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No Mundo da Lua

" A Lua, e não o Sol, é o legítimo cronômetro do alvorecer dos tempos".

A Lua sempre foi o marcador de tempo natural das mudanças periódicas que ocorriam em
todos os reinos, era ela também que assinalava todas as etapas e padrões do eterno ciclo da
vida e da morte.  Sua misteriosa luz prateada apontava o momento certo para o plantio,
para a colheita, para o acasalamento e para as mudanças climáticas. Os antigos gregos a
representavam como um cálice vazio que enchia-se e esvaziava-se lentamente,
representando as alterações cíclicas das emoções, reações e necessidades humanas.

O símbolo escolhido para representar a esfera matriarcal é a Lua, em sua correlação com
a noite e com a Grande Mãe do céu noturno. A Lua é o astro que ilumina a noite e é o
símbolo do princípio feminino, representando potencialidades, estados de alma, valores do
inconsciente, humores e emoções, receptividade e fertilidade, mutação e transmutação. E,
as fases da Lua, caracterizam os aspectos da natureza feminina, assim como representam
os estágios e as transformações na vida da mulher.

O Mundo da Lua, aparece na qualidade de um nascimento ou renascimento. Onde quer


que se visualize seu símbolo, sempre estaremos diante de um mistério de transformação
matriarcal, mesmo que algumas vezes, mostre-se camuflado no mundo patriarcal.

Os astros luminosos em sua dimensão arquetípica, sempre são símbolos da consciência e


do espírito da psique humana. É por isso que sua posição nas religiões e ritos é
característica das constelações psíquicas dominantes no grupo que, a partir do seu
inconsciente, projetou-os no céu. Para ilustrar, o Sol tem sua correspondência na
consciência patriarcal, enquanto a Lua na consciência matriarcal.

O aspecto lunar do matriarcado não se refere ao espírito invisível e imaterial, bandeira


defendida pelo patriarcado, mas foi a razão pela qual fez com que a Lua acabasse
depreciada, assim como o Feminino a que ela corresponde. Todos seus princípios
marginalizados levaram à conceituação abstrata da consciência moderna e, que hoje
ameaça a existência da humanidade ocidental, pois a unilateralidade masculina acarreta
uma hipertrofia da consciência, às custas da totalidade do homem.

Atualmente, o conhecimento abstraído pela consciência coletiva da humanidade encontra-


se nas mãos de representantes masculinos, que nem sequer são capazes de incorporar o
princípio solar imaterial e puro.

O Mundo da Lua, está longe de ser, como supunha o mundo patriarcal, somente um nível
de matéria inferior, de fugacidade telúrica e escuridão. Nos mistérios do renascimento
ocorre a iluminação e a imortalização do homem. Este mesmo homem, que é iniciado pela
Grande Mãe, como demonstra os mistérios eleusinos e o seu renascimento acontece como
um nascimento luminoso no céu noturno. Ele brilhará como um ponto de luz no manto
negro da noite, iluminando o mundo noturno, mas mesmo tornando-se deste modo,
imortal, a Mãe não o libera, mas o carrega para perto de si na mandala celeste, pois uma
Mãe jamais abandona seu filho.
A LUA E A MENSTRUAÇÃO

A cada 28 dias a Lua completa seu ciclo de crescente a minguante. A Lua Nova marca a
primeira iluminação e um fiapo fica visível no céu noturno. A Lua então cresce até o
primeiro quarto, quando se pode visualizar a metade de seu disco. Continua a crescer e
completa-se até atingir a Lua Cheia. Neste ponto, começa a diminuir de tamanho até o
terceiro quarto, quando novamente só se vê a metade do disco e continua assim até que
não se veja mais seu disco. Em quinta fase, esta Lua Escura dura três noites e esta, é este é
o mais poderoso de todos os ciclos da Lua.

A Lua, com seu ciclo de nascimento, crescimento e morte, é um lembrete poderoso, todos
os meses, da natureza dos ciclos. Em épocas remotas, os ciclos menstruais das mulheres
eram perfeitamente alinhados com os da Lua. A mulher ovulava na Lua Cheia e
menstruava na Lua Escura. A Lua Cheia era o ápice do ciclo da criação, era  quando o
óvulo era liberado. Nos 14 dias que antecedem esta liberação, as energias da criação
reúnem tudo que é necessário para constituir o óvulo. Quando passava a Lua Cheia e o
óvulo não era fertilizado, tornava-se maduro demais e se decompunha, derramando-se no
fluxo natural de sangue na Lua Escura. Quando a mulher vive em perfeita harmonia com
a Terra, ela só sangra os três dias da Lua Escura. Quando a Lua Nova emerge, seu  fluxo
naturalmente deve cessar e o ciclo da criação é reiniciado dentro dela.

Em nossa sociedade atual, o uso de pílulas anticoncepcionais, fez com que a mulher
deixasse de incorporar e compreender este ciclo de criação e destruição dentro de si.

Alguns índios norte-americanos, consideravam a Lua uma mulher, a primeira Mulher e,


no seu quarto minguante ela ficava "doente", palavra que definiam como menstruação.
Camponeses europeus acreditavam que a Lua menstruava e que estava "adoentada" no
período minguante, sendo que a chuva vermelha que o folclore afirma cair do céu era o
"sangue da Lua".

Em várias línguas as palavras menstruação e Lua são as mesmas ou estão associadas. A


palavra menstruação significa "mudança da Lua" e "mens" é Lua. Alguns camponeses
alemães chamam o período menstrual de "a Lua". Na França é chamado de "le moment
de la luna".

Entre muitos povos em todas as partes do mundo as mulheres eram consideradas "tabu"
durante o período da menstruação. Este período para algumas tribos indígenas era
considerado um estado tão peculiar que a mulher deveria recolher-se à uma "tenda
menstrual" escura, pois a luz da Lua não deveria bater sobre ela. O isolamento mensal da
mulher, tinha o mesmo significado que os ritos de puberdade dos homens. Durante este
curto espaço de tempo de solidão forçada, as mulheres mantinham um contato mais íntimo
com as forças instintivas dentro de si.

Em tribos mais primitivas, nenhum homem podia se aproximar de uma mulher


menstruada, pois até sua sombra era poluidora. O sangue menstrual, nesta época, era tido
como contaminador. Acreditavam também, que a mulher menstruada tinha um efeito
poluente sobre o fogo e se por algum motivo se aproximasse dele, esse se extinguiria.
Ainda, de acordo com o Talmude, se uma mulher no início da menstruação passasse por
dois homens, certamente um deles morreria. Se estivesse no término de seu período,
provavelmente causaria uma violenta discussão entre eles.
Por vários motivos as mulheres acabaram impondo à si mesmas uma abstinência, muito
embora, tanto nelas como nos animais, o período de maior desejo sexual é imediatamente
anterior ou posterior a menstruação.

Na Índia, acredita-se ainda hoje, que a Deusa-Mãe menstrua. Durante essa época, as
estátuas da deusa são afastadas e panos manchados de sangue são considerados como
"remédio" para a maior parte das doenças. Na Babilônia, pensava-se que Istar, a Deusa
Lua, menstruava na época da Lua Cheia, quando o "sabattu" de Istar, ou dia do mal, era
observado. A palavra "sabattu" vem de sabat e significa o descanso do coração. É o dia de
descanso que a Lua tem quando está cheia. Este dia é um percursor direto do sabath e
considerava-se desfavorável qualquer trabalho, comer comida cozida ou viajar. Essas
eram as coisas proibidas para a mulher menstruada. O sabath era primeiramente
observado somente uma vez por mês e depois passou a ser observado em cada uma das
fases da Lua.

Hoje, uma compreensão científica e objetiva já nos livrou de todos estes tabus, mas é bom
lembrar que em certo momento histórico, inconscientemente, a natureza instintiva
feminina podia provocar a anulação dos homens.

A NATUREZA TRINA DA MULHER

A natureza da mulher é cíclica e bem separada de seus desejos pessoais e ela experimenta
a vida através desta natureza sempre mutável. As mudanças mais marcantes de seu
comportamento acontecem em relação aos seus sentimentos. Tudo pode estar auspicioso e
alegre em certo momento, mas passado pouco tempo poderá estar melancólico e
deprimente. Desta forma, sua percepção subjetiva da vida é projetada para o mundo
exterior e a mulher pode sentir a mudança cíclica como uma qualidade da própria vida.

No curso de um ciclo completo, que corresponde à revolução lunar, a energia da mulher


cresce, brilha esplendorosa e volta a minguar totalmente. Essas mudanças afetam-na tanto
na vida física como sexualmente e também psiquicamente. Na mulher, a vida tem fluxo e
refluxo que é dependente de seu ritmo interno. O ir e vir da energia, quando perfeitamente
compreendido pela mulher, pode presenteá-la com uma oportunidade de trabalho ou uma
aventura espiritual, a qual ela espera há muito tempo. Se a Lua lhe for favorável, ela
poderá ter uma vida mais livre e cheia de oportunidades, mas se a Lua estiver
desfavorável, pode perder sua chance, sendo incapaz de recuperá-la. Não é de admirar que
nossos ancestrais chamassem a Lua de "Deusa do Destino", pois realmente é fato que ela
influência no destino da mulher, assim como dos homens também, embora
inconscientemente.

No mundo patriarcal, as mulheres descuidaram-se de seus ritmos para tornarem-se


competitivas e o mais próximas possíveis dos homens. Caíram, sem perceber, sob o
domínio do masculino interior, perdendo o contato com seu próprio instinto feminino,
passando a viver somente através das qualidades masculinos do "animus". Entretanto,
negar sua identidade é constituir-se em um ser sem alma. Não é incorporando os valores
masculinos ou tentando imitar seu comportamento que terá reconhecido o seu valor. A
mulher deve ser reconhecida também, pela sua dimensão feminina e não pela sua
dissociação da sua realidade psíquica.

A MULHER LUA CRESCENTE

A primeira face da Deusa é a Donzela, ou Virgem e que corresponde a Lua Crescente.


Representa a juventude, a vitalidade, à antecipação da vida, o início da criação, o potencial
de crescimento e a semente do "vir a ser".
A Lua Crescente, portanto, liga-se a "virgem", a mulher solteira e sugere inúmeras 
promessas ocultas de crescimento, de riqueza, de criatividade e de prazer. Esta Lua nos
faz voar à um mundo de sonhos e devaneios. Nos tornamos seres alados que levitam num
céu estrelado de possibilidades, onde o impossível torna-se realidade. É o verdadeiro
despertar de Eros, do amor, da vida que não nos impõe nenhum obstáculo. Neste mundo
onde tudo é possível a mulher personifica-se como a eterna amante, a musa inspiradora
que concretiza a eterna felicidade.

A mulher na Lua Crescente consegue expor sua feminilidade com muita espontaneidade.
Ela é a personificação da deusa em sua manifestação instintiva e natural, buscando sua
essência. Ela é rica em fertilidade e possibilidades, sem limites. Precisa de todo o espaço
para expandir-se e manifestar-se. É erva que se alastra e cobre tudo, pois ela é livre,
animal sem dono, que não admite ficar presa à ninguém. Dona de si mesma, ela se rege, se
governa por seus princípios internos, muitas vezes à custa de muito sofrimento, pois toda
liberdade tem seu preço.

Este princípio feminino é representado por várias deusas e uma delas é Àrtemis, a
arqueira-virgem e amazona infalível, que corria livre pelos campos e de coração solitário.
Ela é arquétipo da feminilidade mais pura e primitiva. Ela santifica a solidão e a vida
natural. E, é ela que garante a nossa resistência a domesticação. Outra deusa da Lua
Crescente é Inana, uma antiga entidade suméria que é portadora de qualidades lunares
femininas. Em época de mudanças, esta deusa sempre está presente e pode ser invocada.

As mulheres que incorporam os atributos da Lua Crescente, são muito sensuais,


verdadeiras Afrodites contemporâneas e conhecedoras da influência de seus poderes.
Sentem orgulho de seu sexo e possuem uma vitalidade rara, somada a uma ansiedade de
ampliar os horizontes de seu psiquismo. Jamais se adaptam à limites sociais e culturais,
pois seu desejo de expansão é incontrolável. Estão sempre mudando, são mulheres
inquietas e instáveis. Como a Lua Crescente, revolucionam, criam e transformam
constantemente. São difíceis de serem civilizadas, pois como Àrtemis, possuem um amor
intenso pela liberdade, pela independência e autonomia. Possuem temperamento
estouvado e aprendem muito cedo a engolir suas lágrimas e planejar vinganças pelas
humilhações que sofrem, devolvendo na medida certa o que receberam.

Para um homem relacionar-se com uma mulher-lua-crescente, pode ser um desafio e


tanto. Igualmente, a mulher que penetrar fundo nesse lado de sua natureza Artemísia,
precisará reconhecer o poder primitivo de sua sanguinolência e o efeito que pode ter sobre
o homem. A Lua Crescente nos põe em contato com todos esses aspectos da natureza
feminina.

A MULHER LUA CHEIA

O aspecto de Mãe da Deusa sempre foi o mais acessível para que a humanidade o
reconhecesse, invocasse e o identificasse. A Lua Cheia está associada à imagem maternal
da Deusa, à mulher em toda a sua plenitude, ao potencial pleno da força vital. Ela
corresponde ao crescimento e amadurecimento de todas as coisas, ao ponto culminante de
todos os ciclos, à semente germinada e à plenitude do caldeirão.

Na Lua Cheia entramos em outra dimensão do feminino, aqui o instinto se coloca a serviço
da criação e da humanização. Esta é a fase lunar que é iluminada pelo Sol em sua
totalidade, indicando mais clareza de consciência e um melhor relacionamento entre
masculino e feminino, o que propicia a criação.
A Lua Cheia é a Lua Grávida de criatividade, de riqueza e da realização do próprio
crescimento. É a imagem da Mãe, com o poder divino de carregar uma nova vida em seu
ventre. É ela que gera, promove o crescimento e dá o nascimento. Ela é a deusa da
maternidade, que traz consigo a fertilidade para a terra e para os homens.

A Lua Cheia nos conecta com a terra, nos coloca em contato com os valores terrenos, é o
próprio amor realizado. Esta Lua-Mãe, foi expressa mitológicamente pelos gregos como
Deméter com sua prodigiosa energia para nutrir e acalentar e sua dedicação
desinteressada para com os filhos e a família. Esta deusa-mãe também é visualizada em
Cibele, Ísis, em Astarte e na Virgem Maria. Todas aparecem sempre com o filho, o que
pressupõe uma capacidade de relacionamento e reprodução realizada. O filho representa o
nascimento, o Logos no feminino. A Lua, deste modo, relaciona-se com o mundo de
maneira mais humana, através de seu filho. Estabelece-se assim, um contato mais íntimo
entre o mundo interno e o externo, do divino com o terreno e do espiritual com o material.

A maternidade em si já é uma doação, mas também associa-se à capacidade de sacrifício.


Todas as deusas citadas, têm em comum o fato de terem um filho que morre e depois
ressuscita. O filho seria a semente que morre, se decompõe na terra, para trazer em
seguida a renovação da vida. Mas, enquanto não chega a hora do sacrifício, o filho reina
junto com a Mãe-Lua e é controlado por ela.

A mulher regida pela Lua Cheia é mais confiável, pois se assemelha à Mãe. Ela é
acolhedora, mais domesticada e sempre se coloca à disposição e proteção do outro. Esta
mulher tem os pés no chão e seus mistérios não são tão ocultos, pois ela se revela mais
claramente. Ela acolhe a criação, que é a união do masculino com o feminino. Mas esta
mulher tem uma preocupação exagerada com a segurança, o que  impede o seu
aprofundamento em seus relacionamentos, pois o contato mais íntimo, pode constituir-se
em uma ameaça. Desenvolve então, um controle fora do comum e nada pode pegá-la
desprevenida. Aqui desenvolve-se um impedimento a sua criatividade, pois seus passos são
calculados, evitando confrontar-se com o desconhecido, que podem lhe proporcionar
surpresas desagradáveis.

A mulher-lua-cheia é a esposa e mãe perfeita, desfaz-se em eficiência e cuidados, mas


faltam-lhe a paixão e a inquietação.

A MULHER LUA MINGUANTE

O terceiro aspecto da Deusa, a Anciã, corresponde à fase da Lua Minguante, sendo o


menos compreendido e o mais temido.

A Lua Minguante define-se no acaso e na velhice. É aquela que encerra em si a sabedoria e


os segredos nunca revelados. Está associada a velha bruxa, ao deteriorar da força vital, ao
envelhecimento, assim como, aos poderes de destruição e da morte, à destruição do
impulso de Eros.

A mulher que é arquetípicamente regida pela Lua Minguante é misteriosa e por vezes
indefinível. Parece possuir um potencial para realização de algo que é difícil definir com
exatidão. Possui virtualidades pressentidas, mas nem sempre realizadas. Ela mesma não se
define de maneira consciente e clara. Possui também uma certa dificuldade em lidar com
os aspectos da vida consciente. Esta é a mulher que vive no "mundo da lua". Está sempre
descobrindo novas possibilidades, mas tem certa dificuldade em direcioná-las e nunca
consegue finalizar o que começou.
Como está mais próxima e mantém constante contato com as fontes inconscientes da
fertilidade, aparenta estar realizando algo, mas que pode nunca concretizar. É sempre
suscetível a perder-se em sonhos e devaneios em função da dificuldade que tem em lidar
com o concreto e o real. O seu maior obstáculo é o tempo presente, pois está sempre
voltando ao passado, revendo tudo o que foi capaz de realizar, ou lamentando o que
deixou de fazer. Ela está sempre distante do presente e por isso torna-se fria e distante dos
outros, devido ao seu excesso de auto-referência.

A sua criatividade, se não submetida ao controle do ego consciente, pode assumir uma
forma caótica e desordenada. A sua maior dificuldade está em mobilizar e dirigir essa
energia. Possui ela, todo o potencial para a criação por seu acesso fácil às fontes criadoras
lunares, mas necessita compreender e separar a mistura orobórica criativa, a fazer a
ordenação do caos, para que ele se transforme num cosmo criativo

A mulher Lua Minguante possui uma energia muito forte, mas ela pode manifestar-se de
maneira tanto construtiva, como destrutiva, dependendo da forma como trabalha o seu
consciente. A necessidade de mudança também está sempre determinando seu
comportamento. O que mais importa para ela é o próprio processo do que o objetivo final,
o caminho não tem tanta importância, mas premente é a necessidade de fazer a passagem.

A introspecção ao mundo interior ocorre facilmente para a mulher regida pela lua
minguante. A sua maior dificuldade está no fato de tornar-se produtiva e realizar toda a
fertilidade encontrada. Se não conseguir direcionar essa vitalidade, objetivando-a e
encaminhando-a para a realização criativa, toda essa riqueza pode se tornar inútil.

A Lua Minguante sempre serviu como vaso adequado para a projeção de todo o lado
sombrio, tanto do homem como da mulher. Aqui penetra-se no reino de Hécate e Lilith e
tantas outras deusas que apresentam aspecto sombrio, mas que pode no final nos trazer a
iluminação. Talvez torne-se necessário para a mulher fazer um acordo com estas deusas,
para que elas a presenteiem com a possibilidade de um enriquecimento de personalidade,
permitindo a sua expressão de uma forma mais humanizada e não tão instintiva. Deste
modo, as dimensões do instinto poderão ter uma via mais integrada, em que pode haver a
participação de novas forças energéticas.

É observando e reconhecendo os movimentos da Lua no céu e integrando as suas três


fases, que poderemos nos alinhar e sintonizar com o fluxo do tempo e com os ritmos
naturais. Nos utilizando dos poderes mágicos da Lua e reverenciando as Deusas ligadas a
ela, criaremos condições para melhorar e transformar nossa realidade, harmonizando-nos
e vivendo de forma mais equilibrada, plena e feliz.

NÃO A GUERRA DOS SEXOS....


...SIM AO COMPANHEIRISMO!

Hoje, a maioria das religiões, concebem como única e suprema uma divindade que é
masculina, entretanto, ao resgatarmos tradições mais antigas, aprendemos que
anteriormente, tanto o homem quanto a mulher, cultuavam uma Grande Mãe. O resgate
destas tradições nos levam a compreender que homens e mulheres nasceram para viver
em parceria e que, nós mulheres, podemos honrar o espírito feminino, buscando o
equilíbrio e a paz, para ambos os sexos.

As mulheres, nos últimos anos, desbancaram a bandeira de sexo frágil. Elas batalharam e
conseguiram a independência, poder e reconhecimento. Em pé de igualdade com o
homem, hoje tem como meta principal conciliar carreira, maternidade e encontrar um
homem ideal. Os homens em contrapartida, não mudaram tanto assim, não
acompanhando o ritmo veloz feminino. Em conseqüência disto, criou-se um abismo entre
os dois sexos. Mas, felizmente, as mulheres jamais abandonaram o seu ideal romântico de
encontrar um companheiro para caminhar lado a lado. Todas anseiam apaixonar-se e
casar, mas não abrem mão da busca do sucesso profissional. Assim, alegam a maioria
delas, se fracassarem na vida sentimental, terão o trabalho para satisfazê-las e ocupá-las.
Devem então, ter muito cuidado para não investir tempo integral às suas carreiras, pois
fatalmente, por total falta de tempo matarão sua vida afetiva.

O amor e a maternidade para a mulher é um fator mais do que biológico. Ir contra à sua
natureza, fará com que a mulher deixe de usufruir de uma realização pessoal.

O homem também obteve alguns avanços e hoje, ele parece estar mais disponível e
sensível. A cada dia vislumbra-se pais mais participantes, amantes mais amorosos e
companheiros que dividem com a mulher as tarefas rotineiras da casa. Estamos entretanto
ainda, em um momento de transição, onde os papéis masculinos e femininos não estão bem
delineados. O homem, continua a não saber direito lidar com suas emoções em função de
sua postura cultural e a mulher buscou e conquistou a independência, o reconhecimento e
a igualdade. Mas bem no íntimo, ela continua romântica e deseja ser conquistada. No
fundo, talvez não imaginasse que pudesse ir tão longe para depois sentir-se perdida. Com
tantas conquistas, vieram também as armadilhas e ela acabou sobrecarregada, pendendo
de um lado para o outro com a expansão das possibilidades.

Talvez, seja este o momento da mulher parar de provar que pode tudo e unir-se em
companheirismo com o homem. Se realmente buscamos construir uma sociedade
equilibrada e serena, todas as idéias egocêntricas de superioridade e culto à guerra sexista
deve desaparecer entre os homens e mulheres, dando lugar a uma visão cósmica de
complementariedade entre os sexos.

NA GUERRA DOS SEXOS QUE VENÇA O AMOR!

Bibliografia consultada:

 O Casamento do Sol com a Lua. Raissa Cavalcanti. Editora Cultrix, São Paulo.
 A Grande Mãe. Erich Neumann. Editora Cultrix, São Paulo.

 As Deusas e a Mulher. Jean Shinoda Bolen. Editora Paulus, São Paulo.

 Os Mistérios da Mulher. M. Esther Harding. Editora Paulus, São Paulo.

 O Novo Despertar da Deusa. Organização Shirley Nicholson. Editora Rocco Ltda,


Rio de Janeiro

 Variações sobre o tema mulher. Jette Bonaventure. Editora Paulus, São Paulo.
GAIA, A MÃE TERRA

Antes do homem ser criado, só havia terra e ar e antes mesmo de existir o ar e a terra, se
necessitava de um lugar para estes se manifestarem. Este lugar era o Caos: que era o lugar onde
existia só a possibilidade de ser. No sonho do Caos só existia o Pensamento, que crescia e
palpitava e este Pensamento estabeleceu a Ordem. Tão poderoso e eficaz foi este Pensamento
que chamou a si mesmo de Eros, e ao pronunciar aquele nome, o Caos se transformou no
Momento. Do Caos e Eros surgiram a obscuridade chamada Nyx e o movimento chamado
Boreas, o vento.

Em sua primeira dança cósmica, Nyx e Boreas, giraram em movimento arrebatado e frenético
até que tudo que era denso e pesado descendeu, e tudo que era leve ascendeu. A matéria densa
era Gaia e de sua chuva e de sua semente proveu sua descendência.

A princípio, de Gaia nasceu Urano ou o Céu, que uniu-se a ela gerando os gigantes, feios,
violentos e poderosos Titãs, os Titânides, incluindo Cronos, o Devorador Pai do Tempo. Urano
não tolerava os filhos e logo que nasciam, os empurrava de volta para dentro do útero, para o
fundo da Terra Mãe, onde estagnavam pela ausência de luz, atividade e liberdade. Finalmente
um deles, Cronos, foi secretamente removido do próprio útero da Mãe Gaia e quando o Pai
Urano desceu para cobrir Gaia, esse filho titânico rebelde e irado castrou-o. Depois libertou seus
irmãos e irmãs e, com isso deu início à era dos Titãs.

Segundo Hesíodo, o movimento de saída da constelação Urano começa quando Gaia fica
sobrecarregada com o fardo dos filhos, que lhes foram socados de volta ao ventre. O incômodo
de Gaia, devido ao peso e à pressão dos filhos titânicos em seu útero, prenuncia o início de um
plano que trama derrubar seu marido-filho Urano valendo-se de Cronos, o filho heróico.

O sangue de Urano jorrou sobre a terra gerando outros Deuses, como as Erínias (Fúrias), as
Meliae (ninfas do espírito das árvores) e os Gigantes. Cheio de mágoa e em conseqüência da
mutilação de que fora vítima, Urano morreu.

As representações de Cronos que se seguiram não são muito consistentes; de um lado, dizem
que seu reino constituiu a Idade do Ouro da inocência e da pureza, e, por outro lado, ele é
qualificado como um monstro, que devorava os próprios filhos. Em grego Cronos quer dizer o
Tempo. Este Deus que devora os filhos é, diz Cícero, o Tempo, o Tempo que não sacia dos anos
e que consome todos aqueles que passam.

Da união de Gaia e Urano nasceram também: Hipérion, Japeto, Réia ou Cibele, Temis, Febe,
Tetis, Brontes, Steropes, Argeu, Coto, Briareu, Giges.

Dizia-se que o homem nascera da terra molhada aquecida pelos raios de Sol. Deste modo, a sua
natureza participa e todos os elementos e quando morre, sua mãe venerável o recolhe e o guarda
em seu seio.

No mito grego, não há nenhuma razão que explique o porque, Gaia e Urano, depois de terem
criado tantas coisas bonitas, geraram os titãs, filhos violentos, de força horrorosa e terrível. No
entanto, sua chegada significa o fim de uma antiga ordem.

A Terra, às vezes tomada pela Natureza, tinha vários nomes: Titéia, Ops, Vesta e mesmo Cibele.
Algumas vezes a Terra é representada pela figura de uma mulher sentada em um rochedo. As
alegorias moderna descrevem-na sob traços de uma venerável matrona, sentada sobre um globo,
coroada de torres, empunhando uma cornucópia cheia de frutos. Outras vezes aparece coroada
de flores, tendo ao seu lado um boi que lavra a terra, o carneiro que se ceva e o mesmo leão que
está aos pés de Cibele. Em um quadro de Lebrum, a Terra é personificada por uma mulher que
faz jorrar o leite de seus seios, enquanto se desembaraça do seu manto, e do manto surge uma
nuvem de pássaros que revoa nos ares.

Gaia foi também, a profetiza original do centro de advinhação da Grécia Antiga: o Oráculo do
Delfos. O Oráculo, considerado o umbigo da Terra, situava-se onde a sabedoria da terra e da
humanidade se encontravam.

Gaia é o ser primordial de onde todos os outros Deuses se originaram, mas sua adoração entrou
em declínio e foi suplantada mais tarde por outros deuses. Na mitologia romana é conhecida
como Tellus. Gaia é a energia da própria vida, Deusa pré-histórica da Mãe Terra, é símbolo da
unidade de toda a vida na natureza. Seu poder é encontrado na água e na pedra, no túmulo e na
caverna, nos animais terrestres e nos pássaros, nas serpentes e nos peixes, nas montanhas e nas
árvores.

ARQUÉTIPO DA TERRA

Quando falamos do arquétipo da Terra, estamos também inevitavelmente nos referindo ao


arquétipo do Céu, e à relação entre os dois. É só depois que separmos o que está aqui embaixo
com o que está lá em cima, que entenderemos o simbolismo do que está acima que é leve, claro,
masculino e ativo, e a Terra, que está abaixo e é pesada, escura, feminina e passiva.

A humanidade como um todo reunida em torno do arquétipo Terra está associada tanto à este
mundo que é corpóreo, tangível, material e estático, quando ao seu simbolismo oposto do Céu
que está ligado ao outro mundo, incorpóreo, intangível, espiritual e dinâmico. Para entendermos
o arquétipo da Terra e da Deusa Mãe Terra, devemos entrar em contato com as contradições
Céu e Terra, Espírito e Natureza.

A imagem patriarcal cristã da Terra, durante a Idade Média, era sem nenhuma ambigüidade,
negativa, ao passo que o arquétipo positivo do Céu era dominante. A parte decaída inferior da
alma pertencia ao mundo da Terra, enquanto que sua verdadeira essência que é o "espírito", se
originava no lado celestial masculino de "Deus", ou do Mundo Superior. O lado terreno então,
deveria ser sacrificado em nome do Céu, porque a Terra era feminina, pertencendo ao mundo
dos instintos, representanda pela sexualidade, sedução e o pecado.

Esta autonegação do homem, desperta em nós não apenas espanto, mas horror, em virtude da
natureza humana terrena, ser considerada repulsiva e má. Depreciação da Terra, hostilidade para
com a Terra, que nos alimenta e protege, são expressão de uma consciência patriarcal fraca, que
não reconhece outro modo de ajudar a si mesma a não ser fugir violentamente do domínio
fascinante e avassalador do terreno.

Foi somente a partir da Renascença que a Terra libertou-se desta maldição, tornando-se
Natureza e um mundo a ser descoberto que aparece com toda a sua riqueza de criatura viva, que
já não estava em oposição com um Espírito Céu da divindade, mas na qual a essência divina se
manifesta. O espírito que de agora em diante será buscado é espírito da Terra e da humanidade.

VALORIZAÇÃO DE GAIA

Como se respondesse a nossa atual crise de meio ambiente, o nome Gaia se escuta hoje em dia
por todas as partes. Existe a "Hipótese de Gaia" do físico James Lovelock, que propõe que o
planeta terra seja um sistema auto-regulado; a "consciência de Gai", que instiga para que a terra
e suas criaturas sejam consideradas um todo e simplesmente e o termo "Gaia", que expressa
reverência faz do planeta um ser vivo de que toda a vida depende. A esse fenômeno está
associada a idéia que só uma personificação do planeta pode devolver-lhe uma identidade
sagrada, de modo que seja possível estabelecer uma nova relação entre os seres humanos e o
mundo natural.

Não é coincidência que m pleno século XXI regresse a mentalidade grega para formular essa
experiência, posto que no Ocidente a última Deusa da Terra foi Gaia. É certo que na mitologia
clássica a Deusa já tinha a mesma posição de Mãe Suprema de todo o ser vivo que tinha no
período Neolítico, no entanto, a terra seguiu sendo inclusive em filosofia, um ser vivo (zoon),
segundo a terminologia platônica. Essa consciência perdeu-se nas referências judias e cristãs em
essa perda se faz evidente no modo em que passamos a tratar a terra como se fosse matéria
morta. Fica óbvio portanto, que Maria, a Deusa Mãe reconhecida pela igreja cristã, tenha
adquirido todos os atributos das Deusas Mães, exceto o de Deusa da Terra.

No entanto, no século VII a. C., a realidade de uma só Deusa havia passado à história e a
unidade original da terra e do céu se havia perdido na lenda dos inícios. Hesíodo que, como
Homero, em torno de 700 a. C., evoca essa época tal como sua mãe se recordava. Sugere, talvez,
como uma cultura de uma Deusa que ficou na lembrança através das histórias transmitidas de
geração para geração,  no colo das mães:

"Não de mim, sim de minha mãe, procede o conto de como a terra e o céu foram uma vez uma
só forma".

RECONHECENDO A DEUSA
As imagens mitológicas da Grande Mãe, Criadora do Universo, são numerosas, como
numerosos são estágios da revelação do ser dela, mas a forma mais difundida e conhecida de
sua manifestação, a forma que define sua essência é a de Terra Mãe.

Reverenciar os princípios femininos e a consciência da Deusa Gaia, nos ajuda a nos colocar em
contato com a beleza e a magia da natureza e todas as suas criaturas.

Reconhecer esta Deusa da Natureza, como nossa Mãe Terra amorosa, ajuda a expandir nosso
respeito ao meio ambiente e nossa busca do equilíbrio entre as energias masculinas e femininas,
para que, em lugar de competir, trabalhemos juntos, para o bem individual e coletivo.

A maioria das mulheres, já lançam mão da sabedoria da Deusa, para ocupar seu espaço na terra
e no presente milênio.

Vamos deixar que a Deusa renasça, se expresse em nossas intenções, vontades e desejos, para
que possamos extrair de nosso corpo os movimentos sagrados de sua dança e deixar que embale
nossos sonhos.

NUTRI TEU AMOR PELA TERRA

Reverenciar Gaia não requer nenhuma fé, a simples consciência das manifestações da natureza
que ocorrem a nossa volta, já é o bastante para absorvermos sua energia. Nos conectarmos com
Gaia é mais simples ainda:

Caminhe descalços na terra, areia ou grama, a sensação é deliciosa;

Em uma praça ou jardim, feche os olhos e tente identificar o cheiro das flores;

Coma seu alimento de cada dia consciente que tudo é presente de nossa Mãe Terra;

Abrace um bebê e admire conscientemente o milagre da vida;

Sente-se na grama e observe as formigas trabalhadeiras em seu diário trabalho de sobrevivência;

Coloque os pés descalços na terra e brinque de árvore, enraizando-se e sugando a seiva da


Terra;

Você mesma pode inventar seu ritual, desde que esteja em contato com a Natureza, tudo é
válido.

RITUAL PARA MANTER JURAMENTOS

Você pode se utilizar desse ritual para fortalecer a resolução de manter uma promessa. Pode
estar também, fazendo um juramento para si mesmo, como pode pedir para que outra pessoa
cumpra algo que tenha lhe prometido. Gaia ainda, rege os matrimônios, assim que esse é um
excelente ritual para efetivar votos matrimoniais.

Você necessitará de um vaso de barro, terra e tomilho (Thymus vulgaris)  para realizar esse
ritual.

Tome um punhado de terra fresca e limpa e coloque no oco do vaso de barro, que deverá ser em
seguida disposto em cima de uma mesa com uma vela preta em cada lado. O negro significa a
solenidade do ritual.
Para prestar seu juramento, ponha uma das mãos no oco do vaso sobre a terra e diga:

"Juro por Gaia e pela terra em que caminho que....." e especifique a sua promessa. Se está
fazendo um juramento conjunto com outra pessoa, ambos devem por as mãos no oco do vaso ao
mesmo tempo. Espalhe a terra em seu pátio, ou deixe-a dentro do vaso para plantar o tomilho. O
tomilho significa recordação, para que nunca esqueça sua promessa.

A DEUSA HERA
Hera para os gregos, Juno para os romanos, a Rainha do Olimpo, governava junto ao seu
marido Zeus. Ela era filha de Cronos e Réia, a Grande Mãe deusa titã e foi criada na
Arcádia. Teve como ama as Horas, ou as Três Estações.
O pouco que se sabe sobre ela provém de "Ilíada" de Homero, onde ganha fama de esposa
ciumenta. O que descortina-se entretanto, é que em culturas patriarcais antigas, os
homens tinham por regra, satirizar toda e qualquer mulher que alcança-se algum poder.
Se Hera foi uma mulher disposta a contendas conjugais, realmente é porque ela estava
coberta de motivos. Zeus era um homem libertino, promíscuo e infiel. Praticamente
nenhum de seus filhos foram concebidos dentro dos limites de seu casamento oficial. O
único deus que nasceu da união legítima de Zeus e Hera foi Ares, o deus da guerra, o mais
medíocre dos deuses gregos. Visualiza-se aqui uma sociedade contemporânea, configurada
em uma família patriarcal. Zeus é o pai, o chefe, o "cabeça do casal". Muito embora os
conflitos persistentes, a supremacia de Zeus é escancarada.
Zeus, pai dos deuses e dos homens era um nódico. Ele e sua paternidade de Wotan (Odin),
vieram do norte junto com demais tribos, cujo o sistema social era patrilinear. Já Hera,
representa um sistema matrilinear. Ela era a Rainha de Argos, em Samos e possuía no
Olimpio um templo distinto de Zeus e anterior a este. Seu primeiro consorte foi Heracles.
Quando os nórdicos conquistadores chegam a Olímpia, massacram a população e
concedem às mulheres a lúgubre escolha entre a morte ou a submissão à nova ordem.
Hera reflete, portanto, uma princesa nativa que foi coagida, mas não subjulgada por este
povo guerreiro. Assim, sabe-se agora o devido motivo porque o único  filho de Zeus e Hera
tenha sido Ares, o deus da guerra. Realmente Zeus e Hera viviam em "pé de
guerra"dentro do Olimpio.
Hera foi extremamente humilhada com as aventuras de Zeus. Ele desonrou o que ela
considerava de mais sagrado: o casamento. Favoreceu seus filhos bastados em detrimento
de seu legítimo e pisoteou seu lado feminino quando ele mesmo deu à luz a sua filha
Atenas, demonstrando que não precisava dela nem para conceber.
Nos dias atuais, embora a mulher através de árduas penas tenha conquistado seu espaço,
os casamentos não se modificaram tanto assim. Permanecemos em uma sociedade
patriarcal e o casamento ainda é considerado como uma instituição de procriação.
As mulheres continuam a sofrer violências domésticas e profissionais e a busca do tão
almejado casamento por amor com satisfação sexual plena é castrado pelas concepções
obsoletas cristãs. Mas, muito embora todas estas limitações e deficiências do casamento, a
mulher sente-se profundamente atraída por ele. Romanticamente todas sonham em
compartilhar a tarefa de criar seus filhos e estabelecer uma unidade chamada "família".

HERA ANTES DE ZEUS

Estudos mais apurados revelam que Hera já existia muito antes do aparecimento de Zeus.
Em Olímpia, seu templo é bem anterior ao do seu marido. Ali foram encontrados selos
minóicos onde Zeus aparece de pé, como um guerreiro de barba longa (característica
nórdica), junto à Deusa sentada no trono, o que sugere que o Deus é o eleito da Deusa e
não o contrário.
Seu nome, que significa "Senhora", não é, como o de Zeus indo-europeu e as imagens de
serpentes, leões e aves aquáticas que a acompanham lhe outorgam uma linhagem muito
antiga. Heródoto pensava que os gregos haviam tomado a Deusa Hera dos indígenas
pelasgos da Grécia setentrional. Dessa maneira lhe devolve a unidade, originária e
criativa, que lhe corresponde.
Gimbutas sugere que, igual à Atena, com a qual aparece em muitas lendas, Hera poderia
remontar-se à Deusa serpente do período Neolítico que governava sobre as águas
celestiais.
Tanto Homero como Platão relacionam seu nome com o "ar". Em "Ilíada" é chamada
"Rainha do céu" e "Hera do trono dourado". Também é chamada "Deusa dos brancos
braços", uma imagem romântica dos raios de Lua que se estendem pelo céu noturno.
Por outro lado, o epíteto que Homero dá a Hera, "boopis", que significa "De olhos de
vaca", sugere que ela também seja uma Deusa da Terra, cuja imagem sempre foi da vaca
desde as épocas mais antigas: a Ninhursag suméria e a Hator egípcia, por exemplo, para
não mencionar as consortes anônimas de uma longa série de touros fertilizadores cujas
aspas tinham forma da lua crescente. Atrás do caráter demoníaco de alguns de seus filhos,
pode-se confirmar a mesma história. Se trata do dragão Tifão (em algumas lendas Hera é
sua mãe) e a monstruosa Hidra, a quem Hera dá à luz de maneira autônoma, como toda
Deusa da Terra vista da ótica dos Deuses Celestes.
Em certa ocasião, desgostosa com seu marido por haver engendrado a Atena por sua
conta, Hera golpeou a terra e convocou a Gea e a Urano. Gea, a fonte da vida, se
estremeceu com o golpe. Hera sabia que seu desejo havia sido concedido e, um ano mais
tarde, nasceu Tifão. O dragão de Hera foi enviado à Delfos para cuidar de Delfine. Mais
tarde, o filho luminoso de Zeus, Apolo, o mata.Deusa de Argos e também de Samos, Hera
se apropriou dos templos micênicos e seu culto se estendeu por toda a Grécia. As espigas
de trigo eram chamadas de "flores de Hera" e eram colocadas sobre seu altar quando se
sacrificava o gado.

O MATRIMÔNIO SAGRADO DE HERA E ZEUS

Em muitos lugares da Grécia se celebrava o matrimônio sagrado entre Hera e Zeus,


representando-se de novo o antigo ritual do casamento entre o céu e a terra, que bendezia
e regenerava a vida. Na descrição de sua reconciliação na "Ilíada" todavia, podem se
encontrar recordações do ritual misterioso do matrimônio sagrado antes que a imagem
desse casal que tantas vezes se representava: quando se reconciliavam, toda a terra
floresce.
E, quando Zeus toma Hera em seus braços, os oculta uma nuvem dourada muito espessa
como para que o Sol a penetre:
"Digo que o filho de Crono estreitou a esposa em seus braços.
Abaixo deles a divina terra fazia crescer branda erva,
lótus cheio de orvalho, açafrão e jacinto
espesso e fofo, que ascendia e protegia o solo.
Nesse tapete se esticavam, cobertos com uma nuvem
bela, áurea, que destilava nítidas gotas de orvalho.
Assim dormia sereno o pai e no mais alto do Gárgaro,
entregue ao sonho e ao amor, com sua esposa nos braços".

Era como se esse acontecimento divino, que antigamente unia os princípios


complementarios do universo, se secularizasse na Grécia patriarcal para servir, antes de
tudo, como modelo para o reto ordenamento da sociedade mediante o cumprimento
devido à cerimônia do matrimônio. (As mulheres gregas, devemos recordar, estavam
excluídas da democracia igual aos escravos; careciam de direito ao voto e raramente
desfrutavam do mesmo direito à educação que seus irmãos e maridos).
"Tu eres quem passa a noite nos braços do supremo Zeus", se converteu na expressão
emblemática da autoridade de Hera, uma fonte ambivalente de satisfação para alguém
acostumada a ser Deusa por direito próprio, como implicam os relatos de sua fúria ante a
liberdade de Zeus. Se essa fúria for retirada do contexto marital e devolvida ao momento
histórico, momento em que os que contraíam matrimônio representavam modos de via em
universos diferentes e inclusive opostos entre si, o sentido da injustiça de Hera se revela
claramente como negativa a submeter-se ao estabelecido por Zeus relação com a fusão das
duas culturas (gregas e nórdicas).
Enquanto Hera, às vezes, compartilha o altar com Zeus, a recordação de sua antiga
independência sempre estava presente: ele não devia duvidar que a Deusa era sua irmã
maior, e que inclusive o salvou quando era criança das facetas de Crono, posto que em
alguns relatos foi ela mesma que o levou à Creta.
Todas essas histórias, lidas simbolicamente, contribuem para aumentar o sentimento de
protesto mitológico ante a perspectiva de submeter-se ao julgo do matrimônio com um
companheiro desigual. O que se conclui é que Hera havia contraído um matrimônio à
força e nunca se tornou realmente esposa.

HERA E HERACLES

Outra alusão a seu antigo papel como Grande Deusa, se dá através de sua relação com o
herói Heracles (Hércules). Seu nome significa "glória a Hera", e os doze trabalhos que a
Deusa lhe impõe simbolizam os doze meses durante os quais o Sol "trabalha" em sua
caminhada anual. Enquanto no relato Heracles empreende essas provas não por vontade
própria, mas sim por imposição de Hera (em seu papel de Deusa Escura da Lua
Minguante), a imagem de servo ou filho-amante da Deusa que o nome de Heracles implica
sugere que o antigo ritual em que o Sol que se unia com a Lua Cheia, possivelmente se
oculte atrás desse relato. Também, a imagem de Heracles como homem adulto mamando o
peito de Hera, tal qual foi encontrado em um desenho de um espelho etrusco, recorda os
faraós mamando nos peitos de Ísis em seu papel de filhos-amantes da Deusa.
A lenda que rodeia esse episódio conta que Zeus fez com que Hera caísse adormecida e
Hermes colocou Heracles em seu peito, porém, como herói que hera, a mordeu e a
despertou e, enquanto a Deusa se sacudia, o leite se derramou pelo céu dano origem a Via-
Láctea.

DEUSA TRÍPLICE

Na Arcádia, ao ser celebrada como a Grande Deusa dos tempos pré-homéricos, Hera
possuía três nomes. Na primavera era Hera "Parthenos" (Virgem). No verão e no outono
tomava o nome de Hera "Teleia" (Perfeita ou Plena) e no inverno chamava-se Hera
"Chela" (viúva). Hera, a antiga deusa tríplice não tinha filhos, de modo que, os mistérios
da maternidade não estão aqui simbolizados, mas sim os mistérios das fases da mulher
"antes" do casamento, na "plenitude" do casamento e "depois" na viuvez. As três facetas
de Hera também ligam-se às três estações e às três fases da Lua.
Hera renovava anualmente a sua virgindade banhando-se na fonte Cânata, perto de
Argos, local consagrado especialmente a ela. Assim, vemos que ela traz em si o arquétipo
da eterna renovação, semelhante ao ciclo da Lua em suas fases. Através deste ato, ela une
o ciclo lunar, o ciclo menstrual e o ciclo anual da vegetação.

ARQUÉTIPO DE HERA

Jung nos afirma que nenhum de nós chega a totalidade enquanto não vivenciar os aspectos
femininos e masculinos da natureza interior. Para tanto, toda a mulher deve "casar"com
seu "animus" e todo o homem deve fazer o mesmo com a sua "anima".

Ao contrairmos um casamento no mundo exterior, significa dizer que encontramos um


parceiro (a) que reflete os nossos traços sexuais opostos interiores.
Toda a mulher-Hera sabe que o casamento é o caminho pela qual se chega à inteireza e
plenitude. O arquétipo de Hera leva à mulher a estabelecer um pacto de lealdade e
fidelidade com seu companheiro. Uma vez casada é "para sempre", ou até que a morte os
separe. Hera não é um "clone" feminino dos ideais masculinos, mas sim a personificação
do "feminino maduro", que sabe o que quer e só sentirá completa através do "sagrado
matrimônio".
Hera estabelece o arquétipo da relação homem-mulher numa sociedade patriarcal, como
esposa e companheira ideal. Assim, é uma deusa do casamento, da maternidade e da
fidelidade, além de ser a guardiã ciumenta do matrimônio e da hereditariedade.

O SIMBOLISMO

O seu mito era associado à vaca, o que revela o seu vínculo com a fecundidade e com o
nascimento. Seus outros símbolos são a via-láctea, diadema de diamantes, o lírio e a
iridescente pena da cauda do pavão, que continha olhos, simbolizando a cautela de Hera.

A vaca sempre foi associada a deusas da Grande-Mãe como provedoras e nutridoras,


enquanto a via-láctea, em grego gala significa "leite da mãe", reflete uma crença anterior
às divindades olímpicas, de que ela surgiu dos seios da Grande Mãe. Isso depois torna-se
parte da mitologia de Hera, que conta que o leite que jorrou de seus seios formou a Via-
Láctea. As gotas que caíram sobre a Terra tornaram-se lírios, símbolo do poder de
autofertilização feminino da Deusa.

HERA HOJE: MULHER FÁLICA

O arquétipo de Hera só se manifesta nas mulheres na segunda metade da vida.


Basicamente a mulher-Hera quer duas coisas: igualdade e parceria. Para justificar suas
aspirações tenderá  enfatizar o conceito de dever no seu casamento. A esposa-Hera é muito
extrovertida, o que significa dizer que é muito sociável, gosta de interagir com outras
pessoas. Ela foi criada para sentar-se ao trono ao lado do marido. Aquela história de que
atrás de um homem existe uma grande mulher, é a mais pura verdade e ela é uma Mulher-
Hera. O que acontece entretanto, que raras às vezes políticos e governantes aceitam 
compartilhar seu poder com suas esposas, o que pode levá-las à completa frustração.
Quando os gregos começaram a mencionar e documentar os conflitos conjugais entre Zeus
e Hera, estivessem aludindo as tensões que podem nascer não apenas do relacionamento
entre os sexos no casamento, mas também da inevitável desproporção entre o poder
público e o poder privado. Por debaixo desta dinâmica é fácil visualizar as rixas entre
Hera e Zeus.
Desde a época das "Mulheres Megéricas de Shakespeare, a mulher-Hera tem assombrado
a sociedade. Os psicanalistas as chamam de "mulheres fálicas", que esboçam uma
associação psicológica com a mulher-Amazona. Caso seu impulso fálico seja desdenhado
por uma parceria desigual, ela entra em colapso, poderá perder o controle e acabar sendo
impelida por aquilo que deseja controlar. Os junguianos denominam este fato como
"possessão de animus", quando o lado masculino frustrada da mulher, destrutivamente
governa os vários aspectos de sua vida íntima. Quem teve a oportunidade de ver o filme
"Atração Fatal", sabe a que me refiro.

MEDITANDO COM HERA

As mulheres-Heras são anciãs sábias que já alcançaram a comunhão espiritual com a


Grande Mãe. Medita-se com Hera para contatar a nossa Deusa Interior e buscar um novo
Renascimento.

Encontre um local reservado em sua casa para este ritual. Crie condições que lhe
propiciem esta viagem, acendendo um incenso ou uma vela e colocando um relaxante som
ambiental. Sente-se confortavelmente com a coluna ereta e feche os olhos. Inspire e expire
profundamente através de uma respiração abdominal. Já soltando o corpo e girando o
pescoço no sentido horário. A seguir, no sentido anti-horário. Comece então a visualizar
um caminho que a levará ao topo de uma montanha. Lá surgirá entre uma névoa o
Templo de Hera. Caminhe por entre as colunas e vá até seu trono. Curve-se diante dela
demonstrando respeito. Ela descerá de seu trono e virá recebê-la. Beije sua mão e ela a
abraçará. Em seguida será encaminhará pelas escadarias e a colocada em seu trono.
Sente-se, sem receio. Hera perguntará a você agora, o que faria se fosse lhe concedido o
benefício de ser rainha por um dia. É hora de você avaliar sua vida e verificar tudo o que
gostaria ainda de fazer para ajudar em primeiro lugar a si mesma e depois aos outros.
Pense baixo ou fale em voz alta, como lhe aprouver. Sinta-se Rainha e Dona não só de seu
interior como do mundo. Inspire e expire este poder.

Refaça suas escolhas, reorganize sua essência, reprograme sua mente, mas acima de tudo
defina um propósito de vida e prepare-se para incorporar uma nova mulher. Suas
derrotas ou vitórias dependem do grau de intensidade do seu sentir e do seu referencial
interno sobre o mundo. Você como rainha tem o mundo em suas mãos e souber
administrar este poder com os olhos do coração, entenderá que o bom o ruim são apenas
manifestações que não estamos aptos a aceitar.

Quando você se achar pronta, levante-se do trono e agradeça à Hera esta rara
oportunidade. Ela lhe acompanhará até a entrada do templo e você seguirá sozinha o resto
do caminho. Volte a inspirar e expirar vagarosamente sentindo seu coração lotado de
prazer. Abra os olhos e se espreguice. Recomece neste instante uma nova vida, mais aberta
à capacidade de transformação.

RITUAL CONTRA A INFIDELIDADE

Muitos de nós pensamos que podemos confiar na fidelidade de nosso parceiro.


Lamentavelmente, nem todo mundo honra essa confiança. Se você se preocupa com a
possível infidelidade de seu parceiro, pode pedir  uma ajuda à Deusa Hera.

A romã, símbolo da união matrimonial, está consagrada à Hera. Sente-se em uma mesa e
corte uma romã pela metade. Retire 3 sementes e coma a fruta. Enquanto o faz, reflita
sobre suas expectativas em relação a seu parceiro, como e o que essa pode esperar de você.

Depois de comer toda a fruta, vá até o quarto que compartilha com seu parceiro e coloque
as sementes sobre o travesseiro. Invoque a Deusa Hera dizendo:
-"Hera, de modo igual que a romã protege suas sementes, peço que me protejas.
Mantenha minha relação livre das tentações da infidelidade."
Coloque então uma das sementes embaixo do colchão do lado de seu parceiro na cama. As
outras duas podem ser descartadas.

DEUSA HÉSTIA
Sou a que está no âmago
a indescritível
a implacável
a presença viva
que habita e transforma
uma construção
uma morada
um palácio
tirando-o do reino
do mármore de pedra
ou da madeira
e com o fogo da lareira aceso
transforma-o num lar.

Héstia é a Deusa da lareira ou do fogo queimando em uma lareira redonda e é a menos


conhecida dos Deuses olímpicos.
Héstia e sua equivalente romana, Vesta, não foram representadas em forma humana por
pintores ou escultores. Sua representação é a viva chama no centro do lar, do templo e da
cidade.
O símbolo de Héstia era um círculo. Suas primeiras lareiras eram redondas, assim como
seus templos. Nem o lar nem o templo ficavam santificados até que Héstia entrasse. Héstia
era tanto uma presença espiritual como um fogo sagrado que proporcionava a iluminação,
calor e aquecimento para o alimento.

MITOLOGIA

Héstia era a filha primogênita de Réia e Crono, a irmã mais velha da primeira geração de
deuses olímpicos, e a solteirona da segunda. Por direito de primogenitura, era uma das
doze deusas olímpicas principais, mas não podia ser encontrada no monte Olimpo, e não
fez nenhum protesto quando Dionísio, Deus do vinho, cresceu em proeminência e a
substituiu como uma das doze. Por não tomar parte nos romances e guerras que então
ocupavam a mitologia grega, é a menos conhecida dos principais Deuses e Deusas gregas.
Contudo, foi grandemente honrada, recebendo as melhores ofertas feitas pelos mortais aos
deuses.
A breve mitologia de Héstia é esboçada em três hinos homéricos. Ela é descrita como
"aquela virgem venerável, Héstia", uma das três que Afrodite é incapaz de dominar,
persuadir, seduzir ou ainda, provocar nela um desejo de prazer.
Afrodite induziu Poseidon, Deus do mar, e Apolo, deus do sol, a se apaixonarem por
Héstia. Ambos a queriam, mas Héstia recusou-os firmemente, prestando solene juramento
que permaneceria virgem para sempre. Então, conforme o "Hino de Afrodite", explica,
"Zeus lhe concedeu um bonito privilégio, ao invés de um presente de casamento: ela tem
seu lugar no centro da casa para receber o melhor em ofertas. É honrada em todos os
templos dos Deuses, e é Deusa venerada por todos os "mortais". Os dois hinos homéricos a
Héstia são invocações, convidando-a a entrar em casa ou no templo.

SEUS RITUAIS

Héstia é encontrada em rituais, simbolizada pelo fogo. Para que uma casa se tornasse um
lar, a presença de Héstia era solicitada. Quando um casal se unia, a mãe da noiva acendia
uma tocha em sua casa e a transportava diante do casal recentemente casado até sua nova
casa, para que acendessem a primeira chama em seu lar. Este ato consagrava o novo lar.

Depois que a criança nascia, acontecia um segundo ritual. Quando a criança tinha cinco
dias de vida, era levada ao redor da lareira para simbolizar sua admissão na família.
Então se seguia um festivo banquete sagrado.
Da mesma forma, cada cidade-estado grega tinha uma lareira comum com um fogo
sagrado no edifício principal, onde os convidados se reuniam oficialmente. Cada colônia
levava o fogo sagrado de sua cidade natal para acender o fogo da nova cidade.
Portanto, onde quer que um novo casal se aventurasse a estabelecer um novo lar, Héstia
vinha com eles com o fogo sagrado, ligando o lar antigo com o novo, talvez simbolizando
continuidade e ligação, consciência compartilhada e identidade comum.

VESTAIS
Posteriormente, em Roma, Héstia foi venerada como a Deusa Vesta. Lá o fogo sagrado de
Vesta uniu todos os cidadãos de Roma em uma família. A Deusa romana Vesta (Héstia)
era uma Virgem Eterna conhecida como "aquela de luz".
Suas sacerdotisas eram as Virgens Vestais que mantinham o fogo sagrado sempre aceso,
representavam a alma verdadeira de Roma. Se o fogo se extinguia, as Vestais deveriam
reavivá-lo friccionando uma madeira ou estaca.
Seis Vestais de boa origem familiar, iniciando seu ofício entre os sete e os dez anos. Elas
eram selecionadas obedecendo determinados critérios que incluiam estarem livres de
qualquer tipo de imperfeição física ou mental e possuírem pais livres e vivos. Depois de
passarem por uma rigorosa seleção, eram eleitas pelo alto sacerdote para assumirem um
compromisso de trinta anos, dos quais, os primeiros dez anos seriam dedicados para
estudos (Discípula em Latin) e treinamentos. Os dez anos seguintes, tornavam-se serviçais
da Deusa (cuidavam do fogo, da limpeza do templo e participavam de cerimoniais) e os
últimos dez, deveriam treinar as novatas Vestais.
As Vestais tinham a cabeça circundada por frisos de lã branca que lhes caíam
graciosamente sobre as espáduas e de cada lado do peito. As suas vestes eram muito
simples, mas elegantes. Por cima de um vestido branco usavam uma espécie de roquete da
mesma cor. O manto, que era de púrpura. No princípio cortavam os cabelos, entretanto,
mais tarde, exibiam longa cabeleira.
Eram sempre deixadas à distância das outras pessoas, honradas, e esperava-se que
vivessem como Vesta, com terríveis conseqüências se não permanecessem virgens.
Qualquer virgem Vestal que mantivessem relações sexuais com um homem, profanaria a
Deusa. Como punição deveria ser enterrada viva, sepultada em uma área pequena e sem
ar no subsolo, com luz, óleo, alimento e um lugar para dormir. A terra acima dela seria
então nivelada, como se nada estivesse embaixo. Portanto, a vida de uma virgem vestal
como personificação da chama sagrada de Héstia era extinta quando ela parava de
personificar a Deusa. Era coberta com terra como o carvão que se extingue em uma
lareira.
Em compensação, apesar de todos esses rigores, as Vestais gozavam do maior respeito e
eram tão sagradas que se passassem ao lado de um homem condenado, esse era perdoado.
Eram também, muitas vezes, chamadas para apaziguar as dissensões nas famílias e muitos
segredos lhes eram confiados, até os do Estado. Foi entre suas mãos que o imperador
Augusto depôs o seu testamento. Depois de sua morte elas o levaram ao Senado Romano.
Quando o luxo se espalhou em Roma, as Vestais passeavam em suntuosa liteira, mesmo
em carro magnífico, com um numeroso séquito de mulheres e de escravos.
Há uma lenda que conta que as primeiras Vestais foram eleitas pelo herói troiano Eneas, o
primeiro ancestral de todas as coisas romanas.
O imperador Graciano (governante desde 367 até 378 d. C), que era hostil às religiões
pagãs, deixou de pagar os salários das Vestais, desviando o dinheiro para pagar o serviços
postal imperial. A adoração dos Deuses pagãos foi oficialmente proibida pelo imperador
Teodósio (governante desde 379 até 395 d. C) no ano de 394 d. C, e o fogo de Vesta se
extinguiu para sempre.

A última Vestal conhecida em Roma foi Coelia Concórdia.

VIRGENS VESTAIS MAIS CONHECIDAS

RHEA SILVIA

É conhecida como a mãe de Rômulo e Remo, fundadores de Roma. Ficou conhecida por
haver quebrado seus votos, mas seu castigo não foi esclarecido. Algumas fontes dizem que
foi jogada no rio Tibre e outras, que foi castigada até morrer por ordem de seu tio
Amulius.

-*-
TUCHIA

Essa Vestal foi acusada por fornicação e por romper seus votos de castidade, não foi
castigada ao demonstrar sua inocência transportando água com um coador. Não como
saber o que realmente ocorreu e porque foi perdoada, pois há muitas contradições sobre
esses acontecimentos.

-*-

TARPEIA

Essa Vestal traiu Roma, abrindo as portas da cidade para os Sabinos, pensando que essas
lhe dariam de presente seus braceletes de ouro. Depois das portas abertas foi esmagada e
pisoteada pelos soldados inimigos. Terminada a revolta e encontrado o cadáver de
Tarpeia, tal era o rancor dos romanos pela sacerdotisa traidora que a jogaram seu corpo
da rocha mais alta de Roma. Essa rocha tomaria seu nome e passaria para a história como
um lugar de castigo para todo o traidor.

-*-

JULIA AQUILA SEVERA

Essa sacerdotisa revolucionou Roma ao romper seus votos e contrair matrimônio com o
imperador Elagabalus. Ela devia ser castigada, porém com a crise política de Roma e por
ter se casado com um imperador, não foi possível.

-*-

COELIA CONCORDIA

Se tornou famosa por ter sido a última "Vestalis Maxima".

-*-

OCCIA
Uma das mais famosas Vestais Máxima. Presidiu a ordem por 57 anos.

-*-

VIRGINIA CLAUDIA
Uma das deidades estrangeiras mais importantes introduzidas em Roma foi Cibeles, a
Grande Mãe. Se organizaram minuciosos preparativos para dar boas vindas à barca que
transportava a estátua da Deusa. A cidade inteira, incluindo as virgens Vestais, estavam
nas margens do rio Tibre para receber a barca. Porém, quase chegando encalhou nos
bancos de areia do rio. Os homens tentaram desencalhar a barca sem sucesso.
Uma das virgens Vestais, chamada Virginia Claudia, sobre quem havia muitas fofocas
maliciosas, deu um passo à frente e, retirando água do rio, a verteu sobre sua cabeça três
vezes. Rezou então a sua Deusa, Vesta:
-"Mãe dos Deuses, dizem que não sou casta. Se sou culpada, condena-me, e pagarei meu
crime com a vida. Porém, se sou inocente, demonstra a todos agora".
Claudia retirou sua facha da cintura e atou ao cabo de reboque. Quando puxou, a barca se
soltou do leito do rio, permitindo a introdução da estátua na cidade.

A VESTÁLIA
A Vestália, era uma festa anual que ocorria no mês de Junho entre os dias 7 e 15. Era uma
das festividades mais esperadas e populares de Roma, onde as Vestais eram figura central.
Durante os festejos, as mulheres romanas que tivessem sido mães, poderiam ingressar no
templo das Vestais.
No dia da festa, seis Vestais se encarregavam de preparar os bolos sagrados "Mola Salsa",
feitos com as primeiras espigas de milho colhidas. Os moinhos eram enfeitados com
guirlandas e os burros de carga recebiam farta alimentação e arreios novos.
Diferentes estátuas da Deusa Vesta eram transportadas pelas ruas principais em distintas
procissões públicas.
No final, os templos eram limpos e todos os restos de oferendas eram jogados no rio Tibre.

O TEMPLO DE VESTA

O templo de Vesta era um pequeno edifício circular, localizado no Fórum, perto da Régia,
no centro da vida romana.
Sua forma e desenho recordavam aos romanos as primeiras construções de Roma:
cabanas circulares com postes de madeira e trechos de palha. As virgens Vestais viviam ao
lado (no Atrium Vestae), em uma grande construção disposta em torno de um pátio
central.

O ARQUÉTIPO HÉSTIA (VESTA)


A presença da Deusa Héstia em casa e no templo era fundamental para vida diária dos
gregos. Como presença arquetípica na personalidade da mulher, Héstia é da mesma
forma, proporcionando-lhe sentimento de integridade e inteireza.
Héstia possui uma consciência enfocada interiormente. O modo hestiano nos permite
entrar em contato com nossos valores trazendo ao foco o que é pessoalmente significativo.
Através desse enfoque interior, podemos perceber a essência da situação. Podemos
observar o temperamento de outras pessoas e ver o padrão ou sentir o significado de suas
ações. Essa perspectiva interior proporciona clareza no meio da confusa miríade de
detalhes que se apresentam aos nossos cinco sentidos.
Como Deusa da lareira, Héstia é o arquétipo ativo nas mulheres que acham que tomar
conta de casa é uma tarefa significativa. Com Héstia, proteger a lareira é um meio através
do qual a mulher coloca a si mesma e sua casa em ordem.
Cuidar dos detalhes de uma casa é uma atividade que equivale à meditação. Lógico que se
este trabalho for realizado com carinho e amor e não contrariada!
O arquétipo de Héstia desenvolve-se em comunidades religiosas, principalmente nas que
cultivam o silêncio. As freiras e as virgens vestais compartilham o padrão arquetípico de
Héstia. Hésta é um arquétipo de centralização interior. Ela é o ponto de equilíbrio que dá
significado à atividade, o ponto de referência interior que permite à mulher permanecer
firme em meio da confusão, desordem ou afobação do dia-a-dia. Com Héstia em sua
personalidade, a vida de uma mulher tem significado.

RITUAL DE PURIFICAÇÃO

Como Deusa da pureza e da purificação, Héstia auxilia quando necessitamos de


purificação espiritual em nossas vidas.
Planeje este ritual para a Lua Crescente.
Você precisará de um incenso purificador, um caldeirão, um bastão e uma vela vermelha.

Muitas pessoas associam a cor vermelha com a purificação, mas vermelho é a cor do fogo,
o símbolo de Vesta (Héstia).
Abra seu círculo como está acostumada.
Ajoelhe-se no chão perante o altar  até que se sinta reconhecido pela deusa.
Diga então:
"Que eu seja limpo
por dentro e por fora,
de corpo e alma,
que todas as coisas
de minha vida se renovem"

Acenda a vela dentro do caldeirão. Toque-a levemente com seu bastão, dizendo:

Vesta da Chama Sagrada


Deusa da purificação e renovação,
Dama que liberta os cativos,
Derrame suas labaredas purificantes sobre meu coração e minha alma.
De modo que minha vida se renove,
e que meu espírito fique receptivo.
Desperte minha mente
para novas oportunidades.
Chame meu espírito para um
maior conhecimento espiritual.
Revele-me seus Mistérios Ocultos
Para que eu possa
experimentar uma nova iniciação.
Purifique-me e abençoe
ó, Vesta.

Permaneça de joelhos enquanto aguarda a purificação. Pode ser que se sinta aquecido ou
sinta frio. Pode ser que se sinta como se teias de aranha estivessem roçado sobre seu rosto
e braços. Nunca podemos prever o modo como a deusa anunciará sua presença.

O processo de purificação, que geralmente ocorre dias após o ritual, pode ser tão sutil
quanto uma noção de que deve mudar seus hábitos alimentares. Ou pode ser tão forte a
ponto de assemelhar-se aos sintomas de uma gripe ou resfriado. Lembre-se, você pediu
por purificação, então aceite graciosamente e aprenda com o processo.

CIBELES, MAGNA MATER


Nos tempos dos gregos e romanos, Cibele era chamada de A Mãe dos Deuses. O grande
Sófocles a chamava de a Mãe de Tudo.

Seu culto teve início na Anatólia Ocidental e na Frígia, onde era conhecida como "A
Senhora do Monte Ida".

A montanha, a caverna, os pilares de rocha e rochedo, são locais numinosos, de uma


vitalidade pré-orgânica, que foram vivenciados em participação mística com a Grande
Mãe, na qualidade de trono, assento, moradia, e como encarnação da própria Deusa.

Cibeles era a Deusa dos mortos, da fertilidade, da vida selvagem, da agricultura e da


Caçada Mística. Tamboretes, pratos e tambores eram utilizados em seus rituais. Uma
estátua grega mostra a Deusa sentada em um trono e ladeada de leões.

Um hino dedicado a ela no século II d.C., procede de Pérgamo, a descreve sentada em uma
carruagem, ocupando o trono central entre os cosmos e a terra, identificando-a como
Senhora dos Rios e dos Mares.
Como todas as grandes Deusas, Cibeles era guardiã dos mortos e Deusa da fertilidade e da
vida selvagem. Sua conexão com as Deusas da Grécia é clara, pois Ártemis, a grande
Deusa da natureza selvagem, era um de seus nomes, e Afrodite, em hino homérico,
também vai ao monte Ida de numerosos mananciais, seguida de animais selvagens. O hino
homérico a inominada Mãe dos Deuses, a canta com essas palavras:

"Canta-me, Musa da voz clara, filha do grande Zeus, a Mãe de todos os deuses e de todos
os homens, a que agrada o estrondo dos tamborins, assim como o rumor das flautas, o
grito dos lobos e dos leões de feroz olhar..."

Era ainda, representada como uma mulher madura, com grandes seios, coroada com
espigas de trigo, vestida com flores e folhas e carregando várias chaves. Os romanos
decoravam suas estátuas com rosas. O culto de Cibeles tornou-se tão popular que o senado
romano, a despeito de sua política permanente de tolerância religiosa, se vira obrigado, em
defesa do próprio Estado, a por cabo à observância dos rituais da Deusa-Mãe.

O templo de Cibeles, em Roma, foi transformado pela Igreja Católica na atual Basílica de
São Pedro, no século IV, quando uma seita de cristãos montanheses, que ainda veneravam
Cibeles e admitiam mulheres como sacerdotes, foi declarada herética, sendo abolida e seus
seguidores queimados vivos.

OS RITOS DE CIBELES

Cibeles possuía seus próprios Mistérios sagrados, do mesmo modo que as Deusas
Perséfone e Deméter. Suas cerimônias eram celebradas à noite, pois ela era a Rainha da
Noite. Era também conhecida por possuir uma profunda sabedoria a qual compartilhava
apenas com seus seguidores legítimos.

Homens esmasculados dedicados ao seu culto eram considerados encarnações de seu filho
Atis, um deus lunar que usava a lua crescente como uma coroa de uma maneira muito
própria, sendo tanto filho como amante de sua mãe Cibeles, a Deusa da Lua.

Mas no culto de Cibeles foi dada grande proeminência a um elemento especial. O terceiro
dia da festa era chamado "dies sanguinis". Nele a expressão emocional por Átis alcançava
o máximo. Cantos e lamúrias misturavam-se, e o abandono emocional levava a um auge
orgiástico. Então, num frenesi religioso, os jovens começavam a se ferir com facas; alguns
até executavam o sacrifício último, castrando-se frente à imagem da Deusa e jogando as
partes ensangüentadas sobre sua estátua. Outros corriam sangrando pelas ruas e atiravam
os órgãos em alguma casa por onde passassem. Esta casa era então obrigada a suprir o
jovem com roupas de mulher, pois agora havia se tornado um sacerdote eunuco. Depois da
castração usavam cabelos longos e vestiam-se com roupas femininas.

Neste rito sangrante, o lado escuro ou inferior da Grande-Deusa é claramente visto. Ela é
verdadeiramente a Destruidora. Mas, muito estranhamente, seus poderes destrutivos
parecem ser dirigidos quase que tão somente para os homens. Eles, quando escolhidos,
precisavam sacrificar sua virilidade completamente e de uma vez por todas, num êxtase
louco onde a dor e a emoção misturavam-se. Mas...como diziam os primitivos: "a Lua é
destrutiva para os homens, mas é de natureza diferente para as mulheres, apresentando-se
como sua patrona e protetora."
A "semana Santa" cristã coincide com a semana que antigamente se dedicava aos ritos de
Cibeles e Atis. As sacerdotisas de Cibeles se davam o nome de "melissae", abelhas, a
mesma palavra que designava as sacerdotisas de Ártemis e Perséfone.

A flauta dupla era um instrumento musical que se usava nos rituais de Cibeles. Durante
toda a sua história, a imagem de Cibeles é inseparável da música.

ATIS

Abundam as lendas sobre a origem de Atis. A história mais antiga relata que Cibeles era
andrógina, e quando seus genitais masculinos amputados tocaram o solo cresceu uma
amendoeira: seus frutos geraram Atis.

Algumas lendas contavam que era filho de um rei, ou um menino abandonado, como
Moisés o Sargão de Acad. Porém, também se dizia que a Atis se deu a morte por um erro,
como a Adonis, e que o homem que o matou, acabou se suicidando como Judas.

Em algumas ocasiões, há relatos que narram a dor da Deusa pela morte de Atis; outras
vezes, descrevem sua ira vingativa ao apaixonar-se por ele uma mulher mortal.

Outras lendas ressaltam a figura do pinheiro, embaixo do qual se encontrava quando se


castrou ou foi castrado por uma foice.

Está claro, que todas essas lendas e imagens diferentes apontam um culto muito antigo, em
que cada lugar teria sua própria versão do mito. A referência escrita a Atis mais antiga
aparece em uma comédia grega do século IV a.C., em que um javali mata um jovem
chamado Atys.

A relação entre Cibeles e Atis confirma uma vez mais a imagem do matrimônio sagrado
entre a Deusa e o Deus, ou entre a Deusa e o rei, que antigamente personificava ao Deus do
ano, que era sacrificado e desmembrado, real ou simuladamente, durante o ritual
primaveril de fertilidade.

Em Roma, os Mistérios de Atis se celebravam de 15 a 29 de março, enquanto que os de


Cibeles tinham lugar em abril. Em 15 de março se levavam juncos cortados em procisão
pela cidade, talvez para recordar os juncos do rio Gallus em Frigia, onde, segundo uma
lenda, Atis foi encontrado menino e criado por pastores. Originalmente, o próprio Atis se
havia encarnado em juncos. Em 22 de março se cortava um pinheiro dos muitos que
cresciam no arvoredo sagrado perto do templo de Cibeles. Era então decorado com tiras e
violetas, porque se dizia que dessa flor brotava o sangue do deus. O pinheiro, de folha
perene, simbolizava a vida eterna. Dessa forma se chorava a Atis, deus da vegetação morto
e ressuscitado.

Em 24 de março, o dia do sangue, o dia da lamentação pela morte de Atis se celebrava o


"taurobolium", o sacrifício do touro, e suas genitais eram oferecidas à Deusa. Nesse dia os
sacerdotes se flagelavam, roçando o altar e a efígie de Atis com seu sangue, e os devotos se
castravam. Esses ritos representavam o desmembramento do deus, força vital da terra;
dito desmembramento era encenado de maneira parecida com os rituais dionisíacos e
órficos, e muito provavelmente também nos rituais cananeus detestados pelos profetas.
Se colocava a Atis em sua tumba na véspera de 15 de março, quatro dias depois do
equinócio da primavera (HN), ao acabar um período de jejum e abstinência de 9 dias. Se
celebrava uma vigília que durava toda a noite "sagrada", até de manhã, que o sumo
sacerdote saudava com essas palavras:

-"Sintam-se animados, novícios, por que o deus está salvo. A libertação de sua aflição
também chega até nós".

Nesse dia se iniciava a festa da Hilaria, a Festa da Alegria, que celebrava o retorno de Atis
de entre os mortos. Para o povo, Hilaria era um dia de carnaval, festejos, bebida e
libertinagem generalizada. O último dia da festa era o descanso, e a efígie da Deusa, as
vasilhas sagradas e os instrumentos ritualísticos eram levados ao rio para serem lavados
em uma cerimônia chamada "Lavatio".

ARQUÉTIPO MÃE-AMANTE

O primeiro amor na vida de um homem é a própria mãe. No recôndito de sua alma, ele
ficará sempre ligado a esse primeiro amor, e nunca irá esquecê-lo, mesmo que não tenha
consciência do fato. Assim, ele passa a vida tentando reencontrar esse primeiro, único e
afortunado amor. Ele o busca em outras mulheres ou em seus ideais. Nunca o homem
consegue superar a decepção que sua mãe lhe proporciona no momento que o abandona
ao se dedicar a qualquer outra pessoa, como o pai, um irmão ou irmã. Para o filho, a mãe
é o único e verdadeiro amor, portanto, ela também deve permanecer sua única amante. É
isso que todo homem, muitas vezes de maneira completamente inconsciente, sente nas
profundezas de sua alma.

O homem precisa da mulher. Todavia, nenhuma é como aquela que ele amou primeiro. Se
o homem não consegue renunciar ao primeiro objeto de amor de sua vida, a mãe, embora
com muito pesar, sem ódio, e se dedicar afetivamente a outras pessoas, ele fica preso na
cilada desse primeiro relacionamento, e sua vida vai ser de algum modo infeliz ou
insatisfatória. O que deve fazer é vivenciar positivamente este arquétipo materno. Os
atributos do arquétipo materno são, conforme Jung salienta: “o      “maternal”,
simplesmente a mágica autoridade do feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além
da razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de
crescimento, fertilidade e alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento, o
instinto e o impulso favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos
mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal.”

O homem não deve esquecer que a mãe é amor, deleite, bem-aventurança, significado
central para toda a humanidade.

O homem, filho amado de sua mãe, livre dos laços deste primeiro amor, deve seguir seu
caminho e com isso fica livre para distribuir o amor, que de outra maneira ficaria
aprisionado na união com sua mãe.

RITUAL DA LUA NOVA

Para ter uma questão respondida, ou perguntar sobre a sua vida de modo geral, realize
este ritual na noite de Lua Nova.

Tome um banho ritual de limpeza e vista-se com uma túnica escura ou mesmo nu. Abra o
círculo como de costume, ou ao menos consagre sal e polvilhe ao redor de sua área de
trabalho. Acenda uma vela preta de cada lado do altar. Deixe preparado um incenso
apropriado. Coloque suas cartas de tarô ou suas runas no centro do altar. Deixe seu bastão
ao lado das cartas. De pé, com os braços estendidos, diga:

O ciclo da Lua fecha-se mais uma vez.


A Lua oculta sua luz aos não-iniciados.
Aqueles que seguem os Antigos Caminhos sabem que seu poder não desapareceu, nem
diminuiu.
A sabedoria da Mãe Obscura está à disposição dos que realmente a procuram.

Bata três vezes com seu bastão:


Ouça-me, ó Guardiã da Sabedoria.
Minha voz voa pela noite até você.
Mostre-me novos caminhos a seguir
Para mudar minha vida e torná-la nova.

Acenda o incenso e erga-o sobre o altar:


Trago uma oferenda, bela e fina.
O aroma se ergue ao ar.
Para alcançar seus domínios
Abençoa-me ó Senhora da Lua Escurecida.

Bata mas cartas ou no saco de runas por três vezes com seu bastão e, em seguida,
circunde-o no sentido horário três vezes usando o bastão. Bata mais três vezes, para
atingir o número nove, um número lunar.

Deixe o bastão de lado e embaralhe as cartas ou misture as runas.


Divida as cartas em três montes, da esquerda para a direita; ou deite três runas, da mesma
forma. À esquerda, o passado, no meio, o presente; à direita, o futuro.
Vire a carta superior de cada monte e analise o que vê. Esteja aberto, mesmo se não
compreender a mensagem. Fará sentido mais tarde. Vire uma segunda carta em cada
monte e pense no que vê. Repita pela terceira vez. Se algo não estava claro na primeira
carta, provavelmente estará agora.
Se desejar usar tanto o tarô quanto as runas, vire a primeira leva de cartas. Escolha a
seguir uma runa e deite-a próxima a cada carta virada. Por fim, deite uma segunda leva de
cartas.
Isso também vale para mais de um baralho de tarô ou tipo de baralho. Por exemplo, pode-
se utilizar um tarô padrão, as cartas Medicinais e as cartas Portal das Estrelas.
Anote o que lhe foi revelado. Assim, será mais
fácil lembrar e compreender os eventos quando estes começarem a acontecer no futuro.

DEUSA AFRODITE

Virgem que veio do mar


Estrela sempre luminosa da manhã
Deusa radiante da beleza feminina
Amante do encanto virginal da sensualidade
Vênus eterna da tolerância e beleza
Baila na luz, oculta dentro de nossos olhos
Sensualidade feminina
Eternamente revelada na mulher.
O amor atraído por Afrodite é grande...é apaixonado...é verdadeiro.
Afrodite é o arquétipo da sexualidade e da sensualidade.
Há duas versões sobre o nascimento biológico desta deusa. Na versão de Homero, Afrodite
nasce de modo convencional, como sendo filha de Zeus e Dione, ninfa do mar. Já na versão de
Hesíodo, ela nasce em conseqüência e um ato bárbaro. Cronos, cortou os órgãos de seu pai
Urano e os atirou no mar. Uma espuma branca surgiu em torno deles e misturando-se ao mar,
gerou Afrodite.

A imagem de Afrodite emergindo do mar foi imortalizada durante a Renascença por Botticelli
em "O nascimento da Vênus". Esta pintura mostra uma mulher nua, delicada e graciosa, sobre
uma concha, sendo levada para a praia pelos deuses do vento e uma chuva de rosas.

Afrodite desembarcou em terra firme na ilha de Cítera ou em Chipre. Depois foi acompanhada
por Eros (Amor) e Hímeros (Desejo) até à assembléia dos deuses, onde foi muito bem recebida.

Afrodite teve muitos amores, entre eles Ares, deus da guerra. Com ele ela teve três filhos: uma
filha, Harmonia e dois filhos, Deimos (Terror) e Fóbos (Medo). A união entre estes dois deuses,
o amor e a guerra, são duas paixões incontroláveis, as quais se em perfeito equilíbrio, poderiam
estabelecer a harmonia.

Afrodite também uniu-se a Hermes, que era um deus Hermafrodito. Como um símbolo, este
deus pode representar a bissexualidade ou a androginia.

Eros (Cupido), deus do amor, foi o filho mais famoso de Afrodite. Armado com seu arco,
desfechava as setas do desejo no coração dos deuses e dos homens. Carl Jung definiu Eros como
a capacidade de relacionar-se, a qualidade de ligar-se aos outros. Segundo Hesíodo, Eros foi a
força fundamental da criação, presente antes dos titãs e dos deuses olímpicos.

SEUS AMORES MORTAIS

Sob o nome romano de Vênus, viu Anquines cuidando de seu gado em uma certa montanha,
enamorou-se . Fingindo ser uma jovem muito linda, arrancou fervorosa paixão dele. Mais tarde,
revelou sua real identidade e contou que concebera um filho, Enéias, que foi o lendário
fundador de Roma.

Os romanos consideravam Vênus sua mãe ancestral e a cidade de Veneza recebeu este nome em
sua homenagem.

Um dos seus amantes mais famosos foi Adônis, um caçador corajoso e extremamente belo.
Afrodite temendo por sua vida, avisou-lhe para que evitasse as bestas. Certo dia, enquanto
caçava, seus cães afrontaram um javali feroz. Adônis feriu o animal e isto provocou que a besta
se voltasse contra ele despedaçando-o. Depois de sua morte, entretanto, foi permitido a
Afrodite, que em determinada época do ano, Adônis voltasse para ela. Este retorno simbolizava
a volta da fertilidade e também era toda a base do culto de Adônis. Pode representar ainda, um
desejo de amar de novo.

Afrodite era adorada em  templos de Pafos, Chipre, Citera e Corinto. Ela sempre renovava sua
virgindade, banhando-se no mar de Pafos. Antes de cada amor, fazia-se uma nova mulher.
Quando uma mulher se torna outra nova mulher? Somente quando esta mulher obtiver a
consciência de que ela é metade de uma parte inteira.

Afrodite é uma divindade da Lua Cheia, a qual sustenta e nutre a vida. Seus poderes são
maduros, cheios de vida e poderosos, mas ela também protege ferrenhamente tudo aquilo que
cria. Por simbolizar o amor e a fertilidade, seus símbolos são as vacas, cervos, cabras, ovelhas,
pombas e abelhas.

ARQUÉTIPO DA SENSUALIDADE

Quando uma mulher apaixona-se por alguém e é correspondida, obtemos a personificação do


arquétipo de Afrodite. Incorporando um corpo mortal, a deusa do amor se sente atraente e
sensual, tornando-se desse modo, irresistível.

Quando Afrodite está ativa e presente em nosso íntimo, um magnetismo pessoal nos induz a
caminhar em um campo eroticamente carregado de intensa percepção sexual. Nos tornamos
mais "quentes", atraentes e vibrantes. Há uma magia no ar e um estado de encantamento e louca
paixão é evocado.

É a energia sutil de Afrodite que nos faz ver o mundo não como algo codificado, mas sim, se
apresentando com uma fisionomia, um rosto, revelando sua imagem interior. É só através dos
olhos de Afrodite que vislumbramos o mundo nas suas diversas e infindáveis cores, cheiros,
sabores, sons...

Perder esta Deusa é morrer no deserto árido, seco, sem cor, sem vida. Afrodite é uma
necessidade imperativa. Ela é a Beleza e a Deusa Dourada que nos sorri. É somente através dela
que os outros deuses se manifestam e deixam de ser meras abstrações teológicas.

Se o mundo é tão belo, por que não sofisticarmos nossa percepção? Perceber é o modo de
conhecer o mundo e, a nossa deusa Afrodite é pura sedução e nos revela a nudez das coisas, de
modo a nos mostrar a sua imaginação sensual.

AFRODITE E A LÍNGUA DAS FLORES

As flores sempre foram associadas a todas as deusas do amor e beleza, pois elas representam a
sexualidade da natureza. Elas representam os órgãos sexuais mais belos que conhecemos. A
associação simbólica das flores e os órgãos sexuais de uma mulher está em sua natureza
delicada, na maneira pela qual brota, floresce e abre-se, fazendo-se vulnerável para a
polinização e fertilização com outras. É exatamente este o motivo pelo qual as flores são o
presente mais comum ofertado entre amantes, pois simboliza a beleza da sexualidade humana.
As principais flores associadas com Afrodite são: a rosa vermelha, o jasmim, a orquídea,
papoulas e o hibisco.

AFRODITE EM NOSSAS VIDAS

Afrodite é a deusa das pombas, dos cisnes, das rosas, das maçãs e de todas as coisas graciosas e
criativas. Você está passando por algum trauma momentâneo? Ou você não se considera bonita
o bastante? Pois Afrodite chega em nossas vidas para nos ensinar a dança do amor. Nos fará
recuperar o respeito próprio e aprenderemos a nos aceitar como realmente somos. Toda a
mulher que deseja buscar a consciência perdida de Afrodite precisa começar a amar e acalentar
o seu corpo, tal como ele é. E, os homens também, precisam parar de comparar toda a mulher
com um retrato interior imaginário e inatingível que trazem dentro de si.
O primeiro passo para explorar este domínio perdido é através da dança. Dance em sua casa ou
saia para dançar, este é um dos melhores remédios para nos aceitarmos e nos conhecermos
melhor. Quando estamos em harmonia com nosso corpo um grande milagre se opera:
começamos a sentir verdadeiramente. Há uma espécie de derretimento de defesas interiores e
uma abertura se concretiza, liberando uma sensibilidade à disposições e atmosferas mais sutis.
Afrodite nos presenteará  com um carisma magnético que nos permitirá expressar-nos por
inteiro. Vale a pena tentar!

DANÇANDO COM AFRODITE

Deite-se e relaxe. Inspire e expire profundamente por seis vezes.


Em seguida imagine-se em um jardim cheio de rosas e orquídeas, douradas pelo pôr-do-sol, cujo
perfume é carregado por uma suave brisa primaveril. Tal brisa acariciará seu rosto, massageará
seus cabelos, e seu corpo. Delicie-se ingenuamente e chame Afrodite. Um movimento sutil no
ar anunciará sua presença. Ela lhe estenderá a mão e a convidará para um passeio. Vislumbrará
então uma grande floresta, um de seus locais de poder. Neste templo de árvores e pássaros,
respire profundamente o cheiro da terra e o perfume das flores selvagens. Escute a música
delicada dos pássaros. Afrodite lhe ofertará um presente: uma orquídea. Sinta e incorpore o seu
aroma. Neste momento uma pomba pousará em seu braço. No olhar deste mágico ser você
poderá compreender a beleza misteriosa da deusa Afrodite. Vários pássaros a sua volta cantarão
uma linda uma linda melodia. Você deve dançar. Afrodite dançará com você e da floresta
surgirão as graças e outras musas que dançarão também com vocês.
Visualize o infinito, pois a partir deste momento você terá em sua vida infinitas possibilidades
de ser feliz, sendo você mesma, se assumindo, se aceitando e se amando.
Sinta o encanto, o prazer e a magia de ser você Por onde você pisa, brotam flores de todas as
cores. Onde você passar neste mundo, despertará o amor e a beleza e sentirá feliz por ser você e
estar viva.
Quando achar que está pronta, abrace Afrodite e agradeça os momentos maravilhosos que
passaram juntas. Ela lhe conduzirá até a saída da floresta e depois você virá sozinha. Respire
profundamente novamente e abra os olhos. Feliz retorno!

CRISTAL DE AMOR DE AFRODITE

Os cristais possuem o poder oculto de estimular o amor entre casais. Eis aqui um sortilégio de
amor que usa um cristal de quartzo rosa, pedra de Afrodite. Ele é simples, mas eficiente.
Pegue o seu cristal e banhe-o em solução de água com sal marinho. Em seguido embrulhe-o em
um pano branco até a hora de realizar o sortilégio. Deste modo, limpará e neutralizará todas as
energias indesejáveis.
Depois deste tempo, pegue o cristal e carregue-o segurando-o em sua mão, para impregná-lo de
sua energia e absorver a dele. Solicite neste momento, os poderes da Deusa Afrodite e que ela
lhe traga a pessoa que seja correta e destinada para você.
Coloque o cristal em uma bolsinha de cetim vermelha, cobre ou verde. Você pode comprar o
cetim e fazer você mesma (terá mais poder). Deve atar os quatro cantos do tecido unindo-os
com um cordão da mesma cor.

DIA DOS NAMORADOS COM AFRODITE

Comemore o dia dos namorados com Afrodite. Que deusa melhor do que ela para compartilhar
um dia tão romântico?
Em primeiro lugar, em honra a deusa Afrodite adorne seu quarto com rosas vermelhas e queime
um incenso desta mesma essência.
RITUAL DE BANHO

Uma das conexões com a deusa Afrodite é através de um simples banho. Recordando seu mito
de nascimento, onde ela surgiu da espumas do mar, você pode praticar este ritual numa praia,
rio, na banheira e até no chuveiro.
Inicie este seu maravilhoso dia com um gostoso banho. Se puder, polvilhando-o com pétalas de
rosas vermelhas, declarando mentalmente toda a sua paixão e desejo. Comece então molhando
seu cabelo. Deixe ou faça a água gotejar sobre seu corpo. Sinta-se e diga que é tão bela e
atraente quanto Afrodite. Permaneça um bom tempo mergulhada neste tipo de pensamento,
depois pode pegar a toalha e enxugar-se.
A seguir faça uma delicada massagem facial-corporal com óleo de essência de rosas. Deste
modo, liberará todas as suas tensões e o odor de rosas se exalará invocando assim todos os seus
efeitos aromáticos  que são afrodisíacos.
Coloque sua melhor roupa e saia para comprar o presente de seu amado. Você não tem um?
Tudo bem, deve sair mesmo assim e comprar um presente especial para você. Neste caso,
busque roupas e acessórios que você nunca teve coragem de usar antes.

INOVE!

Escolha algo que lhe deixe atrevidamente sensual. Achou? Pois à noite será a hora de vesti-lo e
badalar. Talvez seja hoje o dia que Afrodite lhe trará seu principie encantado, retirando todos os
"sapos" que insistem em cruzar seu caminho. Quem sabe?

O AMOR ESTÁ NO AR....

O amor está no ar e no perfume de cada dia.


Já foi cientificamente comprovado que o aroma desempenha um papel importante no contexto
da atração sexual. O caminho do coração, passa com certeza, primeiro pelo nariz. Uma presença
marcante, só se faz através de um perfume de mesmo porte. Portanto, sempre recomendo para
que toda mulher eleja uma fragrância de seu agrado e lhe seja fiel. Ela deve ser reconhecida por
um cheiro particular.
Mas existe também uma poção mágica que pode ativar os poderes afrodisíacos de seu perfume
habitual, sem alterar suas características naturais, que consiste em se acrescentar:
1/4 de óleo da patchulli
1/4 de óleo de benjoim
1/4 de óleo de loto
1/4 de óleo de heliotrópio
1/4 de óleo de lírio florentino
1/4 de azeite de oliva

Misture todos os ingredientes acima. Adicione à mistura o seu perfume ou colônia preferida.

JANTAR PARA UM AMOR MAIS RECEPTIVO

Depois do nariz, a parte mais vulnerável do homem é o estômago. Então, neste dia dos
namorados é a hora certa de preparar-lhe aquele jantarzinho muito especial.
Decore sua mesa com muito amor cobrindo-a com uma toalha cor-de-rosa. Adorne com um
centro de mesa com rosas vermelhas ou papoulas, acrescentando duas velas da mesma cor.
Nelas você deve escrever as iniciais dos dois nomes. Primeiro o dele e depois o seu em cima.
Elas simbolizarão o desejo ardente mútuo.
Perfume o ambiente com um incenso de rosas vermelhas.
Prepare ou compre uma torta de maças. Tenha disponível uvas e morangos, que deverão ser
mergulhados em chocolate, para no término do jantar, num momento mais íntimo serem
brindados com champanhe. Tribos indígenas da América do Sul, costumavam usar o chocolate
para cobrir suas zonas erógenas. Tornavam assim, os beijos mais doces e agradáveis. O
chocolate é considerado o alimento de Vênus.
Prepare um jantar simples, mas não esqueça de usar manjericão, erva tradicional que deve ser
sempre acrescentada em refeições de amor. Se servir alguma salada, ela deve ser temperada com
vinagre rosa.

RITUAL DE AFRODITE PARA OS AMANTES SEPARADOS

Esse ritual é para aqueles momentos em que se está separado de seu parceiro, seja por trabalho
ou outro motivo. Ele nos dará a paciência necessária para suportar essa separação, da mesma
maneira que Afrodite esperou pacientemente quando esteve separada de Adônis.
Você necessitará para esse ritual adquirir material de moldar, pode ser de barro, massa ou de
cera (encontrado em qualquer livraria especializada em material escolar). Molde dois corações
planos. Poderá amassar ou aplanar a massa ou barro ou usar um molde em forma de coração.
Depois acenda uma vela vermelha, já que essa é a cor da paixão. Tão logo a cera comece a
derreter, faça com que goteje sobre um dos corações. Enquanto a cera ainda estiver quente,
pressione os dois corações, como se fosse um sanduíche, de maneira que a cera cole juntos os
dois corações. Ao realizar essa tarefa, vá dizendo:
-"Deusa Afrodite, traga de volta pra mim, são e salvo, o meu amor".
Depois guarde os dois corações em lugar seguro até que volte a encontrar seu parceiro.

DEUSA DEMÉTER

Acredita-se que o culto à Deméter tenha sido trazido à Grécia vindo de Creta durante o
período micênico, carregando consigo o seu nome.. Sendo assim, ela é descendente direta
da Deusa-Mãe cretense, que com suas virgens e sacerdotisas, empunhavam serpentes e
prestavam culto ao touro. Neste caso, podemos afirmar que Deméter representaria a
sobrevivência da religião e dos valores matriarcais durante a cultura patriarcal guerreira
dos gregos clássicos.

O hino homérico relata que ela teria chegado a Eleusis disfarçada de anciã, na época em
que as pessoas vinham do outro lado do mar, de Creta.
A filha de Deméter, Perséfone, também nasceu em Creta, e a lenda arcaica da união de
Zeus, em forma de serpente, com sua filha também teve lugar em Creta. O filho que
nasceu dessa união foi Dionísio. As coincidências demonstram que existe uma conexão
entre a Deméter documentada em Creta e a que é conhecida na Grécia.

Na Grécia antiga, Deméter era responsável por todas as formas de reprodução da vida,
mas principalmente da vida vegetal, o que lhe rendeu o título de "Senhora das Plantas",
"A Verde", "A que atrai o fruto" e "A que atrai as estações". As pessoas a honravam ao
usar guirlandas de flores enquanto marchavam pelas ruas, geralmente descalças.
Acreditava-se que pisar na terra descalço aumentava a comunicação entre os humanos e a
Deusa.

Para os gregos, Deméter era a criadora do tempo e a responsável por sua medição em
todas as formas. Seus sacerdotes eram conhecidos como Filhos da Lua.

Outro vestígio da antiga consciência matriarcal da Deusa-Mãe, foi transmitido na devoção


católica popular da Virgem Maria entre os povos do Mediterrâneo. Quase certamente há
uma continuidade psíquica entre Maria, a Mãe de Deus, as antigas deusas da Grande Mãe
no Mediterrâneo e no Oriente Próximo e a deusa Deméter. Mas embora se conheça muitas
representações medievais de Maria com cereais e flores, ela não possui o poder emocional
das antigas Mães da Terra e suas filhas.
Deméter era a protetora das mulheres e uma divindade do casamento, maternidade, amor
materno e fidelidade. Ela regia as colheitas, o milho, o arado, iniciações, renovação,
renascimento, vegetação, frutificação, agricultura, civilização, lei, filosofia da magia,
expansão, alta magia e o solo.

O RAPTO DE PERSÉFONE

Quando falamos de Deméter, devemos falar de duas Deusas. O cerne do mito e do culto a
Deméter, era o fato dela ter perdido sua adorada filha Coré (donzela, em grego). A
intimidade entre mãe e filha ressalta o caráter profundamente feminino dessa religião e
constelação mitológica. Coré mais tarde passa a ser conhecida como Perséfone.

O mais antigo documento que narra este mito é o belo "Hino à Deméter" homérico, que
nos fala tanto da Deusa Deméter como de sua filha Coré. O objetivo deste poema é
explicar a origem dos mistérios de Elêusis.

A jovem Coré, diz a narrativa, encontrava-se colhendo flores, quando foi atraída por um
narciso muito belo, mas ao estender a mão para pegá-lo, a terra se abriu e Plutão (Hades),
Senhor dos Mortos, em sua carruagem de ouro puxada por dois cavalos negros,
arrebatou-a e levou-a para ser sua noiva e Rainha do Subterrâneo.  Coré lutou e gritos,
mas nem os deuses imortais como os homens mortais, ouviram seus clamores. Deméter só
pode ouvir o eco do apelo de sua filha e então se apressou para encontrá-la. Procurou sua
filha por nove dias e nove noites, não parando para comer, dormir ou banhar-se, só
andando errante pela terra, carregando em suas mãos tochas acesas.  Porém quando se
apresentou pela décima vez a Aurora, encontrou-se com Hécate, Deusa da Lua Escura,
que lhe diz:

-"Soberana Deméter, dispensadora das estações, de esplendidos dons, quem dos deuses
celestes ou dos homens mortais raptou Perséfone e afligiu teu animo? Ouvi a sua voz,
porém não vi com meus olhos quem era. Em breve vamos desfazer esse engano".

Assim falou Hécate que partiu com Deméter, levando em suas mãos as tochas acesas. As
duas então chegaram até Hélio, o deus do sol, que compartilha esse título com Apolo e a
mãe aflita perguntou:

-"Sol, respeita-me tu ao menos, como Deusa que sou...A filha que pari, encantadora por
sua figura...ouvi sua vibrante voz através do límpido éter, como a de quem se vê
violentada, mas não a vi com meus olhos. Porém tu que sobre toda a terra e por todo o
mar diriges desde o éter divino a olhar de teus raios, diga-me sem enganos se teria visto a
minha filha querida em alguma parte; quem dos deuses ou dos homens mortais ousou
capturá-la para longe de mim, contra sua vontade, pela força".

Hélio então respondeu:

-"Filha de Rea, ...pois é grande o meu respeito e compaixão que sinto por ti, aflita como
estás por tua filha de esbeltos tornozelos. Nenhum outro dos imortais é mais culpado que
Zeus fazedor de nuvens, que a entregou à Hades para que se torne sua esposa...Assim que
tu, Deusa, dá fim a teu copioso pranto. Nenhuma necessidade há de que tu, sem razão,
guarde então um insaciável rancor."
Deu a entender para a Deméter que ela deveria aceitar a violação de Perséfone, pois
Hades, não era um genro tão sem valor, mas a Deusa não aceitou seu conselho e agora
sentia-se traída por Zeus. Retirou-se do monte Olimpo, disfarçou-se de uma mulher anciã
e vagou sem ser reconhecida entre as cidades dos homens e os campos. Um certo dia, ela se
aproximou de Elêusis, sentou-se perto do poço Partenio e foi encontrada pelas filhas de
Céleo, o governador de Elêusis. Quando Deméter disfarçada lhes revelou que procura um
emprego de babá, ela a levaram para casa, à sua mãe Metanira, para cuidar do um
irmãozinho chamado de Demofonte.

Sob os cuidados da Deusa, Demofonte criou-se como um deus. Ela o alimentou com
Ambrósia e secretamente o colocou em um fogo que o teria tornado imortal não tivesse
Metanira entrado no local e gritado por medo do filho. Deméter reagiu com fúria,
reclamou a Metanira por sua estupidez, e revelou sua verdadeira identidade. Ao
mencionar seu nome mudou completamente seu visual revelando sua beleza divina. Seu
cabelo dourado caiu pelas costas, e seu perfume e esplendor encheram a casa de luz.

Imediatamente Deméter ordenou que fosse construído um templo só seu e lá permaneceu


envolta em sua dor e não permitindo que nada germinasse na terra.
Zeus, tendo conhecimento da situação enviou sua mensageira Íris até Deméter, pedindo
que Deméter retornasse ao Olimpo. Como não concordou, um a um dos deuses olímpicos
vieram até ela, trazendo dádivas e honras. Mas a cada um Deméter fez saber que de modo
algum retornaria ao monte Olimpo, até que sua filha lhe fosse devolvida.

Finalmente Zeus resolve enviar seu mensageiro Hermes até Hades, ordenado-lhe que
trouxesse Perséfone de volta para que "quando sua mãe a visse com seus próprios olhos,
abandonasse a sua raiva". Hermes ao chegar ao mundo de Hades, encontrou-o sentado
próximo à Perséfone que se encontrava muito deprimida.

O Senhor dos Mortos, antes de libertar Perséfone, deu-lhe uma semente de romã para
comer, o que faria com que ela voltasse para ele. Assim, foi-lhe permitido voltar para
Deméter dois terços do ano e o restante do ano no mundo das trevas com Hades.

Com a satisfação de recuperar a filha perdida, Deméter fez com que os cereais brotassem
novamente e com que toda a Terra se enchesse de frutos e flores. Imediatamente mostrou
esta feliz visão aos princípios de Elêusis, Triptolemo, Diocles e ao próprio rei Celeo e, além
disso, revelou-lhes seus sagrados ritos e mistérios.

O amor entre Deméter e Coré é um sentimento que somente uma mãe e uma filha podem
realmente compartilhar. Não importa o quanto um pai ame e adore sua filha, jamais
chegará perto do estreito vínculo que existe entre mãe e filha. Ao dar á luz, a mãe, vê a si
mesma em pura inocência naquela pequena pessoinha. Jung nos diria que uma mãe vê em
sua filha é a percepção de seu próprio "self" feminino transcendente, a perfeição do ser
feminino.

Podemos afirmar, com convicção, segundo Carl Jung, que "em toda mãe já existiu uma
filha e toda a filha contêm sua mãe" e que toda mulher se estende para trás em sua mãe e
para frente em sua filha. A conscientização destes laços gera o sentimento de que a vida se
estende ao longo de gerações e provocam a sensação de imortalidade.

ARQUÉTIPO MATERNAL
No momento que a mulher recebe em seus braços o seu bebê, o poder arquetípico de
Deméter é plenamente despertado. As dores do parto, consideradas como uma transição
iniciática, desaparecem e uma irradiação de amor demétrico tudo abrange. Estará aqui e
agora desperta para uma nova fase de sua vida: ser mãe. Uma vez mãe, permanecerá
sempre mãe, pois nada apaga a emoção de carregar um filho sob o coração.
O arquétipo da Mãe era representado no Olimpo por Deméter. Embora muitas Deusas
tenham sido mães, nenhuma se compara à esta Deusa, pois ela deseja ser mãe. Quando
está grávida ou criando seus filhos, Deméter atinge o ápice de sua plenitude enquanto mãe.
Ela orgulhosamente proporcionou vida nova e novas esperanças à sua comunidade. No
antigo simbolismo de seu ciclo, ela corporifica agora a lua cheia, e também o verão
abundante com frutos da terra. O cálice da força vital dentro de si está transbordante.

Este arquétipo não está restrito à mãe biológica. Ser mãe de criação ou ama seca, permite
que outras mulheres expressem seu amor maternal. A própria Deméter representou este
papel com Demofonte.

MÃE-NATUREZA

O povo grego. ano após ano, via, com natural pesar, os dias brilhantes do verão
desvanecer-se com a tristeza da estagnação do inverno. Ano após ano, saudava a explosão
de vida e cores da primavera. Habituado a personificar as forças da natureza e a vestir
suas realidades com roupagem de fantasia mítica, ele criou para si um panteão de deuses e
deusas, de espíritos e duendes, que oscilavam com as estações e seguiam as flutuações
anuais de seus fados com emoções alternadas de alegria e tristeza, que expressava na
forma de ritual e de mito. Um destes mitos é o da Deusa Deméter. Os romanos a
conheciam como Ceres.

O símbolo principal de Deméter era um feixe de trigo e, em seus mistérios em, Elêusis,
uma única espiga de milho. É retratada como uma mulher bonita de cabelo dourado e
vestida com roupão azul, considerada a Senhora das Plantas. Seu animal sagrado é o
porco, que representava um sacrifício de fertilidade em todo o mundo por causa de seus
múltiplos úteros. Seu animal sagrado marinho era o golfinho.

AS TESMOFORIAS

O festival grego da "Tesmoforias" era celebrado anualmente em outubro, em honra a


Deméter e era exclusivo para mulheres. Se constituía de três dias de celebrações pelo
retorno de Core ao Submundo.
Neste festival, os iniciados compartilhavam uma beberagem sagrada, feita de cevada e
bolos.

Uma das características da Tesmoforia era uma punição aos criminosos, que agiam contra
as leis sagradas e contra as mulheres. Sacerdotisas liam a lista com os nomes dos
criminosos diante das portas dos templos das Deusas, especialmente Deméter e Ártemis.
Acreditava-se que aqueles desta forma amaldiçoados morreriam antes do término de um
ano.

O primeiro dia da Tesmoforia era  celebrado o "kathodos"(baixada) e o


"ánodos"(subida), um ritual em que as sacerdotisas castas levavam leitões para serem
soltos dentro de grutas profundas cheias de serpentes e os restos decompostos dos porcos
do ano anterior eram recolhidos.

O segundo dia era chamado de "Nestía", nele as mulheres jejuavam, sentadas no chão,
imitando a forma ritual dos processos da natureza e, de acordo com uma perspectiva
mitológica, representando a dor de Deméter pela perda da filha, quando, inconsolada, se
sentou ao lado do poço.  O ambiente era triste e, portanto, não se usavam guirlandas.
No terceiro dia, se celebrava um banquete com carne e os leitões recolhidos (do ano
anterior) eram espalhados na terra arada, e se invocava a Deusa de belo nascimento,
"kalligeneia".

MISTÉRIOS ELEUSIANOS

O propósito e o significado dos Mistérios Eleusianos era a iniciação a uma visão.


"Eleusis", significa "o lugar da feliz chegada", de onde os campos Elíseos tomam seu
nome. O termo "Mistérios" provêm da palavra "muein", que significa "fechar" tanto os
olhos como a boca. Faz referência ao segredo que rodeia as cerimônias e a conformidade
requerida do iniciado, ou seja, se exige de ele ou ela permita que se faça algo: daí se deduz
o significado de "iniciar". A culminação da cerimônia consistia na exposição de objetos
sagrados no santuário interno a mãos do sumo sacerdote ou hierofante (hiera phainon), "o
que faz que os objetos sagrados apareçam". Era somente permitido fazer alusões indiretas
sobre o que ocorria. Entre elas, a fundamental era que Deméter falava à sua filha e se
reunia com ela em Eleusis. Mas, alguns escritores cristãos violaram essa regra e um
assinalou que o ponto culminante da cerimônia consistia em cortar uma espiga de trigo em
silêncio.

Qualquer pessoa podia assistir os Mistérios, desde que falasse grego, mulheres e escravos
inclusive, desde que não tivessem as mãos sujas de sangue por nenhum crime. Os
Mistérios eram realizados uma vez ao ano para mais ou menos três mil pessoas. Sabe-se
que esses iniciados não formavam nenhuma sociedade secreta, eles vinham de todos os
pontos da Hélade, participavam da experiência e logo se separavam.

Os Mistérios menores, que se celebravam até o final de inverno no mês das flores, o
Antesterion (nosso fevereiro) e era pré-requisito para a participação nos Mistérios
maiores, que se celebravam no outono. Esses Mistérios exploravam o que havia acontecido
à Perséfone, Deusa do Mundo Subterrâneo, quando estava colhendo flores em Nisa. Diz-se
que ela foi raptada por Hades enquanto colhia um narciso de cem cabeças. Os gregos
chamavam de narciso toda a planta que tinha propriedades narcóticas.

Esse rapto representa várias idéias, uma é o processo que experimenta a semente ao cair
na terra e decompõem-se para voltar de novo à vida. Que se representava simbolicamente
como as primeiras núpcias entre os reinos da vida e da morte.
Porém, também representa o rapto extático que proporcionavam certas substâncias que
estavam relacionadas com Dionísio, deus da embriaguez, que por sua vez era Senhor de
Hades por sua relação com tudo que apodrecia, fermentava e se transformava em outra
coisa.

O primeiro estágio da iniciação nos Mistérios menores era o sacrifício de um porco jovem,
o animal consagrado à Deméter, que substituía simbolicamente a morte do próprio
iniciado. Como nas Tesmoforias esse rito se ajusta à variante órfica do mito, que associava
a morte do leitão com o rapto de Perséfone.

O segundo estágio da iniciação era uma cerimônia de purificação na qual o iniciado era
vendado. As sucessivas etapas dos ritos de iniciação são descritas, através de alusões,
inteligíveis para os já iniciados, porém não para os profanos. O acontecimento central dos
Mitos Eleusinos era à noite em que se consumia a poção sagrada Kykeon. Os ingredientes
dessa poção se constituiu um segredo durante esses 4 mil anos.

Os Mistérios maiores se celebravam a princípio a cada cinco anos. Mais tarde passaram a
celebrar anualmente, no outono: começava no dia 15 do mês Boedromión (nosso mês de
setembro) e duravam nove dias. Reuniam-se iniciados de todos os lugares do mundo
helênico e romano, e se declarava uma trégua entre as cidades estado gregas durante
quarenta e cinco dias, desde o mês anterior até o mês seguinte.

Na véspera do início, se levavam os objetos sagrados, o "hierá", de Deméter em procissão


desde Eleusis até Atenas.

1- dia 15 do boedromion: Agyrmos, reunião. Proclamação:


Nesse dia tinha lugar a convocação e preparação dos iniciados. Os hierofontes declaravam
o "prorrhesis", o início dos ritos.

2 dia- 16: Elasis ou Helade Mistay: "Ao mar, ó iniciados!"


No segundo dia os iniciados se purificavam no mar (Falero), num rito chamado de
"expulsão".  Durante nove dias fariam estas abluções na água do mar, nove dias como
Deméter peregrinou pela terra em busca da verdade sobre o rapto de Perséfone. Nesse
mesmo dia, os iniciados sacrificavam um leitão enquanto o hierofante os instava: Helade,
Mysthai!

3 dia- 17: Hiereia Deuro: Sacrifício


Parece que nesse dia se celebravam o sacrifício oficial em nome da cidade de Atenas.

4 dia- 18: Asclepia


Esse dia era chamado de Asclepia em honra de Asclepio, deus da cura, era outro dia de
purificação.

5 dia- 19: Yacós ou Pampa, procissão


Esse era um dia de celebração onde se realizava um grande procissão que inciava em
Ceramico (Cemitério de Atenas) até Eleusis, seguindo o itinerário sagrado. Percorriam
uns 32 Km. Algumas sacerdotisas levavam as "hierás" em "kistas"fechadas, ou cestas,
rodeadas por uma multidão que dançava e gritava o nome de Yaco, cuja estátua, coroada
de myrto e carregando uma tocha.

Yaco era o outro nome de Dionísio que, segundo a lenda órfica, era filho de Perséfone e
Zeus, pai da mesma. Fui concebido em uma noite em que o deus se aproximou de uma
caverna subterrânea transformado em serpente. Não se tratava de Dionísio, deus do vinho
e do touro (cujo equivalente é o cretense Zagreo), deus que é desmembrado, porém vive de
novo. Era Dionísio como criança de peito místico, o deus que morre e vive eternamente,
imagem da renovação perpétua.

Na fronteira entre Eleusis (era uma cidade pequena à 30km noroeste de Atenas) e Atenas,
pessoas mascaradas parodiavam a procissão. Encenavam o mito que relatava como
Yambe ou Baubo animou Deméter. Como em tantas festas de renovação, preparavam o
nascimento do novo para substituir o velho. Quando as estrelas apareciam, os "mystai"
(iniciados) rompiam seu jejum, pois o dia vigésimo do mês havia chegado e segundo as
"Ranas" de Aristófanes, o resto da noite passavam entre cantos e bailes. Os templos de
Poseidón e Ártemis se abriam para todos, porém atrás deles estava a porta que dava ao
santuário, e nada, exceto os iniciados, poderiam passar sob pena de morte.

6 dia - 20: Telete (mysteriodites Nychtes)


Esse era um dia de descanso, jejum, purificação e sacrifícios, de acordo com o mito de
jejum de Deméter, representando o ritual de esterilidade do inverno. O jejum se rompia
com a bebida de cevada, mel e polén (Kykeon) que preparavam e então se permitia que os
iniciados entrassem no santuário sagrado. Essa celebração acontecia em um lugar
chamado de Telesterion, chamado assim porque aqui se alcançava "o objetivo" ou "telos".
Era um local enorme, que podia albergar milhares de pessoas e onde se exibiam os objetos
sagrados de Deméter. No centro estava o Anactoron, uma construção retangular de pedra
com uma porta em um de seus extremos, que só o hierofonte podia passar. Essa era a
parte mais reservada dos Mistérios eleusianos.

Mas o que exatamente ocorria neste momento?Seria o começo da própria iniciação?


Parece que se desenvolvia em três etapas: "drómena, o feito (Ação); legómena, o dito
(texto falado); deiknýmena, o mostrado (visão). Depois tinha lugar uma cerimônia especial
conhecida como "epoptía", o estado de "haver visto", se celebrava para os iniciados do
ano anterior.

Em drómena os iniciados participavam de um desfile sagrado pelo qual se representava o


relato de Deméter e Perséfone. Os legómena consistiam em invocações ritualísticas curtas,
pequenos comentários que acompanhavam o desfile e explicavam o significado do drama.
Os deiknýmena, a exibição dos objetos sagrados, culminava na revelação proferida pelo
hierofante, cuja difusão era proibida. Os epoptía também incluiam a exibição de "hierá",
não se sabe ao certo o que eram esses objetos sagrados. Segundo as fontes arqueológicas de
A. Kórte (Zu den Eleusinischen Mysterien, «Archiv für Religions Wissenschaft» 15, 1915,
116) supõe-se que a enigmática cesta que tomavam os iniciados, entre outros objetos, havia
um que representava o órgão sexual feminino, o qual, em contato com o corpo dos mystai,
contribuía com a sua regeneração e passavam a ser considerados filhos de Deméter.
M. Picard (L'épisode de Baubó dans les mystéres d'pleusis, «Revue d'histoire des
religions» 1927, 220-255) adiciona o órgão masculino. O iniciado tocaria sucessivamente os
dois objetos, simbolizando assim a verdadeira união sexual.

7 dia- 21: Epopteia


Somente à tarde tinha início os ritos secretos. Em determinado momentos deviam
pronunciar uma contra-senha sagrada:"Jejuei, bebi o kykeon, o tomei do canasto
(calathus) e, depois de prová-lo o coloquei de novo no canasto e dali, ao cesto". Misteriosas
palavras, que sem sombra de dúvida, tinham grande significado para os iniciados. Todo o
resto do dia era passado em compasso de espera e somente à noite os iniciados entravam
no santuário. Um muro à sua direita impedia que vissem o local da "Rocha sem alegria"
(local em que se supõe que a Deusa Deméter esteve sentada). Ouviam lamentos
procedentes dali. Chegavam ao Telesterion e depositavam os leitões nas "mégara", uma
espécie de sótão do templo. Em seguida peregrinavam fora do Telesterion em busca de
Core (Perséfone), na escuridão e com a cabeça coberta com uma carapuça que não lhes
permitia ver nada, cada iniciado era guiado por um mystagogo. Imagine andar na
escuridão, totalmente desorientado, esperando em silêncio, até que um gongo soa como um
trovão e o hierofonte clamando por Core, até que o mundo inferior se abre e das
profundezas da terra aparece a Deusa. Daí um clarão de luz enche a câmara, crescem as
chamas da fogueira e o hierofonte canta:

-"A Grande Deusa deu à luz a um filho sagrado: Brimo pariu à Brimós". Então, em
silêncio profundo, levanta com a mão uma espiga de trigo.

Para que entendam, Brimo era uma Deusa do Mundo Inferior em Tesália, ao norte. Os
nomes Brimo e Brimós sugerem à introdução da agricultura e de que nos Mistérios da
Grécia houve influência tesalia.
Mas que estão fazendo Brimo e Brimós em Eleusis?
Kerényi diz que Brimo é "fundamentalmente um nome que designa a rainha do reino dos
mortos, atribuído à Demeter, Core e Hécate em sua qualidade de Deusas do Mundo
Inferior". Nesse caso, o filho é o espírito da renovação concebido no Mundo Inferior como
testemunho vivo de que na morte há vida, já que está na "riqueza" da colheita, o
"tesouro" do conhecimento intuitivo espiritual.

8 dia - 22: Plemochoai


Era dia de sacrifício e festa. Sacrificavam-se touros à Deméter e Perséfone (Core) e outros
animais, especialmente leitões. Este festival era chamado Plemochoai, porque esse era o
nome dado aos vasos (ou taças) que o sacerdote enchia com um certo líquido e, virando-se
para oeste e depois para leste, derrama ao solo o que continham. O povo, olhando para o
céu, grita "chuva!" e, olhando para a terra, grita "concebe!", hýe, kýe.

Harrison escreve que "o rito do matrimônio sagrado e o nascimento da criança


sagrada....era o mistério central". Entretanto, a cerimônia final nos mostra o matrimônio
simbólico da chuva celestial com à terra, que havia de conceber o filho do grão (da
semente), porém existia a possibilidade se ser celebrado esse casamento simbólica ou
literalmente, entre o hierofante e uma sacerdotisa antes do regresso de Core.

9 dia - 23: Epistrofe


Neste dia os iniciados voltavam à Atenas. Eleusis voltava a velar-se em seus mistérios,
enquanto  se despedia dos visitantes, agora renascidos, levando consigo as experiências de
vinculação com as divindades. Assim acabam os Mistérios de Eleusis.

A gestão desse culto era exclusiva das famílias aristocráticas, com funções definidas para
cada uma delas. O sumo sacerdote, o chamado hierofante, devia pertencer a família dos
Eumólpidas, enquanto a família dos Cérices procediam dos sacerdotes de traço
imediatamente inferior, o portador da tocha. A sacerdotisa vivia sempre no santuário. O
hierofante ostentava o privilégio de escolher seus iniciados. Sobre todos eles se sobrepunha
uma outra figura, o chamado arconte rei (archon basileus) no eleusino, que era ateniense
(era os atenienses que controlavam o culto), ao qual assiste uma equipe de colaboradores
(epistatai), encarregados das finanças.

MORRER PARA RENASCER

Morrer para renascer, esse é o sentido da iniciação. O sangue dos animais sacrificados
simbolizavam a própria morte do iniciado. É Plutarco que nos diz que "morrer é ser
iniciado". Só através da morte se regressa à luz. Clemente e Foucart realmente  estão de
acordo com essa idéia: representar a busca de Deméter e identificar-se com Perséfone é
precisamente vagar no mundo subterrâneo da morte, do mesmo modo que encontrar Core
é retornar à vida depois da morte.

Esse mito grego recupera um mito bem mais antigo conhecido como a "Descida de
Inanna", que vai e vem entre ambos os mundos. Perséfone aqui é a faceta da mãe que
desce e regressa de novo à mãe, configurando uma totalidade nova. Se percebe claramente
uma continuidade nessa relação: vida em morte e morte em vida. Se "vê através" de uma
a outra, e isso liberta a humanidade de sua natureza de entidades antagônicas. Quando
mãe e filha se percebem como uma única realidade, nascimento e renascimento se
convertem em fases que provêm de uma fonte em comum: através da dita percepção se
transcende a dualidade.

A DEUSA TRÍPLICE

A triplicidade pode ser vista na lua, que é: crescente, cheia e minguante. E, no fato da
Deusa reger o mundo superior, a terra e o mundo inferior. Ela era também a Donzela ou
Virgem, a Mãe e a Anciã, as três principais fases da vida de toda a mulher. Pois Deméter
se vê "Donzela" em sua filha Coré. É "Mãe" desta filha e de tudo que brota e cresce. Mas,
ao perder sua filha Coré para Hades, torna-se  "Anciã" associada diretamente com a
morte.

Para cada fase ou ciclo há perdas que devem ser vivenciadas por todas as mulheres. No
primeiro ciclo, visualiza-se a "morte da donzela", que torna-se uma jovem nubente e é
uma iniciação para fase seguinte, que se tornará mãe, abençoada com seus próprios filhos.
Quando a Mãe não pode mais conceber (menopausa), passa a tocha da maternidade para
filha, transferindo para ela todos os poderes da fecundidade. A morte da mãe, constitui a
mulher idosa que tem agora o potencial para ingressar na esfera espiritual das anciãs,
guardiãs dos mistérios da morte.

Hoje estes ciclos raramente são reconhecidos e vividos plenamente pelas mulheres, pelo
fato de habitarem um mundo predominantemente masculino. A realidade moderna e
científica tornou a "Mãe" uma máquina biológica de produção de bebês, que favorece ou
prejudica a política financeira de uma determinada sociedade.

DEMÉTER HOJE

Por mais belo que se pinte um quadro de uma mãe com o filho nos braços, ele estará longe
de ser a realidade para a maioria das mães das sociedades industrializadas e urbanas do
Ocidente. As pressões financeiras, privam a mulher de permanecer no seio da família,
cuidando de seus amados filhos. Até a licença-maternidade, através de duras penas
conseguida, possui um tempo vergonhosamente limitado, pois a volta ao trabalho quase de
imediato, não permitem que a mãe acompanhe o desenvolvimento de seu bebê. Além de
ser estigmatizada por tal feito, pois ter um filho em nossos dias, significa estar fora de
ação, inativa e lhes é somente permitido olhar saudosamente para o mundo que caminha
sem elas.

Deméter sofre com o eclipse em nossa civilização. As mulheres que representam seu modo
de ser, não têm condições de competir com as mulheres mais instruídas, pois a Deméter
natural não é tão intelectualizada. Ela adora apenas criar seus filhos e acaba ficando
muito sentimentalizada, tratada com condescendência e destituída do poder por suas
irmãs feministas.

Deméter nas antigas comunidades agrárias, tinha dignidade, autoridade e uma vida
bastante gratificante. Tudo se perdeu numa sociedade onde tudo é subserviente às
exigências econômicas do monopólio do consumo.

RITUAL

Todos nós experimentamos em nossas vidas momentos em que temos a sensação de


estarmos mergulhando no Submundo e nas trevas, sem sabermos se conseguiremos
emergir para a luz  e tempos melhores.
O ritual que se segue é bem simples e lhe ajudará muito a iniciar as mudanças
inconscientes necessárias para diluir esses sentimentos obscuros e negativos.
O sentimento de desamparo afeta tanto o espírito quanto a mente. Quando se atravessa
um período negativo, o mais importante não é saber o porquê do quadro, mas sim saber
como se pode revertê-lo.

Material:
1 vela branca em um suporte
1 incenso de patchulli
1 cobertor
1 sino

Acenda a vela e entre na banheira cheia de água com um pouco de sal. Concentre-se na
lavagem de todas as vibrações negativas. Permaneça na banheira o tempo necessário para
relaxar. Depois seque-se e vista uma túnica ou roupão. Segure a vela com uma mão e o
sino na outra. No sentido horário visite todos os cômodos da casa, badalando o sino
enquanto caminha. Erga a vela diante de cada janela, porta e espelho e em seguida toque o
sino, dizendo:

"Trevas, fujam deste sino e desta vela,


Que entre o equilíbrio. Vá embora a escuridão".

Coloque a vela no suporte, acenda o incenso e espalhe a fumaça gentilmente sobre o seu
corpo. Deite-se em uma posição confortável e enrole-se no cobertor, deixando apenas o
nariz e a boca descobertos, para permitir sua respiração.
Feche os olhos e sinta-se afundando na Terra. Relaxe completamente e deixe-se levar às
profundezas. À medida que afunda, derrame sua infelicidade e seus sentimentos
depressivos na Mãe Terra e no Senhor da Floresta. Se você sentir vontade de chorar,
chore, pois lhe fará muito bem.
Agora escute o seu coração. Deixe seus sentimentos fugirem ao controle da mente
consciente e alcançarem aquele ponto onde não há explicação para se ouvir o que se ouve,
sentir o que se sente, deixe rolar o que tiver que rolar...
Você sentirá então, o abraço da Mãe Terra e a escuridão e a depressão de seu interior
começarão a se desintegrar. Uma paz profunda tomará conta de todo o seu ser.
À medida que sente estar dirigindo a mente para pensamentos mais positivos, comece a se
livrar do cobertor. Mas saia lentamente de dentro dele, como se fosse um bebê nascendo
para um novo mundo.
Uma vez livre do cobertor, estique os braços e as pernas. Não se espante se estiver rindo ou
chorando de emoção, é bem normal.
Agradeça à Deusa por Sua ajuda passada, presente e futura e dê boas-vindas às mudanças
que florescem dentro de você.
Agora vá e faça algo que lhe deixe muito feliz!

DEUSA PERSÉFONE

P A R A O S G R E G O S , P E R S É F O N E E R A A R A IN H A D I S T A N T E D O M U N D O
A V E R N A L , Q U E V I G I A V A A S A L M A S D O S F A L E C ID O S . M A S , P A R A O S R O M A N O S ,
E L A E R A C ON H E C I D A T A M B É M C O M O A V I R G E M , D ON Z E L A , C O R E , A S S O C I A D A
C O M O S S Í M B O L O S D E F E R T I L I D A D E : R O M Ã , O G R Ã O , O M I L H O , E A IN D A , C O M
O NARCISO, A FLOR QUE A ATRAIU.

S E U S E Q Ü E S T R O R E A L I Z A D O P O R H A D E S E S U A D E S C ID A A O M U N D O A V E R N A L ,
É A H I S T Ó R I A M A I S C ON H E C I D A D E T OD A A M I T O L O G I A G R E G A . E M B O R A
PERSÉFONE NÃO FOSSE UM DOS DOZE DEUSES OLÍMPICOS , FOI A FIGURA
CENTRAL NOS MISTÉRIOS DE ELÊUSIS, QUE POR DOIS MIL ANTES DO
CRISTIANISMO FOI A PRINCIPAL RELIGIÃO DOS GREGOS. NOS MISTÉRIOS DE
E L Ê U S I S O S G R E G O S E X P E R IE N C IA R A M A R E N O V A Ç Ã O D A V I D A D E P O I S D A
MORTE ATRAVÉS DA VOLTA ANUAL DE PERSÉFONE DO INFERNO.

MITOLOGIA

P E R S É F O N E F O I A F I L H A Ú N IC A D E D E M É T E R E Z E U S . A M I T O L O G I A G R E G A É
I N C O M U M E N T E S I L E N C I O S A Q U A N T O À S C IR C U N S T Â N C I A S D E S U A
C ON C E P Ç Ã O .

No início do mito, Perséfone era uma garota despreocupada que colhia flores e brincava com
suas amigas. Então Hades apareceu repentinamente em sua carruagem por uma abertura da
terra, pegou a jovem à força e a levou de volta para o Inferno, a fim de ser sua noiva contra a
vontade. Sua mãe, Deméter, não aceitou a situação, deixou o monte Olimpo, persistiu em
conseguir o retorno de Perséfone, e finalmente forçou Zeus a considerar seus desejos. Zeus
então enviou Hermes, o deus mensageiro, para ir buscar Perséfone.

HERMES CHEGOU AO INFERNO E ENCONTROU A JOVEM DESOLADA. MAS SEU


D E S E S P E R O T OR N O U - S E A L E G R I A Q U A N D O D E S C O B R I U Q U E H E R M E S T IN H A
V I N D O P O R S U A C A U S A E H A D E S A D E IX A R IA P A R T I R . A N T E S Q U E E L A O
D E IX A S S E , C O N T U D O , H A D E S L H E D E U A L G U M A S S E M E N T E S D E R O M Ã , E E L A
COMEU. ENTÃO ENTROU NA CARRUAGEM COM HERMES, QUE A LEVOU
RAPIDAMENTE PARA DEMÉTER.

DEPOIS DE MÃE E FILHA SE ABRAÇAREM ALEGREMENTE, DEMÉTER


ANSIOSAMENTE INDAGOU SE ELA TINHA COMIDO ALGUMA COISA NO INFERNO.
PERSÉFONE RESPONDEU QUE HAVIA COMIDO SEMENTES DE ROMÃ PORQUE
H A D E S A T IN H A F O R Ç A D O A C O M E - L A S ( O Q U E N Ã O E R A V E R D A D E ). D E M É T E R
T E V E Q U E A C E I T A R A E S T Ó R IA E O P A D R Ã O C ÍC L I C O Q U E S E S E G U I U . N Ã O
TIVESSE PERSÉFONE COMIDO AS TAIS SEMENTES, TERIA SIDO
COMPLETAMENTE DEVOLVIDA A DEMÉTER. ENTRETANTO, PASSOU A SER
OBRIGADA A PERMANECER POR UM TERÇO DO ANO.

M A I S T A R D E , P E R S É F O N E T OR N O U - S E A R A I N H A D O I N F E R N O . T O D A S A S
VEZES QUE OS HERÓIS E HEROÍNAS DA MITOLOGIA GREGA DESCIAM PARA O
REINO INFERIOR, PERSÉFONE LÁ ESTAVA PARA RECEBE-LOS E SER SUA GUIA.
N U N C A E S T A V A A U S E N T E P A R A N IN G U É M . N U N C A H A V I A S I N A L N A P O R T A
D IZ E N D O Q U E E L A F O R A P A R A C A S A C O M A M Ã E , E M B O R A O M I T O D I G A Q U E
E L A F A Z I A I S S O D O I S T E R Ç O S D O A N O A O L A D O D E H A D E S ..

N A “O D I S S É I A ”, O H E R Ó I O D I S S E U (U L I S S E S ) V I A J O U P A R A O I N F E R N O , O N D E
PERSÉFONE LHE MOSTROU AS ALMAS DAS MULHERES DE REPUTAÇÃO
LEGENDÁRIA. NO MITO DE PSIQUE E EROS, A ÚLTIMA TAREFA DE PSIQUE ERA
D E S C E R A O M U N D O D A S T R E V A S C O M U M A C A IX A P A R A P E R S É F O N E E N C H E R
D E U N GÜ E N T O D E B E L E Z A P A R A A F R O D I T E . O Ú L T I M O D O S D OZ E T R A B A L H O S
DE HÉRCULES TAMBÉM O LEVOU A PERSÉFONE. HÉRCULES TEVE QUE OBTER
A PERMISSÃO DELA PARA EMPRESTAR CÉRBERO, O FEROZ CÃO DE GUARDA DE
T R Ê S C A B E Ç A S , Q U E E L E D O M I N O U E C O L O C O U E M U M A C OR R E N T E .

P E R S É F O N E T A M B É M L U T O U C ON T R A A F R O D I T E P E L A P O S S E D E A D Ô N I S , O
BELO RAPAZ QUE ERA AMADO POR AMBAS DEUSAS. AFRODITE ESCONDEU
A D ÔN I S E M U M B A Ú E O M A N D O U P A R A P E R S É F O N E P A R A P R E S E R V A Ç Ã O .
M A S , A O A B R I R O B A Ú , A R A IN H A D O I N F E R N O F I C O U E N C A N T A D A C O M S U A
BELEZA E RECUSOU ENTREGA-LO DE VOLTA. PERSÉFONE AGORA LUTAVA COM
O U T R A D IV I N D A D E P E L A P O S S E D E A D Ô N I S , C O M O D E M É T E R E H A D E S
OUTRORA TINHAM LUTADO POR ELA. A DISPUTA FOI TRAZIDA PERANTE ZEUS,
Q U E D E C I D I U Q U E A D ÔN I S P A S S A R IA U M T E R Ç O D O A N O C O M P E R S É F O N E E
UM TERCE DO ANO COM AFRODITE E FARIA O QUE QUISESSE DO TEMPO
RESTANTE.

O ARQUÉTIPO

COMO VIMOS, PERSÉFONE TINHA DOIS ASPECTOS: O DE JOVEM E O DE


R A IN H A D O I N F E R N O . D E J O V E M D E S P R E O C U P A D A , E L A S E T OR N A À D E U S A
M A D U R A , Q U E A C A B A S E T OR N A N D O R A I N H A A B S O L U T A D O M U N D O A V E R N A L ,
G O V E R N A N D O O S E S P ÍR I T O S M O R T O S A O L A D O D E S E U M A R I D O , H A D E S ,
SOMBRIO SENHOR DA MORTE.
ESSA DUALIDADE TAMBÉM ESTÁ PRESENTE COMO DOIS PADRÕES
A R QU E T Í P I C O S . T O D A S N Ó S M U L H E R E S P O D E M O S S E R I N F L U E N C I A D A S P O R U M
DOS DOIS ASPECTOS, PODENDO CRESCER UM PARA O OUTRO, OU PODEMOS
SER IGUALMENTE JOVENS E RAINHAS PRESENTES EM NOSSA PSIQUE.

HOJE EM DIA, CADA VEZ MAIS PERSÉFONES LATENTES TÊM BUSCADO A


LITERATURA ESOTÉRICA, AS FORMAS ALTERNATIVAS DE CURA E O QUE SE
CHAMA DE ENSINAMENTOS DA NOVA ERA. PORTANTO, É OPORTUNO
P E N E T R A R M O S C A D A V E Z M A I S N A H I S T Ó R I A V E L A D A D E P E R S É F O N E , R A IN H A
DO ALÉM-TÚMULO.

O MITO TEM MUITO A DIZER PARA AS MULHERES DA ATUALIDADE QUE SE


ESFORÇAM PARA COMPREENDER TODA A ESPÉCIE DE INTRIGANTES
EXPERIÊNCIAS PSÍQUICAS NA NATUREZA OU QUE, DE UMA FORMA OU DE
OUTRA, SÃO ATRAÍDAS A TRABALHAR COM A MORTE OU SOFRERAM GRANDES
TRAGÉDIAS PESSOAIS EM SUAS VIDAS.

COMPREENDER O SIGNIFICADO DA DESCIDA DE PERSÉFONE E SUA LIGAÇÃO


ESPIRITUAL É PARTICULARMENTE URGENTE. MILHARES DE MULHERES (E
MUITOS HOMENS TAMBÉM) ESTÃO ATUALMENTE DESCOBRINDO UM TALENTO
M E D I Ú N IC O . A L É M D I S S O ,, N IN G U É M P O D E D E IX A R D E P E R C E B E R A F E B R E D E
ENTUSIASMO PELA METAFÍSICA, PELO TARÔ, PELA ASTROLOGIA, PELAS
C U R A S E S P IR I T U A I S E P E L A M E D I T A Ç Ã O , T U D O I S S O , V A GA M E N T E A GR U P A D O
SOB O ESTANDARTE GENÉRICO DA NOVA ERA.

JOSEPH CAMPBELL, QUE JÁ FOI INIGUALÁVEL AUTORIDADE EM MITO E


R E L I G I Ã O , S U G E R I U Q U E O D E S P O N T A R G E N E R A L I Z A D O D A C ON S C I Ê N C I A D E
P E R S É F O N E S E R I A P A R T E D E U M “ C R E P Ú S C U L O D O S D E U S E S ”.

E N T R E T A N T O , D E V E M O S T E R C ON S C I Ê N C I A , Q U E V IV E R B OA P A R T E D A V I D A
“ E N T R E O S M O R T O S ”, P O D E E X E R C E R P R E S S Ã O S O B R E Q U A L Q U E R P E S S O A D E
T E M P E R A M E N T O M E D I Ú N IC O , E S P E C I A L M E N T E Q U A N D O E S T A S E X P E R IÊ N C IA S
FOREM ERRONEAMENTE INTERPRETADAS OU TEMIDAS, COMO COSTUMA SER O
CASO.

O M U N D O A V E R N A L É E S S E N C IA L M E N T E U M M U N D O D E E S P ÍR I T O S E C O M O
T A L , C A R E C E D E A R D O R , A F E I Ç Ã O E S E D I S S O C I A D O Q U E C HA M A M O S D E
R E A L I D A D E . A M A N E I R A D E U M M É D IU M L I D A R C O M E S T E D O M Í N I O D E
E X I S T Ê N C I A E C O M S U A S A M E A Ç A S D E D I S S O C I A Ç Ã O P S Í Q U I C A , C ON S T I T U I ,
PORTANTO, UM DESAFIO SEM IGUAL.

O SEGREDO ESTÁ EM ABRAÇARMOS O LADO ESCURO COM O LADO LUMINOSO


DESTA DEUSA DENTRO DE NÓS. COMO JÁ DISSE O VELHO ALQUIMISTA
M O R I E N U S :” O P O R T A L D A P A Z É S O B R E M A N E I R A E S T R E I T O , E N IN G U É M
P O D E R Á A T R A V E S S A - L O S E N Ã O P E L A A G O N I A D E S U A P R Ó P R I A A L M A .”

O MITO ORIGINAL

PERSÉFONE É A DONZELA DO RENASCIMENTO E DA REGENERAÇÃO


IDENTIFICADA COM A LUA, A PRIMAVERA, AS SERPENTES E O MUNDO
SUBTERRÂNEO.

C O M O D E U S A M Ã E , D E M E T E R E N G E N D R A A S U A F IL H A (P E R S É F O N E ) J U N T O
C O M A C R IA Ç Ã O S I M B O L I Z A D A N A P R I M A V E R A E N A A G R I C U L T U R A . A M B A S
V I V E M J U N T A S C OL O C A N D O E M M A R C H A O S C I C L O S D A V ID A C Ó S M I C A ,
V E G E T A L , A N I M A L E H U M A N A .  D E P O I S D E E D U C A R E I N IC I A R S U A F IL H A ,
DEMÉTER, EM SUA AUSÊNCIA, ASSUME SEU ASPECTO SOMBRIO DE DEUSA
O U T O N A L . N E S T E M O M E N T O , E L A T OR N A - S E U M A A N C I Ã S Á B I A O C U L T A N A S
RAÍZES DAS ERVAS CURATIVAS, SE REFUGIANDO DEBAIXO DA TERRA E
D E N T R O D E C OV A S , A T É Q U E O C I C L O D A V ID A S E C O M P L E T E .

É SOMENTE COM O RETORNO DE SUA FILHA DO MUNDO AVERNAL, E ISSO


A C ON T E C E N A P R I M A V E R A , É Q U E A M Ã E T A M B É M V OL T A P A R A P O V O A R O
M U N D O E A V ID A A D OR M E C I D A N A S C E S O B R E A T E R R A . A S P L A N T A S
FLORESCEM, AS ÁRVORES DÃO FRUTOS E OS ANIMAIS PROCRIAM. JÁ OS
HUMANOS PARTICIPAM DESTE RETORNO EXPRESSANDO SENTIMENTOS DE
AMOR, AMIZADE E SOLIDARIEDADE.

N O M I T O D E D E M É T E R -P E R S É F O N E V I S U A L I Z A M O S O S Í M B O L O T A R D I O D A
V I R G E M M A R I A F R E N T E A S E U F I L H O C R U C I F IC A D O ( C E N A E N C O N T R A D A N O
F IL M E A M E R I C A N O “A P A IX Ã O D E C R I S T O ”), Q U E S E G U E R E S S O N A N D O N A
CONSCIÊNCIA DAS PESSOAS. NÃO EXISTE NADA MAIS DOLOROSO QUE CHORAR
A M O R T E D E U M F I L H O O U U M A F IL H A .

TANTO O NOSSO MITO GREGO, COMO O CRISTIANISMO EXALTAM A MORTE


I N J U S T A E A D OR M A T E R N A C O M O A R QU É T I P O D E A M O R S U B L I M E E
A B N E G A D O . E N T R E T A N T O , D E M É T E R -P E R S É F O N E , N O S F A L A M D E U M A
CONCEPÇÃO SAGRADA, ONDE A VIDA E A MORTE FAZEM PARTE DE UM MESMO
PROCESSO. AMBAS NÃO ESTÃO DUALIZADAS E NÃO FUNCIONAM COMO
I R R E C O N C IL I Á V E I S . A M O R T E N A T U R A L C O M O A V ID A É U M A E X P E R IÊ N C IA
DE TRANSFORMAÇÃO, ILUMINAÇÃO E AMADURECIMENTO QUE ABARCAM
DIMENSÕES ESPIRITUAIS, PSICOLÓGICAS E CULTURAIS DAS PESSOAS.

RITUAL DE PERSÉFONE (R E AL I Z ADO EM L UA C RE SC E NT E )

N E S S E R I T U A L , U S E I N C E N S O D E S Â N D A L O , O L Í B A N O , C Á S S I A O U P IN H O . S E R Á
N E C E S S Á R I O U M B A S T Ã O D E C O R A D O C O M F I T A S C OL O R I D A S , U M A C E S T A D E
VIME PARA DEPOSITAR O BASTÃO, UM SINO E UMA MAÇÃ.

A B R A O C ÍR C U L O , V I S U A L I Z A N D O - O C I R C U N D A D O P O R U M C ÍR C U L O D E F O G O .
CHAME PELOS QUATRO VENTOS PARA MONTAREM GUARDA.

F I Q U E D E P É D I A N T E D O A L T A R , V OL T A D O P A R A O L E S T E . E R G A S E U S B R A Ç O S
EM SAUDAÇÃO E DIGA:

ENTRE OS MUNDOS EU ERGUI ESTE ALTAR.


FORA DO TEMPO, ESTE RITO CONDUZ AO ANTIGO CAMINHO,
ONDE PODEREI ENCONTRAR DEMÉTER DO GRANDE OLIMPO,
E CONJURAR ALTA MAGIA. APAREÇA, EU ORDENO.

COLOQUE O BASTÃO DECORADO NA CESTA DE VIME E LEVE-A PARA O LESTE E


DIGA:

PERSÉFONE RETORNA AO SUBMUNDO.


NÃO PRANTEIE, MÃE TERRA,
P O I S A C R IA N Ç A D I V I N A D O A M O R E S T Á A Q U I .

VIRE A CESTA PARA O SUL E DIGA


P E R S É F O N E R E T O R N A A O S U B MU N D O
APESAR DE A LUZ ENFRAQUECER,
ELA RETORNARÁ A TERRA.

VIRE A CESTA PARA O OESTE E DIGA:

PERSÉFONE RETORNA AO SUBMUNDO.


O F R IO D O I N V E R N O S E A P R O X I M A ,
MAS APENAS POR UM BREVE PERÍODO.

T E R M IN E V OL T A N D O A C E S T A P A R A O N OR T E E D I G A :

PERSÉFONE RETORNA AO SUBMUNDO.


A TERRA PERMANECERÁ EM REPOUSO
ATÉ QUE A LUZ DE SEU FILHO DIVINO
TORNE A SE FORTALECER E BRILHE SOBRE NÓS.

P O S I C I O N E A C E S T A N O C HÃ O D I A N T E D O A L T A R . T O Q U E O S I N O T R Ê S V E Z E S .
APANHE A ADAGA RITUAL COM SUA MÃO DE PODER E A MAÇA COM A OUTRA.
DIGA:

REVELE-ME SEUS SEGREDOS OCULTOS


PARA QUE EU POSSA
C O MP R E E N D E R S E U S M I S T É R I O S S A G R A D O S .

CORTE A MAÇA NA HORIZONTAL PARA REVELAR O PENTAGRAMA EM SEU


I N T E R I O R . C O N T E M P L E E S T E S Í M B O L O S A G R A D O P O R A L G U N S I N S T A N T E S . A 
SEGUIR, DIGA:

NA VIDA ESTÁ A MORTE, NA MORTE ESTÁ A VIDA.


TUDO DEVE OBEDECER À SAGRADA DANÇA DO CALDEIRÃO,
ERA APÓS ERA, PARA MORRER E RENASCER.
A J U D A - M E A L E M B R A R Q U E C A D A I N Í C IO T E M U M F I M
E QUE CADA FIM TRAZ UM NOVO INÍCIO.

MORDA UM PEDAÇO DA MAÇÃ. DEIXE O RESTANTE PARA POSTERIORMENTE


C O M P A R T I L H A R C O M O S P A S S A R IN H O S . D I G A :

SAGRADA MÃE DEMÉTER,


C O N F O R T E - M E E P R O T E J A - M E E M M E U S P E R Í O D O S D E D IF I C U L D A D E S ,
INSTRUA-ME NOS MISTÉRIOS.
VOCÊ E SUA FILHA PERSÉFONE POSSUEM O PODER
P A R A C O N D U Z IR - M E A U M N O V O E N T E N D I M E N T O .

F E C H E O C Í R C U L O E D Ê P O R E N C E R R A D O O R IT U A L .

ARIADNE, SENHORA DOS LABIRINTOS

Ariadne era filha do rei Minos de Creta, que apaixonou-se a primeira vista pelo herói
Teseu. Este, era filho de Egeu, rei de Atenas e de Etra, que havia nascido em Trezendo e
desde muito cedo revelou grande valor e coragem. A estória é mais ou menos assim.
Houve uma época, que os atenienses eram obrigados a pagar um tributo ao rei Minos. Tal
fato deveu-se ao assassinato de Androgeu, filho de Minos, que ocorreu depois de ter
vencidos os jogos. O rei, indignado com o fato, impôs aos atenienses severo castigo. Eles
deveriam, a cada ano, enviar sete rapazes e sete moças, escolhidos mediante sorteio, para
alimentarem o Minotauro, furioso animal, metade homem, metade touro, que vivia
encerrado no labirinto.

Esse labirinto, um capricho do rei Minos, era um estranho palácio repleto de corredores,
curvas, caminhos e encruzilhadas, onde uma pessoa se perdia, jamais conseguindo
encontrar a saída depois de transpor a sua entrada. Era aí que ficava encerrado o terrível
Minotauro, que espumava e bramia, jamais se fartando de carne humana.

Havia três anos que Atenas pagava o pesado tributo e suas melhores famílias choravam a
perda de seus filhos. Teseu resolveu preparar-se para enfrentar o monstro, oferecendo
sacrifícios aos deuses e indo consultar oráculo de Delfos. Invocado o deus, a pitonisa
informou a Teseu que ele resolveria o caso desde que fosse amparado pelo amor.

Encorajado, Teseu fez-se incluir entre os jovens que deveriam partir na próxima leva de
"carne para o Minotauro". Ao chegar a Creta adquiriu a certeza de que sairia vitorioso,
pois a profecia do oráculo começou a realizar-se.

Com efeito, a linda Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele
um meio de encontrar a saída do terrível Labirinto. Um meio bastante simples: apenas um
novelo de lã.

Ariadne ficaria à entrada do palácio, segurando o novelo que Teseu iria desenrolando a
medida que fosse avançando pelo labirinto. Para voltar ao ponto de partida, teria, apenas,
que ir seguindo o fio que Ariadne seguraria firmente. Cheio de coragem, Teseu penetrou
nos sombrios corredores do soturno labirinto. A fera, mal pressentiu a chegada do jovem,
avançou, furiosa, fazendo tremer todo o palácio com a sua cólera. Calmo e sereno, esperou
sua arremetida. E então, de um só golpe, teseu decepou-lhe a cabeça.

Vitorioso, Teseu partiu de Creta, levando em sua companhia a doce e linda Ariadne.
Entretanto, ele a abandona na ilha de Naxos, retornando a sua pátria sem ela. Ariadne,
vendo-se sozinha, entrega-se ao desespero. Afrodite, porém, apiedou-se dela e consolou-a
com a promessa de que teria um amante imortal, em lugar do mortal que tivera.

A ilha onde Ariadne fora deixada era a ilha favorita de Dionísio e enquanto lamentava seu
terrível destino, ele encontrou-a, consolou-a e esposou-a. Como presente de casamento,
deu-lhe uma coroa de ouro, cravejada de pedras preciosas que atirou ao céu quando
Ariadne morreu. À medida que a coroa subia no espaço, as pedras preciosas foram se
tornando mais brilhantes até se transformarem em estrelas, e, conservando sua forma, a
coroa de Ariadne permaneceu fixada no céu como uma constelação, entre Hércules
ajoelhado e o homem que segura a serpente.

Ariadne é uma mulher mortal associada ao divino, considerada ainda, como a Senhora dos
Labirintos e o labirinto é a terra de nossas esperanças, de nossos sonhos e de nossa vida.
Os labirintos são janelas do tempo, portais que aprisionam o tempo. São usados para
facilitar estados alterados de consciência e tem paralelos com a iniciação, reencarnação,
prosperidade e ritos de prosperidade. Antigos escandinavos acreditavam que o labirinto
possuía propriedades mágicas e quando se caminhava dentro dele, podia-se controlar o
tempo. Hoje compreendemos que os caminhos do labirinto, correspondem aos sete centros
de energia do corpo, chamados chacras.
Ariadne também é retratada como líder das extasiantes mênades dançantes, as mulheres
seguidoras de Dionísio. Mencionada ainda, como supervisora dos rituais femininos da Vila
dos Mistérios, na antiga Pompéia. Esta vila era um lugar destinado à iniciação de
mulheres. O primeiro estágio da iniciação começava com orações preliminares, refeição
ritual e purificação. O segundo estágio é a entrada no submundo, mostrando sátiros meio-
humanos e meio-animais, e Sileno, velho gordo e bêbado, mas dotado de imenso
conhecimento do passado e do futuro. Com a perda da consciência, a iniciada entrava no
mundo de instintos e sabedoria, distante da segurança racional.

Em cada estágio posterior, a iniciada ia se desfazendo de suas vestes, como se ela fosse
despir-se de antigos papéis, a fim de receber uma nova imagem de si mesma. No estágio
final, uma cesta contendo o falo ritual é descoberta diante dela. Agora, ela se torna capaz
de olhar para o poder fertilizador do deus, uma força regenerativa primordial. Então,
uma deusa alada, com chicote comprido e fustigante ergue-se sobre a iniciada, que se
submete com humildade. Há também a presença de uma mulher mais velha usando o
chapéu da sabedoria, como alguém que já tivesse sido iniciada, e em cujo colo a iniciante,
ajoelhada, pousa a cabeça. Ela não protege a noviça, mas lhe dá apoio.

Depois da iniciação a iniciante é vestida com lindos trajes e toda enfeitada. Ela se vê no
espelho de Eros, que reflete sua natureza feminina no relacionamento. Ingressou,
experimentou e agora personifica o matrimônio sagrado de Ariadne e Dionísio. Agora é
outra mulher, pronta para passar ao mundo exterior a sua força interior.

Na psicologia feminina este mito explica a libertação da mulher do papel de "filha do pai".
Para superar esta virgindade perpétua, um cavalheiro-herói com armadura reluzente, a
resgata do ambiente paterno. O tal herói é aventureiro e a faz conhecer um uma realidade
completamente diversa do que ela já viveu.

Toda mulher, faz do seu primeiro homem uma imagem refletida de um perfeito herói, que
nada mais é do que a personificação do seu próprio potencial inconsciente e acredita que
este homem travará as batalhas delas, realizará todos seus desejos e lhe tirará de situações
indesejáveis. Mas quando, este parceiro, um simples mortal, não corresponde com suas
projeções, à realidade é percebida e a relação não pode mais ser sustentada.

Acredite, a paixão é sempre resultado de uma projeção, jamais será um sentimento


maduro de respeito e admiração um pelo outro, muito pelo contrário, venera-se um
aspecto de si mesmo.

Para que a mulher se relacione bem com seu companheiro, esta projeção deve ser
extirpada. Ela precisará compreender que as qualidades que ela vê nele, na realidade,
estão dentro dela própria. Aí sim, poderá apreciar a força madura do masculino, o deus
que há dentro dele, sem perder a conexão com a sua natureza feminina. A partir da união
do masculino com o feminino, a mulher madura experimenta a fertilização de sua própria
energia criativa.

Ariadne é a imagem arquetípica de alguém que foi iniciada nos mistérios e alcançou
profunda conexão com a Deusa do Amor. Tendo integrado a potência da Deusa, ela pode
então servir como mediadora das exigências do inconsciente para outras mulheres.

É através do ritual formal ou da evolução psicológica, que conseguimos conhecer o lado


espiritual do erotismo e vive-lo na prática, de acordo com circunstâncias pessoais. Encontramos
este tipo de mulher em todas as esferas sociais. Podemos sentir sua presença em toda a mulher
que vive sua vida de acordo com sua própria escolha. Tal mulher pode ser muito sexy e
provocante, mas não no sentido superficial, por que ela não é motivada pelo consciente ou por
exigências inconscientes, mas sim da sutileza do seu ser, que emerge das profundezas de sua
alma. Ela é a imagem radiante do feminino que deseja manter um relacionamento amoroso com
a mulher real.

ATENA, DEUSA DA GUERRA, DA SABEDORIA E DAS ARTES

Atena era a Deusa grega da sabedoria e das artes conhecida como Minerva pelos romanos.
Atena era uma Deusa virgem, dedicada à castidade e celibato. Era majestosa e uma linda Deusa
guerreira, protetora de seus heróis escolhidos e de sua cidade homônima Atenas. Única Deusa
retrata usando couraça, com pala de seu capacete voltada para trás para deixar a vista sua beleza,
um escudo no braço e uma lança na mão.

Contradizendo com seu papel como uma Deusa que presidia às estratégias da batalha na época
de guerra e às artes domésticas em tempo de paz, Atena era também apresentada com uma lança
em uma das mãos e uma tigela ou roca na outra.

Era protetora das cidades, das forças militares, e Deusa das tecelãs, ourives, oleiras e
costureiras. Atena foi creditada pelos gregos ao dar à humanidade as rédeas para amansar o
cavalo, ao inspirar os construtores de navios em sua habilidade, e ao ensinar as pessoas a
fazerem o arado, ancinho, canga de boi e carro de guerra. A oliveira foi seu presente especial a
Atenas, um presente que produziu o cultivo das azeitonas.

A Deusa Atena foi retratada com uma coruja, ave associada à sabedoria e de olhos
proeminentes, duas de suas características. Cobras entrelaçadas eram apresentadas como um
modelo no debrum de sua capa e escudo.

Quando Atena era retratada com outro indivíduo, esse sempre era do sexo masculino. Por
exemplo, era vista perto de Zeus na atitude de um guerreiro de sentinela para seu rei. Ou era
reconhecida atrás ou ao lado de Aquiles ou de Odisseu, os principais heróis gregos de Ilíada e da
Odisséia.

As habilidades bélicas domésticas associadas com Atena envolvem planejamento e execução,


atividades que requerem pensamento intencional e inteligente. A estratégica, o aspecto prático e
resultados tangíveis são indicações de qualidades e legitimidade de sua sabedoria própria.
Atenas valoriza o pensamento racional e é pelo domínio da vontade e do intelecto sobre o
instinto e a natureza. Sua vitalidade é encontrada na cidade. Para Atena, a selva deve ser
subjugada e dominada.

Atena era a filha predileta de Zeus, que lhe concedeu muitas das suas prerrogativas. Ela tinha o
dom da profecia e tudo que autorizava com um simples sinal de cabeça era irrevogável. Ora
conduz Ulisses em suas viagens, ora ensina as mulheres à arte de tapeçaria. Foi ela que faz
construir o navio dos Argonautas, segundo seu desenho e coloca à popa o pau falante, cortado
na floresta de Dodona, o qual dirigia a rota, advertindo perigos e indicando os meios de os
evitar.

Era na cidade de Atenas que seu culto foi perpetuamente honrado: tinha seus altares, as suas
mais belas estátuas, as suas festas solenes e um templo de notável arquitetura, o Partenon. Esse
templo foi reconstruído no período de Péricles.
NASCIMENTO MITOLÓGICO

Zeus ingere sua primeira esposa, Métis (que estava grávida), uma Titã, na esperança de prevenir
o nascimento de um futuro rival. Mas esse ato de integração tem uma conseqüência imprevista:
um dia, Zeus tem uma dor de cabeça lancinante e logo dá à luz, pela cabeça, o feto que estava
no útero de sua primeira esposa. A criança que nasce já madura da cabeça do pai é Atena, a filha
consumada do pai.

A Deusa não conheceu sua mãe, Métis.

Nesse primeiro relato do mito, o ato de engolir a esposa grávida e a filha nascer da cabeça do
pai, nos faz lembrar do nascimento de Eva da costela de Adão. É bem sugestivo que tanto Atena
como Eva se associem com a serpente: às vezes a serpente inclusive podia aparecer no lugar de
Atena, e na Gênesis a serpente tem, às vezes, o rosto de Eva, enquanto que o significado que são
dadas as essas imagens são muito diferentes. Porém, em ambos os mitos a Mãe Natureza perde
força e o macho se apropria de seus poderes como doadora de vida.

Esse mito é o maior testemunho do momento histórico em o patriarcado se impõe sobre a ordem
anterior (matriarcado).

Entretanto, conforme o mito vai se desenrolando, Atena torna-se uma boa companheira para seu
pai e uma das mais íntimas conselheiras.

Essa história nos conta, especificamente, de como a consciência lunar desenvolve-se dentro da
solar, dominante. É Atena que introduz na psique dominada por Zeus um elemento de
interioridade reflexiva que suaviza o elemento opiniático-recriminador da posição solar
dominante.

ATENA E PALAS

Habitualmente, considerava-se Atena e Palas como o mesma divindade. Os gregos até juntaram
os dois nomes: Palas-Atena. Entretanto, muitos poetas afirmaram que essas duas divindades não
poderiam ser confundidas. Palas, chamada Tritônia, de olhos verdes, filha de Tritão, fora
encarregada da educação de Atena. Ambas se apraziam nos exercícios das armas.

Certa vez, conta-se que elas se desafiaram. Atena teria saído ferida se Zeus não tivesse colocado
a égide diante de sua filha; Palas ao ver tal ficou aterrorizada, e enquanto recuava olhando para
a égide, Atena feriu-a mortalmente. Veio-lhe depois um profundo sentimento de culpa e para se
consolar fez esculpir uma imagem de Palas, tendo a égide sobre o peito. Consta que é essa
imagem ou estátua que mais tarde ficou sendo o famoso Paládio de Tróia.

CONSCIÊNCIA LUNAR OU MATRIARCAL/SOLAR OU PATRIARCAL

Primeiro, é necessário conceituarmos o que é consciência lunar e solar:

CONSCIÊNCIA LUNAR OU MATRIARCAL

É toda aquela que não prioriza os padrões coletivos e pode até rebelar-se contra o convencional
e repudiar o coletivo. Ela surge geralmente de forma compulsiva e irracional. No nível lunar a
consciência mantém-se sempre livre, criativa e imprevisível.

A consciência lunar, nas tradições patriarcais, só se dirigem a nós via inconsciente, em sonhos,
eventos espontâneos, anseios instintivos e através de inibições que encerram esses anseios.
CONSCIÊNCIA SOLAR OU PATRIARCAL

A consciência solar possui os valores nela contidos pela mão da tradição coletiva. Esses valores
podem estar escritos e codificados, se a cultura for alfabetizada e em histórias e mitos, como é o
nosso caso, se processa pela tradição oral. A consciência solar adapta um indivíduo à sociedade,
mas também pode torná-lo um tirano primitivo ou um assassino de nosso "ego" com seus
fatigantes raios de reprovação.

A consciência solar tem sido identificada tradicionalmente como um traço da tradição


monoteísta da cultura ocidental, e atua para apoiar a atitude monoteísta predominante da
consciência coletiva.

ZEUS E ATENA

Zeus, na mitologia grega, repete os padrões de comportamento de seu pai Cronos e de seu avô
Urano. Como eles, destinatários de um oráculo segundo o qual um filho os destronará, Zeus
teme por sua autoridade. Quando Métis engravida, ingere-a, imitando assim o procedimento do
pai Cronos, que engolia os filhos. Se a estratégia defensiva de Cronos era cooptação das novas
possibilidades de vida, já  Zeus é bem mais eficiente, pois tenta incorporar o elemento feminino
propriamente dito, a mãe de novas possibilidades. O que pode até parecer um ato de integração,
é na verdade um inteligente golpe com a intenção de privar o inconsciente de seu poder criativo.
Zeus pensava em integrar os desafios e as resistências inconscientes compondo-os em uma
aliança com a atitude dominante, utilizando inclusive o inconsciente para suas metas.

Logicamente fracassa, pois não contava com a implacável hostilidade das "mães" da consciência
lunar e dá à luz a Atena: o "justo equilíbrio".

Diferentemente de Zeus, Atena tem um ativo interesse pelas questões da humanidade e é ela que
intervém no trágico destino de Orestes, perseguido pelas Erínias,  que acabou sendo julgado por
ter praticado matricídio:

"Orestes, uma vez já o salvei


Quando fui árbitro das colinas de Ares
E rompi o nó votando em seu favor.
Que agora seja lei: aquele que obtém
Um veredicto igualmente repartido ganha
Sem causa."
(Eurípides, "Ifigênia em Taurus", 1471-1475)

A nota de misericórdia nessa fala indica sua propensão a favorecer a manutenção das
possibilidades de vida e a deixar transpirar a inclinação de Atena para a adoção prática da
função de consciência lunar nos assuntos atinentes à justiça.

Entretanto, a Deusa Atena dentro do mundo do Olimpo é profundamente influenciada por sua
inquestionável aliança com o pai. Atena pertence ao pai, Zeus. Por conseguinte, Atena é uma
Deusa que representa uma versão pouco expressiva da consciência matriarcal. Ela representa, na
realidade, uma tentativa de fazer com que a consciência solar (animus) incorpore alguns
aspectos da consciência lunar (anima). Atena amplia os horizontes de Zeus, interioriza e suaviza
o cosmo patriarcal, mas não desafia de maneira fundamental os pressupostos olímpicos. Em vez
disso, ela lhe oferece apoio e introduz no seu mundo da consciência um pouco de reflexão
estratégica e momentos de interioridade.

ATENA E ARACNE
Como Deusa das Artes, Atena foi desafiada numa competição de destreza por uma tecelã
presunçosa chamada Aracne. Ambas trabalhavam com rapidez e habilidade. Quando as
tapeçarias ficaram terminadas, Atena admirou o trabalho impecável de sua competidora, mas
ficou furiosa porque Aracne ousou ilustrar as desilusões amorosas de seu pai, Zeus. Na
tapeçaria, Leda está acariciando um cisne, uma simulação para Zeus, que tinha entrado no
dormitório da rainha casada disfarçado de cisne para fazer-lhe a corte.

Um outro painel era de Dânae, a quem Zeus fecundou na forma de um chuvisco dourado; um
terceiro representava a donzela Europa, raptada por Zeus disfarçado na forma de um majestoso
touro branco.
O tema de sua tapeçaria ocasionou a ruína de Aracne. Atena ficou tão brava que rasgou todo o
trabalho de Aracne e a induziu a enforcar-se. Depois, sentindo pena, Atena deixou Aracne viver,
transformando-a em aranha, condenada para sempre a tecer.
Observamos aqui, novamente, o comprometimento do julgamento da Deusa Atena com os
princípios solares de Zeus, a tal ponto de esquecer-se de quem ela exatamente é. Como
defensora categórica do pai, ela pune por tornar público o comportamento ilícito de Zeus, sem
questionar o desaforo do próprio desafio.

DEUSA-TECELÃ

Como Deusa-tecelã, Atena, envolvia-se em fazer coisas que eram ao mesmo tempo úteis e
belas. Era muito admirada por suas habilidades como tecelã, onde as mãos e o cérebro devem
trabalhar juntos.
Para se fazer uma tapeçaria ou tecelagem, a mulher deve esquematizar e planejar o que fará
depois, fileira por fileira, criá-la metodicamente. Esse método é uma expressão do arquétipo de
Atena, que dá ênfase à previsão, planejamento, domínio da habilidade e paciência.
As habitantes da fronteira da Grécia que teciam, criavam roupas e faziam praticamente tudo que
era usado por suas famílias, incorporavam Atena em seu domínio doméstico. Lado a lado com
seus maridos, elas desbravavam a terra selvagem, dominando a natureza conforme prosseguiam.
Sobreviver e ser bem sucedido requer os traços da Deusa Atena.
A Deusa não só ensina a tecer, mas também a trabalhar a lama, inventou as bridas e o carro de
cavalos, ajudou na construção do cavalo de madeira com que se derrotou Tróia e construiu o
primeiro barco.

ATENA E HEPHAESTUS

Durante o período da Guerra de Tróia, a Deusa Atena dirigiu-se a Hephaestus, para que forjasse
seu arsenal. O Deus do fogo, aceitou o encargo e se pôs a trabalhar, apaixonado pela bela e
decidida Deusa. Poseidon encorajou-o mais ainda ao dizer-lhe que Atena desejava ser possuída
por ele.
Quando a Deusa se prontificou a pagar pelo trabalho, o Deus da Forja disse que receberia tão
somente seu amor como símbolo de gratidão e lançou sobre Atena tentando violá-la. A Deusa
afastou-o energicamente, mas não antes que o seu sêmen caísse acidentalmente em seu pé. Ela
limpou-se com suas vestes de lã, mas um pouco do esperma caiu na terra. Gaia (a Terra), ao
receber o sêmen, imediatamente engravidou.
Gaia deixou claro que não ia aceitar o filho resultante daquela estupidez e Atena sentindo-se
responsável pelo incidente, tomou a decisão de cuidar da criança, tão logo Gaia a tivesse. O
recém-nascido, recebeu o nome de Erictonio, foi levado do Olimpo até a corte do rei Cécrope,
para mais tarde ocupar o trono de Atenas, como sucessor de seu pai adotivo.
Erictonio, foi o primeiro rei mítico de Atenas, que por peculiar concepção possuía a mesma
Terra, como mãe e pátria. Desse modo, não é possível remontar a linhagem grega até a geração
de um "pai", e sim até a pátria na sua totalidade, que em comum lhes pertencia, e da qual
admitiam ser originários.
Não seria necessário dizer, que essa idéia prestou um grande serviço para minimizar a
importância social e histórica do papel da mulher.
Essa crença dos homens gregos também teve conseqüências políticas e militares muito
benéficas para a sobrevivência da "polis". Entre elas, a confirmação do dever de todo o cidadão
de defender sua pátria do ódio dos bárbaros.

FESTIVAIS EM HONRA A DEUSA ATENA

Durante as Panathenaias, festas solenes dedicadas a Deusa Atena, todos os povos da Ática,
corriam a Atenas. Essas festas, a princípio só duravam um dia, duração que mais tarde, a partir
de 565 a.C,  passou para cinco dias, de 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) de março.
Distinguiam-se as Grandes e as Pequenas Panathenaias: as primeiras se celebravam de quatro
em quatro anos, e as outras anualmente. Nessas cerimônias disputavam-se três espécies de
prêmios: os de corrida, os de luta e os de poesia ou música. Os ganhadores recebiam vasos
pintados cheios de azeite de oliva puro, produto da árvore sagrada da Deusa Atena.
Os gregos antigos realizaram um "lampadedromia" (palavra grega para o condução da tocha),
onde os atletas competiram passando com a tocha em uma corrida na condução à reta final. Em
Atenas antiga o ritual era parte importante da Festa Panathenaia.
A grande atração desses festivais era uma procissão em que uma veste nova e bordada era
confeccionada por um seleto número de mulheres atenienses, era carregada pela cidade em um
navio ornado. Essa procissão estava representada nos frisos do Paternon.
Os magistrados de Atenas ofereciam sacrifícios para Deusa e todos os serviços de seu santuário
eram conduzidos por duas virgens eleitas por um período e um ano.

A FILHA DO PAI

Talvez o maior diferenciação da Deusa Atena está em não ter conhecido e não ter convivido
com a mãe, Métis. Na verdade Atena parecia não ter consciência de que tinha mãe, pois
considerava-se portadora de um só genitor, Zeus. Na qualidade de tão somente "filha do pai",
Atena tornou-se uma defensora dos direitos e dos valores patriarcais.
Ela era o "braço direito" de Zeus, com crédito total para usar bem sua autoridade e proteger as
prerrogativas dele. Muitas dedicadas secretárias executivas, que devotam suas vidas a seus
patrões, são bons exemplos das convicções da Deusa Atenas.

ATENA COMO DEUSA DA SABEDORIA

Levando-se em conta que as Deusas e Deuses são arquétipos que todo ser humano tem acesso,
parece que o mito de Atena explora antes de tudo a qualidade da reflexão. Suas histórias
constituem uma meditação sobre o valor do pensamento minucioso e pausado, o de ver muito
além da reação imediata ante a um acontecimento. A Deusa encarna a virtude da contenção, e
seus olhos "resplandecentes" são o emblema de uma inteligência lúcida que poder ver além da
satisfação imediata.
Atena oferece a seus protegidos o bom conselho, o pensar cuidadoso ou a previsão prática: a
capacidade de refletir. A essa virtude se denomina "metis", derivado do nome de sua mãe e que
podemos traduzir como "conselho" ou "sabedoria prática".
Quando o arquétipo de Atena está ativo em uma mulher, ela mostrará uma tendência natural de
fazer todas as coisas com muita moderação para viver em "justo equilíbrio", que era o ideal
ateniense. O "justo equilíbrio" é também mantido pela tendência que possui a Deusa Atena de
conduzir acontecimentos, notar efeitos e mudar de curso da ação tão logo ele pareça
improdutivo.
Além disso, é interessante notar que Atena chega ao cenário olímpico com esplêndida couraça
dourada. Estar "encouraçada" é um traço marcante dessa Deusa. Foi seu grande
desenvolvimento intelectual que a deixou longe do sofrimento, tanto seu como dos outros.
No mundo competitivo em que vivemos o arquétipo de Atena tem indiscutível vantagem, pois  a
mulher-Atena (arquétipo ativo) não é uma mulher que é pessoalmente atingida por qualquer
hostilidade ou decepção. Toda a mulher quando ferida ou insultada, pode tornar-se emotiva e
menos efetiva. Na mesma condição, a mulher-Atena avalia friamente o que está acontecendo.

Todas as mulheres que desejam desenvolver as qualidades da Deusa Atena, devem dar especial
atenção à educação. Toda a instrução estimula o desenvolvimento desse arquétipo. Aprender
fatos objetivos, pensar claramente, preparar-se para concursos e exames são todos excelentes
exercícios que evocam Atena.

CONCILIANDO-SE COM A "MÃE"

Na mitologia, a Deusa Atena era órfão de mãe e sentia orgulho por ter apenas Zeus como pai.
Metaforicamente as mulheres tipo Atena também são "órfãos de mãe" de muitos modos. Mas é
muito importante redescobrir a mãe e valorizá-la.
A mulher-Atena, geralmente deprecia sua própria mãe. Ela precisa descobrir as energias de sua
mãe, muitas vezes antes que possa valorizar quaisquer semelhanças entre a mãe e ela mesma.
Ela necessitará da conexão com esse arquétipo materno para experienciar a maternidade e
sentir-se mãe profunda e instintivamente.
É muito útil para mulher tipo Atena aprender que os valores femininos matriarcais, que existiam
muito antes da mitologia grega. Adquirindo conhecimento de tais conceitos, ela poderá começar
a pensar diferentemente sobre sua própria mãe e outras mulheres, e depois de si própria.
Mudando seu modo de pensar, poderá também melhorar seu relacionamento com outras
pessoas.

MEDO DO FEMININO

Toda a ideologia do patriarcado concebe o "feminino" como uma força irracional destrutiva.
Entretanto, a desvalorização do Feminino deve ser entendida como uma tentativa de superação
do medo do Feminino e de seu aspecto perigoso como a "Grande Mãe" e como a "anima".
No patriarcado, o inconsciente, o instinto, o sexo e a terra, enquanto coisas terrenas, pertencem
ao "feminino negativo", ao qual o homem associa a mulher, e que todas as culturas patriarcais,
até o presente momento, a mulher e o Feminino têm sofrido sob a atitude defensiva e o desprezo
masculinos.
Essa avaliação negativa não se aplica apenas ao caráter elementar e ao aspecto matriarcal, mas
igualmente ao seu transformador. Para o homem, que considera-se "superior", a mulher se torna
feiticeira, sedutora, bruxa, e é rejeitada em virtude do medo associado ao Feminino irracional. O
homem denuncia o Feminino como escravizador, como algo confuso e sedutor, que pode
colocar em risco a estabilidade de sua existência. Ele rejeita o feminino, especialmente porque
ele o prende no casamento, na família e na adaptação à realidade, e o confunde quanto o pensar
de si próprio. Como o indivíduo do sexo masculino é dominado pelo elemento espiritual
superior, ele foge da realidade da terra e prefere ascender rumo ao céu.
O resultado dessa postura unilateral, torna o homem não integrado que é atacado por seu lado
reprimido e em muitas vezes sobrepujado por ele.
A negativização do Feminino não deixa que o homem experiencie a mulher como uma igual,
mas com características distintas. A conseqüência da altivez patriarcal leva à incapacidade de
fazer qualquer contato genuíno com o Feminino, isto é, não apenas com a mulher real, mas
também com o Feminino em si, com o inconsciente.
Enquanto o indivíduo do sexo masculino não deixar desenvolver o Feminino (anima) em uma
psique interior, jamais chegará a alcançar a totalidade. A separação da cultura patriarcal do
Feminino e do inconsciente torna-se assim, uma das causas essenciais da crise de medo que
agora se encontra o mundo patriarcal.
VIVER DE ACORDO COM A DEUSA ATENA

Viver sob a influência do arquétipo Atena, significa viver inteligentemente e agir


premeditadamente no mundo patriarcal. A mulher que vive desse modo, leva uma vida
unilateral e vive quase que exclusivamente para seu trabalho. Ainda que aprecie a companhia
dos outros, falta-lhe a carga emocional, atração erótica, intimidade, paixão ou êxtase.

A exclusiva identificação com a racional Atena desliga toda a mulher da cadeia e intensidade da
emoção humana. Seus sentimentos são bem modulados por Atena, limitados ao meio-termo.
Agindo intelectualmente, a mulher-Atena pouco sabe sobre a sensualidade, pois Atena a
mantém acima do nível instintivo, e portanto ela não sente a força total dos instintos maternais,
sexuais ou procriativos. Não há possessão no amor de Atena e inclusive quase nenhum desejo
sexual.
A mulher-Atena pode ainda, produzir o "efeito medusa", ou seja, afastar as pessoas que não
sejam como ela.
Em seu peitoral, a Deusa Atena usava um símbolo do seu poder, a égide, uma pele de cabra
decorada com a cabeça de uma Gógona, a cabeça da Medusa. A Górgona é também um aspecto
da mulher tipo Atena.
No nível psicológico, Atena é o arquétipo da mulher artisticamente criativa. Para homens e
mulheres, é o espírito da realização, da competência e da ação.

RITUAL DA SABEDORIA

Atena é a mais sábia das Deusas e todos nós podemos nos beneficiar atraindo algo de sua
sabedoria e percepção para nossas vidas.
Os antigos gregos quando iam honrar a Deusa Atena em sua festividade, usavam roupas novas,
como se assim se revestissem a si mesmo com sua sabedoria. Portanto, a primeira coisa que
devemos fazer é comprar uma roupa nova digna de uma Deusa.
Púrpura é a cor tradicional da sabedoria, sendo assim, é melhor que escolha algo dessa cor, ou
pelo menos um detalhe ou bordado em púrpura. Quando vestir seu traje novo pela manhã, pense
que está se vestindo com a sabedoria de Atena.
As azeitonas estão consagradas à Atena, assim que ao final do dia se sente com uma vasilha de
azeitonas e invoque-a dizendo:
-"Ao comer essas azeitonas, peço-lhe que me enchas de sabedoria e astúcia, e que essas
qualidades se mantenham durante todo o ano."
Coma as azeitonas uma a uma, e ao mesmo tempo reflita sobre as áreas de sua vida que podem
se beneficiar com a sabedoria de Atena.

ORAÇÃO A DEUSA ATENA

Deusa Atena, ouça a prece


De sua seguidora mais humilde
Gloria Deusa Atena
Busco seu amor, sua força, sua sabedoria
Ajoelho-me aos teus pés, Atena, Deusa-Virgem
Eu a venero e a respeito
Sou tua seguidora mais fiel
Abençoe minha casa e meus familiares
Ajude-me com meu trabalho, meus relacionamentos, minha vida.

"Athena, Hilathi!"
DEUSA ÁRTEMIS/DIANA

Sou quem eu sou


e sei quem sou
Posso cuidar de mim mesma
em qualquer circunstância
e posso deixar os outros cuidarem de mim
Posso optar
Não existe autoridade
mais elevada do que a minha
meu poder de discernimento é finamente aguçado
Tenho autonomia
Estou livre da influência
da opinião dos outros
Sou capaz de separar
o que precisa de separação
Assim uma decisão lúcida
pode ser alcançada
Penso em mim mesma
Ajusto a mira
e aponto o arco
Minhas setas atingem sempre o alvo.

Todos nós conhecemos a imagem de Ártemis (Diana, para romanos), que foi esculpida
e pintada como uma deusa lunar esquia, virginal, acompanhada de cães ou leões e
trazendo um arco dourado nas mãos. Ela era a deusa mais popular da Grécia. Ela
habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas
que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo
sagrado. Ela era uma deusa de múltiplas facetas associadas ao domínio da Lua,
virgem, caçadora e parteira e de fato representa o feminino em todos os seus aspectos.
Quando Ártemis era pequena, Zeus, seu pai, perguntou-lhe o que queria de presente
em um dos seus aniversários.
Ártemis respondeu:
- Quero correr livre e selvagem com meus cães pela floresta e nunca, nunca casar. Foi
feita a sua vontade.
Ártemis, é a mais antiga de todas as Deusas gregas. Alguns autores traçam suas
origens às tribos caçadoras de Anatólia, que teria sido a morada das míticas amazonas.
Outros afirmam sua descendência provêm da grande deusa da natureza Cibele, na
Ásia Menor, uma Senhora das Feras que costumava estar sempre rodeada de leões,
veados, pássaros e outros animais. Mas de acordo com Walter Burkert em "Greek
Religion", é provável que Ártemis remonte à era paleolítica, pois em sua homenagem
os caçadores gregos penduravam os chifres e peles de suas presas numa árvore ou em
uma pilastra em forma de maça.
ARQUÉTIPO DA MÃE DOS ANIMAIS

Ártemis /Diana era o ideal e a personificação da vida selvagem da natureza, a vida das
plantas, dos animais e dos homens, em toda sua exuberante fertilidade e profusão.
Na Itália chamaram-na Diviana, que significa a Deusa, um nome que é mais familiar,
pois é bem similar ao seu nome original Diana. Ela era de fato a Caçadora, Deusa da
lua e mãe de todos os animais. Ela aparece em suas estátuas coroada com a lua
crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra equivalente em latim para vela era
"vesta" e Diana era também conhecida como Vesta. Assim, o feixe de lenha, no qual
ela veio da Grécia era realmente uma tocha não acesa. No seu templo, um fogo
perpétuo era conservado aceso.
Sua festa anual na Itália era comemorada no dia 13 de agosto.
Neste dia os cães de caça eram coroados e os animais selvagens não eram molestados.
Bebia-se muito vinho e comia-se carne de cabrito, bolos servidos bem quentes e maçãs
ainda pendentes dos ramos. A Igreja Católica santificou esta grande festa da Deusa
virgem, transformando-a na festa católica da Assunção da Nossa Senhora, a 15 de
agosto.

A DEUSA E O XAMANISMO

Era muito comum o xamã usar uma pele de urso para que o Grande Espírito dos ursos
possa falar por seu intermédio. Nestas práticas visualizamos claramente uma
continuidade com a Ártemis grega posterior, cujos principais animais totêmicos eram
o urso e o veado. Até a raiz de seu nome, "art", está ligada à raiz indo-européia da
palavra urso. Muitos mitos envolve Ártemis com os ursos. Nas primeiras histórias
gregas ela aparece como uma ursa ao lado de seus filhotes.
Existiu inclusive, um rito de iniciação à deusa, onde meninas com menos de 9 anos,
dançavam com pele de urso a dança do urso em seu templo. Bodes eram sacrificados
nestas cerimônias, para que tais jovens pudessem conhecer também o lado sombrio da
Deusa-Lua e os seus mistérios sangrentos da morte, sacrifício e renovação.
Aqui se descortina também, o aspecto feroz e sanguinário de Ártemis, a própria Mãe
da Morte, que tem que ser aplacada com oferendas vivas. Os gregos mais sofisticados
de Atenas, com o tempo, resolveram sentimentalizá-la, pois eles não ousavam encarar
de frente este seu aspecto sanguinário.

DEUSA DA CAÇA

Ártemis é também a Deusa da Caça e dos caçadores. O mito nos pede que entendamos
como é que a Mãe de seus animais é, ao mesmo tempo, quem lhes dá a morte. O Hino
Homérico a Ártemis, escrito em 700 a.C., a retrata como uma caçadora de cervos, com
arco de ouro e flechas que gemem, que corta os bosques escuros lançando gritos,
fazendo eco aos alaridos de dor dos animais; uma imagem que expressa a selvageria da
caça. Homero diz do caçador que:

"a própria Ártemis lhe havia ensinado


a disparar a todas as feras que o bosque cria nos montes".

O caçador afortunado colocava a pele e os chifres de sua presa em uma árvore ou


colocava a coluna consagrada à Ártemis como sinal de agradecimento, e no templo de
Despoina em Arcádia sua estátua estava coberta por uma pele de cervo.
Porém, como Deusa dos Animais, às vezes, caminha junto de um cervo ou veado, ou
conduz um carro conduzido por cervos e, ainda, ela mesma aparece como um cervo ou
ursa, até porque, os animais selvagens são a própria Deusa encarnada na forma
animal.
Parece, portanto, que a figura de Ártemis foi construída sobre um paradoxo: é ao
mesmo tempo, caça e caçadora, a presa e a flecha que a abate.
O que pode significar o que, como caçadora, se dispara a si mesma flechas de ouro?
No período Paleolítico matar a um animal equivalia a desfazer um vínculo sagrado, e a
unidade primogênita tinha que restaura-se para que o povo pudesse viver em
harmonia com a natureza, o que ao mesmo tempo significava viver em harmonia com
o próprio ser. A pureza do caçador é um ritual de caça muito antigo, como é o ritual
de restituição da vida arrebatada, já seja sacrificando alguma parte do animal morto
ou reconstituindo-o através da arte. O urso na parede da caverna de "Les Trois
Frères", coberto de flechas, pode interpretar-se desde este ponto de vista. No entanto,
si tanto o animal caçado como a pessoa que o caça sob a proteção da Deusa, a ordem
sagrada não pode realmente vulnerar-se. Ela é, definitivamente, quem dá e quem
arrebata e nada poderá ser feito sem o seu consentimento.
Porém, essa dependência da graça da Deusa vem acompanhada de medo: medo de que
o caçador não seja o bastante puro para tomar parte de seus rituais, ou de o sacrifício
de restauração não seja suficiente, de que seu dom possa ser negado ou mesmo, de que
os caçadores acabem convertendo-se sem presas.

DEUSA VIRGEM DO PARTO

Encontramos o eco desta Deusa Ursa Primordial em todas as questões ligadas ao parto
e à proteção de crianças e animais de peito.
Ártemis era a que regia os partos: ensinava a mulher que dava à luz a abandonar sua
identidade cultural e a permitir que a guiasse a sabedoria do corpo, mais profunda:

"Através de meu ventre se desencadeou um dia esta tormenta, porém invoque a


celestial Ártemis, protetora dos partos e que cuido do arco, e favoravelmente acuda
sempre as minhas súplicas". Assim canta o coro na obra de Eurípides.
A imagem leonina de Ártemis volta a expressar o medo ante ao abandono às forças da
natureza, que, especialmente no parto, com seu necessário momento de entrega, pode
expressar-se como "dom" ou como "maldição".
Existia a tradição também, que toda a mulher que sobrevivesse ao parto, deveria
entregar suas vestes ao templo de Ártemis em Brauron, em Atenas.

Como "Mãe Ursa", tão ternamente retratada em uma imagem neolítica de Mãe Ursa
com seu cachorro, a Deusa também cuida do recém-nascido, juntamente porque a
lactância das crias de toda espécie pertence à esfera dos instintos da natureza. A ursa
que está criando a seus pequenos é o animal mais feroz do mundo e, entre todos os
animais, exceto os humanos, o simples ato de amamentar assegura a vida e espanta a
morte. As jovens dançavam em honra de Ártemis ataviadas com máscaras e disfarces
de urso, explorando assim a liberdade de sua própria natureza de urso, pois eram
chamadas de "arktoi", "ursas".
Na Creta contemporânea, Maria, em seu papel de mãe, segue sendo honrada como
"Virgem Maria do Urso".
No entanto, Ártemis não era mãe. Era a Virgem intacta cuja túnica curta e exercitada
musculatura lhe davam um aspecto masculino; as meninas de nove anos, em sua etapa
da pré-adolescência, eram suas companheiras favoritas. Durante as danças de suas
festas as meninas, às vezes, levavam falos para celebrar que a Deusa continha em si
mesma sua natureza masculina. Rodeava à Ártemis uma pureza, um inflexível
autonomia, que conectava os amplos espaços inexplorados da natureza com a solidão
que todo o ser humano precisa para descobrir uma identidade única.
Como Deusa das jovens solteiras e das mães parturientes, Ártemis une em si mesma,
uma vez mais, dois princípios opostos, sendo mediadora de ambos. É possível que isto
expresse uma ambivalência real: a do momento em que se chega a uma idade de troca
vitais; atrás da perda da liberdade indomável e irresponsável da menina, há uma
substituição pela dedicação constante que se necessita para se cuidar de um filho.
Todas as jovens que pensavam em casar e iam dançar em suas festas, na noite antes da
boda deveriam consagrar suas túnicas à  Ártemis. Nenhum casamento era celebrado
sem sua presença.

ÁRTEMIS E O SACRIFÍCIO

Ártemis era, entre todas as Deusas gregas, quem mais recebia sacrifícios. Pausanias
relata um sacrifício anual à Ártemis em Patras: como em muitos outros lugares, toda a
classe de animais selvagens eram jogados na fogueira e se queimavam, aves, cervos,
lobos, javalis, etc. O mesmo ocorria em Mesene, perto do templo de Ilitía, a antiga
Deusa cretense do parto, as vezes associada à Ártemis.
Parece, portanto, que a Deusa que personifica o lado selvagem da natureza é q que
provoca o medo mais primitivo a depender de forças que estão muito além do controle
humano, e cujas leis podem violar, sem dar-se conta disso.
O poema épico principal da cultura grega, a Guerra de Tróia, começa com um erro
desse tipo. Agamenon havia matado um cervo em um bosque consagrado à Ártemis
que, como retribuição, exige dele o sacrifício de sua filha Ifigênia. Mediante a astúcia
de seu irmão, Orestes, uma gama é sacrificada em seu lugar, porém a imagem de
Ártemis, necessita de sangue humano.

Na realidade se sacrificava cabras à Ártemis antes de cada batalha, pois a caça e a


guerra se apresentavam como equivalentes.

DEUSA TRÍPLICE

Como Deusa do sub-mundo, ela é associada ao Nascimento, Procriação e Morte. Como


Deusa da terra, representa as três estações: Primavera, Verão e Inverno. Como Deusa
do céu, ela é a Lua nas fases de Lua Nova, Lua Cheia e Lua Escura. Como Deusa
Tríplice foi personificada de mulher primitiva, mulher criadora e destruidora.

ÁRTEMIS DE ÉFESO

Em Éfeso, na Ásia Menor, onde antigamente a Deusa Mãe Anatólia deu à luz apoiada
em seus leopardos, se alçava um esplêndido templo com uma imensa estátua de
Ártemis, uma enorme figura enegrecida, com o corpo coberto de cabeças de animais e
enormes peitos na forma de ovo. O curioso é a razão pelo qual se deu o nome de
Ártemis, pois essa fecunda figura desenvolta fertilidade não parece nada com a
angulosa Ártemis da tradição grega. É provável que se tratasse originalmente de uma
manifestação local de Cibeles, a que logo os gregos deram o nome de Ártemis.
Sendo que as figuras míticas perderam durante milênios, não deixa de ser significativo
que, mais de mil anos mais tarde, também fora Éfeso o lugar em que Maria, mãe de
Jesus, foi proclamada "theotokos", "Mãe de Deus".

A DEUSA ÁRTEMIS E O TAROT (A LUA)

Esta carta representa a deusa mitológica Ártemis/Diana. Nesta lâmina observa-se a


Lua Crescente acima do Sol, abaixo estão os dois galgos de Diana uivando para a Lua.
Nas águas mais abaixo (porque a lua rege as águas), rasteja um animal parecido com
um caranguejo, que é de fato o signo zodiacal para Câncer, a "casa" da Lua.

A Lua, que muda de forma tão rapidamente, pode ser encontrada a cada noite de uma
forma diferente no céu, se constituindo um símbolo de inconstância. Sua aparente
relação com o ciclo menstrual, tornou a Lua representativa de tudo que é mutável nas
mulheres.
Ártemis/Diana ficou célebre pela maneira como se voltava vingativamente contra os
que se apaixonavam por ela ou que tentassem abusar de sua feminilidade.

A mensagem deste arcano nos previne que não devemos ter medo de nos dirigir ao
desconhecido, de assimilar nossos próprios medos, debilidades, erros, de olhar cara a
cara a sombra que levamos dentro de nós e não temê-la.

ÁRTEMIS/DIANA HOJE

O Arquétipo da feminilidade desta Deusa-Virgem, começa a se tornar importante


novamente. Por muito tempo permanecemos à sombra da feminilidade absoluta, sob a
influência de uma realidade masculinizada.
Ártemis/Diana é tão linda quanto Afrodite e nos fala que a solidão, a vida natural e
primitiva pode ser benéfica em algumas fases de nossa vida. Amazona e arqueira
infalível, a Deusa garante a nossa resistência a uma domesticação excessiva.
Além disso, como protetora da fauna e flora, ela é uma figura associada à ecologia
contemporânea, onde há necessidade de salvaguardarmos o que ainda nos resta.
Uma parte deste redespertar da espiritualidade artemisiana já vem ocorrendo há
vários anos na Europa, mas já chegou também ao Ocidente. Na Grã-Bretanha,
redescobriu-se a antiga Deusa Branca dos celtas, graças ao maravilhoso livro "White
Goddess", de Robert Graves.
Hoje já há também uma nova compreensão sobre feitiçaria, sob o nome de Wicca. Esta
religião-arte, nada mais é do que a "antiga religião" de Diana/Ártemis. Aquelas
mulheres que praticavam o culto à Deusa Diana vieram a ser identificadas com as
chamadas bruxas e foram perseguidas e exterminadas. Entretanto, junto com a Wicca
e outros movimentos semelhantes, está ocorrendo uma importante ressurreição das
antigas tradições xamânicas e de cura nos quatro cantos do mundo.
Todos os tipos de neo-pagãos têm buscado as origens reais ou reconstruídas do
xamanismo.

EM BUSCA DA INDIVIDUALIDADE PERDIDA

Ártemis atira-lhe sua flecha da individualidade, convidando-a (o) a concentrar-se em


si mesma (o). Você tem estado demasiadamente ocupada com outros que esquece de si
mesma? Há bastante tempo não tem um espaço só seu? Os limites de sua
individualidade encontram-se difusos e indistintos? Sua personalidade é desprezada
ou aniquilada pelos outros, pois eles sempre impõe suas necessidades antes das suas?
Pois aqui e agora é hora de ser você mesma, se impor como pessoa com identidade
própria e não viver mais a vida dos outros. É hora de seu resgate individual, de
celebrar e fortalecer a pessoa maravilhosa que você é. Ártemis lhe diz que a totalidade
é alimentada quando você se honra, se respeita e dedica um tempo para si mesma. Ela
também pergunta como você pode esperar conseguir o que quer se não tiver um "eu"
a partir do qual atirar para alcançar seu objetivo?

RESGATE DE SUA MULHER SELVAGEM

Encontre um local em que ninguém possa lhe incomodar, se for ao ar livre, tanto
melhor. Sente-se confortavelmente. Inspire profundamente e expire emitindo um som,
tipo hhuuuumm! Faça isso por três vezes. Agora você deve visualizar uma frondosa
árvore. Imagine-se em frente a ela e em seguida ande a sua volta. Do outro lado da
árvore verá uma abertura em seu tronco, como a porta de uma caverna, entre nela
sem medo. Dentro da árvore relaxe e sinta-se mergulhar no vazio. Para baixo.....mais
para baixo bem devagarzinho............ você terá a sensação de estar flutuando. Quando
alcançar o final da raiz, sinta como se estivesse caído sobre um travesseiro de penas de
ganso, macio..macio. Você chegou às portas do sub-mundo.

É hora de clamar pela Mulher Selvagem. Você pode gritar, uivar, cantar, dançar,
bater tambor, o que achar melhor, mas faça bastante barulho, pois talvez ela esteja
por demais adormecida dentro de você. Quando você a enxergar, agradeça sua
presença e peça-lhe algo, qualquer coisa. Se não tiver idéia sobre o que pedir, peça que
ela lhe dê o que mais precisa, que você receberá o presente com o coração aberto. Se
ela lhe pedir algum presente, retribua com carinho. Após estas trocas simbólicas, seus
laços de amizade estarão reforçados. É hora de retorna, peça-lhe docemente que ela
lhe acompanhe. Ela lhe dirá sim e você em retribuição a sua gentileza deve abraçá-la e,
ao fazê-lo, sentirá que você e a Mulher Selvagem se fundirão em uma só. Uma onda de
felicidade e alegria tomarão conta de todo o seu ser.

É hora de percorrer o caminho de volta, encontre à raiz da árvore que estará atrás de
você. Deixe-me novamente flutuar e sentirá que uma brisa fraca a impulsionará para
cima...para cima...cada vez mais para cima, até alcançar o interior do tronco da
árvore. Ao sair pela abertura, respire bem fundo e a medida que solta o ar, senta seu
corpo novamente. Movimente os dedos da mão e assim que estiver pronta abra os
olhos. Seja Bem-vinda!

INVOCAÇÃO

Oh, minha Deusa Diana


Escuta a voz de meu coração
Ouça a minha canção de adoração
O céu na Lua Cheia
se enche com sua beleza
Que seu feixe de prata
Abra a porta dos sonhos
Minha amada Deusa Lua
Ensina-me seus mistérios antigos
Presenteia-me com a sabedoria e
ajuda-me a afastar espíritos opressores
para que a cura se opere dentro de mim
Abençoa-me e recebe-me como sua filha (o)
Quando meu corpo cansado repousar esta noite
fale com meu espírito interno
Ensina-me, Rainha da Noite
Sou toda ouvidos!

Pandora
Na mitologia grega, Pandora (”bem-dotada”) foi a primeira mulher, criada por Zeus como
punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do fogo.

Em sua criação, os vários deuses colaboraram com partes; Hefestos moldou sua forma a partir
de argila, Afrodite deu-lhe beleza, Apolo ofereceu-lhe talento musical, Deméter ensinou-lhe a
colheita, Atena concedeu-lhe habilidade manual, Poseidon deu-lhe um colar de pérolas e a
certeza de não se afogar, e Zeus, uma série de características pessoais, além de uma caixa, a
caixa de Pandora.

“Caixa de Pandora” é uma expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a
curiosidade, mas que é preferível não tocar (como quando se diz que “a curiosidade matou o
gato”). Tem origem no mito grego da primeira mulher, Pandora, que por ordem dos deuses abriu
um recipiente (há polêmica quanto à natureza deste, talvez uma panela, um jarro, um vaso, ou
uma caixa tal como um baú…) onde se encontravam todos os males que desde então se
abateram sobre a humanidade, ficando apenas aquele que destruiria a esperança no fundo do
recipiente. Existem algumas semelhanças com a história judaico-cristã de Adão (Adan) e Eva
em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano.

Desde que Zeus (Júpiter) e seus irmãos (a geração dos deuses olímpicos) começaram a disputar
o poder com a geração dos Titãs, Prometeu era visto como inimigo, e seus amigos mortais eram
tidos como ameaça.

Sendo assim, para castigar os mortais, Zeus privou o homem do fogo; simbolicamente, da luz na
alma, da inteligência… Prometeu, “amigo dos homens”, roubou uma centelha do fogo celeste e
a trouxe a terra, reanimando os homens.

Ao descobrir o roubo, Zeus decidiu punir tanto o ladrão quanto os beneficiados. Prometeu foi
acorrentado a uma coluna e uma águia devorava seu fígado durante o dia, o qual voltava a
crescer à noite.

Para castigar o homem, Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano) que modelasse uma mulher
semelhante às deusas imortais e que tivesse vários dons. Atena (Minerva) ensinou-lhe a arte da
tecelagem, Afrodite (Vênus) deu-lha a beleza e o desejo indomável, Hermes (Mercúrio) encheu-
lhe o coração de artimanhas, imprudência, ardis, fingimento e cinismo, as Graças embelezaram-
na com lindíssimos colares de ouro… Zeus enviou Pandora como presente a Epimeteu, o qual,
esquecendo-se da recomendação de Prometeu, seu irmão, de que nunca recebesse um presente
de Zeus, o aceitou. Quando Pandora, por curiosidade, abriu uma caixa que trouxera do Olimpo,
como presente de casamento ao marido, dela fugiram todas as calamidades e desgraças que até
hoje atormentam os homens. Pandora ainda tentou fechar a caixa, mas era tarde demais: ela
estava vazia, com a exceção da “esperança”, que permaneceu presa junto à borda da caixa.

PANDORA É A DEUSA DA RESSURREIÇÃO. POR NÃO NASCER COMO A


D I V I N D A D E , É C ON H E C I D A C O M O U M A S E M I D E U S A . P A N D O R A E R A U M A
H U M A N A L I G A D A A H A D E S . S U A A M B I Ç Ã O E M S E T OR N A R À D E U S A D O
OLIMPO E ESPOSA DE ZEUS FEZ COM QUE ELA ABRISSE A ÂNFORA DIVINA.
Z E U S , P A R A C A S T I G Á - L A , T I R O U A S U A V ID A . H A D E S , C O M I N T E R E S S E N A S
AMBIÇÕES DE PANDORA, PROCUROU AS PACAS (DOMINADORAS DO TEMPO) E
PEDIU PARA QUE O TEMPO VOLTASSE. SEM A PERMISSÃO DE ZEUS, ELAS NÃO
P U D E R A M F A Z E R N A D A . H A D E S C ON V E N C E U O I R M Ã O A R E S S U S C I T A R
PANDORA. GRAÇAS AOS ARGUMENTOS DO IRMÃO, ZEUS A RESSUSCITOU
D A N D O A D IV I N D A D E Q U E E L A S E M P R E D E S E J A V A . A S S I M , P A N D O R A S E
TORNOU A DEUSA DA RESSURREIÇÃO. PARA UM ESPÍRITO RESSUSCITAR,
P A N D O R A E N T R E G A - L H E U M A T A R E F A ; S E O E S P ÍR I T O C U M P R I R , E L E É
R E S S U S C I T A D O . P A N D O R A , C O M Ó D I O D E Z E U S P O R E L E T Ê - L A T OR N A D O U M A
D E U S A S E M I M P O R T Â N C I A , E N T R E G A A O S E S P ÍR I T O S S O M E N T E T A R E F A S
I M P O S S Í V E I S . D E S S E M O D O , N E N H U M E S P ÍR I T O C O N S E G U I U N E M C ON S E G U I R Á
RESSUSCITAR.

AS TRÊS FACES DA DEUSA HÉCATE


Hécate é o arquétipo mais incompreendido da mitologia grega. Ela é uma Deusa Tríplice
Lunar vinculada com o aspecto sombrio do disco lunar, ou seja, o lado inconsciente do
feminino. E, representa ainda, o lado feminino ligado ao destino. Seu domínio se dá em
três dimensões: no Céu, na Terra e no Submundo.

Hécate é, portanto, uma Deusa lunar por excelência e sua presença é sentida nas três fases
lunares.

A Lua Nova pressupõe a face oculta de Hécate, a Lua Cheia vai sendo aos poucos
sombreada pelo seu lado escuro, revelando o aspecto negativo da Mãe. E a Lua Minguante
revela seu aspecto luminoso. É preciso morrer para renascer.

Esta Deusa ainda permanece com o estigma de ser uma figura do mal. Essa percepção foi
particularmente consolidada na psique ocidental durante o período medieval, quando a
igreja organizada projetou este arquétipo em simplórias pessoas pagãs do campo que
seguiam seus antigos costumes e habilidades populares ligados a fertilidade. Estes
indivíduos eram considerados malévolos adoradores do “demônio”. Hécate era então, a
Deusa das bruxas, Padroeira do aspecto virago, mas nos é impossível termos uma imagem
clara do que realmente acontecia devido às projeções distorcidas, aos medos íntimos e
inseguranças espirituais destes sacerdotes e confessores cristãos.

Em épocas primevas, antes do patriarcado ter se estabelecido, é mais fácil descobrir a


essência interior do arquétipo Hécate e relacionar-se com ele. Hécate está vinculada com
as trevas e com o lado escuro do Lua. A Lua, na verdade, não possui luz própria. A luz que
se projeta na Lua é a luz solar. Logo, a Lua Cheia é a Lua vista pela luz do Sol. A Lua
Nova Negra é, portanto, a verdadeira face da Lua.

Hécate costuma ser considerada uma Deusa lunar tríplice: Àrtemis (a Lua Cheia), Selene
(a Lua em várias fases), Hécate (o lado negro da Lua Nova). Ou, como as forças da Lua em
vários reinos: Selene no Céu, Ártemis na Terra e Hécate no Mundo Inferior.

Hécate seria então, uma projeção de Ártemis, pois a luz pressupõe a sombra. O lado visível
da Lua, o lado de Ártemis, que reflete a vida em pleno vigor, pressupõe o lado de Hécate, o
lado oculto da lua, o lado da sombra e da morte; a polaridade negativa, o impedimento
para a realização, o lado inconsciente.

O perigo que pode ocorrer quando esse lado sombrio se constela é o de que a energia
psíquica seja posta a serviço da morte e da doença.

Hécate nos revela, os caminhos mais escondidos e secretos do inconsciente, os sonhos


guardados, o lado dos desejos mais ocultos. A Lua Crescente, com suas fases clara e
escura, também nos sugere esse domínio do feminino.

O lado de Hécate ainda, traz um potencial para a fertilização, desde que seja encaminhado
para este fim. A doença pode ser uma via para a saúde e a morte para servir de adubo
para a vida.

O feminino tem um movimento livre dentro do reino oculto. O terreno da magia pertence
ao feminino. O masculino está ligado aos aspectos mais claros, mais visíveis, mais
objetivos. O campo de ação da ciência pertence ao reino masculino.

Hécate é a Deusa que pode conduzir aos caminhos mais difíceis e perigosos, aos abismos e
às encruzilhadas da própria psique. A sua função é de guia dentro do reino oculto da
alma.
A Terra é o grande inconsciente uterino de onde brota toda a semente. É também o lugar
para onde tudo retornará. Nesse inconsciente ctônico a vida e a morte coexistem em um
mesmo processo cíclico. Deste modo, o "ser" e o "não ser" podem viver sem conflito.

MITOLOGIA

Hécate é uma antiga Deusa de estrato pré-grego de mitos. Os gregos tiveram dificuldade
em enquadrá-la em seu esquema de Deuses, mas terminaram por vê-la como filha dos titãs
Perseus e Astéria ,Noite Estrelada, que era irmã de Leto, que por sua vez, era mãe de
Ártemis e Apolo. A avó de Hécate era Febe, uma anciã titã que personificava a Lua. Dizia-
se que Hécate seria uma reaparição de Febe, e portanto uma Deusa Lunar, que se
manifestava na lua escura.

Outras tradições tomaram-na por uma Deusa mais primal, fazendo dela irmã de Erebo e
de Nix (a Noite).

Zeus deu-lhe um lugar especial entre os Deuses, porque, embora ela não fosse membro do
grupo olímpico, permitiu-lhe o domínio sobre o Céu, a Terra e o Mundo Inferior. Ela é,
pois, a doadora da riqueza e de todas as bênçãos da vida cotidiana.

Na esfera humana, cabia-lhe presidir os três grandes mistérios do nascimento, da vida e da


morte. Seu nome significa "a distante, a remota", sendo ela vista como protetora dos
lugares remotos, guardiã das estradas e dos caminhos.

Seu aspecto tríplice tornava-a especialmente presente nas encruzilhadas, ou seja, na


convergência de três caminhos. Nesses locais, os gregos podiam encontrar-se com
facilidade com Hécate, razão por que os consideravam sagrados, erigindo aí com
freqüência estátuas tricéfalas chamadas Hecatéias. Também deixavam oferendas do seu
alimento ritual, o "almoço de Hécate", nessas encruzilhadas durante seus festivais
especiais.

Os três símbolos sagrados de Hécate são: a Chave, por ser ela carcereira do Mundo
Inferior; o Chicote, que revela o seu lado punitivo e seu papel de condutora das almas; e o
Punhal, símbolo de seu poder espiritual, que mais tarde tornou-se o Athame das bruxas.

Todos os animais selvagens eram consagrados à Hécate e por isso, foi mostrada muitas
vezes com três cabeças de animais: o cão, a serpente e o leão, ou alternadamente, o cão, o
cavalo e o urso. Seus animais mais conhecidos são entretanto, o cão e o lobo.  O cipreste
era a árvore sagrada da Deusa.

Na mitologia grega, Hécate, como representação da Lua Escura, aparece sempre


acompanhada por cães que ladram. Como Deusa Tríplice, podia aparecer na
representação de um cão com três cabeças (cão da lua), para lembrar de que em eras
passadas ela própria era o cão da lua. Sua qualidade trina é representada também em
estátuas posteriores, onde aparece como mulher tripla. Freqüentemente carregava consigo
o cão que ela própria havia sido, ou uma tocha, emblema lunar, que é seu poder de
fertilidade e seu dom especial.

No Submundo, ou Mundo Inferior, Hécate é a carcereira e condutora das almas, a


Pritânia, a "Rainha Invisível" dos Mortos. Tendo passado por Cérbero, o cão tricéfalo, e
tendo sido julgadas pelos três Juízes dos Mortos (Minos, Radamando e Éaco), as almas
devem chegar às encruzilhadas tríplices do Inferno. Nesse ponto, Hécate envia ao reino
para o qual foram julgadas adequadas: para as campinas do Asfódelo, para o Tártaro ou
para os Campos Elíseos.
Como aspecto de Deusa Amazona, a carruagem de Hécate era puxada por dragões. As
mulheres que a cultuavam normalmente tingiam as palmas das mãos e as solas dos pés
com hena.

Seus festivais aconteciam durante a noite, à luz de tochas. Anualmente, na ilha de Aegina
no golfo Sarônico, acontecia um misterioso festival em sua honra.

Hécate está associada a cura, profecias, visões, magia, Lua Nova, magia negra,
encantamentos, vingança, livrar-se do mal, riqueza, vitória, sabedoria, transformação,
purificação, escolhas, renovação e regeneração.

ARQUÉTIPO DA TRANSFORMAÇÃO E TRANSMUTAÇÃO

Hécate é também um vaso-útero, que recebe os processos passados no interior da psique.


Ela é o vaso alquímico que permite a transformação e transmutação dos elementos
materiais em espirituais. Hécate habita as grutas e cavernas. E para sermos fertilizados
pela semente da criação espiritual e do renascimento psíquico temos de visitar a sua
morada, fazer a entrada no reino dessa deusa. Ela é a Caverna-Mãe onde se dão os
processos espirituais.

Muitos mistérios e ritos de iniciação se passavam no interior das grutas e cavernas.

Hécate é a regente dos processos misteriosos da vida e da morte, das passagens difíceis da
vida, da entrada nos caminhos árduos da transformação.

A Deusa nos diz que as mudanças servem para determinar o nosso comportamento e que
devemos ter cuidado com os caminhos falsos ou atalhos inadequados. O caminho, por
vezes, pode não ter muita importância, mas premente é a necessidade de fazer a passagem.

Hécate estava por perto quando Perséfone foi raptada por Hades, mas não interferiu,
porque ela sabia que as passagens são necessárias, às vezes não importam os caminhos.
Mas é Hécate que ensina e ajuda a Deméter a achar o caminho para recuperar a filha
Perséfone.

A entrada no mundo inferior é necessária para o contato com as fontes internas da


fertilidade, mas é preciso saber o caminho de volta para poder tornar consciente toda a
possibilidade criativa. Enquanto houver o mergulho no mundo inferior, a consciência pode
adormecer e descansar, e novamente será renovada e frutificará com a volta.

DEUSA DE MUITOS TÍTULOS E NOMES

A Deusa Hécate era uma deidade de muitos títulos e nomes. Era chamada de "A Mais
Amável", "Rainha do Mundo dos Espíritos", "A Megera dos Mortos", "Deusa da
Bruxaria". Especialmente para os trácios, Hécate era a Deusa da Lua, das horas de
escuridão e do Mundo Inferior.

Como Propylaia (Aquela que fica na frente do Portão), Hécate oferecia proteção contra o
mal. Neste aspecto seu culto era realizado no portão da entrada, lugar onde eram
colocadas as estátuas em sua homenagem.
Como Propolos (A Criada que Conduz), Hécate servia como guia de outras deidades.
Exemplo deste fato, se dá quando ela conduz Deméter ao Mundo Inferior, para resgatar
Perséfone das mãos de Hades.

Como Phophoros (Aquela que traz Luz) ela é portadora de duas tochas, que servem para
iluminar o caminho em busca de nosso sombrio inconsciente.

Como Kourotrophos (Aquela que cuida das Crianças), Hécate estava associada às
parteiras e era responsável pelo nascimento, já que os poderes que dão vida, também
acarretam a morte.

Como Chthonia, ela está associada aos poderes da prática de magia, relacionando-se com
outros deuses da Terra, como Hermes e Perséfone, no seu aspecto de Deusa-Anciã,
Senhora do Mundo Inferior. Era Hécate a guardiã de Cérbero, o cão de Hades, o qual
todas as almas deveriam enfrentar ao cruzar os portões do Submundo.

Seus Deuses companheiros eram Thanatos (Morte), Hypnos (Sono) e Morfeu (Sonhos).

PADROEIRA DAS BRUXAS

A Deusa Hécate, segundo algumas versões, recebeu o título de "Rainha dos Fantasmas" e
"Deusa das Feiticeiras". Para protegerem-se, os gregos colocavam estátuas da Deusa na
entrada das cidades e nas portas das casas.

Medéia, que era uma de suas sacerdotisas, praticava bruxaria para manipular com
destreza ervas mágicas e venenos, e ainda, para poder deter o curso dos rios e comprovar
as trajetórias das estrelas e da lua.

Como Deusa Feiticeira tinha cães fantasmas como servos fiéis ao seu lado.

Há um grande números de bruxas que, ainda hoje, são devotas de Hécate , pois se sentem
atraídas pelos aspectos escuros da Deusa.

Hécate, como Anciã e Deusa da Lua Escura, compreende o "poder do silêncio". Muitas
viagens espirituais incluem um período de muita meditação e silêncio. É essencial
praticarmos o silêncio em nossos rituais e meditações, pois só o silêncio abre as portas da
consciência universal.

Foi a Deusa Hécate que introduziu o alho como amuleto de proteção contra inimigos,
roubo, mau tempo e enfermidades. Todos os anos, a meia-noite do dia 13 de agosto (Noite
do Festival de Hécate), deve-se depositar cabeças de alho em encruzilhadas como oferenda
de sacrifício em nome de Hécate.

HÉCATE, ARQUÉTIPO DA LUA ESCURA

Hoje, mais do que nunca o homem têm consciência, que a Lua é um astro que estimula o
nosso inconsciente. Isso é verdadeiro para todas as pessoas, pois todos somos dependentes
da atividade do inconsciente para a inspiração e a intuição, bem como para o
funcionamento dos instintos, e para prover a consciência de "libido". Tudo isso é
governado pela Lua, e por essa razão, é necessário permanecer em harmonia coma Lua e
manter seu culto.
Foi através dos ciclos da Lua que o homem primitivo tomou consciência do tempo, mas
onde a Lua e sua periodicidade mais se manifesta é na Mulher e no Feminino. A mulher
não somente está ligada à periodicidade da Lua em suas transformações mentais, muito
embora a sua periodicidade interior lunar tenha se tornado independente da lua exterior,
como também sua mentalidade é determinada pela lua, e o comportamento de seu espírito
é moldado pelo arquétipo da lua como a essência da consciência matriarcal.

A periodicidade da Lua, com seu pano de fundo noturno é símbolo de um espírito que
cresce e se transforma em conexão com os processos obscuros do inconsciente. Do mesmo
modo, o corpo da mulher passa por fases correspondentes. A partir da primeira
menstruação, a mulher está automaticamente iniciada nos mistérios da consciência lunar,
que também poderia ser chamada de consciência matriarcal, que jamais  está separada do
inconsciente, pois é uma fase, uma fase espiritual, do próprio inconsciente. Apta, a mulher
poderá passar para segunda fase de sua cronologia que é ser mãe.

Mas é tão somente com a chegada da menopausa, depois de ter passado por todas as fases
de desenvolvimento, físico e psicológico, que a mulher estará preparada para ser ela
mesma e encarar os mistérios da vida. Essa é a fase da purificação interna da essência
feminina e se vincula com o mito de Hécate, Deusa da Sabedoria, resultante da assimilação
positiva, e muitas vezes dolorosa, da experiência.

No período pós-menopausa, nossas emoções afloram à superfície com mais facilidade e


tudo se vive e se sente com mais facilidade. É também, quando a mulher desfruta de sua
máxima liberdade, independência, autoridade e sabedoria. É bom que se saiba, que há
uma grande diferença entre conhecimento e sabedoria. A sabedoria é uma qualidade da
velhice, pois só quem já viveu muito tempo, pode colher sabedoria. Para essa forma de
consciência (lunar), o tempo precisa amadurecer e, com ele, assim como as sementes
colocadas na terra, o conhecimento amadurece. A sabedoria é portanto, a colheita da vida,
é a forma mais profunda do conhecimento.

HÉCATE HOJE

Hoje podemos nos relacionar com Hécate como uma figura guardiã do nosso inconsciente,
que tem nas mãos a chave dos reinos sombrios que há dentro de nós e que traz as tochas
para iluminar nosso caminho para as profundezas de nosso interior.

Nossa civilização patriarcal talvez tenha nos ensinado a temer esta figura, mas se
confiarmos em suas energias antigas, encontraremos nela uma gentil guardiã.

Ela está presente em todas as encruzilhadas que existem em todos os níveis do nosso ser,
manifestando-se como espírito, alma e corpo. Devemos reconhecer que a imagem terrível,
tenebrosa e horrenda de Hécate é um mero registro do medo inconsciente do feminino que
os homens, imersos em um patriarcado unilateral, projetaram ao longo de milênios nesse
arquétipo.

Temos que encarar nossa Hécate interior, estabelecermos uma relação com ela e,
confiando na sua assistência, permitir a nós mesmos o desenvolvimento de uma percepção
desse rico reino do nosso Mundo Inferior Pessoal. Somente por meio dessa atitude
poderemos nos tornar seres integrados, capazes de lidar com as polaridades sem projetar
de imediato dualismos.

Ao passar por uma encruzilhada, você irá se deparar com Hécate e ela dirá que nossas
vidas são feitas de escolhas. Não existem escolhas certas ou erradas, mas sim, somente
escolhas. Independente do que escolher, a experiência, por si só, já é algo valioso. Hécate
insiste para que não tenhamos medo do desconhecido. Os desafios apresentados precisam
de um salto de fé da pessoa que faz a escolha. Confie que será capaz de fazer uma escolha
quando chegar a hora. Conceda-se tempo e espaço, nunca se censure ou se culpe, apenas
faça sua escolha.

RITUAL (Realizado na Lua Nova)

Você precisará de um athame, um pequeno caldeirão, uma maçã, um pano preto e uma
pequena quantidade de sal, além de seus instrumentos normais.

Ponha a maçã dentro do caldeirão e cubra-o com o pano preto.

Abra o círculo como de costume.

Com o atame na mão de poder, toque o caldeirão por cinco vezes, dizendo:

Sábia Hécate, eu peço sua benção


Erga o véu para que eu possa saudar
Meus ajudantes espirituais,
Antigos amigos de outras vidas,
E os que são novos.
Que apenas aqueles que me desejam o bem
Penetrem neste local sagrado.

Descubra o caldeirão. Apanhe a maçã, erga-a em oferenda e deposite-a no altar.

Hécate, seu caldeirão mágico


É fonte da morte e do renascimento
Experiência pela qual cada um de nós
Passa por repetidas vezes.
Que eu não tema,
Pois sei de sua delicadeza,
Eis aqui o seu símbolo de vida na morte.

Corte a maçã transversalmente com o athame. Contemple o pentagrama revelado no


miolo. Devolva as duas metades da maçã ao caldeirão e cubra-o novamente com o pano
preto.

Apenas os iniciados têm acesso


Aos seus Mistérios ocultos.
Apenas aqueles que realmente buscam
Conseguem encontrar o caminho em espiral.
Aqueles que conhecem
Suas muitas faces secretas,
Podem encontrar a Luz
Que leva ao Caminho Interior.

Ponha uma pitada de sal em sua língua:

Eu sou mortal,
Mas ainda assim imortal.
Não há fim para a vida,
Apenas novos recomeços.
Eu caminho ao lado da Deusa
Em suas muitas formas.
Não há nada a temer.
Abra a minha mente,
Meu coração e minha alma
Aos profundos Mistérios do Caldeirão.

Efetue uma meditação de busca à deusa da Lua Nova. Ouça suas mensagens e conselhos.
Esteja alerta a novos guias e mestres que podem surgir para ajudá-la (o).

DEUSA LILITH

Eu danço para mim mesma


pois sou completa
digo o que penso e penso o que digo
Eu danço a escuridão e a luz
o consciente e o inconsciente
Eu falo por mim mesma com total convicção
sem me importar com as aparências
Todas as partes de mim fluem como um todo
Eu ouço o que preciso ouvir
nunca me verão pedir desculpas
Eu vivo toda minha sexualidade
para agradar a mim mesma
Expresso-a na totalidade da minha dança
Eu sou a fêmea
sou sexual
sou o poder.

Na origem de todos os povos do mundo sempre existiu a tradição de um casal fundador da raça
humana. A maioria são casais-deuses, exceto nas religiões patriarcais, como a cristã, onde um
único Deus masculino formou todas as coisas e seres. Entretanto, ao estudar a espiritualidade
hebraica, através da Cabala, nos é ensinado que o grande deus monoteísta não é do sexo
masculino, mas é completo em si mesmo, o que existem são divisões de gênero, inclusive é uma
insolência lhe dar aspecto humano, pois sua essência é luz pura. E desde quando luz tem sexo?
Mas como sabemos vivemos num mundo bipolar e é por isso que nossa Divina Arquiteta teve a
iluminada idéia de semear o amor no terreno fértil de nossos corações, para que pudéssemos
andar lado a lado, sempre em casais e nunca sozinhos.
Ao se estudar Carl Jung descobriremos que dentro de cada homem há uma mulher (anima) e em
cada mulher há o princípio masculino (animus). Este eterno jogo de yin-yang se ajusta e se
completa. Portanto, nenhum indivíduo é inteiramente masculino ou inteiramente feminino. Cada
um de nós é composto dos dois elementos e esses dois constituintes estão freqüentemente em
conflito. O princípio feminino ou "Eros" é universalmente representado pela Lua e o princípio
masculino ou "Logos" pelo Sol. O mito da criação no Gênesis afirma: Deus criou duas luzes, a
luz maior para reger o dia e a luz menor para reger a noite. O Sol como princípio masculino é o
soberano do dia, da consciência, do trabalho e da realização, do entendimento e da
discriminação conscientes, o Logos. A Lua,  o princípio feminino é a soberana da noite, do
inconsciente. É a deusa do amor, controladora das forças misteriosas que fogem à compreensão
humana, atraindo os seres humanos irresistivelmente um para o outro, ou separando-os
inexplicavelmente.  Ela é o Eros, poderoso e fatídico e totalmente incompreensível.
Na natureza, o princípio feminino ou a deusa feminina mostra-se como uma força cega,
fecunda, cruel, criativa, acariciadora e destruidora. É a fêmea das espécies mais mortal que o
macho, feroz em seu amor como também com seu ódio. Esse é o princípio feminino na forma
demoníaca. O medo quase universal que os homens têm de cair sob o domínio ou fascinação de
uma mulher e a atração que esta mesma servidão têm para eles, são evidências  de que o efeito
que uma mulher produz num homem é, em geral realmente de caráter demoníaco. Essa imagem
repousa tão somente, na natureza da própria "anima"do homem ou alma feminina, sua imagem
interior do feminino. A "anima"' não é uma mulher, mas um espírito de natureza feminina, que
reflete as características do lado demoníaco, tanto glorioso, como terrível. Na vida cotidiana o
homem não entra diretamente em contato com o princípio masculino duro, predatório, mas
encontra-o sob a máscara humana, mediado pela sua função superior. Mas o feminino dentro
dele não é mediado através de uma personalidade humana culta e desenvolvida. O princípio
feminino, a Deusa Lua, age sobre ele diretamente do inconsciente, aproximando-se como um
traidor que vem de dentro. Não é de admirar tanto medo e desconfiança!

LILITH, O LADO ESCURO DA LUA

Lilith foi originalmente a Rainha do Céu sumeriana, uma deusa mais antiga que Inana. A Lua
Negra, como também é conhecida, foi incorporada pelos hebreus, que a transformaram na
primeira esposa de Adão, que foi criada diretamente por Deus. Ela recusou-se a deitar-se
debaixo de Adão durante o ato sexual. Lilith insistia que, por terem sido criados iguais, eles
deveriam fazer sexo de igual para igual. Como Adão não concordou, ela o deixou. Blasfemando
e criando asas, Lilith abandona o paraíso e voa para o Mar Vermelho, onde dá início a uma
dinastia de demônios. Mas Adão ao ficar, sente-se só e então Deus cria Eva, que foi retirada de
uma das suas costelas, mas condenada eternamente à inferioridade. Cuidadosamente apagada da
Bíblia cristã, Lilith permanece como símbolo de rebelião à repressão do feminino na psique e na
sociedade. O mito Lilith mostra bem a passagem do matriarcado para o patriarcado.
Enquanto Lilith é descrita como forma negativa, Eva, ao contrário, é apresentada em suas
belezas e ornamentos. Adão não a recusa por vê-la como ossos dos seus ossos. Mas Eva
carregará a culpa pela perda do paraíso. E, esta é a informação que nos é passada pelo
catolicismo, isto é, que a mulher possui uma imperfeição inerente, devida a sua natural
inferioridade e sua incapacidade de distinguir o bem do mal. Tais afirmações foram codificadas
no psiquismo feminino, fazendo com que todas as mulheres se tornassem estigmatizadas com
esta identidade negativa. Foi deste modo, que o feminino se viu reduzido ao submisso e ao
incapaz. A submissão foi então, imposta culturalmente a todas as mulheres, que distorceu
intencionalmente os aspectos femininos, com o intuito de reprimir e estabelecer uma sociedade
patriarcal.

Lilith, portanto, desobedece à supremacia de Adão, Eva desobedeceria à proibição. Lilith, nada
mais é, do que o lado sombrio de Eva, daí o porque das qualidades terríveis que são atribuídas a
ela. Todo mal que lhe é atribuído está em sua desobediência, ao seu "não" a submissão.

C R IA D A A O P Ô R D O S O L , L I L I T H É N OT U R N A , E P O R I S S O L H E F O I A T R I B U Í D A
À QUALIDADE DE VAMPIRO. LILITH, OU AS PROJEÇÕES DO MITO ERAM
DESCRITAS EM SUAS CARACTERÍSTICAS ERÓTICAS, SENSUAIS, MAS QUASE
SEMPRE MISTURADAS COM CARACTERÍSTICAS HORRENDAS, PARTES
ANIMALESCAS, SOBRETUDO NAS EXTREMIDADES.
A tradição de Lilith é a tradição da vingança desde a rejeição de Adão. O não de Adão, como já
observamos, deveu-se não só ao caráter demoníaco de Lilith, mas também a exigência de
igualdade na relação homem-mulher. Segundo Sicuteri:

A serpente-demônio, ou o próprio demoníaco que existe em Lilith, impele a mulher à "fazer


algo" que o homem não permite: em Lilith há o pedido da inversão das posições sexuais
equivalentes aos papéis, enquanto em Eva há o ato de transgressão da árvore em obediência à
serpente.
Lilith é o arquétipo da mulher indomada, que luta apaixonadamente pelo poder pessoal. Suas
características são destemor, força, entusiasmo e individualismo. Ela é atividade e exuberância
emocional. Para as religiões patriarcais, é a personificação da luxúria feminina, uma inimiga das
crianças que atua de noite, semeando o mal e a discórdia. Em Isaias 34:14, ela é chamada de "a
coruja da noite". No Zohar, é descrita como "a prostituta, a maligna, a falsa, a negra".
Lilith aparece em nossas vidas para nos dizer que é hora de assumirmos o nosso poder. Você
tem medo de assumi-lo? Você é daquelas pessoas que não sabem dizer "não"? Tem medo de
perder sua feminilidade se tiver o poder em suas mãos? Você teme ser afastada (o) ou banida (o)
pelos outros quando estiver em exercício de seu poder? Está com medo de fazer mau uso dele,
dominando ou manipulando os outros?  Lilith diz que, agora, para você, o caminho da totalidade
está em reconhecer que não está ligada ao seu poder e, então, em segundo lugar, submeter-se e
aceitar este poder.

RITUAL DE PODER

CERIMÔNIA DE CORTAR A CORDA

Este ritual é excelente, eu já o realizei e consegui ativar poderes interiores antes, totalmente
ignorados. Você deve realizá-lo de acordo com o ciclo lunar. O tempo certo para você colocar
as cordas é um dia depois da entrada da LUA CHEIA (sempre à noite). Para cortá-las é no dia
em que entra a LUA NOVA (sempre à noite). Cuide para não errar a lua, pois pode fazer muita
diferença!

Para esta cerimônia você precisará de uma corda ou barbante, uma tesoura e um queimador de
incenso e um caldeirão ou uma fogueira. O ritual pode ser feito à sos ou com um grupo de
pessoas.
Deverá ter em mente três situações em que foi-lhe solicitado o uso de poder, mas você não
conseguiu exercê-lo, por medo, insegurança, crenças ou qualquer outro motivo. Em seguida
agende a data para colocar as cordas.
Você deve traçar um círculo (com pedras, sal ou o que achar melhor). Abra os portais e peça
gentilmente que seu animal de poder esteja presente. Quando estiver pronta (o) pegue a corda e
corte do tamanho que corresponda ao lugar do corpo que pretende amarrá-la. Por exemplo, se
você está com algum bloqueio que a (o) está impedindo de caminhar com todo seu poder, você
deve amarrar a corda em torno dos tornozelos. Se você estiver com problemas de expressão,
deve amarrá-la na garganta. Se tem medo de que a sua sexualidade a(o) impeça de manifestar o
seu poder, amarre a corda nos quadris. No momento em que estiver amarando a corda, afirme o
significado dela. Durante os dias que separam a colocação e o corte das cordas, você deverá
diariamente concentrar-se em cada uma delas e no que elas representam, olhando-as e sentindo-
as junto à pele.
Na noite de cortar as cordas, peque o queimador de incensos e o caldeirão, fósforos e uma faca
ou tesoura. Trace o círculo, acenda o incenso (pode ser de alecrim) e chame seu animal de
poder. Você deve tocar selvagemente o tambor e gritar o significado das cordas. Se não quiser
chamar a atenção dos vizinhos pode falar mentalmente. Sente-se em frente ao caldeirão e corte
as cordas confirmando o significado de cada uma delas. Jogue-as dentro do caldeirão e queime-
as. Sinta o fluxo do poder enquanto observa cada uma delas transformar-se em fumaça. Respire
fundo e sinta sua nova noção de poder. Se você traçou um círculo, libere o que foi chamado para
fazer parte dele com gratidão. Agradeça a Lilith por lhe apontar o caminho para o seu próprio
poder.
Em pleno século XXI, o interesse pelo mito da deusa Lilith, reside na possibilidade de se
representar e constituir uma nova mulher, a qual se sente identificada com as figuras evocadas
por suas tradições culturais.
TÊMIS, A DEUSA DA JUSTIÇA

Têmis é filha de Gaia e Urano e pertence, portanto, ao mundo pré-olímpico dos Titãs, do
qual só Ela e Leto aparecem mais tarde entre os olímpicos. Seu nome significa "aquela que
é posta, colocada". Sua equivalente romana era a Deusa Justitia.

Têmis não representa a matéria em si, como sua mãe Gaia, mas uma qualidade da terra,
ou seja, sua estabilidade, solidez e imobilidade. Ela é uma deusa que falava com os homens
através dos oráculos. O mais famoso de todos os templos oraculares da Grécia Antiga,
Delfos, pertencia originalmente a Gaia, que o passou a filha Têmis. Depois disso, ele foi de
Febe e só no fim foi habitado por Apolo. Há pesquisadores que afirmam, no entanto, que
Têmis é o próprio princípio oracular, de modo que, em vez de ter havido quatro estágios
de ocupação do oráculo Delfos, foram só três: Gaia-Têmis, Febe-Têmis e Apolo-Têmis.
Portanto, Têmis tinha máxima ligação com a questão das previsões oraculares e, no fundo,
representa a boca oracular da terra, a própria voz da Terra, ou seja, Têmis é a terra
falando. Quando o titã Prometeu foi acorrentado ao Monte Cáucaso, Têmis profetizou que
ele seria libertado. Sua profecia se concretizou quando Héracles, salvou-o do seu castigo.
Foi Têmis quem alertou Zeus que o filho de Tétis seria uma ameça a seu pai.
Ajudou Deucalião e Pirra a formar a humanidade após o dilúvio enviado como castigo por
Zeus, profetizando que ambos deveriam "jogar os ossos de sua mãe para trás das costas".
Pirra ficou temerosa de cometer algum sacrilégio ao profanar os ossos de sua mãe, não
captando o sentido da profecia. Deucalião, porém, entendeu tratar-se de pedras os ossos da
deusa-Terra, mãe de todos os seres. Assim ele atirou pedras para trás e delas surgiram
homens.

Os oráculos dados por Têmis, não profetizavam só o futuro, mas eram ainda,
mandamentos das leis da natureza às quais os homens deveriam obedecer. A Deusa nos
fala de uma ordem e de uma lei naturais que precedem as noções culturalmente
condicionadas da organização e das regras derivadas das necessidades de uma sociedade.

Alguns pensadores crêem ser Têmis uma abstração das noções humanas de uma justiça de
uma cultura específica, presumivelmente matrifocal. Uma visão arquetípica, sustentaria
que Têmis não é o produto da organização social, mas o pressuposto para tanto. Sua
existência psicológica precede-o e subjaz ao entendimento humano do que ela quer dizer
ou ensinará. A visão arquetípica localizaria sua origem na natureza psíquica, no
inconsciente coletivo, ao invés de localizá-la na cultura e na consciência coletiva. Ela não é
secundária, e sim fundamental. Entretanto, nos cultos a Têmis eram celebrados os
"mistérios" ou "orgias", emprestando-lhe a visão que ela era uma Deusa genuína, e não
uma simples personificação da idéia abstrata de legalidade. Têmis é a Deusa oracular da
Terra, ela defende e fala em nome da Terra, do enraizamento da humanidade em uma
inabalável ordem natural.

Um dos atributos de Têmis é sua grande beleza, além do poder de atração de sua
dignidade. Sua atratividade física é confirmada pelo mito em que Zeus a persegue com seu
estilo desenfreado e, finalmente, a desposa.

Seu mais ardente adversário no Olimpo foi Ares, o deus da guerra cujo o apetite por
violência e sede de sangue não conhecia limites. Não porque Têmis fosse contra a guerra,
mas agia com motivos de ordem ambiental, pois a guerra reduziria a população humana.
Na qualidade de mãe das Horas (e pai Zeus), Têmis está também por trás da progressão
ordenada do tempo na natureza. As Horas representavam a ordenação natural do cosmo:
inverno e depois primavera, dia depois à noite, uma hora após a outra.
Sua outra filha com Zeus, Astraea também era uma deusa da justiça. Conta-se que ela
deixou a Terra no fim da Idade do Ouro para não presenciar as aflições e sofrimentos da
humanidade durante as idades do Bronze e do Ferro. No céu ela tornou-se a constelação
de Virgo. Também Têmis foi transformada em uma constelação, Libra. Outras filhas suas
são: Irene e Dike. Esta última está relacionada com a representação da divindade da
justiça. Têmis e Dike elucidam o lado ético do instinto, a voz miúda e calma no seio do
impulso. Dike para a humanidade é a função de base institual muito sintônica com o que
Jung chama de instinto para reflexão. Têmis é ainda, mãe de Prometeus e Atlas.

Têmis empunha uma espada em uma mão (poder exercido pela Justiça), enquanto com a
outra sustenta uma balança (simboliza o equilíbrio, entre as partes envolvidas em uma
relação de Direito). A venda que lhe cobre os olhos, simbolizando a imparcialidade da
justiça e a igualdade dos direitos, foi criação de artistas alemães (séc. XVI). Outros
símbolos: a lâmpada, a manjerona e "pudenda muliebria". O significado da manjerona é
sexual e tem ligação com a fertilidade. Esta planta misteriosa é uma planta lunar e tem
ligação com a influência fertilizadora da Lua sobre a Terra. Mas a manjerona também
tem ligação direta com outro emblema de Têmis, "pudenda muliebria", que vincula a
Deusa à fertilidade e à sexualidade, de modo direto e inequívoco. Sabe-se que havia orgias
vinculados ao culto de Têmis e certamente, estes ritos eram de natureza sexual. Como
devotas de "pudenda muliebria", as adoradoras de Têmis dedicavam-se a rituais e
práticas altamente sexualizadas.

Têmis que mobiliza a energia sexual, transforma esta energia em amor e atenção para com
o mundo, em justiça e equilíbrio para todos, assim como em novos rebentos para todas as
formas de vida. As descargas da libido que fluíam entre Têmis e suas adoradoras serviam
não só para estreitar laços entre a Deusa e suas devotas, mas também aproximavam cada
uma delas e o mundo todo.

Ao presidir as reuniões de cunho político do Olimpo, Têmis manifesta o teor


organizacional de sua dignidade e justiça. Têmis congregava as reuniões com seriedade
moral e obrigava os grandes e poderosos a ouvir, de modo consciencioso, as objeções e
contribuições dos irmãos e irmãs menos proeminentes. A Deusa opunha-se à dominação de
um sobre muitos e apoiava a unidade mais que a multiplicidade, a totalidade mais do que
a fragmentação, a integração mais do que a represão. Nessa atividade de contenção e
vinculação, Têmis revela o princípio operado pela consciência feminina: a lei do amor.

Têmis era a deusa da consciência coletiva e da ordem social, da lei espiritual divina, paz,
ajuste de divergências, justiça divina, encontros sociais, juramentos, sabedoria, profecia,
ordem, nascimentos, cortes e juízes. Foi também inventora das artes e da magia.

ZEUS E TÊMIS

Têmis foi a segunda esposa de Zeus, depois de Métis e antes de Hera. É Ela que temperou
o poder de Zeus com muita sabedoria e com seu profundo respeito pelas leis naturais.
Sendo uma Titã, suas raízes são instintivas e pré-olimpicas e estende-se à frente, para
incluir uma visão cósmica das operações finais e essenciais do universo inteiro. Além de
esposa e conselheira, Têmis é também mentora de Zeus. Em um mito ela aparece como
ama de leite de Zeus bebê, ensinando-o a respeitar a justiça.

No casamento de Zeus e Têmis vemos duas forças, uma solar e outra lunar, trabalharem
coligadas com poucos conflitos a serem observados. Zeus era o rei todo-poderoso,
absoluto, um padrão arquetípico que governa a consciência coletiva, que tanto cria como
mantém uma coletividade. Mas é Têmis, que movimentando-se dentro de vários outros
padrões arquetípicos, desestabiliza o absolutismo e as certezas de Zeus. Ela movimentava-
se em uma direção contrária, nunca deixando de incluir o máximo possível. Têmis exercia
portanto, um efeito de abrandamento. Entretanto, o casamento do dois não foi de total
doce harmonia, pois embora transitasse sabedoria entre eles, os ditames de um e do outro,
sempre tinham um preço muito elevado, pois nada possui solução definitiva.

Na imagem de Zeus consultando Têmis, podemos aceitar uma boa dose de troca. Zeus é
quem rege e decide, enquanto Têmis assume uma atitude mais suave e dá seu toque
relativizador que procede de perspectivas mais abrangentes.

DIÁLOGO COM TÊMIS

Têmis chega até nós com sua espada da justiça da natureza e nos diz que é tempo de
refletir. O instinto reflexivo rompe o elo estímulo-resposta e, no intervalo desta
descontinuidade, nós humanos temos a oportunidade de perceber conscientemente uma
situação. A reflexão desinfama a superestimação que a pessoa faz de si e conserva-o atento
a sua verdadeira imagem de seu lugar na ordem natural das coisas e manter as proporções
certas, justas e humanas.

Quando você tiver um conflito interno, uma pressão muito grande, medite e chame por
Têmis para alcançar o equilíbrio e a sabedoria para solucionar estas questões. Deixe então
sua voz da consciência falar, pois ela é a voz de Têmis.Confie no julgamento de Têmis, pois
só Ela é a Deusa oracular da Terra.

Em seguida, inicie sua reflexão repensando estas questões:

1. Descreva uma época em que os valores para você deram um giro de 180 graus.
2. Recorde épocas que você sentiu completamente perdido, fisicamente ou
emocionalmente. Ou talvez não havia nenhum caminho espiritual a ser seguido.
Também, recorde um momento em que você sentiu-se perfeitamente equilibrado.
3. Você teve alguma experiência que passou na vida que ainda recorde? Que
passagens importantes ainda conserva em sua memória? Pense nelas e de que
forma elas passaram para sua consciência?
4. Há momentos em sua vida que você se sente em débito com seu carma? Há
pessoas que acreditam que só se conservarão vivas, enquando este débito não seja
compensado. 5. Pode você descrever alguma passagem de sua vida que já
recebeu o justo castigo de Têmis? Você é uma pessoa que consegue manter o
equilíbrio entre o otimismo e o pessimismo?
6. Você acredita em destino, carma, fado? Que experiências pessoais lhe levaram a
acreditar?
7. Você já passou por um período de fatalidades em sua vida?
8. Escute agora sua consciência, pois esta é a voz de Têmis.

RITUAL

Execute este ritual na Lua Crescente ou Cheia. Acenda um incenso de jasmim ou lótus.
Deite suas cartas de tarot sobre o altar. Encha um cálice com vinho ou suco de uva e
coloque a sua frente e acenda duas velas roxas, uma de cada lado do cálice.

Erga a mãos sobre seus instrumentos advinhatórios e diga:

Deusa da Lua e da Magia,


Deusa dos Mistérios,
Mostre-me à resposta que venho buscando,
Revele-me todos os destinos.
Beba três goles da bebida. Embaralhe as cartas e deite-as da maneira que desejar. Após
terminar o processo divinatório, levante-se, erga os braços e diga:
Honra àqueles que me ajudaram.
Agradeço livre e sinceramente.
Sua orientação será para sempre apreciada e aceita.
Assim seja.

As velas não precisam queimar até o fim, podendo ser reutilizadas para outros rituais
divinatórios.

"O direito não é justiça, porque o direito é um elemento de cálculo, enquanto que a justiça é
incalculável."

NÊMESIS, A DEUSA DA VINGANÇA


Nêmesis era a deusa do destino e da fúria divina contra os mortais que desrespeitavam leis
morais e tabus. Representava a força ríspida e implacável, que não estava submetida aos
ditames do Olimpo. Suas sanções tinham a intenção de deixar claro aos homens, que
devido a sua condição, não poderiam ser excessivamente afortunados. Ela castigava
aqueles que cometiam crimes e ficavam impunes e recompensava aqueles que sofriam
injustamente ou não tinham boa sorte.

Foi Nêmesis que castigou Narciso, depois que numerosas donzelas desiludidas pelo belo
jovem clamaram por vingança aos céus. Um dia, ao sair para caçar, a deusa provocou um
calor tão forte que Narciso teve de aproximar-se de um arroio para beber água. Ao ver seu
reflexo no espelho d'água, ficou deslumbrado com a imagem e ali ficou, contemplando-se
até morrer.

Nêmesis era tão bonita e atraente quanto Afrodite e Zeus apaixonou-se por ela. Zeus a
perseguiu incansávelmente tentando fazê-la sua, mas a deusa para evitar seu abraço
metamorfoseou-se de mil maneiras. Em uma delas, transformou em gansa, mas Zeus
metamorfoseou-se de cisne e conseguiu seu intento. Do fruto dessa união, a deusa colocou
um ovo que foi recolhido por pastores e entregue por eles à Leda. Esta é uma das versões
da origem de Helena.

Na mitologia mais recente, Nêmesis aparece como uma figura monstruosa, furiosa e
sedenta por vingança. Nos tempos antigos, porém, ela era representada por uma mulher
alva alada que punia todos que transgrediam as regras morais e sociais impostas por
Themis, a deusa da justiça. Ao contrário das Erínias, o poder de Nêmesis não era
retaliador, mas sim de restabelecimento da ordem justa, tirando a felicidade ou riqueza
excessiva dadas por sua irmã Tyche. Nêmesis, em seu aspecto de Adratéia (a inevitável),
era representada com uma guirlanda na cabeça, uma maçã em sua mão esquerda e um
jarro na direita.

A existência de uma deusa da vingança encontra sua explicação na cosmovisão que tinham
os gregos, para quem o equilíbrio era o mais importante. Quando esse se rompia, se punha
em perigo a ordem das coisas, por isso era necessário o castigo para manter o mundo tal
como deveria ser. Para exemplificar, temos o caso de Creso, um homem muito rico e feliz,
que foi levado por Nêmesis a uma perigosa expedição onde deveria vencer Ciro. Esta ação
termina a total ruína de Creso e o estabelecimento de uma nova ordem.
A cólera de Nêmesis era dirigida contra quem viola a ordem, especialmente a ordem da
natureza, e desrespeita a lei e a norma naturais. Sobre tais pessoas desfecha ataques,
rebaixando ao máximo os poderosos e esvaziando os inflados. Os desastres e as tragédias
que nos acontecem devido à inflação arquetípica são trabalho de Nêmesis, e ela serve para
nos reconduzir ao contato com as devidas proporções humanas e à adequada modéstia,
por vezes fazendo-nos tropeçar, ou ter sonhos horríveis, ou instilando-nos medos
irracionais de fracassar, ou até inaugurando um tique nervoso delator que assinala o
aparecimento de aprumo e perfecionismo. A raiva justiceira e justificada de Nêmesis ataca
o ato de transpor um limite e defende a lei e a norma da natureza.

Nêmesis interveio em muitas histórias, com a intenção de manter o precioso equilíbrio


grego. Eles almejavam constituir uma sociedade ideal, regida pelo princípio de
permanente justiça.

Uma vez que os seres humanos se rendem frente a torpe formalidade de suas leis, Nêmesis
toma a materialidade da ética e torna-se real em nosso mundo atual. Ética é um conjunto
de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas. Nêmesis, nos coloca
aqui de volta a um campo que para nós é conhecido como sociologia.

Nêmesis, era portanto, a Deusa da Ética. A ética foi o cimento que construiu a sociedade
grega. Os gregos já tinham conhecimento de que, se existisse um sentimento profundo
ético, a sociedade se manteria bem-estruturada e organizada; quando esse sentimento ético
se rompia, ela começava a entrar em crise autodestrutiva.

Nêmesis nos põe em contato com uma unidade perdida e a possibilidade de vislumbrar um
horizonte de integração normativo desde a reflexão e a ação.

Toda a violência que vivenciamos hoje é causada pela desvalorização da vida. Quanto vale
uma vida hoje, você sabe? Podemos perdê-la em um assalto, ou mesmo andando
calmamente pela rua e nos depararmos com uma bala perdida. Podemos perdê-la até em
uma discussão de trânsito ou com um vizinho armado. Há muitos anos, a vida não tinha
preço e não se podia matar uma pessoa, exceto em legítima defesa. Matar em legítima
defesa corresponde a um ato extremo diante de uma ameaça à própria vida, entre a sua
vida e a da outra pessoa, você protege a sua. A defesa da vida é um valor universal.

Nêmesis vêm nos alertar que vivemos hoje nossa fome de ética. Não uma fome de
moralidade nem de moralismo, mas uma fome de ética. Esta deusa estava atuante quando
o Presidente Color foi eleito, mas infringiu a ética. Roubou, mentiu, traiu os valores de
nossa sociedade. Portanto, mereceu o justo castigo de Nêmesis, que foi o "impeachment",
com o seu conseqüente afastamento do cargo de Presidente.

A Deusa Nêmesis pode solucionar e resolver problemas interpessoais, desde que não
sejamos nós mesmos as suas causas. Se estivermos contribuindo para o desequilíbrio, ela
se afastará e fará com que nós o solucionemos. Portanto, antes de chamar por Nêmesis,
certifique-se que você realmente aceita sua parcela de responsabilidade.

ENCONTRANDO-SE COM NÊMESIS (Lua Nova)


Para este ritual você só precisará de uma vela preta untada de patchuli.

Trace o círculo e acenda a vela preta no meio dele. Sente-se sobre suas duas pernas e eleve
os braços em "Y". Combine então visualização com respiração prânica (técnica de Yoga).
Chame a Deusa, dizendo:
Nêmesis, Deusa da ética,
Que trama o destino dos homens,
Oriente-me, Guia-me!
Ajuda-me com soluções,
Livra-me do peso dos meus problemas
Traga-me a harmonia e o equilíbrio
Desembarace o fio de minha vida
Me reabasteça com sua sabedoria
Eu lhe peço com sinceridade!

Visualize uma mulher alada que descerá no meio de seu círculo. Ela sentará em frente a
você e lhe perguntará qual sua parcela de responsabilidade nos problemas de sua vida.
Relate os fatos e assuma seus erros, revelando-lhe que deseja mudar com o seu auxílio.

Diga que não quer enfrentar tudo sozinha, que precisa de sua presença para estabelecer o
equilíbrio e a paz de volta em sua vida.

Escute com atenção o que Ela lhe dirá, mas contemple tudo com lógica. Se a Deusa lhe
expor soluções drásticas e dolorosas, não se preocupe, pois a partir daí, poderá tomar
atitudes alternativas.

Ao terminarem a conversa, agradeça a Deusa e pergunte se pode chamá-la outras vezes.


Ela flutuará novamente no céu e se fundirá com o lado escuro da Lua.

Feche o círculo e apague a vela.

ARADIA, A RAINHA DAS BRUXAS

Aradia de Toscano, nasceu em 13 de agosto de 1313 em Volterra, Itália. Aradia era filha
de Deusa Lunar Diana, sendo responsável pela perpetuação de seu culto. Alguns
historiadores dizem que seu pai poderia ter sido Apolo, Lúcifer ou Dianus.
Ela viveu entre os escravos que conseguiram escapar das garras dos senhores, nos montes
de Alban e florestas perto do lago Nemi, na Itália. Aradia ensinou-lhes a Antiga Religião e
pregava o amor pela liberdade. Além disso, trouxe esperança para os camponeses que
eram explorados pela classe mais rica. Aumentou-lhes a auto-estima, deu-lhes o devido
valor e ensinou-lhes a terem respeito por si próprios. Aradia colocou-os em harmonia com
a natureza através de seus ritos sazonais e rituais da Lua Cheia.
A Igreja Católica a perseguiu como "Rainha das Bruxas" e colocou-a na prisão. Lá foi
torturada e sentenciada à morte. No dia da execução, não foi encontrada em sua cela.
Tinha escapado milagrosamente e voltou a ensinar sua religião ao povo.
Quando presa novamente pelos soldados, falou ao padre:

-"Você só traz a punição para àqueles que se livraram da Igreja e da escravidão. Estes
símbolos e roupa de autoridade que veste, só servem para esconder a nudez que nos faz
iguais. Você diz que serve a um deus, mas você serve somente a seus próprios medos e
limitações".

Acabou presa desta vez, por heresia e traição. Sentenciada novamente à morte, outra vez
escapou.
Retornou a seus seguidores e revisou todos seus ensinamentos Por fim, deixou-lhes a
"Carga da Deusa", onde descreve minuciosamente todos os rituais. Instruiu também, seus
seguidores para recordá-la compartilhando vinho e bolos nos cerimoniais sagrados.
Prometeu, que todo aquele que clamasse por Diana, sua mãe, e por ela, receberiam muitas
graças e seriam abençoados.
Em seguida partiu para o leste.
Após a partida de Aradia, os covens foram dispersos pelos inquisitores. Eram eles:
Janarric (mistérios lunares), Fanarric (mistérios da terra) e Tanarric (mistérios estelares).
Estes grupos são consultados ainda hoje como às Tradições da Tríade.
Em 1508, Bernardo Rategno, um inquisitor italiano, documentou um volumoso acréscimo
no número de seitas de bruxaria começados no ano de 1350. Correspondia exatamente
com o período que Aradia encontrava-se na Itália, ensinando a Antiga Religião.
Aradia era a doutrinadora da Antiga Religião da Deusa e também a protetora das bruxas.
Era uma deusa intelectualizada com a chama de uma Amazona em seu interior. É uma
deusa associada com a Lua Cheia, apresentando o espírito de uma "Donzela", somada à
habilidade e presteza herdada de sua mãe Diana e também a sabedoria de uma "Anciã".
Aradia é um símbolo para as bruxas atuais. Através de seus ensinamentos nós nos
transformamos e nos unimos ao céu, a terra, à lua e ao universo.

A CARGA DA DEUSA

Em 1899, Charles Godfrey Leland publicou pela primeira vez "Aradia, Gospel of The
Witches" (Aradia, O Evangelho das Bruxas), um pequeno livro sobre a bruxaria italiana
remanescente. Nele ele traz a Carga da Deusa, a qual se tornou uma parte padrão dos
rituais de Wicca atuais. Essa Carga ainda é usada de modo original, mas vem sendo
cuidadosamente refinada para a utilização moderna. Doreen Valiente reescreveu uma bela
versão. Starhwk traz outra versão em "The Spiral Dance"; Jabet e Stewart Farra têm
outra em "Eight Sabbats For Witches". Mesmo o escritor de ficção Andre Norton oferece
uma versão da Carga em seu livro "Moon Called"
A Carga da Deusa oferece antigas instruções de quando encontrar e o que esperar das
energias e poderes lunares. Ninguém sabe ao certo o quão velho a Carga realmente é.
Leland achava que era uma parte autêntica de um ritual secretamente preservado por
seguidores pagãos da região mediterrânea.
Começa com "Ouça as palavras da Grande Mãe, que no passado se chamava Ártemis,
Atena, Diana, Cerridwen...". Segue-se uma lista de deusas lunares. Prossegue: "Sempre
que necessitar de algo, uma vez por mês, e melhor será quando a Lua estiver cheia, você
deverá reunir em algum local secreto...". A Carga promete que a celebração da Deusa
livrará o devoto da escravidão de outros povos e às leis cristianizadas, e que a Deusa
ensinará a seus seguidores seus segredos místicos.
Cada "coven", grupo e indivíduo podem ter uma versão levemente modificada da Carga
da Deusa, geralmente uma compilação e reestruturação de outras versões. Eis aqui uma
delas:
"Ouçam as palavras da Grande Deusa, que em outras eras era chamada de Ártemis, Diana,
Astarte, Ishtar, Afrodite, Cerridwen, Morrigan, Freya entre muitos outros nomes.
Sempre que necessitarem da Minha ajuda, reúnam-se em um local secreto, pelo menos uma
vez por mês, especialmente na Lua Cheia. Saibam que Minhas leis e amor os tornarão livres,
pois nenhum homem pode proibir seu culto a Mim em suas mentes e em seus corações.
Prestem atenção a como vocês chegarão à Minha presença, e Eu lhes ensinarei profundos
mistérios, antigos e poderosos. Não exijo sacrifícios, nem dor em seu corpo, pois Sou a Mãe
de todas as coisas, a Criadora que os criou a partir de Meu amor, e Aquela que dura através
dos tempos.
Sou Aquela que é a beleza da Terra, o verde das coisas vivas. Sou a Lua Branca cuja luz é
plena entre as estrelas, e suave sobre a Terra. Que Meu alegre culto esteja em seus corações,
pois todos os atos de amor e prazer são Meus rituais. Vocês Me vêem no amor de homem e
mulher, pais e filhos, entre humanos e todas as Minhas criaturas. Quando vocês criam com
suas próprias mãos, lá estarei Eu. Eu sopro o sopro da vida nas sementes que plantam, seja
uma planta ou criança. Estarei sempre a seu lado, sussurrando palavras ternas de sabedoria
e orientação.
Todos os que buscamos Mistérios devem vir a Mim, pois Eu sou a Verdadeira Fonte, a
Guardiã do Caldeirão. Todos os que buscam Me conhecer sabem disso. Toda a sua busca e
seus anseios são inúteis a não ser que conheçam o Mistério: pois se o que buscam não
conseguem achar em seu interior, não o conseguirão no exterior. Portanto, atentos, estou
com vocês desde o princípio, e os recolherei ao Meu seio ao fim de sua existência terrena."

A carga deve ser lida no início de um ritual. Escutá-la ou pronunciá-la auxilia a todo
seguidor devotado abrir as portas ao inconsciente coletivo.
O arquétipo da Grande Deusa, em seus três aspectos lunares, superou perseguições,
ridicularizações, tentativas de usurpar seus poderes e abandono. Nenhum ser humano ou
leis religiosas podem evitar que as emoções, mentes e corpos dos humanos (homem e
mulher) respondam a Seu símbolo, a Lua. Individualmente, devemos seguir a trilha do
raio de luar que leva à secreta porta interna de Sua antiga sabedoria. Devemos aprender a
ter consciência das fases e dos fluxos de energia da Lua; devemos entender como as
energias da Lua fluem através do ano lunar.
Quando pudermos fazê-lo, teremos a chave para a porta interior.

RITUAL

Este ritual deve ser realizado no início de um novo projeto, ao iniciar um novo caminho
espiritual, desejando realizar uma viagem de estudos, ou almejando um novo trabalho. O
ritual deve ser realizado na Lua Cheia.
Sua guia espiritual para este ritual é a Deusa Aradia. Este é um ritual de meditação. Você
necessitará o desenho do Espírito de Aradia (figura acima) e uma vela branca.
Trace o círculo e chame os quatro elementos. Sente-se confortavelmente em frente ao
altar. Comece focalizando seu projeto novo e o que ele significa para você. Olhe para o
desenho do Espírito de Aradia fixamente. Relaxe e volte e respirar profundamente.
Quando estiver bem relaxada, feche os olhos. Você estará em frente a uma cerca viva
extremamente alta. Procure uma abertura e entre. Você andará até um ponto e
encontrará um cruzamento que terá uma entrada para esquerda e outra para direita.
Você está dentro de um labirinto. Pare neste ponto sem se alarmar, pois da intersecção dos
dois caminhos surgirá uma jovem mulher. Logo você identificará que é Aradia. Ela vai
aproximar-se e perguntará a você o que deseja. Converse com ela a respeito de seus
planos. Abra-se honesta e livremente. Compartilhe com Ela suas esperanças de alcançar o
que deseja e peça que lhe ajude a dar cada passo deste novo caminho. Depois de falar tudo
que deveria, ofereça-lhe um presente (deposite um pedaço de bolo na terra, ou qualquer
outra coisa).
Agradeça os momentos maravilhosos compartilhados com Ela e peça-lhe para que a leve
para fora do labirinto. Retorne ao círculo e medite por um bom tempo sobre esta sua
jornada. Foi o que você esperava? Fique dentro do círculo quanto tempo necessitares.
Agradeça tudo de bom que tem recebido. Feche o círculo e dê por encerrado o ritual.

OS ENCANTOS DA DEUSA CIRCE


Circe, figura legendária da mitologia grega, é retratada como filha de Hélio, deus-sol e da
ninfa Pérsia. Por ter envenenado seu marido, o rei dos sármatas, que habitava o Cáucaso,
foi obrigada a exilar-se na ilha de Eana, localizada no litoral oeste da Itália.

O nome da ilha"Eana", s