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Allan Nunes
—Sumário—
Inspirações.........................................................................................................6
O Ato de Pensar..............................................................................................17
Ferida Exposta................................................................................................20
Um coração em exílio...................................................................................23
Envelhecimento.............................................................................................40
Amor?................................................................................................................43
À 1 hora da manhã........................................................................................49
Allan...................................................................................................................51
Janela da Frente.............................................................................................54
Dor de Cabeça.................................................................................................57
E tudo se foi.....................................................................................................59
Solennis.............................................................................................................66
Inconsolável....................................................................................................69
Contato..............................................................................................................72
Recomendações de Páginas.......................................................................73
—Apresentação (ou quase isso)—
Neste segundo livro não comecei pelo título, para falar a verdade nem o
próprio livro possuía um título.
Sinceramente não sei o que me motiva a escrever, só sei que amo muito.
Necessidade de me expressar?
Lembranças pessoais;
As mesmas casas que não possuem pintura e ficam com teus tijolos expostos
Nada de novo...
E não... não sento na calçada para fofocar sobre a vida dos outros
É sempre assim. O monótono, o piano com uma única tecla, o violão de uma
corda só.
Ainda me sento na calçada à procura dessa diferença que inspire.
Mas isso não quer dizer que desistirei de minha procura, muito pelo
contrário, tal frase me motiva a provar que há diferença
Não... não serei vencido por uma frase de 3 letras pichada em um muro
Vejo os gatos feridos que caminham pelos muros com receio de uma cerca
elétrica
E tudo isso me fere o peito, dói a alma e me causa uma revolta que ao mesmo
tempo que me motiva a fazer algo... me sufoca
Vejo a agressão verbal e física cometida pelo aluno em seu professor todos
dias
E tudo isso me fere e me faz sangrar internamente, pesa minha alma, sinto
angústia ao escrever tais palavras, mas infelizmente é o que realidade me
mostra
É a verdade que vejo quando olho nos olhos de um cidadão que volta para a
casa com o constante medo de ser morto por nada
Vejo a mulher não denunciar seu agressor por ter a esperança de que o
mesmo irá mudar
Vejo amizades desfeitas tendo como motivo a diferença de opiniões
Vivo em um país onde uma ideologia se corrompeu de tal forma que chega a
valer mais do que a vida de um ser indefeso
Vivo em um país com uma enorme lacuna cultural onde algumas novelas,
algumas letras de músicas, alguns livros e infelizmente alguns professores
preenchem com a inversão de valores
Fechei todas as janelas de minha casa, tranquei a porta da frente ao sair e fui
para a praça
Várias e várias vezes vim para cá ao término das aulas e agora tudo isso
ficará apenas em minha mente como lembrança
Caminho sem rumo pela praça até encontrar uma árvore em que as folhas
não caíram
Mas penso eu que... ao fazer isso, será questão de algumas semanas para que
volte a ser como é agora
Levanto-me para retornar à minha casa e o peso da realidade cai sobre meus
ombros como uma âncora cai no fundo do mar quando solta
Não posso fazer nada e isto me desanima, pior que isto é fazer tudo para
depois retornar ao estado atual... não sei o que é pior... pensar em fazer ou
não fazer
Tranco a porta por dentro, mantenho as janelas fechadas e deito no sofá com
a roupa do corpo e um mínimo de esperança...
—Nos Tempos de Nossos Pais—
O telefone unia os Romeus com suas Julietas quando a distância era enorme.
Quando o telefone tocava íamos correndo atender, independente do horário,
pois tínhamos uma melhor definição da palavra ‘saudades’.
Pois aprendi que quando amamos alguém, provamos este amor de todas as
formas. Mas pode ser que minha maneira de pensar esteja ultrapassada em
relação à atualidade.
Sim. Podemos enviar mensagens de voz declarando o que sentimos a
alguém. Mas o que nos impede de procurar uma declaração pronta e
modificá-la? Nada.
Tento mas não consigo me encaixar neste novo padrão do fazer sem motivo.
Já o termo ‘Pegar’ creio que foi criado apenas para me dar dor de cabeça.
Pois quando o utilizam, parece que estão se referindo a um objeto. E uma
pessoa não é um objeto. Mas infelizmente a maioria aceita ter o nome
utilizado em uma frase que possua tal termo.
Sei lá. No fim das contas pode ser que minha maneira de pensar esteja
ultrapassada em relação à atualidade.
—O Ato de Pensar—
Fui a uma festa junina de meu bairro para ver se esquecia de meu passado
nada amoroso e para procurar novas inspirações. Nela havia alguns
conhecidos, ex-amigos e ex-amigas. Sim, é triste, porém o mundo não
aguardará minha ferida sarar.
A festa estava bem animada, o céu estava estrelado e como eu estava sem
companhia, fui para longe da alegria e me sentei num banco feito com uma
tora de madeira que estava seca e iluminada por um poste.
Tendo a luz do poste como meu sol artificial, comecei a pensar em minha
vida, em mim, o que fui, o que sou e o que quero ser.
Penso em tanta coisa sentado neste banco que fica difícil escolher o que ser.
São tantos pensamentos em minha mente, que não há espaço para todas elas
e para dificultar ainda mais as coisas, os pensamentos não duram para
sempre.
Desta forma estaria eu sempre perdendo aquilo que posso vir a ser?
Não sei dizer, pois quando pensei em responder já era tarde demais.
Da forma como digo parece algo belíssimo. No entanto é, mas que logo
desaparece deixando-me a angústia daquilo que não tive a chance de ser.
No entanto quando olho para o meu interior com o objetivo de saber quem
fui, quem sou e o que serei... não encontro nada.
Talvez não pensar em nada seja a resposta, mas como havia dito
anteriormente, penso em tantas coisas...
Mas eu...
vulcão ativo que sou, tenho a certeza de que ao fazer isso falharei
miseravelmente, pois sou e provavelmente sempre serei o que nasceu para
pensar.
Rasguei os poemas e textos de outrora que dediquei a aquela que amei, pois
soube que ela se casou. Vejo que as promessas e os planos foram apenas
palavras ao vento. Tantas promessas feitas e realizáveis não verão a luz do
sol, tantos planos sequer chegarão a tocar o chão de uma igreja ao som da
marcha nupcial. Quem diria que o amor faria isso comigo.
Outrora ela disse: Quem sabe um dia eu te ame da mesma forma que me
amas.
Esperei amando e após saber de você, vi que tal dia jamais chegará.
Ah... o amor é uma dor indefinida, uma ferida que nunca se fecha.
O tempo passou, você voltou e meu coração começou a dar galopes pelo meu
corpo.
Mas você não voltou para dizer que me amava... voltou apenas para tentar
salvar nossa amizade.
Você não voltou para mim, minha doce amada...
Você disse que não podíamos... que não daria certo... nem ao menos tivemos
a chance de tentar, minha amada de outrora.
O tempo passou
O planeta girou
Todos se moveram
Todos seguiram
Todos fizeram
Todos agiram
Todos se mexerem
A lua surgiu
A noite expandiu
Sentei-me a porta
O tempo esfriou
O frio continuou
Sozinho na noite
Trechos apaguei
E outras queimei
Permaneço sentado
Estações incoerentes
E um rosa na mão
Ninguém as compreende
Nem eu mesmo
Idealizo pensamentos
E fonemas desconhecidos
Sentado a porta
Observando a lua
No canto escuro de meu quarto começo a escrever sobre tudo que vier a
mente. Percebo que estou aqui a mais de um álbum já que a agulha da vitrola
não está emitindo mais som.
Já escrevi tanto e ainda não escrevi nada, apenas linhas e linhas sem
significados.
Como viu acima, embora eu tenha em mim a solidão, isso não quer dizer que
as lembranças do que fiz e o lamento do que deixei de fazer se apagaram.
Concordo que escrever traz tudo à tona como um balde de água fria no
inverno. Mas se concordo, por que estou escrevendo?
Escrever o que vier a mente. Sinto aquele velho martelar em minha cabeça
dizendo para eu dar mais uma chance ao amor e lutar por ele até o fim, mas
isso não posso fazer, pois as chances que dei não foram reciprocas e lutar
por ele fez com que eu me perdesse várias e várias vezes, e hoje só sei meu
nome e não quem sou.
O triste é que alguns solitários são os que mais sonham em encontrar o amor
real capaz de acender uma chama interior... ainda que na maioria dos casos
seja uma esse amor seja uma bela e triste mentira.
Sem olhar para a floresta vamos em direção à folha. Sem olhar para os
espinhos vamos em direção à rosa. Sem olhar para nossos pares de asas
feitas de penas e cera de abelha vamos em direção ao sol. Sem olhar para a
mentira teatral vamos em direção ao amor, para o declínio.
Dizem que a solidão é o nome de uma ilha para onde vão aqueles que não
mais desejam sofrer.
A ausência de amores nos leva a solidão e o excesso de amores nos leva a
paixão?
E como a conheço...
Segure minha mão e jamais a solte, pois sinto frio quando estou só
Ilumine-me com teu sorriso enquanto estou acordado para que eu não
durma na escuridão
Não me deixes só, num mundo cercado de gente que é igual à outra
Quero uma vida contigo e não ficar sentado e pensando no que vivi
Amo e a amarei mesmo que o sol se apague e que a lua deixe de existir
-A Vítima-
Sou aquele que nasceu apenas para pagar imposto e levar no rabo
-O Manipulado-
Sou aquele que ama o estrangeiro, mas não o interno, a cada 4 anos
Sou aquele que vende o voto e por mais 1 real venderia a alma
-O Ignorante-
Sou aquele que vê um muro gigante, mas não nota escada deitada nos pés
Sou aquele que critica quem nada de errado fez, mas não percebeu o buraco
no peito do próprio país
Sou aquele que segue tendências desnecessárias para ser aceito num grupo
de gente igual à gente
Sou aquele que escuta opiniões iguais e recusa as demais, mesmo que
salvem meu país
-O Submisso-
Sou aquele com os olhos fechados para o real e com a boca aberta para a não
compressão
Sou aquele que abriu mão da capacidade de pensar no meu país para opinar
detalhadamente em um reality show
Pedi uma dose de uísque e coloquei alguns fragmentos de meu coração, pois
não queria cowboy naquele dia.
Meu peito está preenchido com o nada e com o nada ficará por um tempo,
pois me recuso a colocar meu coração no lugar.
Uso-o aos poucos para diminuir a pureza de minha dose, pois não o quero de
volta rapidamente. Ele deve sofrer... da mesma forma que estou.
Ela tinha o meu coração e o devolveu da mesma forma que se devolve uma
compra fora da validade ou um relógio danificado.
A segunda dose chega e olho para o meu coração encima da mesa. Ele
continua se fragmentando, e os mesmo se dissolvem em meu copo igual a
um amor temporário que utilizou alianças de papéis.
Agora sinto sede dos lábios de meu amor enquanto aos poucos meu coração
deixa de existir.
Você se lapidou para ela, eu mudei por ela, nós lutamos por ela e não temos
nem sequer ela.
Bebo o restante da dose num gole só e paro por ali mesmo, pois meu coração
já havia desaparecido, mas manhã ele estará de volta em meu peito.
Pago minhas duas doses e saio pela porta do bar rumo às paredes pálidas de
meu quarto.
Ah meu coração... o que será de nós dois que amamos e não somos amados?
—Envelhecimento—
Era dia quando fui correndo em direção ao campo com grandes sonhos,
Tarde quando a realidade dilacerou todos eles como uma fera sanguinária,
Parece mais fácil decifrar o sorriso de Mona Lisa do que decifrar o que há em
teu coração.
Parece mais fácil tocar Beethoven sob um céu chuvoso do que tocar teus
ouvidos com minhas declarações.
Parece mais fácil ir a Chapada dos Guimarães em um dia frio do que ir a ti,
pois estás sempre distante.
Parece mais fácil voar de balão em direção à lua do que voar para o calor de
teus braços que me aceitam, mas não demonstram.
Parece mais fácil atravessar uma tempestade com uma canoa furada ou a
nado, do que romper este profundo silêncio que tu faz.
Parece mais fácil decorar a tabela periódica com seus números atômicos,
metais, semi-metais, não-metais, gases nobres e massa atômica do que
decorar a feição de teu sorriso e de tua beleza, pois está sempre mudando.
Tornando-se mais radiante, deixando-me ainda mais apaixonado.
Nós sabemos o que sentimos, mas você me prende com tuas dúvidas.
Nós sabemos o que queremos, mas você me prende numa gaiola, esconde a
chave, parte e em seguida volta sem nada a dizer...
algum dia
As chamas vêm,
os animais correm
O racismo é ignorado,
e a deixamos febril
ganhando antônimos
Não pensar em nada, não amar nada, não escrever nada, não ser nada, já que
ao longo da vida fui tudo.
Creio que já fui cada uma das estrelas que compõem a constelação do meu
signo.
Pois meu coração pulsa como se amasse pela primeira vez, mesmo não
havendo ninguém para amar.
Quero ser um nada, mas não consigo parar de escrever que quero ser um
nada nesta folha que veio de uma árvore que era uma muda que era uma
semente que era inexistente.
Rio quando não há motivos para rir e choro quando há motivos para festejar.
Sou o nada com tudo na mente, mas que pelo fato de pensar tudo, desejo não
me aprofundar em nada.
Isso tudo não faz sentido mim, no entanto fará para alguém, afinal o sentido
de uma coisa não se perde pelo fato de um ser não o saber.
Mas sei lá... gostaria de ser como os pássaros que voam simplesmente por
voarem sem saberem o porquê de voarem. Queria não pensar em nada por
simplesmente estar cansado de pensar, mas quando faço isso surge um
clarão em formato de interrogação em minha mente e este clarão quer os
motivos de eu não mais querer pensar e para dizer tais motivos...
infelizmente tenho que pensar.
Irônico, não?
Ver que as coisas são daquele ou desse jeito por simplesmente ser. Sem
justificativas.
É o relógio que gira, a poeira que voa, o ventilador que também gira e os
versos que também voam, porém este último toma todo o meu campo de
visão e me força a levantar da cama para convertê-los em um idioma aceito
pela folha de papel, ainda que eu não os compreenda.
E agora, Allan?
Ela se declarou
E ela partiu
E agora, Allan?
E agora, você?
E agora, Allan?
está sozinho,
E ela partiu,
você tentou,
nada adiantou,
o sorriso se perdeu,
não há mais motivo para isso
e tudo acabou
e chama se apagou
e agora, Allan?
E agora, Allan?
quer se declarar,
Allan, e agora?
Se você escrevesse,
se você cantasse,
se você dançasse
a luz do luar,
se você desistisse,
se você aceitasse,
se você a deixasse...
Sozinho no quarto
para esvaziar,
Tudo que sinto neste momento é temporário, finito, efêmero... e logo deixará
de existir
Tudo que sinto neste momento é o calor entre meus dedos indicando que o
cigarro está no fim
Não o aproveitei como devia... dizer adeus a ele é o que posso fazer
E deixo-a passar...
Pois como disse no início, a fumaça que sai ao acender o cigarro é a única cor
na qual tenho um breve contato visual
O tempo está dando suas voltas e de repente vejo alguém saindo pela porta
da casa do outro lado da rua
Esse alguém sai, olha levemente para cima e acena para mim
mais nada
—Dor de Cabeça—
Uma dor de cabeça tenta me impedir de escrever e o pior de tudo é que ela
não partirá tão cedo, muito pelo contrário, ela só aumentará com o tempo
até se converter em algo pior ou me impedir de escrever totalmente.
A dor de cabeça surgiu sem bater na porta e nem sequer disse olá.
No entanto o frio não é pior do que a dor de cabeça que sinto e o mais
entranho é que a mesma surgiu do nada, assim que acordei e levantei.
Não é uma dor de cabeça causada ressaca, uma vez que não bebi.
Não é uma dor de cabeça causada por caminhar sob o sol, pois isso não fiz.
Esta dor de cabeça poderia ser fantasiosa, mas infelizmente é real, muito
real.
Mas o tanque de guerra não me ouviu e derrubou tudo que era significativo
para mim.
O martelar voltou...
Em nosso tempo junto, ouvi apenas o tic tac do relógio dizendo que o tempo
é limitado
Parecia ser mais fácil me jogar de um penhasco achando que posso voar
falhei
Estou completamente só
Vivemos tais sonhos sorrindo, sentindo a felicidade por aquilo ter se tornado
algo mais que uma ideia e vontade
Substituindo esse ‘tudo’ por ‘alguma coisa’ que nos fará chorar na manhã
seguinte
É sempre assim... uma combinação trágica, uma ferida que arde e nunca
sangra
Derrame água sobre minha cabeça e o vento fará de tudo para secá-la
É sempre assim...
minha primavera,
minha canção,
meu rouxinol,
minha vontade.
E tu se puseste
Um eclipse solitário,
Estás sozinha?
Ou acompanhada de algum de meus Eus?
Em todo instante?
As nuvens chegam,
o telefone toca,
Tu se puseste
Dias,
semanas,
meses
e nada de ti.
sem esperança,
O sol se pôs,
Do que vale a alma daquele que a venderia por qualquer migalha de pão no
interior da Floresta Negra?
Cada espaço entre minhas palavras representa uma estrela que perdeu a
própria luz
Estou destruído como uma plantação que recebeu a oitava praga do Egito
Estou prestes a dar fim à minha existência como quem foi trocado no dia dos
namorados e em seguida convidado para ser padrinho do casamento
Condenando-me ao isolamento
A canção alemã Lili Marleen não se equipara à solidão que ecoa como um
violino desafinado em meu peito, em minha alma e em minha constelação
há apenas a falsa história do que sou e a verdade perdida daquilo que fui
Eu me tornei irrelevante
Se imprimi-los,
rasgue-os
Se copiá-los,
apague-os
E-mail: allan_delao@hotmail.com
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