Você está na página 1de 17

Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

POLINÔMIOS

Lucia Menoncini

Chapecó, SC
POLINÔMIOS

Função polinomial ou polinômio

Seja a sequência de números complexos (a0 , a1 , ...., an ). Dizemos que f : C → C


dada por f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + .... + an xn é uma função polinomial ou simplesmente
polinômio associado à sequência dada.
Os números a0 , a1 , ...., an são os coeficientes e as parcelas a0 , a1 x, ..., an xn são
os termos do polinômio f .
O grau de f , denotado por ∂f ou gr f é a mais alta potência da variável.

Ex: Exemplos de polinômios e seus graus:

O valor numérico de f em a é também chamado imagem de a, pela função


f . Para obter o valor numério de um polinômio em um número complexo a, basta
substituir a variável por a. Por exemplo:

NOTAS:
a) Se f (a) = 0, dizemos que a é uma raiz ou zero do polinômio f .Ex:

2
b) Um polinômio f é nulo (ou identicamente nulo) quando f assume o valor
numérico zero para todo x complexo, ou seja:

f = 0 ⇔ f (x) = 0, ∀x ∈ C

Assim, todos os coeficientes de f são nulos.


c) Dois polinômios f e g são idênticos ou iguais, quando assumem valores
numéricos iguais para todo x complexo, isto é:

f = g ⇔ f (x) = g(x), ∀x ∈ C

Assim, os coeficientes de f e de g são ordenadamente iguais.

Operações com polinômios

Soma de Polinômios

Dados dois polinômios


X
n
f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + .... + an xn = ai x i
i=0

X
n
2 n
g(x) = b0 + b1 x + b2 x + .... + bn x = bi xi
i=0

chama-se soma de f com g o polinômio:

Teorema (Propriedades da adição): A operação de adição define em P ,


conjunto dos polinômios de coeficientes complexos, uma estrutura de grupo comutativo,
isto é, valem as propriedades:
A1 - associativa: f + (g + h) = (f + g) + h

3
A2 - comutativa: f + g = g + f

A3 - existência de elementos neutro: ∃ea ∈ P ; f + ea = f, ∀f ∈ P

A4 - existência de inverso aditivo: ∀f ∈ P, ∃ f 0 ∈ P ; f + f 0 = ea

Analogamente à definição de soma, temos também:


I. A diferença dos polinômios f e g como sendo:

(f − g)(x) = (a0 − b0 ) + (a1 − b1 )x + .... + (an − bn )xn

.
II. O produto de f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + .... + am xm e g(x) = b0 + b1 x +
b2 x2 + .... + bn xn :

(f.g)(x) = a0 .b0 + (a0 .b1 + a1 .b0 )x + .... + (am .bn )xm+n

4
.
Teorema (Propriedades da multiplicação: A operação de multiplicação
em P , conjunto dos polinômios de coeficientes complexos, verifica as propriedades:
M1 - associativa: f.(g.h) = (f.g).h
M2 - comutativa: f.g = g.f
M3 - existência de elementos neutro: ∃em ∈ P ; f + em = f, ∀f ∈ P
M4 - distributiva: f.(g + h) = f.g + f.h

Divisão de Polinômios

Sejam dois polinômios f (dividendo) e g 6= 0 (divisor). Então, a divisão f /g


resulta em dois polinômios q (quociente) e r (resto) de modo que se verificam:
a) f = q.g + r
b) ∂r < ∂g (ou r = 0 e a divisão é exata).
No caso em que f é polinômio nulo, então q e r são nulos também, ou seja,

f = 0 ⇒ q = 0, r = 0

No caso em que f é não nulo, mas tem grau menor que o grau do seu divisor,
então

∂f < ∂g ⇒ q = 0, r = f

Teorema (Existência e Unicidade do quociente e do resto):

Considere os polinômios

f = am xm + am−1 xm−1 + .... + a1 x + a0

g = bn xn + bn−1 xn−1 + .... + b1 x + b0

com am 6= 0 e bn 6= 0.
Existe um único polinômio q e um único polinômio r tais que f = q.g + r e
∂r < ∂g (ou r = 0).

5
Teorema do resto: O resto da divisão de um polinômio f por x − a é igual
ao valor numérico de f em a.

Teorema de D’Alembert: Um polinômio f é divisı́vel por x−a, se e somente


se, a é raiz de f .

6
Ex: Efetue as divisões de f por g:
a) f = 3x2 + 4x − 1 e g = x2 − 2x + 3
b) f = 2x5 − 3x4 + 4x3 − 6x + 7 e g = x3 − x2 + x − 1
c) f = x5 − 4x4 − 3x2 + 7x − 1 e g = x − 1

7
Teorema: Se um polinômio f é divisı́vel separadamente por x − a e x − b,
com a 6= b, então f é divisı́vel por (x − a).(x − b).

Dispositivo prático de Briot-Ruffini para divisão de polinômios

EX: Efetuar as divisões de f por g, dadas no exemplo anterior, usando Briot-


Ruffini:

8
EQUAÇÕES POLINOMIAIS

Considere funções polinomiais P (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + ... + an xn em que os


coeficientes e a variável x são números complexos.
Definimos Equação Polinomial ou Equação Algébrica, a expressão

f (x) = g(x)

em que f e g são funções polinomiais.


Chama-se raiz da equação, o número que, substituı́do no lugar de x, torna a
expressão verdadeira.
Duas equações polinomiais são equivalentes quando têm o mesmo conjunto
solução, ou seja, toda raiza de uma equação é raiz da outra e vice-versa.

Propriedades

Sejam f , g e h(x) funções polinomiais. Então:

I. f (x) = g(x) ⇔ f (x) + h(x) = g(x) + h(x)

II. f (x) = g(x) ⇔ k.f (x) = k.g(x)

com k 6= 0 complexo.

Número de raı́zes do polinômio

Como toda equação pode ser escrita da forma P (x) = an xn + an−1 xn−1 + .... +
a1 x + a0 = 0, então as proposições são equivaletes:
a) r é raiz da equação P (x) = 0;
b) r é raiz da função polinomial P (x);
c) r é raiz do poloinômio P ;
ou seja, P (r) = 0.

9
Teorema Fundamental da Álgebra - T.F.A

Todo polinômio P de grau n, n ≥ 1, admite ao menos uma raiz complexa.

Teorema da Decomposição

Todo polinômio P de grau n, (n ≥ 1), P (x) = an xn + an−1 xn−1 + .... + a1 x + a0 ,


an 6= 0, pode ser decomposto em n fatores do primeiro grau:

P = an (x − r1 ).(x − r2 )....(x − rn )

em que r1 , r2 , ...., rn são as raı́zes de P . Com execeção da ordem dos fatores, esta
decomposição é única.

10
Teorema: Toda equação polinomial de grau n (n ≥ 1) admite n, e somente
n raı́zes complexas.

Multiplicidade da raiz

Dizemos que a raiz r tem multiplicidade m, (m ≥ 1) se:


P = (x − r)m .Q e Q(r) 6= 0
Ex: O polinômio P (x) = (x − 1).(x + 2)3 possui 4 raı́zes, em que a raiz x = −1
possui multimplicidade 1 e a raiz x = −2 possui multiplicidade 3.

RELAÇÕES ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES- RELAÇÕES


DE GIRARD
Considere a equação

P (x) = an xn + an−1 xn−1 + .... + a1 x + a0

com an 6= 0 e cujas raı́zes são r1 , r2 , ..., rn .


Caso n = 2:

11
Caso geral n ≥ 1:

12
NOTA: As n relações de Girard para uma equação polinomial de grau n não
são suficientes para obter as enésimas raı́zes, r1 , r2 , ..., rn .

Raı́zes do Polinômio

1. Raı́zes Complexas

Esta seção contém propriedades que relacionam entre si as raı́zes complexas e


não reais de uma equação polinomial de coeficientes reias e ajudam a determinar as
raı́zes da equação.

Teorema 1: Se uma equação polinomial de coeficientes reais admite como


raiz o número complexo z = a + bi, (b 6= 0), então essa equação admite como raiz o
número z = a − bi, conjugado de z.

Teorema 2: Se uma equação polinomial de coeficientes reais admite raiz o


número complexo z = a + bi (b 6= 0) com multiplicidade p, então essa equação admite
a raiz z = a − bi, também com multiplicidade p.

13
Notas:
1. Os dois teoremas anteriores só se aplicam a equações polinomiais de coe-
ficientes reais. Por exemplo, x2 − ix = 0 tem como raı́zes 0 e i, e não admite a raiz
conjugada −i;
2. Como equações polinomiais de coeficientes reais possuem raı́zes conjugadas
com igual multiplicidade, então o número de raı́zes não reais de P (x) = 0 é necessari-
amente PAR.

Ex:
1. Determinar o menor grau que pode ter uma equação polinomial de coefi-
cientes reais para admitir 1, i, 1 + i como raı́zes.
2. Resolver a equação x4 + x3 + 2x2 + 3x − 3 = 0 sabendo que uma das raı́zes

é i 3.

2. Raı́zes Reais

Seja a equação polinomial P (x) = 0 com coeficientes reais. Sejam r1 , r2 , ..., rp


suas raı́zes reais e z1 , z1 , z2 , z2 , zq , zq suas raı́zes complexas e não reais.
Pelo Teorema da Decomposição, tem-se a expressão (I) abaixo:

P = an (x − r1 )(x − r2 )...(x − rp ).[(x − z1 )(x − z1 )(x − z2 )(x − z2 )...(x − zq )(x − zq )]

14
Observando que:
(x − z1 ).(x − z1 ) = (x − (a + bi)).(x − (a − bi)) = (x − a)2 + b2 > 0, ∀x ∈ R
segue que a expressão abaixo é positiva para todo x ∈ R:

Q = (x − z1 )(x − z1 )(x − z2 )(x − z2 )...(x − zq )(x − zq )

Logo, a expressão (I) pode ser reescrita como:

P = an .Q.(x − r1 )(x − r2 )...(x − rp ), com Q(x) > 0, ∀x ∈ R.

Teorema de Bolzano: Sejam P (x) = 0 uma equação polinomial com coefi-


cientes reais e (a, b) intervalo.
a) Se P (a) e P (b) têm o mesmo sinal, então existe um número par de raı́zes
reais ou não existem raı́zes da equação em (a, b);
b) Se P (a) e P (b) têm sinais contrários, então existe número ı́mpar de raı́zes
reais da equação em (a, b).

15
Ex:
a) Quantas raı́zes reais da equação x3 + 5x2 − 3x + 4 = 0 pode apresentar no
intervalo (0, 1)?
b) Quantas raı́zes reais da equação x3 − 3x2 + 7x + 1 pode apresentar no
intervalo (−1, 1)?

3. Raı́zes Racionais

Teorema das Raı́zes Racionais: Se uma equação polinomial de coeficientes


constantes
P (x) = an xn + an−1 xn−1 + .... + a1 x + a0 = 0, (an 6= 0)
admite uma raiz racional p/q, em que p ∈ Z, q ∈ Z∗+ e p e q são primos entre si, então
p é divisor de a0 e q é divisor de an .

16
Ex: Quais são as raı́zes racionais de 2x6 −5x5 +4x4 −5x3 −10x2 +30x−12 = 0?

Notas: Seja P (x) = an xn + an−1 xn−1 + .... + a1 x + a0 . Então:


1. O teorema acima só pode ser aplicado quando P (x) tiver todos os coefi-
cientes inteiros;
2. Se a equação P (x) = 0, com coeficientes inteiros e a0 6= 0, admite uma raiz
inteira r = r/1, então r é divisor de a0 (termo independente de P (x)). Assim, as
possı́veis raı́zes de 7x5 + x4 − x3 − x2 − x + 6 = 0 são −1, 1, −2, 2, −3, 3, −6, 6.
3. Se a equação P (x) = 0 tem coeficientes inteiros, com an = 1, e admite uma
raiz racional p/q, então essa raiz é inteira pois q = 1. Assim, qualquer raiz racional
de x4 + 11x3 − 7x2 + 4x − 8 = 0 é necessariamente inteira, pois está no conjunto
−1, 1, −2, 2, −4, 4, −8, 8.

17

Você também pode gostar