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Zine

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Sumário
Editorial 4
Contos da Armariolândia
Você Vai Ficar Bem – por Shima
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Sementes de horror
Espelho, espelho meu – por Tom AliançaRPG 11
Luta pela Sobrevivência – por Shima
Mestre dos brinquedos – por Teurge
Aquilo que rasteja – por Hernani Ilek 12
Casa de doce – por Tom AliançaRPG
Uma maldição de natal –Kawuan Bezerra 13

Contos da Armariolândia
Maverick – por por Rodrigo Araujo
14

Sementes de horror
O garoto chamado Bullying – por Teurge 19
Doces mortais – por Kawuan Bezerra
Janela do medo – por Tom AliançaRPG 20
O Iluminado – por Teurge
O fabricante de monstros – por Kawuan Bezerra 21

Criaturas aterrorizantes
Lobisomem - por Shima 22
Brinquedoteca Amaldiçoada
Descrição do que o monstro quer com a criança:
por Tom AliançaRPG 24
Descrição de onde o monstro espreita as crianças: 22
por Tom AliançaRPG

Locais malditos
Casinha no mato – por Tom AliançaRPG 25
Casa dos Walkbergs – por Renan Facini Calça 22
Lar de Adoção Sant Mary – por Júlio César
Studio Astoria – por Renan Facini Calça 26
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Equipe desenvolvedora

Editor: Tom AliançaRPG


Revisor: Rodrigo Araújo
Ilustração: Walter Cordova
Diagramação: Tom AliançaRPG

Colaboradores de Conteúdo

Hernani Ilek
Kawuan Bezerra
Júlio César
Renan Facini Calça
Rodrigo Araújo
Shima
Teurgue
Tom AliançaRPG

Agradecimentos ao Ilustrador Walter Cordova que nos presenteou com a


ilustração da página 5 da 5ª edição do Little Fears Zine.
Contato: @walter.cordova.94

Editorial
Bem-vindo ao Little Fears Zine, uma publicação mensal feita por fãs da co-
munidade deste RPG aterrorizante. Cada ideia contida nesta zine pode inspi-
rar as mais incríveis aventuras. Aventuras horripilantes, onde crianças ten-
tam fugir de monstros enquanto buscam forças para derrota-los. Em Little
Fears, você pode explorar cada canto escuro de uma casa, cada sombra de
uma mobília e cada local onde crianças tem medo de irem, como o sótão es-
curo e silencioso ou o porão mofado e cheio de moveis velhos. Todo o ambiente
é propício para o mestre criar acontecimentos e cenas incríveis para os joga-
dores terem oportunidade de brilharem com seus personagens. Enquanto
você lê está zine, eu aconselho ficar com a luz acesa a todo momento, não
olhar para os cantos com sombras. Evitar ficar com o pé descalço no chão
próximo a cama, fechar a porta do guarda roupa e não deixar frestas, não
deixar a janela aberta e não ter medo, pois o medo atrai os monstros da Ar-
mariolândia.
Tenha uma excelente leitura e cuidado se ouvir alguém chamar seu nome...

Tom AliançaRPG

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Contos da Armariolândia
Vai ficar tudo bem
por Shima

Sasha pode ouvir os passos se aproximando dela cada vez mais. Ela não
ousa olhar para trás com medo do que verá, mas sabe que a coisa está logo
atrás dela. Ela já está ficando sem fôlego quando finalmente chega a porta da
casa de Anthony.
— Anthony, abra a porta! Logo, por favor! — Diz Sasha aos berros.
Os cinco segundos que demoram até a porta se aberta pareceram uma
eternidade.
— Você não me ouviu gritar não, Anthony?
— Quem não ouviria o grito que você deu?
— Cale a boca e feche a porta, rápido!
— Que houve?
— Feche logo, vai!
Anthony está atônito e indignado com o tom de voz de Sasha.
— Que está havendo aqui? Por que você invadiu aos berros minha casa?
— Primeiro, eu não invadi a tua casa. Você abriu a porta para mim! E
segundo, a tua casa é o local mais perto que eu tinha para me esconder. —
fala Sasha enquanto tenta recuperar o fôlego.
— Esconder-se de quê? — Pergunta Anthony com um ar já assustado.
—Eu estava indo para casa quando uma coisa enorme começou a correr
atrás de mim!
Nesse momento, algo bate forte na porta da frente. Um rosnado baixo é
ouvido por ambos.
—Onde estão teus pais? O coração de Sasha dispara novamente.

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—Eles saíram e me deixaram em casa. O semblante de Anthony agora é
de pânico. Que você trouxe para minha casa, Sasha?
—Eu não trouxe nada, ele veio sozinho!
As pancadas na porta se tornam mais fortes e, aos poucos, o que pare-
cem ser garras afiadas, atravessam a grossa madeira.
—Droga, Sasha, droga! Você tinha que vir logo à minha casa?
Em segundos, um buraco é aberto na porta, antes mesmo que as pernas
das duas crianças possam obedecer ao comando de correr, e o que eles dois
veem pela fresta aberta parece um grande cachorro, só que mais peludo, com
dentes maiores e erguido nas duas pernas de trás.
—Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh! — Gritam Sasha e Anthony em um único
coro.
—Aquilo é a droga de um lobisomem? — Pergunta Anthony para si
mesmo.
—E eu é que vou saber? — Responde Sasha, como se a pergunta fosse
para ela.
A criatura continua a bater na porta, arrancando pedaços cada vez mai-
ores. Nesse momento, recobrando o movimento das pernas, Anthony puxa
Sasha pela mão em direção às escadas, rumo aos quartos.
—Venha, rápido! Precisamos nos esconder!
—Esconder de um cachorro? Ele vai farejar a gente! — Responde Sasha.
—Ele não é um cachorro, sua ignorante, ele é um lobisomem! —Retruca
Anthony.
—Que seja! Ele tem dentes e vai morde a gente, seu nerd!
Logo que chegam no corredor do primeiro andar, escutam, vindo lá do
térreo, os ruidosos passos da criatura no assoalho de madeira. Suas garras
fazem um som assustador no piso da casa. Antes de entrarem no quarto dos
pais de Anthony, as crianças podem ouvir a criatura farejando-os.
—Droga, Anthony, aqui não tem um revólver, uma metralhadora ou uma
bazuca?
—Bazuca, Sasha, sério?
—Pode ser qualquer coisa! Água benta, sal grosso!
—Ele é um lobisomem, Sasha, não um vampiro!
—O nerd aqui é você, então diga o que mata essa coisa!

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Nessa hora, Anthony respira fundo e tenta se lembrar se havia em algum
dos seus gibis algo sobre a fraqueza dos lobisomens.
—Vai, Tony, você já leu alguma coisa… — diz Anthony a si mesmo.
O barulho das garras da criatura aumenta conforme os segundos pas-
sam.
Como um raio, Anthony se lembra de ter lido na Creepy Nights que lo-
bisomens são mortos com prata.
—Prata, Sasha, prata!
—Prata? — Sasha não entende o grito de Anthony.
Nesse momento, os passos da criatura pareceram se apressar.
—Vem! Eu sei o que fazer! — Fala Anthony, já segurando na mão de
Sasha e puxando-a para a varanda do quarto.
—Minha mãe tem um faqueiro de prata lá embaixo. Eu sei onde ela o
guarda! Vamos acabar com esse cachorro grande.
—Você disse que era um lobisomem, Anthony!
—Agora tanto faz.
O rosnado é ouvido logo do outro lado da porta do quarto. A criatura já
está no corredor do primeiro andar da casa. Na varanda, Anthony olha para
baixo e se dá conta de que nunca tinha notado como a varanda é alta.
—Sasha, precisamos descer. Olha, tem uma trepadeira aqui do lado.
Você precisa descer por ela. Nós precisamos descer por ela, se não quisermos
ser ração para cachorro.
—O quê?! Você quer que eu desça por aqui? Você está maluco?!
O som da criatura batendo na porta do quarto agora chamou a atenção
das duas crianças. Elas sabem como ela é forte, e o quão rápido aquela porta
será derrubada.
—Você quer ficar? Perguntou Anthony.
Sasha olha para a porta e vê um buraco, ainda pequeno, ser aberto pelas
poderosas garras do monstro.
—Não, não… Eu já estou indo!
Sasha já passou verões suficientes em acampamentos para ter adqui-
rido alguma habilidade motora. Ela está com medo, mas acredita que conse-
guirá descer aquela parede de cerca viva sem cair. Sasha desce o melhor que
pode, mas o medo causado pelo rosnado do monstro a faz ir mais rápido do
que ela deveria, o que causa sua queda.

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No segundo em que bateu no chão, Sasha não se lembra mais da cria-
tura, a dor atrai toda sua atenção. Seu braço direito é dor pura.
Ela ainda está desnorteada quando escuta o barulho de algo cair ao seu
lado. Lembra-se da criatura e tem certeza de que agora será comida de ca-
chorro. Para sua surpresa, é apenas Anthony, que pulou de uma altura se-
gura assim que a viu cair.
—Você está bem? Você pisou em falso!
—Quem? Eu? — Sasha fala ainda desorientada.
—Ah, vamos. Da próxima vez eu vou na frente.
—E vai ter próxima vez? — Responde Sasha, ainda meio grogue.
O barulho da porta sendo destroçada é a última coisa que as crianças
ouvem antes de correrem, por fora da casa, para a cozinha.
Assim que estão quase entrando em casa, elas ouvem um som abafado,
como de alguma coisa caindo, vindo lá de onde estavam antes.
—Onde os malditos talheres estão? — Fala Anthony consigo mesmo.
—A casa e tua e eu é que vou saber? — Respe Sasha com indignação.
—Eu não estou falando com você, Sasha, mas comigo mesmo.
—Você fala sozinho? É mais louco do que eu pensava!
Tão logo a criatura chega à porta da cozinha, Anthony acha o faqueiro
de prata dentro de um armário. O mais rápido que pode, ele pega uma faca
de cortar carne e a aponta para a criatura. O monstro, parecendo não perce-
ber, ou não se importar, que uma das crianças esteja com uma faca nas mãos,
pula sobre Sasha. A garota tomba com o peso da criatura, que tenta mordê-
la. Nesse momento, um urro ecoa na cozinha. Uma faca de prata é enterrada
nas costas do monstro, que, se contorcendo de dor, foge pela mesma porta
por onde entrou.
—Você está bem, Sasha, perguntou Anthony.
—Estou bem, respondeu Sasha. Ele me mordeu, mas foi só de raspão.
—Você vai ficar bem, Sasha. Não se preocupe, você vai ficar bem...

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Sementes de horror
Espelho, espelho meu
por Tom AliançaRPG

As crianças brincavam na rua, no final da tarde, quando uma das meninas


encontra na lixeira um pequeno espelho com uma moldura escura e com um
trincado no cantinho. Logo em seguida a brincadeira se encerra e a garota
leva o espelho para sua casa. Os dias passam e todos começam notar mudan-
ças em seu comportamento, começando pelo fato dela não largar mais o pe-
queno espelho e estar constantemente a falar não só com seu pequeno espe-
lho, mas com outros espelhos que ela tem acesso, como os de casa e o do
banheiro da escola. Cada dia que passa, ela se torna mais distante da família
e dos amigos, e sua aparência começa a definhar lentamente como se esti-
vesse doente. Um dos integrantes do grupo, que é amigo dela, vê a garota
conversando com ela mesmo no espelho, porém, a imagem refletida no espe-
lho não era bem ela.

Luta pela Sobrevivência


por Shima

Desde que fugiu de casa, Jeff tem se virado como pode, pedindo esmolas,
fazendo pequenos serviços e, às vezes, praticando pequenos furtos. Antes que
tivesse simplesmente apagado, Jeff se lembra de estar na praça onde normal-
mente pede trocados. Ele também se recorda de um homem de meia-idade e
rosto gentil ter-lhe pedido ajuda. Depois disso, mais nada. Quando os olhos
de Jeff se abriram, ele notou que estava em um local mal iluminado, que fedia
a carne podre, urina e fezes. Ruídos estranhos ecoavam pelas paredes do lo-
cal. Ele notou as barras de ferro que o prendiam e as outras crianças presas.
Minutos depois, uma criatura alta, braços alongados e pernas, que pareciam
de cachorro, se aproximou dele e o farejou. Um sorriso sinistro apareceu em
seu rosto deformado.—Hum, carne nova, disse a criatura. Jeff então foi levado
a uma arena, onde crianças brigavam. Havia muito sangue no chão. Nesse
momento, a criatura olha para Jeff e diz: —Espero que você dure mais que os
outros, criaturinha asquerosa.
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Mestre dos brinquedos
por Teurge

Em Wisconsin, a visita à Mansão Toulon acaba se tornando um pesadelo. A


excursão de férias seria conhecer a mansão e suas centenas de bonecos cria-
dos pelo grande artista André Toulon, porém, o que os alunos encontram é
algo totalmente diferente do programado. Um grupo de bonecos antropomór-
ficos, animados por um feitiço egípcio, cada um equipado com seu próprio
dispositivo único e perigoso, começa a caçar os alunos um por um. Os pro-
fessores responsáveis estão desaparecidos, os celulares foram deixados den-
tro do ônibus por solicitação da diretoria da Mansão, dentre os brinquedos,
se destacam: Tunneler (O boneco com broca na cabeça), Pinhead (cabeça-de-
alfinete com mãos gigantescas), Blade (Espadachim, o boneco com uma faca
no lugar de uma mão e um gancho no lugar da outra), Jester (Bobo, coringa)
e Leech Woman (mulher que solta sanguessugas pela boca)

Aquilo que rasteja


por Hernani Ilek

Todo aniversário é uma data importante por conta dos convidados, das felici-
tações, do bolo, os presentes e dos rastejantes. Sim, isso mesmo, rastejantes.
Em um bairro americano isolado, as crianças sentem quando completam 8
anos um frio estranho, um desejo de sair daquele lugar e nunca mais voltar,
e essa sensação só aumenta conforme o aniversário se aproxima. As crianças
sentem que é hora de apagar a luz do quarto e aguardar preparados para o
que está por vir. O rastejante é um ser estranho, parecendo uma mistura de
aranha e camarão, com um rosto humano, sorridente. Ele surge debaixo da
cama e arrasta a criança para seus jogos insanos na Armariolândia, deixando
as com vários traumas. O aniversário de um dos amigos está perto, mas dessa
vez não será tão fácil, pois os amigos estão se organizando, e estarão prontos
para saírem a noite e ajudar seu amigo.

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Casa de doce
por Tom AliançaRPG

No parque da cidade foi inaugurado uma casa para contação de histórias de


contos de fadas. Suas paredes são decoradas com doces, balas, pirulitos, cho-
colate e marshmallows artificiais. Ela é toda colorida e atrativa as crianças
que adoram visitar o lugar. Porém, ultimamente as crianças estão evitando o
local e muitas estão com problemas de caries e dor de dente. Algumas sequer
passam próximas, com medo do local em si. O primo de um dos integrantes
do grupo, ao visitar seu primo para jogar vídeo game, ficou horrorizado com
os dentes podre do garoto. Ele disse que andam obrigando a comer muitos
doces de noite, mas não quis falar mais sobre isso, pedindo para não comen-
tar com seus pais. Duas criaturas com a aparência de doces, com pele oleosa
e a boca com centenas de dentes andam visitando as crianças a noite e obri-
gando as a comerem muitos doces.

Uma maldição de natal


por kawuan Bezerra

O natal é comemorado em grande estilo num pequeno bairro americano, onde


todos os moradores são convidados para um "acampadentro": uma festa do
dia 22 de dezembro até o dia 26 na glamorosa mansão da senhorita Moly, a
ricaça do bairro. Tudo aparece ocorrer bem, até que no primeiro dia da festa,
um estranho, fantasiado de Papai Noel, dá para as crianças um saco cheio de
brinquedos. Ao anoitecer os brinquedos ganham vida, e começam a judiar
das crianças. Os brinquedos usam carvão para esfregar em seus rostos, ou-
vidos, olhos e as abrigando a comer. Os pais ficam em um sono profundo e
não acordam por nada. As crianças não imaginam que estão participando de
um ritual macabro para que seus medos, desespero e lágrimas sejam usados
para trazer um temido monstro de Armariolândia. Um monstro feito de carvão
e medo que se alimenta de almas de crianças inocentes.

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Contos da Armariolândia
Maverick
por Rodrigo Araujo

— Acordem, garotos! Vocês não querem perder o primeiro dia de aula,


querem? — a voz da mãe soou do andar de baixo, despertando os dois, mesmo
que o despertador não tivesse conseguido.

Ainda era cedo, a mãe era extremamente rígida com horários e sempre
acordava os filhos mais cedo que o normal para que eles conseguissem fazer
tudo a tempo, sem contratempos, sem atrasos. Mesmo que esse não fosse o
primeiro dia de aula deles na nova cidade, ela os acordaria a esse horário.

O filho mais velho, Jim, saltou da cama de cima do beliche e aterrissou


no chão, mesmo que tenha acabado de despertar e ainda estivesse um pouco
desorientado. Após o divórcio de seus pais, ele decidiu que iria ajudar a sua
mãe o máximo que pudesse, sendo o homem da família, ainda que tivesse
apenas 12 anos.

Jim viu sua mãe sofrer e chorar durante todo esse tempo que antecedeu
a separação e agora ele sabe que essa é uma chance de começar de novo, em
um novo lugar. Ele seguiria firme, mesmo que tenha odiado deixar sua antiga
vida, sua antiga escola e seus antigos amigos para trás.

— D., acorda! — ele se aproximou do seu irmão e o sacudiu.

Dwight, ou D., como seus familiares e amigos mais próximos o chama-


vam, queria apenas continuar na cama. Ele tinha apenas oito anos e não
conseguia ainda compreender o porquê de eles terem se mudado para essa
cidade, longe de seus amigos, longe de sua antiga vida, longe de seu pai. Ele
não gostava do lugar e deixava isso claro para quem quer que perguntasse.
Ele também sabia que gostaria muito menos daquela escola.

— Só mais 5 minutos, Jim, por favor.

— Não, a mãe já nos chamou, você precisa levantar.

— Eu não quero levantar, eu não quero ir pra escola.

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— Então eu vou ter que usar a minha arma secreta. — Jim o olhou com
um olhar sombrio — Ataque de cócegas! — ele pulou em cima do seu irmão e
começou a fazer cócegas nele até que o garoto menor despertasse.

Jim sabia o que seu irmão estava passando e estava disposto a protegê-
lo nessa situação.

Os dois garotos se arrumaram e desceram. Sua mãe já havia posto o


café na mesa. Eles se sentaram e começaram a comer.

— Bom dia, meus príncipes. Espero que estejam prontos para o primeiro
dia de aula. Eu gostaria muito de levar vocês, mas hoje também é o meu
primeiro dia no emprego, então, por favor, Jim, me prometa que você e seu
irmão vão para a escola tranquilamente e sem fazer traquinagem.

— Que é isso, mãe!? Você sabe que eu não faço traquinagens. — Jim
sorriu, sarcástico.
A sua mãe também riu. Ela beijou os dois.

— Eu amo vocês. — ela falou, pegando sua bolsa sobre a mesa e saindo.

Minutos depois, Jim e D. ouviram o som do motor do carro ligando e se


afastando gradativamente. Os garotos terminaram de tomar o café e foram
para a escola. O dia na escola foi entediante para Jim, que acabou não falando
com ninguém, apenas tendo assistindo as aulas de apresentação e falando
somente quando estritamente solicitado. Na saída da escola ele esperou seu
irmão para que os dois voltassem juntos. Enquanto esperava, ele notou al-
guns cartazes de crianças desaparecidas, mas não deu muita atenção além
de uma olhada rápida, que fez com que ele logo esquecesse os nomes e até
mesmo o rosto daquelas crianças. Não era do seu interesse.

D. logo apareceu, vindo com um sorriso no rosto. Diferente de Jim, o dia


dele foi tão interessante quanto um dia pode ser para uma criança de oito
anos. Ele se aproximou do irmão, rindo e contando como foi o seu dia e os
dois começaram a caminhada de volta para casa, que ficava apenas a alguns
quarteirões dali.

No meio do caminho, eles foram interceptados por cinco crianças an-


dando de bicicleta, que os cercaram, rindo, enquanto dão voltas ao redor de-
les. As crianças se resumiam a duas garotas e três garotos com faixa etária
entre 10 e 12 anos. O garoto que parecia o líder era negro e tinha a cabeça
raspada, ele usava um macacão sobre uma camisa listrada, branco e verme-
lho. Os outros dois eram gêmeos e usavam as mesmas roupas azuis e ber-
muda caqui. Uma das garotas era loira e com os olhos verdes, enquanto a
outra tinha o cabelo castanho e chanel.

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— Aí, esses são os otários que são novos na cidade? — um dos gêmeos
perguntou.

— Pega leve com eles, Kyle, eles parecem assustados. — a garota de


chanel respondeu.

Jim, por instinto, colocou o seu irmão atrás de si, com o intuito de pro-
tegê-lo, mas os garotos nada fizeram além de sorrir e conversar entre si, até
que o líder deles fez com que eles parassem as bicicletas.

— Aí, novatos, vocês precisam de amigos aqui, mas não vão conseguir
nenhum com essas caras feias. — o líder das crianças falou.

— Feio é esse seu nariz. — Jim respondeu.

D. ficou impressionado com a coragem do seu irmão. Todos riram com


a resposta.

— Uau, ele tem coragem. — a garota loira provocou — Pensei que eles
eram uma dupla de covardes.

— Não somos covardes! — D. respondeu.

— Claro que são. — um dos gêmeos disparou.

— Não somos. — Jim respondeu

— Prove. — a garota de cabelo castanho continuou — amanhã brinca-


remos de esconde no cemitério. Se vocês forem corajosos mesmo, vocês vão lá
brincar com a gente.

— Por que deveríamos confiar em vocês ou provar alguma coisa pra vo-
cês? — Jim questionou.

— Porque queremos ser seus amigos, novato burro. — o líder sorriu.


— Eu sou Jhonny Richards, os gêmeos são Kyle e Kira Mirts, a loirinha é a
Janet Puckar e a de cabelo curto é Alice Jones. Nascemos, crescemos e… —
ele pigarreou — …aqui na vizinhança.

— Eu sou Jim Scott e esse é meu irmão D.

— Apareçam amanhã, Jim e D. e brinquem com a gente. Aí sim deixa-


mos vocês entrarem no grupo.

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Os cinco garotos saíram. Jim e D. passaram o dia ponderando se deve-
riam ir ou não para essa brincadeira. No fim do dia eles decidiram que prova-
velmente não haveria nenhum mal em participar da brincadeira. Afinal, eles
precisariam se enturmar uma hora ou outra.

No outro dia, pela noite, Jim e D. foram para a porta do cemitério e as


outras crianças já estavam lá. Eles se cumprimentaram e Jhonny começou a
explicar a brincadeira.

— É bem simples. Todos nós entramos no cemitério e procuramos luga-


res para nos escondermos. O objetivo é não ser encontrado pelo Maverick. Se
você for pego pelo Maverick, está acabado.

— Quem é Maverick? — Jim perguntou, confuso — Eu não conheço ele,


quem é?

Os garotos sorriram e Jhonny gritou:

— Começou!

Então todos correram para dentro do cemitério e Jim e D., mesmo con-
fusos, correram também.

O cemitério era enorme, com diversas lápides de todos os tamanhos e


com todo tipo de enfeite. Havia até lápides que eram tão grandes quanto uma
sala pequena. Jim e D. acabaram se separando.
Jim correu para procurar um lugar para se esconder, tentando em uma
árvore. Ele sentiu um arrepio atrás dele, como se alguém realmente estivesse
o perseguindo. Jim olhou para trás e viu um vulto passando, então correu o
mais rápido que pôde.

D. sentiu que havia alguém atrás dele, uma presença forte que fez com
que ele se arrepiasse todo. Ele olhou para trás e viu um vulto, com a forma
de um homem alto e todo vestido de preto. Ele correu o mais rápido que pôde
enquanto o vulto o perseguia. As pernas de D. eram curtas e seu fôlego já
estava quase acabando.

Jim corria olhando para trás, mas não via mais o vulto. De repente, ele
caiu dentro de uma cova, levantando-se assustado e limpando a terra de ce-
mitério que o havia sujado. Algo o empurrou dentro da cova e, quando ele
olhou, viu Janet.

— Essa é minha cova. Estou escondida aqui, procure a sua!

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Ela empurrou Jim pra fora, que continuou procurando um lugar pra se
esconder, até que algo esbarrou nele. Era seu irmão, D. Eles caíram no chão
e D., assustado, avisou que tinha alguém o perseguindo. Jim também sentiu
isso e eles correram o máximo que puderam, de mãos dadas, até que se esgo-
taram e pararam para respirar. Alguém se aproximou por trás deles e quando
eles viraram viram um velho segurando uma pá.

Os dois garotos gritaram, mas já estavam sem fôlego e apenas caíram


no chão.

— O que estão fazendo aqui, garotos? Este cemitério não é lugar para
crianças! Principalmente a noite.

— Quem é você? — Jim perguntou, assustado.


— Eu sou o coveiro, garoto! Não está vendo? O que estão fazendo aqui?
— Estamos brincando de esconde, com nossos cinco amigos, mas algo
começou a nos perseguir e… — D. falou
— Que amigos? Só há vocês aqui.

— Jhonny Richards, Kyle e Kira Mirts, Janet Puckar e Alice Jones.

O homem os olhou, assustado.

— Impossível! Esses garotos estão mortos. Eu mesmo fiz a cova deles.

— Mas como…? — D. estava confuso.

Nesse instante, Jim lembrou dos rostos e nomes nos cartazes que viu
na escola. Ele ficou perplexo e seu coração batia tão forte que ele sentia que
ia pular pra fora da sua boca.

— Como eles morreram? — Jim perguntou.

— Eles foram encontrados mortos, cada um em um local diferente. Di-


zem que foram mortos por um assassino chamado Maverick, que nunca foi
encontrado.

D. chorou e Jim tentou consolá-lo, estando tão assustado quanto o seu


irmão.
— Vão pra casa, garotos, a mãe de vocês deve estar preocupada. — o
coveiro advertiu.
De longe um homem observava os dois garotos. Havia uma plaqueta em
sua camisa, com um nome escrito nela. O nome era Maverick.

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Sementes de horror
O garoto chamado Bullying
por Teurge

Uma criatura está afetando a mente da turma com a ideia de que seus defeitos
são muito ruins para a família e que seus pais não os amarão mais por causa
disso. Os poucos que conseguiram escapar do encanto dizem que o monstro
se parece com eles, só que de uma forma desfigurada, e que ele se manifesta
no grande espelho que tem no porão da casa do Steve. Também revelam que
ele ataca na particularidade de cada um, fazendo com que se sintam inferiores
aos outros que são "normais". A criatura não gosta de receber elogios ou sinais
de afeto, esse tipo de atitude faz com ele se sinta incomodado e desapareça
do espelho.

Doces mortais
por Kawuan Bezerra

Em um pobre bairro americano, um senhor simpático passa o dia inteiro ofe-


recendo doces para crianças do bairro, e todas aceitam sem desconfiar de
nada. Mas após duas horas de consumo dos doces, os sintomas aparecem:
primeiro as crianças sentem muito frio, por mais que esteja calor, elas se
tremem e se contorcem. Então elas começam a sentir o corpo pesado, e têm
muita dificuldade para se mover, enxergar, falar, respirar e, como se não bas-
tasse, elas ficam mais vulneráveis aos monstros de Armariolândia. E final-
mente, após dormirem, elas acordam em uma doceria em Armariolândia, sem
imaginar que elas serão os doces para alguns monstros saborearem.

19
Janela do medo
por Tom AliançaRPG

O menino de sete anos começa a colocar vários objetos, como brinquedos,


roupas e acessórios, para obstruir sua janela. Inclusive, ele cola desenhos,
imagens na vidraça tentando tampar toda a visão. Na escola, ele começa a
desenhar uma criatura disforme, magricela, com pele acinzentada e careca. A
professora, inclusive, chama os pais para uma conversa, na tentativa de fazer
uma sondagem, principalmente depois dele aparecer com os braços machu-
cados. O garoto conta aos amiguinhos durante o recreio que essa criatura que
ele desenha anda aparecendo em sua janela a noite. Seus pais passam a
proibi-lo de ver televisão, alegando que o conteúdo da tevê está deixando-o
com coisas na cabeça. Certo final de semana, dois integrantes do grupo, que
são amigos do garoto, vão passar a noite lá e, de madrugada, percebem a
mesma criatura dos desenhos olhando por uma fresta na janela.

O Iluminado
por Teurge

Danny Torrance é um menino solitário, que não tem amigos e já sabem que
ele é adotado. A galera da rua Larkfield disse que o pai verdadeiro tentou
matá-lo enquanto dormia. Se isso é verdade, ninguém pode confirmar. Nossos
pais desconversam sobre a história de Danny, mas uma vez eu saí do quarto
de fininho e peguei meu pai falando que Danny costuma ter pesadelos horrí-
veis e que fica gritando à noite. Como nosso quarto é no final da casa, não
conseguimos ouvir. Paul, o mais velho de nós disse que uma vez foi até a casa
de Danny tarde da noite e teve a impressão de ter visto figuras estranhas que
não conseguiu descrever, marcamos então de ir hoje mesmo na calada da
noite para sabermos o que tá rolando com o Danny...

20
O fabricante de monstros
por Kawuan Bezerra

Ele não tem forma definida. Ele assume a forma que quiser: pai, mãe, irmão,
professor, etc., mas, diferentes de outros monstros, ele tem um objetivo dife-
rente: transformar crianças inocentes em monstros terríveis. Utilizando de
violências verbais, emocionais e até mesmo física. Ele desperta sentimentos
como ódio, mágoa, raiva, rancor, medo e as eleva a um nível tão alto, que
começam a agir e até a se transformar em monstros. Primeiro começa o mal
humor, a falta de educação, a agressividade, a frieza, o egoísmo e etc., então
começam a surgir garras, asas, escamas, dentes de vampiros, chifres, olhos
múltiplos e outras inúmeras características monstruosas que só as crianças
conseguem ver. E quando a transformação está quase completa, eles são le-
vados para a Armariolândia.

21
Criaturas aterrorizantes
LOBISOMEM
por Shima

Muitos são aqueles que já ouviram falar na história de um homem que,


depois de ter sido mordido por um lobo, passou a se transformar em uma
criatura meio homem, meio fera, nas noites de lua cheia, mas são poucos os
que verdadeiramente sabem que eles realmente existem. Lobisomens são
monstros ferozes, que buscam soltar sua raiva animalesca na primeira
criança que passar pela sua frente.

Este LOBISOMEM é um Monstro Assustador.


É assustador quando uiva para a lua cheia.
Ele quer devorar qualquer criança que ele puder farejar.

Habilidades
Brigar: 4
Agarrar: 3
Perseguir: 5
Assustar: 3

Qualidades
Ele é uma fera perigosa.
Ele pode se mover rapidamente.
Ele pode saltar muito longe.
Ele não consegue chegar perto de acônito.

Virtudes
Terror: 8
Saúde: 40

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Suas coisas
Fera gigante ØØØØ
Mordida feroz (Dano +2)
Pelagem grossa (-1 Dano)
Uivo aterrorizante (Assustar +1)

Membros de lobo ØØØØ


Patas ágeis (Perseguir +2)
Garras enormes (Agarrar +2)

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Brinquedoteca Amaldiçoada
Descrição do que o monstro quer com a criança:
por Tom AliançaRPG

“Ele quer apenas levá-la para a escuridão!”

1 Quer levá-la a Armariolândia, para jogar um jogo obscuro com outros


monstros
2 Quer assusta-la quando está sozinha em casa, para ouvir seu choro
3 Quer que ela traga seus amigos para um chá horripilante na Armariolân-
dia
4 Quer aterrorizá-la diariamente, para ela ter pesadelos de noite
5 Quer um grupo de crianças para participar de um desafio de morte
6 Quer apenas se alimentar de crianças que têm medo de escuro

Descrição de onde o monstro espreita as crianças:


por Tom AliançaRPG

“O monstro está em todos os lugares!”

1 O monstro espreita do guarda roupa enquanto as crianças se arrumam


2 O monstro espreita da árvore mais velha do quintal enquanto as crianças
brincam
3 O monstro espreita pelas frestas do assoalho enquanto as crianças assis-
tem
4 O monstro espreita pela janela do quarto enquanto elas dormem
5 O monstro espreita debaixo da cama as crianças se preparando para dor-
mir
6 O monstro espreita com seus olhos bizarros pelo buraco na parede

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Locais malditos
Casinha mato
por Tom AliançaRPG

A casinha de madeira carcomida, usada como banheiro nos fundos do ter-


reno, foi inutilizada devido a rede de esgoto que chegou ali na chácara. Ao
seu redor, o mato tomou conta de tudo. A porta sempre fica entreaberta e as
crianças costumam ir lá tentar derrubá-la atirando pedras. Algumas vezes
escutam barulhos dentro dela e saem correndo de medo. Próximo da noite
os sons são mais fortes.
* O medo das crianças trouxe uma criatura disforme que se alimenta dos deje-
tos ali da casinha, esperando a hora certa de devorar as crianças como sobre-
mesa.

Casa dos Walkbergs


Por Renan Facini Calça

Uma típica casa do subúrbio americano, branca com o telhado padrão da


vizinhança e uma aparência fora do comum, chamando atenção tanto de
moradores quanto de possíveis compradores. Muitos dizem que ela é amaldi-
çoada, por que as famílias que se mudavam para lá se separavam, devido a
muitas brigas familiares.
* Uma bailarina perversa vive dentro de uma caixinha de música escondida
no porão. Com sua música ela cria um estresse contínuo nas crianças, obri-
gando as a brigarem com as pessoas que moram ali, ou que visitam o local.

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Studio Astoria / Museu da Imagem em Movi-
mento
por Renan Facini Calça

Um casarão branco de três andares, portas pretas e bem simétrico em sua


construção. Localizado na cidade de Astoria, o antigo Estúdio Astoria, ou o
atual Museu da Imagem em Movimento, é um expositor completo sobre pro-
gramas de tv, filmes, rádio e até videogames. Contando até com mais de
1.400 objetos em exposição.
* Uma criatura anda causando efeitos estroboscópios nas crianças. Causando
enjoo nelas e as manipulando para causar danos à estrutura do local, e às
pessoas ao redor.

Lar de Adoção Sant Mary


por Júlio César

Antiga construção no interior, próximo a Nova York. O prédio, visto de


cima, tem a forma de uma cruz cristã. O prédio de seis andares tenta se
sustentar sobre uma estrutura antiga do século passado, de arquitetura ho-
landesa, desgastado, cheio de trepadeiras e esquecido pelo tempo.
* Existe um ursinho violento escondido, amaldiçoado, que réplica sua forma,
várias vezes, como orelhas humanas e metal. Ela ataca crianças e as leva
para um lugar escuro.

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“Não perca o próximo lançamento:”

6ª edição Little Fears Zine

+ Um Conto da Armariolândia
+ Seis Sementes de horror
+ Uma Criatura aterrorizante
+ Dois geradores na Brinquedoteca amaldiçoada
+ Quatro Locais malditos

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