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UNIAC
EAD 3° ANO
DIREITO PENAL
6. Conclusão .............................................................................................................................. 12
7. Bibliografia ............................................................................................................................ 13
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1. Introdução
Até onde e quando vai à eficácia a lei! A eficácia da lei no tempo e no espaço Trata-se de um
critério puramente temporal. Uma norma estará em vigência até que ocorra a sua revogação. Em
muitos casos a lei traz no seu texto o prazo de sua vigência. Difere de vigor, pois este é a força
vinculante da norma. A eficácia e vigência da lei dependem se ela tem prazo fixado o seu tempo
de duração após este perde sua eficácia e vigência.
Em caso de não ter prazo determinado permanece atuando no mundo jurídico até que seja
modificada ou revogada por outra igual ou superior. A revogação. Pode estabelecer por outra lei
expressa ou tácita, que dispõe de maneira incompatível e regula inteiramente o assunto. Pode
estabelecer pelo decurso do tempo preestabelecido ou pelo discurso matéria controvertida.
A norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sobre o império da lei revogada é
retroativa, tem eficácia pretérita. Aplica em qualquer situação jurídica constituída é irretroativa. A
Constituição da República de Moçambique na verdade não proíbe a retroatividade da lei a não ser
da lei penal que não beneficie o réu. Ou Acto jurídico perfeito vem a ser aquele que já se consumou
segundo a norma vigente tempo que foi efectuado.
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Artigo 12º
1. A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva, presume-se que
ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.
2. Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de quaisquer factos
ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida, que só visa os factos novos; mas, quando
dispuser directamente sobre o conteúdo de certas relações jurídicas, abstraindo dos factos que lhes
deram origem, entender-se-á que a lei abrange as próprias relações já constituídas, que subsistam
à data da sua entrada em vigor.
De acordo com nº 1 do artigo acima, o princípio geral da aplicação das leis no tempo, é o
da disposição futura - não retroactividade, e de acordo com este princípio, a lei não dispõe para
o passado, ou seja, a lei não é feita para regular factos passados, apenas regula factos que
persistirem a partir da data da sua entrada em vigor.
1º. Sempre que a lei nova dispuser sobre as condições de validade formal ou material de quaisquer
factos, tem-se por aplicável a lei antiga evitando-se assim a sua reapreciação.
2º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica, aplica-se a lei
nova, quando se concluir que o legislador pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos que
deram origem à relação jurídica em causa.
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3º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica, aplica-se a lei
antiga, quando se concluir que o legislador não pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos
que deram origem à relação jurídica em causa
Na ideia de Isabel Rocha, o princípio da não retroactividade da lei é fundamental para salvaguardar
a certeza e segurança do próprio Direito, caso contrário, as expectativas dos sujeitos nas relações
jurídicas poderiam ser gravemente afectados. Por outro lado, a ausência deste princípio poderia
causar graves distúrbios nas relações sociais em virtude da instabilidade que o Direito assim
geraria. Nestes termos, o Direito como uma ordem normativa social, deve garantir a justiça e a
segurança assegurando deste modo a boa convivência na sociedade.
A lei não pode suscitar dúvidas quanto a sua aplicabilidade, assim, caso aconteça, o entendimento
dessa lei é que será aplicada somente para casos novos. Nestes termos a lei age de forma retroactiva
quando esta dispuser directamente sobre factos jurídicos já existentes, abrangendo assim estes e
os que subsistirem à data da sua entrada em vigor.
A ideia nuclear desta teoria é a de que os direitos adquiridos à luz de uma determinada lei devem
ser respeitados pelas novas leis que venham a substituir aquela. Apenas as meras expectativas
estariam submetidas imediatamente às sucessivas revisões legislativas, não beneficiando assim
daquela protecção. Assim, se face a um contrato celebrado sob a égide de certa lei, A vinha a ser
titular de um determinado direito de crédito, então este deveria ter-se por adquirido e inatacável
mesmo que a lei viesse a mudar e determinasse a sua inexistência.
Critica-se à Teoria dos Direitos Adquiridos o facto de gerar certo imobilismo incompatível com a
necessidade de acompanhamento das alterações sociais. Com efeito, é impraticável que os direitos
se possam manter ad aeternum submetidos à regulamentação do Direito em vigor à data em que se
constituíram.
Esta teoria assenta numa distinção que defende existir no mundo jurídico entre situações jurídicas
subjectivas e situações jurídicas objectivas.
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No caso das primeiras estão em causa situações que resultam para os envolvidos de manifestações
de vontade suas, com conteúdo individual ou particular. Ex: direitos nascidos da celebração de
certo contrato.
Ora, de acordo com esta teoria a solução mais justa para dirimir o problema da aplicação da lei no
tempo seria submeter as situações jurídicas subjectivas à lei vigente no momento da sua
constituição (diríamos a lei Antiga) e as situações jurídicas objectivas à lei nova.
Também esta posição doutrinal não se encontra isenta de críticas. Efectivamente, pode-se dizer
que a identificação das situações jurídicas como objectivas ou subjectivas nem sempre será
demasiado fácil, nem muito óbvia para os cidadãos, podendo na aplicação concreta deste critério
surgir algumas injustiças.
Esta é a teoria que o nosso Código Civil actual fez sua, no artigo 12.º. O princípio aí vertido é o
do “tempus regit factum”. O mesmo é dizer que a lei aplicável é a vigente ao tempo em que o facto
(e os seus efeitos) se produziu.
1.º o facto jurídico em si é regulado pela lei vigente no momento da sua verificação. A lei nova
regulará os factos presentes e futuros.
2.º Os efeitos jurídicos desses factos pretéritos (já produzidos) ou pendentes (em curso) face à
entrada em vigor de uma nova lei, são regulados pela antiga. Os efeitos futuros serão regulados
pela lei nova.
A crítica que se dirige a esta teoria resulta do reconhecimento de que a sua aplicação tem por
consequência uma sobrevida da lei antiga que poderá ser um pouco exagerada.
Este foi, como se disse o critério que, do ponto de vista doutrinal, guiou o nosso legislador na
elaboração da norma do art.º 12.º do Código Civil. Agora, todavia, impõe-se que façamos uma
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análise detalhada da solução do problema da aplicação da lei no tempo no nosso sistema jurídico,
em todas as suas facetas e numa perspectiva abrangente do ponto de vista normativo, compreendo
o seu enquadramento constitucional.
O problema da aplicação da lei no tempo não é, obviamente, o de saber qual a lei que está em
vigor. A questão é saber se, quando uma lei deixa de estar em vigor, ela cessa de produzir efeitos,
ou se deveremos continuar – por imperativo de justiça – a regular face a ela um conjunto de factos
e efeitos jurídicos que se tenham verificado no seu tempo de vigência.
Esta é uma questão muito importante no mundo jurídico, com consequências na vida dos cidadãos
profundamente relevantes.
Como sabemos, o legislador frequentemente toma a iniciativa de estabelecer em lei nova uma
disciplina distinta para certa espécie ou categoria de situações. Ora, pode levantar-se justamente a
dúvida sobre qual das leis se deve aplicar naquelas situações constituídas ao tempo da lei antiga,
mas que ainda se mantenham depois da entrada em vigor da nova lei. Ex: contrato de arrendamento
celebrado antes da entrada em vigor da lei nova, que ainda esteja em execução.
No nosso Direito actual não existe qualquer princípio, regra ou norma que proíba de modo geral
a atribuição de efeitos retroactivos à lei.
Assim, nesta ausência, o legislador é livre, dentro dos limites constitucionais específicos a que
aludiremos a seguir, de regular ele próprio a questão ao criar uma nova lei. Com efeito, ele pode
fazer constar do seu próprio texto normas que disciplinem expressamente esta matéria,
determinando a sua aplicação retroactiva, por exemplo, ou estabelecendo disposições transitórias
com carácter formal ou material. Isto é, limitando-se a dispor sobre a lei aplicável em caso de
conflito de leis no tempo, ou instituindo um regime específico para as situações que fiquem
abrangidas pelas leis antiga e nova.
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A doutrina tem identificado diversos graus de retroactividade de acordo com o modo mais ou
menos gravoso com que se podem repercutir na segurança e certeza jurídica:
a) retroactividade ordinária: é toda aquela que se verifica quando a lei nova regula situações
jurídicas passadas, mas respeitando os efeitos já produzidos à luz dos direitos anteriores pelos
factos que se destina a regular.
c) retroactividade quase-extrema: a lei só tem por limite o respeito pelo caso julgado. Ou
seja, apenas os efeitos jurídicos protegidos por caso julgado ficarão a slavo da aplicação da lei
nova.
d) retroactividade extrema ou de grau máximo: é aquela que se verifica sempre que a lei
nova se aplica retroactivamente sem qualquer limite, nem sequer o do caso julgado. De modo
idêntico são também de grau máximo as situações de aplicação retroactiva da lei que, pelos
seus condicionalismos concretos, se revelem irrazoáveis, intoleráveis ou manifestamente
imprevisíveis.
De todos estes tipos de retroactividade, em geral, o único que é incompatível com a nossa
Constituição é o da retroactividade extrema ou de grau máximo, já que viola o princípio da
separação de poderes (ao permitir uma imposição legislativa de possibilidade revisão de decisões
que já se haviam consolidado como caso julgado nos Tribunais) e o princípio do Estado de Direito,
ao introduzir uma imprevisibilidade intolerável no mundo jurídico, gravemente lesiva dos
interesses dos cidadãos que necessitam de segurança e certeza jurídica.
Contudo, é necessário advertir que em alguns ramos do nosso Direito existem normas
constitucionais que disciplinam, de modo especial, a questão da aplicação da lei no tempo.
Direito Penal: art.º 60.º CRM – proibição da retroactividade da lei penal incriminadora Direitos
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Fundamentais: art.º 57º CRM – proíbição da retroactividade das leis restritivas de direitos,
liberdades e garantias.
1.º - O facto jurídico em si é regulado pela lei vigente no momento da sua verificação. A lei nova
deve regular apenas os factos ocorridos após a sua entrada em vigor, deixando para a lei antiga a
disciplina dos factos ocorridos no tempo da sua vigência, ainda que os seus efeitos perdurem no
tempo;
2. – A lei antiga aplica-se ainda aos efeitos jurídicos de factos passados. Os efeitos presentes e
futuros de factos passados serão regulados ainda pela lei antiga se o contrário pudesse implicar
uma reapreciação desses factos e, a contrário, a lei nova regula os efeitos presentes e futuros de
factos passados quando isso não implicar uma reapreciação destes.
O Prof. Baptista Machado explica que esta situação de aplicação da lei nova a factos pressupostos
anteriores configura uma situação distinta da de aplicação retroactiva da lei nova. Prefere
identificar este fenómeno como “retroconexão quanto à hipótese”.
a) Se a lei nova vem estabelecer um prazo mais curto, aplicar-se-á aos prazos já em curso, embora
se conte o prazo desde a data da sua entrada em vigor, com a ressalva de faltar menos tempo pela
lei antiga, para que o prazo se complete.
b) Se a lei nova fixa um prazo mais longo, aplicar-se-á aos prazos em curso, mas computa-se neles
todo o tempo já decorrido desde o momento em que se iniciara a contagem.
Advirta-se que também neste caso (leis sobre prazos) há que atender à natureza dos prazos em
questão. Ou seja, apenas os prazos que sejam factos constitutivos, modificativos ou extintivos de
situações jurídicas caem no âmbito de aplicação da norma do art.º 297.º do CC. Ficam assim
excluídos os factos pressupostos.
5.1. Preliminares
Depois de já termos falado da aplicação da lei no tempo, vamos agora falar da aplicação dessa lei
no espaço. É de salientar que da mesma forma que as leis são criadas para vigorar num determinado
tempo, elas também são criadas para vigorar num determinado espaço. A aplicação da lei no
espaço procura responder às várias questões que se podem suscitar a propósito das formas de
compatibilidade entre vários ordenamentos jurídicos.
Em razão do conceito jurídico de soberania Estatal, a norma deve ser aplicada dentro dos limites
territoriais do Estado que a criou. Essa é a ideia do princípio da territorialidade.
Os factos podem ter diferentes tipos de conexão com a ordem jurídica, designadamente:
Uma vez que num Estado existem diversos ordenamentos jurídicos, as relações da aplicação das
leis no espaço são reguladas nos termos das normas do Direito Internacional Privado dos artigos
14º a 65º do Código Civil
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6. Conclusão
Após um estudo sintetizado em relação a aplicação da lei no tempo e no espaço, podemos concluir
que as leis são feitas para regular a convivência humana na sociedade e uma vez que a sociedade
está em constante evolução, as leis acompanham essa evolução sucedendo-se assim no tempo e no
espaço para melhor eficácia do próprio direito.
O princípio geral da aplicação da lei no tempo é o da não retroactividade, segundo o qual, as leis
apenas regulam factos novos, ou seja, factos que emergirem a partir da data de entrada em vigor
dessa lei, salvaguardando assim, os efeitos já produzidos pelas leis anteriores. O princípio da não
retroactividade, apresenta excepções, podendo assim a lei retroagir em certas circunstâncias,
sendo, quando definidas por própria lei e ou quando beneficie os visados.
A aplicação da lei no espaço tem como princípio geral, o da territorialidade, no qual a lei se aplica
em todo território de um Estado. Este princípio exceptua-se dando origem ao princípio da
extraterritorialidade, pois os Estados encontram-se vinculados por vários sistemas normativos que
concretizam a boa relação entre Estados e cidadãos.
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7. Bibliografia
Legislação:
Código Civil
ROCHA, Isabel, BATALHÃO, Carlos José, ARAGÃO, Luís. Introdução ao direito. 12º Ano.
Porto Editora