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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS


CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

Al SGT PM 129351-6 Samuel Pessoa da Silva

Al SGT PM 981832-4 Sandra da Silva Silveira

Al SGT PM 149711-1 Vanessa da Silva Honório

Al SGT PM 141627-8 Vinicius Blanco

A IMPORTÂNCIA DA DIVULGAÇÃO DA CAMPANHA

“SINAL VERMELHO CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA”

SÃO PAULO

2021
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

A IMPORTÂNCIA DA DIVULGAÇÃO DA CAMPANHA


“SINAL VERMELHO CONTRA A VIOLENCIA DOMÉSTICA”

Projeto de pesquisa apresentado na Escola Superior


de Sargentos da Polícia Militar do Estado de São
Paulo como requisito parcial para a formação no
Curso superior de Tecnólogo de Polícia Ostensiva e
Preservação da Ordem Pública I 2020 (CFS II/20).

SÃO PAULO
2021
SUMÁRIO
1 TEMA 4
1.1 DELIMITAÇÕES DO TEMA: 4
2 PROBLEMA 5
3 OBJETIVOS 8
3.1 OBJETIVO GERAL 8
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 8
4 JUSTIFICATIVA 11
5 HIPÓTESE 15
6 METODOLOGIA 17
7 REFERÊNCIAS 18
1 TEMA
A importância da divulgação da campanha “Sinal Vermelho” contra a violência
doméstica.

1.1 Delimitações do tema:


O presente Projeto de Pesquisa pretende expandir a campanha que visa dar respaldo
rápido e eficaz as vítimas de violência doméstica, através de um ato simples. O Projeto
evidenciará esse tema pouco conhecido do público interno e externo da Corporação.
Para ressaltar essa relevante Campanha, cabe acrescentar informações conforme AMB
(2020).
Desde o início da pandemia da Covid-19, os índices de feminicídio cresceram 22,2%
em comparação com os meses de março e abril de 2019. Os dados, publicados em
maio deste ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, motivaram o Poder
Judiciário a propor uma nova estratégia para dar um basta na violência contra a mulher
(ABM, 2020).

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2 PROBLEMA
O Problema encontrado foi a pouca divulgação no âmbito da polícia militar, farmácias
e drogarias sobre a dinâmica da campanha, muitos desconhecem o teor e o significado do X
marcado na mão da vítima e o que deve ser feito.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública realizado em 2020 aponta que a falta de
esclarecimento sobre ocorrências de violência doméstica pode gerar equívocos até mesmo em
sua tipificação para a polícia militar quando realiza o despacho para a viatura e também durante
seu atendimento tendo enfoque procedimental diverso daquele que deveria ser adotado.
Infelizmente as Policias-Militares de vários Estados ainda registram casos de
violência doméstica sob a nomenclatura desinteligência, geralmente utilizada para
classificar episódios que entendem não serem problemas de polícia, mas que acabam
por acionadas a intervir, tal como som alto (perturbação do sossego) e brigas de
marido e mulher (FBSP, 2020. p.6 grifo do autor).

As ocorrências de violência contra a mulher ainda não possuem uma codificação


especifica quando o Copom retransmite para a viatura ir até o local dos fatos. Muitas destas
ocorrências o policial só toma ciência do que realmente se trata quando se depara com a vítima
e/ ou o agressor.

O fato é que por conta desta incorreção muitas destas ocorrências não recebem a devida
atenção e brevidade devida, sendo classificadas como de menor gravidade e triadas em uma fila
de espera, sendo que ao chegar ao local dos fatos o policial deparasse com o pior cenário: o
homicídio da vítima e a fuga do agressor.

Caso houvesse uma tipificação especifica a celeridade no atendimento destas


ocorrências e o enfoque poderia ser diferenciado, sendo possível chegar ao local dos fatos com
tempo hábil para garantir a legitima defesa da vítima e a imediata prisão em flagrante do
agressor.

Outro ponto que merece atenção é o fato da violência contra a mulher tratar-se de uma
Ação Penal Pulica Incondicionada. Por vezes com a chegada da polícia militar para o
atendimento da ocorrência a mulher decide não denunciar o agressor, ou se recusa a comparecer
ao Pronto Socorro para ser atendida ou ainda se recusa a comparecer ao Distrito Policial.

Ocorre que em uma ação penal publica incondicionada a vítima é obrigada a comparecer
ao DP para cientificar a autoridade plantonista sobre o fato ocorrido, a menos que esteja
internada sobre cuidados médicos, mas ainda sim, tão logo receba alta médica deve comparecer

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a delegacia e cientificar o delegado sobre o ocorrido, mesmo que não queira representar o
agressor é de interesse do Estado, processar e julgar estas modalidades de crimes.

Através dos problemas encontrados nas primeiras ações de atendimento e triagem para
esta modalidade de solicitações, por vezes temos a fuga do agressor prejudicando as ações
protetivas posteriores e possibilitando o retorno do agressor para o domicílio onde reside a
mulher. Assim, podemos ter um retrabalho, com uma segunda solicitação para o mesmo
logradouro com uma nova agressão ou ainda até um possível homicídio.

Outro ponto importante a ressaltar é o desconhecimento por parte dos funcionários de


farmácias e drogarias a respeito das ações a serem adotadas em casos de pedidos de ajuda por
parte das vítimas e ainda o medo de retaliações por parte do agressor ou envolvimento com a
justiça figurando como testemunha em um possível processo judicial.

A omissão aumenta a sensação de impunidade para a vítima mitigando seus prováveis


canais para solicitar auxilio. Para muitas mulheres por conta de vínculos financeiros e familiares
com o parceiro, sentem-se coagidas a permanecer em silêncio sem denunciar as ofensas sofridas
algumas vezes durante anos a fio.

É importante que todo policial militar saiba que a violência domestica e familiar contra
a mulher constitui um número estarrecedor de casos de agressões que, na maioria dos
casos, têm efeito devastador para sua autoestima, imergindo-a num pavor cotidiano e
num temor aterrorizante, agravados pela imprevisibilidade de uma nova onda de
agressões e pela vergonha que passa, frente aos vizinhos, familiares e conhecidos,
invariavelmente, acarretando a instalação de um quadro de estado de ansiedade,
depressão, dentre outras moléstias do corpo e da alma, que podem acarretar até mesmo
o suicídio. (ICC – N° 167, 2016)

A falta de divulgação aos funcionários das farmácias e drogarias, bem como ao efetivo
da Policia Militar a respeito do amparo legal do qual faz jus toda mulher em situação de
vulnerabilidade, abre precedência para que muitas mulheres por desconhecimento imaginem
que ao denunciar o próprio marido tenham que sair de suas residências com seus filhos e
pertences, pressupondo não terem aonde ir ou onde ficar. O medo de uma posterior investida
do conjugue contra sua integridade física ou a de seus herdeiros torna ainda mais difícil à
efetivação da campanha.

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Apesar da Instituição Militar possuir as Instruções Continuadas do Comanda (ICC),
estas são pouco divulgadas durante as preleções e grande parte do efetivo desconhece as
inovações trazidas pelo advento da Lei Maria da Penha por exemplo. Atualmente para instruir
a tropa sobre os casos de violência contra a mulher a Policia Militar cona com as ICC n° 167,
178 e 245, além do Procedimento Operacional Padrão (POP) n° 2.09.01 que para tratar de um
tema tão atual e cada vez mais crescente mostra-se insuficiente para municiar o patrulheiro de
conhecimento na hora de atuar em ocorrências desta especificidade.

7
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Expandir a campanha Sinal Vermelho contra a violência doméstica, no âmbito do
efetivo interno e externo da Corporação, ressaltar a importância desse projeto que tem como
principal meta “salvar vidas”.
É de suma importância que o policial militar responsável pelo atendimento de
ocorrência tenha pleno conhecimento sobre a campanha e das peculiaridades inerentes à esta
modalidade de ocorrência que possui um rito de ações diferenciado das ocorrências
consideradas como “desinteligência”.
Sabendo das dificuldades que existe para muitas vítimas em denunciar os abusos e maus
tratos, por temerem represálias por parte do agressor ou da vulnerabilidade jurídica que muitas
vezes passa despercebido ás autoridades, não recebendo a atenção adequada, cabe ao
patrulheiro, aplicador da lei, estar plenamente preparado tanto de conhecimento tanto técnico
quanto jurídico a fim de cumprir a missão de defender a integridade física, a preservação da
dignidade da vítima e a preservação da vida.
O primeiro atendimento dado pelo policial ao chegar ao local dos fatos, assim como as
providencias que ele irá adotar é o divisor de águas que irá diferir entre a aplicação da lei sobre
o infrator e da garantia dos direitos fundamentais para a vítima ou a possibilidade de que com
sua ação negligente transpareça impunidade para o infrator, deixando margem para que ele
atente contra a vida da mulher.
Por esta razão é importante que o efetivo na ponta da linha, que realiza o primeiro
contato, tenha pleno conhecimento da presente campanha e seus desdobramentos penais de
maneira que logo em sua primeira intervenção seja mitigada qualquer possibilidade futura de
retaliações contra a solicitante.

3.2 Objetivos Específicos:


Criar estudos para divulgar e melhorar da atuação dos policiais militares perante as
ocorrências de violência doméstica, visando à redução desta modalidade de crime além de
outros mais graves como feminicídio e lesão corporal grave ou gravíssima, que estão
intimamente relacionados à violência contra a mulher.
Por vezes a ausência de ações de polícia efetiva logo no primeiro contato abre margem
para que crimes mais graves possam ocorrer posteriormente. Desta forma com a aplicação de
estudos direcionados a orientação da tropa para o procedimento a ser adotado durante o

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atendimento destas ocorrências, supedaneado pelo arcabouço jurídico que irá alicerçar as ações
do policial militar, ele terá embasamento para agir de maneira efetivas, mitigando logo no
primeiro atendimento reiterações futuras para o mesmo logradouro.
Com base nestes estudos visando melhorar à atuação policial em ocorrências de
violência contra a mulher, sabendo da existência da campanha e que esta aumenta as chances
de defesa da vítima frente a seu agressor, tornando possível solicitar ajuda de maneira velada e
sem a sua exposição é possível implantar programas de policiamento específicos para esta
modalidade de ocorrência, assim como já existe nas Guardas Civis.
Neste ponto a iniciativa é atualizar a instituição quando a atuação do patrulheiro frente
às novas demandas oriundas das atualizações legislativas como, por exemplo, a Lei 11.340 de
7 de agosto de 2006, ou ainda a mais atual, objetivo de estudo deste trabalho, Lei 14.188 de 28
de julho de 2021. Através da criação de programas de policiamento específicos, voltados para
esta modalidade de atendimento, a Polícia Militar mostrar estar atualizada e atuante no combate
a uma forma de violência velada e de difícil prevenção pois ocorre dentro do seio familiar, não
podendo ser percebida pelo policial durante o patrulhamento.
Disseminar a campanha ao público externo (funcionários de farmácias e sociedade),
esclarecendo a importância que esse trabalho em conjunto com a Polícia Militar trará as vítimas
da violência doméstica. Neste ponto é necessário não apenas a atuação do policial militar
operacional como também do efetivo administrativo através da sessão de relações públicas (P5)
para divulgar e ministrar cursos, através da instituição, visando orientar o público civil quanto
à importância do tema e suprimir quaisquer temores em atuar nestas situações.
Cabe salientar que muitos farmacêuticos e seus funcionários evitam adotar providencias
frente ao pedido de socorro da vítima por medo de possíveis ações futuras pelo agressor. Com
o trabalho de conscientização, orientando sobre as ações que serão adotadas após a denúncia
do crime para as autoridades e início das ações de polícia é possível estabelecer um elo de
confiança entre a sociedade e a Policia Militar neste aspecto. Certos de que a atuação da
corporação será incisiva e efetiva, cessando qualquer possibilidade de ações delituosas futuras
contra os denunciantes.
É de suma importância citar que a mulher que pede socorro através desta ferramenta
encontra-se tão submissa ao agressor que por vezes não possui outra maneira senão está de
pedir ajuda e que a omissão pode perpetrar este ciclo de violência não apenas física, mas
também psicológica, não apenas contra a mulher mais também aos filhos. A sociedade necessita
ser orientada quanto ao fato de que a sua omissão pode gerar um feminicídio, estupro, abuso

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sexual, lesões corporais graves e gravíssimas não apenas contra a mulher, mas contra seus filhos
também.
O papel dos funcionários das farmácias e da sociedade no auxílio a mitigação desta
modalidade de violência é de suma importância, pois na maioria das vezes a vítima não tem
meios de pedir ajuda via telefone 190 ou diretamente aos policiais seja por medo, por vergonha
ou por impossibilidade imposta pelo parceiro, dificultando o contado com familiares, amigos
ou vizinhos.
Com estas ações é possível evitar crimes passionais, crimes que demandam empenho
de tropa especializada como o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) nos casos em que o
marido encontra-se emocionalmente perturbado e toma a própria esposa e filhos como reféns.
Estas ocorrências de grande vulto tem seu início na mudança de comportamento do
homem em relação à mulher, tornando-se violento e possessivo, na grande maioria dos casos a
mulher não conhece outro meio de pedir ajuda senão indo diretamente as autoridades, porém
temendo o pior tanto para si quanto para seus filhos acaba submetendo- se a situação.

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4 JUSTIFICATIVA
É de suma importância a pesquisa deste assunto, pois fomentará ações, é um tema
contemporâneo e há carência de análises específicas. Proporcionará esclarecimentos e
enriquecerá atitudes. Possibilitará complemento e modificações de ações. Difundirá
conhecimento e reduzirá a violência. Cabe ressaltar que a política pública de coibição da
violência contra a mulher far-se-á por um conjunto de ações, dentre elas a promoção de estudos
e a difusão de instrumentos de proteção das mulheres (Brasil, 2006).
A violência de gênero contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos e
vislumbra-se de diferentes formas, dentre elas, a física, psicológica, sexual, patrimonial e moral
(MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO, c2018). Por ser um fenômeno social
complexo e multifacetado, requer uma abordagem interdisciplinar e intersetorial. As mulheres
são detentoras de direitos e atrizes principais do processo de enfretamento da violência em todos
os equipamentos da rede. A agressividade contra o sexo feminino assenta-se nas desigualdades
sociais (em especial, as de gênero) que estruturam a sociedade (ROUSSEFF et al. , 2011).

Para Rousseff et al. (2011) a construção social de gênero fundamenta-se,


tradicionalmente, na desvalorização do feminino, na submissão e opressão das
mulheres e nas desigualdades de poder entre os sexos. A cultura de desvalorização e
opressão das mulheres legitima e perpetua a violência de gênero. A violência contra
as mulheres constitui uma violação dos direitos humanos e se funda nas desigualdades
de gênero e numa cultura machista/ sexista. Fatores tais como o alcoolismo, uso de
drogas e desemprego podem estar relacionados a episódios de violência doméstica,
mas não constituem a causa do problema. Portanto, as explicações e as respostas à
questão da violência doméstica não devem ter por base o pressuposto de uma
“doença” ou um “transtorno de personalidade” do agressor. As políticas públicas de
enfretamento à violência de gênero devem orientar-se para a desconstrução de valores
sexistas e machistas e para questões culturais e sociais, que não individualizem o
problema.

Normas sociais que apoiam as agressões, experiências de abuso ou de exposição de


violência na infância, coercibilidade exagerada pelos cuidadores até a passagem da vida adulta,
e, atualmente, uma das causas mais recentes, a doença Covid-19, que gera estresse e ocasiona
instabilidade econômica devido a quarentena. Em confinamento, agressores e vítimas
comungam o mesmo habitat, 24 horas por dia, e a busca por canais de denúncia via telefone
tende a diminuir, uma vez que a pessoa agredida não consegue pedir ajuda reservadamente, e
por este fato, existiu-se o desejo de ampliar a rede de acolhimento e proteção dos direitos
humanos para garantir a efetividade das políticas públicas, pois além da própria vítima, faz-se
imprescindível a participação dos vizinhos e de toda a sociedade nesse momento (GOVERNO
LANÇA CANAIS..., 2020; FIFA..., 2020).

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Segundo a Instrução Continuada do Comando (ICC) nº167, (2016), a violência
doméstica e familiar contra a mulher constitui um número estarrecedor de casos de agressões
que, em grande parte, mantêm efeito devastador para sua autoestima, fragiliza sua saúde mental
e acarreta pavor, agravado pela imprevisibilidade de uma nova onda de agressões e pela
vergonha. De acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), (c2021), o motivo para a
resistência da denúncia de abuso consiste no medo de represálias, tristeza, vergonha,
impotência, bem como a falta de conhecimento de como acessar a ajuda disponível.

O Brasil ocupa a 5ª posição na lista de países mais violentos contra a mulher (AMB,
2020), ela é maior em países de rendas baixa e média-baixa, pois cerca de 37% das cidadãs,
com idade de 19 a 49 anos, em nações pobres, sofreram violência física ou sexual de um
parceiro (ONU..., 2021). Na América Latina, a taxa é de 25% cada, o sul da Europa consta
como a região menos violenta, com 16%. Uma mulher é agredida a cada dois minutos no Brasil,
a Organização das Nações Unidas (ONU) elenca a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) como a
terceira melhor do mundo para evitar e punir a violência contra o sexo feminino (GOVERNO...,
2021).

A ONU recomenda aumentar os investimentos em serviços online e organizações da


sociedade civil, criar maneiras seguras para as mulheres procurarem apoio, sem alertar seus
agressores. A palavra citada não é conjugada no singular, mas no plural, a alertar e convidar
todos da sociedade para trabalharem unidos, pois ressalta-se que podemos e devemos evitar a
violência em todos os lugares, desde as zonas de guerra às casas das pessoas, enquanto
combatemos a epidemia de COVID-19 (CHEFE DA ONU..., 2020).

O Policial Militar, ao atender ocorrência envolvendo violência doméstica (A98),


deparar-se-á com a mulher e/ou núcleo familiar extremamente fragilizado, imerso em um
quadro de baixa autoestima, será parte de sua ação agir de maneira profissional e serena,
transmitir confiança e tranquilidade, oferecer aos cidadãos proteção e acolhimento,
concomitante uma ferramenta para restabelecer a dignidade e a paz, com a prisão do infrator e
consequentemente a restauração do amor próprio das vítimas. (ICC nº 178, 2016; ICC nº 245,
2019).

Faz-se necessário a reflexão sobre a problemática da violência contra a mulher e as


formas que ela terá para angariar auxílio, pois quanto maior os meios fornecidos, mais efetiva

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será a ação da Segurança Pública, com observância aos princípios do respeito da dignidade da
pessoa humana, da não discriminação, do sigilo e da privacidade. (PADRÃO, 2021)

A Campanha do Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica nasceu com o grupo de


trabalho criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para elaborar estudos e ações no
auxílio as vítimas desta problemática durante a fase do isolamento social. Também fora lançada
com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), com o apoio do Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos. Segundo (SINAL VERMELHO..., 2021) agora a medida
passa a ser Lei.

No dia 29 de julho de 2021 fora publicado no Diário Oficial da União a Lei 14.188/21,
em que seu texto consiste também na criação da cooperação de estabelecimentos privados frente
a esta temática, as mulheres denunciarão situações de violência ao mostrarem um “X” escrito
na palma da mão, preferencialmente de vermelho (batom) aos funcionários de comércio
farmacêutico, e estes por sua vez, ao compreenderem tratar-se de mulher vítima de agressão,
terão a responsabilidade de acionar a Polícia Militar, de forma sigilosa, para que o infrator não
perceba a ação (MURILO, 2021).

O governador do Estado de São Paulo, João Doria, e o secretário da Justiça e Cidadania,


Fernando José da Costa, assinaram o Termo de Adesão ao Programa Sinal Vermelho- Combate
à Violência Doméstica, em 20 de agosto de 2021.

Este assunto, além de ser atualíssimo, é de suma importância, pois traz à tona a
responsabilidade de envolver e conscientizar a sociedade no enfrentamento da violência, com
a meta de estabelecer cultura de paz, respeito e solidariedade, a partir da disseminação de
atitudes igualitárias, práticas de valores éticos e respeito às diversidades de gênero (GOVERNO
DO ESTADO DE SÃO PAULO..., 2021).

Seguramente, a Lei nº 14.188, de 28 de Julho de 2021, vem definir o programa de


cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, sendo esta uma medida de
enfrentamento da iracúndia ao sexo feminino e familiar, previstas na Lei nº 11.340 de 2006 (Lei
Maria da Penha), e no Decreto –Lei nº 2.848 de 1940 (Código Penal).

O art. 2º da Lei 14.188/21 autoriza a integração entre os Poderes: Executivo, Judiciário,


Ministério Público (MP), Defensoria Pública, órgãos de segurança pública e as entidades
privadas para promoção e a realização do programa. O parágrafo único explicita que estes

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órgãos deverão estabelecer comunicação com as entidades privadas, para viabilizarem
assistência e segurança à vítima, após constatado “sinal em formato de X”.

Além do mais, o art. 3º da referida Lei menciona que se faz necessária campanha
informativa e capacitação permanente dos profissionais pertencentes ao programa, e por este
motivo, compreende-se que o assunto é tema de estudo constante e deve ser inserido nas
instruções, procedimentos e matérias dos profissionais de segurança pública. (BRASIL, 2021;
BRASIL, 2006).

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5 HIPÓTESE
Quanto maior divulgação do projeto “sinal vermelho contra violência doméstica” maior
será a rapidez no atendimento de ocorrência envolvendo mulheres vítimas de violência
doméstica e familiar.
Quanto maior utilização dos recursos disponíveis para sua proteção, mais inibidos
ficarão os agressores para investirem fisicamente ou psicologicamente contra as mulheres.
Com maior número de pessoas conscientes da existência dos recursos disponíveis para
proteção da mulher, maior será o caráter preventivo contra a violência doméstica e familiar.
Na divulgação ao público interno, através de ICC, cursos e instrumentos normativos,
melhor informados estarão os policiais para auxiliarem as mulheres vítimas de violência
doméstica e familiar.
Na falta de divulgação dos recursos disponíveis para proteção da mulher tende a
continuar a incidência desse tipo, pois elas não se sentirão seguras para expor sua situação,
acarretando na impunidade do agressor.
A eliminação da violência doméstica e familiar é condição indispensável para seu
desenvolvimento individual e social, tendo por fim atingir total e ampla participação em todas
as esferas, certificando assim a efetiva funcionalidade de direitos humanos e validando políticas
públicas para esta finalidade de combate a omissão parcial ou total de crimes escondidos
debaixo de tapetes sazonais, cuja periodicidade de dados obtidos deverá ser constante a fim de
atingir o maior número de mulheres que já foram vítimas, ou ainda estão em busca de serem
vistas e ouvidas.
A violência contra mulher é uma ofensa à dignidade da pessoa humana e historicamente
as relações de poder foram desiguais por décadas, o que transcende a nossa realidade atual para
estabelecer um novo horizonte.
A prevenção tem por objetivo eliminar, punir e erradicar todas as formas de violências
já constatadas e que afetaram negativamente diversos setores públicos, desde a lapidação de
dados até o nível jurídico para punir o agressor, devido à ausência de indagações em nível de
divulgação e amparo as vítimas.
Partindo destes princípios, busca-se reconhecer a importância da contribuição das
mulheres para a sociedade, sendo necessário a criação de um projeto no qual exija modificação
na gestão de políticas públicas destinadas a sua plena participação, no que tange a exigência de
seu papel em diversas esferas, obtendo assim o bem estar das mulheres para laços familiares e
o progresso da sociedade.

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Ressaltando ainda a virtude da maternidade e na educação dos filhos, considerando que
tal abordagem não deve ser motivo de discriminação, e sim a modificação em projetos trazendo
à luz uma real igualdade entre homens e mulheres.
A lei cria estabelece mecanismos inibir a violência doméstica e familiar contra a mulher
e independente de características individuais, como classe, raça, etnia, recriminando qualquer
forma de discriminação.
A necessidade de implementação de um novo sistema para enfrentamento da
problemática, com ampla divulgação, será capaz de conter os assustadores números registrados
de violência contra a mulher, salientando os principais pontos de cobrança ao atual sistema
policial no âmbito de segurança pública.
Apesar de já ter recebido diversas revisões, a Lei 11.340/06, Maria da Penha ainda não
foi capaz de atingir o sucesso em atendimentos de ocorrências via CAD/Copom, que muitas
vezes ao chegar no local, vidas de muitas vítimas já foram ceifadas e o agressor conseguindo
êxito em fugir, ileso e novamente parte da impunidade, visto mais uma vez a justiça
negligenciando tal realidade.
No que tange a divulgação na própria instituição e comércios (público externo), salienta-
se que não se trata apenas dos maus tratos dentro de seus ambientes domésticos, muitas vezes
o casal nunca morou junto, ou quando seu relacionamento já tenha acabado, enquadra-se a
inconformidade do parceiro em aceitar o término do relacionamento, esta disposição é o ponta
pé inicial para que nosso projeto tome escopo e ganhe maior conceito e abrangência global para
ter como base estudos de casos anteriores e novas mudanças com futuros promissores as
milhares de mulheres que sofrem ou já sofreram qualquer tipo de violência.
Sendo assim, das formas de violência Doméstica e familiar contra a mulher, basta
apenas qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe danos a sua saúde física, psicologia
ou patrimonial, de modo que a assistência através do programa de combate “sinal vermelho”
terá maior respaldo e abrangência, visando a capacitação permanente das dos profissionais que
atuam diretamente ou indiretamente às áreas de prevenção e repressão de violência contra a
mulher.

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6 METODOLOGIA
O método utilizado foi o levantamento bibliográfico, realizando uma abordagem
qualitativa e pesquisa descritiva. A presente metodologia aplicada ao trabalho serviu de suporte
para o embasamento utilizado no transcorrer do trabalho justificando e ratificando o exposto.
Através do levantamento bibliográfico foi possível coletar dados realizados através de
pesquisas fidedignas que ratificam as afirmações inseridas acerca da Campanha. Associado a
pesquisa qualitativa foi possível traçar um perfil das vítimas de violência doméstica, bem como
da ínfima porcentagem que busca por ajuda.
Pautado em fontes atualizadas e com base na recente Lei oriunda do objeto de pesquisa
deste trabalho é possível abordar a importância atual de uma revisão técnica quanto a atenção
desprendida para o aumento dos casos de violência contra a mulher.

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7 REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei nº 11.340, de 7 de ago. de 2006. Cria mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal
e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 7 jul.
2021.
DEPUTADOS, Câmara: “Campanha Sinal vermelho contra a violência doméstica”,
Projeto de Lei 741/2021. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.camara.leg.br/propostas-
legislativas/2272154. Acesso em: 7 jul 2021.
DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA, Súmula, Instrução Continuada do Comando
n º 245/19, "Atendimento de ocorrências de Violência doméstica e/ou descumprimento de
medidas protetivas”. São Paulo, 19 mar 2019.
DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA, Súmula, Instrução Continuada do Comando
n º 167 e 178, Atuação da PMESP em ocorrências de Violência doméstica e familiar, com
base na “Lei Maria da Penha”, São Paulo, 7 mar 2016.
PADRÃO, Procedimento Operacional n° 2.09.00: “Atendimento de Ocorrência de
Violência Doméstica e/ou Descumprimento de Medidas Protetivas.” São Paulo: Quartel do
Comando Geral., 2019. Revisão em 23 fev 2021.
AMB (Associação Médica Brasileira), “Campanha Sinal Vermelho contra a
violência”, 2020. Disponível em: http://www.amb.com.br/sinalvermelho. Acesso em: 07 jul
2021.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência Doméstica durante
a pandemia de Covid-19. Publicado em 16 de abril de 2020. Disponível em:
<http://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/05/violencia-domesticacovid-19-
v3.pdf> Acesso em: 08 jul.2020.

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