo pertencia ao senhor feudal ou
ao rei. Todavia, com o crescimento das cidades, um novo mundo de oportunidades surgiu.
A simples troca de mercadorias se chama escambo, forma comercial que dominou boa
parte da história da humanidade. No século VII a.C., no entanto, surgiram as primeiras
moedas, que eram rudimentares, mas que ajudaram na evolução do comércio.

O COMÉRCIO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Quando o comércio aperfeiçoou-se e ganhou contornos internacionais, grandes


mercadores decidiram negociar seus tesouros. Reunidos na casa de Van der Burse, em
Bugres, na Bélgica, em 1487 decidiram comprar e vender moedas, metais preciosos etc.
Nasceu ali a bolsa de valores. Só que apenas no século XIX começou o comércio de
valores imobiliários, ou títulos financeiros.
Em 1º de Janeiro de 1995, criaram a Organização Mundial do Comércio (OMC), com a
finalidade assistir e orientar as práticas comerciais internacionais. A OMC ajuda na
dissolução de muitas demandas envolvendo grandes potências. Acabou tornando-se uma
corte arbitral a quem os países membros recorrem para redimir pendências.
[13]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da análise crítica frente às múltiplas cortes arbitrais estudadas, bem como às
organizações internacionais, poder-se-ia dizer que estas não representam uma
fragmentação do sistema internacional arbitral, uma vez que nunca, de fato, houve um
sistema universal. Desta forma, qualquer iniciativa, como as estudadas, representaria,
portanto, um avanço importante no sentido da uniformização.

Neste sentido, não podemos deixar de ser otimistas e reconhecer tal avanço. O que se
busca questionar neste trabalho, contudo, é que, juridicamente, o processo de
uniformização pode trazer em si novas dificuldades frente às diversas legislações
internacionais e aos órgãos internacionais, em princípio, têm muitas de suas competências
conflitantes.
Por seu turno, a lex mercatoria é, portanto, tradução dos costumes profissionais do
comércio internacional, e, senão o mais importante, um dos mais importantes modos de
uniformização do Direito do Comércio Internacional, inclusive, em escala global e, de
maneira espontânea.
Nesta linha, Irineu Strenger defende que a lex mercatoria será, em um futuro não muito
distante, capaz de fornecer um sistema normativo pronto a enfrentar as divergências
advindas do comércio internacional, até mesmo com uma jurisdição própria
(STRENGER, 1996).

Neste sentido, verifica-se que o método conflitualista tem perdido espaço, em prol da
criação de um corpo uniforme de normas que reflitam as peculiaridades do complexo e
multi-disciplinador comércio internacional. A uniformização do Direito do Comércio
Internacional é um processo natural, devido à sua dinâmica e ao seu desenvolvimento a
passos largos, muito além da capacidade legislativa de um Estado-nação.

O que se pode concluir, portanto, é que mesmo multifacetário esse processo de


uniformização ganha enorme importância frente às barreiras do Direito interno e dos
Judiciários nacionais e, por isso, representa um avanço relevante para o comércio
internacional que precisa acompanhar a dinâmica do atual estágio da globalização e, para
isso, de normas globalmente reconhecidas, para se firmar.
[14]

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

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Petróleo, Gás e Energia, 2006, v. 1. AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do (Coord.).
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