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60 OAR
61 e Meteorologia
lO Geografia fantástica
64 e Furacões
66 e Clima do mundo
14 Curiosidades
68 e Clima do Brasil
70 e Cartografia
20 Cartografia
71 e Questões e resumo

26 A TERRA 74 O ECOSSISTEMA
:zs e Relevo em movimento 76 e Vegetação do mundo
34 e Placas tectônicas 80 e Biomas brasileiros
36 e Relevo do Brasil 84 e Desmatamento
38 e Recursos minerais 86 e Cartografia
40 e Cartografia 88 e Questões e resumo
41 e Questões e resumo
44 AÃGUA
46 e Hidrosfera
50 e Bacias hidrográficas
do Brasil
51 e Uso da água
54 e Tsunami
56 e Cartografia
58 e Questões e resumo
SELO DE QUALIDADE
GUIA DO ESTUDANTE
O selo de qualidade acima, que você também
vê na capa desta edição, é resultado de uma
pesquisa realizada com 316 estudantes apro·
vados em três dos principais cursos da USP no
vestibular 2013. São eles:

� DIREITO, DA FACULDADE DO
LARGO SÃO FRANCISCO;
� ENGENHARIA, DA ESCOLA POLITÉCNICA; e
� MEDICINA, DA FACULDADE DE MEDICINA
DA USP

104 QUESTÕES @ 7 e m cada 10 entrevistad os


AMBIENTAIS
na p e s q u i sa u s a ra m m aterial
do G U I A DO ESTU D A N TE
106 e Ecologi a
d u rante s u a p r e p a ração para o
108 e Aq u ecimento global v e st i b ular
110 e Co nserv ação
112 e C a rtog rafi a @Dos entrevi stados q u e
114 e Questões e resumo u t i l i z a ra m o G U I A D O
E S T U D A N TE:
82% d i ss e r a m q u e o m aterial
aj uda ou aj udou m u i to na
p re p a ração
116 R aio X Mundo
go O HOMEM g8% recom endam o g u i a para
o u t ros est udantes
1 26 R aio X Brasil
e Guiado
92 e Po pu l ação
94 e P roblemas u rb anos
132 Divirta-se Estudante
100 e Carto g r afia
102 e Questões e resumo
134 Simulado
TESTADO E APROVADO!
146 Coordenada final A pesquisa quantitativa por meio de entrevista
pessoal foi realizada nos dias 18 e 19 de fevereiro
de 2013, nos campi de matrícula dos cursos de
Direito, Medicina e Engenharia da Universidade de
São Paulo (USP) .
. Universo total de estudantes aprovados nesses
cursos: 1455 alunos
. Amostra utilizada na pesquisa: 316 entrevistados
. Margem de erro amostrai: 4,9 pontos percentuais

ILUSTRAÇÃO DE CAPA:45 JUJU BAS


AGRADECIMENTOS: PATRfCIA HARGREAVES (REVISTA MUNDO ESTRANHO) E DENIS RUSSO BURGIERMAN (REVISTA SUPERINTERESSANTE)
PLANETA VIVO A
s i m a g e n s d a s u p e rf íc i e te rrestre e
d e seus fe n ô m e n os natu rais não n os
cansam de su rpree n d e r. Em constante
transfo rmação, a geografia do p l aneta exibe
I MAGENS I N CRÍVE I S CAPTAM A D I V E R S I F I CADA uma p ro f u são de cores e form as. C o n f i ra a
segu i r fotos q u e flagram toda a exuberância
GEOGRAFIA DO GLO BO E S E U S F E N Ô M E N OS NATU RAIS d o planeta e d e seus variados cenários.

10 � G E OGRAFIA VESTIBULAR 2015


FORÇA E EXPLENDOR
Na foto maior, à esquerda, uma supercélula- um tipo
de tempestade gigante que provoca fortes chuvas e
ventos - se forma em Sanford, no estado do Kansas
(EUA). Esse fenômeno costuma atrair fotógrafos
ávidos por captar sua perigosa beleza.
Na imagem menor, um raio atinge um monte na
cidade de Tucson no Arizona (EUA). Abaixo, uma foto
aérea, há 550 quilômetros da superfície terrestre,
flagra uma tempestade de areia sobre o Mar
Vermelho, na costa da Arábia Saudita. O fenômeno é
comum nessa vasta área devido à existência de um
estreito vale que corta uma cadeia de montanhas,
facilitando a formação de correntes de vento

[1] ROGER HILLJSCIENCE PHOTO LIBRARV (2] KE1TH KENT/SCIENCE PHOTO LIBRARY (3] NASA GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 11
GELO E FOGO
A imagem acima mostra um
iceberg na costa da Groenlândia.
Trata-se de um bloco gigante de
• gelo, formado a partir da água
doce, que se desprende das
geleiras e flutua pelos oceanos.
Ao lado está um lago de lava
formado na cratera do cume do
Nyiragongo, um dos vulcões mais
ativos da Atrica. Localizado no
Grande Vale do Rift, na República
Democrática do Congo, o vulcão
já entrou em erupção pelo menos
34 vezes desde 1882, ameaçando
a cidade vizinha de Goma r21

12 -7 GEOGRAFIA VESTIBU LAR 2015


[3[

TEXTURAS, CORES E CONTORNOS


Acima, a bela imagem sugere o paraíso na Terra, mas
trata-se de um lugar extremamente perigoso. A cratera
vulcânica de Dallol, na Etiópia, registra temperaturas
de go •c e é formada por montanhas de sal, lagos de
enxofre e gêiseres com gases venenosos. Ao lado, o
Mar Negro, próximo à costa da Rússia, exibe uma vasta
mancha formada por fitoplânctons- um conjunto
de organismos vegetais microscópicos que flutua na
superfície do mar. Abaixo, o Fire Wave, localizado no
Parque Estadual do Vale do Fogo no Nevada (EUA) .
Sua formação de arenito, esculpida durante a era dos
dinossauros, cria um efeito impressionante, com suas
camadas em vermelho e branco

[1] FRANS LANTING, MINT IMAG E S / SCIENCE PHOTO LIBRARY [2] REBECCA BLACKWELL/AP PHOTO
[3] DR. RICHARD ROSCOE/VISUALS UNLIM ITED, INC. /SCIENCE PHOTO UBRARY [4] NASA {5] BILDAGENTUR·ONLINE/MCPHOTO·SCHULZ/SCIENCE PHOTO LIBRARY G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 13
14 � GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015
G EOGRAFIA VESTI BUlAR 2015 � 15
PO RQU E
A ÁGUA
DO MAR É
SALGADA?

D
u rante centenas de m i l hões de anos,
a c h uva foi formando os rios - q ue,
por sua vez, d issolveram rochas d e
d i ferentes períodos geológicos, nas q uais o
sal comum, cloreto de sód io (NaCI), é encon­
trado em abundância. Como todos os cu rsos
de água correm para o oceano, os mares
ficam com quase todo o sal dissolvido nesse
processo. Além d isso, as partículas de cloro
e de sódio suspensas na atmosfera também
são levadas pela c h u va, c o m pleta n d o o
p rocesso . A i n d a assim, a sali nidade de uma
massa de água depende principalmente d e
s u a taxa de evaporação, q u e acaba determi­
nando a concentração do sal . É por isso que
lagos e açu d es podem tornar-se salgados
em regiões de m u ito cal o r, como ocorre n o
nordeste brasile i ro . P o r essa mesma razão,
caso, a os mares equatoriais são mais salgados que
altura da linha laranja os polares. Os mais salgados do planeta são
deverá ser subtraída da o mar Morto, no i nterior da Ásia, e o Medi­
altura da linha verde
Como a superfície terrestre é cheia de terrâneo. O menos salgado é o mar Báltico,
altos e baixos, é preciso confirmar se no norte da E u ropa, q u e, por causa de seu
a montanha começa abaixo ou acima baixo teor de sal, c hega a ficar congelado
do elipsoide. Para medir a altura entre d u rante o i nverno.
o início do morro e o ponto utilizado
como referência pelos satélites (linha
laranja), é usada uma representação
do nível do mar da Terra, chamada
de geoide

3
RESULTADO FINAL
A altitude real do pico deve
considerar a altura desde o
começo da montanha,
o geoide, até o pico
(linha amarela)

16 -? GEOGRAFIA VESTI B ULAR 2015 [ 1 ] [ 3 ] LUIZ I RINREVISTA M U N D O ESTRANHO [2] ACACIA CORREA
CO M O S E FO RMA O ARCO-ÍRI S?

A
mitologia grega d i ria que ele apare­ PRISMA NATURAL
ce sempre que a deusa I ris deixa u m Chuva e umidade do
rastro colo r i d o n o céu, para trans­
mitir aos h o m ens as mensagens d e Zeus,
ar favorecem o belo
fenômeno
1 Dentro da gota d'água ou de
vapor, o raio solar passa por uma
refração- ou seja, divide-se na�
SOL
o todo-poderoso do Oli m po. A exp l i cação sete cores que compõem a luz
branca

://
científica é bem menos românti ca. O arco­
·íris su rge q uando o Sol ilum i na a um idade
Cada onda colorida é desviada
suspe nsa n o a r, após uma c h u varada, por
exe m plo. Q u a n d o um raio bate na borda
2 em um ângulo diferente,
de acordo com sua velocidade
de propagação
de uma got i n h a d 'água o u de vapo r, a luz "' .
ra1os so I ares
branca d o Sol é d esviada e se decom põe

3
Os raios coloridos são refletidos
nas sete cores q u e compõem seu espectro:
na borda do fundo da gota
ve r m e l h o, laranja, a m arelo, verd e, azul,
anil e violeta. É o m esmo efeito do prisma,

4
Ao sairem da gota, os raios são
q u e a p r e n d e m os n a escola: cada c o r é
desviados mais uma vez.
refletida em u m ângulo d i fe re nte e m ud a O efeito é igual ao de uma lente
d e d i reção ao reto rnar para a atmosfera. -- gota d'água de aumento
A cor vermelha é a q u e se propaga m ais
5
O espetáculo acaba quando o Sol
rapidamente, formando a faixa s u pe r i o r muda de posição ou quando um
do arco-íris. A violeta, a mais lenta, aparece vento forte dissipa a umidade
na parte i nferi or. do ar

QUAL É O E L E M E NTO QU ÍM I CO MAI S


ABU N DANTE N O U N I VE RSO? E NA TE R RA?

O
I NGREDIENTES PLANETÁRIOS h i d rogê n i o está p resente e m 93% d os áto­
Três elementos químicos mos d o cosmo . Esse ele m e n to q u í m i c o to­
formam, juntos, mais m o u c o n ta do U n i v e rso p o r causa d e sua
de So% dos átomos s i m p l i c i d ad e : e m um áto m o de h i d rogê n i o, há um
da Terra ú n ico p róton no n ú c l eo, q u e, por sua vez, é rodeado
por apenas u m elétron . Os 7% dos átomos restantes
no espaço afora são p raticam e n te todos de h é l io. A
s o m a d o s o u tros ele m e n tos q u í m i cos c o n h e c i d os
não c h ega n e m p e rto d e 1%.
Na Terra, porém, a h istó ria é bem d i ferente. Nosso
p l a n eta é f e i to bas i ca m e n t e d e ele m e n tos m a i s
pesad os, com m u itos p rótons n o n ú cleo, coisa rara
n o resto d o cosmo . O m a i s a b u n d ante p o r aq u i é o
o x i gê n i o, q u e res p o n d e p ela m etad e dos áto mos
do plan eta. Em segu n d o lugar, vem o ferro e, e m
tercei ro, o silício - t o d o s e l es e l e m e n tos i ns i g n i ­
f i c a n tes na grande escala u n iv e rsal.

[3[ G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 17


OQU E É U MA
FR E NTE FRIA?

E
,
o l i m i t e q u e s e p a ra d u as N o B rasil, as regiões mais ati n- 1
massas de ar - u m a q u e n te, gidas pelo fenômeno são a Sudeste '
q u e p e r d e espaço, e o utra e a Sul, onde também podem ocor-·'·
·
fria, q u e avança. Trata-se de u m rer geadas. Isso acontece p o rq u e:
mecanismo n at u ral d a atm osfera na América d o S u l, a maioria d as
para compensar d iferenças de tem­ fre n tes f r i as se ori g i n a n as lati·
peratu ra no planeta . Avançando tudes m é d i as, ao extre m o sul dÇl
com velocidades d e até 30 km/h, conti n en te. Com seu avanço, con:
o ar frio e seco, mais d e n so, e m­ tudo, as frentes perdem energif. e
p u rra a m assa q u ente e leve para velocidade, e o contato com o sblo
c i ma . Se h ouver u m idade suficien­ q u e n te reduz o frio das m assas·d.�
te, a passagem d a fre n te causará ar. Por isso, é tão raro u m a frent�"
·
c h u vas i n t e n sas, c o m d i re i to a fria chegar até o N o rd este . f .•
Frente$ frias- como a
· repre�éniattà pe!� inassa branca
g ra n i zo, raios e t rovões . M as as Não é possível evitá-las, m as )á sobre os estados· de São Paulo e
mais severas podem provocar que­ dá para se preparar m el h o r para · do Rio de janeiro- ·

d as d e até 10 oc em a p e n as u m a essas baforadas geladas. Hoje, a me­ são te.sponsáveis por fazer
despencar a temperatura nas
h o ra - c o m o b e m s a b e q u e m j á teorologia co nsegue p rever c o m regiões por onde passam
a m al d i ç o o u u m a frente f r i a p o r cerca de ci nco d ias de antecedência
ter a rr u i nado o f i m d e semana. a chegada de uma frente iria ao país.

PO R QU E A D I R EÇÃO DOS VE NTOS


M U DA N O D ECO R R E R DO D IA NA COSTA?

E ( ( (
sse fe n ô m e n o é e x p l i c a d o p o r d o i s fatores relac i o nad os: a d i fe­ BRISA MARÍTIMA
r e n ç a de tem perat u ra e n t re o mar e o c o n ti n e n t e e o fato de o
ar sem p re se d e s l o c a r d o p o n to o n d e a p ressão atmosfé r i ca é
m a i s a l ta p a ra aq u ele n o q u al ela é m a i s bai xa. N o d e c o r rer d o d i a, o
co n t i n e n te e o m a r r e c e b e m a m e s m a q u a n t i d ad e d e rad i ação solar.
Aco n te c e q u e, p o r razões q u í m i cas, a t e r ra esq u e nta m a i s ráp i d o d o mar frio
q�e a água . É a í q u e e n t ra o fator p ressão atm osfé r i ca . C o m a tem pe­
ratu ra m ais alta d a ter ra, o ar s o b re ela fica m a i s a q u e c i d o, t o r n a n d o
a p ressão atmosférica m e n o r q u e a sobr e o o c e a n o . C o m isso, c r i a-se

( ( (
u ma e s p é c i e de co rred o r de v e n to do mar para a t e r ra: a refrescante BRISA TERRESTRE
b risa m aríti m a ( veja ao lado).
À n o i te, a s i tu ação se i n ve rte: as águas retêm cal o r p o r m a i s t e m ­
po, e o m a r d e m o ra m a i s p a ra resfr i a r. Ass i m, o a r so bre o o c e a n o
f i c a m a i s q u e n t e e a p ressão a t m o sfér i c a, m a i s baixa . Daí, c o m o a
pressão s o b re o c o n t i n e nte é m a i s elevada, os v e n tos se d ir i g e m d o mar quente
con t i n e n te para o m a r.

18 � G EOGRAFIA VESTIBUlAR 2015 [1] SAM HART [2] jANOUARI SIMOES


COM O NASCEM OS RIOS?

E
les surgem, s o b retu d o, p o r causa d a ação das águas d a c h uva.
Parte d elas se i n f i ltra pelas áreas mais permeáve is e o u tra parte
escorre pela su p e rfíc i e em d i re ç ão aos terre n os m a i s b a i xos,
f o r m a n d o p e q u e nos fi letes q u e, à m e d i d a q u e se j u n tam, criam f i o s
m a i o res, p e q u e nos r i a c h os e , f i n a l m e n t e, r i o s . A á g u a s e i n filtra n o
so l o e p e n etra a t é a s camadas i n f e r i o res, form a d as d e roc has i m p e r­
m eáveis, e lá c o n t i n u a se m o v i m e ntando su bterraneamente confo r m e
a i n c l i n ação d a c a m a d a roc h osa. M a i s ad i a n te, e n tão, e l a reto rna à
s u p e rf íc i e, tam bé m a l i m e n tan d o os r i os.
Há também aq u eles q u e têm sua origem do d e rret i m e n to das n eves
acu m u ladas n o c u m e das m o n ta n h as: é o caso do Amazonas, q u e, além
d as águas d a c h uva, é formad o por n eve d e rretida dos p icos da cord i­
l h e i ra d os A n d es.
N ovos aflue ntes podem aparecer q uando, pela ação de terremotos ou
vulcões, o relevo de u m a paisagem é alterado, s u rgi n d o n ovas e l evações
ou d e pressões - e, com el as, camin hos alternativos para a água escorrer.

outro grande rio amazônico, o Solimões-,


i m pedindo q u e ass u m a cor barren ta. N o
encontro entre esses dois rios, que se ju ntam
para formar o Amazonas, o contraste fica
evidente: ao longo de 6 q uilômetros, as águas
escu ras d o Negro correm ao lado do caudal
marrom do Solimões. Os volumes demoram a
se misturar porque há diferenças de tempera­
tura e de velocidade nas correntezas dos rios.
Enquanto as águas d o Negro marcam 22 oc e
oorrem mansas, a 2 km/h, o Solimões avança
eom uma temperatura d e 28 oc.
confluência, o Amazonas passa a
barrentas como as d o Soli mões-
O Coordenadas geográficas
Para determinar qualquer ponto da superfície terrestre com
precisão, criou-se um sistema que "quadriculou" o planeta por meio do

O FASCI NANTE estabelecimento de duas coordenadas geográficas:

Os meridianos são linhas imaginárias verticais que cruzam a Terra


U N IVERSO

no sentido norte-sul, de um polo ao outro do globo.

DOS MAPAS ·Os paralelos são linhas imaginárias horizontais, perpendiculares


aos meridianos, que cruzam a Terra no sentido leste-oeste.

No decorrer dos séculos, o homem foi Os meridianos nos indicam a longitude, que é a distância expressa
em graus entre uma região no mapa e o ponto zero - o meridiano
registrando todos os cantos do planeta
de Greenwich .
em mapas. Saiba como interpretá-los e
por que eles são tão úteis Os paralelos determinam a latitude, que também é expressa em
graus, e nos indica a distância entre um local no planisfério e o ponto
u d o começou q uando o homem

T
zero - a linha do Equador.
p ré-histórico passou a desenhar n o
i nterior d as cave rnas a localização Para visualizar uma localização específica de um ponto na superfície
d e seu e ntorno . Foi ass i m que s u rg i ram os terrestre, é só fazer o cruzamento do meridiano com o paralelo, como
primei ros mapas . A medida que o homem foi em um daqueles antigos jogos de batalha naval, e obter os dados de
con q u i stando novos espaços, cruzando ma­ latitude e longitude. Veja abaixo:
res e aprimorando as técnicas cartográficas,
os m apas se tornaram mais sofi sticados.
Hoje, com a aj uda de poderosos satélites,
até m e s m o as mais i nó s p itas regiões d o
planeta são reproduzidas com alta precisão.
C o m o passar d o s s é culos, os m apas
tive ram i m po rtan tes fu nções estratégi­
cas: aj u d aram a i m p uls ionar a expansão T��Qºt���----­
>
maríti mo-comercial eu ropeia n o sé cu lo XV
e atualmente são f u n damentais para q u e
EQUADOR
a s a d m i n istrações p ú blicas d esenvo lvam
p rojetos de o rganização territorial. Com
os mapas, é possível realizar variados ti­ -------------- _ ')..;�
__________

pos de levanta m e n to, seja ele polít i co,


socioeco n ô m i c o ou a m b i e n tal. Por isso, � /)

eles são i m p resc i n d íveis ao estu do da geo­
g rafia física e h u mana e à c o m p ree n são
dos principais temas que movem o mundo .
.
·........

Qualquer representação geométrica d a

O m eri d iano de Greenwich,


s u p e rfície terrestre, o u m e s m o d e parte
dela, pode ser considerada um mapa - desde Alinha do Equador, ponto de
o_desenho pouco apurado do homem p ré­ referência dos paralelos, é uma faixa que ganhou esse nome por passar pelo
equidistante dos dois polos. Ela divide o Observatório Astronômico Real britânico, na
-h istórico até o mais com pleto plan isfério planeta em porção norte, ou setentrional, cidade de Greenwich, na Inglaterra, divide o
produzido pela Nasa recentemente. Sejam e sul, ou meridional. As linhas que partem planeta em Ocidente e Oriente. A partir dele,
eles rudi mentares, sejam eles com plexos, é do Equador são divididas de zero a go graus as distâncias são contabilizadas de zero a 180
im portante ressaltar que os mapas possuem para as duas direções. A latitude de um graus, tanto para leste quanto para oeste.
lugar é determinada por sua distância em A longitude de um lugar é a sua distância
uma linguagem própria, com símbolos, indi­
relação à linha do Equador- quanto mais até o meridiano de Greenwich- quanto
cadores e representações q ue facilitam sua longe, mais alta é a latitude de um ponto. mais distante, maior será sua longitude.
i nterpretação. Con h eça mais os recu rsos A latitude de Brasília, por exemplo, é A longitude de Brasília, por exemplo, é de
util izados pelos cartógrafos para reproduzir 15"47'5- ou seja, a cidade fica a pouco mais 47"55'0- ou seja, Brasília está a cerca de
d i ferentes i nformações gráficas. de 15 graus ao sul da linha do Equador. 47 graus a oeste do meridiano de Greenwich.

20 c) G E O G RAFIA VESTIBULAR 2015


O Fusos horários COMO ERA ANTES
Em novembro de 2013, o Brasil passou a ter quatro fusos llh 12h Bh

ô ô G
horários, em vez de três. Com a medida, os fusos do estado
do Acre e de parte do Amazonas foram modificados (veja os
mapas ao lado).
Oficialmente, mudar os fusos é uma questão teórica.
A princípio, eles são determinados pelos meridianos,
linhas imaginárias traçadas de um polo a outro da Terra.
São 24 fusos, obtidos a cada 15' da esfera completa de 360'.
A divisão foi feita assim porque, em razão da rotação
da Terra, as várias porções da superfície terrestre são
iluminadas de forma diferenciada no decorrer do dia, que
tem 24 horas. Assim, cada um dos 24 fusos corresponde a
uma hora. O ponto de referência do horário mundial é a
hora de Greenwich (GMT), na faixa do meridiano que corta
a cidade de Greenwich, na Inglaterra - indo para leste,
Este mapa menor mostra
adianta-se o relógio; para oeste, deve-se atrasá-lo. como era antes, com os três
Mas, como os limites das linhas são uma convenção, fusos. Note que os estados
os fusos acabam sendo maleáveis. No caso do Acre e do do Amazonas e do Acre
Amazonas, por exemplo, o que se deu foi uma leve adaptação acompanhavam o fuso dos
estados de Roraima, Rondônia,
do meridiano. E essas mudanças ocorrem no mundo todo.
Mato Grosso e Mato Grosso
Em 2010, a Rússia, que, com sua vastidão territorial tinha do Sul.
n fusos horários, decidiu reduzir para "apenas" nove.

COMO É AGORA

lOh Bh
HORÁRIO DE VERÃO
Com a entrada n o h o rário de verão, o B rasil
mantém seus q uatro fusos, mas m u d a a d is­
e) G
posição d eles, pois as regiões Su I, S u d este e
Centro-Oeste adiantam o relógio em u ma hora.
O objetivo é aproveitar melhor a luz solar, já q u e
d u rante o verão, a o sul d a l i n h a d o Eq u ad o r,
o Sol n asce mais cedo e se põe mais tarde. A
med ida p rovoca u m a i m po rtante redução n o
consumo d e en ergia. Fernando de

l'SO'S n
l_gj
31'24'0
Atol das
i


0
Penedos de
S. Pedro e


S. P aulo(RN)

l'Sl'S � �3'6S'S
33'50'0 : 0

29'21'0

As regiões Sul, Sudeste e Nordeste, Com as alterações, o Brasil passa a


o Distrito Federal e os estados de Goiás, ter quatro fusos horários. No alto,
do Tocantins, Pará e Amapá acompanham os relógios mostram os diversos
o horário de Brasília Mato Grosso, horários quando é meio-dia em
Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima Brasília Note como Fernando de
e a maior parte do Amazonas têm uma Noronha e as ilhas oceânicas estão
hora a menos. Já um pequeno trecho do mais "adiantados" em relação aos
Amazonas e o Acre passam a ter duas a horários do Brasil continental:
*Em relação ao h o rário d e Greenwich menos que Brasília nessas regiões já são 13 horas.

G EOG RAFIA VESTIBULAR 2015 � 21


O Escalas cartográficas
Os mapas são representações reduzidas do espaço geográfico. Mas qual a correspondência exata entre o
tamanho real de uma área e sua reprodução cartográfica? Essa medida é indicada pela escala.

ESCALAS MAIORES E MENORES ESCALAS NUMÉRICAS E GRÁFICAS


Dependendo do que se deseja analisar, os mapas podem ser produzidos As escalas numéricas indicam a relação entre o espaço verdadeiro e seu
em escalas maiores ou menores. Os mapas feitos n uma escala menor nos correspondente no mapa por meio de uma proporção numérica. Se um mapa
permitem observar imensas áreas, como continentes, países e estados, indica a escala 1:1oo.ooo, isso significa que cada centímetro representado no
mas omitem os detalhes. Já nos mapas que têm uma escala maior podemos mapa representa 100 mil centímetros - ou 1 quilômetro - na superfície terrestre.
observar mais informações sobre determinado espaço, embora abranjam Já as escalas gráficas são mais objetivas e mostram quanto um pequeno trecho
uma área menor. Veja abaixo: indicado numa l inha graduada representa de fato no espaço real.

Jequié,
• Caetité
OCEANO
ATU.NT/CO

11'
Este mapa,
reproduzido numa
MINAS
GERAIS
escala pequena,
mostra o estado da
18' Bahia, com algumas

I
:1 �� ,�L,t .
de suas principais
cidades e rios, além ESCAlAl:S.OOO.OOO
dos estados que '\'
46' JB' fazem divisa. Jl'
Fontes: IBGE/Aneel

A escala gráfica indicada A escala numérica


neste mapa do estado nos indica que cada
de Sergipe mostra que o centímetro reproduzido
pequeno trecho indicado no mapa equivale
equivale a so quilômetros a 5 milhões de
nas dimensões reais. centímetros,
Com essa informação, ou 50 quilômetros em
temos uma noção mais dimensões reais.
clara das distâncias.
Podemos deduzir, por
exemplo, que a distância
entre Simão Dias e
Itabaiana é de cerca de
50 quilômetros.
Oceano
Atlântico

Já neste mapa, em escala maior, vemos em detalhe

I
a região metropolitana de Salvador. Nela é possível
observar todos os municípios que compõem a área.
t
I F---7.:. .
Note como a cidade de Salvador ganha contornos
... . mais bem definidos, enquanto no mapa anterior ela
aparece apenas como um ponto na região costeira.
Fonte:govemodaBahia

22 -7 G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


O Projeções
cartográficas
Ao criarem mapas, os
cartógrafos têm de enfrentar
o desafio de representar a
Terra, que é esférica, em uma
superfície plana. Para ter
uma ideia da dificuldade de
fazer essa transposição -
que está sujeita a várias
distorções -, no decorrer dos
anos surgiram mais de 200
tipos de projeção cartográfica.
As três projeções mais
conhecidas são a cilíndrica,
a cônica e a azimutal
(veja ao lado).

Na projeção cilíndrica, Na projeção cônica, Na projeção azimutal, o mapa


é como se um cilindro a representação é feita como se é construido sobre um plano
envolvesse a esfera terrestre e um cone envolvesse o planeta que tangencia algum ponto da
fosse então planificado. e depois fosse planificado. Essa superfície terrestre. Seu uso
Esse tipo de projeção projeção é utilizada para mapas mais comum é para melhorar a
representa com menos de latitudes médias, pois nessa visibilidade das regiões polares e
distorções as baixas latitudes. região a distorção é menor. de suas proximidades.

O o mapa da polêmica
Uma projeção cartográfica bastante conhecida, que figura em
vários atlas, é a cilíndrica. O fato de ser bem difundida, contudo,
não a livrou de polêmicas. É que, por se basearem em parâmetros
diferentes, duas das mais famosas projeções cilíndricas
representam o mundo de maneira bastante diferenciada.
A mais antiga foi criada pelo geógrafo e cartógrafo flamengo
Gerhard Kremer, o Mercator, ainda no século XVI. O ponto forte
da projeção de Mercator é a precisão nas distâncias, sendo
usada até hoje. Ocorre que esse modelo privilegia as formas dos
continentes, mas distorce as áreas. E essa distorção, que cresce
H--+--+-1-+-H, l
conforme aumenta a latitude, acaba resultando em grandes
deformações: a Groenlândia, por exemplo, que tem cerca de
2,8 milhões de quilômetros quadrados, aparece no mapa com
quase o mesmo tamanho da África, com seus mais de 30 milhões
de quilômetros quadrados.
Ao acusar a projeção Mercator de ser um instrumento
dos países ricos, ao norte, para colonizar as nações menos
desenvolvidas, ao sul, o alemão Arno Peters apresentou, em
1973, seu modelo de projeção cartográfica. Peters optou pela
proporção entre as áreas, chegando a uma representação em
que os países ao sul ganham mais destaque. Resultado? Estava
instalada a polêmica, com debates que perduram até hoje entre
os partidários de cada modelo.

G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 23


O Divisão política
VÁ R I O S É este recorte que dá
aos mapas a cara que mais

M A PAS) conhecemos: os continentes


divididos em países, os países
divididos em regiões e estas,
D I FE R E N T E S em cidades (veja, ao lado, os 35 países
do continente americano). Seu objetivo é

L E I T U RAS simplesmente demarcar os limites entre territórios,


que podem mudar no decorrer dos anos.
As fronteiras entre os nações, por exemplo,
Veja como as diversas formas de sofreram muitas mudanças no decorrer da
história. As atualizações do mapa-múndi atingiram
representar o espaço geográfico
número recorde no século XX, por causa do
podem alterar o modo como
turbilhão de eventos ocorridos no período, como
enxergamos o planeta o desmembramento da ex-União Soviética,
que deu origem a outros países. A mais recente

R
e p resen tação: é essa a i d e ia q u e alteração no mapa político ocorreu em 2011, com
n o rteia a c o n stru ção d e u m mapa. o desmembramento do Sudão, que deu origem ao
Ocorre q u e, obviamente, o tamanho Sudão do Sul. Em suma, aparecer ou não no mapa
e a com p l e x i d ad e d o planeta n ão cabe m significa ter a própria existência reconhecida pelo
n o p a p e l . D esse m o d o, é p re c i s o fazer resto do mundo.
esc o l h as p a ra c o nseg u i r m ostra r, n u m
espaço tão restri to, o m áx i m o d aq u i l o
q u e c o m p o rta o m u n d o real.
Dessas escolhas é que resultam as d iver­
sas maneiras de representar um território,
que pode se dar com base em focos variados,
como seus aspectos físicos, p o l íticos o u
culturais. Cada u m desses recortes, p o r sua
vez, abarca outras subdivisões. A representa­
ção física do planeta, por exemplo, engloba O Divisão socioeconômica
mapas de hid rografia e relevo, entre outros. Este recorte - que comporta várias
Todas essas d ivisões são i m portantes tanto subdivisões - permite enxergar as
por seu caráter teórico, ao facilitar o estudo características de uma região pelas atividades
de uma área, q uanto pela aplicação prática econômicas lá desenvolvidas e pelo nível
d esse conheci mento, ao nortear a i m plan­ de desenvolvimento social de cada região.
tação de políticas de saúde ou ambientais. O que determina a escolha de cada critério
Entretanto, com tantas possibilidades, é é o objetivo que se deseja atingir. Para
preciso atenção na hora de ler os mapas e compreender as relações comerciais entre os
avaliar as conclusões ti radas com base em países, por exemplo, podemos usar um
sua análise. Afi naI, como vi mos, eles mostram mapa que identifique aqueles que
apenas uma parte da realidade. Assim, depen­ mais importam e exportam.
dendo do ponto d e vista adotado para sua lndice de Em nível global, a ONU classifica as
construção, eles podem acabar servindo para Desenvolvimento nações com base na aná l ise do l ndice de
Humano
i nfluenciar - positiva ou n egativamente­ Desenvolvimento Humano (IDH),
o modo como e nxergamos d eterminada • Muito Alto que leva em conta três fatores: educação,
área ou algum fenômeno. Para compreender . Alto longevidade e renda. Ao observarmos o mapa
melhor essa história toda, confira a segu i r . Médio de IOH do continente americano (ao lado),
alguns critérios pelos q uais podemos d ivid ir Baixo vemos que Canadá, Estados Unidos, Chile
o conti nente americano e as d i ferentes in­ • Dados não disponiveis e Argentina são as únicas nações com IOH
terpretações q u e ele pode gan har. muito alto, destoando do resto do continente.

24 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


· O Divisão cultural
Trata-se do mapeamento das características culturais de determinado território, retratando
aspectos como religião, artes e línguas dos povos. No mapa ao lado, por exemplo, estão
representados os principais idiomas adotados como oficiais nas Américas. Apesar de não
representar outras dezenas de idiomas e dialetos falados no continente, que conferem
grande complexidade linguística na região, o mapa ao lado é bastante significativo.
Por exemplo, ele ajuda a compreender como foi a colonização da região. Observe como a América
do Sul se divide em três porções: o Brasil, único de colonização portuguesa; o bloco dos países de.
colonização espanhola, a maioria; e os "outros" - Guiana, Suriname e Guiana Francesa -, regiões
com traços da dominação inglesa, holandesa e francesa, respectivamente. Ao norte, os idiomas
falados nos Estados Unidos e no Canadá também revelam as origens de sua colonização.

• Crioulo

• Espanhol

• Francês

• Groenlandês

• Holandês

• Inglês

Português

O Divisão demográfica
Distribuição da população pelos continentes, movimentos de migração,
taxa de urbanização. Esses são alguns exemplos de dados que podem ser
representados nos mapas demográficos . Eles recebem esse nome por focar a

Habitantes/km2
população e sua dinâmica. Sua principal aplicação se liga à implementação de
políticas públicas de educação, saúde, transporte ou planejamento urbano, que
podem ser desenvolvidas com base nos levantamentos demográficos. • Acima de600
No mapa ao lado, destaca-se o perfil da densidade populacional nas Américas. • De l00a600
Boa parte da América do Sul - incluindo o Brasil - e os Estados Unidos apresentam
De 50a 99
densidade populacional moderada. Já o Canadá tem densidade baixa. Isso porque
Del0a49
o país possui vastas áreas desabitadas em razão do frio, levando a população a se
concentrar nas regiões costeiras mais ao sul. Já nações como Cuba e Guatemala • Menos delO
concentram grande número de pessoas em suas áreas. Dados não disponiveis

MAPAS DISTORCIDOS
Os m apas têm como o bj etivo ap resentar d e forma mais fiel pos­
sível o espaço geográfico, certo? Mais o u m enos. Existem alguns
tipos d e rep resentação cartográfica q u e d istorcem o taman h o e
o traçado das regiões para reforçar o efeito c o m p arativo so b re o
tema apresentado. Esses m apas recebem o n o m e d e anamorfoses
e costumam cai r n os vesti bulares com certa freq u ê n c i a.
Certamente, você con hece o mapa da d ivisão política do Brasil. E ele
em nada se parece com a i m agem que você vê ao lado. Mas acred ite:
trata-se de um mapa do nosso país. É q u e, nessa anamorfose, o tama­ ..----•36.969.476
Número
nho de cada estado é proporcional ao seu n ú mero de habitantes e m habitantes
2000. Logo, vemos q u e São Paulo surge c o m o o m a i o r estado p o r ter
uma enorme população . Já o imenso Amazonas aparece bem red uzido
nessa representação em razão de seu modesto n ú mero d e habitantes.

GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 25


ATERRA -� RE LEVO EM M OVIM ENTO

[1]

CO N TO R N O S D O M U N D O
HÁ M I LHÕES D E ANOS, POD E ROSOS MOV I M ENTOS NA CROSTA E N O I NTERIOR DA TERRA VÊM
MOLDA N DO AS C U RVAS E AS PAI SAGENS DO P LAN ETA

O
planeta é revestido d e u m a capa rígida formada pela
c rosta terrestre e pelo manto superior, como u m a cas­
POR DENTRO DO GLOBO
Os estudos sobre o interior
ca. A essa camada mais superficial do globo damos o

do planeta mostram que


nome de litosfera (veja ao lado). É sobre ela q u e o relevo ganha

existem camadas com diferentes


seus contornos, formando d esde depressões até cad eias mon­

características. A litosfera
tanhosas. Veja a segu i r as estrutu ras geológicas d a l itosfe ra:

Escudos cristal i n os inclui a crosta e a parte superior


São os terrenos mais antigos da crosta terrestre, formados do manto.
pelo c h o q u e d e massas continentais ocorrido há centenas d e
m i l h ões d e a n o s d u rante a e ra Pré-Ca m b riana (Arq ueozoica
e Proterozoica). Os escudos c ristal i n os são constituídos de
rochas magmáti cas, o u seja, trata-se do m agma - material
l íq u id o-pastoso p rove n i ente do manto - e m estado sólido. FORMAÇAO DAS ESTRUTURAS GEOLOGICAS

Bacias sed i m entares

Escudo
Foram formadas nas eras Paleozoica e Mesozoica, com a erosão

cristalino
das rochas dos escudos cristali nos - após o desgaste dos maciços,
seus sed i me ntos foram d epositados e m regiões mais baixas. O
acúmulo desses detritos, somado aos restos orgânicos, leva à

Dobramentos
form ação de rochas sed imentares pelo processo de l itificação.

modernos
Dobramentos modernos
Trata-se d a s formações mais recentes d a crosta terrestre,
su rgidas do c h o q u e de p l acas oco rrid o e ntre o fim d a E ra Me­
sozoica e o i n ício da Cenozoi ca. As rochas são mais fl exívei s
e situam-se n a z o n a d e co ntato e ntre a s p lacas tectôn i cas .
Arqueozo1ca Proterozo1ca 11Pai
Nessa região de grande instabilidade e frequentes movi mentos
4,5 bilhões 2,5 bilhões 570 milhões 250 milhões 65 milhões
sísmicos se encontram montanhas e vulcões ativos e exti n tos.

2 8 � GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


AS QUATRO
FAC ES DA TE RRA
Conheça os p rincipais tipos de relevo
que constituem o cenário te rrestre

DEPRESSÕES
São áreas da superfície localizadas em altitude
inferior à das regiões próximas (depressão
relativa) ou abaixo do n ível do mar (depressão
absoluta). As depressões podem ser formadas de
várias maneiras: por deslocamento do terreno,
remoção de sedimentos, dissolução de rochas ou
até por queda de meteoritos.
LA EMBAIXO Por estar situado abaixo do nível do mar, o mar Morto, no Oriente Médio,
é considerado uma depressão absoluta

MONTANHAS
Tam bém chamadas de
dobramentos modernos,
são grandes áreas elevadas
resultantes do choque de
placas tectônicas, como o
da Placa Euroasiática Ocidental
com a Indo-Australiana, que
deu origem ao conjunto de
montanhas do Himalaia,
[4]

no sul da Asia, onde há mais de


ESCAVANDO O planalto do Apalache, nos EUA,
sofreu erosão no decorrer dos anos
100 picos que superam
7 mil metros de altura. PLANALTOS
São elevações de altitudes variadas, em
que predomina o processo de erosão e
cuja composição rochosa pode ser de
rochas sedimentares, cristalinas ou
metamórficas. Os planaltos apresentam
superfície irregular, como serras e
chapadas, e são delimitados por áreas
[2]

LA EM CIMA O pico do Aconcágua, na Argentina,


é o ponto mais alto das Américas, com 6.g6o metros rebaixadas em um de seus lados.

PLAN ÍCIES
São áreas de superfície relativamente plana, formadas por
rochas sedimentares e nas quais predominam os processos
de decomposição e acúmulo de sedimentos. Na maior
parte das vezes, as planícies são encontradas em baixas
altitudes. Mas é bom ficar atento: não é a altitude de um
relevo que determina se ele é uma planície; o principal fator
definidor é o acúmulo de sedir11entos. Nas regiões elevadas,
por exemplo, existem as planícies de montanha, que são
formadas de rocha sedimentar e delimitadas por aclives. [51

[1] ROOOLFO TUCCI[2] [3] [4] DIVULGAÇÃO [5] SKYSCAN/CO RBI5 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 29
ATERRA � RE LEVO EM M OVIM ENTO

E U T E N H O A FO RCA! ;)

Os vigorosos agentes internos e externos que, a cada


segundo, modelam o relevo

A
s d u nas são u m exe m p l o escan carado da i nc o n stân cia
das paisagens: u m m o n te d e areia q u e m ud a d e l ugar e
de taman h o ao sabor do vento. Ainda q u e m o n tan h as
não se movam, o rel evo obed ece à mesma l ógica da versati­
l i d ad e d as d u nas de areia. D e p ressões, plan ícies, p l analtos
e m o n tan has foram esc u l pi d o s n o d ecorrer d e m i l h õ e s de
anos - e conti n uam e m constante transformação. A q u al q u e r
momento, p o r exe m p l o, terrenos p o d e m ser elevados por p res­
sões de d entro do planeta ou mesmo ser gastos por agentes
do i ntemperismo, m u dando d e cara e gan hando novas cu rvas.
D uas ações c o m b i nam-se para modelar o relevo: as forças
internas ou endógenas, que dão as l i n has mestras do relevo, e as
externas ou exógenas, q u e mod ificam as formas já existentes.

FORÇAS I NTERNAS
Tam bé m c h am a d as de e n d ó ge n as, são as forças responsáve i s

tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos. AREIA AO VENTO As dunas exemplificam a inconstância do relevo
por d a r f o r m a ao relevo. S ã o t r ê s o s age n tes i n t e r n o s d o g l o b o :
o

1 TECTO N I S M O
São o s lentos deslocamentos das placas tectônicas, que podem ser vertical ou
horizontal. Quando é vertical (epirogênese), levanta ou abaixa a crosta durante
um prolongado espaço de tempo. É o que ocorre, por exemplo, na península
Escandinava, que se eleva alguns centímetros todo ano. Quando o movimento
de uma placa em relação a outra é horizontal (orogênese), uma acaba entrando
embaixo da outra (a subducção). É o processo que resulta na formação das
i mensas cadeias de montanhas e de fossas. Veja exemplos de como as placas
tectônicas se movimentam.

FALHAS TRANSFORMANTES PLACAS CONVERGENTES 2


São criadas por duas placas Quando as placas têm a
que deslizam uma ao lado da mesma densidade (duas placas
outra. O atrito entre elas guarda continentais, por exemplo),
muita tensão, que pode causar chocam-se e se comprimem.
terremotos destruidores . O Himalaia é resultado desse
fenômeno.

PLACAS CONVERGENTES 1 PLACAS DIVERGENTES


São placas que vão uma de São aquelas que se afastam.
encontro à outra. A placa mais Pela falha aberta na crosta pode
densa mergulha para baixo da escapar magma, dando origem
menos densa, como no choque a ilhas vulcânicas. Esse tipo
entre uma placa oceânica e outra de estrutura provoca menos
continental. terremotos.

30 -7 GEOGRAFIA VESTI B U LA R 2015


ACESSO ÀS PROFUNDEZAS
Os vulcões, como o Lascar,
no Chile, são fendas por
onde o magma sai

2 VU LCAN I S M O
Os vulcões são fendas n a crosta terrestre
por meio das quais o magma, o material
em estado liquido-pastoso vindo do
manto, atinge a superfície. Existem dois
tipos básicos de vulcão: o explosivo e o
não explosivo. O primeiro aparece nos
pontos de encontro das placas tectônicas,
os grandes blocos que formam a litosfera
(veja mais na pág. 34) - seu melhor exemplo
está nos vulcões que desenham o Cinturão
de Fogo, em torno do oceano Pacifico.
Esse tipo se caracteriza também pela lava
quase sólida, além de expelir poeira e uma
mistura de gases e vapor de água.
A lava desses vulcões vem das profundezas
da Terra, onde a temperatura elevada
derrete a rocha da crosta oceânica e faz 7 9 : POM P f A
com que ela se misture à água do mar. É
justamente a presença de água que confere Hoje, parece impossível viver à beira de um vulcão e não se dar conta do
U ma região viti mada pela fú ria do Vesúvio

o caráter explosivo ao vulcão. Isso ocorre perigo. Mas era assim que os moradores do balneário romano de Pompeia
porque, conforme a lava sobe, o vapor de levavam a vida no ano de 79, pois já fazia quase 2 mil anos que o monte Vesúvio
água é liberado da rocha e esbarra numa não entrava em erupção. Quando a montanha soltou um estrondo, o chão
tampa formada pelo material endurecido tremeu e uma nuvem preta encobriu o sol, as pessoas saíram para a rua, curiosas.
da explosão anterior, aumentando a Alguns minutos depois do primeiro rugido, o vulcão lançou uma saraivada
pressão até explodir de vez. Já os vulcões de pedras e começou a fazer as primeiras vitimas. Outras morriam ao
não explosivos, como os do Havai, ficam respirar a fu maça. No fim do processo, duas avalanches cobriram Pompeia
bem no meio de uma placa tectônica, com 6 metros de cinzas e pedras, matando 16 mil pessoas. A coisa aconteceu
longe do choque entre elas. Esse tipo surge de forma tão rápida que é como se as cidades tivessem ficado congeladas
quando ocorre alguma fissura ila crosta no tempo, tornando-se os registros mais detalhados da era romana que
terrestre por onde a lava pode escorrer. chegaram até nós. A foto acima mostra o "Jardim dos Fugitivos", que abriga
Essa lava é mais l iquida e incandescente. diversos corpos fossilizados, cobertos pelas cinzas do Vesúvio.

(1] DIVULGAÇÃO [2J AFP/HEM IS.FR/GARDEL BERTRAND [3] AFP/HEMIS.FR/COLlN MATTHIEU GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 31
RELEVO EM M OVIM ENTO

3 ABALOS S ÍS M ICOS
São tremores na superfície terrestre
causados pelo movimento das placas
tectônicas ou em virtude da grande
energia l iberada pelo vulcanismo.
Eles se propagam a partir do hi pocentro
(foco de contato entre as placas) em ondas
pelas rochas, atingindo regiões distantes
do epicentro (ponto na superfície da Terra
diretamente acima do local onde
se registra a maior intensidade do tremor).
Quando os abalos sísmicos ocorrem nas
áreas continentais, recebem o nome
de terremoto; se acontecem no fundo
oceânico, são batizados de maremoto.
Esses últimos podem causar os temíveis
tsunamis, ou ondas gigantes (veja mais
na pág. 54).

No dia 12 de janeiro de 2010, a terra


VIOlento terremoto d evasta país pobre

tremeu violentamente no Haiti. Em apenas


um minuto, o terremoto de 7 pontos
na escala Richter derrubou go% das
construções de sua capital, Porto Príncipe.
Mais de 3 mil hões de pessoas - um terço da
população haitiana - foram afetadas pelo
tremor. O número de mortos é estimado
entre 220 mil e 250 mil.
O terremoto no Haiti foi uma tragédia
anunciada. A i lha de H ispaniola, que abriga
o Haiti e a República Dominicana, fica
..- VOcl SABIA? sobre a fenda entre duas grandes placas
tectônicas, a do Caribe e a Norte·Americana
TERREMOTOS NO BRASIL (veja mais na pág. 34). E regiões desse tipo
As regiões mais propicias a terremotos localizam·se n a ju nção das placas estão sujeitas a abalos sísmicos.
tectônicas. Isso explica a maior incidência de tremores em países como País mais pobre das Américas, o H ai ti já
Chile, Japão e Irã. Como o Brasil fica bem no meio da Placa Sui·Americana, tinha enormes carências mesmo antes da
uma região bem mais estável, não há abalos sísmicos de grandes catástrofe. Após seguidos golpes de Estado,
proporções. Mas isso não significa que estamos livres de tremores. a nação começava a encontrar um pouco de
Fenômenos de pequena intensidade podem se manifestar como reflexo paz institucional quando veio essa tragédia.
de outros ocorridos em locais mais distantes em razão de pequenas falhas Quatro anos após o terremoto, 250 mil
nas placas. Em abril de 2008, um abalo de 5,2 pontos na escala Richter pessoas ainda vivem em acampamentos
atingiu a cidade de São Paulo e assustou milhares de moradores. Um ano improvisados. Sem perspectivas, muitos
antes, um tremor de 4,9 pontos na cidade de ltacarambi, haitianos acabam migrando para nações
no norte de M inas Gerais, provocou a primeira vítima fatal de terremotos como o Brasil, onde esperam uma
no Brasil, depois que uma parede caiu sobre uma criança de 5 anos. oportunidade de recomeçar a vida.

32 � GEOGRAFIA VESTI BU LAR 2015


FORÇAS EXTERNAS
Também chamadas de exógenas ou agentes esculpidores, são as forças que modelam o
relevo terrestre. Os principais agentes desse grupo são a erosão e o intemperismo:

l EROSÃO 2 I NTEMPERISMO
A exposição prolongada a agentes naturais provoca o desgaste das rochas e dos solos. É o processo de degradação
O processo de desintegração e consequente transporte do material decomposto recebe o das rochas provocado por
nome de erosão. Veja os principais elementos causadores desse fenômeno. fenômenos q uímicos e físicos.

0 O INTEMPERISMO QUIMICO ocorre


VE NTOS q uando a rocha tem sua
As dunas dos desertos composição química alterada
e as paisagens das pelo efeito da água e da
praias são exemplos umidade no decorrer dos anos,
clássicos de formação provocando sua decomposição.
por erosão eólica.
0 O INTEMPERISMO FISICO ou
mecânico consiste na
fragmentação das rochas por
meio de alguns dos seguintes
processos:

em locais onde a alteração


• variação de temperatura:

da tem peratura diária é


mais constante - como nos
desertos ou em regiões mais
próximas aos polos -,
as rochas estão sujeitas
a contrações e dilatações
frequentes. Com o passar dos
anos, esse processo provoca
fraturas em sua composição.

solidificação da água: a
água em estado l iquido se
[3] ·

RIOS infiltra na fenda das rochas,


Vales, cânions e planícies onde fica acumulada. Com
nos mais diversos a queda de temperatura, a
[4]

continentes são moldados MARES água se solidifica, passando


pelo movimento sinuoso das o choque das ondas do mar e m paredões a ocupar um volume 10%
águas dos rios. litorâneos provoca o desgaste da superfície, maior que o do estado
dando origem às falésias. l iquido, o suficiente para
fragmentar a rocha.

raízes de plantas: o
crescimento das raizes das

árvores por entre as rochas


G E LE I RAS alarga as fendas e ajuda a
Os fiordes na península desintegrar sua estrutura.
Escandinava, no norte
da Europa, também
são formados pelo
deslocamento das geleiras
e pelo desgaste que elas
[I] provocam nas montanhas.

{1] AFP/EITAN ABRAMOVICH {2] {3] {4] DIVULGAÇÃO {I] ROY PHILI PPE/AFP GEOGRAFIA VEST I B U LA R 2015 � 33
P LACAS TECTÔNICAS

AS ESC U LTO RAS DA TE R RA


AS PLACAS TECTÔ N I CAS MODELAM Q U E B RA:CABEÇA
PLAN ETARIO
E MODIFICAM O R E L EVO DO PLAN ETA Conheça as características
HÁ M I LHÕES D E ANOS de 16 das mais importantes
placas tectônicas

A
s p l acas tectôni cas são g igantescos bl ocos
que c o m põ e m a camada s ó l i d a externa d o
n osso p l a n eta (a l i tosfe ra), s u st e ntan d o PLACA JUAN DE FUCA ,. . . . . . . . . . . . . . . . .
os conti n e n tes e o s oceanos. I m pu lsionad as pelo É a menor das p l acas tectônicas,
movi m e nto d o m a g m a i n can d escente ( m ate rial que se fundiu com a Placa Norte­
Americana e criou a cordilheira
e m estad o l íq u i d o- pastoso n o i nteri o r d a Terra),
das Cascatas, nos Estados Unidos
as d ez p r i n c i pais p l acas se e m p u rram, afastam-se
u mas das outras e afu ndam ou se e levam alguns
m i l ímetros p o r a n o, altera n d o s u as d i m e nsões e PLACA DO PACÍFICO , . . . . .. . . . . .. . . ..
mod ificando o contorno do relevo terrestre. Esses Com cerca de 70 milhões
i m e nsos f rag m e n tos atuam c o m o artistas q u e, de quilômetros quadrados,
conti n uamente, recriam a paisagem d a Terra. Aliás, está em constante
renovação na região do
a palavra tectô n ica vem d e tektoniké, exp ressão Havaí, onde o magma sobe
g rega q u e s i g n i f i ca "a arte de c o nstru i r" . A c o n ­ e cria ilhas vulcânicas. No
f i g u ração a t u a l d os c o n ti n e n tes, p o r e xe m p l o, é encontro com a Placa das
fruto d e m i l hões d e anos d e "trabal h o artístico" Filipinas, ela afunda em
uma área conhecida como
d as p l acas - no p rocesso c o n h e c i d o como d e riva
fossa das Marianas, na
conti n e n tal (veja abaixo). qual o oceano atinge sua
A l itosfera poss u i cerca de 150 q u i l ômetros de es­ profundidade máxima:
pessu ra, u m a n i n h aria perto d os 6.378 q u i l ôm etros 11.033 metros
n ecessários para c hegar até o centro do plan eta.
Acontece q u e, a cada vez q u e as e n o r m es p lacas
se enco ntram, g ra n d e q u antidade de e n e rgia fica
acu m u lada e m suas rochas. De tem po e m te m p o, o PLACA DE NAZCA , . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .
arsenal é l i berado d e forma explosiva - essa l i bera­ A cada ano, essa placa de
10 milhões de quilômetros
ção pode ser sentida por m e i o d e terrem otos q u e
quadrados no leste do
c hacoal ham o g l o bo, gera l m ente n as b o rd as d as oceano Pacífico fica
placas. Nos l i m ites das placas, o choque subterrâneo 10 centímetros menor pelas
trombadas com a Placa PLACA DE COCOS ,
...
pode dar origem a v u lcões, q u ando m o n tan has de
Sul-Americana. Esta, por ser Foi formada a partir do
rocha d erretida aproveitam as fendas para subir por
mais leve, desliza por cima desprendimento da Placa
entre as placas (veja mais na pág. 31), ou ainda, pelo da Placa de Nazca, criando do Pacífico. Fundiu-se com a
grande vo l u m e d e água que d eslocam, p rovocar os vulcões e elevando as Placa do Caribe, criando uma
tem íveis tsu na m is (veja mais na pág. 54). montanhas dos Andes zona turbulenta

DERIVA DOS CONTINENTES 225 M ILHÕES DE ANOS ATitAS 180 MILHÕES DE ANOS ATRAS
Confira como foi o processo de
deslocamento de terras que resultou
na formação dos atuais continentes

Todos os continentes estavam reunido.s em um único A Pangeia começou a se partir no


chamado Pangeia (do grego: toda terra), formado sentido leste-oeste, formando dois subcontinentes:
durante a Era Paleozoica Laurásia e Gondwana

34 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


...... 1 PLACA DA AMÉRICA PLACA DE ANATOLIA : · · ·· ·1 PLACA ARÁBICA :· · · · · · · ·i PLACA EUROASIÁTICA
DO NORTE Sobre esta placa fica boa A placa sustenta a Sustenta a Europa, parte da Asia, do Atlântico
O deslocamento em relação à parte do território da Turquia. península Arábica e foi Norte e do mar Mediterrâneo. E l a se choca
Placa do Pacífico cria uma zona O choque desse bloco com a responsável pela criação do contra a Placa das Filipinas e com a do
turbulenta: em um dos limites, Placa Arábica e com a Placa mar Vermelho. O choque Pacífico, onde fica o Japão. O encontro triplo
na Califórnia, está a falha de Euroasiática torna o país com a Placa Euroasiática é tumultuado e dá origem a uma das áreas
Santo André, famosa pelos uma área sujeita a violentas e com a Placa Indiana do globo com o maior índice de terremotos e
terremotos arrasadores atividades sísmicas provoca fortes terremotos vulcões do planeta

. . . .. . . .... . .. . ..... . . . . ... . . . . . . . . . . . . . .


. .. .... .
:· · · 1 PLACA IRANIANA
Localizada entre as placas Arábica e
.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Euroasiática, o bloco sustenta a maior parte do
território do Irã. Por causa disso, o país registra
grande atividade sísmica, como o terremoto de
2006, que matou mais de 31 mil pessoas

.. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... . .
········· ····················· ······ ! PLACA DAS FILIPINAS
Essa placa concentra em seus limites quase a
metade dos vulcões ativos do planeta. Colisões
... . . . . . . . . . .. . ... . . . . . . . . . . . .
com a Placa Euroasiática causam terremotos
e erupções destruidoras, como a do monte
Pinatubo, em 1991, uma das mais violentas dos
últimos 50 anos

·
... .1 PLACA INDIANA
A p l aca comporta todo o Subcontinente
I ndiano. No choque com a Placa Euroasiática,
nasceu o conjunto de montanhas do Himalaia,
no sul da Asia, onde há mais de 100 montanhas
com altitudes superiores a 7 mil metros

PLACA AUSTRALIANA
O bloco que sustenta a Austrália,
a Nova Zelândia e a maior parte do
oceano I ndico ruma velozmente
para o norte. Além de se chocar
com a Placa I nd ia na, a borda
nordeste bate na Placa do Pacífico,
criando ilhas na região turbulenta

PLACA SUL-AMERICANA I ·· ·····


I PLACA DO CARIBE ....1 PLACA DA ÁFRICA
Como o Brasil está no meio A Placa do Caribe desliza ao No meio do Atlântico, uma falha
desse bloco, ele sente pouco os lado da Placa Norte·Americana, submersa abre caminho para o
efeitos de terremotos. No centro criando falhas transformantes . magma do manto inferior, fazendo . .. . . . 1
• PLACA DA ANTÁRTICA
do continente, a placa tem 200 Foi o atrito entre e l as que gerou, com que esse bloco se afaste da É o bloco que dá suporte
quilômetros de espessura; na em 2010, o avassalador terremoto Placa Sui·Americana e cresça de à Antártida e a uma parte
borda com a Placa da Africa, não no Haiti, país que fica no limite tamanho. A tendência é passar os do Atlântico Sul, em um total
passam de 15 quilômetros entre as duas placas 65 milhões de quilômetros atuais de 25 milhões de quilômetros
quadrados

135 M I LHÕES DE ANOS ATRÁS 65 M I LHÕES DE ANOS ATRAS ATUALMENTE

O choque entre os dois blocos formou as regiões


Fendas separaram a América do Sul, A Placa da lndia deslocou-se em direção à Ãsia. Na atual configuração da Terra, a deriva
a Africa e a lndia, iniciando a formação continua. A América do Sul, por exemplo,
dos oceanos Atlântico e indico elevadas do H imalaia e do Tibete afasta·se da Africa cerca de 5 centímetros por ano
[1) MULTI/SP [2) LUIZ IRIA E RODRIGO RATIER/REVISTA MUNDO ESTRANHO
G EO G RA F I A VEST I B U LA R 2015 � 35
TE RRA (VE LHA) À V I STA!
OS PRI N C I PAIS TI POS D E RELEVO DO B RAS I L FO RAM ESCU LPI DOS
SOBRE ROCHAS DE M I LHÕES E M I LHÕES DE ANOS

A
pesar d e o B rasi l s e r u m a n ação relativamente jove m, c o m pouco mais d e soo anos,
contan d o a partir da c h egada d os p o rtugu eses, seus terrenos são de o u tros carna­
vais. Tu d o teve i n íc i o há c e rca d e 4,5 b i l hões de an os, q uando a l i tosfera começou
a se form ar, com o resfriamento d o m agma, e, mais tarde, c o m os movime ntos d as p l acas
tectô n i cas (veja mais na pág. 34). N esses p r i m ó r d i os da h i stó r i a te rrestre, d u rante a E ra
Arqu eozo ica, as p r i m e i ras rochas d e ram o r i ge m aos escu dos c rista l i n os, ou maciços anti­
gos, u m d os dois ti pos d e formação geológica que oco rre m n o B rasi l . Do l ongo processo de
erosão dos escu dos c ristal i n os surgiu o ou tro tipo d e estrutu ra geológica d o país: as bacias
sed i mentares. P resen tes na m a i o r parte do te rritório, são constitu ídas d e rochas formad as
pela d esagregação d e o u tras rochas e d e d ifere n tes materiais (veja mais na pág. 28).
Em razão dessa formação antiga, e sofrendo há m i l ê n ios com a erosão de agentes do intem­
perismo como ventos e chuva, as altitudes por aq u i são mod estas: cerca d e 90% d o território
não passa d e 900 m etros. O utro fator para termos um relevo tão "nanico" é a ausência d os
dobramentos modernos q u e d e ram origem a i m ensas cadeias de montanhas, como os Al pes e
os Andes. Isso ocorre porque o B rasi l se local iza bem no meio da Placa Su l-Americana, longe das
zonas de choque e ntre as placas tectônicas, onde se dão os m ovimentos d e soerguimento ou
afundamento das p l acas. Al iás, é d evido a essa local ização q u e não acontecem abalos sísmicos
no Brasil - no máxi mo, alguns peq uenos tremores, reflexo de outros ocorridos a grande d istância. DEPRESSÃO
Sem as cadeias de montanhas, sobram-nos o utros três princi pais tipos de relevo: planaltos, DO ARAGUAIA
planícies e d e pressões. Com base nisso, no decorrer d os anos, os estud i osos p ropuseram várias Acompanhando o leito do rio Araguaia,
classificações do perfil geográfico brasileiro . A mais aceita foi estabelecida, nos anos 1990, pelo essa depressão tem superfície entre 300
geógrafo j u randyr Ross, da U n iversidade d e São Pau l o (USP). Considerando o processo de forma­ e 400 metros de altitude; configura-se
ção dos d iversos relevos do m u nd o (veja mais na pág. 28), e tam bém a altitude das formações do uma depressão por estar abaixo dos
terrenos que a circundam .
Brasil, Ross chegou à defin ição d e 28 estrutu ras n o país: 11 planaltos, n depressões e 6 planícies
Na definição de Ross, depressões são
(veja no mapa da pág. 40). A segu i r, veja alguns destaq ues d o ancestral relevo brasi leiro. superfícies formadas por processos
erosivos, com suave inclinação e menos
irregulares que planaltos. Entre as n
ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA depressões brasileiras, também merecem
destaque a depressão da Amazônia
Ocidental (com cerca de 200 metros de
altitude) e a depressão da borda leste
Oceano
Atl�ntico da bacia do Paraná (que chega a atingir
altitudes entre 6oo e 750 metros).

Oceano
Atl.1:ntico

Predomfnio de rochas sedimentares

• Predomínio de rochas cristalinas


(3)
o,_ l� �
7 km
Fonte: IBGE SOO
A MARGEM Depressão, em Goiás, acompanha o leito do rio Araguaia

36 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


IJ
PLAN ÍCIES E TABULEIROS
LITORÃNEOS
Relevo característico do litoral das regiões
Norte e Nordeste e do norte do Espírito Santo,
constitui-se da combinação de planícies, formadas
pela deposição de sedimentos de rios e do mar, e
dos tabuleiros, terrenos de baixa altitude (entre
30 e 6o metros) que terminam de forma abrupta
na costa, em escarpas - neste caso chamadas de
falésias. As planícies são, na classificação de Ross,
superfícies planas e áreas em que o processo de
acumulação de sedimentos é maior que o erosivo. [SI
OLHA O BURACO! Os tabuleiros
terminam abruptamente em escarpas

P E R FI S D E P E D RA
Três grandes recortes ajudam a enxergar a
cara do nosso país

o3.000 m
Planaltos Residuais
Norte·Amazônicos
Planalto da
Amazônia Oriental

PLANALTOS E SERRAS DO 2.000 m


Depressão Marginal
Planaltos
Residuais

ATLÃNTICO LESTE-SUDESTE 1.000 m


Sul-Amazônica Sul-Amazôn i cos

Estendendo-se do sul da Bahia ao sul do país, esse imenso


planalto é composto de diferentes subunidades morfológicas,
NORTE Esse perfil (noroeste-sudeste), com cerca de 2 mil quilômetros, vai das altas serras de
como a serra do Mar e a serra da Mantiqueira. Seus terrenos Roraima até Mato Grosso. Mostra as faixas de planícies às margens do rio Amazonas, a partir
são formados de antigos escudos cristalinos, que, em das quais vêm extensões de terras mais altas: planaltos e planícies
alguns pontos, e há milhões de anos, foram erguidos por
movimentos resultantes do choque entre placas tectônicas
a grande distância. O resultado disso é o relevo acidentado
e heterogêneo da região, com vales profundos, escarpas
(terrenos muito íngremes que lembram degraus), chapadas
3.000 m Escarpa
(superfícies extensas e horizontais, de elevada altitude) Planaltos e
(ex-serra)
Planalto da
chapadas da Borb ore ma Tabu leiros
e elevações, como o pico das Agulhas Negras, na serra do 2.000 m bacia do rio
do lbiapaba

Itatiaia (MG/RJ), de 2.791,55 metros. Na definição de Ross, o Rio Parnaíba


Parnaíba

planalto caracteriza-se por ser uma região em que o processo


erosivo supera o de acumulação - são conhecidos como

NORDESTE Com quase 1,5 mil quilômetros, esse perfil vai do Maranhão a Pernambuco.
formas residuais, ou seja, resultantes do processo de erosão.
Além de cristalinos, podem ser sedimentares, como é o caso
dos Planaltos Residuais Norte-Amazônicos. É um retrato fiel do relevo da região, com destaque para os dois planaltos (o da bacia do
Parnaíba e o da Borborema) cercando a Depressão Sertaneja (ex-Planalto Nordestino)

Depressão
3.000 m Planaltos e
periférica da Planaltos e
c h apadas da
borda leste serras do Atlântico
2.000 m bacia do Paraná da bacia do Paraná leste-sudeste

1.000 m

[6[
CENTRO·OESTE E SUDESTE Esse corte, de cerca de 1,5 mil quilômetros, vai de Mato
PERTO DO CÉU Entre MG e Rj, o Pico das Agulhas Negras Grosso do Sul ao litoral paulista. Além da planície do Pantanal, pode·se ver a bacia do Paraná,
é o quinto mais alto do Brasil formada por rios de planalto, que abrigam as maiores hidrelétricas do país

lll DORIVAL ELZE [21 [41 [51 [71 EM BRAPA [31 JOÃO RAMID [61 MARIO RODRIGUES [81 DIVULGAÇÃO [91 [!OI [111 MKANND G EO G RAFIA VESTI B U LA R 2015 <- 37
.,

RECU RSOS MINERAIS

R I Q U EZA Q U E V E M DO SO LO
CO N H ECA O PROCESSO D E FO RMACÃO GEO LÓGICA
, ,
O uso dos m i nérios
As rochas são formadas por agr u pamentos de minerais ­
DAS ROCHAS E DOS M I N E RAIS E SUAS PRI N C I PAIS na crosta terrestre existem mais de 3,5 m i l ti pos. Entre eles,
APLICACÕES ECO N Ô M I CAS os mi nérios, dos q uais podemos extrai r su bstâncias de inte­
,
resse econômico. No conj unto dos mi nérios, d istinguem-se
aq ue les u t i l i zados para a obtenção de metais, como o alu­
las cost u m a m ficar esc o n d i d as sob o s o l o o u a vegetação, mas m ín i o, o fe rro, o magnésio e o titânio. Embora os m i n érios

E podem aparece r na su perfície na forma de v u l cões, por exe m p l o.


Estamos falando das rochas - materiais sólidos que formam a crosta
terrestre, a camada externa da Terra. Elas se desenvolveram no decorrer de
m etáli cos tendam a se concentrar e m maci ços rochosos
por toda a crosta terrestre, os d e pósitos mais explorados
e n co n tra m-se em roch as ígn eas ou metamórficas, nos
b i l h ões de anos e, de acordo com a sua o ri ge m, pod e m ser de três ti pos: escudos cristalinos d a crosta contin ental.
O o u ro e a p latina são os ú n i cos m i nérios metál icos q u e
As rochas magmáticas d ividem-se em d u as categorias: as extrusi­ ocorrem princi pal mente na forma d e metais na natu reza.
vas, c o m o o basalto, q ue são fo rm adas com o esfriamento ráp i d o Zinco, prata, ferro, cobre e ou tros metais também pod em
do m a g m a na su perfície terrestre; e a s i ntrusivas, c o m o o gran i to, ser achados no estado primário, mas normalmente estão
q u e são resfriadas lenta m e nte d entro da c rosta terrestre. associados a outros minerais. Nesses casos, os m i n é rios são
reduzidos pela metalurgia para se transformar em metais. O
As rochas sedimentares são formadas pelo ac ú m u l o d e d etritos cobre, o manganês e o ferro, por exe m p l o, são submetidos

• de ou tras rochas e por restos o rgân icos. Essa d eposição é feita em


camadas. O calcário, p rese n te e m cave rnas, o are n i to e o carvão
são exe m plos de rochas sed i mentares.
a altas te m peratu ras. Já o m i nério de bauxita necessita re­
ceber correntes elétricas para se transformar em ai u m ínio.
As su bstâncias m i nerais são u t i l izadas como matéria­
p r i m a e m d iversos processos d e m a n u fatu ra. Al g u n s
As rochas metamórficas são o res u l tado d a transfo rmação das exe m p l os são: o al u m ín i o e o ferro n a co nstru ção civil; o

• rochas magmáticas, sed imentares ou mesmo de outras metamórfi­


cas, por meio d e p rocessos q u í m i cos e fís i cos n as gran d es p rofun­
d idades da Terra. O mármore, por exe m p l o, é formado d o calcário
.
man ganês na fabricação de fertil izantes e p i l has; as argilas
na fabricação de cerâmi cas; o z i rc ô n i o na fabricação d e
p isos e revest i m e n tos; e o cau l i m na fabri cação d e papel
q uando esse é s u b m etido a altas te m peratu ras e p ressão. e cel u l ose, v i d ros e tintas.

38 � GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


Onde estão os m i nérios no Bras i l Gás d e xisto
Com aproxi madamente 36% d e seu territó rio formado por Nos ú ltimos anos, a exp loração do gás de xisto vem revo­
escudos c r i s ta l i n os, o B ras i l possu i al g u m as das res e rvas l ucionando o setor energético, especialmente nos Estados
m i n erais mais ricas d o planeta, i n cl u i n d o m i n ério de ferro, U n idos (EUA), onde a tecnologia para sua extração é mais
bauxita (al u m ín io), c o b re, z i n co, c r o m o, n í q u e l, calcário e desenvolvida. Formado a partir de uma camada d e rocha
argi la. A maio ria dos m i nérios metálicos do B ras i l encontra-se sedimentar, rico e m material orgâni co, o xi sto aquecido
em M i n as G erais, na região chamad a Quadri látero Ferrífe ro, dá orige m a u m óleo idêntico ao petróleo e ao gás natural.
e no Pará, na p rovíncia m i n eral de Carajás. Os d o i s estados E l e p o d e s e r u s a d o na g e ração de e n ergia e l étri ca,
respo n d e m por q uase dois terços d e toda a produção m i n e ral como c o m b u stível nas i n d ú strias ou em s u bstitu i ção à
bras i l e i ra. G rand e parte das j azidas d e m i nério d e manganês gaso l i na d o s carros. M as, c o m o q u al q u e r c o m b u stíve l
conheci das, q u e total izam 235 m i l hões d e toneladas, é encon­ fóss i l, ele é bastante poluente. Além d i sso, as téc n i cas de
trada n esses estad os. perfu ração d o solo envolvem riscos de contami nação dos
No entanto, o utras u n i dades da fed eração tam bém abrigam lençóis freáticos e de d esesta b i l ização do solo. Por causa
i m p o rtantes reservas m i n e rais. R i o G ra n d e do S u l e Santa d i sso, a exploração do xi sto é p r o i b i d a e m m u itos países.
Catarina, por exe m p l o, d estacam-se pelo carvão. Já Bahia e Atualmente, o xisto representa 34% do total de gás natural
Espírito Santo estão entre os pri n c i pais p roduto res de pedras extraído nos E UA. O Brasi l realizou um lei lão, em novem bro
preci osas do B ras i l, enq uanto Go iás tem signi ficativas jazidas de 2013, para l icitar 240 blocos com potencial para explo­
de cobre. Veja no mapa abaixo onde se local izam as principais ração do xisto. Especial istas apontam maior poss i b i l i dad e
jaz i d as m i ne rais n o país. de encontrar o gás nos estados do Paraná, Sergi pe e Bahia.

P R I N C I PAIS RESERVAS M I N ERAIS NO BRASIL

..- VOei SABIA?

O PRÉ·SAL BRASI LEIRO


Desde que foram descobertas as reservas de
petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos,
em 2007, um novo termo passou a frequentar os
noticiários: o pré-sal. Trata-se do nome que os
geólogos dão à camada de rochas porosas que
se localiza abaixo de uma espessa camada de sal
no subsolo marinho. E lá que ficam os grandes
- Bauxita

reservatórios de petróleo, em uma faixa que se


• Cobre

estende por Soo quilômetros entre o Espírito


- Diamante

Santo e Santa Catarina, a mais de 7 mil metros de


- Ferro

profundidade. A exploração do petróleo no


- Manganês

- Níquel

pré-sal pode fazer o Brasil dobrar suas reservas,


Fonte: Departamento Nacional Ouro
de Produção Mineral

que estão em torno de 15 bilhões de barris.


As jazidas do pré-sal começaram a se formar
Formação do petróleo há mais de 100 milhões de anos, quando o
supercontinente Gondwana se partiu, dando
origem aos continentes sul-americano e
P r i n c i pal fo n te de energia m u nd ial, o petró leo é formado da decom­

africano (veja na pág. 35). Apesar de já existirem


posição de m atérias orgâni cas em a m b i e ntes mari n h os. O acú m u l o

poços em produção na camada do pré-sal,


d e restos d e a n i m a i s e vegeta i s m ic ro s c ó p i co s q u e s e p re c i p i ta m n o

ainda há grandes desafios para ampliar a


fundo mari n h o o r i g i n a bac ias sed i m e ntares, nas q u ai s, e m m i l hões d e

extração, como a llrofundidade e o tipo de


anos, a ação d e m i c ro rgan i sm os, o calor e a p ressão intensos red uzem

rocha na qual o petróleo está armazenado.


a matéria o rgânica a u ma massa viscosa d e carbo n o e h i d rogê n i o - o

Na Bacia de Campos, o principal campo


petró leo . I n fi ltrando-se p o r rochas po rosas, e l e m igra para regiões d e

petrolífero brasileiro localizado na camada


m e n o r p ressão até s a i r para a s u perfíc i e o u topar c o m u m a camada

pós-sal, o óleo está armazenado em rochas


impermeável . B l o q u eado, o petróleo se acu m u la nos poros e fraturas

com predomínio de silício. No pré-sal,


das rochas sed i m entares, d e o n d e é extraíd o.

a substância encontra-se armazenada em


As regiões mais propíc ias para a formação do petróleo são mares i nte­

rochas constituídas essencialmente de


riores, baías e gol fos. As rese rvas existentes no i nterior dos continentes

carbonato de cálcio e magnésio, o que dificulta


resultam d e áreas original m � n te marin has que foram erguidas por m e i o

o trabalho dos geólogos.


de movi m entos na c rosta terrestre o u d o óleo q u e m i grou d a s rochas
gerado ras até as rochas armazenadoras através d as fissuras.

[1] REUTERS G EO G RAFIA VESTI B U LAR 2015 f- 39


CARTO G RAFIA

AS FORMAÇÕES DO
A LTO S E RELEVO NO MUNDO

BA I XO S
VEJA COMO ESTÃO
DISTR I B U ÍDOS N O GLO BO OS
PRI N C I PAIS TI POS DE RELEVO

o ntan h as, planaltos, plan ícies e de­

M pressões. Esses são os q u atro princi­


pais tipos de relevo que moldam a face
do nosso p l aneta - e q u e podem ser conferidos
no mapa ao lado. As maiores altitudes (mancha
vermel ha) estão local izadas n o centro-s u l da
Ásia, na cord i l he i ra d o H i malaia, não por acaso
conhecida como o teto do m u n do. As p lanícies
(áreas verdes e amarelo-claras) se estendem por
todo o p l a n eta, com d estaq u e para as terras
baixas existen tes em torno do rio Amazonas.
O i nteressante é q u e o rel evo terrestre n e m
��::a�: �:�� D� ��T �: ;
l • • • • • • • • • • • •• o o o o o o o o o o o o o oo o o o o o o o o o o o o " " ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' '' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' • • • • • • • • " ' ' ' ' ' " ']
ç S a
sem p re teve a configu ração atu al. Ele é resulta­ -
do de variações ocorridas na superfície da crosta
tectônicas Africana e Arábica �
fez surgir, há 35 mi lhões de
d u rante m i l hões e m i l hões de anos. Tais varia­ anos, uma enorme "cicatriz" na
ções são prod uzidas por fo rças externas, como Terra: o Grande Vale do Rift.
o i nte m perismo - o processo d e d egradação Esse complexo de falhas
tectônicas se estende por mais
das rochas provocado pelo c l i m a -, e i n ternas,
de 5 mil q u i lômetros do norte
como o tecto n ismo, o vulcanismo e os abalos da Síria, na Ásia, ao centro de
sísmicos. Dessa forma, lentamente, o relevo foi Madagáscar, na África.
sen d o moldado no decorrer d os sécu l os.

... . . . . . . . . . .. . . . . . . . . ...... . . ............... !


NO CENTRO DA PLACA
ALTITUDES A ausên�ia de picos muito elevados no
MODESTAS país - o maior deles não chega a
3 m i l metros - é explicada pelo fato de
Segundo o geógrafo jurandyr Ross,
o Brasil estar situado praticamente no
o relevo brasileiro se divide em
centro da Placa Tectônica Su l-Americana.
28 unidades, sendo 11 planaltos, Com isso, não ocorreram no passado
11 depressões e 6 planícies. choques com outras placas q u e dessem
Chama atenção as regiões de origem a montanhas elevadas, como
aconteceu no Himalaia.
planalto, embora a maior parte
do território esteja situada em
BAIXAS ALTITU DES ..........................!
IMENSA PLANICI E
altitudes inferiores a goo metros.
Em bora a maior parte do Cerca 5'/o das terras brasileiras são ocupadas
Os planaltos ocupam cerca de
território brasileiro seja por terras baixas, as planícies. A maior delas
s milhões de quilômetros constituída por planaltos, nosso é a planície Amazônica, que é circundada
quadrados e se estendem da país tem altitudes modestas. pelo oceano Atlântico (a leste), Planalto das
região Amazônica até o sul do Aproxi madamente 40% do Guianas (ao norte), Planalto Brasileiro
• Planaltos
território se encontra abaixo (ao sul) e a Cordilheira dos Andes (a oeste).
pais, cortando a região central. • Planfcies
de 200 metros de altitude, 45'/o Outra planície expressiva é a litorânea, que
Note também que as planícies se Depressões
entre 200 e 6oo metros e apenas se estende por vasta área da costa brasileira,
encontram próximas ao litoral ou 12% entre 6oo e goo metros. do Pará ao Espírito Santo.
de grandes rios, como o Amazonas. Fontes: IBGE e jurandyr Ross

40 -? GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015


: · ·········· ··· ·········· ······ ················· ··········································1 ORIG EM DO H IMALAIA
Os maiores picos do mundo ficam na
cordilheira do H imalaia, um complexo
montanhoso que se estende por cinco países
asiáticos: Paquistão, lndia, Nepal, Butão e
China. Sua formação, iniciada há cerca de
70 milhões de anos, resulta do choque
entre a Placa Tectônica Indiana e a Placa
Eurasiática. O curioso é que a placa Indiana
continua a mover·se, fazendo que o H imalaia
se eleve a uma taxa de 5 milímetros por ano.

:························· ······················ ·· ···················1 NAS PROFUNDEZAS


1 oooc�o
� O local mais profundo dos
� ALTITUDES oceanos é a Fossa das Marianas,
� um enorme vale submarino com
� 4.Boo m 10.920 metros de profundidade,
� · <,::;: �
,, \' · I.:A!f f�> � . �- ·
. ,... ,. ji . . •
3 ooo m
1. 8 oo m
localizado a leste das Ilhas
Marianas, no oceano Pacífico.
·•
1.200 m
Ela tem por volta de 2,5 mil
-�
quilômetros de extensão e fica
600 m
na fronteira entre duas placas



3°0 m
tectônicas, a do Pacífico e a das
15o m Filipinas. Caso o monte Everest
o fosse colocado dentro da Fossa
·
l. OOOm das Marianas, ainda restariam
-2.ooo m
mais de 2 mil metros de água
entre seu pico e o nível do mar.
-3.000 m

·4.000 m

·s.ooo m

·6.ooo m

·7.000 m

· 8 .ooo m

i Picos

MONTES MAIS ALTOS POR CONTI N E NTE


PONTOS MAIS ALTOS DO B RASIL O maior deles fica na cordilheira do H imalaia, no Nepal
(em metros)
2.993 1. ÁSIA: Everest (N e pal) 8 . 850 m
2.972 2.891
2.798 2.791 2.769 2.734 2.680 2.670 2.665 AM É R I CA DO S U L:
2. 6.959 m
Aco n cágua (Argenti n a)

A M É R I CA DO N O RTE:
3- 6.194 m
M c K i n l ey ( E UA)

Á F R I CA: K i l i manjaro
4 5 895 m
(Q u ê n ia)

5. E U ROPA: E l b ru s (Rússia)

6. ANTÁ RT I CA: Maciço Vinson 4 897 m

OCEAN IA: Kosc i u szko


(Austrália)
Fontes: IBGE e }urandyr Ross Fonte: Atlas National Geographic

G EO G RAFIA VEST I B U LAR 2015 � 41


QU ESTÕ ES E R E S U M O

CO M O CAl NA P ROVA
1. O processo de transferência de minerais entre um horizonte e outro é
(UN ICAMP 2013) Solo é a camada su perior d a s u p e rfície terrestre, chamado de lixiviação. O horizonte 8 forma-se depois dos horizontes
o n d e se fixam as plantas, q u e d e pe n d e m d e seu s u p o rte físico ­ O e A, razão pela qual a alternativa "d" é incorreta.
água e n u trientes. U m perfil d e s o l o é r e p resentad o na figu ra o horizonte c é o mais próximo à rocha. Nele, o solo pode ou não
abaixo. Sobre o perfil ap rese n tado é correto afi rmar q u e: estar formado. É o horizonte de gran ulação mais grossa, onde começa
a alteração da rocha. Encontra-se subdivido em duas camadas. Na
Horizonte ou
mais in ferior, as estruturas e texturas da rocha estão conservadas.
Camada O Na camada superior, próxima ao horizonte 8, a rocha ma triz já não é
Horizonte A
praticamente reconhecida e o solo já está quase formado.

Horizonte B Resposta: c

-7 SAIBA MAIS
Conheça a s áreas e m q u e o solo é mais fértil n o Brasil:
Horizonte C

\
Rocha não
alterada

a) O horizonte (ou camada) O corresponde ao acú m u l o de material


o rgân i co q u e é g rad u a l m ente decom posto e i n corporado aos
h o rizontes i nf e r i o res, acu m u l an d o-se nos h o rizo ntes B e C.
b) O h o rizonte A a p resenta m u itos m i n e ra i s não alterados da
rocha que deu o rigem ao solo, sendo n o rmalm ente o ho rizonte Fertilidade dos solos
m e n o s fértil do p e rfi l . alta

c) O h o r i z o n te C c o r re s p o n d e à tra n s i ção e n tre s o l o e rocha, média


apresentan d o, n o r m a l m e n te, em seu i n te r i o r, fragm entos d a baixa
rocha n ão alte rada.
Fonte: baseado em IBGE/Embrapa
d) O horizonte B apresenta baixo desenvolvimento d o solo, sendo

2.
u m d o s p r i m e i ros h o rizontes a se formar e o h o rizo nte com a
m e n o r ferti l i d ad e em relação aos o u tros h o rizontes.

RESOLUÇÃO
(U NICAMP 2013) O mapa abaixo ap rese nta os abalos sís m icos su­
perio res à magnitude 3,0 i dentificados no B ras i l entre 1767 e 2007.
O solo é uma camada espessa de material não consolidado que cobre
a superfície da crosta terrestre. Constituído por matéria mineral e
matéria orgânica, é o substrato para a vida dos ecossistemas. Durante
seu processo de formação ocorrem transformações físico-químicas
e biológicas dos materiais geológicos originais. Esse processo cria
diferentes camadas, às quais se dá o nome de horizontes. O conjunto
dos horizontes constitui o perfil do solo.
9 horizonte O também, chamado de horizonte orgânico ou serapilheira, é
composto de material de origem vegetal e animal em decomposição que
é ircorporado ao horizonte imediatamente inferior, ou seja, horizonte A.
O horizonte A é composto de material de origem mineral proveniente o
da rocha matriz ou de ou tro lugar tendo sido transportado pela ação da §

a.
água, do vento ou do gelo. No horizonte A também é grande a presença
de matéria orgânica decomposta, o que lhe garante boa fertilidade.
O h orizo nte B é realmente o de menor fertilidade. Caracteriza-se pela
! o
Oceano Atlântico
o

acum ulação de argila, com pouca matéria organica e m uitos óxidos e


hidróxidos de ferro e alumínio provenientes das camadas superiores.

42 � G EOGRAFIA VESTI BULAR 2015


-7ESTRUTURAS GEOLOGICAS A camada mais
a) E m b o ra d i stante da borda de p l acas tectô n icas, o B ras i l ap re­ superficial do p laneta é a litosfera, cuja su­
s e n ta a b a l o s s ís m icos eve n t u a i s . Q u a i s as c a racte r ísticas perfície é formada por três tipos de estrutura
p red o m i nantes d esses sis mos n o B ras i l ? geológica: escudos cristal inos (os terrenos
mais antigos, formados por rochas magmá­
b) Por q u e o estado d o Acre apresenta g r a n d e q u antidade d e ticas), bacias sed i mentares (surgidas com a
abalos sísm icos e p o r q u e e l es são p rofu n d os? erosão das rochas dos escudos cristal inos) e

RESOLUÇÃO
dobramentos modernos (formações recentes
q ue ficam entre as placas tectônicas).
a) A ma ioria dos abalos sísmicos sen tidos n o Brasil é de pequena
magnitude, com hipocentro a baixa profundidade e geralmente -7RELEVO Existem q uatro princi pais tipos de
em áreas de falhas tectônicas. Isso porque o território brasileiro relevo no m u ndo: depressões são áreas loca­
se en c o n tra no interior da Placa Sul-Americana, distante do lizadas em altitude inferior à das regiões vizi­
contato entre as placas. Além disso, o pais possui uma estrutura n has ou abaixo d o n ível do mar; m ontan has
geológica de escudos cristalinos bastante consolidada, capaz são áreas e levadas resultantes do choque de
de absorver a pressão interna na crosta. Alguns desses abalos p l acas tectôn icas; p lanaltos são elevações
sen tidos e m território brasileiro também podem ser reflexos de d e l i m itadas p o r s u p e rfícies rebaixadas; e
sismos ocorridos e m áreas de maior a tividade tectônica, como as planícies são áreas p lanas, geralme nte en­
de encon tro das placas Sul-Americana e Nazca e as de divergência contradas e m baixas altitudes.
en tre as placas Sul-Americana e Africana.
-7 P LACAS TECTON I CAS São g i gantescos
b) O estado do Acre apresenta abalos sísmicos a g,·andes blocos que i n tegram a l itosfera. O globo é
profundidades e m função de sua loca lização e m relação à área de recortado p o r gra n d es p l acas q u e se des­
encontro das placas Sul-Americana e Nazca. O contato en tre essas l ocam e s e ch ocam, n u m a m ovi m e n tação
duas p lacas, so b o estado do Acre, ocorre a grande profundidade con stante e l e nta. As regiões p ró x i m as à
fazendo que a maioria dos abalos sis m icos sen tidos n essa região borda dessas p l acas são s u j e i tas a terre­
tenha o seu hipocentro a profundidades superiores a 70 km. m otos e atividade vu lcân ica.

-7 SAI BA MAIS -7 FORÇAS I NTERNAS Tam bé m conhecidas


Veja lnfográfico com a s definições d e epicen tro e hipocentro c o m o fo rças e nd óge n as, e l as dão f o r m a
a o relevo. O tecto n i s m o consiste n o l ento
d e s l ocam e n to das p l acas tectô n i cas. Os
abalos sísmicos são os tre m o res causados
n a su perfície do plan eta pela m o v i m enta­
ção da p l aca tectônica. Já o vu lcanismo é
a el evação do magma para a s u pe rfície por
meio d e fen das n a crosta terrestre.

-7FORÇAS EXTERNAS São d u as as principais


forças exógenas. O i ntemperismo é o p roces­
so de degradação das rochas p rovocada por
fen ômenos q u ím icos e físicos. J á a erosão
consiste no d esgaste da rocha e m razão da
exposição p rolongada a agentes natu rais,
como ventos, gel ei ras, rios e mares.

-7RECURSOS M I NERAIS Os m i nérios são ele­


mentos dos q uais podemos extrair substân­
O ponto no interior da Terra onde ocorre a liberação da energia cias de interesse econômico. Destacam-se os
acumulada é chamado de hipocen tro. o ponto da superffcie terrestre, util izados para a obtenção de metais, como
localizado sobre o hipocen tro, que é o primeiro a ser alcançado pelas o a l u m ín io, o ferro e o titânio. Os d epósitos
ondas sísmicas é chamado de epicentro. Um terremoto possui apenas mais explorados ficam nos escudos cristali­
uma magnitude, mas é sen tido com in tensidade diferente dependendo nos. N o Brasil, os minérios são encontrados
da distân cia e m relação ao epicentro. principalmente em M inas Gerais e no Pará.

G EO G RAFIA VESTIBULAR 2015 � 43


0 AÁGU
A TE R RA É AZ U L
OCU PA N DO MAIS DE 70% DA SU PERFÍC I E
TERRESTRE, A H I D ROSFERA DOM I NA A PAISAGEM
DO NOSSO PLAN ETA

J
á se tornou até u m � l ichê dizer q u e o planeta Terra deveria
se chamar p l an eta Agua. Mas o chavão faz todo o sentido
quando notamos que o l íquido é a su bstância mais presente
n o glo bo, c o b r i n d o mais d e 70% d a s u p e rf ície.
O conj u nto d e toda a água d o p l an eta recebe o n o m e d e h i­
d rosfera. Há cerca de 4 b i l hões de anos, q u ando n osso planeta
e ra u m a n uvem q u en te de poeira e gás, a água e n contrava-se
m istu rada a o u tros gases, no estad o de vapor. À medida q u e o
planeta esfriava, esse vapor foi se condensando e, sob a forma
de c h u va, se p rec i p i tan d o s o b re a su pe rfície. Dessa l o nga e
caudalosa te m pestade, form aram-se os ocean os, mares e o
conju nto d as "águas contine ntai s", com posto de ri os, lagos,
lençóis su bterrân eos, gelei ras e neves eternas. j u n tas, as águas
continentais e oceânicas, q u e compõem a h i d rosfera, têm um
vo l u m e aprox i m ad o de 1,4 b i l hão d e q u i l ô m etros c ú b icos .
ÁGUA SA LGA DA
Quase a totalidade (97,5%) da hidrosfera é de água salgada.
A D ISTRI B U IÇÃO D E AGUA NO PLAN ETA O rigi nário das profu ndezas da Terra, esse sal foi espal hado
Apenas u m a pequena parte da água da Terra é acessível para uso h u mano na su perfície pelas eru pções vulcânicas e levado pelas águas
TOTAL DA AGUA AG UA DOCE correntes para o mar. Toda essa i mensidão salgada se d ivide
em oceanos (grandes áreas) e mares (áreas menores).

Oceanos
De acordo com a maioria dos especialistas, são três os
grandes oceanos: Pacífico, Atlântico e ind ico. O l i m ite entre
u m oceano e outro é determi nado pelo contorno dos conti­
nentes. Algu ns geógrafos apontam, ainda, a existência de
dois outros oceanos, o Ártico, no norte do globo, e o Antártico,
q u e c i rcu nda o continente gelado ao sul.

Geleiras , . . .
Mares
·'
30,1%
68J% Os mares são bl ocos m e n o res d e águ a salgada l igados
aos oceanos. Em geral, são class ificados de acordo com

su bterrânea e superficial
AG UA ATMOSFÉ R I CA USO H U MANO DA AG UA a m a n e i ra pela q u al se j u ntam aos oceanos.
E DE S U P E R F Í C I E
Mares abertos: são ligados ao oceano por meio de grandes
abertu ras. Ex.: mar d as Antil has o u do Caribe e o mar d o
N o rte, e ntre a s i l h as britâ n i cas e o conti n e nte e u ropeu.

Mares continentais: as l i gações com o oceano são meno­


res, feitas por meio de estreitos. Ex.: mar M e d i te rrân eo,
ao s u l da E u ro pa, e m a r Ve r m e l h o, e n t r e a p e n ín s u l a
Aráb ica e a Áfri ca.

Mares fechados: apesar de serem chamados d e mares, são,


na verdade, grandes lagos com água salgada. Ex.: mar Morto,
Fonte: National Geographic no Oriente Médio (veja mais sobre os lagos na pág. 48).

46 � G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


RELEVO SUBMARI NO
Escondido sob o cobertor das águas marinhas,
o solo oceânico apresenta um rico relevo de
montanhas, planaltos e fossas profundíssimas.
Como essas formas não estão expostas à
erosão de agentes externos, como o vento e
as chuvas, os perfis são mais contrastantes e
escarpados. Podemos destacar três porções
desse relevo submerso:

Plataforma continental: terras submersas


que se prolongam das terras emersas,
como uma orla em torno dos continentes.
Topograficamente, ela é uma superfície quase
plana, formada pelo acúmulo de sedimentos
de origem continental. Vai até os 200 metros
de profundidade, que também é o lim ite da
penetração da luz solar.

Cordilheira submarina: elevações de forma


[1]

regular que surgem ao longo dos oceanos,


Marés e correntes maríti m as como a Dorsal Mesoatlântica. Com mais de
10 mil quilômetros de comprimento, ela se
estende por todo o oceano Atlântico, da
As MARÉS são o movi mento de subida e descida das águas

Antártica à Islândia. Sua formação se deve


em relação à costa, ocasionad o pela atração q u e a Lua e o

ao afastamento das placas tectônicas, que


Sol exercem sobre as massas de água. A i nfluência da Lua

permitiu que o magma chegasse à superfície.


é sentida d e maneira mais forte, porq ue o Sol, apesar de

E m alguns pontos, os picos se elevam acima do


ser m u ito maior d o que ela e, po rtanto, ter um cam po gra­

nível do mar e formam ilhas, como é o caso do


vitacional mais poderoso, está m u i to mais afastado (veja o

arquipélago de Fernando de Noronha, no Brasil.


infográfico abaixo) Além dessa força de atração dos astros,
outro fenômeno astro nômico colabora para a formação das

Fossas oceânicas: também conhecidas como


marés: a rotação da Terra. G i rando em torno de si mesma, a

fossas abíssais, são gigantescos abismos


Terra fica sem p re com metade de sua su perfície virada para

submarinos formados quando uma placa


a Lua. O resu ltado é o movimento das águas de acordo com

tectônica é forçada para debaixo de outra, após


a posição do planeta e de seu satél ite. A cada dia, acontecem

u ma colisão. O ponto mais profundo da Terra é


d uas marés altas (quando o oceano está de frente para a

a Fossa das Marianas, que fica a 10.920 metros


Lua) e d uas baixas (nos i n tervalos entre as altas).

de profundidade, no oceano Pacífico.


A rotação da Terra influencia outro tipo de movi mento
das águas oceânicas: as CORRENTES MARÍTIMAS. Elas são
gigantescas porções de água q u e se deslocam nos oceanos
de forma i ndependente das águas que as circu ndam. É por
causa do fenômeno da i nércia que as correntes se deslocam
com o movimento do planeta: as águas tenderiam a conti­
nuar paradas, mas acabam se movimentando em sentido
contrário ao d a rotação d o globo. As correntes tam bém
ocorrem e m razão da inclinação do eixo terrestre e da d i fe­
rença de tem pe ratura entre o Equador e as zonas polares.
As correntes podem ser frias ou q u e ntes e i n fl uenciam
a v i d a n o p l aneta d e várias formas. A corrente f r i a d e
H u m bo l dt, por exe m p lo, esfria a costa oeste d a América
do S u l . Há a i n d a a corre n te q u e nte do Atlântico N o rte (ou
corrente d o Gol fo), que evita o congelam ento de po rtos
e u ro pe u s, e a corrente fria do Lab rad o r, q u e desce d o
Ártico e i n f l u e n c i a a s gélidas tem pe ratu ras da costa leste
no rte-ame ricana no i nverno (veja mapa com as principais
corren tes marítimas em cartografia do ar, na pág. 70).

[1] NASA G EO G RAFIA VESTI B U LA R 2015 <é- 47


@ AÁGU
ÁGUA DOCE
Apesar de a água dom in ar a paisagem do glo­
bo, a q uantidade d e H 2 0 d isponível para nosso
consumo é i rrisória: do 1,4 bil hão de q u i lômetros
cú bicos d e água da h i d rosfera, apenas 2,5% são
de água d oce. Mas a garganta começa a secar
mesmo q uando observamos a distribuição desse
peq ueno "filete" d e água doce: a maior parte,
q uase 70%, está sob a forma de gelo, ou seja,
indisponível, nos pai os.
As p r i n c i pais fontes para matar a sede dos
bilhões d e seres vivos no mundo são: as águas
subterrâneas, captadas por meio da exploração
de poços; as águas de su perfície, q u e engl obam
desde lagos e rios até a u m idade do solo; e a água
presente na atmosfera. Tudo isso j u nto, contudo,
não ati nge 1% do vol u m e da h i d rosfera - o resto
da água d oce, como vimos, está aprisionado nas
geleiras. Seja como for, mesmo q u e o vo l u me
relativo seja m í n i mo, os n ú meros abso lutos d e [1]

H , O à n ossa d i s posição, fe lizmente, ainda são


assombrosos. Confira a seg u i r os reservató rios Lagos
que guardam todo esse precioso l íq u ido. Os lagos, d e f i n i d os c o n c e i ­
t u a l m e n te c o m o c o r p o s d e
água parada, s ã o a maioria d a
Águas su bte rrâneas á g u a doce d e s u perfície d i s po­
São o segu ndo grande depósito de água doce da Terra, com n ível para consumo. Podem ser
30,1% do vol u m e total. Ocu pam os espaços existentes entre formados de várias manei ras:
as rochas do su bsolo e se deslocam pelo efeito da força d a por acú m u lo de água da chuva,
gravidade. Origi nárias do acú m u l o de água das ch uvas q u e s e aflo ram e n to d e u m a nascen­
infiltra p e l a superfície, elas t ê m i m portante papel na manu­ te, p e l a al i m e n tação de r i o s
tenção da u m idade d o solo e na al i m entação d e rios e lagos. o u p e l a e ro s ã o g l ac i a l ( d e s­
N o B ras i l, as reservas d e águas su bterrâneas nos aqu íferos gaste das r o c h as p rovocado
são estimadas em 112 m i l q u i lômetros cúbicos. pelo m ovi mento das g e l e i ras).
Neles, a águase d istri bui de maneira irregular e Essa ú l t i m a e x p l i c a a o ri g e m
em grandes extensões, o que d ificu lta a obten- BOLIVIA dos G randes Lagos d a América
ção de dados precisos sobre esses reservatórios do N o rte, q ue a b ri ga m 27% d a
su bterrâneos. Calcula-se q u e existam 27 aq u í­ água doce proven iente de lagos
feros principais no país. O :...:.:�.::.:.:-=..:..;:...==:.=:..::--f do planeta.
um dos maiores reservatórios de água doce do Tam bé m são lagos os mares
m u ndo, ocu panda aproximadamente 1,1 mi I hão fechad os, sem l i gação com o
de q u i l ô metros q uad rados. Deste total, 70% oceano, como o mar Cás p i o - o
estão em território brasilei ro, estendendo-se maior lago do m u ndo, com área
do Centro-Oeste ao Sud este e S u l, e o restante d e 370 m i l q u i l ô m etros q u a­
em territórios do U ruguai, do Paraguai e da d rados - e o mar M o rto. Ou tro
Argentina. As reservas potenciais calcu ladas do mar, o de Arai, enfrenta enorme
G uarani são d e 37 tril hões d e metros cúbicos de água. d esastre a m b i e ntal e p e r d e u
Ou tro i m po rtante aq u ífero b ras i l e i ro é o Alter do Chão, ce rca d e go% d o v o l u m e total
na Amazô n i a. Estu dos prel i m i nares situa-o entre os maiores d e água (veja mais na pág. 53).
do m u n d o e m v o l u m e d e água. Com área d e 437,5 m i l q u i l ô­
metros q u ad rados, há p rojeções q u e i n d i cam q u e o AI ter d o
Chão te n h a 86 tril hões d e m etros c ú bicos d e água, o q ue,
caso confirmado, su peraria em m u ito o G uara n i .

4 8 -7 G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


Rios
São cursos natu rais de água que se deslo­ O C ICLO DA AGUA r Os ventos carregam o vapor de água dos oceanos
para os continentes. As nuvens se condensam, e a
cam d e um ponto mais alto (nascente) até água volta para a superfície terrestre na forma de
um nível mais baixo (foz ou desembocadu ra), chuva - a precipitação também pode ocorrer como

onde lançam suas águas. A foz pode ser u m o�- neve ou granizo
A energia solar
mar, lago, pântano ou rio. O s rios aumentam incide sobre a
progressivamente de vol u m e ao l ongo d e superfície do planeta

seu percu rso, alimentados p o r novos cu rsos


de água - o utros rios, riachos e nascentes.
As ch uvas tam bé m reforçam o fluxo do
rio, pois as águas se i nfi ltram n o terreno O calor provoca a
ou escorrem e m filetes até ati n g i r os ria­ evaporação da água,
que passa para o estado
chos. A parte absorvida pelo solo penetra gasoso e é transferida
até estratos inferiores, formados por rochas para a atmosfera.
A transpiração
impermeáveis, e conti nua se movimentando de plantas e animais
su bterraneamente conforme a incli nação contribui para esse A água das chuvas é
processo. Apesar de o escoada para os rios,
da camada rochosa, c r i a n d o os l e n ç ó i s
fenômeno também ocorrer lagos e mares. Também
freáticos. M a i s adiante, essa água retorna em rios e em lagos, é nos pode infiltrar-se no solo
à s uperfície e m nascentes, que alimentam oceanos que a evaporação ou voltar para a atmosfera
é mais intensa. pelo processo de evaporação.
os cu rsos d e água. O d erreti m ento da neve
acu m u lada no cume das montanhas é outro
fator q u e participa na formação dos rios.

O CICLO H I D ROLÓG ICO


Toda a água d isponível no p l an eta está e m constante
renovação. Esse p rocesso no q u al a água se d es loca d a
su perfície terrestre e da atmosfera, passando pelos estados
l íq u ido, sólido e gasoso, recebe o nome de ciclo h i d ro l ógico.
U m dos responsáveis por esse processo é a energia solar,
q u e incide na superfície do planeta e p rovoca a evapotrans­
p i ração das águas - ou seja, elas passam do estado l íq u ido
para o gasoso. A evaporação dos oceanos ocorre com maior
i ntensidade, mas o fenômeno acontece ainda e m rios, lagos
e demais águas continentais. A trans p i ração das plantas
tam bém contribui para a evaporação d a água.
O vapo r d e água res u l tante desse p rocesso dá origem
às n uvens, q u e se deslocam com o movi m ento d e rotação
da Terra e d os ventos. Q u a n d o as n uvens se conde n sam,
ocorre a p re c i p i tação, e a água volta para a s u p e rfície
terrestre, ati ngindo tanto o conti nente q uanto os oceanos.
Essa p recipitação pode ser líqu ida, n o caso das ch uvas, ou
Geleiras sólida, se cai r na forma d e neve o u gran izo. Tudo depende
Rese rvató rio de 68,7% da água d oce do p l a­ das cond ições c l i m áticas d a região.
neta, as gelei ras são enormes massas formadas Ao ati n g i r os conti n e n tes, a água d a p recipitação pode
pelo acú m u l o de neve no decorrer de m i l hares percorrer a l g u n s cam i n hos:
d e anos. Existem e m áreas planas p róxi m as
aos polos ou na forma d e i m e nsos rios d e gelo · vo lta para a atm osfera, e m n ovo p rocesso d e evapo­
q u e avançam l entamente pelos vales e m altas transpi ração;
latitudes o u e m cord i l h e i ras e l evadas. • i nfi ltra-se no solo, a l i me ntando as águas su bterrâneas;
As geleiras se movi mentam: descem encostas · é escoada na d i reção d e rios, l agos e mares .
pela ação da gravidade ou se espalham pelo
solo com a força d e seu peso. E m seu trajeto, O d esti n o d e ssas águas é i n f l u e n ciado p o r fatores
elas d esgastam as rochas e, ao ch egar a mares como a cobertu ra vegetal, as c o n d i ções c l i máticas e a
e lagos, dão origem a p l ataformas d e gelo. Os geol ogia e a altitude. Em áreas mais áridas, p o r exemplo,
icebergs são massas d e gelo que se desprendem a evapo ração é m e n o r q u e a i nfi ltração, ao passo q u e, em
dessas p l atafo rmas e f l u tuam pelos oceanos. terrenos arenosos, a água se in filtra mais rapidamente.

[li RECH/AFP [ 2 i DIVULGAÇÃO [li MULTISP GEOGRAFIA VESTIBU LAR 2015 f- 49


@ AÁGU BACIAS HIDROG RÁFICAS DO B RASIL

TE R R ITÓ R I O
CAU DALOSO
O BRAS I L CONCENTRA MAIS
DE 10% DA ÁGUA DOCE
DISPO N ÍVEL NA S U PERFÍC I E
D O PLAN ETA DESCUBRA OS
M EAN DROS DAS ÁGUAS Q U E
PERCORREM NOSSO PAÍS

GRANDES ÁGUAS
O nome das famosas Cataratas
do Iguaçu (PR) resume a
imensidão hídrica brasileira:
I guaçu, em tupi-guarani,
significa "água grande"

A
água doce é u m bem extre m a m e n te p recioso:
corresponde a apenas 2,5% do vo l u m e d a h id ros·
fe ra. E, para a felicidade geral da n ação, o B ras i l é
bastante privi legiado na d istri bu i ção desse bem de todos:
nosso território concentra mais de 10% da água su perficial
d is p o n ív e l para co n s u m o n o m u n d o (veja mais sobre a
distribuição de água no globo na pág. 56)
Toda essa cau dal osa riq ueza está espalhada pelos m i· 1 AMAZON
REGIÃ9 HIDROGRÁFICA
ICA
Engloba a maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônica,
I h ares d e rios q u e percorrem o país. A maioria desses rios

com área de 3,8 milhões de quilômetros quadrados em terras


nasce e m regiões d e altitude média- o Amazo nas, q u e tem

brasileiras, o equivalente a cerca de 6o% do total


origem na cord i l he i ra d os Andes, é uma das exceções. U ma

(os outros 40% distribuem-se nos territórios de Peru,


característica importante é o predomínio de rios de planal·

Colômbia, Equador, Venezue;a, Guiana e Bolívia). Seu curso


to, o que perm ite bom aproveitame nto h i d relétrico.

principal nasce no Peru, com o nome de rio Vilcanota, e


O regi m e dos rios b ras i l e i ros é p l uvial, o u seja, são

recebe depois as denominações de Ucaiali, Urubamba,


alim en tad os pela água d a c h uva (de n ovo, o Amazonas é

Maraiión e Amazonas. Quando entra no Brasil, vira Solimões,


exceção, p o i s tam bé m recebe neve d e rretida dos Andes).

até o encontro com o rio Negro; desse ponto até a foz, volta
Em v i rt u d e d a p red o m i nância d o c l i m a tro p i cal no país,

a chamar-se Amazonas. Seus principais afluentes no Brasil


com bastan te c h uva, n ossos rios são m aj o ritariamente

são os rios Madeira, Tapajós e Xingu, na margem direita, e,


perenes ( n u nca secam). Desaguando no oceano Atlântico

na margem esquerda, Negro, Trombetas e Paru. Um estudo


ou em o utros afl u entes que corre m para o mar, eles têm,

divulgado em 2008 pelo lnpe mostrou que o rio Amazonas é


em sua maio ria, foz do tipo estuário: o canal se afu n i l a e

o maior do mundo, superando o rio Nilo: o rio brasileiro tem


as águas são lançadas l ivremente no oceano. Outro tipo de

6.992 quilômetros de extensão, contra 6.852 quilômetros do


foz é o delta, em que aparecem i l has na região do deságue.

egípcio. A confirmação desses dados, contudo, depende da


Há, ainda, o caso d e foz m ista, como a do Amazonas.

aceitação de instituições geográficas internacionais.


O vasto emaranhado d e afl u e n tes nac i onais está agru·

A bacia Amazônica tem mais de 20 mil quilômetros de rios


pad o em o ito gran des bacias h i d rográficas. As bacias, por

navegáveis, que fazem das embarcações o grande meio de


sua vez, r e ú n em-se e m regiões h i d rográfi cas defi n i das

transporte local. Hidrovias como a do rio Madeira, que opera


pelo IBGE e pelo Conse l ho Nacional d e Recu rsos H íd ri cos

de Porto Velho a ltacoatiara, servem de escoadouro para a


para fac i l i tar o p lanejamen to a m b i en tal e o uso rac i onal

produção agrícola do Centro-Oeste.


d o s recursos. Veja a segu i r cada uma d as o i to gran des
regiões h i d rográficas d o B ras i l .

50 � G EOGRAFIA VESTI BULAR 2015


2 RIOS
REGIÃO HIDROGRÁFICA DOS
TOCANTINS-ARAGUAIA
Ocupando 921 mil quilômetros quadrados, essa área é
definida pela bacia do rio Tocantins. Ele nasce em Goiás e
desemboca na foz do rio Amazonas. Parte de seu potencial
h idrelétrico é aproveitada pela usina de Tucuruí, no Pará.
Já o rio Araguaia nasce em Mato G rosso, na divisa com
Goiás, unindo·se ao rio Tocantins no extremo norte do
6 REGIÃO HIDROGRÁFICA
DO RIO PARAGUAI
estado do Tocantins. É constituída pela bacia brasileira do rio Paraguai,
abrigando a grande planície do Pantanal Mato·Grossense.
3 REGIÃO HJDROGRÁFICA
DO RIO SAO FRANCISCO
Com sua nascente em território brasilei ro, na serra do
Araporé, próximo de Cuiabá (MT}, o rio Paraguai drena
Possui uma área de 638 mil q uilômetros quadrados e uma região de 363 mil quilômetros quadrados no Brasil,
seu principal rio é o São Francisco, com cerca de 2,7 mil correspondente a cerca de um terço da área total, que
q u ilômetros de extensão. O Velho Chico nasce em M inas inclui também Argentina, Bolívia e Paraguai. Seus rios são
Gerais e percorre os estados da Bahia, de Pernambuco, muito usados para a navegação e para o consumo animal.
Alagoas e Sergipe até a foz, na divisa entre esses dois
últimos estados. É o maior rio totalmente localizado em
território brasileiro, sendo essencial para a economia das
regiões que percorre, pois permite a atividade agrícola
7 REGIÃO HIDROGRÁFICA
DO RIO URUGUAI
em suas margens - grande parte localizada em região Com cerca de 175 mil quilômetros quadrados, é constituída
semiárida - e oferece condições para a irrigação artificial pela parte brasileira da bacia do Uruguai, rio que surge da
de áreas mais distantes. Essa, inclusive, é uma das u nião dos rios Peixe e Pelotas. Tem grande importância
questões em debate em torno do projeto de transposição tanto pelo potencial hidrelétrico como pela concentração
das águas do São Francisco (veja mais na pág. 53). de atividades agroindustriais na região.

4 REGIÃO H I DRO_GRÁFICA
DO RIO PARNAIBA
8 REGIÃO_ HIDROGRÁFICA
DO ATLANTICO
Segunda região hídrica mais importante do Trata·se de um conjunto de bacias costeiras formadas por rios
Nordeste, atrás da região do São Francisco, que deságuam no Atlântico, exceto os do Amapá, que fazem
ocupa uma área de cerca de 333 mil parte da Região Hidrográfica Amazônica. São cinco regiões:
quilômetros quad rados, entre os estados
do Ceará, Maranhão e Piauí. Ao desaguar no A) A Atlântico Nordeste Ocidental, de 274 mil
oceano Atlântico, fazendo a divisa do Piauí quilômetros quadrados, abriga os rios situados entre
com o Maranhão, o rio Parnaíba forma um a foz do G u rupi (divisa Pará·Maranhão) e a do rio
delta oceânico. A piscicultura é a principal Parnaíba (divisa Maranhão·Piauí).
atividade econômica praticada no rio.
B) A Nordeste Oriental, de 286 mil quilômetros
q uadrados, fica entre a foz do Parnaíba e a do São
CARGA FLUTUANTE Francisco, na divisa entre Alagoas e Sergipe.
Produtos agrícolas são
C) A região Leste, com 388 mil q u ilômetros quadrados,
levados pelas

vai da foz do São Francisco ao rio Mucuri (extremo


águas da hidrovia
Tietê·Paraná
sul da Bahia).

5 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO RIO PARANÁ


Abrangendo uma das áreas com o maior desenvolvimento econômico do
D) A Atlântico Sudeste, com 215 mil quilômetros
quadrados, vai do Mucuri à área da divisa entre São
país, a região da bacia do Paraná tem cerca de 88o mil quilômetros quadrados. Paulo e Paraná.
O rio Paraná, com quase 3 mil quilômetros de extensão, nasce na j unção dos
rios Paranaíba e Grande, na divisa entre Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e E) Por fim, a Atlântico Sul abrange as bacias dos rios
São Paulo. Essa bacia apresenta o maior aproveitamento hídrico do Brasil, ltajaí, Capivari e aquelas ligadas ao rio Guaíba e ao
abrigando hidrelétricas como a de ltaipu. Afluentes do Paraná, como o Tietê e sistema lagunar do Rio Grande do Sul, somando 187
o Paranapanema, também têm grande potencial para a geração de energia. mil quilômetros quadrados de área.

(1] DIVULGAÇÃO (2] MAURICIO SIMONETTI/PULSAR IMAGENS GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015 E- 51
0 AÁGU U S O D A ÁG UA

RES E RVAS
P R E C I OSAS
SAI BA COMO A I NTERFERÊNCIA DO
HOMEM N OS C U RSOS DE ÁGUA VEM
POLU I N DO AS FONTES NATU RAIS
E PROVOCA N DO U MA GRAVE
ESCASSEZ H ÍD R I CA

O
vol u m e total d e água no planeta -
1,4 bil hão de q u i lômetros cú bicos ­ MAU VIZINHO Construções próximas à represa Billings (SP) ameaçam o manancial
não a u m en ta n e m d i m i n u i. E te m
s i d o ass i m d e s d e as e ras m a i s re m otas. Mananciais
O ciclo h i d rológico (veja mais na pág. 49) A i n terferência do homem nos mananciais vem reduzindo d rasti­
garante q u e a água passe d o mar para a camente a q uantidade d e água potável no planeta. Mananciais são
atmosfera e desta para os rios q u e abaste­ todas as fontes de águ a, su perficiais ou su bterrâneas, q u e podem
cem os reservatórios de forma constante. ser u sadas para o abasteci m ento das popu lações. I sso i n c l u i, por
Mas, se a q uantidade de águ a na Terra exem plo, rios, lagos, represas e lençóis freáticos. Para cumprir sua
permanece a mesma, por que estamos sem­ f u nção, u m manancial p recisa d e cu idados especiais, garantidos por
p re falando em esgotamento das reservas políticas d e preservação ambiental . Nessas regras, o ponto princi pal
h íd ricas? Na verdade, nós nos referimos à é evitar a pol u i ção das águas, o que tem se tornado mais d ifícil d iante
escassez de água potável . De todo o enor­ do c resci mento desordenado da u rbanização (veja na pág. 94). E o
m e vol u m e d e ág u a d o p l a neta, t e m o s B rasi l, i nfelizmente, é u m exemplo desse cenário de águas tu rvas.
100 m i l q u i l ô m etros c ú b i cos para matar Em São Pau l o, a partir da década de 1970, a cidade começou a se
a s e d e, c u i d a r da h i g i e n e, gerar e nergia, expan d i r e m d i reção à represa d e G uarap i ranga, com m i l hares d e
prod uzi r ali mentos e bens ind ustriais. Não é ocu pações clandestinas q u e despejam esgoto n o manancial. H oj e,
exatamente pouca água - i magine que cada é quase i m possível tirar tantas pessoas d essas áreas. A prefeitura d e
pessoa no m u n d o tenha d i reito a mais d e São Pau l o estima q u e 2 m i l hões de ind ivíd u os vi·Jam em áreas i l egais
570 bilhões de litros p o r dia, d u rante 75 anos. de reservatórios de água. Como resu ltado, grandes represas, como
O problema é q u e a água não é d i stri b u í­ Billi ngs e Guarapi ranga, apresentam altíssimo índice de contami nação.
da assi m, d e forma eq u i l i brada, e ntre toda
a popu lação. A própria natu reza i m põe res­ Pegada h íd rica
trições. Enq uanto regiões como a Amazônia Para med i r a q uantidade de água gasta na atividade produtiva e n o
é riq u íssima e m recu rsos hídricos, trec hos c o n s u m o das pessoas, foi criado o termo "pegada h ídrica". Ela i n d i ca
da África e d o Orien te Méd i o sofrem com q uanto gastamos de forma d i reta (quando abrimos a tornei ra, por
uma brutal escassez, responsável, inclusive, exe m p l o) ou i n d i reta (a água util izada na p rod u ção d e u m a roupa
por sérios confl itos armados. ou d e alim entos) A pegada h íd rica varia de país para país. Nos mais
Para p i o rar, a ação d o h o m e m e m nada desenvolvidos, como os Estados U n idos, a quantidade d e água gasta
vem aj u d a n d o a tornar a d i stri b u i ção e o fica bem aci m a da média registrada no m u ndo.
acesso à água mais d e m oc ráticos. Se hoje A agro pecuária é d e l o n ge a atividade que mais consome esse
q uase 1 b i l hão d e pessoas n ão têm acesso recu rso n o plan eta - 6g% d o que é extraído d o s rios e aq u íferos.
à água l i m pa, i sso se d eve p r i n c i palme nte O g ra n d e vi lã o desse p rocesso é o d e s p e rd ício, p rovocado p o r
a dois fatores: o mau gere n c i a m e n to das téc n i cas p o u c o efi cazes d e i rrigação. A i n d ú stria vem a segu i r,
fontes naturais e a falta de e q u i l íbrio entre exig i n d o 21% dos recu rsos h íd ricos. Já a água q u e usamos em casa
a renovação e o cons u m o da água. represe nta ape nas 10% do c o n s u m o m u n d i al.

52 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


O S M E GA P ROJ ETO S
ão é de hoje q u e as ativi dades h u m anas vêm p rovocando grandes

N a l te rações no c i c l o h i d rológico. Há mais de 5 m i l an os, j á s e


constru íam barragens para re p resar parte d a s águas d o rio N i l o,
no Egito. Atual m e nte, nas áreas u rban izadas, essa i nterferência é mais )
e Locais de captação
+Canais em construção
, ....,. Rios receptores
* Vazão máxima
Oceano
A!IJntico

\ '""
i ntensa. A substituição da cobertura vegetal pela de concreto, por exem pio,
reduz a área de solo capaz de absorver água da chuva, p rej u d icando o
sistema de d ren agem e o transporte das águas da ch uva para os rios.
O u t ras i n te rve n çõ e s mais i n tr u s ivas nas f o n tes d e ág u a têm s i d o
largam e n te uti l izadas p e l o h o m em. Veja a segu i r a l g u n s exe m p l os d e
c o m o a ação h u mana vem m o d i ficando o c e n á r i o híd rico n o m u nd o .

LOCALIZAÇÃO DA U S I NA D E BELO MONTE

e cidades próximas

1
. Barragens

· · · · Canal previsto

Transposição d o
Belo Monte
rio São Francisco
I n i c i ad as e m 2007, as o b ras d e trans­
Anapu
Brasil

Novo • p o s i ção do rio São Francisco têm c o m o
o bjetivo desviar u m a pequena parcela d e
s e u vo l u me p o r m e i o de d u tos e canais q u e
Fonte: Aneel
d evem abastecer rios m e n o res e açudes
que secam d u rante a estiagem n o sem iá­
H i d rel étrica d e Belo Mo nte rido nordesti no. O governo acre d ita q u e
P revista para ser entregue em 2015, a usina h id relétrica de Belo Mo nte a obra beneficiará 1 2 m i l hões d e pessoas
está sendo constru ída na bacia d o rio Xi ngu, no Pará, ocupando a área dos e esti m u lará a agricultura nas áreas ati n­
m u n i cípios de Alta m i ra, Anapu, Bras i l N ovo, Senad o r José Porfírio e Vitória gidas. Os críticos d a transposi ção, porém,
do X i n g u . Ao cu sto d e 30 b i l hões d e reais, a o b ra d eve l evar en e rgia a 18 acred itam que poços profundos e cisternas
m i l hões de pessoas, segu ndo o governo. O p rojeto, contudo, vem sendo (q u e são rese rvató r i o s p a ra a captação
contestad o j u d icial m e n te e m f u n ção das su postas i rregu laridades nas d e água d a ch uva) são alternativas mais
licenças ambientais. Os que se opõem à construção d a usina alegam q ue o eficazes e baratas para com bater a seca.
represamento do rio causaria a red ução d rástica de sua vazão, co m p rome­ Existe ainda o temor de que o projeto cause
ten d o o ecossistema da Região Amazônica. Além d i sso, i m pactos sociais i m pactos ambi entais no rio São Francisco,
tam bém são p revi stos, como o d esalojame nto d e m i l hares d e i n d ígenas. q u e j á se enco ntra bastante deteriorado.

Mar d e Aral
A irrigação é uma das pri ncipais fontes de desperdício de
água. Quando mal planejada, pode dar origem a catástrofes
ambientai s extremas. É o q u e aconteceu no mar de Arai.
Encravado entre o Uzbeq u i stão e o Cazaq u istão, na Ásia
Central, o Arai ocu pava u m a área d e 68 m i l q u i l ô metros
q uadrados - pouco maior q u e o estado do Rio de janeiro. O
desastre começou a se formar nos anos 1g6o, com o desvio
dos rios Amu e Syr para i rrigar as lavou ras da antiga União
Soviética. Passados q uase so anos, o Arai perdeu go% do
vol u m e d e água. E ntre outras consequências, o recuo am­
pl iou as áreas desérticas e d i m i n u i u d rasticamente a flora
e a fau na locais.

[ 1 ] ROBERTO LOFFEL (2) NASA GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015 <- 53


0 AÁGU
ON DAS DE DESTRU ICÃO
TUDO COMEÇA NO
FUNDO DO MAR
Ondas gigantes são

provocadas por três
tipos de fenômeno
TREMORES rand e maré de terremoto: esse é o sign i ficado da palavra tsu­

PROVOCADOS G n a m i e m japon ês. Os ts u na m i s são o n d as gigan tescas, c o m


mais d e 30 metros d e altu ra, provocadas p o r pertu rbações nas
profu n d ezas do mar, como abalos sísm icos (marem otos), eru pções
POR FENÔMENOS
v u lcân i cas ou d e s l i z a m e n tos n o f u n d o oceân ico (veja ao lado). Os
GEOLÓGICOS NO tre m o res p rovocados por fenômenos geológicos, como esses, fazem
q u e u m a série de o n d u l ações se p ropague por grandes d istâncias na
FU N DO DO MAR s u p e rfície do oceano. Essas o ndas são i n icialme nte bastante l o n gas e
DÃO ORIGEM baixas, não mais q u e ínfimo 0,3 a 0,6 metro. A tri p u l ação de u m barco
q u e passar sobre elas é capaz d e nem percebê-las - e sua energia pode
AOS TERRÍVEIS d i m i n u i r até d esaparecer, ao perco rrerem m i l hares d e q u i l ô m etros.
TSU NAMIS Entretanto, a coisa se com p l ica q uando elas se aproxi mam da costa,
onde a p rof u n d idad e d i m i n u i e s u rge atrito com o fundo d o oceano.
O res u ltad o é que as o n das passam a ser c o m p r i m i das num es paço (3]

cada vez m e n o r, o q u e as o b riga a s u b i r. Os tsunam is, então, formam Erupções vulcânicas injetam
uma c o l u n a descomu nal, sugando o mar d a costa a po nto d e deixar toneladas de lava no chão
oceânico, provocando ondas
parte do solo oceânico d esco berto. E o ú l t i m o aviso. M i n utos d e pois, devastadoras
eles chegam, em geral catastroficame nte.

ATAQUE DO VAGALHÃO ASSASSINO


Di ferenças nas encostas do litoral podem suavizar o u aumentar o impacto

(4]

Terremotos submarinos
deslocam a crosta oceânica,
empurrando a massa de
água para cima

Um declive menos acentuado na beira-mar faz que as ondas percam força, atenuando o tsunami

Uma imensa bolha de gás


se forma no fundo do solo
oceânico, surtindo o mesmo
121
efeito de uma explosão
Uma maior profundidade na encosta joga as ondas para cima, amplificando sua potência descomunal

54 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


<!J�b''';Jft1M''''4'•
20ll: JAPÃO

No dia 11 de março de 2011, o Japão


O d esastre q u e gerou u m alerta nuclear

sofreu o maior terremoto de sua história.


O abalo de 9 pontos na escala Richter
teve seu epicentro no oceano Pacífico,
há 67 quilômetros da costa nordeste,
provocando um tsunami devastador.
As ondas viajaram a Soo quilômetros por
hora, arrastando carros, barcos e edifícios.
Cidades como Sendai e lshi ficaram
submersas em meio aos escombros.
Além de deixar pelo menos 9 mil
mortos, o tsunami comprometeu o
sistema de resfriamento da usina atômica
de Fukushima. O superaquecimento dos
reatores provocou explosões, e houve
161

vazamento de material radioativo.


Enquanto milhares de desabrigados
eram socorridos, o país ainda era
ameaçado por uma catástrofe n uclear.

�j�f,jiii;ifj;ijUIIJ;jr.
2004 : INDONÉSIA

A tragédia de 26 de dezembro de 2004


O planeta mobil izado pela onda gigante

foi ainda mais devastadora porque o


oceano Indico não tinha um sistema de
aviso eficaz nem estava acostumado
a esse tipo de onda. A alta densidade
populacional das áreas atingidas
(15 paises na As ia e na Africa) também
amplificou a catástrofe, que deixou
230 mil mortos. Indonésia e Bangladesh
foram os países mais atingidos.
O tsunami nasceu de um terremoto
de 9 pontos na escala Richter. A partir
do epicentro, a cerca de 160 quilômetros
a oeste da ilha indonésia de Sumatra,
surgiram ondas de 10 metros de altura,
que viajavam a Soo quilômetros por hora.
A comoção diante da tragédia
provocou uma mobilização mundial.
Nações de todo o globo enviaram
dinheiro, donativos e vol untários com
rapidez sem precedentes.

[1] [l] [3] [4] [S] NEWTON VERLANGIERI/REVISTA MUNDO ESTRANHO [6] KVOOO PRESS/AP [7] AP/DUDI ANUNG GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 <'- 5 5
0 AÁGU � CARTO G RAFIA

ESCASSEZ
ÁG UAS HÍDRICA
NO MUNDO

MA P EA DAS
6916°/o
A ESCASSEZ H ÍD R I CA AFETA Q UASE
1 B I LHÃO D E PESSOAS N O P LAN ETA. da água doce do planeta
(24,3 milhões de km')
VEJA AS I M PLICAÇÕES D ESSE P RO B LEMA encontra-se em mantos de
gelo, geleiras e camadas
E O N D E A SITUACÃO É MAIS GRAVE
,
de neve

ABUNDANCIA E ESCASSEZ 1··············-­

E
m alguns pontos do gl obo, como no norte do Quênia
Cada norte-americano gasta, em média,
e n o s u l da Etiópia, as pessoas precisam andar horas
sso litros de água por dia, 29 vezes o
sob o sol i n c l e me n te para consegu i r água. N esses consumo de um morador de Angola, na
dois países africanos, o fantas m a d a escassez híd rica j á Atrica (20 litros/dia) . No Brasil, o uso per
v i r o u real idade. capita de água fica em torno de 190 litros.
A população dessas regiões faz parte d e u m conti ngente O ideal é que cada habitante do planeta
disponha de 20 a so litros de água por dia.
de goo m i l hões de pessoas n o m u ndo que não têm acesso à
água l i m pa. Além d isso, outros 2,5 bil hões carecem de siste­
mas adequados de descarga de dejetos hu manos. A previsão
para o futu ro é alarmante: em 2025, dois terços da popu lação

RIQUEZA SUBTERRANEA ! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
enfrentarão carência de água, segu ndo o pai nel Water for
..... ......
Life, mantido pela Organ ização das Nações U n idas (ON U), o
q u e já é m otivo de confl itos em várias partes da Terra. Uma das maiores reservas de água do
O m apa ao lado m ostra a d is p o n i b i l idade d e água n o planeta é o Aquífero Guarani, localizado
no subsolo do Brasil, Uruguai, Argentina e
planeta. Em alguns casos, fatores naturais podem expl icar a
Paraguai. Seu volume de água é estimado
escassez. Porém, o crescimento demográfico, as alterações em 37 trilhões de m3 de água. A exploração
climáticas, a rápida u rban ização e o mau gerenciamento das desordenada tem elevado o risco de
fontes pressionam o ciclo hid rológico, ou seja, consu m i mos contaminação de suas águas e preocupa
os ambientalistas.
mais água do que a natu reza é capaz de repor.

.. .............. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !
ENXURRADA NO MAR
DISTRIBUIÇÃO Nenhum rio do mundo tem
IRREGULAR vazão tão grande quanto a do
Nem mesmo o Brasil, o país
Amazonas: 17 trilhões de litros

que detém 12% das reservas


por dia. isso equivale a cerca de

mundiais de água doce e uma


15% de toda água despejada no

profusão de rios (veja o mapa


mar pelos rios do planeta.

ao lado), está livre do problema. 1) Região Hidrográfica Amazônica


A água por aqu i é abundante,
2) Região Hidrográfica do São Francisco

mas mal distribuída. MEGARRESERVATORIO


3) Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

O Nordeste, que concentra 28%


4) Região Hidrográfica do Paraná

da população, possui apenas


Além do Aquífero Guarani, o 5) Região Hidrográfica do Parnaíba

3% da água disponível. já os
Brasil conta com pelo menos 27 6) Região Hidrográfica Atlântico Nordeste e Oriental
reservatórios de grande porte, 7) Região Hidrográfica Atlântico Nordeste e Ocidental
estados do Norte, com somente
entre eles o de AI ter do Chão, 8) Região Hidrográfica Atlântico Leste

8% da população, têm quase


na Amazônia. Em 2010, estudos g) Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

70% das reservas híd ricas.


preliminares estimaram suas 10) Região Hidrográfica Atlântico Sul

Em outras regiões, muitos rios se


reservas em 86 trilhões de m3, 11) Região Hidrográfica do Uruguai

encontram altamente poluídos.


o que faria dele o maior 12) Região Hidrográfica do Paraguai
aquífero do país. Fonte: IBGE

56 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! CONTAMINAÇÃO NA CHINA
Estima-se que cerca de 300 milhões
de chineses bebam água contaminada
diariamente . Um estudo do Ministério
de Proteção Ambiental do país revelou
que 25% das reservas hídricas (lagos, rios,
córregos etc.) não servem para nada -
de tão sujas, as águas são impróprias para
consumo humano e uso na agricultura
ou indústria.

d a água
0:face3°/o
do planeta
(118 mil km•) forma l agos,
rios e manguezais

Escassez h ídrica: Areas o n d e o


• consu mo h u m ano já s u perou a

l
capacidade de ren ovação natu ral,
com extração de mais de 75% das
águas das bacias h i d rográficas

• Próximo da escassez hídrica física:


Mais de 6o% do fl uxo dos rios dessas
bacias é usado, e a popu lação deve
············ · I GUERRA PELA ÁGUA e n frentar a escassez física em breve

t
O acesso à água é motivo de Escassez hídrica econômica: Q u estões
conflitos em vários lugares do • p o l íticas e econôm icas também
mundo. Na África, Egito, Sudão l i m itam o acesso à água. E n c o n tram·
e outros sete países disputam se nessa situação regiões em q u e

l
as águas do rio Nilo, essenciais m e nos de 20% d a água d i s p o n ível é
para o abastecimento de cidades aprove i tada, enq uanto os habitantes
e irrigação de plantações. sofrem com desabaste c i m e n to
No Oriente Médio, o rio jordão por causa de confl itos ou falta de

L 30 1°/o é fonte de discórdia entre Israel i n f raestrutu ra e saneamento

I e seus vizinhos Líbano, jordânia,


da água doce do planeta Síria e Cisjordânia. • Escassez hídrica pequena ou
inexistente: Oco rre em regiões ricas
(10,5 milhões d e km3) Desde 1976, os israelenses em recu rsos h íd ricos, com retirada
localiza-se sob a terra, controlam o acesso dos i n ferior a 25% d o total d e águ a
em l e nçóis freáticos e
palestinos aos recursos hídricos d i s p o n ível
aquiferos
da região, elevando o clima Fonte: Comprehensive Assessment o f
de tensão na área. Water Management in Agriculture, 2007 Sem dados disponíveis

A DISTRI BUIÇÃO D E ÁGUA É IRREGULA R


Proporção da população m u n d ial e do vol u m e
de água doce do planeta em cada continente (%)
CARENCIA DE ESGOTO

W População '
Pouco mais da metade dos m u n icípios brasileiros tem coleta
de esgoto. Com esgoto tratado são menos de 30% das cidades

Brasil 5 7,1
Água

Norte II!J
N o rdeste -

4
Sudeste 84,1

-
.. l
Sul

Centro· 42,5
B ras i l Africa .2.0
Oeste Oceania

Fonte: IBGE/Pnad Fontes: Unesco, World Water Assessment Programme, 2003

G E OGRAFIA VESTI B U lAR 2015 � 57


0 AÁGU � Q U ESTÕ E S E RES U M O
.

I CO M O CAl NA P ROVA
1. provocando enchen tes a jusante (rio abaixo) e não a montante (rio
(FUVEST 2013) G randes lagos artificiais d e barragens, como o Nasser, acima), como indica a afirmativa 11. A m a n u tenção das comportas
no rio N i l o, o Three Gorges, na C h i na, e o de ltai p u, no Brasi l, res u l ­ fechadas comprometeria a estrutura da usina e represaria um volume
tantes do represamento d e rios, estão entre as obras d e engenharia de água que poderia provocar enchentes a m o n ta n te da barragem.
espal hadas pelo m u ndo, com importantes efeitos socioambientais.
As afirmações 111 e /V estão corretas.. A construção de uma usina hidrelé­
Acerca dos efeitos socioambientais de grandes lagos d e barragens, trica provoca uma série de impactos socioambientais. O deslocamento
c o n s i d e re as afi rmações abaixo. populacional é um dos principais problemas sociais, enquanto as
possíveis alterações m icroclimáticas fazem parte das preocupações am­
I . Enquanto no passado, grandes l agos de barragem restri ngiam-se bientais. As construções de grandes barragens provoca, na maioria das
a áreas de plan ície, atualm en te, g raças a p rogressos tecnoló­ vezes, o deslocamento de populações indígenas e ribeirinhas, povoados
gi cos, situam-se, i nvariave l m e n te, e m regiões p lanálticas, com e cidades, o que deu origem ao surgimento do Movimento dos Atingidos
s i g n i fi cativos d e s n íveis to pográficos. por Barragens, formalizado em 1989. No que diz respeito aos aspectos
1 1 . A abert u ra das c o m p o rtas que rep resam as águas dos lagos de ambien tais, a substituição da cobertura vegetal por uma lâmina de água
barragens i m pede a ocorrência d e processos d e sed imentação, certamente modifica o balanço de energia à superffcie e, consequente­
ass i m como p rovoca g randes e n c h e n tes a m o ntante. mente, toda a caracterização do clima do entorno desse grande lago.
1 1 1. F req u e ntes d esaloj a m e n tos de pessoas para a i m plantação
de lagos de barrag e n s l evaram ao s u rg i m ento, no Bras i l, d o Resposta: O

� SAIBA MAIS
Movim ento d o s Ati n g i d o s p o r Barrage n s - MAB.
IV. Por se constitu írem como extensos e, m u i tas vezes, prof u n d os
rese rvatórios d e água, g randes lagos d e barragens p rovocam Veja onde se localizam as dez maiores usinas hidrelétricas e m funcio­
alterações m ic r o c l i m áti cas nas suas prox i m idades. namento no Brasil

Está correto o q u e s e afi rma em

b) I, 11 e 1 1 1, apenas.
a) I e 1 1, apenas.

c) 1 1, 1 1 1 e I V, apenas.
d) 1 1 1 e I V, apenas.
e) I, 1 1, 1 1 1 e IV.

RESOLUÇÃO
A afirmação I está incorreta. Os rios que cortam áreas de planície são ex­
celentes para a navegação, pois têm pouco desnível e pouca corren teza. O Tucuruí I e 1 1
@ ltaipú (parte brasilei ra)
Já os de regiões planálticas, não são tão bons para a navegação, pois têm
€) I l h a Solteira
ao longo do seu curso inúmeras quedas d'água, o que lhes proporciona O Xingó
um potencial de aproveitamento para a geração de eletricidade. Assim, 0 Foz do Areia
no Brasil as usinas hidrelétricas ocuparam primeiro áreas planálticas que @ Paulo Afonso IV
fl ltum biara
coincidiam com as bacias hidrográficas próximas dos grandes centros
@ São Simão
consumidores. Com a necessidade de maior oferta de energia, as áreas de €> )upiá
planície passaram a receber grandes projetos de usinas hidrelétricas. � Porto Pri mavera Fonte: Aneel

A a firmação 11 está incorreta. A implantação de uma usina h idrelétrica

2.
prevê a cons trução de uma barragem fo rmando um lago artificial
que pode ter duas funções: acumular água para quando houver
diminuição de vazão n o rio, no caso de áreas planálticas, ou prover (UFRGS 2013) U ma pequena parte de água doce do p laneta fl u i, no
u m desnfvel para a queda da água, no caso de áreas de planícies. A estado l íq u id o, por cu rsos de água e lagos nas áreas conti nentais.
barragem não interrompe completamente o fluxo de água. Parte dele
passa pelas turbinas. O restante retoma ao leito do rio por meio do Ass i n a l e com V (ve rdadei ro) o u F (falso) as segui ntes afi r m ações
vertedouro, u m sistema de comportas que é u tilizado para escoar s o b re as águas c o n t i n e ntais s u perficiais.
toda a água que não é u tilizada para produção de energia. Em casos
excepciona is, quando o volume de ch u vas é m u ito grande e a represa ) Foz d e c u rso d e água e m fo rma d e estuário oco rre q u ando
a tinge seu volume máximo, a abertura das comportas libera as águas ele d eságua n o oceano, fo rmando canais e i l has.

58 � GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015


D
) Cu rsos d e água, l ocalizados em regiões com índ ices p l uvio­ -?> H IDROSFERA É o conj u nto de toda a águ a
m étricos a n u ai s altos, possu e m reg i m e fl uvial perene. p resente n o p lan eta, q u e corres p o n d e a
) C h e i as ou i n u n d ações dos c u rsos d e águ a o c o r re m na es­ cerca de 1,4 b i l hão de q u i lô metros c ú bicos
tação mais c h uvosa; e as vazantes, nas estações d e m e n o r e cobre mais d e 70% d a superfície do globo.
prec i p i tação.
) Canal ização é o p rocesso pelo q ual o c u rso d e água é con­ -?>ÁGUA SALGADA A água salgada representa
d uz i d o p o r m e i o d e canais o u valas escavadas, reti l i n izando 97,5% de toda a hid rosfera. Esse vol u m e se
seu l e i to e regularizando s u a d i reção. d ivide e m oceanos e mares. Os oceanos são
grandes áreas d e água salgada d e l i m i tadas
A seq u ê n cia co rreta d e p ree n c h i m ento dos parênteses, de c i m a pelos conti nentes. Os mares são blocos me­
para baixo, é n ores d e água e são classificados conforme
sua relação com os oceanos. Podem ser d e
a) V - F - F - V. três ti pos: abertos, conti nentais e fechados.
b) F - V - V - V.
c) V - V - F - F. -?>ÁGUA DOCE Apenas 2,5% d e toda a h i d ros­
d) F -F -v -v. fera correspondem a água doce. Desse total,
e) v - v - v - F. q uase 70% está conge lada em gel e i ras ou

RESOLUÇÃO
calotas polares. O vo l u me d e água d i sponí­
vel para o consu m o h u mano, p resente e m
Apenas a primeira a firmação é falsa, pois a foz em estuário ocorre lençóis subterrâneos, lagos e rios, não chega
quando o rio desemboca diretamente no oceano. Ela não fa vorece a 1% da h i d rosfera.
a formação de ilhas e canais uma vez que a corren teza do rio e as
correntes marinhas impedem o acúmulo de sedimentos. Quando o rio -?>CICLO H I D ROLÓGICO É o p rocesso p e l o
desemboca em múltiplos canais formados pela intensa deposição de q u al a águ a c i r c u l a e n t r e a s u pe rfíci e d a
sedimen tos, recebe o nome de foz em delta. Em regiões com elevados Terra e a atmosfera. A e n e rgia solar provoca
índices pluviométricos, os rios tendem a ser perenes, ou seja, sofrem a evaporação da águ a, q u e passa para o
alterações apenas no volume sem jamais atingirem situações de ex­ estado gasoso e c h ega à atmosfera. Esse
trema redução do volume de suas águas. Dura n te a estação chuvosa, vapo r d e águ a s e tra n sfo rma e m n uvem,
os rios tendem a encher, transbordar e ocupar as áreas de várzea. q u e se condensa, dando o rigem às c h u vas.
já no período da estação seca, com a redução do volume de chuvas, As gotas de água atingem os conti nentes
temos a diminuição do n ível das águas do rio. Muitos dos cursos e são escoadas para ri os, l agos e oceanos
d'água que cortam as grandes cidades foram canalizados, ou seja, e tam bé m s e i n fi ltram n o s o l o.
tiveram os seus leitos revestidos por concreto. O principal objetivo de
se canalizar um corpo d'água é combater os problemas das enchen tes -?>BACIAS H I DROGRÁFICAS DO BRASI L O ter­
no ambiente urbano. ritório bras i l e i ro concentra mais de 12% da
água doce s u p e rfi cial d o p la neta. O B rasi l
Resposta: B apresenta o ito grandes regiões h i d rográfi­

SAIBA MAIS
cas: Amazôn ica (a maior do m u ndo}, dos rios
--7 Tocantins-Araguaia, do São Francisco, do rio
Veja os principais elementos d e uma bacia hidrográfica. Parnaíba, d o rio Paraná, d o rio Paraguai, do
rio U ru g u ai e d o Atlântico.


-?>ESCASSEZ DE ÁGUA A d istribu ição de água

i
"' no planeta é i rreg u lar, com regiões onde há
divisor de águas
abu ndância (como a Amazôn ia) e outras que
I
vale co
quedad'� ua :

_
sofrem com a escassez (como trechos da Áfri­
ca). Quase 1 bi l hão de pessoas não têm acesso
planfcie fluvial - foz em estuário à água l i m pa. Isso se deve princi pal mente
/ foz em delta
ao mau gerenciamento das fontes natu rais,
• ,. •
oceano
·.· : · : :..._ sedi mentos lançados como a ocu pação i legal dos mananciais. Além
no mar
d isso, há uma su perexploração das reservas
h íd ricas. Somente a agricultura consome 70%
da água doce disponível - a ind ústria absorve
22% e o uso doméstico representa 8%.

GEOGRAFIA VESTIBUlAR 2015 (- 59


::"!J"!::::::: "'�- ·� ..
. · ·�
--
@ oA� M ETEORO LOGIA

TUDO BRANCO O vapor de água


condensado forma a neve, que se
precipita em regiões de clima polar
ou temperado, como o Canadá

TU DO O Q U E
V E M DO C É U [1)

CO N H EÇA OS FENÔM ENOS QU E MOV I M ENTAM A Neve, granizo e geada


Um dos mais belos fenômenos atmosféricos, a neve é fruto
ATMOSFERA TE R R ESTR E E SÃO O BJ ETO DE ESTU DO da prec i pitação de cristais de gelo, geralmente agru pados
DOS M ETEOROLOGI STAS e m flocos, q u e são formados pelo congelamento do vapor
d e água suspenso na atmosfera. O gran izo, por sua vez, é o
cristal de gelo q u e, por causa de fortes correntes ascenden­

D
esde a construção d o s p r i m e i ros termômetros até a análise de da­ tes d entro da nuvem, acaba subindo e cai ndo várias vezes,
dos por meio de satél ites e s u pe rcomp utadores, a meteorologia ­ até ganhar vol u m e e se precipitar de vez. Por fim, a geada
a c i ê n c i a q u e estu d a os f e n ô m e n o s atmosféricos - au m e ntou nada mais é que orval ho congelado, q u e, sob a forma d e u m
enormeme nte o grau d e p reci são d a p revisão d o tem po. A segu i r, confira fi n i n ha camada branca, cobre a s su perfícies p o r o n d e cai.
u m m a p ea m e n to d o s p r i n c i pa i s f e n ô m e n o s atmosféricos estu d ad o s
pelos m eteo rologi stas, o s n ossos "o l h e i ros" d o céu. Vento
Trata-se do deslocamento de ar, geral mente na horizon­
N uvem tal, d e um ponto d e pressão atmosférica mais alta para
É u m agregado d e gotíc u l as d e á g u a, d e c r i stais d e g e l o, o u u m a o u tro o n d e e l a é mais baixa. As d i ferenças de pressão,
c o m b i n ação d o s d o i s . A s n uv e n s são f o r m adas p r i n c i pa l m ente p e l o causadoras dos ventos, estão relacionadas à temperatura.
m ovi m e n to ascendente d o a r ú m i d o : o v a p o r d e á g u a c o n d e n sa q uando A brisa nas regiões l i to râneas é u m bom exem p l o d i sso:
a te m pe ratura d i m i n u i até o p onto d e o rval ho. E las são classificadas em o c o n t i n ente e o mar concentram cal o r d e m a n e i ras d i­
vári os ti pos, d e aco rdo c o m o aspecto, a estr u t u ra e a forma. fere ntes, e isso faz o vento m udar d e d i reção conforme
o perío d o d o dia (veja mais na pág. 18).
Ch uva
É a prec i pitação d e água e m forma líquida, com gotas d e d iâmetro maior Massa de ar
q u e o,s m i l í metro. Existem três tipos d e c h uva. A ch uva de convecção é Trata-se de um corpo de ar com características próprias
resultante da ascensão do vapor d e água das partes mais baixas da atmos­ d e u m idade, pressão e temperatu ra. Essas características
fera - mais aquecido, ele esfria e se condensa à medida que sobe. É o caso dependem das d i ferentes regiões da s u p e rfície terrestre
das pancadas d e chuva q u e ocorrem d u rante o verão na Região Sudeste e m q u e as massas se formam: caso ocorra nos paios, serão
do país. A chuva frontal é o resu ltado do encontro de d uas massas de ar d e frias e secas; se se formarem nas áreas oceân i cas tropicais,
diferentes tem peraturas e u m idades: a massa fria e seca empu rra para cima serão q uentes e ú m idas. A bord a de u ma massa de ar frio
a massa q u ente e ú m id a, que esfria e provoca a precipitação. Esse tipo d e que avança em d ireção a o utra mais q u ente, provocando
ch uva é típico d a s regiões d e c l i m a temperado. A chuva orográfica o u d e q u edas bruscas d e temperatu ra, é chamada d e frente fria
relevo ocorre q u a n d o a massa d e ar s o b e por causa d e a l g u m obstáculo d e (veja na pág. lB). J á a frente quente é a extrem idade de u ma
relevo, c o m o u ma m ontan h a - a q ueda d e temperatu ra, na ascensão, pro­ . massa de ar q uente q u e se forma pela evaporação da água
voca a condensação do vapor. Essa c huva é com u m nas áreas próximas ao de correntes marítimas q uentes - essas massas de ar elevam
l itoral do Nordeste e do Sudeste, que recebem massas ú m idas do Atlântico. a tem peratura e a u m idade nas regiões q u e elas ati ngem.

62 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


"PRESENTE" DE NATAL
Entenda o fenômeno do El Nino

Batizado em referência ao Menino Jesus, por ocorrer ficam estacionadas na costa sul-americana, provocando Há, ainda, o caso do La Niiia, fenômeno oposto ao
em geral no fim do ano, à época do Natal, o EI Niiio chuvas intensas nessa área (l) e, ao mesmo tempo, seca El Niiio: em vez de as águas do Pacífico leste se
(O Menino, em espanhol) é um fenômeno de na Indonésia, Austrália e em outras regiões. Na verdade, aquecerem, elas esfriam. Isso acontece porque os
aquecimento anormal das águas superficiais do Pacífico o clima de todo o planeta é alterado. O El Niiio, que ventos alísios, que carregam a água quente para o
leste, na costa da América do Sul (para entender melhor, ocorre em média uma ou duas vezes a cada dez anos, oeste, ficam mais intensos. Consequentemente, as
acompanhe o processo no infográfico abaixo). também altera o ecossistema marinho. águas quentes da superfície são deslocadas em maior.
O El Niiio é fruto do enfraquecimento dos ventos alísios, Como não há o deslocamento das águas quentes da quantidade para o oeste e mais água fria vem à tona.
que normalmente sopram de leste para o oeste pelo superfície, as águas profundas, que são mais frias e A temperatura do oceano diminui na região próxima
Pacífico (1) - isso faz que a água aquecida na região carregadas de nutrientes, não conseguem vir à tona, à costa oeste da América do Sul, e o clima fica mais
equatorial não seja levada em direção à Indonésia, como na ressurgência (3) - a população de peixes, úmido na Austrália e I ndonésia, por causa das massas
de costume. Com isso, as massas de ar quentes e úmidas por exemplo, diminui drasticamente (4). de ar quentes.

ANO NORMAL ANO COM EL NINO


Costa da D Costa da D Ventos alísios
Indonésia Indonésia

IJ
.,.._. Ventos alísios
mais fracos

Costa da
América
Oceano Pacifico do Sul

Ressurglncia
da água fria D

. . . .. . ... , EXOSFERA
AS CAMADAS É a última camada da atmosfera,
DA ATMOSFERA na fronteira com o espaço
sideral. Nela, as moléculas


tornam-se cada vez mais
MESOSFERA , .. .. . .... ..........................
. .

k
.
rarefeitas, libertando-se da
600 .
A camada mais fria da atmosfera gravidade terrestre. O final
2'000
fica entre soe 8o quilômetros de da exosfera pode chegar a 6oo
altitude. Sua temperatura diminui quilômetros. As medições
conforme subimos: parte de indicam que a temperatura dessa
·s 'C na divisa com a estratosfera região fique em torno de 1.600 'C
e chega a ·95 'C. É onde ocorrem
as estrelas cadentes ... . ........ , TERMOS FERA
Camada mais extensa da
atmosfera, ela parte dos
ESTRATOSFERA , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ., 90 km .,. 8o e chega aos soo quilômetros
Vai até so quilômetros ·no ·c ! de altitude. Também é a mais
acima do nível do mar. ! quente: na parte superior, passa
Sua temperatura sobe com o i de 1.ooo 'C. É nessa faixa que
aumento de altitude: começa em !
orbitam os ônibus espaciais
·6o 'C e vai até ·s 'C. É onde fica a !
camada de ozônio !
. .. . . ....... . .... . ... FAIXAS DE TRANSIÇÃO
, . . ...... . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. Entre as camadas da atmosfera,
TROPOSFERA

:
! há regiões fronteiriças que
A camada inferior da
apresentam características
atmosfera vai do nível do mar
.60· c de transição. São elas: a
até cerca de 12 quilômetros de ·. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

tropopausa, a estratopausa,
altitude. Sua temperatura atinge
a mesopausa e a termopausa
·6o 'C na parte superior. Nessa
faixa acontece a maioria dos
fenômenos climáticos

[1] CHRIS WATTIE/REUTERS [2] [3] MKANNO [4] MKANNO/MULTISP GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 63
D E O LH O
N O C I C LO N E
O FURACÃO
POR DENTRO

Uma densa
ENTE N DA COMO SE FORMA A VENTA N IA nuvem cobre o furacão

ARRASADORA Q U E PO DE DEIXAR U M
RASTRO D E M I LHARES D E MO RTOS

P
ara q u e m j á assistiu - e s o b reviveu - à passagem
de um c i c l o ne, a experiência pode ser ate rrad o ra.
Em Banglades h, na Ásia, por exe m p l o, u m d esses
t u rb i l h ões arrasou o país e matou centenas de m i l hares de
pessoas em 1970 (veja mais na página ao lado). Comu men­
te chamado de fu racão ou tu fão, o fe n ô m e n o, q u e oco rre
sobre os mares q u entes dos trópi cos, é uma perturbação
atmosfé rica no centro da q u al a p ressão é m u ito baixa,
p rovocando ventos em g ra n d e veloci dade.
Dependendo de sua rapidez e capacidade de destru ição,
os cicl o n e s são d i v i d i d o s em u m a escala d e c i n co cate­
gorias, batizada d e Saffi r-S i m pson, e m h o m e nagem aos
dois no rte-americanos q u e desenvolve ram essa gradação
(veja no infográ fico abaixo). Para n ossa so rte, o Bras i l não
sofre com esses d esastres natu rais. Tudo graças às baixas
tem p e ratu ras d as águas do Atlântico S u l .

A tempestade _em torno do olho do


comep com um furado (zona de baixa
emaranhado de pressJo, no centro) e
nuvens... ganhar mais velocidade

ESCALA DA DESTRU IÇÃO


Como se mede a intensid ade do vendaval

CATEGORIA ! CATEGORIA 2 CATEGORIA 3 CATEGORIA 4 CATEGORIA 5


Ventos de 119 Ventos de 1 5 4 Ventos de 178 Ventos de 210 Ventos sup eriores
a 1 53 km/h a 177 km/h a 209 km/h a 249 km/h a 249 km/lí
Danos mínimos Danos moderados Danos grandes Danos extremas Danos catastróficos
Quase não há destruição, Telhados e janelas são A ventania consegue Paredes e tetos de É alta a possibilidade
mas o vento arrasta danificados. Ondas de até derrubar árvores, grandes construções são de mortes. Árvores são
arbustos e derruba 2,40 metros acima do nível inundando e abalando derrubados e ondas de arrancadas e edifícios
galhos de árvore, além normal inundam ruas da edificações. Construções . até 5 metros acima podem cair. Os danos se
de causar pequenas orla, obrigando a retirada pouco resistentes do normal provocam espalham pela região, que
inundações dos moradores podem desabar inundações graves precisa ser evacuada

64 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


r·-- - - - - - -1 4 Quando as nuvens atingem cerca de
5 mil metros de altura, começa a chover.
Nesse ponto, o ar seco ascendente O ciclone passa a se deslocar quando ventos externos
encontra as nuvens, resfria-se, ficando sopram na direção oeste em grande velocidade. Se ele
• mais pesado, e desce pelo olho do - chegar ao continente e encontrar baixa a umidade do
furacão. Esse ar, ao chegar a superfície ar, as nuvens se desfazem e - ufa! - o vendaval acaba
do mar, vai formar novas nuvens

PRINCIPAIS ZONAS
DE OCORRÊNCIA

{2}

1970: BANGLADESH

O povo que sofreu o pior desastre natural do século XX


Ciclone d ef l agrou a i nd e p e n d ê n c i a d o país

convivia com uma espécie de bomba-relógio. Afinal, o


litoral quente e úmido de Bangladesh (na época, Paquistão
Oriental) sempre foi um celeiro de ciclones. Era comum que
a força de tempestades tropicais perturbasse o oceano e
CICLONE, TUFÃO, FU RACÃO OU TORNADO? criasse marés altas. Na noite de 12 de novembro de 1970,
porém, esse fenômeno chegou ao extremo. O redemoinho
Embora essas palavras sejam comumente usadas como sinônimos nasceu nas águas do golfo de Bengala e avançou para a
de furacão, há uma pequena diferença entre elas. Na verdade, o "pai de costa, criando ondas de até 6 metros. Elas avançaram pelas
todas as tempestades" seria o ciclone, como denominamos qualquer regiões densamente povoadas do delta do rio Ganges na
perturbação atmosférica no centro da qual a pressão é muito baixa, manhã do dia 13. Muitas pessoas se afogaram enquanto
provocando ventos circu lares com velocidade superior a 119 km/h. Ele dormiam. Cerca de 500 mil pessoas morreram na tragédia -
ocorre nas regiões tropicais, sobre os mares quentes. A diferença refere-se 100 mil só na ilha de Bhola (nome que batizou o ciclone).
mais a uma questão de localização. Em geral, o ciclone que se forma sobre Fazia décadas que os paquistaneses orientais estavam
o oceano Atlântico é chamado de furacão, enquanto o que se forma sobre descontentes com o governo central do país, e o auxílio
o oceano Pacífico é conhecido como tufão. Por fim, há o caso dos tornados, precário às vítimas só aumentou a revolta deles. Os
que surgem sobre o continente, após o choque de uma massa de ar quente principais políticos do lugar afirmaram que a união com o
com outra de ar frio - a ventania toma a forma de um cone invertido e sai Paquistão era coisa do passado. Em 26 de março de 1971,
num turbilhão arrasador com velocidades de até 500 km/h. Bangladesh se declarou independente.

{1{ MKANNO {2} BETIMANN/CORBIS GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015 f- 65


@ oA� C L I MAS DO M U N DO

COR ES FORTES

D IV E RS I DAD E C L I MÁTI CA
o mapa mostra
as diferenças de
concentração de
vapor de água
na Terra

CO N H ECA AS CARACTERÍSTI CAS DOS DEZ


J

PRI N C I PA I S GRU POS D E CLIMA DO M U N DO


N
ão se ass us e. A imagem EQUATORIAL TROPICAL
_ e uma repre­ Quente e úmido durante o ano Fica nas áreas entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, cobrindo
acr m a nao
todo, está presente na região da grande parte do território brasileiro e do continente africano, l ndia,
s e n tação da Te rra e m linha do Equador e nas áreas de península da Indochina e norte da Austrália. O clima é quente, com média
chamas. E l a i n d ica a p resença baixa latitude, como a América anual superior a 20 'C. As chuvas são intensas no verão e, no resto do ano,
de vapor d e água na atmosfe ra. Central, a Indonésia, a região ocorrem mais nas regiões próximas ao mar.
N e l a se observam a concen tra­ central da Atrica e o norte do No Sudeste Asiático, destacam-se as chuvas de monções, tempestades
Brasil. A umidade relativa do ar é torrenciais provocadas pelo vento úmido que sopra do oceano. Quando
ção baixa (em verme! h o) e a alta
elevada, com média anual de go%, começa o verão, o continente se esquenta rapidamente, formando uma
(em azu l) do vapor. Repare como e a chuva é abundante durante o zona de baixa pressão, e as massas de ar do oceano trazem as chuvas; essa
a região com m a i s vapor fica ano todo. A temperatura também dinâmica, comum em outros pontos do planeta, tem maiores proporções
n o centro, onde a te m p e ratu ra é alta e estável, com média anual nessa região em virtude da vastidão de terra (o continente asiático) e de
e o n ível d e p rec i p i tação são de 25 'C. mar (os oceanos I ndico e Pacífico) envolvida no fenômeno.
mais e l evados.
. A concentração d e vapor de
água é apenas uma das variáveis
q �.; e podem inte rferi r no c l i ma.
Fatores como latitude, altitude,
maritim idade, pressão atmosfé­
rica e i nfluência das co rren tes
m aríti mas tam b é m aj u d a m a
d efi n i r os dez tipos p r i n c i pais [21
d e c l i ma do mundo. Veja a segu i r MORMAÇO Calor e umidade em
as pecul iariedades d e cada u m . floresta da Costa Rica AG UACEIRO Enchentes na lndia com as torrenciais chuvas de monções

6 6 � G EO GRAFIA VESTIBULAR 2015


TEMPERADO MEDITERRÂNEO
É o clima predominante no sul da Europa, golfo do México e sudeste da China, entre outras
regiões. Os verões são quentes e secos - a temperatura chega a 30 'C - e os invernos,
moderados e com um pouco de chuva. As mínimas de temperatura podem atingir O 'C.

TEMPERADO CONTINENTAL
Também de latitudes médias, o temperado continental está presente nas áreas interiores da
América do Norte, da Europa e do leste da Asia. O inverno é muito rigoroso e o verão quente ­
as médias de temperatura são -5 'C e 24 'C, respectivamente. As chuvas são escassas, sobretudo
no inverno. É interessante notar que, apesar de estarem ambos nas mesmas latitudes, os
climas temperado oceânico e continental são muito diferentes, por causa da distância em
relação ao mar. No temperado continental, é a continentalidade que justifica a umidade
relativa do ar mais baixa e a grande amplitude térmica anual.

TEMPERADO OCEÂNICO
Presente nas regiões de litoral das latitudes médias, como o oeste e noroeste da Europa.
As chuvas são abundantes durante o ano, e as temperaturas não sofrem muita variação -
os invernos são frios (média de -3 'C) e os verões, frescos (média de 15 'C). A proximidade com
o mar (maritimidade) é um fator de influência nesse clima: a água, que demora mais para se
aquecer e, depois, para se esfriar, mantém a amplitude térmica baixa no continente. As chuvas
bem distribuídas no decorrer do ano também se devem à umidade da região litorânea, que recebe
as massas de ar do oceano.

[5)

NEBLINA INGLESA Londres recebe massas de ar úmidas do oceano

MONTANH050
Ocorre nas cadeias de
montanhas ao redor do globo:
áreas elevadas dos Andes,
Montanhas Rochosas, Alpes e
H imalaia. É um clima frio, com
temperatura que diminui 6 'C
a cada mil metros de altitude.
Acima dos 2 mil metros, há neve PEGA U M CASACO! A temperatura média no "quente"
constante. A umidade relativa verão do Alasca, de clima polar, é de 4 •c
do ar varia conforme o lado da
cadeia: a média é de go% do lado CONTINENTAL FRIO OU SUBPOLAR
do vento (barlavento), caindo É o clima do norte do Canadá e da Sibéria, na Rússia.
[4)
para até 30% do lado contrário O inverno é bastante rigoroso e prolongado, com
EXTREMOS No deserto: calor durante o dia e frio à noite (sotavento). A quantidade de mínima de -15 'C, e o verão, brando e curto, com
precipitação também é variável, temperatura máxima de 10 'C. A precipitação é
TROPICAL ÁRIDO chegando a 2 mil milímetros por escassa, menos de 300 milímetros por ano.
Ocorre em regiões como o Saara, o centro da Austrália, ano nas regiões tropicais.
norte do México e sul dos EUA. O índice pluviométrico é POLAR
baixíssimo: a média anual de precipitação é inferior a É o clima com as menores temperaturas do planeta:
250 milímetros, o equivalente a aproximadamente um no inverno, ela permanece em torno de -30 'C e,
mês de chuva no clima equatorial. A umidade relativa do ar no verão, a média é de 4 'C. Está presente no
também é muito baixa, cerca de 40%. A amplitude térmica extremo norte do Canadá, da Rússia e do Alasca,
diária é elevada: de dia, a temperatura ultrapassa os 40 'C em parte da península Escandinava e na Antártica.
e, à noite, chega a graus negativos. A umidade relativa do ar é alta, entre 70% e Bo%,
mas a precipitação, bastante reduzida: cerca de
CONTINENTAL ÁRIDO 100 milímetros de neve acumulados ao ano.
Clima seco, presente nas regiões temperadas: As ia Central
(Cazaquistão, no interior da China e Mongólia), Patagônia
e planalto oeste das Montanhas Rochosas (EUA).
A precipitação é tão escassa quanto a do clima
tropical árido, abaixo de 250 milímetros por ano, mas,
diferentemente deste, a temperatura apresenta grande [6)

variação no decorrer do ano: no verão, a média é de 17 'C PARA O ALTO A cada mil metros
e, no inverno, de -20 'C. de altitude, menos 6 •c

[1] EUROPEAN SPACE AGENCY/ESA {2] UNESCO {3] AFP/NARINOER NANU [4) DIVULGAÇÃO/M lCHAEl LEWIS/NATIONAL GEOGRAPHIC G EO G RAFIA VESTI B U LAR 2015 f- 67
[S) PHOTODISC [6) ). L. PAULETTO [7) DIVU LGAÇÃO
@ oA� CLI MAS DO B RA S I L
��
�'
' .

CASAMENTO D E VIOVA A variedade climática d o país reflete-se n o clima louco d a capital paulista, que alterna sol e chuva, frio e calor n o mesmo dia

1
E
m uma de suas músicas mais famosas, MANAUS CLIMA EQUATORIAL
Temperatura (•c) Fica nas proximidades da linha do Equador, abarcando a Amazônia,
o cantor e compositor Jorge Ben jor d iz
Precipitação (mm) norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão. Chove durante o ano todo,
q u e mora " n u m país tropical abençoa- 350 e em grande quantidade; é bastante úmido e a temperatura varia pouco
do por Deus e bon ito por natu reza". Como no decorrer do ano, com média de 26 'C. O climograma ao lado traz
mais d e go% do territó r i o b ras i l e i ro fica informações sobre a pluviosidade e a temperatura da cidade de Manaus
300 - 25 (AM), localizada nessa faixa de clima. Repare como, no gráfico,
entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio,
a quantidade de precipitação (representada pelas barras verticais) é bem
podemos d izer q u e vivemos, sim, n u m país
alta, atingindo mais de 300 milímetros no mês de março, com apenas uma
tro p ical. E n t retanto, o "patro pi" cantado 250 pequena queda no meio do ano (em julho, agosto e setembro), quando
por Ben jor vai m u ito além do c l i ma tropi­ fica abaixo dos 100 milímetros. A pequena variação de temperatura, típica
cal e com preen d e o utros tipos c l i máticos do clima equatorial, também pode ser vista no climograma de Manaus:
200 20 a linha horizontal, formada pelas temperaturas médias de cada mês,
pred o m i nantes.
quase não sobe nem desce, ficando em torno dos 26 'C.
Os tipos d e c l i m a n o país são defi n id os
com base e m c ri térios variad os, mas, so­ 150
bretud o, a parti r d a q uantidade de c h uva
e da t e m p e ratu ra m é d i a no deco rre r d o
GOI Â NI A
Temperatura ("C)
100 15 Precipitação (mm)
a n o . Essas i nformações aparecem j u n tas 300 25
em u m gráfico d e n o m i nado c l i m ograma.
Ele perm ite a identificação d e cada um dos 50
c l i mas e até u ma d iferenciação e ntre e l es. 250
Uma comparação interessante, por exemplo,
é a do clima equatorial com o do semiárido. 200 20
A princípio, eles podem parecer semel hantes
por causa da temperatu ra méd ia, q u e oscila
em torno de 26 °C; porém, ficam claramente
d i ferentes q uando observamos as barras
2 CLIMA TROPICAL
Predominante no território brasileiro, pega toda a faixa do centro do
150

que indicam o índice pl uviométrico de cada país, leste do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia e de Minas Gerais. Inverno 100 15
u m : enquanto no c l i m a equatorial c h ove e verão são estações bem marcadas pela diferença de pluviosidade: o
abu ndante m ente d u rante o ano todo, n o verão é bastante chuvoso e há seca no inverno. No climograma ao lado,
semiárido o í n d i c e pl uviométrico é m u ito de Goiânia (GO), conseguimos enxergar essa diferença pela variação na 50
altura das barras de precipitação: em julho, a precipitação chega a quase
baixo e d istribuído d e forma i rregu l ar. Con­ zero e, em janeiro, ultrapassa 250 milímetros. A temperatura no clima
fira a segu i r as princi pais características dos tropical é alta e não varia muito; a média fica entre 18 ' C em locais de
seis pri ncipais tipos climáticos do "patropi". serra e 28 °( na maior parte do território.

68 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


• • ..
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JUAZEIRO
Temperatura ("C)
3 CLIMA SEMIÃRIDO
É o clima das zonas mais secas do interior do Nordeste.
Precipitação (mm) Caracteriza-se pela baixa umidade, pouca chuva e temperaturas
400 . 30 elevadas. O climograma da cidade baiana de j uazeiro, na divisa com
Pernambuco, representa graficamente essas características: nas
barrinhas de precipitação, a mínima de chuva chega a 1,7 milímetro,
em agosto, com a linha de temperatura variando entre 24,5 °C
BELO HORI ZONTE
Temperatura (•C)
e 28,5 °(, médias térmicas elevadas. A chuva se concentra entre os meses P_r_ ��i�it_a. �ª� -(�_m)
350
de novembro e abril, mas o total anual de precipitação não chega a
300 25 550 milímetros - o volume é inferior ao atingido em apenas dois meses
(fevereiro e março) no clima equatorial. 300 - ------ ----------- ---- - 25 .
250 -- ·- -- . - - -- -- -
- - ---

200 . -· .. -- - 20
4 CLIMA TROPICAL DE ALTITUDE
É o clima das áreas com altitude acima de 8oo metros
20
150 em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Rio de janeiro e em
São Paulo. Os verões são quentes e chuvosos e os invernos,
frios e secos. Isso pode ser visto no climograma ao lado, 150
100 --- 15 que mostra as médias de temperatura e pluviosidade
de Belo Horizonte (MG ). No inverno, as barras de chuva
100 - 15
atingem o mínimo de cerca de 10 milímetros e, no
50 verão, passam de 300 milímetros. Em comparação com
o clima tropical, o tropical de altitude tem o mesmo
comportamento pluviométrico, mas as médias anuais de 50
temperatura são menores, ficando em torno dos 20 °( -
no inverno, as temperaturas são bem mais baixas.

5 CLIMA TROPICAL ATLÂNTICO


Esse clima cobre q u ase todo o litoral do país: começa no Rio Grande do 6 CLIMA SUBTROPICAL CURITIBA
Norte e vai até o Paraná. A q uantidade de chuvas varia conforme a latitude É o clima das regiões ao Temperatura (•c)
da localidade. Por exemplo, enquanto no Nordeste chove m u ito no inverno,
200 Precipitação (mm)
sul do trópico de Capricórnio: - ------- -- ---------------
no Sudeste chove mais no verão, como pode ser visto no climograma de João sul de São Paulo, Paraná, Santa 20
Pessoa (PB) e no do Rio de janeiro (R]) . A variação de temperatura é maior na Catarina e Rio Grande do Sul.
porção mais ao sul do litoral. No Rio de janeiro, oscila entre 21,5 °C e 26,5 °C e, A quantidade de chuva não
em João Pessoa, entre 24 °( e 28 °C . 150
varia muito d u rante o ano,
mas as temperaturas mudam
JOÃO PESSOA
Temperatura (•C)
bastante: o inverno é frio e o
verão, q uente. No climograma
100 15
Precipitação (mm) de Curitiba (PR), por exemplo, a
400 30
r RI O DE JANEIRO temperatura osci l a entre 12,5 °C
Temperatura (•C) e 20 °C, enquanto as barras de 50 -
Pr_e.�i_p��a��-o_('!l_m) precipitação apresentam pouca
350
variação (a média anual é de
no milímetros).
25 25

..- VOCÊ SABIAl


Se a escala usada para
250

montar o climograma for


Temperatura (•C)

diferente, o aspecto do
200 --- - 20 200 ·-- ---- --- 20 Precipitação (mm)

climograma poderá sofrer


400 30
. -- - - - - - - - - ---- ----··

150 modificações. Repare,


por exemplo, como o
150

climograma de João Pessoa,


ao lado, ficou diferente
100 15 100 15

do anterior (á esq.) depois


50 - de mudarmos a escala
do índice pluviométrico,
50

aumentando os intervalos
de so mm para 100 mm .
o 10 o 10
"
....,.,�::- ,'l.����"�""�(:- �'l>'f. .,e o.::.' �::-o� �i'' ..:f,e����\�""��::- .�,.'f. ..e 0.::. (:-o� be"'

[1] L t O PINHEI RO/FOTOARENA G E O G RAFIA VESTIBULAR 2015 � 69


@ oA� CARTO G RAFIA ,

MAPA MUNDIAL DO CLIMA


E CORRENTES MARÍTIMAS
E NTRE AQUECIMENTO EU ROPEU
Presentes em todos os oceanos
do planeta, as correntes
1····· · · · · · · · · · ·················· .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ........................ ,

N O C L I MA
marítimas são grandes
deslocamentos de massas de
água que influenciam o clima.
Na Europa, por exemplo,
a Corrente do Golfo, que nasce
V EJA AS CARACTERÍSTI CAS DAS no golfo do México e cruza o C. do Pacífico Norte
Atlântico em
PRI N C I PA I S ZONAS CLI MÁTI CAS direção ao continente,
torna o clima mais
DO PLAN ETA quente e úmido do
que o de outras zonas

O
na mesma latitude.
c l i m a da Terra é infl uenciad o por vários
fatores, e ntre eles lati tude, p ressão at­
m osfé rica, altitude, relevo, vegetação,
m assas de ar, mariti m i d ad e (prox i m i d ad e d e
u m l ocal e m relação a o m ar}, contine ntal i d ad e
(d i stância d e u m p o n to e m relação ao mar} e
corre ntes m ar ít i m as.
Como você pode conferir n o mapa ao lado, as
áreas em torno da l i n ha do Equador, que recebem
CHUVAS DE MONÇÕES 1 . . . . . ... . . . . ..... . . . ... . . . . . . ... . .
forte i nsolação, têm predo m inantemente clima
As chuvas de monções são um
equatorial, marcado p o r altas tem pe ratu ras e
fenômeno típico do oceano I ndico
umidade. )á as regiões de latitudes mais elevadas, e do Sudeste Asiático. Elas têm
próximas aos polos, registram clima frio ou polar, origem na grande diferença de
com i nvernos rigorosos e tem peratu ras baixas. temperatura das águas do mar e
Veja nos mapas ao lado as mais i m portantes do continente durante os meses
de verão. Em consequência disso, é
correntes marítimas, os princi pais ti pos de cli ma,
formado um vento contínuo do mar
segundo a classificação de Wilhelm Kõpen, a mais para a terra, que leva a umidade do
aceita atu a l m e nte, e as três p r i n ci pais zonas oceano e a transforma em fortes
cli máticas d o planeta. chuvas sobre o continente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 1 MAXIMA E MINIM A
VARI EDADE
:
'
A temperatura máxima oficial no país foi
CLIMÁTICA
O Brasil tem um clima
registrada em Bom Jesus do Piauí, em
21 de novembro de 2005. Os termômetros
bastante variado em
chegaram a 44,7 'C. A mínima foi na cidade

razão de sua grande área


de Xanxerê, em Santa Catarina: -11,1 •c,

territorial, da diversidade
em 20 de julho de 1953-

do relevo, da latitude e da CHUVAS NO S UDESTE


dinâmica das correntes e
. . ... ... ..... ......1
. .. .

� assas de ar. É isso que faz


As tempestades que costumam atingir
o Rio de janeiro durante o verão são
que na Amazônia prevaleça • causadas pe l o encontro de duas massas

o clima equatorial, quente


Tropical
de ar (uma vinda da Amazônia, outra

e muito úmido o ano todo,
Equatorial
do Atlântico Sul } que formam a zona de

e no sul do país registre-se


de altitude convergência do Atl ântico Sul.
-� ,.�,�iw.-, ..
Tropical

o clima subtropical, com


.,;·.................... . .... 1
Semiá.rido .
RECANTO GELADO
os termômetros caindo
Tropical atlântico As mais baixas temperaturas no país são

abaixo de zero no inverno.


• Subtropical
registradas nas serras gaúchas e catarinenses,
na Região Su l, a única com clima subtropical,
caracterizado por temperaturas médias
anuais inferiores a 21 'C.

70 -7 G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , VENTOS ALISIOS E EFEITO DE CORIOLIS
Na região equatorial, o ar aquecido
e menos denso sobe na troposfera,
diminuindo a pressão nos locais próximos
OCEANO GlACIAL ÁRTICO
à lin h a do Equador. Esta zona de baixa
pressão atrai os alísios - ventos úmidos
provenientes das regiões dos trópicos
(onde a pressão é mais elevada), que
provocam c h uvas na região equatorial.
Em função do movimento de rotação da
Terra, os ventos alísios vêm do sudeste
no Hemisfério Sul e do nordeste no
Hemisfério Norte. Esse fenômeno é
con h ecido como efeito de Coriólis.

TIPOS DE CLIMA (ADAPTAÇÃO


DA CLASSIFICAÇÃO DE KÕPEN)
Frio . Temperado
Polar Med iterrâneo

Desértico . Frio de montanha


. Tropical Semiárido

;
. Equatorial Subtropical

CORRENTES MARÍTIMAS
---• Corrente fria
---• Corrente q ue nte

ZONAS CLIMÁTICAS
C. Australiana Polar
-· .... -- - - - -- -- - --.-- - - � - -

C. da Antártica C. da Antártica
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
:�--- - ----------- ---- - - - -
·--- --- - - - - -- - - - - - - - - - - - - ----- -------- - -- -� �-

A N TA R T I C A Temperada

Fonte: IBGE Polar

TEMPERATURAS EXTREMAS NO M U N DO
Conheça as tem peraturas máximas e mínimas registradas em cada continente (em °C)

A M É R I CA DO N O RTE AMÉRICA DO SUL E U ROPA ÁSIA ÁFRICA ANTÁRTICA OCEANIA

Fonte: Organização Meteorológica Mundial

G E O G RAFIA VESTIB ULAR 2015 � 71


@ OAR� Q UESTÕES E R E S U M O

I CO M O CAl NA P ROVA
1. oeste, enquanto que em maiores altitudes da troposfera o vento sopra
{ U F P R 2014) Segu n d o a p revisão c l i mática p u b l i cada p e l o Centro de oeste para leste. Tal dinâmica dos ventos forma a chamada célula
de P revisão d o Te m po e Estudos C l i máticos d o I n stituto Nacional de Walker. Em anos com a ação do E/ Nino, o ar que se forma sobre a
d e Pesq u isas Espaciais (CPTEC-IN P E) e m 19/07/2012, "a previsão é costa oeste da América do Sul é mais quente e úmido, o que acelera
de q u e as águas s u perficiais do Oceano Pacífico tropical evo l uam o processo convectivo e a formação de nuvens. Os ventos em níveis
para um pad rão anomalamente mais aq u e c i d o, dando i n d i cação mais altos da troposfera passam a circular a partir dessa área em duas
da evo l ução de cond i ções de n eutral i dade para condições típi cas direções opostas provocando a bipartição da célula de Walker.
de u m f e n ô m e n o EI N i n o d u rante os meses de agosto, sete m bro
e o u tu b r o de 2012". Resposta: B

C o n s i d e r e a rel ação d o s s e g u i ntes efeitos c l i m át i c o s c o m o --7 SAIBA MAIS


fen ô m e n o E l N i n o : Veja como o E l Nino afeta o Brasil:

MORTE

1 . Au m e n to d a probabi l i d ad e d e t s u n a m i para as áreas costei­


ras b ras i l e i ras.
2. Seca severa para a região S u l e p rec i p i tação a b u n dante para
a região N o rd este do B ras i l .
3. E n fraq u e c i m e n t o d o s v e n t o s a l ís i o s n a r e g i ão d o Pacíf i c o
Eq uato r i a l .
4. A c é l u l a d e Wal ker f i c a b i partida e m a i s p róxima d a costa oeste
da A m é rica do S u l .
Corres pondem aos efei tos m a i s freq uentes d o E I N i n o no p l aneta
os a presentados no itens:

a) 1 e 2 apenas.
b) 3 e 4 apenas.
c) 2 e 3 apenas.
d) 2, 3 e 4 apenas.
e) 1, 2, 3 e 4. A temperatura au menta, e as du rante o inverno.

chuvas s�o mais abundantes,


' ··,.;--:"
r e !···················· "
espec ialmente na primave a

R ESOLUÇÃO nos meses de maio a julho.

2.
1. O tsunami é o resultado da energia liberada p ela movimentação
do assoalho oceânico, muitas vezes a milhares de quilômetros de
distância da costa e nada tem a ver com o E! Nino. {UFRGS 2013) Com relação à d i nâmica climática, considere as afir­
2. Na região Sul do Brasil, o E! Nino provoca grande aumento no volume mações abaixo.
de chuvas, principalmente nos meses de primavera, fim do outono
e começo de inve rno, e temperaturas mais elevadas, fazendo que o I. O d e s l ocame nto d as m assas de a r é u m f e n ô m e n o atmosfé­
inverno seja mais ameno, e o verão, mais quente que em períodos rico q u e o c o r re na troposfera e q u e i nterfere nas c o n d i ções
normais. já na região Nordeste as chuvas diminuem. Em ano de m eteorológicas.
E! Nino, a seca não se limita apenas ao Sertão, ela também pode 1 1 . As m assas de ar polares têm origem nos paios N o rte e S u l d o
a tingir o setor leste da Região (Agreste, Zona da Mata e Litoral). p l aneta e , conforme a área p o r o n d e se d e s locam, p o d e m ser
3. O EI Nino se manifesta em períodos cíclicos e tem início com a secas ou ú m i d as.
dimin uição da velocidade dos ventos alísios q u e, sobre o Pacífico 1 1 1 . As c h amadas frentes de trans ição, q u e s e formam nas áreas
Equatorial, sopram no sentido oeste. Essa maior lentidão resulta em onde ocorre o e ncontro entre massas de a r, podem ser frentes
um aquecimento anormal das águas n essa região e seu acúmulo nas frias ou q uentes.
proximidades da costa oeste da América do Sul. Assim, o ar sobre essa
parte do Pacífico se torna mais quente e mais úmido, provocando Quais estão corretas?
alterações de temperatura e umidade em diversos pontos do planeta.
4. Em anos normais, sem EI Nifío, a circulação dos ventos observada a) Apenas I.
no Pacífico equatorial apresenta movimen tos ascendentes em sua b) Apenas 1 1 .
porção centro-ocidental e descendentes no Pacífico oriental, nas c ) Apenas 1 1 1 .
proximidades da costa oeste da América do Sul. Nessa situação, os d) Apenas 1 1 e 1 1 1 .
ventos alísios sopram próximos à superfície do Pacífico, de leste para e) I, 11 e 111

72 � GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


-;>CLIMAS DO M UN D O São dez os principais
RESOLUÇÃO ti pos c l i máticos do m u ndo: equatorial, tro­
I. As massas de a r são grandes porções de ar que apresentam pical, temperado mediterrâneo, tem perado
caracterís ticas h omogêneas de pressão, umidade e temperatura. conti n e n tal, tem perado oceânico, tropical
O local de formação de uma massa de ar é chamado região de árido, conti nental árido, montan hoso, con­
origem, onde ela adquire a s condições homogêneas de temperatura, t i n ental frio o u s u b p o l a r e p o l ar. Fatores
umidade e p ressão. A o se deslocarem pela trapos fera, as massas de c o m o latit u d e, altitu d e, p roxi m i dade d o
ar in teragem com as condições meteorológicas por onde passam. mar, p ressão atmosfé rica e i n fl u ê n c i a d as
correntes marítimas dete r m i na m as d i fe­
11. As massas formadas na região equatorial são quentes e, em geral, renças e ntre os c l i m as.

-?CLIMAS D O BRASIL O B ras i l poss u i seis


úmidas. As massas tropicais, o riginadas de áreas nas proximidades
dos trópicos, são quen tes. Se formadas sobre o continente serão
quen tes e secas; já sobre os oceanos, quentes e úmidas. E, por ti pos c l i máticos p r i n c i pais: e q u atorial, tro­
último, as massas polares, originadas nos paios Sul e Norte, muito p i c al, s e m i á r i d o, tropica l de altitu d e, tro­
frias e dependendo do local de origem e por onde se deslocam pical atlântico e s u btro p i ca l . A ocorrência
secas o u úmidas. As massas de ar que atuam n o Brasil são: mEa d e c h uvas e a t e m p e ratu ra média são os
(massa Equatorial atlântica); mE c (massa Equa torial continen tal); c ritérios mais i m po rtantes para d e fi n i r os
m Ta (massa Tropical atlântica); mTc (massa Tropical continen tal) c l i mas n o B ras i l .

-;> F E N Ô M E N OS ATMO S F É RICOS P r i n c i pal


e a m Pa (massa Polar atlân tica).

111. O encon tro en tre massas de ar com características físicas o bjeto d e estudo dos meteorologistas, eles
(tempera tu ra e um idade) distintas dão origem às frentes de se formam com diferentes reações q u ímicas
transição que podem ser frias o u quen tes. A frente fria se forma q u e ocorrem na atm osfera. N uvem, c h u va,
quando uma massa de ar frio, polar, avança em direção a uma n eve, gran izo, geada, vento e massas d e ar
massa de ar quen te, tropical, empurrando-a para altitudes maiores são formados por causa de certas condições
e ocupando o seu lugar. Nessa situa ção, ao ganhar altitude, a de u m i dade, p ressão e tem p e ratu ra.

-? F U RA C Õ E S Trata-se d e u m a p o d e rosa
massa de ar q u e n te se resfriará, provocando a formação de ventos
e n u vens E, frequen temen te, a precipitação de chuvas. A fren te
q u e n te se forma quando uma massa de ar quen te, tropical, avança te m pestade q u e p rovoca ventos e m a l ta
em direção a uma massa fria, polar, e acaba por ocupar o lugar v e l o c i d ade. Esse t u r b i l hão c i rc u l a r s u rge
desta. No caso de frente quen te, também ocorrerão ventos e, d o e ncontro d o ar q u ente e ú m i d o com os
possivelmente chuva . mares q u entes dos trópicos, formando uma
espi ral de n uvens e m torno d o o l h o d o fu ra­
Resposta: E cão, a região d e baixa p ressão no centro.

-7 SAIBA MAIS --7EL N I N O Esse f e n ô m e n o s e forma d u as


Con fira a a tuação das massas d e a r no Brasil vezes a cada dez anos na época do Natal, com
o e nfraq uecimento dos ventos alísios, que

mm_j
normal m e nte sopram as águas aquecidas
do Pacífico do leste para o oeste - da costa
da América do S u l até a região da I nd onésia.


Como essas águas q uentes e ú m idas perma­
necem na costa s u l-americana, elas p rovo­
cam ch uvas nessa área e seca na Indonésia
e Austrál ia. O La N i n a é o fenômeno oposto:
os ventos ai ísios se intensificam, deslocando
mais água q u e nte para o oeste, causando
baixas temperatu ras na costa su l-americana
e ch uvas na I ndonésia e Austrália.

--;>CLIMOGRAMA É um gráfico que combina


�================' i n fo r m ações sobre a q uantidade d e ch uva
r::;.-;�-:-a.tor��t13ntica-_..Equa�-r�� continental _.. Tropical atlântica ..... Tropical continental _.,Polar atlântica Í e a te m p e ratu ra m é d i a de d et e r m i nada
:_______________________________________________,
regi ão n o decorrer d e um ano.

GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 73


0 O ECOSSISTEM VEGETAÇÃO NO M UNDO

CACADO R ES DA ,:)

F LO RA P E R F E ITA
PREPA R E A MOCH I LA E ACO M PA N H E U MA
EXP E D I CÃO PARA CO N H EC E R OS P R I N C I PA I S TI POS
,

DE FORMAÇÃO V EGETAL DO PLAN ETA

A
h istória das exped ições científicas é marcada por grandes nom es,
como o i nglês Charles Darwi n, q u e e laborou sua teoria da seleção
natu ral d as espécies d u rante a viagem q u e fez pela América d o
S u l n o séc u l o XIX. Ass i m como Darwi n, n o decorrer dos sécu l os, d iversos
cienti stas e x p l o raram os mais variados cantos do g l o bo para con hecer
o rel evo, a fau n a e a f l o ra d o plan eta.
Em p l e n a e ra d o s m od e rnos apare l h o s de G P S (Si stem a de Pos icio­
name nto G l o bal), d otam o s um viajante i maginário d e olhos c u riosos
como os d os e x p l o radore s d o passad o. E l e fez u ma viagem fictícia p o r
d iferente s p o n to s d a Te rra, o n d e pôde o b s e rvar a vegetação d e cada
região. Parti n d o d a A m é rica do S u l, deu a volta ao m u n d o através dos
n ove p ri n c i pais tipos d e f l o ra c o n h ecidos até c hegar à Áfri ca, d e o n d e
reto r n o u para casa. Aco m pa n h e essa viagem e desc u b ra o e x u b e rante
u n iverso das formações vegetais do p la n eta.

11
11 B

[1)

1 VEGETAÇÃO: DESERTO
Deserto do Atacama - Chíle
Nosso viajante começou sua jornada pela pequena cidade de São Pedro do Atacama, uma
das poucas concentrações humanas no deserto do Atacama, de onde partiu para conhecer o
deserto mais árido do planeta. No trajeto, ele deparou com um solo pedregoso e repleto de
dunas. Nos desertos, a vegetação é esparsa e de poucas espécies. Como as regiões áridas têm
índices pluviométricos abaixo de 2SO milímetros ao ano, as plantas são adaptadas à ausência
de chuvas - os cactos, por exemplo, armazenam água.
Nos desertos frios, que ficam em altas latitudes (Patagônia, por exemplo, no sul da América do
Sul), as temperaturas variam pouco durante o dia. já os desertos quentes, como do Atacama, da
Austrália e do Saara, ficam em regiões tropicais e, no decorrer do dia, apresentam grande variação
de temperatura, despencando de mais de 40 'C durante o dia para índices abaixo de zero à noite.
Mas as noites frias do Atacama acabaram servindo de preparação para o intrépido aventureiro:
a próxima etapa da jornada seria em meio ao frio das montanhas.

76 � GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015


2 VEGETAÇAO: DE MONTANHA
Montanhas Rochosas - Estados Unidos
Um pouco contrariado por deixar as áridas, mas,
sobretudo, belíssimas paisagens do Atacama,
o jovem explorador seguiu para as Montanhas
Rochosas, que cobrem parte do México, do oeste
dos Estados Unidos e do Canadá. Estava curioso
para ver que plantas aguentariam o frio do clima
montanhoso. Lá, pôde observar que a vegetação
de montanha é rasteira, formada apenas de ervas e
arbustos que, a duras penas, conseguem sobreviver
no clima hostil.
Além das Montanhas Rochosas, esse tipo de
formação vegetal pode ser encontrado em outros
colossos de pedra pelo mundo, como as encostas
dos Andes (na América do Sul), dos Alpes
(na Europa) e do Himalaia (na Asia).
Nosso viajante chegou a cogitar uma estada em
alguma estação de esqui nas montanhas, mas
mudou de ideia. Seguiu logo para o leste do
Canadá, onde depararia com as belas florestas
de coníferas da região.

(2)

3 VEGETAçAO: FLORESTA DE CONiFERAS OU FLORESTA BOREAL


Província de Quebec - Canadá
Poucos casacos voltaram para a mala na chegada ao Canadá: as temperaturas do clima loca� o
continental frio, não eram muito maiores que as da montanha. Mas a máquina fotográfica registrou
uma mudança abrupta na vegetação: o viajante foi recebido por uma floresta homogênea, de
pinheiros e abetos, com folhas em formato de agulha (aciculifoliadas) que não acumulam neve
durante o longo inverno. No solo, pouca vegetação rasteira: alguns liquens, musgos e arbustos.
Quando foi anotar em seu diário que mais uma etapa do percurso estava cumprida, pensou na hora
que havia grande chance de estar usando um papel originário exatamente daquele tipo de floresta,
que serve de matéria-prima para importantes indústrias madeireiras, de papel e celulose. No mapa,
pôde ver que essa formação também cobre o norte da Europa (onde é chamada de taiga) e da Asia,
continente que seria seu próximo destino - lá, ele conheceria a vegetação de tundra.

QUANTO MAIS
BAIXA, M ELHOR
A maior diversidade
MADEIRAAAA! A floresta de
de formações vegetais
conlferas é matéria-prima da
indústria madeireira e de papel
ocorre em regiões de
. ·" ·t

baixa latitude, onde a


chuva abundante,
a alta temperatura e a
luz intensa propiciam o
aparecimento de milhares
de espécies vegetais.
A medida que avançamos
para altas latitudes e nos
aproximamos dos polos,
onde há escassez de luz
e baixas temperaturas,
a variedade de plantas
(ll diminui progressivamente.

(1( DIVULGAÇÃO (2] MARCHO SACCO (3) LISA LANGEll/STOCK.XCHNG G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 77
0 O ECOSSISTEM • ,,. VEGETAÇÃO NO M U NDO

4 VEGETAÇÃO: TUNDRA
Extremo norte d a Rússia
A despedida das vegetações das baixas temperaturas
tinha de ser feita em grande estilo: direto de uma das
regiões mais frias do mundo, a do clima subpolar. Seguindo
paralelamente ao Círculo Polar Artico, pelo extremo norte
do Canadá e do Alasca, até chegar ao norte da Rússia, nosso
desbravador caminhou o tempo todo pela tundra,
a vegetação típica dessas altas latitudes.
Ela é formada por musgos e algumas espécies herbáceas
que aparecem no solo somente nos poucos meses de degelo,
quando o verão eleva a temperatura para 4 'C,
em média. No resto do ano, o solo fica coberto de neve.
Ou seja, o viajante teve sorte em visitar a região no verão;
do contrário, é quase certo que teria ficado bastante
entediado com o longo trajeto de paisagem branca até a
parte europeia da Rússia. 6
'
VEGETAÇÃO: FLORESTA TEMPERADA
Seguindo os planos de viagem, parou em Moscou, Norte da China, Coreia do Sul e )apão
onde começaria a nova etapa da jornada: a aventura a Chegando a Pequim, a capital da China, nosso explorador
bordo do trem transiberiano, que trafega sobre a gigantesca vagou um pouco pela cidade, mas Jogo partiu. Também queria
ferrovia que atravessa o território russo. Objetivo: atingir as conhecer a Coreia do Sul e o Japão, todos países do leste
estepes russas. asiático com o mesmo tipo de flora: a floresta temperada.
Típica das latitudes médias - aparece originalmente também
no leste dos Estados Unidos, na Europa e no sudeste da
Austrália e Nova Zelândia -, essa floresta é formada por
árvores decíduas, chamadas ainda de caducas, ou seja,
que perdem as folhas no inverno para suportar as baixas
temperaturas. As poucas espécies de árvore, como carvalhos,
bordos e faias, são espaçadas, e o solo é recoberto por
gramíneas. Grande parte da floresta temperada, contudo,
já foi devastada - na Europa, por exemplo, de 70% a 8o% da
cobertura originaljá foi perdida; na China, de 8o% a go%.
Pensativo, quase perplexo, diante de quanto daquela rica
formação vegetal já havia sido destruída, o jovem decidiu
rumar para o su� em direção às florestas tropicais.

CAMPAO Não tem


Ili
árvore, só gramíneas
nas estepes russas

5 VEGETAÇÃO: ESTEPE (CAMPOS, PAMPAS, PRADARIA)


Estepes rus$aS - As ia Central
Embarcando na ferrovia Transiberiana, em Moscou, nosso expedicionário percorreu o
território russo por um dia até Omsk, a segunda maior cidade do país, localizada no lado
oriental dos montes Urais, um pouco acima do Cazaquistão. Lá, ele conheceu as extensas
estepes russas.
Típica de áreas de clima temperado continenta� a estepe é uma formação vegetal pobre,
sem árvores, constituída basicamente de gramíneas, que se estende em regiões planas.
Dependendo da área onde se localiza, recebe um nome diferente: campos, no Brasil;
pampas, na Argentina; e pradaria, nos Estados Unidos e no Canadá. Essa flora também é
encontrada na Africa e em trechos da Austrália.
Depois de visitar o Cazaquistão e a Mongólia, seguindo as estepes, o jovem desbravador
embarcou de novo no transiberiano, fazendo baldeação para a ferrovia Transmanchuriana,
ainda na Rússia. O destino: as florestas temperadas da China. Ili

7 8 � GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015


7 VEGETAÇÃO: FLORESTA TROPICAL
H o Chi Mi n - Vietnã
Em pouco tempo, nosso viajantejá estava no Vietnã, em plenos domínios das florestas tropicais.
Esse tipo de flora, aliás, é um grande conhecido nosso: basta pensar na Amazônia. É uma vegetação de
baixas latitudes, de regiões quentes e úmidas; as plantas têm folhas largas (latifoliadas), que absorvem
mais energia solar, e são perenes, isto é, não caem no inverno.
O solo é coberto por húmus, formado pela decomposição de galhos, troncos e folhas.
Além do Sudeste Asiático, as florestas tropicais cobrem grande parte da América do Sul, da América
Central, da zona equatorial da Africa e do Subcontinente Indiano.
Enquanto registrava as impressões da viagem em seu diário, já no aeroporto de Ho Chi Min,
a capital do Vietnã, o jovem se lembrou do que havia aprendido nas aulas de história sobre os tristes
eventos que tomaram parte naquelas matas. Mais especificamente, lembrou-se do funesto napalm,
um líquido inflamável que, durante a Guerra do Vietnã, o Exército dos Estados Unidos jogava sobre
as densas florestas para abrir clareiras e atingir os inimigos escondidos na mata.
A substância queimou dezenas de vietnamitas inocentes, inclusive crianças.
Absorto em suas anotações e pensamentos, ele pegou o avião para o seu próximo destino: a vegetação
do ensolarado mar Mediterrâneo, no sul da Europa.

8 VEGETAÇÃO: MEDITERRÃNEA
[5)

litoral do mar Mediterrâneo


Com a viagem próxima do fim, o viajante ficou curtindo
o verão quente e seco das regiões próximas ao mar
Mediterrâneo. Ele decidiu passear pelo litoral da Espanha,
França e Itália, tirando várias fotos da flora local.
A vegetação mediterrânea é formada por espécies
adaptadas a períodos secos, como os garrigues,
o maqui- arbustos, moitas e árvores pequenas,
como oliveiras - e o chaparral, similar ao maqui,
mas menos denso. Essa formação vegetal também
é encontrada na Califórnia (EUA), na Austrália e
na Africa do Sul.
Nosso explorador pensou em ficar pela região mediterrânea,
aproveitando as uvas e o azeite de plantações da região, mas
estava ansioso para conhecer o último tipo de vegetação
que faltava: as savanas. Atravessou o estreito de Gibraltar,
chegando à Africa, e foi em direção a Angola.

9 VEGETAÇÃO: SAVANA (CERRADO)


Luanda - Angola
De certa forma, Luanda era um destino óbvio para o viajante: além de estar na zona das
savanas, o tipo de vegetação que faltava conhecer, a cidade é a capital de Angola, uma das
colônias portuguesas na Africa. O país, que só se tornou independente na década de 1970,
tem como língua oficial o português.
A vegetação que encontrou por lá também era familiar: a savana recebe, no Brasil, o nome
de cerrado. Nessa formação, presente em áreas de baixas latitudes, as plantas são rasteiras e
há pequenas árvores, distribuídas de maneira esparsa. Nas regiões mais secas, predomina a
vegetação espinhosa.
Antes de seu retorno para o Brasil, contudo, nosso explorador resolveu aproveitar o que havia
sobrado da sola do sapato para caminhar pelo continente africano e ver, pessoalmente, o modo
curioso como a Africa apresenta paisagens cfimatobotânicas espelhadas no sentido norte-sul.
Começando por mediterrânea, no topo do continente, conforme descemos, a vegetação vai
mudando para deserto, estepe, savana, até floresta tropical - para, depois, seguir na ordem
inversa (floresta tropical, savana, estepe, deserto e mediterrânea) até a Africa do Sul.

[4)

[1) [3) DIVULGAÇÃO [2) AFP/FREDERIC j.BROWN [4) GETIY IMAGES/DENDIEGO


M.ROSSI [5) WOLFGANG KAEHlER!CORBIS [6) AFP/HEMIS.FR/ MAISANT LUDOVIC G EOGRAFIA VESTI BUlAR 2015 f- 79
0 O ECOSSISTEM BIOMAS BRASILEI ROS

MA I S V I DA, E
MAI S TE M O RES
CONH EÇA OS SEIS GRAN DES BIOMAS
DO BRASIL, A NAÇÃO COM A MAIOR
BIODIVERSIDADE DO PLAN ETA, E AS
AMEAÇAS Q U E TÊM PAI RADO SOBRE

''
TODA ESSA RIQU EZA BIOLÓGICA

M
i n ha terra tem pal m e i ras, I Onde
canta o sabiá; 1 As aves q u e aq u i
gorjeiam, I Não gorjeiam como lá.
I Nosso céu tem mais estrelas, I Nossas várzeas
têm mais flores, / Nossos bosques têm mais vida,
GORJ EIO NACIONAL
I Nossa vida mais amores." Um dos textos mais A exuberância
conhecidos - e citados - d a língua portuguesa, da biodiversidade
o poema Canção do Exílio, do poeta bras i l e i ro da flora brasileira
abarca palmeiras,
Gonçalves D i as (1823-1864), foi escrito q u ando ipês (foto) e muitas
o autor se encontrava e m Portugal, d istante d e outras espécies
s u a amada terra natal. Saudosismos românticos
à parte, o poeta estava coberto de razão. Nossas
várzeas e bos q ues, flo restas e cam pos, e nfim,
nossos ecossistemas têm, s i m, m u ito mais vida ..- VOct SABIA?
q u e nos d e q ualquer o utro país d o m u ndo.
O QUE É UM BIOMA?
Para responder à pergunta, é necessário responder a outra questão: o que
O B rasi l é, d e l on ge, o cam peão m u n d ial de

é um ecossistema? Os ecossistemas resultam da interdependência entre os


biod iversidade: para se ter uma i d e ia, d e cada

fatores físicos do meio ambiente, como o solo e a água, e os seres vivos que o
c i n co espécies de a n i mais e vegetais c o n h e­

habitam. Uma floresta, um rio, um lago ou um simples jardim são exemplos de


c i d o s d o p l a n e ta, u ma e n c o n tra-se aq u i; e o

ecossistemas. Eles misturam-se e lnteragem.


país apresenta, a i n d a, a m a i o r d ivers i d ad e d e

o termo habitat se refere a um ecossistema que oferece condições


pri matas, anfíbios e i n setos.

especialmente favoráveis à sobrevivência, ao desenvolvimento e à reprodução de


E ntretanto, se por um lado temos mais vid a ­

determinada espécie - por exemplo, o cerrado brasileiro é o habitat do lobo·guará.


e, como d i z o poeta, "mais amores" -, p o r o utro

Um ecossistema abriga vários habitats, cada um específico de determinadas


tam bém temos, a cada d i a, mais e mais temores.

espécies animais ou vegetais.


Ass i m como no resto d o m u ndo, no deco rrer da

Os ecossistemas podem, também, ser subdivididos em pequenas unidades


h istó r i a, e sobretudo nas ú l t i m as d écadas, o

bióticas, conhecidas como comunidades biológicas. Elas são formadas por duas
Brasi l assistiu q uase i m passível à deterioração

ou mais populações de espécies que interagem e são interdependentes, como


de seus ambientes natu rais, em virtude de males

o conjunto da flora e da fauna de um lago. Por sua vez, as grandes comunidades


contemporâneos como u rban ização descontro­

biológicas do planeta, como a floresta Amazônica e a tundra ártica, são chamadas


lada e poluição (veja mais na pág. 94).

de biomas. O termo bioma designa as comunidades de organismos estáveis,


A seguir, conheça toda a exu berância do meio

desenvolvidas e bem adaptadas às condições ambientais de uma grande região.


ambiente nacional, e como nossa ign o rância e

Costuma·se falar em biomas associados aos vários tipos de vegetação.


nosso desleixo têm ameaçad o esse riq u ís s i mo
manancial de vida.

80 -7 G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


1 ��� ��!� 2Zm de quilômetros
quadrados (equivalentes a cerca de 49%
do território nacional), o bioma Amazônia
é o maior do pais. A paisagem é dominada
pela floresta Amazônica e pela maior bacia
hidrográfica do mundo (veja mais na pág. so).
Essa floresta tem vegetação de folhas largas
(latifoliadas), comuns em regiões de clima
equatorial, quente e úmido. Ele apresenta
três tipos de mata: de igapó (parte do solo O VERDE TOMOU CONTA A floresta Amazônica domina o bioma Amazônia, que ocupa quase so% do Brasil
inundado); de várzea (periodicamente
inundadas); e de terra firme (nas partes mais
elevadas do relevo, livres de inundação). Mas,
longe de ser uma área homogênea de floresta
tropical, o bioma também abarca áreas de
campos abertos e manchas de cerrado.
As espécies que habitam a região - desde
2 ��! �����se apenas ao território brasileiro, o que
significa que sua biodiversidade é única em todo o mundo.
plantas até aves e mamíferos - representam Seus 844,4 mil quilômetros quadrados representam cerca
cerca de 20% do total de espécies conhecidas de 10% do território brasileiro. Apesar do clima semiárido,
do planeta. Nas últimas décadas, contudo, a caatinga é pontilhada por "ilhas de umidade", de solo
essa riqueza toda tem padecido diante da extremamente fértil. Vivem nesse bioma cerca de 1,2 mil
voracidade da agropecuária, da mineração espécies de planta - 360 delas endêmicas (que não ocorrem
e da extração de madeira. A exploração em nenhum outro lugar do planeta) - e outras tantas de
irracional dos recursos naturais já afetou mais mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Quanto à vegetação, as
de 13°/o do bioma amazônico (veja na pág. 84). plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima
seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam
água; outras possuem raizes superficiais para captar o
máximo das chuvas. Há as que contam com recursos para
diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas.
A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com
árvores de 8 a 12 metros; o arbustivo, com vegetação de
2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros.
Os maiores problemas enfrentados pela região são a
salinização do solo e a desertificação de grandes áreas.
Estima-se que, no decorrer dos últimos 15 anos do século
passado, 40 mil quilômetros quadrados de caatinga tenham
se transformado em deserto (veja mais na pág. 84). Alguns
dos responsáveis por isso são a exploração da vegetação
para a produção de lenha e carvão, a contaminação do
solo por agrotóxicos e o emprego de técnicas de irrigação
inadequadas para o tipo de solo existente ali - raso e sujeito
a grande índice de evaporação. Acredita-se que cerca de 50%
do biomajá tenha sofrido algum tipo de deterioração e que
Só NO BRASIL Cerca de 20% da caatinga, bioma limitado ao Brasil, está degradada 20% estejam completamente degradados.

llJ DIVULGAÇÃO [2] JOÃO RAMID (3] DIVULGAÇÃO/SECRETARIA DETURISMO/CE G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 81
0 O ECOSSISTEM
3 �!����� u or bioma brasileiro ocupa uma área de 2 milhões de
quilômetros quadrados (cerca de 24°/o do território brasileiro), coberta pela
mais rica flora de savana tropical do mundo. São mais de 11 mil espécies
vegetais - 44% delas endêmicas (que não ocorrem em nenhum outro lugar
do planeta). A fauna também é riquíssima, com centenas de espécies de
mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Quanto à vegetação, caracteriza-se pela
presença de pequenos arbustos e árvores retorcidas, com casca grossa.
Encontram-se, ainda, gramíneas e o cerradão, tipo mais denso de cerrado que
abriga formações típicas de florestas esparsas e disseminadas entre arbustos.
o cerrado é uma das regiões mais ameaçadas do globo. Ele é considerado
pelos ambientalistas um dos 34 biomas do planeta que exigem atenção
especial de preservação, os hotspots (veja mais na pág. 107). De fato, com a
mata Atlântica e a mata de Araucárias, é o bioma brasileiro que mais sofreu
alterações com a ocupação humana. Sessenta por cento de sua área total é
destinada à pecuária e 6%, à monocultura intensiva de grãos - entre eles, a
onipresente soja. A agropecuária fez aumentar a deterioração de uma terra já
ferida com o garimpo, a contaminação dos rios por mercúrio, a erosão do solo
e o assoreamento dos cursos de água. Estima-se que menos de 20% do cerrado
mantenha a cobertura vegetal original.
[1]

CONTORCENDo-SE DE DOR As árvores retorcidas e de casca grossa do


bioma do cerrado estão perdendo lugar para a pecuária e a soja

4 MATA ATLÂNTICA
A cobertura vegetal da mata Atlântica
ocupava, originalmente, mais de 1 milhão
de quilômetros quadrados, cerca de 13°/o
do território nacional. No entanto, restam
apenas 149 mil quilômetros quadrados de
mata - cerca de 12% do volume original.
A vegetação remanescente guarda ainda
cerca de 20 mil espécies de planta - 8 mil,
endêmicas. De exuberante biodiversidade,
apresenta, em alguns locais, mais de 4SO
[2]

DE TUDO UM POUCO A biodiversidade da mata Atlântica se espreme em menos de 7"/o da área original
espécies de árvore num único hectare. A
região reúne, ainda, centenas de espécies de
mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
Como o cerrado, a mata Atlântica também
é considerada um hotspot, uma das 34 áreas A VIDA Ã BEIRA-MAR
do planeta que exigem ação preservacionista Ao lado dos seis grandes biomas, os ambientalistas destacam a zona costeira
mais urgente (veja mais na pág. 107). Ele foi o brasileira como uma região particular, que abriga centenas de ecossistemas
bioma que mais sofreu com a urbanização do extremamente ricos e delicados. São mais de 8,s mil quilômetros de extensão
país - hoje, as cidades da região concentram de litoral, marcados por manguezais, praias, recifes e lagunas. A biodiversidade
cerca de 6o% da população brasileira. desses ecossistemas está em constante risco, devido à urbanização e suas
. Ecossistema associado à mata Atlântica, consequências, como desmatamento de encostas e contaminação das águas .
a mata de Araucárias, localizada, sobretudo, A especulação imobiliária é a maior destruidora da vegetação nativa, que resulta
na Região Sul, é o ambiente que sofreu no deslocamento de dunas e no desabamento de morros. O afluxo exagerado de
o maior grau de devastação em termos turistas às cidades litorâneas sobrecarrega os precários sistemas de saneamento
percentuais no país - restam apenas cerca e polui os córregos e o mar. Os ecossistemas da zona costeira também são
de 2% dos quase 100 mil quilômetros degradados pelos rios que vêm do interior do país e despejam no litoral resíduos
quadrados originais. A derrubada agrícolas e efluentes industriais. Um dos ambientes mais ameaçados por tudo isso
indiscriminada para a expansão das áreas de são os mangues. Esses ricos ecossistemas - com centenas de peixes, crustáceos e
cultivo e para a produção de papel, celulose plantas - funcionam como filtros naturais: as raízes parcialmente submersas das
e móveis está por trás desse trágico cenário. árvores retêm sedimentos e impurezas, impedindo sua chegada ao mar.

82 � GEOGRAFIA VEST I B U lA R 2015


5 PAM PA (CAMPOS SULINOS) .
Esse bioma cobre 176,5 mil quilômetros quadrados, equivalentes a cerca de 2% do território
brasileiro. Os pampas são vastas extensões de campos limpos, de solo coberto por gramíneas e
pontilhado de pequenos arbustos, onde proliferam milhares de espécies de plantas, mamíferos
e aves, entre outras. Essa diversidade biológica também já sofreu bastante. A ocupação humana
acelerada e o emprego de técnicas não sustentáveis de cultivo e criação resultaram na formação
de areais em algumas áreas. Os pampas sofrem, ainda, com a caça predatória e o bombeamento
de água dos banhados - ecossistemas alagados, com densa vegetação de juncos e aguapés.

BOM PARA BOI


Os campos
limpos são
usados como
pastagens
na Região Sul

& PANTANAL
Situado na bacia do rio Paraguai, o Pantanal cobre
cerca de 1,8% do território nacional, com 150,3 quilômetros
quadrados. O menor bioma brasileiro é a maior área
alagada de água doce do mundo. Mais de 8o% da região
permanece intocada, onde proliferam milhares de espécies
conhecidas de plantas, aves, mamíferos, répteis e anfíbios.
É considerada uma área de transição entre a Amazônia e o
cerrado, ao norte, e o Chaco, na bacia do rio Paraguai, ao sul.
Esse mosaico de ecossistemas intercala regiões de cerrado
e floresta úmida, além de áreas aquáticas e semiaquáticas.
Quanto à vegetação, podem ser identificadas três áreas: as
alagadas, as periodicamente alagadas e as que não sofrem
inundação. Nas áreas alagadas, a vegetação de gramíneas
desenvolve-se no inverno e serve de alimento para o gado.
Nas de eventuais alagamentos, encontram-se, além de
vegetação rasteira, arbustos e palmeiras, como o buriti.
Nas que não sofrem inundação, predominam os cerrados e
espécies arbóreas da floresta tropical.
As transformações no Pantanal são lentas, mas
implacáveis. A degradação agravou-se nas últimas duas
décadas, com o crescimento das cidades e a ocupação da
cabeceira de importantes rios que cortam a região.
A navegação nos rios Paraguai e Paraná põe em risco as frágeis
matas ciliares. Mas a maior ameaça vem da agropecuária: as
queimadas para renovação das pastagens, a contaminação
das águas e do solo por pesticidas e a introdução de espécies
exóticas de capim. O turismo desorganizado, bem como a
caça e a pesca predatórias, completa o pacote. Apesar disso,
ainda é o bioma mais preservado do Brasil.
CAMINHO DAS AGUAS o Pantanal, a maior área alagada de água doce do mundo, é o
bioma mais bem preservado do Brasil

[1] SALOMON CYTRYNOWICZ [2} MILTON SHI RATA {3) CLAUDIO LARANGEIRA [4] VALOEMIR CUNHA GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 83
0 O ECOS S I STEM_A � DESMATAMENTO

[ li

CO RTE P RO F U N DO DESERTIFICAÇÃO E EROSÃO


Causada pela ação humana e, em
menor grau, por mudanças naturais, a
desertificação é um processo de redução
A MAI O R PARTE DAS FLO R ESTAS O R IGI NAIS DO PLAN ETA jÁ FOI
D E R R U BADA. N O B RAS I L, A S I TUAÇÃO É PREOC U PANTE da vegetação e da capacidade produtiva do
solo. O fenômeno ocorre principalmente em
regiões áridas, semiáridas e subúmidas. No

P Brasil, as áreas mais afetadas são os pampas


e g u e u m m o d e l o e c o n ô m ico q u e d u ra nte séc u l o s fo i baseado na extração d a

gaúchos, o cerrado do Tocantins, o norte de


m ad e i ra. j u nte com a agropecuária e s u a i n saciável d e manda p o r extensas áreas

Mato Grosso e o Polígono das Secas. Entre


para cu ltivo e pasto. Some a isso a expan são das cidades e suas o b ras d e i nf raes-

as causas principais do fenômeno estão a


trut u ra. Acrescente, p o r f i m, a exploração m i n e ral. Eis a receita do d esmatamento. De

agropecuária predatória, alguns tipos de


um total de 64,2 m i l hões de q u i l ô m et ros q u ad rados d e f l orestas originais no m u n d o,

mineração e, sobretudo, o desmatamento.


restam apenas 15,5 m i l h ões. A maior parte das florestas dos países ri cos não existe mais.

Ameaça aos biomas brasileiros Já a erosão, um processo natural da


superfície terrestre (veja na pág. 33),
é potencializada pela retirada da cobertura
Com 5,5 m i l h ões d e q u ilômetros q u ad rados d e m ata, o Brasil é o segundo país com a

vegetal e pelo manejo inadequado da


maior cobertu ra florestal no m u ndo, atrás apenas da Rússia. Mas não há m u itos motivos

atividade agrícola. A aração dos solos para


para comemorar, já q ue 30% das flo restas originais b ras i l e i ras já foram derru badas. A maior

facilitar a circulação do ar e da água, por


vítima desse processo foi a mata Atlântica. Expl o rada desde a época da colon ização, a partir

exemplo, desagrega a terra, podendo causar


do séc u l o XVI, a região perdeu q uase d e go% d a cobertura origi nal e hoje é um dos biomas

assoreamento de rios e lagos. No Brasil,


mais ameaçados do planeta. O cerrado já perdeu mais da metade d a vegetação, princi pal­

as regiões mais atingidas estão no cerrado.


mente para as pastagens e as plantações. Se nada for feito para reverter a situação, o bioma
pode desaparece r até 2030 (veja mais sobre os dois biomas na pág. 82).

O desmatamento na Amazônia
As maiores atenções voltam-se para a Amazôn i a. Todos os anos, a região perde m i l hares ZONAS DA AMAZÔNIA LEGAL D E
de q u i lômetros quad rados de vegetação, pelo corte d e árvores e pelas queimadas. O agrone­ ACORDO C O M A COBERT U RA VEG ETAL
g? cio responde por u ma parcela sign ificativa do desmatamento general izado: nada menos - Desmatamento até 2012
• Formação não florestal
do q u e cerca de 40% da produ ção de carne e soja do país se concentra na Amazônia Legal. Flo resta

E as d uas atividades gan ham cada vez mais espaço n o norte d o país, com o crescimento
da fronteira agrícola. Nesse avanço, é visível u ma mancha de mata derru bada, conhecida
como Arco d o Desflorestamento, que representa 18% d a cobertura origi nal d a Amazônia
(veja o mapa ao lado). O ritmo d o desmatamento, que vinha d i m i n u i n d o nos últimos anos,
aumentou de acordo com o mais recente levantamento do Instituto Nacional de Pesq u i sas
Espaciais { l n pe). De agosto de 2012 a j u l ho de 2013, foram d erru bados 5.843 q u i lômetros
q u ad rados de florestas, o q u e representa um acréscimo de 28% e m relação ao período
anterioí. Pará e Mato G rosso são os estados que mais desmataram.
Fonte: lmazon

84 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


N O VAS E
m 18 de outu bro de 2012, a presidente D i l ma Rousseff sancionou o novo Código Florestal
b rasi l e i ro, após l o n ga tramitação no Con gresso. As n egociações para a ap rovação das
novas regras opôs i nteresses conflitantes entre grandes proprietários, que defend iam

R E GRAS a flex i b i l i zação d a l e i para a expansão agro pecuária, e os a m b i en tal i stas, favoráveis a regr;;1s
mais rígid as para o desmate.
Os p rincipais pontos da lei aprovada d izem respeito às regiões e m que é permitido o desmate·
O novo Código Florestal e às zonas q u e d evem ser p rotegidas em u ma propriedade particu l ar. Ela regulamenta o uso da
terra nas áreas d e p reservação permanente (APPs) e nas reservas legais (veja defin ições abaixo).
regulamenta o uso da
Mesmo após a aprovação, o novo Código Florestal foi contestado no Su premo Tri bu nal Fede ral
terra, tentando eq uilibrar
pela procu radoria-geral, que via inconstitucionalidade e m algu mas situações. A redução das
desenvolvimento econômico áreas protegidas e a isenção de multa a quem desmatou até 2008 são os temas mais controversos.
e preservação ambiental Veja, a s eg u i r, os p r i n c i pais aspectos da nova lei a m b i e ntal.

O NOVO CÓDIGO FLORESTAL APP


Topos de morro
São consideradas APPs os morros com altura
1 . AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPI mínima de 100 metros e inclinação média de 25°. !······ · ·············
São áreas, cobertas ou não por vegetação nativa,
que devem ser protegidas. Essas áreas têm a APP
função ambiental de preservar recursos hídricos, Encostas
paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade, São consideradas APPs as encostas ! ·········· ............... .
além de proteger o solo e assegurar o bem·estar das com declive acima de 45°. Aquelas com
populações humanas que vivem no local . As APPs declividade inferior a 45° agora podem
representam cerca de 20% do território nacional . ser exploradas sem restrições.

PRINCIPAIS PONTOS APP


· São admitidos alguns usos, desde que considerados de Nascentes
interesse social ou baixo impacto, somente em áreas Um raio mínimo de so metros
rurais consolidadas - trata·se dos imóveis estabelecidos deve ser preservado nas áreas
antes da promulgação da Lei de Crimes Ambientais, em não desmatadas. Nas áreas
julho de 2008. rurais consolidadas, a proteção
· As multas referentes aos desmatamentos passou a ser de 15 metros no
realizados pelas áreas rurais consolidadas mínimo.
serão convertidas em serviços de preservação
e melhoria do meio ambiente.

APP
Manguezais I···· · · ·· ···
São consideradas APPs em
toda a sua extensão. A nova
lei prevê a criação de APP
camarão e salinas em áreas Mata ciliar
de apicuns e salgados. É a formação vegetal
presente nas margens de
rios, córregos, lagos, represas e
nascentes. Sua preservação é importante
para evitar o assoreamento dos rios, proteger as
nascentes e conservar a biodiversidade. Nas áreas ainda
não desmatadas, prevalece o estabelecido na lei anterior: a faixa de
mata ciliar protegida varia de 30 a soo metros, conforme a largura do
curso d'água. Mas o novo Código é menos rigoroso com as áreas rurais
consolidadas. De modo geral, nessas áreas, a faixa de mata ci l iar a ser
preservada varia de 5 a 100 metros, conforme o tamanho do imóvel e
independentemente da largura do rio.

1 . RESERVA LEGAL
Área localizada no interior
de propriedade rural necessária
ao uso sustentável dos recursos naturais. É proibido :·········1 A ARfA DE PRESERVAÇÃO
desmatar a área de reserva legal, mas é permitida VARIA CONFORME O 8/0MA
a exploração econômica com manejo sustentável. e AMAZONIA
• CERRADO Ina Amazônia legal) 35%
PRINCIPAIS PONTOS CERRADO (fora da Amazônia legal) 20%
· O percentual mínimo de cada propriedade a ser preservado OUTROS 20%
como reserva legal varia conforme o bioma (veja ao lado). Em
alguns casos, é permitido incluir as APPs neste percentual.
[1) ANTONIO SCORZAJAFP PHOTO [2] FARREL/AE G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 85
0 O ECOSSISTEM
TIPOS DE VEGETAçAO
AM EACA ,:)
NO MUNDO

P E RS I ST E N T E
NO DECORRER DOS S ÉC U LOS, A OCU PAÇÃO
DE N OVOS TERRITÚRIOS PELO HOMEM VEM
EXERCEN DO PRESSÃO SOB R E A DIVERS I FI CADA
COB E RTU RA VEG ETAL DO PLAN ETA QUANTO MAIS
QUENTE, MELHOR 1 · · · · · · · · ·· · · · · · · · · · ·

S
.
A variedade de espécies vegetais �
e u m d i a você d e c i d i ss e correr o m u nd o para con h ecer tem relação direta com a latitude.
os tipos de vegetação que cobre m o p laneta, perceberia As regiões mais próximas do
q uão d iv e rs i f i ca d o s são os ecoss i s t e m as terrestres. Equador, onde há abundância
F i caria m aravil hado com as frondosas m atas ricas e m biodi­ de chuva, alta temperatura
e luz intensa, abrigam maior
versidade n a região d o E q u ador, se espantaria com as plantas
diversidade de plantas.
q u e resiste m à aridez d as regiões de deserto e s e s u r p reen­ As florestas tropicais, como a
deria com a existência d e uma extensa floresta h om ogênea, Amazônia, são um exemplo
formada p o r p i n h e i ros e a betos, este n d e n d o-se p o r vários d isso. A medida que se
países d o H e m i sfério N o rte. avança para os polos, onde
há escassez de luz e baixas
As princi pais formações vegetais d o planeta podem ser vistas
temperaturas, essa variedade
no mapa ao lado. Diversas e ntre si, e l as, no e n tanto, possuem cai progressivamente. A tundra,
uma m e s m a parti cu laridade: estão, e m maior o u m e n o r grau, presente no extremo norte da
sofrendo a meaças, e m razão, principal mente, da ação h u mana Rússia e do Canadá, é formada
e d e m u dan ças c l i máticas, e correndo o risco de d estru i ção. por musgos e algumas espécies
herbáceas, que surgem
Apesar da p e rs i stente a meaça d o desmatam e n to no B ra­ nos poucos meses em que
s i l, o país perd e u cerca de 30% da c o b e rtu ra o r i g i n al, d ados a neve derrete.
que contrastam c o m a E u ro p a, que j á teve mais d e go% d a
vegetação o r i g i n a l desmatada. Veja n o m apa ao l a d o a rica
d iversidade vegetal n o plan eta e a l g u n s pontos onde o d es­
mata m e nto é mais c rítico.

VEGETAçAO · · · · · · · · · · · ·--·· 1 SEM PROTEÇAO



EM RISCO Floresta Amazônica ú nico sistema ambiental

A ·enorme mancha
• Mata de cocais
exclusivamente brasileiro,

vermelha mostra quanto da
Cerrado
Caatinga
a caatinga fica localizada no

vegetação brasileira já foi


� Zonas litorâneas sertão nordestino e no norte de
J • Pantanal
modificado pelo homem.
Minas Gerais. Ela sofre com a
Í desertiticação e tem menos de
Repare como esse borrão
Mata Atlântica
l! • Mata de araucária 1% de sua área protegida por
vermelho se espalha do
campos
unidades de conservação.

litoral para o interior, onde CERRADO EM RISCO


vai diminuindo. Isso é um
1···· -­

A destruição, causada
retrato fiel do movimento
pela pecuária intensiva, Há soo anos, a mata Atlântica
de colonização do país,
e o plantio de grãos são ocupava 13°/o do território

que se deu nesse sentido.


as duas maiores ameaças brasileiro. Ao longo desses anos,

O vermelhão chega a cobrir


ao cerrado. Estima-se que ela perdeu 88% da cobertura
Area modificada
menos de 20% do cerrado
quase toda a área de mata
pela ação humana original. O que restou se concentra
conserve sua vegetação principalmente na região da serra
Atlântica, no litoral.
original . do Mar, em São Paulo.
Fonte: /BGE/2005

86 � G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


. :
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... .. . . . . .. . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . ! BIOMA AMEAÇADO
localizada no norte do globo,
estendendo·se pela Rússia,
Canadá, Suécia, Noruega
� e Finlândia, a floresta de
coníferas, também conhecida
como floresta boreal, vem
sofrendo acelerado processo
de degradação. Estima·se que
apenas 40% desse bioma -
considerado a maior área de
florestas do planeta, com um
terço do total - continue intacto.

A última floresta original


da Europa, Belovezhskaya
Pushcha, está situada entre
Belarus e Polônia. No passado,
praticamente todo o continente
era coberto por uma mata
_.
. ... .
. ...
1 AVANÇO DA
semelhante, que acabou
! Mais de 2 bilhões de pessoas
devastada ou alterada após
� habitam áreas áridas,
séculos de exploração humana
: semiáridas e subúmidas,
e ação da natureza.
que correspondem a 40%
das terras do planeta.
Algumas dessas regiões
sofrem degradação -
em razão da ação humana
e de variações climáticas ­
e estão se transformando
Vegetação med iterrânea
em desertos. Na ilha de
Tundra
Madagáscar, a deserti ficação
já atinge 10% do território, • Vegetação de montanha
por causa, principalmente, Floresta de coníferas
do desmatamento e da • Floresta tropical
agropecuária predatória. Estepe/pradaria/pampas
• Savana/cerrado
Floresta temperada
Deserto
Fonte: The Times Concise Atlas o f the World

VARIAÇÃO DAS AREAS FLORESTAIS (EM MILHOES DE H ECTARES POR ANO) PAISES COM AS MAIORES AREAS DE FLORESTA
A África e a América d o Sul são as d u as regiões d o planeta que mais perdem florestas. % do total de florestas remanescentes do m undo

No continente africano, o desmatamento é maior em países como N i géria, Tanzânia Rússia 20, 1
e Zim bábue, enq uanto na América d o S u l dois terços das árvores derru badas são
bras i l e i ras. Note que a Ásia apresenta expressivo gan ho florestal entre 2000 e 2010,
Brasil 12,9
graças a um programa de reflorestamento em larga escala promovido pela Chi na. Canadá

As ia Estados
Unidos

América Europa China


América Central
Africa do Sul
--
e do Norte
· lO 119!1!11
-.r.
11 -
Oceania Rep. Dem.
do Congo
· 284 ·41
Austrália

Indonésia

L
Sudão
i - 1990·2000
2000-2010
Fonte: FAO
lndia
I Fonte: FAO

GEOG RAFIA VESTIBULAR 2015 f- 87


0 O ECOSSISTEM :;��··
"��-r;,

"'i::!�
Q UESTÕES E RESU MO

CO M O CAl NA P ROVA
l. RESOlUÇÃO
(FUVEST 2014) Estas fotos retratam alguns dos tipos de formação A formação vegetal retratada na foto 1 corresponde à Mata A tlântica,
vegetal nativa enco ntrados no territó r i o n ac i o n a l . conjunto de formações florestais e ecossistemas associados como
as restingas, manguezais e campos de altitude. A formação vegetal
11 retratada na foto 2 corresponde à Mata de Araucárias ou Mata dos
Pinhais_ Nesta formação florestal predomina a araucária, conhecida
também como pinheiro-do-paraná, espécie adaptada aos climas
subtropicais e tropicais de altitude. A formação vegetal retratada na
foto 3 corresponde ao cerrado, constituído por vegetação caducifó/ía,
predominantemente arbustiva, raizes profundas, galhos retorcidos
e casca grossa. A formação vegetal retratada na foto 4 corresponde
à caatinga, que é característica do clima tropical sem/árido, onde
predominam as espécies xerófilas, plantas adaptadas ao calor e a longos
períodos de seca. A foto 5, que corresponde ao Pantanal, é constituído
por vegetação rasteira, floresta tropical e manchas de cerrado.

Resposta: c

� SAIBA MAIS
Confira de que forma o solo e a vegetação de cada sistema ambiental
são explorados economicamente:

Floresta Amazônica: atividades agropecuárias, extração madeirei ra,


v

Mata dos Cocais: extrativismo vegetal, principalmente, babaçu, carnaú­


garimpos e grandes projetos de mineração, extrativismo vegetal e animal.

Caatinga: extração da mata nativa para transformação em carvão e lenha


ba, buriti.

· Cerrado: lavouras comerciais, com destaque para soja, algodão e m i lho,


Mata Atlântica: cu ltivo de cana, laranja, café e pecuária.


www.ibge.gov.br. Adaptado.
e pecuária extensiva.
G. Ferreira, Moderno Atlas Geográ·

Mata de Araucária: extração madeireira para util ização na construção


fico, 2012. Adaptado. •

Correlacio n e as formações vegetais retratadas nas fotos às áreas civil e fabricação de móveis; atividades agrícolas, principalmente o cul­
d e oco rrê n c i a i n d i cadas no mapa abaixo. tivo de soja; silvicu ltura (pinus) para a obtenção de madei ra para lenha,

Pantanal: pecuária extensiva


111 IV v carvão, celulose e papel.

Pampas: pecuária d e corte, agricultura (pri n c i pa l m e nte soja e arroz),


silvicultura (pinus e eucaliptos)

2.
( U E M 2013 - Adaptada) Os d o m ín ios n at u rais t ê m val o r para a
h u ma n i d ad e e são d e f i n i d o s p o r i n ú m e ras variáveis. Sobre esse
ass u n to, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

( ) Do p o n to d e vista fitogeog ráfico, no d o m ín i o natu ral d as


m o n tan has, o a u me nto d a altitude p r o d u z efeitos s i m i l ares
aos d o a u m e n to das latitudes.
( ) A faixa i ntertropi cal, situada e ntre o s t r ó p i co s de Câncer e
Cap r i c ó r n i o, caracteriza-se pela p rese nça d e c l i m as q u e n tes,
como o c l i m a tropical árido, com c h uvas escassas e mal d is­
tri b u íd as e temperatu ras m u ito e levadas.
( ) A área de ocorrê n c i a d a t u n d ra é a região p róxi m o ao oceano
G l acial Antártico. Ela é o b i o m a mais antigo d a Terra, e suas

88 -7 GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015


�ECOSSISTEMAS São áreas de q ualquer di­
p r i n c i p a i s e s p é c i e s são os m u sgos, os l i q u e n s, as p l a n tas mensão onde há uma relação de i nterdepen­
rastei ras e as árvores tortu osas. dência entre os seres vivos (plantas, animais
( ) No d o m í n i o d as f l o restas tipo b o real ou tai ga, pred o m i nam e decom posito res) e os fatores físicos do
espécies aci c u l i fo l iadas. Elas se desenvolvem e m c l i m a frio meio a m b i ente, como o solo e a água.
d e al tas lati t u d e s e são u t i l i zadas na p rod u ção d e madei ra,
papel e c e l u l ose. �VEGETAÇAO NO MUNDO São nove os prin­
( ) Os c l i m as frios das cord i l h e i ras m o n tan h osas tropicais não ci pais tipos d e vegetação: deserto, estepe
co rresp o n d e m aos c l i mas frio e polar das altas l atitudes, pelo (cam po s, pam pas, p ra d a r i a), f l o resta d e
fato d e que as profu ndas m udanças sazonais d e insolação não con íferas, floresta temperada, flo resta tro­
ocorrem nas baixas latitudes. p i cal, savana/cerrado, t u n d ra, vegetação

RESOLUÇÃO
de m o n ta n h a e vegetação m e d iterrânea.
As regiões de baixa latitude, o n d e há maior
Esta questão exige que o candidato saiba relacionar informações i n c i d ê n c i a d e ch uva e l uz solar, propic iam
referentes a bioma e clima. De maneira geral, a temperatura diminui m a i o r d iv e rs i d ad e vegetal. C o n f o r m e a
a partir da zona intertropical em direção à zona polar e conforme l ati t u d e vai a u m e n tan d o, a variedade d e
aumenta a altitude. Esses fatos conferem uma relação direta e n tre plantas d i m i n u i progressivamente.
la titude e altitude n o que se refere às formações vegetais.
Na zona climática compreendida en tre os trópicos de Câncer e � BIOMAS BRASILEIROS Biom as são comu­
Capricórnio predominam os climas quen tes, entre eles o árido cujas nidades formadas por o rganismos estávei s,
características são as chuvas escassas e as temperaturas médias desenvolvidas e bem adaptadas às con d i­
muito elevadas. ções a m b i e n ta i s d e u m a g ra n d e região.
O bioma da tundra se desenvolve nas baixas temperaturas do O s seis g ra n d e s b i o m a s b ras i l e i ros são:
extremo norte dos continentes asiá tico, europeu e americano. Esse a Amazôn i a (o maior d o país), a caat i n ga
bioma é uma transição entre as florestas de coníferas e as áreas (exc l u s ivamente b ras i l e i ro), o cerrado ( u m
permanentemente cobertas por neve e gelo. Sua vegetação d o s m a i s am eaçad os d o m u n d o), a m ata
caracteriza-se pelas espécies ras teiras de musgos, líquens e Atlântica (poss u i apenas 12% d e vegetação
pequenos arbustos. reman esce n te), o pampa (ta m b é m m o d ifi­
O bioma das florestas de confferas encontra-se no norte dos cado, é usado como pastagem) e o pantanal
continentes americano, europeu e asiático, onde o clima caracteriza­ (o mais bem p rese rvado).
se pelos invernos rigorosos e verões amenos. A variedade de espécies
é bastante reduzida, com predominância de pinheiros - espécies �DESMATAMENTO A extração da madei ra,
aciculifoliadas utilizadas para a produção de madeira, papel e celulose. a agropecuária, o avanço das c i d ad e s e a
O clima frio de m o n tanha não está necessariamente relacionado exploração m i n e ral são as p r i n c i pais ações
com a latitude, mas com a altitude. Com relação às cordilheiras q u e exercem p ressão s o b re as flo restas.
mo n tan hosas tropicais é correto afirmar que pela proximidade Mais de 75% da cobertu ra vegetal o r i g i nal
com a faixa equatorial, a variação nos períodos de insolação pouco d o m u n d o já foi d e s m atada.
influencia nas condições a tmosféricas no alto destas cordilheiras.
-?AMAZÔN IA A m eaçada p e l o avan ço d a
Resposta: V V F V V agropecuária, a Amazô n i a j á perdeu 18%

SAI BA MAIS
da c o b e rt u ra o r i g i n al . O avanço no d es­
-7 m atam e n to d a região pode ace l e ra r o p ro­
Veja como o s biomas variam conforme a latitude e a altitude: cesso de aq u e c i m e nto g l obal e i m pl i ca r a
exti n ção d e espécies a n i m ai s e vegetais.
· · - - - - - - · · · · - - - - - O r i t m o da d evastação vem d i m i n u i n d o
.. .. .. ..

- - - - - - - - - - - - - - - - - - .
. . .
nos ú lt i m o s anos, m a s a a m eaça a o b i o m a
· .
a i n d a está p resente .
... ... .... ..

... .. .. .. '
. .. '
... .. .. ...
.
'

-7 C0DI G O F LORESTAL S a n c i o n ad o e m
.
'• . '
'
'

o u t u bro d e 2012, o n ovo Cód i go F l o restal


prete n d e regu l ame ntar o uso d a terra. Am­
b i en tal i stas c riticam a a m p l i ação d a área
p e r m i t i d a para o d e s m atam e n to, o q u e
Latitude e ra u ma exigência d o s produto res r u rais.

G EOGRAFIA VESTI B U LA R 2015 � 8g


@oHOME PO P U LAÇÃO

A C I DAD E E
m 2008, a popu lação m u nd ial ati ngiu um marco his­
tórico: pela primeira vez, o planeta passou a ter mais
pessoas vivendo nas cidades do que nos campos. Essa
transição para u m planeta mais u rbano começou a ser ma­

SÓ C R ESC E
terializada no sécu lo XVI I I, d u rante a Revol u ção I n d u strial,
i n iciad a na Eu ropa, segu ida pelos Estados U n idos e pelo
Japão n o séc u l o XIX - e pelos atuais países e m desenvolvi­
mento apenas após a Segu nda G uerra M u nd ial.
Na E u ropa d os sécu los XVI I I e XIX, as fábricas precisavam
DESDE A R EVO LUÇÃO I N D U STRIAL, de u m n ú m e ro crescente de operários para p rod uzir bens
manufaturados e m larga escala. Atraído pelas promissoras
AS CI DADES S E CO N V E RTERAM EM oportu nidades, um grande contingente de homens e mu l he­
VERDA D E I ROS PO LOS DE ATRAÇÃO res migrou do cam po para as cidades. D u rante o século XIX,
as cidades i n d ustriais cresceram, particularmente na I ngla­
D E P ESSOAS. ENTE N DA COMO SE D E U terra, que chegou a ter 52% dos i ngleses vivendo em centros
u rbanos em 1850. Além d isso, contr i b u i u para o desenvol­
ESSE PROCESSO D E FORMAÇÃO DOS vimento das cidades a expansão popu lacional ocorrida no
CENTROS U R BANOS século XVI I I, em virtude, principalmente, da redução da fome
·
e da melhora das cond ições d e saúde.
As nações ricas apresentam altas taxas d e u rbanização,
com pelo menos 75% d a população m o rando e m cidades.
Na Eu ropa, o crescimento da indústria d u rou mu ito tempo e
levou a uma u rban ização l enta, q u e permitiu maior planeja­
mento das cidades, seja no projeto de áreas residenciais, seja
. na construção de redes de água e esgoto, de eletricidade, de
ruas e avenidas, de l i n has de trem e metrô, além de serviços
p ú b l icos como escolas e hospitais.

92 7 GEOGRAFIA VESTIBU LAR 2015


Cidades caóticas POPU LAÇAO URBANA E RURAL 1: aq.filiHH
Geral mente, a vida u rbana nos países desen­ NO MUN DO
volvidos traz u m acesso maior e melhor a re­
Em % • Rural
CONU�BAÇÃO
cu rsos do q u e nas nações em d esenvolvimento
- Urbana
E REGIOES
METROPOLITANAS
Quando estudamos
por causa de d i fe renças no processo h istórico.

urbanização e suas
A América Latina, por exemplo, vivenciou u ma

consequências, é i m portante
u rbanização m a i s tard i a e veloz, s e m q u e as

compreender dois conceitos


cidades se planejassem para receber o enorme

fundamentais: conurbação e
fl uxo d e pessoas. Com isso, os serviços p ú b l i­

regiões metropolitanas.
cos ficaram satu rados, já q u e a a m p l i ação d a

CONURBAÇÃO é quando as
infraestrut u ra n ã o p ô d e ser feita n a agilidade

aglomerações urbanas de duas


necessária. O utra conseq uência é q u e, nesses

cidades se encontram, formando


centros u rbanos h i pertrofiados, os empregos se

uma única mancha urbana.


tornam mais d isputados, aumentando a pobre­

t o que se observa ao redor do


za e d i m i n u i ndo a q ualidad e de vida.
o p rocesso d e u rbanização nos países mais
municipio de São Paulo, em que
ficaram fisicamente emendadas
pobre s só t e n d e a s e i n te n s i f i car. D e acordo

a capital e várias outras cidades


com o Programa d as N ações U n i d as para As­

que se encontram a sua volta.


sentamentos H u manos {UN Habitat), em méd ia,

Uma cidade que está no centro


5 m i l hões d e pessoas m igram por m ês para as

de um processo de conurbação
cidades no m u n d o em d esenvolvi m e n to. O s

é chamada de metrópole,
princi pais motivos para o êxodo rural - migração

e as cidades próximas formam


do trabal hador d o campo para as cidades - são

sua REGIÃO METROPOLITANA.


a má d istrib uição de renda e a concentração das

No Brasil, porém, a região


oport u n idades nos centros u rbanos. Tam bém

metropolitana é um conceito
contri b u e m para esse deslocamento a falta d e

administrativo utilizado para


políticas agrárias e i nvesti m entos governamen­

definir politicas públicas comuns


tais na agropecuária, assim como a mecanização

para u m grupo de cidades


da prod ução agrícola, que faz q u e a mão de obra

vizinhas. O governo do estado


rural seja cada vez menor. Fonte: Divis�o de Populaç�o das Nações Unidas

pode decidir que certa área


é uma região metropolitana.
O Brasil possui 57 regiões
metropolitanas - as cinco mais
populosas são São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Porto
Alegre e o Recife.

U rbanização no Brasil CRESCE A POPULAÇAO URBANA NO BRASIL


Em porcentagem (%) sobre o total da população
N o Brasil, o processo d e u rbanização deslan­
1oo .
go - -· -·--<i :r-·-;
r--------------------··---····--·-·-····-··-···--·-·-··---·-····-·----- -- · - .

chou após a S eg u n d a G u erra M u nd ial (1939-


1945). E m 1950, a p o p u lação r u ra l b ras i l e i ra 9o �------------------------ - ----· sr--------- 84 ----- -· ---j
r
somava 64% d o total do país. Em 1970, o n ú me­ 80 f------- - --------- - --------7.5-- -·--------- · - - -
--
- ------------- íj
i 66 j
ro cai u para 44% e, em 1996, para apenas 22%. 70 !--------- - -- ·------ --
- -
---------- ---···-· -------·-·-----------:

Segundo o mais recente levantamento do IBGE,


60 r: ·---------------
56
- --
-
-
--- -----
-
-
-
-
-- -- - -
- -
- -- .... ---- - �.'
84,8% dos brasi l e i ros vivem em áreas u rbanas.
50 f-...-----45.- -----------------i
,

---.--------------------------·--·--· ·---------· .......

As indústrias da Região Sudeste, especial men­ ! !


te na c idade de São Pau lo, exerceram enorme 40 !---------------------------------------··-- - ----
-- - - ---------i
I :
poder para atrair a força d e trabalho para os cen­ 30 :- --- -------------- ----------------- -- - ----------·-- ·-· - ...... ---- - -- ---1
: �
tros u rbanos. Mas regiões como o Centro-Oeste, 20 '� -
----
------·---- - ---
--
---------
-
. ----- -- -- - ------------ iJ
especialmente com a fundação de Brasíl ia (1960), 10 :� -
--- - -
----- - -
-- -- - ---- ---- ----- --- ·-·- .... - .. __________ j
e o S u l tam bé m possuem m u itos habitantes o i: ..... ... . ......... ................ ........................
....____________ __ ______ - .. .. - ... ... ----------�
I
nas cidades. Os menores n íveis d e u rban ização 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020* 2030*
encontram-se na Amazônia e no Nordeste. Fonte: IBGE * Previs�o

[1} REUTERS/WPP 2011/ANOREW BIRAJ G EOGRAFIA VESTI B U LAR 2015 � 93


@oHOME PROBLEMAS URBANOS

M U N DO
MAC U LADO
PO LU I ÇÃO DO A R E DAS ÁG UAS, LIXO,
AQU EC I M E NTO G LO BAL, C H U VA ÁCI DA ­
VEJA COMO A MÃO P ESADA DO HOMEM
ESTÁ ENXOVALHAN DO O PLAN ETA E
ESGOTA N DO S E U S RECU RSOS

D
esde q u e o Homo sapiens j ogou
a p ri m e i ra casca d e banana em
algu m rio, lago o u mar, nossa rela-
ção com o meio ambiente tem se pautado
pelo b i n ô m i o "co n s u m i r e po l u i r". Como
res u l tado d e séc u l os d essa ( i m)postura
util itarista em relação à natu reza - atitude
levada a extremos n as ú lti mas décadas -,
todos os ecossi stem as d o planeta j á dão
si nais de esgotamento, o q u e, em ú l tima
i n stân c i a, representa o p r ó p r i o esgota­
mento da vida.
Os ecossiste m as são sistemas d i nâmi­
cos q u e res u l ta m d a i nterd e p e n d ê n c i a
entre o s fatores físicos do m e i o ambiente,
como o solo e a atmosfera, e os seres vi­
vos que o habitam - e isso i n c l u i, é c laro,
os seres h u m an os. O problema é q ue, n a
d i nâm ica e ntre o a m b ie n te e o h o m e m,
o pri m e i ro tem levado a p i o r. Se, de s u a
parte, a n atu reza entra com a d oação d e
tpda sorte d e riqu ezas a n i mais, vegetais
e m i nerais, o h o m e m, e m contrapartida,
res p o n d e com todo t i p o de i m p u rezas,
q u e vão d esde a bituca de c igarro j ogada
no mar até b i l h ões d e to n elad as de co,
lançadas n a atmosfera.
Confira a seg u i r as princi pais agressões
perpetradas contra o m e i o a m b i e nte e [li

os frutos q u e já começamos a colher por RIO DE ENTULHO NA NIGtRIA Os produtos eletrônicos descartados no mundo somam mais
causa delas. de so milhões de toneladas de lixo por ano, poluindo o meio ambiente

94 -7 GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


L I XO
Os resíduos que Aterros
U m a o pção para d e posita r o l ixo são os aterros
produzimos são uma
san i tários. São áreas nas q u ai s o s resíd u o s são LEI DOS RESÍDUOS
ameaça ao meio ambiente SÓLIDOS
O Brasil produz diariamente
com pactados e cobertos por terra. Terrenos assi m

­
170 m i l toneladas de lixo. Desse
têm s i stem as d e d re nagem q u e captam l íq u id o s e

total, 40% não têm destinação


despejo de resíd uos só­ gases resu ltantes d a decom posi ção d o s resíd u o s

O l i d o s e l íq u i d o s é u ma
s é r i a a m eaça t a n t o
o rgân i c o s, evita n d o m a i o re s d a n o s ao s o l o . São
caros e de uso l i m itado. adequada, indo parar em lixões
- locais onde os resíduos são
lançados a céu aberto, sem
para o m e i o a m b iente q u anto Outra porção do I ixo é destinada aos aterros contro­

nenhum controle - ou aterros


para a sociedade. Os p r i n c i pais lados, q u e têm critérios menos rígidos de segu rança.

controlados.
problemas causados pelo l ixo Apesar de cobri rem os resíduos e selecionarem o ti po

Dados como esses l evaram


são a p o l u i çã o do s o l o e d a s de material que chega ao local, os aterros controlados

o governo a criar a Lei dos


águas, o acú m u lo d e m aterial não fazem o tratamento d e gases e l íq u idos.

Resíduos Sólidos, e m 2010, que


não d e g radáv e l ou tóxi c o e a

estabelece uma série de regras


pro l iferação d e i nsetos tra n s­
Reciclagem
para o manejo sustentável do
m issores de doenças. Nos meios

lixo, envolvendo a sociedade,


urbanos, os d ej etos amo ntoa­ A melhor solução para o l i xo, porém, é reaprovei­

as empresas e o governo.
dos ao léu tam bé m colaboram tá-lo para fazer novos bens, red uzindo a sobrecarga

A legislação determina que


para a ocorrência d e enchentes, dos d epósitos. O reaproveitamento do l ixo envolve

a população separe o lixo


por o bstru i r os c u rsos de água o p r i n c í p i o d o s "3 Rs":

doméstico nas cidades onde


(veja mais na pág. 52). · Red u z i r a p rod u ção de resíd u os, c o m a adoção

há coleta seletiva e incentiva


Tod o s os d ia s p ro d u z i m o s d e novos h áb itos d e c o m p ra.

a atividade de catadores
m i l h ares d e toneladas d e l ixo R e u t i l izar p otes, vas i l h a mes, caixas e o u tros

autônomos e indústrias de
porq u e precisamos c o ns u m i r objetos d e uso cotid iano e o material neles contido.

reciclagem. Outra novidade é


para viver - e para isso j u nta­ R e c i c l a r o l ix o d e s cartado após o co n s u m o,

que a lei obriga fabricantes,


mos u ma col ossal q u antidade transforman do-o em matéria-prima i n d u strial para

distribuidores e vendedores a
d e resíd u os. O p ro b l e m a é q u e n ova fabri cação.

recolher embalagens usadas. O


nesta s o c i e d ad e d o d e s pe rd í­ Para que seja reciclado, o l ixo deve ser descartado

maior desafio das prefeituras


cio, e m q u e i m p e ra o c o n s u m o de forma seletiva e entregue em postos d i stri b u ídos

é fechar todos os lixões até


i n d i s c r i m i na d o, parte d o q u e pelas prefeituras (quando existem) ou por e m p resas

agosto de 2014 e construir


sobra é jogada de volta na natu­ em l ocais p redefi n i dos, d oad o s a e n t i d ad e s q u e

aterros sanitários, conforme


reza, acu m u lando-se e m l ixões, recebem m aterial d esse t i p o e n a forma estabele­

prevê a lei.
aterros ou em amontoados pró­ cida p e l os programas po rta a porta (veja mais n o
ximos a có rregos e estradas. q uadro a baixo).

Os principais produtos recicláveis


Não podem ser
reciclados
Espelhos, vidro de
janela e de boxe de
banheiro, vidro de
automóveis, cristais,
Papel 3 a 6 meses
lampadas, vidro
temperado, ampolas de Pano 6 meses a 1 ano

:e Garrafas, potes de Revistas, jornais, papéis Garrafas PET, potes (de latas de aço e alumínio, remédio, celofane, Filtro de cigarro 5 anos
:; alimentos, frascos de variados, caixas de todos os tipos), tampas, tampas, arames, fios, espuma, fraldas Chiclete 5 anos
iii2 remédio e de perfume. papelão (de todos os embalagens, sacos (de grampos, pregos, tubos descartáveis, pilhas, Lata de aço s uo anos
° Cacos de vidro tipos) leite, arroz etc.) de pasta, alumínio, cobre latas enferrujadas, Madeira pintada 13 anos
papel higiênico,
.... Náilon Mais de 30 anos
c Volta a ser usado Transforma-se em Matéria-prima de fibras o aço volta a ser usado guardanapos com
Cientenas de anos


Plástico
g infinitas vezes sem papel reciclado para têxteis, tubos, artefatos sem limites. o alumínio restos de comida, papel
perder as agendas, cartões e plásticos, cordas, cerdas pode ser reusado em laminado Alumínio Centenas de anos
:= características caixas de papelão de vassoura, carpetes latas e autopeças e plastificado, Vidro Mais de mil anos
papel-carbono Borracha Indeterminado
Fonte: Como Cuidar do Seu Meio Ambiente- Editora Sei, ediç3o e texto da Ritil Mendonça, 2004

[1] BASE L ACTION N ETWORK (8AN) G EOGRAFIA VESTI B U LAR 2015 (- 95


@oHOME PROBL E MAS URBANOS

RIO DE ENTULHO Garoto mergulha em canal do


Recife para coletar material recidável

P O L U I CÃO DAS Á GUAS ,

Conter a contaminação das fontes hídricas é um dos grandes Saneamento básico


Seg u n d o o Programa de Meio A m b i e n ­
desafios ambientais
te d a O N U, o u so d e á g u a pol u íd a m ata
m ais do q u e todas as formas de violência,

A
p o l u i ção d as águas é causada, sobretu d o, pelo lançamen to d e i n c l u i n d o as g u erras. Q uase 4% d e todas
d ej etos i n d u striais e a g r íco l as, e sgoto d o m éstico e resíd u o s as m o rtes são atri b u íd as a d o e nças d e­
s ó l idos. I sso c o m p ro m ete a q ualidade d a s águas s u p e rficiais e correntes do consumo d e água i m própria
su bte rrâneas em i n ú m e ros po ntos do p l an eta. - 1,8 m i l hão d e crianças com m e n os de 5
Os rios e lagos são considerados os ambientes mais ameaçados d o glo­ anos d e idade m o r r e m a n u a l m e nte p o r
bo. Sofrem, por exemplo, com o fenômeno conhecido como eutrofização: falta d e á g u a l i m pa. Essas m o rtes ocor­
os esgotos d o m ésticos são ricos em matér i a orgânica, q u e passa p e l a r e m p r i n c i pa l m e n te n o s países m en o s
ação d e m i crorga n i s m os, res u l tando n a p ro d u ção d e n u trientes; ass i m, d esenvolvidos d a África e d o s u l d a Ási a,
q uando esse esgoto é lançado na água, gera um excesso d e n u trientes o n d e a p o p u l ação carece d e serviços d e
que acaba p rovoca n d o o c resc i m ento extraor d i nário de algas - estas, tratam e n to d e á g u a e d e esgoto.
por sua vez, i m pe d e m a passagem da l u z e a tran sferência do oxigênio Em todo o m u n d o, cerca de 2,5 b i l h ões
atmosférico para o meio aq uático. O utro exe m p l o d e degradação, agora de pessoas - q u as e u m terço da p o p u­
_das águas s u b te rrâneas, é o caso do Aqu ífero G ua ra n i, um dos maiores l ação m u nd ia l - n ã o d i s p õ e m d e á g u a
reservató rios d e água doce d o m u ndo. E m algu m as regiões, como em suficiente p a r a o saneamento básico. N o
R i be i rão P reto (SP), estudos apontam e levado grau d e conta m i n ação por B rasi l, a p e n a s 57,1% dos d om i c í l i os têm
agrotóxicos (veja mais sobre o Aquífero Guarani na pág. 48). acesso à red e de esgoto - o u seja, q u ase
Os ambientes marinhos e costeiros também estão seriamente ameaçados m etade d as casas b ras i l e i ras está e xc l u ­
pela polu ição, pela su perexploração da pesca e por acidentes ou descargas ída d o siste m a c o l e t o r d e d ej etos. Dados
em alto-mar, como no caso d os catastróficos vazamentos de petro l e i ros. como esses revelam o grave problema do
Em abril de 2010, a explosão da p l ataforma Deepwater Horizon despejou s a n e a me n to no p aís, q u e c o m p r o m ete
cerca d e 4,9 m i l h ões d e barris d e petróleo nas águas d o golfo d o México, severa m e n te a q ua l i d a d e de vida da po­
o que foi consid erad o o maior d esastre na área d e petróleo da h istória. p u lação e o m e i o a m b i e nte.

96 � GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


PO LU I CÃO D O A R ,:)

A emissão de poluentes na atmosfera causa uma


série de efeitos nocivos ao homem e à natureza
Chuva ácida
A q ue i m a d e combustíveis fósseis, feita p r i n c i pal­

A
p o l u i ção do ar é p rovocada p r i n c i pa l m e n te pela mente pelas atividades i n d u striais e pelos automó­
q u e i m a d e c o m b u stíveis fósseis nos transpo rtes veis, l i bera óxido d e n itrogênio ( N O) e d ióxi d o d e
e na geração d e e n e rgia e l étrica e pela ativid ad e enxofre (SO, ) na atmosfera. Esses com postos reagem
industrial. D ióxido de carbo no (CO,), monóxido de carbono com o vapor de água presente na atmosfera, forman­
(CO) e h i d rocarbonetos ( H C) são a l g u n s dos p o l u e n tes do o ácido n ítrico ( H N 0 ) e o áci d o s u l f ú rico (H ,SO)
3
mais e m i t i d o s . P raticam e nte todos e l es são bastante Quando c hove, essas su bstâncias ati ngem o solo e a
nocivos ao h o m e m e ao m e i o a m b i e nte. Veja a s eg u i r água, alterando s u as característi cas e p rej ud icando
alguns dos efeitos mais comuns p rovocados pela e m issão lavou ras, florestas e a vida aq u ática. Tam bé m dani­
de p o l u e ntes n o ar. ficam ed ifícios e m o n u m en tos h istóricos.

B u raco na camada de oz ô n io • ······································· ·


,

O aparecime nto de b u racos na camada de ozônio é u m


processo natu ral, já q u e reações q u ím i cas n a atmosfera
abrem bu racos na camada, que depois se fecham. A atividade
h u mana, contudo, vem acen tuando esse processo. As emis­
'
······ )
sões de su bstâncias q u ímicas, como os clorofl uorcarbonos
(CFCs), e o a q u e c i m e nto g l o bal i ntensificam as reações
q u ímicas que destroem o ozônio. Sem a camada d e ozônio,
que absorve parte da radiação em itida pelo Sol, as plantas 1979 1987
red uzem sua capacidade de fazer fotossíntese, e há maior
desenvo lvimento d e doenças, como câncer d e pele.
A boa notícia é q u e, nos ú ltimos anos, acordos interna­
cionais permiti ram a red ução d a emissão desses pol uentes
na atmosfera, e estudos i n d icam q u e o b u raco na camada
de ozônio vem red uzindo de taman ho desde 2006. Porém,
como essas s u bstâncias levam décadas para sumir, a solução
defi n itiva do problema ainda está longe de ser efetivada.
2006 2013 Fonte: Nasa

DENSI DADE DEMOGRÁFICA E I LHAS DE CALOR I l h as de calor


M u n icípio de São Paulo, com variação de temperatura de 24 'C a 32 'C, em 3/9/1999 Os p o l u e ntes lan çados n a atmosfera,
r-..
r- -------- --,
-,-,;;-
p r i n c i palme nte o d i óx i d o de carbono, aju­
- ---- A região central de São
dam a a u m entar a tem peratu ra do ar mais
Paulo, altamente
urbanizada, apresenta próximo da atmosfera. Em regiões u rbanas,
temperaturas mais esse fato é agravado pela su bstitu ição da
elevadas co bertu ra vegetal por prédios d e concreto
e ci mento e ruas asfaltadas. Esses materiais
absorvem mais calor e o devolvem na forma
de radi ação térm ica. A combinação desses
fenômenos tende a a u m entar a tempera­
Urbano
t u ra nos grandes centros, criando as i l has
________ _c_,.... ______ No sul da cidade, d e calor. A d iferença d e temperatura en tre
onde há mata e quase uma área verde e uma típica zona central de
não existem prédios nem u ma cidade pode ser de s graus centígrados
casas, as temperaturas a mais (veja o mapa ao lado). Confira outras
são bem mais baixas
i n formações sobre o aq uecimento global
Fonte: A tlas Ambiental do Município de São Paulo na página 108.

[1) DI EGO N ! G RO-JC I MAGEM/REUTERS GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 97


@ o HOME PROBLEMAS U RBANOS

O C U PACÃO ,:)

CAÚT I CA
Enchentes, desabamentos,
deslizamentos - saiba como a ação
do homem e a falta de planejamento
estão por trás de vários desastres

N
os ú l t i m o s a n o s, o h o m e m v e m
paga n d o u m p reço altís s i m o pela
o c u pação i rr e g u l a r q u e faz d o 111

solo, especialm ente n o s g ra n d es centro s HIDROVIA


u rbanos. Ce ntenas d e v i d as são perdi das Enche ntes IMPROVISADA
em e n c h entes, desabamentos e d e s l i za­ As i n u ndações estão e ntre os princi pais fla­ Moradores
utilizam botes
m entos, só para m e nc i o nar a l g u mas d as gelos no meio u rbano. Pelas próprias condições e canoas para
"tragéd i as an u nciad as" mais c o m u ns. do relevo, algu m as regiões acu m u lam água nas cruzar rua alagada
Esses d esastres p recisam ser reso lvidos épocas de ch uva e são naturalmente inu ndadas. t em São Sebastião
do Caí {RS)
e m n ível estrutu ral. Isso s e faz com u m o caso de vales e planícies à margem de rios, que,
planejamento u rbano q u e cons iga al iar as sem a interferência do homem, seriam d renados
d e mandas do cresci m e n to p o p u lacional sem dificuldade: a água seria absorvida pelo solo,
com p o l íti cas s u stentávei s d e ocu pação e os rios sofreriam u m a e levação controlada
do solo. Nesse sentido, entram ações como em seu n ível. A p resença h u mana, no entanto,
p o l íti cas de controle da natal idade e d e transformou algu mas d essas áreas da cidad e,
i ncentivo à retenção do homem no cam po; q u e não ficariam su bmersas, em zonas de risco.
o gerenciamento ade q u ad o dos recu rsos O pri m e i ro i ngred i ente para a tragéd i a é a
natu rais, o que incl u i a fiscal ização rigorosa q u as e com pl eta p av i m e ntação d os terrenos
do uso dos terrenos; e a criação de p rogra­ u rbanos. Ao contrário d o solo das áreas verdes,
mas hab itacionais para alojar a população que absorve bem a água, o asfalto é i m permeável
em zonas apropriadas. e se comporta como uma capa q u e reveste toda
E m su ma, a reversão desse quad ro i m p l i­ a cidade, im pedindo a infiltração e o escoamento
ca u m p rojeto d e l o n go p razo e a adoção adeq uados da água, q u e acaba se acu m u lando
de medidas preventivas, em vez d e real izar e m grandes volu mes. A ocupação d e áreas i na­
ações p a l i ativas q u a n d o u m a trag é d i a propriadas para receber construções tam bé m
d e g ran d e s p ro p o rções c o m ove o país. potencializa os efeitos d a s ch uvas torrenciais,
A seg u i r, você confere p o r que a fúria da causando terríveis i n u ndações.
natu reza, somada à falta d e p l anejamento A saída encontrada para contornar esse p ro­
u rbano, cost u m a resu l tar em desastres. b l e m a fo i a criação de gale rias p l uviais, q u e
d everiam transpo rtar a água reco l h ida pelos
bueiros até os rios. Ocorre que outra ação h u ma­
na i nterfere no funcionamento desse sistema: o
i menso vol u m e de detritos despejados nas ruas
das grandes cidades freq uentemente entope as
vias de escoamento. Além de i m pedir que a água
escoe pelos b u e i ros, o q u e já causa i n u ndação
nas ruas, o lixo acu m u lado n as cal has dos rios
d i m i n u i sua p rof u n d i d ad e, criando o cenário
i d ea l para enchentes ainda mais d rásticas. (l]

98 -7 G EOGRAFIA VESTIB U LAR 2015


Desl izamento de encostas
Para atender à demanda do crescimento demo­
gráfico - seja pelo aumento regular da população,
seja em vi rtud e d o êxodo r u ral (o deslocamento
d e pessoas do campo para a cidade) -, é normal
que os centros u rbanos cresçam para abrigar
esse enorme contingente d e novos m o rado res.
o problema é q uando essa expansão se d á em
áreas i napropriadas para receber edificações,
como encostas de morros e margens de rios. E, o
q u e é pior, em 99% das vezes, a ocu pação dessas
áreas é p reced ida pelo desmatamento da vege­
tação o rigi nal q u e as cobria, potencializando os
riscos de erosão e desl izamentos de terra. Pois
o solo é naturalmente p rotegido pela cobertura
vegetal de d iferentes maneiras. As raízes formam
u m a espécie de rede s u bterrânea q u e auxi lia na
sustentação mecânica d o terreno e, ainda, na OCUPAÇÃO
criação de cam i nhos poronde a água das ch uvas IMPROPRIA
pode infiltrar-se - com isso, ela evita q u e a águ a Casas construídas
em terrenos
escorra pela su perfície d e uma vez só, arrastando inadequados estão
toda sorte de sed i mentos e nutrientes do solo sujeitas a
(no processo chamado d e l ixiviação). desabamentos,
como a construção
Entretanto, com o d esmatamento, o solo fica ao lado, em
extremamente fragil izado. Sem as raízes, reduz­ Blumenau (SC)
-se a s u stentação d o terreno, c ujas camadas
acabam cedendo com o peso da águ a das chu­ Desabamentos
vas. A água tam b é m altera a consistência d o Construções e m áreas i n ap ro p riadas podem
solo; e l a "lu b rifica" as partícu las q u e o formam, causar o colapso do solo, p rovocando desastres
d i m i n u indo o atrito entre elas e fac i l itando seu d e grandes proporções. Esse fenômeno pode
d es p re n d i m e nto. A o c u pação efetiva d essas acontecer em qualquer tipo d e terreno, mas em
áreas, com o próprio peso das casas, completa alguns - sobretudo naq ueles com sobrecarga de
o cenário d e desestabi l ização. peso em v i rtude das edificações constru ídas ­
ocorre com mais freq uência. Os solos com essas
características são chamados de "colapsíveis":
são arenosos, d e estrutura porosa, e freq u entes
nos estados de Mi nas Gerais, Paraná, Mato G rosso
do S u l, Pernambuco e São Pau lo.
O solo d e massapé, comum no nordeste b rasi­
lei ro, é outro que está sujeito à acomodação. Rico
em material orgânico, o massapé é u m solo bas­
tante fértil e aprop riado para o cu ltivo agrícola,
mas arriscado para a construção civi l. O massapé
sofre com as alterações do cli ma: comprime-se no
período d e seca e se expande com a u m idad e da
época d e ch uvas. Essa q ualidad e de "solo ativo"
res u l ta em rachad u ras, i n c l i nação das casas e
até d esabamento, ocorrências freq uentes, por
exe m p l o, na cidade d e Salvad o r, na Bahia, onde
terrenos d e massapé foram ocu pados i rregular­
mente pela população de baixa renda.
RASTRO DE As construções e m l ocais de risco no litoral
DESTRUIÇÃO também respondem por vários casos de desaba­
Deslizamentos mento. As edificações i rregulares roubam espaço
em Teresópolis
(R]) arrasam da areia e das pedras na praia- que serviriam de
construções em obstácu l o natural às ondas - e acabam desmo­
janeiro de 2011 ronando, vítimas do avanço do mar.

[1] CARLOS EDUARDO DE QUADROS/FOTOARENA (2] AFP PHOTO/MAR INO AZEVEDO/HO/RIO'S GOVERNMENT PRESS OFFICE {3] ARTUR MOSER/Aa NCIA RBS G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 99
@oHOME ):�- CARTOGRAFIA

DISTRI BUIÇÃO DA POPULAÇÃO


G E NTE MUNDIAL EM 2013

D E MA I S
O CRESCIMENTO POPU LACIONAL
PRESSIONA AS CI DADES E IMPLICA SÉRIAS
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS

O
m u ndo ati n g i u a marca de 7 b i l h ões de pessoas em DE UM LADO A OUTRO I · ········
Cerca de 214 milhões de pessoas
2011. O c resci m e nto acelerado n o ú lt i m o séc u l o
(3 '/o da população) vivem fora
- em 1910 é ramos "apenas" 1,8 b i l hão - ace n d e u do país de origem. Estima·
o si nal d e a le rta para a q u estão d o s u pe rpovoam ento d a se que 6o% das migrações
Terra. E s s a expl osão d e m og ráfica p ressiona os recu rsos ocorram entre países em
nat u ra i s n u m ritmo m a i o r d o que o p l a n eta é capaz de desenvolvimento. Em torno de
37°/o das migrações são feitas
rep o r. Além d i sso, o au m e nto popu lacional nos grandes
de países em desenvolvimento
centros u rbanos resu lta e m p i o ra d os serviços p ú bl icos para desenvolvidos - da América
e d a q u al idade d e v i d a. Latina para os Estados U nidos
A Ásia é o conti n e n te mais po p u l oso, c o m 4,3 b i l h ões ou da África para a Europa,
d e hab itan tes, 59,8% d o total. A Áfri ca, c o m p o u co mais por exemplo.
d e 1,1 b i l hão d e pessoas (15,5% d o total), é o conti ne nte
que te m as maiores taxas d e c res c i m e n to d e m og ráfico.
Lá, a p o p u l ação a u m e ntou a um ritmo d e 2,3% ao ano
entre 2005 e 2010, e n q u a n to n a E u ro p a esse índice fo i • Acima de 1 bilhão
de apenas 0,1% ao ano. Ásia, Américas e Ocean ia tive ram • De 100 m ilhões a 1 bilhão
• De 10 m i lhões a 99 mil hões
cresc i m e nto a n u a l em torno de 1,1% no período.
De 1 m i l hiio a 9,9 m i lhões
N o mapa ao lado, você confere a d i stri b u i ção d a popu­ Menos de 1 milhão
lação p e l o m u n d o, os países mais e m e n os hab itados e Dados não disponfveis
as p r i n c i pais metró po l es g l o bais.

....................... ... .. .. . ...... .. .... . , OCUPAÇÃO DESIGUAL


CONCENTRAÇÃO
DESIGUAL Embora seja o quinto país mais
A distribuição populacional
populoso do mundo,

do Brasil é bem desigual, com


o Brasil tem uma densidade

uma elevada concentração


demográfica média baixa,

de pessoas nos estados de


de 23,5 habitantes por km'.
Essa densidade sofre grandes
São Paulo, Rio Grande do Sul,
variações. Enquanto na Região

Paraná, Rio de janeiro, Minas


Norte é de 44 habitantes por

Gerais e Bahia.
km', na Sudeste é de 93,2.

[lt.s regiões Norte e Centro-Oeste


são as áreas mais despovoadas
FREADA NO CRESCIMENTO
do pais, que, segundo o
O crescimento demográfico no

I nstituto Brasileiro de
Brasil vem desacelerando desde

Geografia e Estatistica (IBGE),


os anos 1960. Isso é reflexo da

tinha 201 milhões de pessoas


redução da taxa de fecundidade
·• Acima d e 20 milhões
brasileira. Naquela época, a
em 2013. São Paulo, com 43,7
·• De 10 milhões a 19,9 milhões
.... . . 10.434.2S2 média de filhos por mulher era

milhões de habitantes (cerca de



/�.
(�\)) ����i�;
De 5 milhões a 9,9 milhões
de 6,3, enquanto agora é de 1,8.
De 3 milhões a 4,9 milhões

21% do total), é o estado mais


Esse índice está abaixo da taxa
• De 1 milhão até 2,9 milhões 663.621

populoso do Brasil.
... 14.594 de reposição da população,
j Menos d e l m i l hão
Fonte: IBGE que é de 2,1 filhos.

100 � G EOGRAFIA VESTI B U LAR 2015


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 ENCOLHIMENTO EUROPEU
A Europa abriga 10,6% da população
- _ mundial (cerca de 759,9 milhões de
pessoas), mas registra nos últimos anos
redução do número de habitantes. A ONU
estima que até 2050 a população europeia
caia para 653 milhões de pessoas, o que
representará 7% do total global.
A baixa taxa de fecundidade (número
de filhos que cada mulher tem na vida)
é a principal causa do encolhimento
demográfico do continente, que, por
outro lado, tem uma das mais elevadas
densidades populacionais do mundo .

. . . . . . .. . .......................................!
MEGAPOPULAÇÃO
Os dois países mais populosos
do planeta ficam na Asia. A China,
com 1,4 bilhão de pessoas,
lidera o ranking, seguido de perto
pela í ndia, com 1,3 bilhão.
Outro país asiático, a Indonésia,
....1 FORMIGUEIRO HUMANO ocupa a quarta posição, com
Com uma área de 1,95 km', 250 milhões de habitantes.
-··
o Principado de Mônaco, O território asiático também
encravado na costa concentra seis das maiores
mediterrânea da França, é o megalópoles mundiais (confira
país com a maior densidade na tabela abaixo). Esse ranking é
populacional. Moram por lá liderado por Tóquio, a capital do
38 mil pessoas, o que representa Japão, que tem 37 milhões
um agrupamento de mais de de moradores .
17 mil habitantes por km'.
Para ter uma ide ia dessa taxa, a
densidade demográfica do Brasil
é de 23,5 habitantes por km'.

Fontes: Fundo de População das Nações Unidas (Fnuap) e Banco Mundial

A POPULAÇÃO MUNDIAL ATINGE 7 BILHÕES DE PESSOAS EM 2011 AS DEZ MAIORES MEGALOPOLES EM 2011 E EM 2025
A previsão é q u e a p o p u l ação alcance 10 b i l hões em 2083 (em m i l hões de hab itantes na região metropol itana)
12 1 -- ·�����-��-----

2011 2025
10
8 1. Tóq u i o, J apão 3 7,2 1. Tóq u io, J apão 3 8, 9

61 2. Dé l h i , índ i a 22, 7 2. D é l h i, í n d i a 3 2, 9
4 f.· � .
: l 3. C i d ad e d o M éxico 20,4 28,4
3. Xan gai, C h i n a
� !

� �&. ��->;,��
·;;;.��· ?Jct,�·:V,��,l:j�
o -· "
--- -- 4 Nova York, EUA 20,4 4. M u m bai, í n d i a 26,6
� �
f:> !b'?
� �
Fonte: United Nations Popufation Division
5. Xan gai, C h i n a 20,2 5. Cidade do México 24,6

PAISES COM O MAIOR NÚMERO DE HABITANTES em 2013 6. São Pau l o, B r asi l 19, 9 6. N ova Yo rk, EUA 2 3,6
(em m i l h ões)
1.385 7. M u m bai, í n d i a 19, 7 7. São Pau l o, B ras i l 2 3,2

8. Peq u i m, C h i n a 15,6 8. Daca, Bangladesh 22, 9

320,1 249,9 9. Daca, Bangladesh 15,4 22,6


201 9. Peq u i m, C h i n a

China lndia Estados U n idos I ndonésia Brasil 10. Calcutá, ln d i a 14,4 10. Karachi, Paq u i stão 20,2

GEOG RAFIA VESTIBUlAR 2015 � 101


@ oHOME QU ESTÕES E RESUMO

I CO M O CAl NA P ROVA
1. -7 SAIBA MAIS
(Mackenzie 2013) "A n e b l i na c o m e ç o u a s e d i s s i par, e m Porto Veja como ocorre o fenômeno da in versão térmica:
Alegre, apenas ao m e i o-dia. A cerração p rej u d icou as atividades Num dia normal, o sol esquenta o chão e o ar junto ao solo, que fica mais leve e
sobe, dispersando a poluição. já nos dias mais úmidos do inverno, o ar próximo à
do Ae ropo rto I nternac i onal Salgado F i l h o com atrasos e cancela­
superffc ie fica mais frio que o das camadas mais elevadas da atmosfera. Com isso,
me ntos de voas. ( ... ) Veja, na i l u stração, a temperatura registrada
".
ele fica retido ao chão e segura a poluição
hoje às n ove da m a n h ã em d i fe re n tes n íveis da atm osfera sobre
a cidade de Porto Alegre.
INVERSÃO TÉRMICA

4.000 metros ------------------------------------------------------------------------- 4,2" C

AR MAIS FRIO.
3.000 metros ---------------------------------------------------------------------------- 7" C

2.000 metros ----------------------------------------------------------------------- 10,2" C


- AR FRIO
1.000 metros ----------------------------------------------------------------------- 12,2" C

500 metros --------------------------------------------------------------------------11,8" C • AR ��ENTE

--------------------- 8 2" c

___ ..
..... J.II, 1 rMAdi"NIM
E m c o n se q u ê n c i a d a n e b l i n a, a tem pe ratu ra se manteve baixa
na capital gaúcha d u rante toda a man hã. "Ao m e i o- d i a, os te r­

2.
m ô metros i n d i cavam 11,2°( no j ard i m Botâ n i co."
(Boletim coletado do sítio Met Sul Meteorologia, no dia 23/09/2012).
(FUVEST 2013)
De aco rdo c o m as i n fo r m ações do texto e da i l u stração, está
co rreto afi rmar que o f e n ô m e n o meteorológico a que se refere é:

a) Aq ueci m e nta g l o bal


b) E l N i n o
c ) L a N i na
d) I nve rsão térm i ca
e) Frente fria

RESOLUÇÃO
A in versão térmica é um fenômeno atmosférico natural que ocorre h ttp://arvoresd esaopau I o. wo rd p ress.com/2009/12/09/e nche n tes·em-sao·pau I o·x ·arvo res/

principa lmente nos meses de outono e inverno, com a penetração de


massas de ar frio, em regiões de clima tropical e subtropical. "Por m u itos anos, as várzeas pau l istanas fora m u m a espéc i e de
A inversão térmica é mais comum no final da madrugada e no início da q u i ntal geral dos bairros e n carap itados nas c o l i nas. Servi ram de
manhã, quando as temperaturas, tanto da terra quanto do ar, são mais pastos para os a n i mais das anti gas carroças q u e povoaram as
ba ixas. No início das manhãs de outono e in verno há uma inversão ruas da cidade. Serv i ram de terre n o bald i o para o esporte dos
das camadas de ar no sentido vertical: em vez de irem se formando h u m i ld es, tendo ass istido a uma p ro l i fe ração i ncrível d e cam pos
'
camadas de ar com temperaturas cada vez menores, forma-se uma de futebol . D u rante as cheias, tais cam pos i m p rovisados f i cam
camada de ar mais quente logo acima da camada de ar mais frio com o n ível d as águas até o m e i o d as traves de gol ."
próxima ao solo, provocando um bloqueio das correntes ascendentes Aziz Ab'Saber, 1956.
de ar. Em regiões onde o ar não s e encon tra carregado de poluentes,
a inversão térmica não provoca nenhum problema ambiental. C o n s i d e re a i m agem e a c i tação d o geógrafo Aziz Ab'Saber na
No entanto, em ambientes urbanos, quando acontece a inversão anál ise d as afi rm ações abaixo:
térmica, ocorre também a retenção de grande quantidade de poluen tes I . O p rocesso d e vertical ização e a i m pe r m eab i l ização dos solos
próximos à superfície, passando a ser um sério problema ambiental. nas p rox i m idades das vias margi nais ao r i o T i etê a u m en tam a
Resposta: O s u a suscept i b i l idade a e n c h e n tes.

102 -7 GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015


D
�URBANIZAÇÃO Mais da metade da popula­
1 1 . A retificação d e u m trec h o u rbano d o rio Tietê e a construção ção m u n d ial vive nas cidades. O processo de
d e marginais sobre a várzea do rio potencializaram o p roblema u rbanização, já consolidado nas nações ricas,
das e n c h e ntes na região . está em aceleração nos países em d esenvol­
1 1 1 . A extinção da Mata Atlântica na região da nascente do rio Tietê, vimento. Mas o cresci mento das cidades nes­
no passado, contr i b u i, até h oj e, para agravar o problema c o m sas regiões costu m a ser d esord enad o, sem
e n c h e n tes n as v i as marg i n ai s . u m a oferta d e serviços p ú b l i cos ad equada
IV. A várzea do rio Tietê é u m am biente susceptível à i n u n dação, a esse enorme fluxo d e pessoas .
p o i s c o n stitu i espaço d e o c u pação n atu ral d o r i o d u rante
períodos d e che ias. �CONURBAÇÃO E METRÓPOLE O i ntenso
cresci mento das cidades deu origem a fenô­
Está correto o q u e se afi rma e m : menos como a conu rbação, que é a j u nção
a) I , l i e 1 1 1, apenas. de d uas agl o m e rações u rbanas d isti ntas,
b) I, 11 e I V, apenas .
c) I, 1 1 1 e IV, apenas.
f o r m a n d o u m a ú n i c a m an c h a u rb a n a . A
cidade q u e está n o centro desse n ú cleo é a
d) 1 1, 1 1 1 e I V, apenas. metrópole, q u e forma a região metropolita­
e) I, 1 1, 1 1 1 e I V. na com o utros m u n i cípios ao seu redor.

RESOLUÇÃO � LIXO Diariame nte p r o d u z i m o s m i l hões


Sobre as afirmativas, podemos a firmar: d e tonelad as d e l ixo . G ra n d e parte desses
I. Correta. A impermeabilização do solo na maior parte do ambiente resíd uos é jogada d e volta na natu reza, acu­
urban o impede a infiltração da água no solo e acelera seu escoamento m u l ando-se e m l ixões, aterros o u em amon­
superficial. Com isso, principalmen te, na época das ch uvas, a água toados p róxi m o s a córregos e estradas. A
chega mais rápido ao leito do rio, que não dá vazão a esse maior m e l h o r s o l u ção para o l ixo é reaprove itá-lo
volume h ldrico, aumentando a possibilidade de enchen tes. d entro d o p r i n c í p i o d o s "3 Rs": red u z i r a
li. IV Corretas. Naturalmen te, as margens de um rio e suas várzeas p ro d u ção d e resíd u os, r e u t i l izar o q u e é
são áreas sujeitas à inundação. A retificação do leito do Tietê em possível e rec i clar o l ixo descartad o.
um trech o plano e a ocupação de suas margens com a venidas e
empreendimentos imobiliários p otencia lizaram os problemas �POLUIÇÃO DAS AGUAS Os rios e lagos são
provocados pelas enchen tes. A impermeabilização do solo acelera a a meaçados p e l o l a n ça m e n to d e d ej etos
chegada da água das chuvas ao leito do rio. Já a retirada da mata ciliar i n d ustriais e agríc o las, esgoto d oméstico
e a u tilização do rio como destino final de dejetos contribuem para o e resíd u o s s ó l i d os . O uso d e água p o l u íd a
assoreamento do leito provocando inundações frequentes. mata mais pessoas n o m u n d o do q u e todas
111. Incorreta. o desmatamento de matas ciliares a o redor das as formas de v i o l ê n ci a . Cerca de um terço
nascentes contribui para a diminuição do volume de água do rio, não d a popu lação m u n d ial não d i spõe d e água
para enchentes. Vale ressa ltar que na área de nascente do rio Tietê a s u f i c i e n te para o saneamento básico.
mata Atlân tica não foi extinta.
Resposta: B �POLUIÇÃO DOAR É causada pri nci pal men­

SAIBA MAIS
te pela q u e i ma d e combustívei s fósseis nos
--7 transportes e na geração de energia elétrica
En tenda a diferença en tre enchen te, inundação e alagamento: e pela atividade i n d ustrial. A emissão de po­
l uentes na atmosfera ocorre especial mente
O Enchente é u m fenômeno nos grandes cen tros u r ban os, p rovocando
natural, que causa o
aumento temporário d o fenômenos como a ch uva áci d a, o apare·
nível da água, porém sem
transbordamento c i m ento de b u racos na camada d e ozô n i o
e as i l h as d e cal o r.
e Inundação é o trans·
bordamento d e um
curso d'água, ati n g i n d o a -70CUPAÇÃO I RREGULAR Ao estabelecer-se
planície em torno do rio
desordenadamente nas grandes c i dades,
o u a área d e várzea
o homem potencial iza d esastres como en­
e Alagamento ocorre chentes e desl izamentos de terra. Para evitar
quando a água fica essas tragéd ias é necessário i nvestir em ha­
acumu lada nas ruas e nos
perfmetros urbanos, por bitação e planejamento u rbano e gerenciar
problemas d e d renagem adequadamente os recu rsos naturais.

G EO G RAFIA VESTIBULAR 2015 � 103


(!) QUESTÕESAMBIENTAIS

Biod iversidade

D E L I CA D O o termo biod iversidade abarca toda a variedade das formas


de vida (an i mais, vegetais e m ic ro rga n i s mos), espécies e ecos­
s i stemas, em uma região o u e m todo o planeta. É uma r i q u eza
tão gra n d e q u e se i g n o ra o n ú m e ro de espécies vegetais e

EQ U I LÍBRI O a n i m a i s exi stentes no m u n d o . A esti m ativa é q u e h aj a e ntre


10 m i l hões e so m i l h ões, mas até agora s o m e n te 1,5 m i l h ão
foram class i f i cados.
A biod iversidad e garante o e q u i l íbrio dos ecossistemas e, por
PROFU N DAS TRANSFO RMACÕ ES N O M E I O J
tabela, do planeta todo. Por isso, q ualquer dano provocado a ela
não afeta somente as espécies q u e habitam dete r m i nado local,
AM B I ENTE CAU SADAS PELOS SERES H U MANOS mas toda uma fina rede d e relações entre os seres e o meio em
AM EAÇAM O C I C LO NATU RAL QUE SUSTE NTA q u e vivem . A p r i n c i pal ameaça à biod iversidade do planeta é
justamente a ação hu mana. Os desmatamentos, as quei madas, as
A V I DA N O P LA N ETA alterações nos ecossistemas, a poluição, a expansão das fronteiras
agrícola, u rbana e ind ustrial, a introd u ção de espécies animais

M
u i tas d as m u danças p rovocadas pela ação d o e vegetais e m d i fe rentes ecoss i stemas e a pesca p redatória
h o m e m podem s e r desastrosas para a man uten­ são exem plos d e i n tervenções d o homem que com p rometem
, ção e a evo l u ção d as formas de vida no p laneta. a d iversidade biológica. De acordo a World W i l d l i fe Fund, uma
Isso porq u e a d i nâmica de um ecossistema é mantida por das ONGs am biental i stas mais ativas no m u ndo, em menos d e
c i c l o s naturais, nos quais a existê n c i a d e u ma espécie 4 0 a n o s o planeta perdeu 30% d e sua biod iversidade, s e n d o q u e
afeta a v i d a d e todas as o u t ras. D iante d a i n terdepen­ os países tropicais tiveram u ma q ueda de 6o% nesse período.
dência e da c o m pl ex i d ad e dos p rocessos q u e ocorrem na A necessidade d e p reservar a biod iversidade levou à criação,
natu reza, estu d i osos d e ecologia, a ciência q u e estuda as em 1993, da Conve n ção da Diversidade B i o lógica, o p r i m e i ro
relações dos seres vivos entre si ou com o meio ambiente, i nstru mento legal para assegu rar a conservação e o uso s us­
têm procurado a l e rtar a sociedade para o fato d e q u e o tentável d o s recu rsos natu rais. Apesar de mais de 160 nações
m o d e l o de desenvolv i mento p redatór i o em c u rso p o d e tere m ass inado o documento, e las não m ostraram d isposição
levar a danos a m b i e ntais i rreversíve i s . polít i ca para c u m pri-lo .

106 � G EOGRAFIA VESTI B U LAR 2015


Desenvolvime nto sustentável Pegada ecol ógica
A p ressão sobre a biod iversidade do p laneta advém princi pal mente de Seg u n d o a o rgan ização não governamental
u m pad rão de desenvolvimento econôm ico baseado na su perexploração W o r l d W i l d l i f e F u n d, o h o m e m está c o n s u ·
dos recu rsos naturais. Para tentar i m por l i m ites ao uso predató rio do meio m i n d o 3 0% a mais d o s rec u rsos natu rais q u e
ambiente, a Com i ssão Mund ial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento a Terra p o d e oferecer. Se conti n u armos nesse
da Organização das Nações U n idas (ON U } apresentou na década de 1980 o r i t m o p redató rio de e x p l o ração d os rec u rsos
im portante conceito norteador de desenvolvi mento sustentável, aq uele naturais, em 2030 a demanda atingirá os 100% ­
que "atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibil idade ou seja, preci sare m o s d e d o i s plan etas para
de as gerações futuras ate nderem às suas necessidades". s u stentar a m u n d o.
A ideia d e sustentabilidade diz respeito à noção de que a sociedade deve A p ressão das atividades h u manas sobre os
viver com os recu rsos natu rais q u e o meio ambiente pode l h e fornecer, ecossistemas é m e d i d a pela pegada ecol ógica.
e não com o q u e ela deseja q u e a Terra lhe forneça. O desafio é aliar o pro· Ela nos m o stra se o nosso esti l o de v i d a está
gresso eco n ô m ico à preservação do meio ambiente, o que exige uma m u · de aco r d o com a capac i d ad e do p l a n eta em
dança no modelo de desenvolvi mento e n os padrões de consumo vigentes. oferecer s e u s recu rsos na tu r ais e de ren ová·
·los e absorver os resíd uos p rovocad·os pela
atividade h u m ana.
O í n d ice, apres e n tado e m h ectares globais,
re p rese nta a s u p e rfície o c u pada p o r terras
O QUE SÃO HOTSPOTS?
As zonas do planeta mais ricas em biodiversidade e mais
cultivadas, pastagens, flo restas, áreas d e pesca

ameaçadas de destruição são definidas pelo conceito hotspots


ou edifi cadas. Em tese, a sustentab i l idade d o

(em inglês, pontos quentes), criado em 1988 pelo ecólogo inglês


p l a n eta estari a garantida s e cada pessoa n o

Norman Myers. São 34 regiões ou biomas, incluindo a mata


m u n d o u t i l i zasse 1,8 h ectare d e área (q uase

Atlântica e o cerrado brasileiros. Atualmente, elas representam


dois cam pos de futebo l). O problema é q u e essa

apenas 2,3% da superfície da Terra, mas so% das espécies de


méd ia é d e cerca d e 2,7 h ectares . Nos países

plantas e 42% das de vertebrados terrestres são endêmicas dessas


desenvolvidos, esse n ú m e ro é a i n d a maior - o

regiões. Os hotspots já perderam 70% da vegetação original.


í n d ice d o s Estad os U n i d o s, p o r exe m p l o, é d e
7,2 h ectares p o r pessoa .

H OTSPOTS: A B IODIVERS I DADE EM PERIGO


As regiões ricas em diversidade biológica mais ameaçadas do planeta - 2013
H OTSPOTs*

\
Zona litorânea :
da Califórnia '.

',
l, . '� - 'J!has do
,,
' ' ' ' _,.."' Carjbe
I � � \.
. • � .. ' ' . '
Florestas �a América '� • ' :• .,
Central e âo México,

Florestas da
Polinésia· Galápagos e litoral de � • Africa Ocidental
Micronésia Equador e Colô bia ' ·- '
m

' � - - ..
Litoral da Namlbia/ Florestas costeiras da Africa Oriental
'
e Africa do Sul /-L"

//
Sudeste sul·africano
Região da
\ Nova Zelândia Cidade do Cabo
Nova Zelânáii • • • •
'... - , .. ..

Os 34 hotspots concentram São áreas q u e já perderam, ao menos,

2,3% da
su perfície terrestre
� da50%flora
t1 � 42%
·• dos vertebrados
70% da vegetação original

Fonte: Conservation fnternational * No mapa, as gradações de cor s�o usadas apenas para diferenciar os hotspots geograficamente

[1[ MARC GURN EV/SMITHSONIAN G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 107


QUESTÕES AMBI E NTAI S

P LA N ETA E M E B U L I CÃO �

SAI BA COMO A ATI V I DA D E H U MANA VEM ALTERAN DO O CLI MA N O PLAN ETA


E CO N H EÇA AS POSSÍVEIS CO N S EQ U ÊNCIAS DESSA AÇÃO

S
e antes a i d e i a do a q u e c i mento global e ra ape nas Efeito estufa
uma h i pótese, hoje o s c i e n ti stas j á c o n ta m c o m S e m p re o u v i m os falar q u e o efeito estufa é o gra n d e vilão
evid ê n ci as mais c o n s i sten tes para afi rm a r q u e a d o aq u e c i m e n to global, o q u e não d e ixa de ser verdad e . Mas
ação do h o m e m sobre o m e i o a m b i ente está alterando u m a coisa p recisa ficar clara: é g raças a e l e q u e existe vida
a te m p e ratu ra do p l an eta. A m p a ra d o s pelo r e l ató r i o e m nosso p l an eta. O efeito estufa é um f e n ô m e n o natu ral
d o Pai n e l l nte rgovernamental d e M u d anças C l i máticas q u e faz com q u e a tem p e ratu ra m é d i a do globo se con serve
{I PCC), d iv u l gado e m 2007, especialistas do m u n d o tod o nos l i m ites necessários para a manutenção da vida, em torno
passaram a c u l pa r nosso pad rão d e d e se n vo l v i m e nto d e 14, 5 graus Cel s i u s . Ele oco rre em razão da existên c i a de
pelo aq u e c i me nto d a Terra e a alertar para as d ramáticas gases, como o carbon o, q u e estão natu ral mente na atmosfera
c o n se q u ê n cias q u e as p róxi m as ge rações e n f re n tarão e i m pedem a d issi pação para o es paço de parte da rad iação
caso esse p rocesso não seja reverti d o . v i n d a do S o l, q u e é abso rvi d a e refleti d a pela Te r ra (veja o
infográfico abaixo).
O problema é q u e, p o r causa da ação do h o m em, esse be­
néfico "cobertor" atmosférico está se tra n s f o r m a n d o n u m
forno. o i ntenso u s o d e combustíveis fósseis - especial mente
carvão e petróleo - e a util ização p re d atória d a terra (desma­
tam ento, q ue i madas, depósitos de l ixo) l i beram na atmosfera
uma i mensa q u antidade de gases q u e retêm cal o r - d i óxido
d e carbo n o, metano e óxidos d e n itrogê n i o -, i nten s i ficando
o efeito estu fa. O I PCC defe n d e a tese d e que essas atividades
teriam causado um a u m ento de 0,7 grau n o século XX.

Um pouco da radiação térmica


da Terra vai para o espaço, mas a
maior parte é retida na atmosfera,
absorvida por vapor de água,
dióxido de carbono, metano e
D O Sol emite sua energia

11
outros gases do efeito estufa
pelo espaço na forma de luz
visível, radiação ultravioleta Se o calor não fosse retido
e infravermel h a B Aquecida, a superfície pelo efeito estufa, o planeta
emite calor na forma de congelaria a uma temperatura
radiação infravermel ha média de 18 •c negativos

D Quando os raios do Sol chegam



à Terra, cerca de 30% da energia
luminosa vo l ta para o espaço,
refl etida por poeira e nuvens na
atmosfera e, ainda, por refletores
naturais na superfTcie, como áreas
cobertas de neve e gelo
'

- � ��, ,. , �, ..- H� �·�• ;'-"'ot�:r, "':.t,�;;:......_,._. \-:-;�� �· :.,.
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Ciclo do carbono Aumento das e m i ssões


Apesar d e ser o responsável d i reto pelo Desde a Revol ução I n d u strial, há mais d e 200 anos, nossas atividades
efeito estufa e, conse q u e ntemente, pelo econôm icas são baseadas na q u e i m a d e combustíveis fósseis. A energia
aqueci mento global, o carbono é um ele­ que cons u m i m os para gerar e letricidad e e aq uecimento, para nos l oco­
mento q u ím ico essencial para a vida hu ma­ movermos em viagens de carro, avião ou navi os e para mover a atividade
na. Ele faz parte de um ciclo natural: transita manufatureira contri bui com cerca de metade das e m issões dos gases de
entre a atmosfera, a biosfera e a hid rosfera, efeito estufa. Outras atividades, como a agricu ltu ra, a d erru bada d e flores­
garanti n d o o e q u i l íbrio do meio ambiente . tas e a manutenção de aterros san itários, também despejam no ar enorme
Para se d esenvolverem, as plantas trans­ q uantidade de gás carbônico, metano e óxido n itroso (veja o gráfico abaixo).
formam o d ióxido d e carbono presente na Todas essas atividades são realizadas mais intensamente nos países de­
atmosfera e m carboid ratos, q u e formam senvolvidos . Estados U n idos, Japão e muitas nações e u ro peias apresentam
folhas e troncos. N esse p rocesso, con heci­ elevada produção d e gases do efeito estufa per capita, princi pal mente por
do como fotossíntese, os vegetais l i beram causa do uso de automóveis e da elevada industrial ização. Contudo, países em
oxigênio. Os oceanos também absorvem o desenvolvimento, como China e Brasil, vêm aumentando significativamente
carbono da atmosfera - em contato com a as em issões desses gases nos ú ltimos anos . Os chi neses já u ltrapassaram os
água do mar, o d ióxido de carbono se trans­ norte-americanos como os maiores pol u idores d o planeta, sendo responsá­
forma em ácido carbônico, d issolvendo-se veis por um q uarto das emissões m u n d iais . No Brasil, 22% das e m issões de
nas p rofu n d ezas dos oceanos . gases do efeito estufa estão ligadas ao desmatamento (veja o gráfico abaixo).
M as, a l é m d e absorver carbono, esse
ciclo natu ral l i bera o e l e m ento na atmos­
fe ra, n u m p rocesso q u e p o d e se dar d e
d iversas formas: pela eru pção de vulcões,
pela decom posição de o rgan ismos, pela
A CORRENTE CÉTICA
As explicações sobre as causas do aumento da temperatura global não são
res p i ração, o u mesmo pela flatu lên­

aceitas por todo mundo_ Há cientistas que questionam seus fundamentos.


cia d e a n i m ais. I nfelizmente, nosso

Eles alegam que a temperatura média da Terra subiu e desceu várias vezes
pad rão d e desenvo l v i m e n to vem

durante sua existência, e que isso pode estar ocorrendo neste momento. Ou
ro m pe n d o esse e q u i l í b r i o n atu­

seja, esse esquenta-esfria do planeta faria parte de um ciclo natural no qual


ral . Em suma, estam os em itindo

o clima alterna períodos quentes e eras glaciais.


mais c a rb o n o do q u e a n atu­

Além d isso, essa "corrente cética" acredita que, mesmo que exista uma
é capaz d e absorver.

tendência para o aquecimento, ela está mais ligada aos fatores naturais
do que à ação h umana. O clima seria mais influenciado pelas glaciações,
pelo vulcanismo e por fenômenos astronômicos. Esses cientistas também
contestam a capacidade científica de prever com antecedência de décadas
como será o clima da Terra.

OS GASES DA ATMOSFERA

• 78,084%
ATIVIDADES G ERADORAS DE GASES DO EFEITO ESTUFA - 2010
e. e Nitrogênio (N ,)

••• • 0,934% M U N DO BRASil


• Argônio (Ar)
• M u danças n o • ······ � Desperdício
3%

uso do solo
15% . ., Ind ústria
20,946,. 0,036%
19%
Oxigênio (O,) •


e Qutros gases Fornecimento !
de energia A
:
13% :
DIÚXIDO DE CARBONO (C01): 0,0332% ••••
NEÚNIO INEI: 0.0018%
OUTROS GASES: 0,0010%

......... . ., Tratamento
: de resíduos
....i Edificios
residenciais
4%
Agricultura i 11% :. . . ... .. . . ., Processos

7% ... ·I Transpo rte in dustriais


7%
��
.... , Ediffcíos comerciais/

15%
··
pú cos

Fontes: Ecofys e Ministério da Ci�ncia e Tecnologia

GEOGRAFIA VESTI BUlAR 2015 � 109


[1] WILUAM TACIRO E I N FOGRAFE
.:
vti�{f_f�';��1J'
�:�i!J:r.'f{j}'Ctd'tf.',')"' 1, ' '
, ':,'}q)N���VAÇÃO�;._;
.
QUESTÕES AMBI E NTAI S " ·_

Protocol o de Kyoto

A I N DA DÁ Um marco nas ações para conter o aquecimento global é o


P rotocolo de Kyoto, assi nado e m 1997. O d oc u me nto estabe­
l eceu q u e os países desenvolvidos, responsáveis por lançar a
maior parte dos gases de efeito estufa, deveriam red u z i r suas

TEM PO? emissões, entre 2008 e 2012, para no mínimo 5% abaixo dos níveis
d e 1990. ) á as nações e m desenvolvimento, como Brasil e Chi na,
q u e tiveram uma industrial ização tardia, não precisaram adotar
metas, mas comprometiam-se a d i m i n u i r a emissão de carbono .
O Q U E PODE S E R FEITO PARA Mas o Protocolo de Kyoto já nasceu praticamente condenado.
M I N I M IZAR OS EFE ITOS DO Os Estados Unidos, o segu ndo país que mais em ite gases do efeito
estufa, atrás apenas da China, não assi naram o documento p o r
AQ U EC I M E NTO G LO BAL se recusar a m udar s u a matriz energética - fortemente depen­
dente d e petróleo - e não concordar com a ausência d e metas

S
e a s e m issões d e carbon o c o n t i n uarem para os países em desenvolvimento. Mesmo entre as nações
nos n íveis atuais, a tem p e ratu ra m éd i a q u e apoiaram o p rotocolo, o contro l e d e emissões foi frouxo.
do planeta deve s u b i r quase 5 oc até 2100, O Protocolo d e Kyoto expi rou e m 2012. E m d ezembro daquele
o q u e traria conseq uências d esastrosas para o ano, 37 países prorrogaram o protocolo até 2020 e estabeleceram
meio ambiente (veja na pág. n2). Essa é a p revi­ uma agenda para criar um novo i nstrumento para o cumprimento
são do Pai nel lntergovernamental d e Mudanças de metas de red u ção de e m issões, q u e deve ser concluída até
c"l i m áticas (I PCC), responsável por esse levanta­ 2015. A tentativa é conve ncer as nações a l i m itar as e m i ssões
mento . O órgão aponta a necessidade de red uzir entre 25% e 40% até 2020 . Mas os países e m desenvolvimento
as emissões d e gases do efeito estufa entre 50% não q uerem se com p ro meter com metas, enq uanto as nações
e 85% . Na prática, isso significa d i m i n u i r o uso ricas exigem que todos sejam obrigados a red uzir as emissões.
de combustíveis fósseis e ampliar a util ização Outro evento que frustrou as expectativas d e quem esperava
de e nergias renováveis (como a solar e a eólica), ações concretas foi a Rio+20. Realizada em junho de 2012, o evento
além d e aplicar novos padrões na agricultu ra, retomou as d iscussões lançadas na Convenção das Nações U n i­
n o transporte e na coleta d e l ixo. Traduzindo, é das sobre o Ambiente em 1992 (Eco 92). Ao final do encontro, o
preciso mexer com a economia dos países, o q u e documento apenas firmou o com promisso com d i retrizes gerais,
envolve u m intrincado choq u e de i nteresses. sem estabelecer metas ou p razos específicos .

110 � G E O G R A F I A VESTIBU lAR 2015


A R E VO LU CÃO �
MERCADO DE CARBONO
Para minimizar o desequilíbrio entre as emissões de gases
E N E R GÉT I CA dos países ricos e dos menos desenvolvidos, o Protocolo
de Kyoto prevê o "mercado de carbono". Ele funciona da
seguinte forma: os países desenvolvidos, incapazes de
substituir o carvão e o petróleo de uma hora para outra,
Investimentos em fontes de energia

podem compensar parte de suas emissões comprando


renováveis são essenciais para reduzir as

créditos de carbono do outros países cujas emissões ficaram


emissões de gases do efeito estufa
abaixo do limite estipulado. Esses créditos são pagos com
investimentos em projetos que ajudem as nações vendedoras

A a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.


economia mu nd ial ainda depende fundamentalmen­

O primeiro projeto baseado nesse mercado de carbono


te d e fontes d e energia não renováveis e altamente

foi implementado em 2005, em Nova Iguaçu (RJ). Um


poluentes, como petróleo, carvão m i neral e gás na­

antigo l ixão foi transformado em aterro sanitário com o


tu ral. Cerca de 87% de toda a energia usada no m u n d o vem

financiamento da Holanda. Hoje em dia, centenas de projetos


de fontes que um dia se esgotarão. Por isso, um dos grandes

como esse estão em andamento em várias partes do mundo.


d esafios da hu man idade é d esenvolver fontes de energia
ren ováveis . A C h i na, o maior e m issor de gases d o efeito
estufa do planeta, foi o país que mais i nvestiu em energia
renovável e m 2012. Os Estados U n idos e a E u ropa também
avançam em projetos para baratear o custo dessas fontes de
E N ERG IA EÚ LICA
A energia é produzida quando a força do vento gira as hélices
energia. O Brasil, que é o nono maior investidor em energias

das turbinas eólicas, que convertem a energia mecânica


renováveis do m u ndo, já tem q uase metade de sua matriz

em elétrica. O Brasil tem grande potencial nessa área,


energética proveniente de recursos renováveis (veja o gráfico

especialmente no Nordeste e no Sul, por possuir condições


abaixo) e cam i n h a para ter 93% de sua energia elétrica com

naturais favoráveis. Com o aumento dos investimentos, a


o rigem e m fontes que não se esgotarão até 2050, d e acordo

previsão é que a participação da energia eólica na matriz


com um estudo da O N G G reen peace .

elétrica suba de 1,5% para 5,4°/o até 2016.


Vale ressaltar q ue m u i tas das fontes de energia alterna­
tivas a i n d a têm um custo ambiental al to: as usi nas h i d re­
l étricas, por exe m p l o, costu mam afetar a biodiversidad e,
como no caso da U s i n a de Três Gargantas, na C h i na. ) á
E N E RG IA S O LAR
A principal forma de captar a energia proveniente do sol
a e n e rgia n u clear pode causar s é r i o s d a n o s am bie ntais

é por meio de painéis fotovoltaicos, que possuem célu las


com o l i xo rad i oativo. Veja ao lad o alguns exe m p l os de

solares capazes de transformar a radiação solar em


fontes d e e n e rgia renováveis e l i m pas.

OFERTA DE EN ERGIA POR FONTE eletricidade. Quanto maior a intensidade de luz, maior o
fluxo de energia elétrica. O Brasil também é privilegiado
em radiação solar, especialmente na Região Nordeste.
M U N DO - 2011

O elevado preço dessa tecnologia, porém, ainda inviabiliza


H i d ráulica 1
2,3%
investimentos mais pesados nesse tipo de energia no país.
Biomassa ... . ..
·· · ········ · ·I Petróleo
10,0% ··· · ····•
e derivados
32,4%
Nucleari •

I
S,7% B I O MASSA
A matéria orgânica também vem sendo utilizada para gerar
energia. Seu aproveitamento pode ser feito pela combustão
··· · · · ··· ·····I Carvão
Gás natural \
27,3%
d ireta, por processos termoquímicos ou biológicos. No Brasil,
21,4%

óleos vegetais, bagaço de cana, entre outros materiais,


dão origem à energia elétrica. A biomassa também pode se
BRAS I L - 2012
. · · · · · · · · · · · · · · · · · ·! N uclear
Gás natura l I· · ···· ··· ··· ··· · · · · ·· · · · · · · · · ·

transformar em biocombustíveis - o álcool etílico já


10•3% 1,4%
Carvão1

é amplamente usado nos veículos brasileiros.


5,2% •······ · ·· · · · ·I Biomassa

PetróleO I·
27,2%
e derivados
37,7% ! H i d ráulica
14,1%
E N E RG IA G EOTÉ R M I CA
O calor interno do globo, principalmente em áreas
• ·· ·
Não renovável

geologicamente ativas, pode produzir energia em usinas


! Outras•
4,0%
termelétricas a partir dos gêiseres (fontes de vapor no interior
Renovável

da Terra), presentes em países como EUA, México e Japão.


*Inclui energias geotérmica, solar, eólica e térmica
Fontes: Agéncia Internacional de Energia e Ministério de Minas e Energia

[1) FRANK AUGSTEIN/AP G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 <c- lll


® QUESTÕESAMBI E NTAI_ CARTOGRAFIA: '
' .

'. • � -
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·
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� ':. / ' _c�
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\
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MUDANÇAS NA
O PIOR TEMPERATURA
2081·2100

CENÁRI O
ESPECIALISTAS DA O N U REAFI RMAM Q U E AS
M U DAN CAS
, DO CLI MA FO RAM CAU SADAS
P E LA ACÃO
, DO HOMEM

m 2007, o Pai n e l l ntergovername ntal d e M u d anças C l i­

E máticas ( I PCC), u m ó rgão i ntergover n a m e n tal d a O N U,


chamou a atenção m u ndial ao confi rmar a ocorrência do
aq u e c i m e n to gl obal e apontar a ação h u mana como p r i n c i pal
0,5°
res p o n sáve l . Em sete m bro de 2013, o I PCC d i v u l go u um n ovo
estudo no q u al a u m e nta de 90% para 95% o grau de ce rteza
c i e n tífica q uanto a parti ci pação do h o m e m na e l evação da
t e m p e ratu ra do planeta: "é extre mamente p rovável q u e a i n­
f l u ê n ci a h u mana sobre o clima tenha causado mais da metade
do a u m ento o b s e rvado da te m peratu ra m é d i a da s u perf ície
g l o bal e ntre 1951 e 2010", d izem os cien tistas . AMÉRICA DO NORTE
O relatório da ONU aponta que entre 1880 e 2012 a temperatura A região deve ser afetada
média na Terra s u b i u o,8s oc e as ú ltimas três d écadas foram as por fortes secas e queda na
mais q u e n tes desde 1850. As p rojeções do I PCC i n d icam q u e a disponibilidade de água,
especialmente na parte central.
tem pe ratura média do planeta pode subir até 4,8 oc e o nível dos AMÉRICA LATINA
Haverá maior ocorrência de
mares pode aumentar e m até 82 centímetros. Os efeitos mais ciclones tropicais no golfo do Na América Central aumentará a
visíveis d essa ebul ição planetária são os extremos c l i máticos. México e na costa leste dos EUA ocorrência de ciclones tropicais.
e do Canadá As chuvas devem diminuir na
Nos ú l t i m os so anos, algumas regiões têm passado por fortes
Bacia Amazônica e aumentar
ondas de calor, nevascas pouco comuns ou c h uvas torrenciais na Bacia do Prata, região que
mais fre q u e n tes . No m apa ao lado, você confere o que pode abrange o sul do Brasil, além de
acontecer com o planeta considerando o cenário mais pessimista . Paraguai, U ruguai e Argentina

RAS I L ------
... ............ ..... , ZONA COSTEIRA
,
NORTE , . . . .... . ......... . . . . .. . . . . .. ... ... . ... . ... . . . .. . .,
NÃO ESTAMOS O aumento do nível do mar em
IMUNES O volume de chuvas na até 30 em afetaria ecossistemas

Um estudo divulgado pelo


Amazônia deve cair até 40%, costeiros do Norte e Nordeste,

Painel Brasileiro de M udanças


o que levaria a uma substituição como manguezais; a população

Climáticas (PBMC) em 2013


da floresta por uma vegetação litorânea teria de ser remanejada
mais rala, semelhante à
indica q ue, até o fim deste
do cerrado

século, a temperatura no Brasil


•;�,.•_•.•.�. .............. , NORDESTE

pode ficar até 6·c mais quente.


Até noo, a
CENTRO·OESTE
Nesse cenário, a degradação
temperatura na
As chuvas devem Caatinga poderá subir
do solo afetará a produção
diminuir entre 35% até 4,5'C e a ocorrência
SUL , . . . . . . . . . . . . . . .. .. .... . . .
agrícola, e a população
e 45%. No Pantanal de chuva irá diminuir

mais vulnerável sofrerá com


e no Cerrado, as Na região dos Pampas, entre 40% e 50%

enchentes e secas. Veja como as


temperaturas a temperatura
devem subir entre deve subir 3'C, com
mudanças climáticas deverão 3,5 'C e 5,5 'C previsão de um

atingir as regiões brasileiras no


aumento de 40% na Na região da Mata Atlântica, o clima

cenário projetado pelo PBMC


ocorrência de chuvas deverá ficar até 3'C mais quente e
até 30% mais chuvoso
até 2100.

112 � GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015


... : . . ..... .. . . . . . . .. . .. . . . . . ... .. ....... !
REGIÕES POLARES
O gelo do Á rtico pode diminuir
até 94°/o durante o verão. Com o
derretimento na calota norte da
Terra, o nível do mar pode aumentar
de 45 a 82 centímetros, nível
considerado perigoso pelos cientistas

······I E UROPA
A temperatura deve aumentar de
forma generalizada no continente,
com menos dias de frio intenso no
inverno. No sul e leste europeus, os
períodos de seca devem reduzir a
água disponível e a produtividade
agrícola, enquanto que no noroeste
do continente o I PCC prevê maior
volume de chuvas.

O U TRAS P O S S ÍV E I S
C O N S EQ U Ê N C I AS:

· Ameaças à biodiversidade e
aceleração da extinção de espécies

Esgotamento das reservas de água


OCEANIA

e agravamento de sua distribuição


Fortes ondas de calor devem •

atingir a Austrália, com chuvas

Comprometimento da produção
extremas no sul do país e secas
no noroeste. As ilhas do Pacífico
agrícola e da segurança alimentar,
ÁFRICA ÁSIA ficarão mais vulneráveis à

especialmente nas regiões tropical


As temperaturas devem As chuvas de monções devem passagem de ciclones tropicais
aumentar principalmente no sul se tornar mais intensas no sul
do continente. É provável que a e no leste do continente. A
e su btropical
seca piore na parte ocidental e frequência de tempestades e

Elevação do nível dos oceanos


na região do Sahel, provocando ciclones irá aumentar em áreas

e ameaças a cidades litorâneas


queda da safra e agravando a como o Mar do Japão, a baía de •

situação de fome Bengala, o Mar do Sul da China e


o golfo da Tailândia

OS DEZ PAÍSES Q U E MAIS


MAIS GÁS, CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO
DE CARBON O NA ATMOSFERA�.
Ê
c.
E M ITEM CARBON O · 2010
MAIS CALOR -;
No primeiro gráfico ao lado, repare
NOS Ú LTIMOS 10 M I L ANOS 350 E m issões de d i óxido de carbono, e m
c:

como a concentração de dióxido


o q u i l otoneladas, provenientes da q u e i ma de
.J:l
;;;
de carbono (CO,), um dos gases
v
combustíveis fósseis e d a produção de ci mento
"'

responsáveis pelo aquecimento


"O
o
"O

global, deu um salto a partir da


China 8 . 286. 8 9 2
300 :�

Revolução I ndustrial, no século XVII I .


õ Estados U n i d os 5 . 433 .0 57

Isso pode ser visto por meio d a l i nha


índia 2 . 008 . 823
vermelha no lado direito do gráfico, 1 . 74 0 . 776
que sobe quase perpendicularmente.
Rússia

No detalhamento desse período


250
8.000 a.C. 5.500 3.000 a.C. 500 a.C. 2000
Japão 1. 1 70. 7 1 5
. . ... ... .. · ··· ··· · .�
a.C .

(o pequeno gráfico mais abaixo), a


·· �; · ··
r-·��-� -�-���-������-��-��� i�-��-��- � ;.. Alemanha 745 . 3 84

relação do CO, com o aquecimento � � � I rã 571 . 612


global fica clara: a curva de aumento
·;::;::; :
� :
de CO, coincide com a da elevação da
� ' Corei a d o Su I 5 6 7. 5 6 7
H ;; :

temperatura. No gráfico que vem na


l:;j :
•• Canadá 499 .1 37

sequência, confira os 10 países que Reino U n ido 493 . 5 0 5


mais emitem dióxido de carbono.
1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000
Fonte: Nasa Fonte: Banco Mundial

G E O G RAFIA VESTIBULAR 2015 f- 113


® QUESTÕESAMBIENTAIS ..

QUESTÕES E RESUMO 1
.


,
'
,

_
'

� -
' .,., '

· • '. ·' .

I CO M O CAl NA P ROVA
pessoas, o m o delo de desenvolvimento econômico adotado pelo país
( U N E S P 2014) A p o p u l ação d e Lond res, com 12% da p o p u lação e os padrões de consumo. A ideia de se medir a pegada ecológica está
total do Rei n o U n i d o, exige u m a pegada ecológica d e 21 m i l hões direta mente relacionada a o desenvolvimento sustentável, ou seja, ao
d e h ectares o u, s i m p l e s m e n te, toda a terra p ro d u tiva do Rei n o uso racional e justo dos recursos na turais.
U n ido. Em Vancouver, n o Canad á, constatou-se q u e a área exigida
para manter o n ível d e vida da população corresponde a 174 vezes Resposta: C
a área de s u a própria j u ri s d i ção. U m hab itante de u m a c i d ad e
típica d a América d o N o rte t e m u m a pegada ecol óg i ca d e 461 J"\ 1
hectares, e n q uan to na f n d i a a pegada ecológica per capita é de Con fira a pegada ecológica e m diferen tes regiões d o planeta em 2009
45 h ectares. Ass i m, o p l aneta sofre um i m pacto dez vezes maior (em hectares por pessoa)
q uando nasce u m bebê n o p r i m e i ro mundo d o q u e q uando n asce
u m bebê n a índ ia, na C h i n a ou n o Paq u i stão. Um malth usianismo
cego, ainda h e g e m ô n ico nas l ides am bi ental i stas, está i n fel iz­
mente m u ito mais p reocu pado com o controle da popu lação na
í n d i a do q u e com a i nj u stiça a m b i e ntal q u e s u ste n ta a i nj u sta
ordem de poder m u n d ial.
(Rogério Haesbaert da Costa e Carlos Walter Porto-Gonçalves. A nova des-ordem

mundial, 2oos. Adaptado.)

N o texto, os autores fazem uma crítica à abordagem malthusiana,


q u e ten d e a c o n s i d e ra r o tam a n h o da p o p u l ação como o fato r
p r i n ci pal do i m pacto s o b re os rec u rsos naturais exi stentes n o
plan eta. Dessa forma, para se entender a atual "crise ambiental",
o u tros fato res, tam bé m i m po rtantes, d ev e m s e r l evad os e m
c o n s i d e ração, a sabe r,

a) o tam a n h o d o s territórios d e cada país e a falta d e c o n h e­


c i m e n to s o b re a q ua n t i d a d e d e recu rsos nat u rais q u e cada
p o p u l ação d i spõe.
b) o baixo n ível de renda das popu lações dos países desenvolvidos
e seu reduzi d o grau de d esenvolvi m e n to tec n o l ógico. Fonte: Global Footprint Network
c) o m o d e l o d e desenvo lv i m e n to eco n ô m ico adotado pelos paí­

d) o taman h o das p o p u l ações dos países su bdesenvolvidos e seu


ses e os padrões d e c o n s u m o d i f u n d i d o s em escala m u n d ial.

baixo n ível d e esco laridade.


e) o baixo d es e n vo lvi m e nto téc n i co-c i e n tíf i c o d o s países e a (FATEC-SP 2013) Em j u nho de 2012, foi realizada na cidade do Rio de
a u s ê n c i a d e c o n h e c i m e n to s s o b re a f i n i t u d e d o s rec u rs o s janeiro a Conferência das Nações U n idas sobre Desenvolvi mento
na tu rais existentes n o p l a n eta Sustentável, a Ri o+20. O o bj etivo d esse enco ntro foi a renovação
do com p ro m i sso p o l ítico com o desenvolvime nto s u stentável,
E.SOL J O q u e a p resenta como u m a de suas propostas
O aumento da demanda por alimen tos, água, energia e ma téria-
prima associado aos novos padrões de consumo de produtos a) evitar o uso de recu rsos nat u ra i s e d e m atérias- p r i m as n as
industrializados são as principais causas para a atual crise a m biental. i n d ú strias para não c o m p ro meter o m e i o a m b i en te.
A capacidade de recuperação do planeta e de incorp oração dos b) i nvesti r em pesq u i sas s o b re ali m entos geneticamente m o­
resíduos produzidos não atende aos n o vos padrões de consumo. d i ficados com a fi nal idad e d e acabar com a f o m e no m u ndo.
O estilo de vida de cada u m e o m o delo de sociedade em q u e se c) d esenvolver eco n o m icamente todas as n ações para que estas

d) ate n d e r às necessidades d a atual geração, sem com p ro meter


vive deixam marcas n o planeta - quanto mais consu mista for o possam ter o mesmo pad rão d e consu m o dos Estados U n i d os.
modelo de vida adotado, maior será essa marca. A pegada ecológica,
metodologia que traça uma comparação entre o consumo h u ma n o e a capacidade das futuras gerações e m p rover suas p ró prias
a capacidade da natureza de suportá-/o é um indicador da quan tidade n ecess i dades.
de recursos naturais necessários para suprir as necessidades de cada e) i n ce ntivar os países desenvolvidos a a m p l iar o setor agroi n­
pessoa o u país. Para se calcular a pegada ecológica é necessário d u strial para garantir q u e não faltem a l i mentos para os países
conhecer, a área, a quan tidade de recursos naturais, a quan tidade de subdese nvolvidos.

114 � G EOG RAFIA VESTIBULAR 2015


D
-7BIODIVERSIDADE É a variabilidade de orga·
RESOLUÇ nismos vivos d e todas as o rigens existentes
Após a Conferência d e Estocolmo, Suécia, 1972, alguns países (an i mais, vegetais e m i c ro rgan is mos) nos
formaram a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e ecossistemas terrestres e aquáticos. A bio­
Desenvolvimento. Em 1987, essa comissão publicou um relatório d iversidade fornece a matéria- p r i ma para
sob o título de Nosso Futuro Comum, que oficia liza o conceito de produtos essenciais à sobrevivência hu mana,
desenvolvimento sustentável, caracterizado como "um processo incluindo madeira, alimentos e med icamen­
que permite satisfazer as necessidades da população atual sem tos. Ações h u manas como desmatamentos,
comprometer a capacidade de atender as gerações futuras". ocu pação desord enada e p o l u i ção de solos
Assim, o objetivo da Rio+20 foi a renovação do compromisso polltico e rios são a g ra n d e a meaça à d iversidade
com o desenvolvimento susten tável. Dois foram os temas principais biológica e provocam extinção d e espécies.

-7SUSTENTABI LI DADE O conceito d e desen­


da Rio+20: a economia verde no con texto do desenvolvimento
susten tável e da erradicação da pobreza; e a estru tura institucional
para o desenvolvimento susten tável. Segundo o Programa das Nações volvi mento su stentável p ro põe util izar os
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA} a expressão "economia verde" recursos naturais de forma que a natu reza os
representa "uma economia que resulta em melhoria do bem-estar consiga repor, para garanti r as necessidades
da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz, das gerações futuras . Essa ideia tem como
significa tivamente, riscos a mb ie n tais e escassez ecológica". objetivo concil iar o dese nvolvi m ento eco­
nôm ico com o respeito ao meio am biente.
Resposta: O
-7AQUECIMENTO G LO BA L O efeito estufa é
---) SAI S 1S um fenômeno natural, no qual os gases pre­
A National Geographic Society, uma instituição cien tífica norte­ sentes na atmosfera retêm o calo r recebido
americana, criou um ranking de "consumo verde" denominado greendex. do Sol . A e m i ssão d e gases por i n d ú strias,
O índice mede hábitos de consumo e estilo de vida em 65 quesitos, veíc u l os, d e s m at a m e n to e agropecuária
incluindo moradia, transporte, alimentação e bens de consumo. p o te n c i a l iza o fe n ô m e n o e p o d e s e r u m
O levantamento mais recen te, realizado em 2012, põe os pafses em d o s causad o re s d o aq u e c i m ento global .

-7PROTOCOLO DE KVOTO É u m acordo i nter­


desenvolvimen to, incluindo o Brasil, entre as nações mais sustentáveis
do m undo. já as desenvolvidas ocupam as últimas posições:
n acional estabelecido em 1997 q u e visa a
RAN K I N G DE "CO N S U MO VERDE" d i m i n u i r a emissão de gases do efeito estufa.
I n icialmente, ele previa q u e os países desen­
Í ndia
.
volvidos d everiam cortar suas e m issões de
.
China 57.8 dióxido d e carbono e outros gases para 5%
.
Brasil 55.5 abaixo dos n íveis de 1990. Porém, os Estados
H ungria · , ' 54.4
U n idos não ratificaram o protocolo . B rasil,
China e fndia partici pam, mas não têm a obri­
Coreia do Sul . ·.. '• ' . ' 54.4
gação de red uzir as em issões. O p rotocol o,
México que expirou em 2012, foi prorrogado até 2020.
Argentina Tenta-se agora u m novo aco rd o para l i m itar
Rússia .
- 53� as emissões entre 25% e 40% até 2020.
.
-7ENERGIAS ALTERNATIVAS Cerca de 87% de
. 51. 5
Alemanha '
Espanha toda a energia usada no m u ndo p rovém de
Suécia fontes não renováveis e altame nte poluen­
Reino Unido tes, como petróleo e carvão m i n e ral. U ma
das alternativas para reduzir a e m issão d e
Austrália
gases d o efeito estufa é a adoção d e fontes
França
de energia renovável. No Brasil, quase metade
Japão da energia util izada é proveniente de recur­
Canadá sos renováveis. E ntre as p rinci pais energias
alternativas destacam-se a eól ica (produzida
Estados Unidos
pelos ventos), a solar (proven iente do Sol)
Fonte: National Geographic Sodety
e a biomassa (feita com matéria orgânica).

GEOG RAFIA VEST I B U LAR 2015 f- 115


@ RAIO _.._ MUNDO

O M U N DO A
su perfície do planeta é d ividida em seis conti nentes,
as grandes extensões de terra emersas limitadas pelas
águas de mares e oceanos. Eles ocupam 150.274.692
q u i lômetros q uad rados, d i mensão que corresponde a 29,4°/o

E M R ES U M O
da superfície total do globo. Mas nem sempre foi ass i m
H á cerca d e 400 m i l h ões d e an os, a s terras d o plan eta
estavam reun idas em um ú n ico continente, chamado d e
Pan geia - e m grego, p a n s i g n i fi ca toda; e gia, terra. Esse
i menso bloco começou a rachar no sentido leste-oeste por
CO N FI RA A SEG U I R U M A B RA N G ENTE volta d e 180 m i l hões de anos atrás, e, aos poucos, seus terri­
tórios foram se afastando uns dos outros, dando origem aos
RETRATO FÍS ICO, ECO N Ô M I CO E SOCIAL continentes como conhecemos hoje (veja mais na pág. 34).
DAS SEIS G RA N D ES EXTENSÕES DE A atual configuração física do globo foi estabe lecida
há 6o m i l hões d e anos, e m decorrê n c i a desse p rocesso
TERRA DO P LAN ETA d e desl ocamento da c rosta. O mov i m e n to consti t u i u os
seis conti nen tes existentes: África, América, Antártica (ou
Antárti da), Ásia, E u ropa e Ocean ia. A América, por sua vez,
é s u b d iv i d i d a em três: América do N o rte, América Central
e América do S u l . Vale ressaltar q u e o Árti co, região de
mares e águas congel adas, não é um conti n e nte .
. Como você verá nas pág i n as segu i n tes, os conti n e n tes
ap resentam caracte rísticas físicas, sociais e econôm icas
bastante d i feren ciad as.

116 � G E O G RA F I A V E ST I B U LAR 2015


[li

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Em contrapartida, a Europa registra ECONOMIA


A litosfera não é continua, mas dividida uma diminuição do número de habitantes. Do ponto de vista dos recursos naturais,
em vários blocos, denominados placas A ONU estima que sua população tenha a Asia abriga as maiores jazidas conhecidas
tectônicas (veja mais na pág. 34). A própria encolhido 0,1% ao ano entre 2005 e 2010. de petróleo, em particular no Oriente
distribuição das superfícies continentais Com isso, a Europa acaba necessitando Médio e nos países de sua região central.
se dá de forma desigual, correspondendo de mão de obra especializada de outras A Africa, por sua vez, apresenta
a 40,4% da área do Hemisfério Norte e a partes do planeta. Ocorre que, ao lado os problemas sociais mais agudos,
apenas 14.4°/o da do Hemisfério Sul. dos trabalhadores qualificados, milhões especialmente na região ao sul do deserto
As regiões polares também são distintas. de outros sem qualificação aportam no do Saara (a Africa Subsaariana). Embora
No sul, há um continente - a Antártica ­ continente. Não à toa, o problema da o continente reúna as maiores reservas
coberto por espessa camada de gelo; já imigração ilegal se torna cada vez maior e de minérios e pedras preciosas do
no norte, existe uma grande depressão, tem sido motivo de criação de diversas - e planeta, sua população vive em extrema
coberta pelo oceano Artico. polêmicas - legislações restritivas. miséria. Bolsões de pobreza também são
Já na América, os Estados Unidos (EUA), enco ntrados nas porções central e sul da
POPULAÇÃO por sua força econômica, são o principal polo América e na maior parte da Asia.
A As ia é o maior e mais populoso dos receptor de imigrantes - a ONU calcula que A produção de riquezas concentra-se
continentes, reunindo quase 6o% dos a população de imigrantes nos EUA tenha principalmente na América do Norte e na
habitantes do globo. É também o berço aumentado a um ritmo anual de 1 milhão de Europa: a soma do Produto Interno Bruto
de algumas das mais antigas civilizações pessoas entre 1990 e 2005. Hoje, os imigrantes (PIB) dos países dessas regiões é superior
e religiões do m undo. As duas nações com nos EUA somam 40 milhões. Ali, o problema a 50% do total do planeta. Nessas nações
a maior população estão no continente da imigração ilegal também tem sido motivo estão os indicadores sociais mais positivos
asiático: China (1.4 bilhão de pessoas) e de polêmicas decisões, como a construção de do mundo, que garantem boas condições de
lndia (1,3 bilhão). um muro na fronteira com o México. vida a ampla parcela da população.

[l] NASA GEOG RAFIA VESTIBUlAR 2015 f- 117


M U N DO

POPULAÇÃO DENSIDADE POPULAÇÃO U RBANA


Em milhões, 2013 Habitantes/km', 2013 Em %, 2011

5.000 90
•. 500 80
•.000 70
3.500 60
3.000 50
1.500
;o
1.000
1.500 30


1.000 - lO
50 10
--
o . ,_.. .,.. >!3-
�,... c...:�
"· "'"�Çj
v"' <$>
..,.�" 'l'

118 -7 GEOGRA F I A VESTIBU LAR 2015


N

+
1 2/l krn
Projeção Robinson

t\S
'i\t"e
�;» ·(RUN)
.. .....,. " I. Anguilla (RUN)
(�A) ,: . I. S. Martin (FRA e HOL)
� ANTIGUA E
sAo CRISTOvAÕ.,_ ,, BARBUDA
E NtVIS
r·l.
o
I. Montserrat (RUN) Guadalupe (FRA)
.
' DDMINICA
Mardocaribe '\ I. Martinica (FRA)
' SANTA LÚCIA
I. Aruba
(HOL) I. Curaçao SAD VICENTE �
E GRANADINAS; BARBADOS
' (HOL)
'- 'ti. Bonaire
(HOL)

AMtRICA 00 SUL

G EOGRAFIA VEST I B U LAR 2015 f- 119


RAIO X M U N DO

P E R F I L D O S CO N T I N E N T E S
DISTRIBU IÇÃO FÍSICA

AREA DISTRIBUI DA (em %)


Total mundial: 150.274.692 km'

Oceania
Europa
6,9 . . . . ' � -.....
56 - AInca
.
1 20,2

As ia
� Antártica
... . .. .. . ...... , 9,3

30
América
. . . . . . . .. 1 28
Antártica

DEMOGRAFIA

POPULAÇÃO - 2013* CRESCIMENTO POPULACIONAL - 2010·2015


Distribuição, em % Estimativa de taxa anual média, em %
-- -------
2,5 �-}·'1-- ---
·

· .
. ... I Africa
15,5
2,0

1,5
...... . , América
Asia 1 13,5 1,0
59,8
0,5

0,0
*Total de 7141,2 bilhões em 2013 do Norte

ECONOMIA

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) - 2012 (em % por continente) PIB PER CAPITA - 2012 (em dólares)
Total mundial: 71,6 trilhões de dólares 50.000

Oceania 1 40.000 1----


2,4
30.000 1----
Europa 1 - .. . .......... . ........, América
28,2 32,2 20.000 f----


. . . .1 Asia
___'-___... 34,3
do Sul

SOCI EDADE
MORTALIDADE INFANTIL ATÉ OS 5 ANOS DE IDADE POPULAÇÃO COM RENDA INFERIOR A 1,25 DÓLAR/DIA
Variação de 1990 a 2011, em mortos por mil nascidos, por região Em %, por região

80
200
70
60
150
50
100 40
30 �-
I
50
-------=: :
. - 20
20
10
11,9
'�'
I

l! i

i!! .
1990 2012 1981

- Africa Subsaariana - Sul da Asia - leste da Asia e Pacífico - América latina e Caribe Europa e As ia Central - Oriente Médio e norte da Africa

Fontes: Fundo de Populações das Nações Unidas, Banco Mundial e Grupo lnteragências das Nações Unidas para Estimativas de Mortalidade Infantil

120 -7 GEOGRAFIA V E STIBU LAR 2015


ÁFR I CA
O B E RCO DA H U MAN I DADE
,

C
o n t i n ente q u e abriga as mais an­
t i gas e v i d ê n c i as d a prese n ça d o
h o m e m n o planeta, a África foi se­
guidamente p i l hada, d iv i d i d a e ocu pada
pelas potências da Eu ropa a parti r do sécu­
lo XV. No d ecorrer d esse período, m i l hões
de africanos foram esc ravizados por essas
nações, q u e mantive ram a exploração dos
recu rsos n atu rais da região mesmo após
o fim d a escravidão. As lutas antico loniais
se d esenvolveram p r i n c i pal mente na se·
g u n d a metade do sécu lo XX, res u l tando
na i ndependência das nações africanas. O
processo, contudo, não significou cal maria
na região. A pob reza e a m i séria est i m u ·
Iam rival idades étn i cas e rel igiosas e n tre
p o p u l ações d e países cujas fronte i ras fo·
ram c riadas artificialme nte pelas nações
eu rope ias n o fim d o séc u l o XIX.
Esse legado histórico exp l i ca por q u e a
África res pondia em 2012 por apenas 2,8% ESPERANDO POR AJUDA
do Produto I nterno Bruto (PIB) m u nd ial. Nos Flagelados pela pobreza,
sudaneses se amontoam

70°/o
países ao sul do deserto do Saara (a África em um campo de refugiados
Su bsaariana), quase metade d a popu lação no Chade
vive abaixo da l i n ha de pobreza, com re nda DOS PORTADORES
inferior a 1,25 d ólar por d ia. O contine nte do vírus HIV no mundo são
da África Subsaariana,
tam bé m está s e n d o d evastad o pela e p i ­ a porção do continente ao
demia d e aids (veja no quadro Você Sabia). sul do deserto do Saara

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
-7 A Africa tem cerca de 30 milhões de quilômetros
quadrados de extensão e a maior porcentagem de terras
desérticas do globo. O deserto do Saara ocupa um terço
do território africano. Curiosamente, uma das faixas de AS DUAS ÁFRICAS
O continente africano
terra mais férteis do globo fica nessa área, ao longo das

abriga duas sub-regiões


margens do rio Nilo.

claramente delimitadas:
A distribuição da vegetação obedece aos fatores
climáticos: na porção equatorial úmida, há florestas

a Atrica Setentrional e a
latifoliadas, que vão perdendo densidade e se

Subsaariana, também conhecidas,


transformando em savanas à medida que avançam para as

respectivamente, como Africa Branca


regiões mais secas, ao norte e ao sul (veja mais na pág. 86}. . ·•

e Atrica Negra. o limite entre ambas


é o deserto do Saara. Os países da
� POPULAÇÃO

Africa Setentrional têm características


O continente africano tem 1,1 bilhão de habitantes em
2013. A diversidade linguística é muito grande: as línguas

semelhantes às das nações do Oriente


e os dialetos locais, do tronco africano, convivem com os

Médio, sendo majoritariamente ocupada por povos árabes.


idiomas dos colonizadores europeus, como o africâner,

Já a Africa Subsaariana, bem mais extensa, reúne a maioria da


derivado do holandês.

população, predominantemente negra. Essa região concentra


alguns dos principais problemas econômicos e sociais do planeta.
� ECONOMIA

Mais de 70% dos 35,3 milhões de portadores do vírus HIV no mundo


A Africa é o continente mais pobre. Os poucos polos de
desenvolvimento se devem à exploração mineral, que

em 2012 são daAfrica Subsaariana. Ou seja, de cada dez pessoas que


responde por 90% da receita total de exportação. Nessa

têm aids, sete vivem nessa região.


atividade, destaca·se a Africa do Sul, país que detém,
sozinho, um quinto do PIB africano.

[1[ ONU/EIKINOER OE8E8E GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015 � 121


@ RAIO X M U N DO

AM É R I CA
TRÊS EM U M

S
e g u n d o c o n t i n e n te m a i s exte n s o, c o m área d e
4 2 m i l hões d e q u i l ô metros q u ad rados, a América é
formada por d uas grandes massas de terra (América
do Norte e América do Su l), u n idas por u m a estre ita faixa
(América Central) . Um s i ste m a de cad ei as m o ntan h osas
perco rre o território em sua po rção o este, sem i nte r r u p­
ção, desde o estreito de M agal hães, n o extremo s u l, até
o estre ito de B e r i n g, no extrem o n o rte. DO PRODUTO
I NTERNO BRUTO
N e n h u m conti nente apresenta tama n h o d eseq u i l íbrio
das Américas é gerado
regional q u an to a América . Ao n o rte, os Estados U n i d o s nos Estados Unidos
{EUA) e o Canadá são d uas d a s m a i s desenvolvidas nações
do p lan eta, e n q uanto os o utros países - q u e compõem
a América Lati n a - estão num n ível d e d esenvolvi m e n to
bem i n fe r i o r.
VEREDA DE CARGA Navio cruza o canal do Panamá

AM É R I CA D O N O RT E
A América do N o rte é ocupada por três grandes países: Canadá, EUA ­ AM É R I CA C E N TRA L
bastante desenvo l v i d os - e México, m e n o s desenvolvido. A região, q u e res p o n d e p o r apenas
1,6% do P ro d u to I n terno B ru to {PI B)
da América, sobrevive basicamente
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA POPULAÇÃO da agri c u l t u ra e do t u r i s m o . Abriga,
� Compreende uma área de 23,4 milhões de Abriga cerca de 477,6 milhões de
quilômetros quadrados. Suas principais habitantes em 2013. A maioria também, paraísos fi scais - l ocais q u e
elevações se localizam a oeste, enquanto descende de colonizadores europeus, não cobram i m postos e garantem
a maior bacia hidrográfica, a do de escravos africanos e de vários a n o n i m ato aos i nvestid o res para
Mississippi-Missouri, se situa a leste. grupos de imigrantes.
A maior ilha do mundo fica na América atra i r capitais. Pelo canal do Panamá,
do Norte: Groenlândia, com quase ECONOMIA a princi pal passagem entre o oceano
2,2 milhões de quilômetros quadrados. É plenamente industrializada nos Atl ântico e o Pacífico, circula 5% de todo
Na porção norte, de clima continental Estados Unidos e no Canadá e, em
frio, predominam as florestas de menor grau, no México. Graças aos EUA, o comércio marít i m o m u n d ial. A região
coníferas; o centro e o sudeste, de clima a região lidera a produção industrial abriga, ain da, a ú n ica nação co m u n i sta
continental, são ocupados por florestas global em diversos setores. A América do co ntinente americano: Cuba.
temperadas e pradarias; no sudoeste, do Norte possui vastas reservas de
há desertos. combustíveis fósseis e minérios.

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
A América Central, com 749,3 mil
quilômetros quadrados, é formada pelo
istmo que une a América do Norte à
América do Sul e pelas ilhas do mar do
Caribe. O território centro-americano
possui relevo montanhoso, com vários
vulcões ativos. No verão, o Caribe é
assolado por furacões, com ventos de até
300 quilômetros por hora.

POPULAÇÃO
:Y Reúne 82,5 milhões de habitantes em
2013. A região é povoada em grande parte
por mestiços, descendentes de índios,
africanos e colonizadores europeus.
RIQUEZA
A Times Square,
em Nova York ECONOMIA
{EUA): ícone do A agricultura emprega a maioria da
desenvolvimento população. A industrialização é
econômico norte· incipiente e limita-se ao processamento
[I] americano de produtos agrícolas.

122 -7 G EOGRA F I A VESTIBU LAR 201 5


ANTÁRTI CA
O CONTI N ENTE DE G E LO

T
a m b é m c h a m a d a d e A n tártida, a A n tártica é c o berta p o r u ma
e n o r m e camada d e gelo, c o m espessu ra m é d i a d e 2 q u i l ô metros .
A s u perfície do c o n t i n e n te o c u pa 13,6 m i l hões d e q u i l ô m etros
q u ad rad os, e 99% de sua s u p e rfície é cobe rta por um manto de gelo
q u e ati n ge q u ase 5 q u i l ô m etros d e espess u ra . Essa massa d e gelo é d e
extrema i m po rtân cia para o e q u i l íbrio d o plan eta. Isso p o r q u e, além d e
conce ntrar cerca d e 70% d a s rese rvas d e á g u a doce d a Terra, i nterfere
no n ível dos ocean os, p o r causa d as variações e m s u a exten são e es pes·
s u ra. No i nverno, até 18 m i l h ões de q u i l ô m etros q u adrados do oceano
e m torno d o conti n e n te ficam cobertos p o r u ma fina camada d e gel o .
O b u raco n a camada d e ozô n i o localiza-se e m c i m a d o c o n t i n e nte e
am eaça a estab i l idade d e suas gel e i ras (go% d as existente s n o planeta),
TOPO AMERICANO Cordilheira dos Andes em v i rtude da m a i o r exposi ção à rad iação solar (veja mais na pág. 97).

AM É R I CA DO S U L DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
A região possu i vastos recu rsos naturais, A Antártica é cercada pelas águas dos oceanos Atlântico,
Pacífico e Indico. Sob a grossa camada de gelo, estende·
mas também graves p roblemas sociais . se o lago Vostok, um dos maiores do mundo, com lO mil
Nas d écadas de 1960 e 1970, a maior parte quilômetros quadrados de extensão.
dos países estava s u b metida à ditad u ra CERCA D E
militar. Após a redemocratização, ECONOMIA

70°/o
nos anos 1980, a região enfrentou As atividades humanas no continente restringem-se à pesca
crises eco n ô m icas, recu perando-se e à investigação científica (veja o mapa abaixo). Diversas
nações mantêm base de pesquisa na região, entre as quais
parcialmente nos anos 2000 . o Brasil, que desenvolve atividades na Base Comandante
das reservas de água
doce da Terra estão Ferraz e dispõe de um módulo científico para coletar
sob a forma de gelo na informações, o Criosfera l. Em l99l foi assinado o Protocolo
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Antártica de Madri, que entrou em vigor em l998. Esse documento
A América do Sul conta com l7,8 milhões proíbe por 50 anos a exploração econômica dos recursos
de quilômetros quadrados. A porção oeste naturais. A medida é preventiva, já que até hoje não foram
é ocupada pela cordilheira dos Andes, encontradas reservas de interesse comercial no continente.
cujo ponto mais alto é o pico Aconcágua
(6.959 metros). As planícies centrais
abrigam a bacia hidrográfica do Orinoco,
a Amazônica e a do Prata. Na região norte, OCEANO
ATLANTICO
onde o clima é equatorial, encontram-se
florestas latifoliadas tropicais úmidas.
O sul possui faixas de clima desértico,
como na região de Atacama, e uma
zona temperada, ocupada por florestas TERRA DE\\
subtropicais e pelos pampas argentinos. ENOERBY

\ \
POPULAÇÃO �
Geleíra Lamb rr
A América do Sul tem 406,4 milhões i
90"0 I
de habitantes em 20l3. A população é
formada por descendentes de europeus � '..
I
(em especial espanhóis e portugueses), OCEANO .s_
africanos e indígenas, contando com alta PACIFICO ; . .
I

' TERRA 1 ,...


porcentagem de mestiços. DE WILKEY .,.,.
/
Jlh�s Sherl.antl do Sul

ECONOMIA .,

A indústria está centrada na produção ...�-��_./�'; .!


· �· '� ESCALA
agrícola e de bens de consumo. No .,_,-/ ,,�1 � �
-----
=---""

Brasil e na Argentina, encontra-se mais ��;., d-2.\v 1 Comandante Ferraz (Brasil) 2 Arctowski (Polônia)
O 755km

diversificada, abrangendo setores t(_5")'1.4'7 l Jubany (Argentina) 4 King Sejong (Coreia do Sul)
como siderurgia e metalurgi.J. O Brasil é
responsável por cerca de três quintos da 1/W'
produção industrial sul-americana. "Bulgária, Equador, Espdnha, Fin/J.ndia, Peru, Rom�nia. Suécia e República Tcheca mdntêm apenas bases temporárias fonte: Comité Cientifico de Pesquisa Antártica (SCAR)

[l[[l] [l[ DIVULGAÇÃO G EOGRAFIA VESTI BULAR 2015 f- 123


@ RAIO X � MUNDO
ÁS IA
VASTI DÃO O R I E NTAL

A
Asia é o maior e o mais p o p u loso contin e nte. Na cord i l h e i ra do
H i malaia estão os p o n tos mais al tos d o plan eta, e m especial o
m o nte Eve rest, com 8.850 metros, na fronte i ra entre o Nepal e a
C h i na. Situam-se no conti n ente asiático algu mas d as mai o re s concen­
trações h u manas, e m m egac i d ades c o m o Tóq u io, n o J apão.
Os recu rsos natu rais são i mensos . A Asia produz 30% d o petróleo do
m u nd o, poss u i n d o as maiores reservas conhecidas, nos países do golfo
Pérsico. Ao lado d o Japão, a principal nação i nd u strial do conti nente, e de
países em acelerado processo d e desenvolvimento, como a Chi na, há várias
regiões atrasadas, com graves problemas sociais, sobretudo naAsia Central.
A região tam b é m sofre com sérios confl itos. O f u n d a m e ntal i s m o reli­
gioso e os antago n i s m o s étnicos, s e m p re associados a d i s putas territo­
riais, tran sfo rmaram-se nos p r i n c i pais o bstác u l os à paz n o c o n t i n e n te.
Ass i m, o põem-se i srae l e n ses e palesti n os, n o Orie nte Méd i o, e a índia e
o Paq u i stão, na região da Cax e m i ra, e ntre o utros confl itos.

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
Maior continente do mundo, sua área é
de cerca de 45 milhões de quilômetros
quadrados. A fronteira convencional entre
Asia e Europa é determinada pelos montes
Urais, pelo rio Ural, pelo mar Cáspio, pelas
montanhas do Cáucaso e pelo mar Negro.
MAIS D E
O relevo asiático apresenta a maior

50°/o
altitude média da Terra {960 metros), em
razão da presença de grandes cadeias
montanhosas, entre as quais a cordilheira
do Himalaia e a do Kunlun, que contornam das reservas mund iais
o planalto do Tibete. Há também grandes de petróleo estão no
depressões, como o mar Morto, situado Oriente Médio
365 metros abaixo do nível do mar.
Em virtude da vastidão de seu território,
da diversidade de relevos e do regime DIVERSIDADE Hindus, na índia: uma das várias etnias asiáticas
de monções (vento periódico que no
verão sopra do mar para o continente
e, no inverno, do continente para o
mar), existem muitos tipos de clima na POPULAÇÃO
Asia. Como consequência, há também � O continente é o mais populoso do mundo, com 4,3 bilhões de habitantes em 2013.
grande variedade de vegetação: tundra, A distribuição da população é bastante desigual, com mais de 6o% dos habitantes
estepes, florestas de coníferas, florestas concentrados na China e na fndia.
temperadas e florestas tropicais. Há grande riqueza étnica e linguística, com idiomas de todos os troncos, exceto o ameríndio
e o africano. O mandarim, o benga/i, o híndi, o russo e o japonês, presentes no continente,
integram o grupo das dez línguas mais faladas no planeta.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO - 2013*


ECONOMIA
Em %
·· . .. .. , índia A Asia apresenta contrastes econômicos extremos. A porção mais desenvolvida - que inclui
China , 30,2 o Japão e parte dos países do Sudeste - registra renda per capita quase 100 vezes maior
32,5 que a das regiões pobres. Nos últimos anos, a China e a índia vêm apresentando aceleradas
taxas de crescimento. No sul do continente, a pobreza atinge proporções alarmantes: mais
de 30% da população vive com menos de 1,25 dólar por dia.
A extração mineral é a principal fonte de divisas dos prósperos países do golfo Pérsico, que
Demais . , Indonésia
detêm mais de so% das jazidas mundiais de petróleo. A atividade extra tivista é intensa
países ·· também na Rússia - dona de cerca de um terço do gás natural do planeta e de grandes
20,6 ' 5,8 reservas conhecidas de petróleo - e na China.
Japão ' ....... .., Paquistão Apesar da intensa modernização econômica, mais de 50% da força de trabalho asiática está
3 Bangladesh 4,2 empregada na agricultura, especialmente nas nações do Subcontinente Indiano (fndia,
3,7 Paquistão e Bangladesh). A Ásia responde por aproximadamente 45% da produção mundial
de cereais, com destaque para o arroz (90% do que se produz no planeta). Mas, ainda assim,
*Não inclui a Rússia precisa importá·los para suprir a demanda interna, especialmente da China. Além disso, o
Fonte: Fundo de Populações das Nações Unidas (Fnuap) desmatamento e a atividade industrial descontrolada provocam graves problemas ambientais.

124 � GEOGRAFIA VESTI B U LA R 2015


E U RO PA
C E LE I RO DO OCID ENTE

O
continente é considerado o berço da civil ização ocidental . AI i se desenvolveram, por
exemp lo, o Renascimento, a Revolução Francesa e a Revolução I nd u strial, eventos
que moldaram o m u n d o modern o. A pequena extensão d a E u ro pa contrasta com
sua i m portância histórica. I m pulsionado pela expansão marítima e comercial, o conti nente
exerceu, por séculos, papel hegemônico sobre o globo, abrigando várias potências colon iais.
Porém, após o fim da Segu nda G u erra M u nd ial, o continente vi u-se d ividido, por décadas,
em d o i s blocos hostis, u m capitalista e outro social ista - eles correspondem, em l i n has
gerais, à E u ropa Ocidental e à Eu ropa Oriental . A primeira engloba as nações mais ricas. A
segunda, mais pobre, abriga os países do ex-bloco comun ista . Após o encerramento da Guerra
Fria, nos anos 1990, é criada a U n ião E u ropeia (U E), o principal bloco econômico d o m u n d o

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA POPULAÇÃO ECONOMIA


A Europa pertence, O continente tem O parque industrial
com a Asia, à massa de 759,9 milhões de europeu é um dos mais
terra conhecida como habitantes em 20l3 e é o avançados do mundo. IMPONENCIA O Castelo de Arundel, na Inglaterra,
Eurásia. O continente único com tendência de Persistem, entretanto, abrigou várias gerações da nobreza
europeu tem área redução da população. A contrastes de
de l0,3 milhões de questão é ponto delicado desenvolvimento entre
quilômetros quadrados. na região. Isso porque, os países ocidentais e
A maior parte do paralelamente ás taxas as nações do leste, do
MAIS D E
território é formada por negativas de natalidade, ex-bloco comunista.
planícies. Predomina o envelhecimento dos A criação da União

90°/o
o clima temperado, habitantes tem causado Europeia, em l992, tenta
mas há variações. A demanda por imigrantes. superar esse quadro
vegetação original já O desemprego e a desigual, mas a crise
foi bastante devastada, concorrência no mercado atual da região explicita da cobertura original
prevalecendo florestas de trabalho vêm impondo o fosso que separa as d e florestas já foi
temperadas e de obstáculos à entrada de nações ricas das mais devastada na maior
coníferas. mão de obra. atrasadas. parte da Europa

OCEAN IA
MU ITO MAIS QUE CANGURUS

A
Ocean ia é formada p o r u m a massa DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
c o n t i n e ntal (a Austrál i a), a parte -?. t o menor continente do mundo, com
8,53 milhões de quilômetros quadrados
l este da i l h a de N ova G u i n é, as
de extensão. A Austrália corresponde a
i l h as que constituem a N ova Z e l â n d i a e cerca de 90% da área emersa da Oceania.
p e q u e n as i l has e ató i s q u e se espalham A maioria das ilhas da Oceania é de
origem vulcânica, sendo cobertas de
pelo oceano Pacífico. Essas i l has m e n o res
florestas tropicais.
s e d iv i d e m e m três gru pos: a Pol i nés ia,
no extrem o l este, a Melanésia, na região
central, e a M i cronésia, s ituada ao n o rte . POPULAÇÃO
-?. A Oceania é também o menos habitado
Há d ifere n ças marcantes na região . En­ dos continentes, com 37,1, milhões de
q u anto a Austrália e a Nova Zelândia são pessoas em 20l3. Cerca de 6o% dessa
população vive na Austrália.
nações desenvolvidas, as demais têm econo­
mia frági I . A Ocean ia enfrenta, ainda, graves
problemas a m b i e ntai s . Estud o s i n d icam ECONOMIA
-?. A Austrália destaca-se pelo parque
que, dentro de um século, a elevação do nível
industrial, pela agricultura e pela
DOZE APÓSTOLOS Conjunto de pedras calcárias é do mar, causada pelo aq uecimento global, extração mineral, enquanto a economia
atração turística da Austrália poderá submergir i l has e atóis da região. das ilhas do Pacífico é agrícola.

[l[ [OMAR MORAIS [l[ [l[ OIVULGAÇAO G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015 f- 125
@ RAIO -� BRASIL

O B RAS I L
E M R ES U M O
CON FI RA A SEG U I R AS PRI N C I PAIS
CARACTERÍSTI CAS FÍSICAS, ECO N Ô M I CAS E
SOCIAIS DAS C I N CO REG I Õ ES B RASI LEI RAS

Q
u i nto maior país do mu ndo, o Bras i l conta com um
território d e 8.515.767 q u i l ômetros q uad rados d e
extensão. Com todo esse tamanho, para efeitos ad·
m i n i strativos, nosso territó rio é dividido em c i n co regiões:
Centro-Oeste, N o rd e ste, N o rte, S u d este e S u l . Essa d ivi·
são regi onal, q ue fica a cargo d o I n stituto B rasi l e i ro de
Geografia e Estatística ( I B G E), tem como o bj etivo reu n i r
estados c o m traços físicos, h u m anos, econ ô m icos e so­
ciais c o m u n s, o q u e aj u d a n o p lanejam e n to de p o l íti cas
voltadas para áreas com n ecessidades semel h an tes.
Mas nem sem p re o B rasi l foi "repartido" da forma como
é hoje, tendo sido estabelecidas mu itas d ivisões regionais
no d ecorrer d a h istória. A atual está e m vigor desde 1970,
mas sofreu algu mas alterações d e pois da Constituição
de 1988. O estado d o Tocantins foi criado c o m a d ivisão
d e Go iás e i nc o r p o rado à Região N o rte. Além d isso, Ro­
rai ma, Amapá e R o n d ô n i a d e ixam d e ser territórios para
se tornar estad os.
A despeito d o tipo d e reco rte, contudo, o fato é que as
disparidades e ntre as regiões são m u ito grandes. Para ter
uma ide ia, a Região S u d este, a segu n d a m e n o r e m área,
poss u i o maior n ú mero de hab itan tes, o mai o r percentual
de pessoas q u e vivem em cidades e é responsável por mais
da metad e do P r o d u to I nterno B ru to ( P I B} b ras i l e i ro. A
Região N o rd este, p o r sua vez, apresenta alguns dos mais
�aixos i nd i cad ores sociais. A Região N o rte, com o segu ndo
menor n ú mero d e habitantes, possui o maior contingente
de população i n d íge na e tem o mais alto í n d i ce de c resci­
mento d e mo g ráfico. A Região S u l, segu i d a d e pe rto pela
Sud este, é a que apresen ta os m e l h o res i n d icad o res: tem
o menor í n d i ce de m o rtal i d ad e i n fantil, a m e n o r taxa de
analfabetismo e o mais alto I OH. A Região Centro-Oeste,
em bora conte com população menor, apresenta ace lerado MUITAS FACES Pôr do sol na praia de lpanema, no Rio de janeiro
(acima); a torcida acompanha jogo da seleção brasileira no estádio do
cresci mento d e m ográfico, atrás ape nas da Região N o rte Mangueirão, em Belém, no Pará (centro); plataforma de petróleo na
(con fira o perfil das regiões na pág. 128). Bacia de Campos, no Rio de janeiro (abaixo)

126 � GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015


E STA D O S E CA P I TA I S B RAS I L E I RO S
VENEZUELA Fernando de Penedos de
Noronha (PE) S. Pedro e
S. Paulo (RN)
:t-:•
COLOMBIA 3 '56'5

29'22'0

Equador Maca pá Atol das


- - - - - -- J� Rocas (RN)
3'52'5

B el ém
e Manaus

AMAZONAS MARANHÃO
NORTE PARA

PERU
Abrolhos (BA)

17'25'5

38'33'0

Oceano
SÃO PAULO
Atlântico

_ !/PP}C!J !fi!.. _ _ _

Capricórnio C H I LE
- 25'S Ilha de
Trindade (ES)
ARGENTINA Ilha de Martin


Vaz (ES)
Oceano #
Pacífico
f;
� 20'31'5 j
28' 0'0 29'19'0

20'32'5
Porto Alegre
I

\
URUGUAI
55' 0 45'0
' '
PONTOS EXTREMOS
·········· . .. . . . . . . . , N O RTE

PAISES QUE FAZEM FRONTEIRA COM O BRAS I L /\.,


__
Nascente do rio Ai lã,

·v�
no monte Caburaí (RR),

'--}(
fronteira com a G u iana
País Fronteira
(em km)
Bolfvia 3.423
Peru 2.995
I
-�
�(
Venezuela 2.199
Colômbia 1.644


Guiana 1.606 LESTE
OESTE Ponta do
Paraguai 1.366
Nascentes d o Seixas (PB)
Argentina 1.261
rio Moa, na serra

j
Uruguai 1.069 de Contamana (AC),
Suriname 593 fronteira com o Peru

Q
Obs.: O território da Guiana Francesa (França)
1SUL
mantém fronteira de 730 km com o Brasil Arrolo Chul (RS), na
fronte1ra com o Uruguai
Fontes: IBGE (mapa) e Ministério das Relações Exteriores (tabela)

I!J IAIR MAGRI [lJ PABLO REY [JJ PAULO lARES G E O G RA F I A VESTI B U LA R 2015 � 127
@ RAIO � BRASIL

P E R F I L DAS R E G I Õ E S
G EOGRAFIA

ÁREA* (em%)
Total do Brasil: 8.515.767,0 km'
Sul
6,8
Sudeste 1
10,9
Norte
45,2
Centro-Oeste 1
18,9

SUL
··
···················I Nordeste
*Oistribuição nas regiõesbrasileiras 18,2

D E M O G RAFIA

POPULAÇÃO - 2013 POPULAÇÃO URBANA - 2012


Em milhares e em %, por região Em %, por região e total

100 .-----.
--- -...,...-- -,
85,1 84,8
Sul 1
28.795
14,3%
60
Nordeste
55.794 40
27,8%
Sudeste • •················ I
10
Centro-Oeste
84.465
42,0% 14.993
7,5% Norte Nordeste Centro· Sudeste Sul--Brasil
Oeste

E D U CAÇÃO SAÚ D E

ANALFABETISMO - 2012 MORTALIDADE INFANTI L - 2012


Pessoas com 15 anos ou mais, em %, por região e total Taxa por mil nascidos vivos até 1 ano de idade, por regiões e total

60 ,-----
-- ----, 60 .------- ----·-----------,

40 �-----�

10
4,8 4,4
...__
Sudeste Sul

ECO N O M I A

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)* - 2011 POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA - 2012


Em %, por região e total População com renda familiar per capita de até um salário minimo, em %

Sul 1
70
16,2

· · ·····I Nordeste 60
13,4 50
40
30
20
Sudeste 1 Centro-Oeste 10
55,4 9,6
Norte Nordeste Centro- Sudeste Sul Brasil
*Distribuição nas regiões
Oeste
Fontes: Pnad 2012, Sfntese de Indicadores Sociais 2012/2013 e IBGE

128 � G E OGRAFIA VESTIBULAR 2015


C E NTRO-O ESTE
O C E R N E B RAS I L E I RO

o rmada pelos estados de Goiás, Mato G rosso, Mato

F G rosso do S u l e pelo Distrito Fede ral, a região loca­


l i za-se no exte nso Planalto Central. Seu rel evo se
caracteriza por terre nos antigos e a piai nados pela erosão,
q u e origi naram chapadões . O território também abri ga
a p l a n ície do Pantanal Mato-G rossense, cortada pelo rio
Paraguai e suje ita a che ias d u rante parte do ano . O c l i m a
do Centro-Oeste é tropical sem i ú m ido e úm ido, com chuvas [li

de verão. A vegetação é de cerrado nos planaltos. No Panta­


nal, os campos cerrados d ividem o espaço com a floresta.
N O R D ESTE
2015
POPULAÇÃO ALÉM DO SE RTÃO
Ainda no Brasil colônia, o povoamento do Centro-Oeste
resulta de dois movimentos migratórios. Um vem do Sul
e do Sudeste, em virtude do transporte de gado às
fazendas que ali começaram a instalar-se e da ação ormada por nove estados - Maranhão,

F
dos bandeirantes paulistas. O outro movimento vem
M ORTOS
do Nordeste, também ligado ao comércio de gado, que
Piauí, Ceará, Rio G rande do Norte, Per­ PARA
acaba criando, e fortalecendo, os primeiros povoados nambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e CADA M I L
da região. No século XX, as maiores ondas migratórias
NASCIDOS
Bahia-, a maior parte da região é constituída V I VOS
vêm do Nordeste e ocorrem a partir dos anos 1950, com a
construção da nova capital federal, Brasília.
por extensos planaltos, antigos e aplainados O Nordeste
tem a maior
pela erosão. Os cl imas p redomi nantes são
taxa de
o tropical e o semiárido, com grande parte mortalidade
ECONOMIA
O crescimento econômico da região deve-se, sobretudo,
do território coberta pela caati nga. infantil
d o Brasil
ao bom desempenho do setor agropecuário. Com cerca O N o rd este re ú n e os mais baixos í n d i ­
de Bo milhões de cabeças de gado, o rebanho bovino c e s d e Desenvol v i m e nto H u ma n o ( I D H)
do Centro-Oeste é o maior do país. Na agricultura, os
produtos mais importantes são o algodão, o milho e,
do país, com altas taxas de m o rtal i d ad e
principalmente, a soja, cuja colheita responde por mais da i n fantil, d e s n u trição e analfabetismo.
metade da produção nacional.
Por outro lado, a região enfrenta o desafio de aliar o
crescimento econômico com a preservação ambiental.
A adaptação da soja ao solo do cerrado devastou grande
POPULAÇÃO
A história nordestina é marcada pelos movimentos
parte da vegetação local, e a cultura do grão avança
migratórios. No fim do século XIX, o ciclo da borracha
perigosamente para o norte de Mato Grosso, rumo à
na Amazônia deu início à migração dos nordestinos,
floresta Amazônica.
que aumentou no século XX para o Sudeste, com a
industrialização, e para o Centro-Oeste, com a construção de
Brasília. Além da atração econômica de outras regiões,
os fluxos migratórios são motivados pelos períodos de seca.

ECONOMIA
Nos últimos anos, a economia nordestina vem apresentando
crescimento. Com a guerra fiscal (concessão de benefícios
fiscais pelos governos estaduais com o objetivo de atrair
empresas), uma série de indústrias se instalou nos estados
nordestinos para fugir da carga tributária mais pesada
no Sul e no Sudeste. Além disso, a região é a segunda
produtora de petróleo do país - lá funciona um dos paios
petroquímicos mais importantes: o de Camaçari (BA).
Apesar dos longos períodos de seca, a pecuária e a
agricultura vêm ganhando destaque. A boa adaptação das
cabras ao clima local faz que o Nordeste tenha o maior
rebanho do país. A cana-de-açúcar é o produto agrícola de
destaque, mas as lavouras irrigadas de frutas tropicais
têm crescido em importância na produção nacional. Outro
setor relevante na economia nordestina é o turismo. Com
suas belas praias, Salvador (BA), Fortaleza (CE}, Natal
(RN) e Recife (PE) estão entre as cidades brasileiras mais
visitadas por estrangeiros.

[1[ FREOERICjEAN [li DIVULGAÇÃO GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015 f- 129


@ RAIO X .;;>
"
BRASI L

S U D ESTE
A LOCOMOTIVA DO PAÍS

armada por q u atro estados - Espírito Santo, M i nas

F Gerais, São Pau lo e Rio de ]anei ro -, a região situa-se


na parte mais e levada do p lanalto Atlântico, o n d e
estão a s se rras d a Mantiq u e i ra, d o M a r e d o E s p i n haço.
O s c l i m as p re d o m i n antes são tropical ú m i d o, tropical
s e m i ú m i d o e tropical d e altitude . A m ata tropical n ativa
(I) q u e cobria o l i to ral e boa parte do i nterior foi d evastada
CONTRASTES Encontro dos rios Negro e Solimões n o Amazonas d u rante o povoam e nto (veja mais na pág. 82).
O relevo planáltico do Sudeste confere grande potencial
h i d rel étrico à região . Em M i n as Gerais oco rre o encontro

N O RTE d a nascente de d uas i m po rtantes bacias h i d rográficas: a


do rio Paraná, q u e se forma p róx i m o à região con hecida
como Tri â n g u l o M i n e i ro, e a d o rio São F ra n c i s co, q u e
O E LDORADO V E R D E nasce na se rra d a Canastra.

a rm a d a p o r s e te estado s

F (Ac re, A m ap á, A m az o nas,

85°/o
Pará, R o n d ô n ia, Rorai m a e
Tocanti ns), a região é banhada pelos
grandes rios das bacias Amazônica DAS TERRAS I N DfGENAS
e do Tocantins. Em todo o Norte pre­ BRASILEI RAS
estão na região Norte
dominao clima equatorial. A floresta
Amazônica, a vegetação mais abun­
dante, é uma das áreas de maior bio­
d iversidade do planeta (veja na pág.
81). Esse patrimônio, contudo, está
ameaçado pelo desmatamento.

POPULAÇÃO
A maior concentração de indios está no Norte e, segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
região abriga 305 mil índios de diversas etnias (34% do
total). Amazonas, Pará e Roraima são os estados com a
maior concentração indígena. No decorrer das décadas,
os estados do Norte também receberam grandes levas de
imigrantes de outras regiões, sobretudo do Nordeste.

ECONOMIA
Além do intenso extrativismo vegetal, de produtos como
látex e madeira, a região é rica em minérios. Lá estão a serra
dos Carajás (PA), a mais importante área de mineração do
país, rica em manganês, ferro e ouro, e a serra do Navio {AP).
A economia foi bastante beneficiada com a instalação, no
fim da década de 1960, da Zona Franca de Manaus, baseada
em políticas de incentivo fiscal. Com mais de 500 indústrias,
o Polo Industrial de Manaus responde por cerca de 30% do
Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas.
Nos últimos anos, contudo, o crescimento econõmico tem
ocorrido à custa de atividades de grande impacto ambiental:
o aumento da pecuária extensiva - um terço do rebanho do
país está na Amazõnia -, o avanço da agricultura, sobretudo
das lavouras de soja, e, por fim, a extração de madeira.

130 -7 G EOGRAFIA VESTI BULA R 2015


POPULAÇÃO
A região é a que concentra a maior população do pais,
com cerca de 84,4 milhões de habitantes em 2013,
mais de 40% do total brasileiro. t também a que tem a
maior densidade demográfica e o mais alto índice de
urbanização: 93,2%. Abriga as duas mais importantes
metrópoles nacionais - São Paulo e Rio de janeiro.
Com Belo Horizonte, as três formam as maiores regiões
metropolitanas do país, reunindo 20% da população.
Se, por um lado, o Sudeste responde pela maior parcela da
riqueza do Brasil, por outro é a região que mais sofre com
o desemprego e o crescimento da violência. Ainda assim,
seus indicadores sociais estão entre os melhores do país.

ECONOMIA
Com o maior parque industrial do Brasil, o Sudeste
responde por mais da metade do Produto Interno Bruto
(PIB} nacional. t também a região mais urbanizada.
Os serviços e o comércio são os principais ramos de
atividade. Além disso, a faixa litorânea da região abriga
a maior parte das jazidas de petróleo do país, como as
situadas na Bacia de Campos (R}), de onde saem mais de
Bo% da produção nacional. A descoberta de gigantescas
reservas na Bacia de Santos (SP) abre uma importante
SU L
fronteira para a exploração de petróleo e gás no país.
I N FLU Ê N CIA E U ROPEIA

armada por três estados - Santa Catarina,

F Paraná e Rio G rande do Sul -, a região vive


s o b a i nf l u ê n c i a d o c l i m a s u btropical,
res p o n sável pelas te m pe ratu ras mais baixas
regi stradas n o Bras i l d u rante o i nverno.
A vegetação acom panha a variação d a tem­
peratura: nos locais mais frios p redo m i nam as
matas d e araucária (pi n hais) - q u e estão reduzi­
das a apenas 2% da área origi nal - e, nos pampas,
os campos d e gramíneas (veja mais na pág. 83}.

POPULAÇÃO
A região é marcada pela chegada dos
imigrantes europeus, a partir da primeira
metade do século XIX, que contribuíram
para o desenvolvimento da economia,
baseada na pequena propriedade rural
de policultura.
A localidade apresenta os melhores
indicadores de mortalidade infantil,
DOS HABITANTES
educação e saúde do país e possui a
da Região Sudeste
segunda maior renda per capita, inferior
vivem em cidades
apenas à do Sudeste.

ECONOMIA
O setor de serviços responde pela maior
parte das riquezas da região. Depois vem a
indústria - com destaque para os setores
metalúrgico, automobilístico e têxtil.
A agropecuária também é importante: o
VIA LUMINOSA Sul detém cerca de metade da produção
Símbolo de nacional de grãos, e, nos pampas gaúchos,
São Paulo, a a principal atividade é a criação de
avenida Paulista rebanhos bovinos. Existe, ainda, grande
concentra potencial hidrelétrico, com destaque
bancos, comércio, para a Usina de ltaipu, localizada no rio
arranha-céus e Paraná, na fronteira do Brasil, no estado
muito trabalho do Paraná, com o Paraguai.

[1] PEDRO MARTINElll 12] RAUl JUNIOR (3] ADOLFO GERCHMANN G EOGRAFIA VESTI B U LA R 2015 � 131
G EO LAZ E R
CON FI RA D I CAS D E F I LM ES, SITES E LIVROS
Q U E DÃO UM GÁS A MAIS NA P R E PARAÇÃO
PARA AS PROVAS

O
u n ive rso da g e o g rafia não se restr i n g e às au­
las nem aos l ivros d id áticos . N os ú lt i m o s an os,
d iversos d o c u m entários e f i l mes de fi cção vêm
abord a n d o q u estões a m b i e ntai s e podem ser úte i s para
você apurar o senso crítico. )á os sites perm item consultas
ráp i d as para você saciar suas cu r i o s i d ades em relação
ao planeta, ao passo q u e os l ivros exigem maior fôlego,
mas co m pe nsam pela prof u n d idade e r i q u eza de i n fo r­
mações. Confi ra a segu i r n ossas d icas cu ltu rais para você
c o m p l e m e ntar seu aprend izado.

1-iQM.�.. : .� Q��Q.. I».�.�.�-�I�, �Q���-ç���--·


o documentário dirigido pelo fotógrafo francês Yann Arthus­
(Yann Arthu s-Bertrand, 2009)

Bertrand tem como objetivo sensibilizar os espectadores e


conscientizá-los de como as ações do homem estão afetando
o nosso planeta. Para isso, o diretor apresenta sensacionais
imagens aéreas, feitas a partir de um helicóptero que
sobrevoou 54 países. As cenas conciliam a exuberância da
natureza com áreas extremamente afetadas pelo homem,
apresentando uma série de informações assustadoras sobre
os problemas ambientais. O documentário pode ser visto no
site www.youtube.com/homeproject.

SITES

A TERRA VISTA DE CIMA CALCULADORA DE PEGADA ECOLÓGICA


E
.. O Google arth permite visualizar galáxias, cidades Descubra se seus hábitos de consumo são sustentáveis
e.atésüacasa. por meio de fotografias de satélite. ao responder às perguntas deste quiz e saiba quais
O site conta ainda com um recurso que mudanças em seu estilo de vida são necessárias para
disponibiliza vistas panorâmicas de algumas reduzir sua pegada ecológica.
regiões do mundo, o Google Street View. http://www.footprintnetwork.org/en/index.php/GFN/
http://earth.google.com/intl/pt/ page/calculators/

7 BILHÕES E CONTANDO SUSTENTABILIDADE


Neste site você confere a estimativa de quantas O portal Planeta Sustentável reúne reportagens sobre
pessoas habitam o planeta atualmente e descobre o tema produzidas pelas revistas da Editora Abril. O site
dados curiosos sobre a população atual e passada. também traz grande variedade de vídeos e infográficos.
http://www.?billionandme.org/ www.planetasustentavel.com.br

132 � GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015


UMA VERDADE LIXO A ERA DA
INCONVENIENTE EXTRAORDINÁRIO ESTUPIDEZ
(Davis Guggenheim, (Lucy Walker, João (Fran ny

O documentário O filme é um misto de


2006) jardim e Karen Armstrong, 2009)

conduzido pelo Entre 2007 e 2009, ficção, documentário


Harley, 2010)

ex-vice-presidente o artista plástico e animação. No ano


norte-americano AI brasileiro Vik Muniz de 2055, as alterações
Gore tornou-se uma foi ao maior aterro climáticas já produziram
obra de referência sobre o aquecimento da América Latina, localizado em Duque catástrofes ambientais em todo o planeta.
global e suas consequências. Ele aparece de Caxias (RJ), para montar quadros No Artico derretido, um arquivista reúne um
dando palestras que evidenciam os impactos gigantescos usando apenas sucata. acervo com toda a arte e o conhecimento
causados pelo homem ao meio ambiente. Os catadores do local posam para as fotos produzidos pela humanidade e se pergunta
Segundo o filme, os resultados poderão ser que serviram de base para que o artista como nossa sociedade foi capaz de permitir
o caos econômico, politico e sociaL Para AI reproduzisse, com o próprio lixo, imagens esses acontecimentos. A resposta vem por
Gore, m udanças são possíveis, desde que as em tamanho gigante. O documentário toca meio de histórias paralelas que se passam
pessoas melhorem seu comportamento em em temas sensíveis, como a marginalização nos dias de hoje e mostra o descaso para
relação ao meio ambiente. dos catadores e o destino do lixo. reverter a situação.

XINGU SEIS GRAUS A HISTÓRIA


(Cao Hambu rger, QUE PODEM 5!m ,tft� DAS COISAS
MUDAR O
O filme aborda a vida
2012) A HISTdRIA DAs (An n i e Leonard,
MUNDO
dos irmãos Villas­ O documentário
.?' rn"�; :M:: �il="x. 2oo8)
� ·� � ��iJj
Boas. Ainda jovens, é um projeto da
(Ron Bowman, COI'I ���� UOHAIO
\lerYo Br�sHeira

Cláudio, Orlando e Este documentário da ativista ambiental


2008)

Leonardo participam NATIONAL GEOGRAFIC é Annie Leonard, que


de uma expedição baseado nas conclusões pesquisou a lógica e
para explorar regiões remotas do interior do Painel lntergovernamental de M udanças o ciclo do consumo desde a exploração
brasileiro, em 1943- Ao encontrarem os Climáticas da ONU, que, em seu relatório das matérias-primas, passando pela
índios xavantes, eles passaram a admirar de 2001, previu um aumento de até 6 •c confecção e distribuição do produto até
seus costumes e a defender a criação do na temperatura do planeta até o final do o seu descarte. A explanação é objetiva e
Parque Nacional do Xingu, a maior reserva século. O filme aborda como as alterações didática, contando com a ajuda de simples,
indígena do BrasiL Longa oportuno para climáticas estão afetando a vida no planeta mas eficientes, animações. O filme tem
este período em que se discute o novo e recorre a efeitos de computação gráfica pouco mais de 20 minutos e pode ser visto
Código Florestal e o i mpacto ambiental de para explorar as possíveis consequências na internet: http://www.youtube.com/
grandes obras de i nfraestrutura. do aquecimento global nos próximos anos. watch?V=7qFiGMSnNjw.

LIVROS

MUNDO SUSTENTAVEL 2 - ALMANAQUE BRASIL DESENVOLVIMENTO


NOVOS RUMOS PARA UM SOCIOAMBIENTAL SUSTENTAVEL, QUE
PLANETA EM CRISE Beto Ricardo e Maura Campanili BICHO É ESSE?
An d ré Trigueiro (Ed itora Globo) (Instituto Socioambiental) José E li d a Veiga e lia Zatz
O livro é uma coletânea A publicação traz um panorama (Autores associad os)
de reportagens, artigos e dos biomas brasileiros e das ..:=o
Com uma linguagem acessível
comentários produzidos pelo questões socioambientais mais e didática, que inclui um
jornalista André Trigueiro acerca de diversos temas relevantes. Problemas decorrentes da ação humana glossário com o significado dos principais termos,
socioambientais, incluindo planejamento urbano, sobre os ambientes, como a ocupação desordenada, a obra relaciona as questões da sustentabilidade
sociedade de consumo, recursos hídricos e descarte a produção de lixo, o desmatamento e o saneamento com a ciência, a economia e a política. Os autores
de lixo. Os vários aspectos da sustentabilidade são básico, são abordados com reflexão e didatismo, com abordam diversos casos reais para facilitar o
abordados numa linguagem jornalística e acessível. o apoio de mapas e fotos. entendimento acerca do tema.

FOTOS' OIVULGAÇliO
GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015 � 133
VEJA SE VOCE ESTÃ PREPARADO PARA ENCARAR AS PROVAS DE
GEOGRAFIA RESPONDENDO A ESTE TESTE, QUE CONTÉM 29 QUESTÕES
EXTRAI DAS DOS PRINCIPAIS VESTIBULARES DO PAÍS

QU ESTÃO 1 Com base nesse mapa e em seus conhecimentos, é CORRETO afirmar:


(Mackenzie 2013) a) Somente o movimento de separação das placas tectônicas causa
Os aquíferos mais ameaçados do planeta terremotos.
A revista Nature publicou um estudo preocu pante sobre os aquíferos. b) Somente o movi mento de separação das placas tectônicas causa
Segundo o estudo, nós estamos explorando a água subterrânea e m vu lcanismo.
uma velocidad e m u ito m a i o r d o q ue a capacidade desses aqu íferos c) Em sua maioria, as zonas sísmicas e os vulcões localizam-se no
se recu perarem. Os n ú m e ros do estudo i n d icam q u e, para acom­ centro das placas tectônicas .
panhar o ritmo de exploração, os aq u íferos p recisariam ter área d) Em sua maioria, as zonas de i ntensa atividade sísmica e os vu lcões
três vezes maior. O estudo esti m a q ue, atual m ente, pelo menos local izam-se nas bordas das placas tectônicas.
1,7 b i lhão d e pessoas depende d e aq u íferos e águas su bterrâneas e) As zonas de intensa atividade sísmica se distribuem de forma aleató­
que estão ameaçados. ria, sem relação evidente com o movimento das placas tectônicas.
Bruno Calixto
Disponível em: <http://colu nas . revistaepoca.globo.com/planeta/2012/0B/12/0S QU ESTÃO 3
quiferosmais-ameacados-do-planeta/>, consu ltado em 1°/9/2012 (texto adaptado). (Enem 2012) As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos
mais antigos e arrasados por m u i tas fases d e erosão. Apresentam
I. A "Pegada H íd ri ca" de u m país representa o vol u m e total d e água uma grande com plexidade l itológica, prevalecendo as rochas meta­
util izado global m ente para prod uzir os bens e serviços consumidos m ó rficas m u ito antigas (Pré-Cam briano Médio e I nferior) . Também
pelos seus habitantes. ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares.
11. E ntre as áreas que apresentam altos índices d e escassez hídrica, São três as áreas de plataforma de cráton s no B rasil: a das G u ianas,
estão: Oriente Méd io, fndia e África. N o Oriente Médio, o vol u m e d e a Su l-Amazônica e a São Francisco.
água util izado e m i r rigação n o deserto tri plicou, e os aq u íferos da ROSS, j. L. S. Geogra fia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.
região podem se esgotar e m menos d e so anos.
1 1 1 . o B rasil e a Rússia representam áreas do p l aneta com baixa As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arca­
pressão h íd rica . bouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em
Tendo por base o tema central do texto e seus conhecimentos, minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeirasdo
analise as afirmações acima. setor de mineração e se destacam pela sua história geológica por
Assinale a alternativa correta. a) apresentarem áreas d e i ntrusões graníticas, ricas e m jazidas
a) Apenas I está correta. m i n e rais (ferro, manganês).
b) Apenas 11 está correta. b) corresponderem ao p rincipal evento geológico do Cenozoico no
c) Apenas 1 1 1 está correta. território brasileiro.
d) Apenas I e li estão corretas. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que origi naram a
e) I, li e 1 1 1 estão corretas. maior planície do país.
d) possuírem em sua extensão terrenos cristali nos ricos em reservas
Q U ESTÃO 2 de petróleo e gás natu ral.
(FGV-RJ 2013) Os terremotos, os vulcões e a formação de montanhas e) serem esc u l pidas pela ação do i ntemperismo físico, decorrente
são atividades geológicas de e n o r m e i m po rtância q u e ocorrem da variação d e temperatura.
na Terra. Observe n o mapa a local ização das zonas sísmicas e dos
pri n ci pais vu lcões. Q U ESTÃ0 4
(FGV-Adm 2013) Observe o mapa abaixo:
Variação da cobertura florestal por região 1990 - 2010

t mihlo ha

1-:--�
Perda Ganho
[j 1990-2000 1990-2000
��
âreas de maior O
..
lOXl� • 2000-2010 milh6es (ha!ano) • 2000-2010
atMdade slsmica ........__.
� ... c- .11
vvlcOes ------�· 0 África . 0 Ásla 0 Euu>pa 0 Améri<o dO None e Contrai 0 Ocean� OAmérico do Sul

IBGE, Atlas Geográfico. IBGE: Rio de janeiro, 2010, pág. 103. FAO. G l o bal Forest Resou rces Assessment, 2010.
Disponível em: http://www.fao.org/foretry/fra/62219/en/

134 -7 G EOGRAFIA VESTI BULAR 2015


Com base no mapa e em seus conhecimentos sobre o tema, é O mapa foi retirado de um sitio da i nternet_ A partir dele, al­
correto afirmar: guns cartógrafos d i scutiam propostas para representar u m
a) Entre 2000 e 2010, como resultado da recuperação de áreas degra­ determinado fenômeno espaciaL Assinale a alternativa correta
dadas e d e programas d e reflorestamento, a extensão das florestas a respeito desse fenômeno.
aumentou no continente asiático. a) Pri n c i pais centros da i n d ústria auto m o b i l ística no m u n d o,
b) Na América do S u l, d evido à expansão das fronte i ras agrícolas, voltadas para os m e rcad os i nterno e externo .
o ritmo d e d evastação florestal se acelerou entre os i n te rvalos b) Áreas com prod u ção de m atérias-pri mas para exportação.
1900-2000 e 2000-2010. c) Maiores centros produto res d e petróleo com reduzidos índices
c) E ntre 1990 e 2010, mais de 3 m i l hões de hectares de florestas foram d e c o n s u m o per capita do prod u to.
recu perados ou cu ltivados no conti nente e u ropeu. d) Regiões c o m fo rtes p ressões d e mográficas associadas a e l e­
d) E m termos m u n d iais, a parti r d e 2000, observa-se aumento d a vad os í n d i ces de n atal idade.
perda l í q u i d a d e florestas. e) Regiões q u e apresentam megalópoles já formadas o u extensas
e) A América do N o rte e Central não apresentou gan hos ou perdas áreas c o n u rbadas.
significativas em sua cobert u ra florestal e ntre 1990 e 2010, pois
toda a sua cobertura florestal se enco ntra protegida em U n i d ad es Q U ESTÃO 7
de Conservação. (FGV-RJ 2013) C o n s i d e re os segui ntes p rocessos d e d e g rad ação
a m b ie ntal d escritos abaixo:
Q U ESTÃO 5 I. A d esertificação resu I ta d a expansão d e p ráticas agro pecuárias
(U nesp 2013) Analise os mapas. p redatórias e do d e s m atamento das espécies n ativas, u sadas
MAPA l MAPA 2 para a produção de l e n ha.
1 1 . A arenização é causada pela ação dos p rocessos erosivos sobre
d e pósitos arenosos pouco c o n s o l i dados e m a m b i ente d e c l i m a
ú m i d o, e agravada p e l o manej o i nade q uado d o s s o l os .
Os biomas brasilei ros em q u e esses processos ocorrem são,
respectivamente,
a) Caat i n ga e Campos S u l i nos.
b) Caati nga e Cerrado.
c) Cerrado e Mata Atlân tica.
d) Pantanal e Mata de Araucária.
e) Ce rrado e Mata d e Arau cária.
Escala 1:50 ooo Escala 1:100 ooo
(www.ibge.gov.br) QU ESTÃO S
Considerando as escalas utilizadas nos mapas, é correto afirmar que ( U E L 2013) O m osaico botâ n i c o bras i l e i ro res u l ta da expansão
(a) o mapa 1 favorece maior detal hamento do terreno do q u e o e da retração de f l o re stas, c e r ra d o s e caat i n gas, p rovocadas
mapa 2 . pela alternância d e c l i mas ú m i d os e secos nas regiões tropicais
(b) o mapa 2 abrange u m a área menor do q u e o mapa 1. d u rante os p e ríodos glaciais.
(c) assemelham-se, pois nos d o i s casos foi util izada u m a pequena
escala. Com base n essas c o n s i d e rações, analise a tabe l a a seg u i r.
(d) retratam períodos d i ferentes d e uma mesma localidade.
!
(e) ambos os mapas apresentam o m esmo n ível d e detal he.
Bioma Temperatura Pluviosidade Solo Vegetação
I
I
média anual média anual
(•C) (mm) I

Q U ESTÃO 6 !x 25 800 Possui


nutrientes,
Arvores e
arbustos

I
(Mackenzie 2013) Observe o mapa para responder à q uestão. porém sem caducifólios
capacidade e redução
de reter da superfície

I
I
u midade foliar

y 26 1200 Acido, Arvores com


rico caules retorci·
em alumínio dos,
com
cascas grossas
e folhas
coriáceas

z 28 2000 Pobre e m Arvores de


m inerais grande porte
com folhas

I
largas e perenes
e maior
densidade
no estrato
arbustivo

GEOGRAFIA VESTI B U LAR 2015 � 135


Com base na tabela, assinale a alternativa que apresenta, cor­ Sobre esse tema, é correto afirmar:
reta e respectivamente, a sequência dos biomas representados a) A i n u nd ação das várzeas e das p l a n ícies são fenômenos q u e
pelas letras X, V e z. só ocorre m e m áreas u rbanas.
a) Caatinga, cerrado e floresta. b) Desastres n at u rais são aq u e l es q u e decorrem d e d i n â m icas
b) Caatinga, floresta e cerrado. d a natu reza, sobre as q uais os efeitos d as ações antróp i cas são
c) Cerrado, caati nga e floresta. p raticamente n u los.
d) Floresta, caati n ga e cerrado. c) N as áreas u rbanas, a i m permeabi l ização d as várzeas fac i l ita
e) Floresta, cerrado e caatinga. a ocorrência de i n u nd ações.
d) Mesmo sob cond ições c l i máticas extremas, n ão é possível a
QU ESTÃO 9 ocorrência de desl izamentos d e massa e m e n c ostas recobertas
(Fuvest 2013) Observe os gráficos. com vegetação natu ral .
e) Os danos potenciais d o s d e sastres natu rais são m e n o re s e m

Nor� t N��--��
POPULAÇÃO URBANA E RURAL DO BRASIL (em milhões de hab.)
14oJ
áreas u rbanas adensadas, n as quais a d i n âm ica d a natu reza j á
2
o
--

1 2:ç----�
·-
foi sensivelmente alterada pela ação antró p ica.

1 �

1 :b2::
udeste
o -
1950 1970 1991 2010 1 950 1970 1991 2010 Q U ESTÃO 11

i
( U nesp 2013) Analise os gráficos.
Centro-Oeste
Municípios com coleta seletiva de lixo sólido no Brasil
----
... ... .. .. .. ... .. ... ... .. ... _ ...

1970 1991 2010


0
14
I 443
1 20 405

Il o� /----- --
1950 1970 2010 327

i
1991
/"------- .. - - -----
2 7
f----·--- /------ 19�--
- PopulaçA{) urbana 1 5
.. .. ... .. ... • .. População n;r<W / 111-·
www.seriesestatisticas .ibge.gov.br.Acessado em julho de 2012.

Com base nos gráficos e em seus conhecimentos, assinale a


alternativa correta. Percentual do total dos 443 municípios brasileiros, por região,
a) Em f u n ção de pol íticas de reforma agrária l evadas a cabo n o que mantém coleta seletiva de lixo sólido, 2010
N o rte d o país, d u rante as ú lt i m as d écadas, a p o p u l ação ru ral d a
região s u p e ro u, ti m i da m ente, s u a p o p u lação u rbana. Norte
b) O a u m ento s i g n i ficativo d a p o p u lação u rbana d o S u deste, a • Centro-Oeste
partir da década de 1950, decorreu do desenvolvimento expressivo • Sudeste
do seto r de serviços e m p e q u e nas c i d ades da região.
• Sul
c) O avanço do agronegócio n o Centro-Oeste, a partir da década de
• Nordeste
1970, fixou a p o p u l ação n o m e i o r u ral, faze n d o com q u e esta su­
perasse a p o p u lação u rbana n a região, a parti r d esse período.
(www.cempre.org.br. Adaptado.)
d) Em f u n ção d a m i gração d e reto rno d e n ordestinos, antes rad i­
cados n o chamado Centro-Su l, a p o p u lação u rbana do N o rd este Com base nas i nformações fornecidas e em conhecimentos
s u perou a p o p u lação r u ral, a part i r da d écada de 1970. sobre a dinâmica do lixo sólido no Brasil, é correto afirmar que
e) A m a i o r i n d u strial ização na região S u l, a parti r d o s anos 1970, a coleta seletiva
c o n tr i b u i u para u m m a i o r c resci m e n to de s u a p o p u l ação u r­ (a) mais do q u e d o b ro u de 2006 a 2008, devido ao s u rgi m e n to d e
bana, a part i r desse período, aco m pan hado d o d ecrésc i m o d a u s i n as d e c o m postagem, s e n d o a s regiões S u l e N o rte a s mais
p o p u l ação ru ;al . ate n d i d as e m 2010.
( b) d obrou de 2004 a 2006, devido ao crescimento de cooperativas
QUESTÃO 10 de catado res de l ixo, sendo as regiões S u deste e Centro-Oeste as
(FGV-Ad m 2013) Em áreas u rbanas, a ocu pação de várzeas e planí­ mais ate n d i d as em 2010 .
cies de i n u ndação natural dos c u rsos d'água e de áreas de encosta (c) mais do q u e q u i ntupl icou d e 1994 a 2010, devido à poss i b i l i­
com acentuado decl ive tem s i d o u m a das p r i n c i pais causas d e dade d e reciclagem d e vários materiais, s e n d o as regiões S u l e
d e sastres natu rais, ocas i o n a n d o todos os anos a m o rtal idade e S u d este as mais ate n d i d as e m 2010 .
a m orbidade a m i l hares d e v ít i mas, além d e p e rd as econ ô m icas (d) tri p l icou d e 1994 a 1999, devido à rígida Pol ítica N acional d e
em termos de i nf raestr u t u ra e e d ificações. Resíd uos Sólidos {PN RS), s e n d o a s regiões S u l e S u deste a s mais
J. A. A. S I LVA et ai. O Código Florestal e a Ciência. 2011, p. l4. ate n d i d as e m 2010.
Disponível em http://www.sbpcnetorg.br/site/arq u ivos/codigo_ (e) dobrou de 1994 a 2004, devido à i nstalação de cooperativas de reei·
f lorestal_e_a_ciencia.pdf. clagem, sendo as regiões Sul e Nordeste as mais atendidas em 2010 .

136 � G EOGRAFIA VESTIBULAR 2015


Q U ESTÃO 12 Q U ESTÃO 14
(UEM 2013 - adaptada) As q u estões cli máticas afetam d i retamente ( U FTM 2013) Relató rio a m b i ental d e 2010 da O N U cal c u la q u e
o cotid iano das pessoas das mais variadas maneiras ao redor d o s o m i l h ões d e tonelad as d e p ro d utos d escartávei s e altamente
planeta. Sobre as q uestões cli máticas e seus respectivos fenômenos, tóxicos são p rod uzidas anualmente. O r i u n d os princi pal mente dos
assi nale a alternativa i ncorreta. Estados Unidos e da Eu ropa, esses produtos d escartados são levados,
a) O EI N i n o é um fenômeno cli mático regional q u e pode provocar a sobretudo, para a As ia e a Africa, onde rendem d i n h ei ro, mas geram
e levação das médias térmicas mensais e o aumento significativo das i n ú m eros problemas de saúde. A obsolescência p rogramada virou
precipitações ou longas secas. No entanto, pode adq uiri r d i mensões regra nesses produtos: nos anos go a sua vida média era d e q uatro
globais, por causa do vol u m e i m en so d e águas do Oceano Pacífico, anos, hoje, é de apenas um ano e meio.
podendo alterar os padrões c l i máticos em vários continentes. VEJA, deze m bro d e 2011. Adaptado.

b) O gran izo pode p rovocar preju ízos para a agricultura, danificar


veíc u l os, machucar pessoas e ani mais, e ntre o utros aci d e ntes. O texto refere-se a um dos problemas ambientais de mais rápido
É constituído por gotas de água congelada o u grâ n u l os d e neve crescimento no mundo, o do lixo que contém
envolvidos por uma fina camada d e gelo. (a) garrafas pet.
c) A absorção de calo r e a ci rcu lação atmosférica variam d e u m local (b) d erivados do petróleo.
para outro. Alguns dos princi pai� fatores a serem considerados nessa (c) plásticos.
variação são: a altitude, a presença de áreas u rbanas e de vegetação (d) eletrônicos.
e as correntes marítimas. (e) latas d e al u m ínio.
d) O frio que predomina nas altas montanhas, em qualquer local do pla­
neta Terra, deve-se ao ar rarefeito, que ocorre porque a pressão diminui Q U ESTÃO 15
com a altitude e reduz o poder de absorção das radiações solares. (PUC-Campinas 2013) Toneladas d e carga nos vagões da Ferrovia
e) A i nversão térmica acontece exclusivamente nos meses de inverno N o rte - Sul poderão ter menores custos. A ferrovia tam bém servirá
e d u rante a primavera. Como resu ltado do fenômeno, a c i rculação para i nterl igar as regiões N o rte e N o rdeste às do Sul e Sudeste, pro­
atmosférica local fica bloqueada por certo tem po, ocorrendo u m a movendo a i ntegração nacional. Veja no mapa como será o percurso
i nversão na posição habitual d a s camad as, com o ar f r i o permane­ desta Ferrovia quando total mente concluída.
cendo e mbaixo e o ar q u ente em c i ma. É u m fenômeno antrópico,
ou seja, da ação hu mana.
Oceano Atlântico
Q U ESTÃO 13
(Fuvest 2013) Leia o texto e observe o mapa.

Palmas '

Go1ânia

Rio de Janeiro

Em 1884, d u rante u m congresso internacional, em Washington, EUA,


Oceano Atlântico
estabeleceu-se u m pad rão m u nd i ai de tempo. A parti r de então, ficou
convencionado que o tempo pad rão teórico, nos d iversos países d o
m u ndo, seria defi n i d o por meridianos espaçados a cada 1S0, tendo (http://www.valec.gov.br/ferrovia.htm)

como origem o meridiano d e G reenwich, Inglaterra (Reino U nido). Entre as características naturais predominantes na área per­
Com base n o mapa e nas i nformações aci ma, considere a segu i n te corrida pela ferrovia d estacam-se
situação: João, q u e vive na cidade de Peq u i m, Chi na, recebe u ma (a) os c hapadões sob o d o m í n i o do c l i m a s u btropical ú m id o e
l igação telefônica, às gh da manhã de u m a segu nda-fei ra, de Maria, vegetação d e cam pos.
q u e vive na cidade de Manaus, Brasil. A q u e horas e em q u e dia da (b) as plan ícies recobertas d e m atas típicas do c l i m a eq uatorial
semana Maria telefonou? s e m i ú m id o .
a) 21h d o d o m ingo. (c) as d e p ressões m arcadas p e l o c l i m a eq u atorial e recobertas
b) 17h do d o m i ngo. de matas-galerias.
c) 21h da segu nda-fei ra. (d) as serras recobertas de campos sob influência do clima semiárido.
d) 17h da terça-feira. (e) os planaltos sob o d o m ín io do c l i m a tropical e recobertos
e) 21h da terça-fei ra. por ce rrado.

GEOGRAFIA VESTI BULAR 2015 � 137


Q U ESTÃO 16 Q U ESTÃO 18
(Mackenzie 2013) "É a desintegração das rochas da crosta terrestre (UEM 2013 - adaptada) Du rante a O l i m píada de Peq u i m, em 2008,
pela atuação de processos i ntei ramente mecâni cos . É o processo uma das maiores preocu pações do governo chi nês foi o controle da
predominante em regiões áridas, de precipitação anual m uito baixa, poluição atmosférica, para que ela não i nterferisse no desempenho
tais como desertos e zonas glaciais. N estas regiões de cond i ções dos atletas. Diante desse fato, assinale a alternativa i ncorreta rela­
c l i m áticas extremas a desagregação das rochas é controlada por cionada a questões ambientais que i nterferem em vários segmentos
variações bruscas de tem pe ratu ra, i nsolação, alívio de p ressão, d a sociedade ao red o r do planeta.
cresci m ento de cristais, conge lamento etc." a) Os p roblemas ambientais globais são n o rmalme n te d i scutidos
http://www.ebah.eom.br/ j u nto com o d esenvolvi me nto s ustentáve l . Po rtanto, a p ri n c i pal
A definição acima corresponde ameaça atual ao eq u i l íbrio a m b ie n tal n ão é o c re sci mento de­
a) ao l ntem perismo Físico, no B rasil, sua ação é predo m i nante no mográfico dos países po bres, mas s i m o alto pad rão d e consumo
Sertão N o rd esti no. d o s países ricos.
b) ao l ntem pe rismo Q u ím i co, m u ito comum na Amazônia. b) Os ecossistemas têm grande capacidade d e regen eração e re­
c) ao l ntem perismo Físico, típico d e ambientes, como os Mares de c u p e ração q uando os i m pactos ambie n tais são principalmente
M orros Fio restados. esporád icos, m uitos dos quais decorrentes d a p ró pria natureza .
d) à Laterização, processo q u ím i co, típico d a Região Centro-Oeste c) As f l o restas tro p icais estão, d e m o d o geral, asse ntadas sobre
do B rasil. solos ricos e m n utrientes . Portanto, a reti rada d a cobertu ra ve­
e) ao l ntemperismo Quím ico, m u ito comu m n o norte d o Canadá, getal não ace l e ra a ocorrê n c i a d e p rocessos e rosivos.
norte da Rússia e Centro da Africa. d) Atual m e nte, a ocorrê n c i a dos fenômenos c l i máticos E l N i n o
e La N i n a p o d e s e r p revista c o m meses d e a nteced ê n c i a, p o r
Q U ESTÃO 17 m e i o d o m o n i to ramento d a te m p e ratura d a s u p e rfície d o mar,
(PUC-RS) INSTRUÇÃO: Resolver a q uestão com base nos climogramas evitand o-se, ass i m, i m pactos socioambientais p rovocados p o r
q u e tratam da situação c l i mática de três d i ferentes cidades. e s s e s f e n ô m e nos.
e) No Sah el, os l o ngos períodos de seca, associados à i nten s i­
f i cação d o pasto reio e d o u s o agríco l a d a terra, c o n t r i b u íram
Pt&ipitação Pre<;ipitação Temperatura
Temperatura
para a desertifi cação de largas po rções de terras d o l ocal. Isso
400 ,----------------- 4(} 400 40
acarretou a s u bstituição d a cobertu ra vegetal p o r uma extensa
300 30 300
camada arenosa.
200 20 200

Q U ESTÃO 19
(UFSC 2013 - adaptada) A q uestão ambiental vem sendo d iscutida
-10 - - -- - --
-- -- -10
e m conferências m u n d iais há bastante tempo. U ma das princi pais
!_ _________________ __j -20 ;.___ -- --- -20
delas, conhecida como Conferência das Nações U n idas sobre o Meio
11 Ambiente H u mano, foi realizada em 1972, na cidade d e Estocolmo, e
contou com a presença de vários países para decidirem as ações nos
Precipitação Temperatun!
400 ------- �--------- 40 vinte anos seguintes. Em 1992, no Rio de janei ro, houve outra reunião
de avaliação relativa às ações do ú ltimo encontro. Mais recentemen­
te, na mesma cidade, o encontro conhecido como Rio+2o aval i o u o
passado e p ropôs alternativas para as p róxi mas décadas.
- ·,_.....
,.,.éllllforlr . _
----------i -10 .... ... .­
1 -20 .-....,; ao_....,
.. ....... __.....,.
... �
111

Os cli mas representados por I, 11 e 1 1 1 e as respectivas cidades estão


corretamente i n d icados em:

Cholgo de -
11 111
- Mediterrâneo - Temperado Continental - Subtropical Assinale V para verdadeiro e F para falso nas proposições abaixo
A)
( ) 1. A energia nuclear não produz emissões atmosféricas, porém os
- Valparaíso - Varsóvia - Porto Alegre

- Temperado Oceânico - Mediterrâneo - Semiárido


B)
- Nova Iorque - Barcelona - Recife custos para a extração de m i n érios ( u rân io, pl utôn i o) são elevados,
- Equatorial - Tropical Continental - Temperado Oceânico daí sua baixa util ização.
C) - Londres
( ) 2. A q u e i ma do petróleo, do carvão e, em menor escala, do gás
- Cingapura - Cuiabá

- Temperado Continental - Equatorial - Semiârido


D)
- Berlim - Manaus - Nova Orteans natural l_i bera gases poluentes na atmosfera, entre eles o clorofluor­
- Equatorial - Semiârido - Desértico carboneto, tam bém conhecido como CFC, q u e contri bui para a for­
E)
- Campo Grande � Teresina - Riad
mação de i l has de calor somente nos países em desenvolvi mento .

138 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LAR 2015


( ) 3. A formação do petróleo vem da d eposição, no fundo de lagos 2) Regular d istribu ição das chuvas d u rante o ano e tem peraturas mais
e mares, de restos de ani mais e vegetais m o rtos ao longo de mi­ amenas, com méd ias i n feriores a 18 oc e esporádica q ueda de neve.
lhares d e anos. A ação d o calor e da alta pressão provocados pelo 3) Ch uvas escassas e i rregu lares, com p rec i p i tações méd ias d e
e m p i l hamento d essas camadas poss i b i l itou reações complexas, soo a 700 m m, e tem pe ratu ras e levadas, c o m méd ias d e 28 oc.
formando o petróleo. 4) D uas estações bem marcantes: u m a c h uvosa e q u ente, com
( ) 4. O solo é o resultado da ação conjunta de agentes externos (chuva, 1 200 m m d e p rec i p i tação e méd ias tér m i cas d e 24 °C, e o utra seca
vento, u midade) e de matéria orgânica (restos d e animais e plantas). e fria, com 200 m m d e c h uvas e 17 oc de m é d i a térm i ca.
( ) s. A suinocultu ra no Brasil é u m a atividade predo m i natemente
d e pequenas p ro priedades ru rais, por isso a produção d e dejetos
suínos não tem causado danos ambientais sign ificativos.
( ) 6. A polu ição do solo tem como u m a das principais causas o uso
de produtos q u ím icos na agricultu ra, chamados de agrotóxicos.
Disponível em: < http://pilordia.blogspot.eom.br/20l2/06/reducao·doipi-as·portas­

da·rio-2o.html > (Adaptado).

QU ESTÃ0 20
(UFSC 2013 - adaptada) No debate sobre o novo Código Florestal, os
d i lemas sobre q u e Brasil o mundo precisa e o que estamos d ispostos
a constr u i r como nação n u m a perspectiva de sustentabil idade e Assinale a alternativa que contém a correta associação entre
j u stiça social, como democracia, fica em segundo plano. O d ebate a descrição climática e sua área de ocorrência.
está restrito aos l i m ites dados pelo agro negócio, entre o q u e seus (a) 1D; 2 B; 3A; 4C.
promotores acham aceitável para conti n uar s e expan d i n d o e o (b) 1C; 2A; 3 B; 4 D.
q u e a sociedade é capaz d e suportar, sem nada m udar o ru mo já (c) 1 B; 2 D; 3 C; 4A.
traçado. Na verdade, como q uestão públ ica e pol ítica, a m udança (d) 1A; 2 C ; 3 D; 4 B .
l egal do Cód i go Florestal é determi nada por u m a velha agenda de­ (e) 1C; 2 B; 3 D; 4A.
senvolvimentista, hegemon izada pelos grandes i nteresses e forças
econôm icas envolvidas na cadeia agroi ndustrial, um dos pi lares do Q U ESTÃO 22
B rasil potência emergente. Tud o q u e se fará não será n o sentido d e (Mackenzie 2013)
u m a m udança d e ru mo, m a s d e flexibil ização d e regras e condutas
para conti n uar destru indo.
Disponível e m : < http://revistaforum.eom.br/blog/2012/08/o·debate·que·falta­

sobre·o-codigo·florestal>. (Adaptado)

Assinale V para verdadeíro e F para falso nas proposições abaixo


( ) 1. Um dos debates mais acirrados sobre o novo Cód igo Florestal
d eu-se em torno da defin ição da área desti nada à mata c i l iar, pro­
tetora dos cu rsos d'água e rica em biod iversidade.
( ) 2. Depreende-se d o texto que não haverá grandes m udanças
q u anto à d estru ição das formações vegetais.
( ) 3. O d ebate sobre o Cód igo Florestal é, tam bém, uma q uestão
da preservação do regi m e p l uviométrico d os rios.
hltp:r/www .gridu.no/prog/globa! /cgiar/imagcslt wat.gif
( ) 4. A "velha agenda desenvolvimentista" se sefere ao crescimento
econômico a qualquer c usto, mesmo que seja e m detrimento da De acordo com a representação cartográfica acima, está correto
preservação da natureza. afirmar q ue:
( ) s. Conforme afirma o texto, a proposta do novo Código Florestal as­ a) Trata-se de uma projeção "cilíndrica conforme", que representa a rea­
segura o desenvolvimento com sustentabilidad e e j u stiça social. lidade espacial com extrema fidelidade, graças às novas tecnologias.
( ) 6. O n ovo Código Florestal, para o caso de Santa Catari n a, b) Corre s p o n d e a u m a abord age m cartog ráfica q u e contraria
e m n a d a altera a s i t u ação atual, d a d o q u e é u m d o s p o u co s as trad i c i o nais v i sões e u rocêntricas, com a m p l o d estaq ue aos
esta d o s c o m m e n o r í n d i c e d e d e s m atam e n to, s o b retu d o n as países do S u l, s u bdesenvolvido.
áreas l itorân eas. c) Trad u z a n ova configu ração d e u m a ordem m u lti polar, e m q u e
o s países q u e com põem o B R I CS aparecem c o m a m p l o d estaque,
Q U ESTÃO 21 proporcional à s u a i m p o rtân cia econôm i ca.
(U nesp 2013) Leia a descrição d e q u atro grandes tipos c l i máticos d) Exe m p l i fica a p rojeção de Pete rs, em q u e s e p o d e m ver os
d o B rasil e, em seguida, examine o mapa, que representa a d i visão países em relação ao seu peso d e mográfico.
regional do país em grandes tipos c l i máticos. e) D e m o n stra u m a d istorção d e l i berada, c h amada anamorfose,
1) Ch uvas entre 2 ooo e 3 ooo m m e elevadas tem peratu ras d u rante e m q u e p o d e m os d if e re n c i a r os países de a c o r d o c o m s e u s
todo o ano, com m é d ias de 26 oc. recu rsos híd ricos.

GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 *" 139


QUESTÃO 23 a) primavera e verão .
(Fuvest 2013) Observe os mapas. b) verão e outono.
c) outono e i nverno.
BRASIL · MÉDIAS C LIMATOLÓGICAS DE PRECIPITAÇÃO d) verão e i nverno.
E DE VELOCIDADE DE VENTO
e) i nverno e primavera.

I PERIOOO I
(PREDOMÍNIO DO VERÃO)
Q U ESTÃO 24
I
I
( U n icamp 2013) Escala, em cartografia, é a relação matemática
entre as d i mensões reais do objeto e a sua representação n o mapa.

I
Assim, e m um mapa d e escala 1:50 .000, uma cidade que tem 4, 5 km
d e extensão entre seus extremos será representada com
a) g c m .
b) go cm.
c) 225 m m .
d) n m m .
PERÍODO !I

I
(PREDOMINIO DO OUTONO}
QU ESTÃO 25
(Fuvest 2013) Observe o mapa.

SISTEMA AQUÍFERO GUARANI


I

I
.-----::-�
i . poços '

B
PERIODO 111
(PREDOMÍNIO DO INVERNO)

I
PARAGUAI

ARGENT A

I I
i
;

I

o �-
PERÍODO IV L________ __�:;;;:;';td��d{,_""�� """ �=:�.J
(PREDOMÍNIO DA PRIMAVERA) Ministério do Meio Ambiente . 2009. Adaptado.

Considere as afirmações sobre o Sistema Aquifero Guarani.


I. Trata-se de um corpo híd rico s u bterrâneo e transfrontei riço q u e

I abrange parte d a Argenti na, do Brasil, do Paraguai e d o U ruguai.


1 1 . Representa o mais i m po rtante aq u ífero d a porção meridional

II
do conti nente su l-americano e está associado às rochas cristal i nas
do Pré-Cam briano.
1 1 1 . A grande i n c i d ência de poços q u e se observam na região A é
explicada por sua menor profundidade e inte nsa atividade econô­
m ica nessa região .
o 1500 km
I • IV. A baixa i nci d ê n c i a d e poços na região i n d i cada pela l etra B

II
deve-se à existência, aí, de u m a área de cerrado com predomínio
d e planaltos.
PRECIPITAÇÃO VENTO (50 m de altura)
TOTAL SAZONAL, mm VELOCIDADE MÉDIA SAZONAl, m/s Está correto o que se afirma em
.__
_ _____ ______ __ ----�·-- � - - ----- ----------- -- --
- -�--· -- ---J'
a) I, 1 1 e 1 1 1, apenas.
Os períodos d o ano q u e oferecem as m e l hores condições para a b) 1 e 1 1 1, apenas.
produção d e energia h id relétrica no Sudeste e energia eólica n o c) 1 1, 1 1 1 e IV, apenas.
N o rd este são aqueles e m q u e predo m i nam, n essas regiões, res­ d) li e IV, apenas.
pectivamente, e) 1, 1 1, l l l e IV

140 � GEOGRAFIA VESTI BU lAR 2015


Q U ESTÃO 26 postas por essas conferências têm por finalidade o desenvolvimento
(UEL 2013) As i novações tecnológicas poss i b i litam a mod ificação sustentável, o q ual se refere a um modelo de
do espaço geográfico, como é o caso do projeto de transposição (a) consumo q u e vise atender às necessidades das gerações p re­
do Rio São Francisco. sentes, s e m c o m p ro m eter o ate n d i m ento às n ecessidades das
Sobre essa transposição, atri bua V (verdadeiro) ou F (falso) às afi r­ gerações futuras.
mativas a seg u i r. (b) desenvolvimento social e econôm ico q u e objetive a satisfação
( ) O bj etiva sol u c io n a r p ro b l e m as a m b i e ntais d o s e m i á r i d o financeira e cultu ral da sociedade.
nord estino. (c) consu mo excessivo dos recursos natu rais, com vistas à preserva­
( ) Objetiva aumentar a navegabilidade do Rio São Francisco, com ção, para as gerações futu ras, das espécies animais e m exti nção .
a construção de novas hid rovias. (d) d esenvolvimento global q u e d i s po n ha dos recu rsos naturais
( ) É necessária porq u e o semiárido nordestino é desprovido d e para suprir as necessidades d a geração atual.
lençóis s u bterrâneos . (e) desenvolvimento global que incorpore e priorize os aspectos do
( ) Pretende sanar a deficiência h íd rica de regiões do semiárido, d esenvolvi mento econômico.
transferindo água para o abasteci mento de açudes e rios menores.
( ) Retoma as primeiras p reocupações com a seca do sem iárido QU ESTÃO 29
nordestino, que remontam ao período d e Dom Pedro 1 1 . (UEL 2013) O b serve a figura e leia o texto a seg u i r.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência


correta.
a) V, V, F, F, V.
b) V, F, F, V, V.
c) F, V, V, F, F.
d) F, V, F, V, V.
e) F, F, V, V, F.

QU ESTÃ0 27
(Unicamp 2013) O esquema abaixo representa a entrada de u m a
frente fria, u m a condição atmosférica m uito comu m, especialmente Molde de corpo petrificado. Pom peia.
nas regiões S u l e Sudeste do B rasi l. Sobre essa cond ição é correto Caíam ci nzas nos navios, q u anto mais se aproximava, mais q uentes
afi r mar q ue: e mais densas. Pedras-pomes e negras, quei madas e quebradas pelo
fogo e a praia i nacessível pelo d esmanchar d o m onte.
(Adaptado de: Carta de Plínio. Disponfvel em:
i
Massa de ar quente I < http://www.culturaclasica.com>. Acesso em 27/4/2012.)

!
I A figu ra apresenta o molde de um corpo petrificado pela ação d o
I vu lcão Vesúvio q u e ati ngiu Pom peia e m 79 d .C. O fenô m e no foi
observado por Plín io, o Velho, de sua em barcação.
4001<m
Com base na figura, no texto e nos conhecimentos sobre fenômenos
a) É típica de inverno, quando massas frias atravessam essas regiões, naturais, considere as afi rmativas a seguir.
p rovocando i nicialmente u m a precipitação e, na seq uência, q ueda I. A intensidade de fenômenos naturais, como a dos vulcões, indepen­
d a tem peratura e tempo mais seco. de do n ível de desenvolvimento técnico e econômico dos países.
b) Trata-se da c hegada de u m a massa q u ente, q u e ocorre tanto 11. Devido às transformações tecnológicas, fenômenos como terre­
no verão q uanto no i nverno, p rovocando i ntensas ch uvas, sendo motos, vulcões e mesmo tsunâmis são passíveis de ser monitorados,
c o m u n s a ocorrência de tem pestades e o aumento significativo m i n im izando possíveis catástrofes.
na temperatu ra. 1 11. No caso de v u l cões de tipo p l i n iano, como o Vesúvio, alguns
c) O contato entre as massas de ar i n d i ca fortes c h uvas, de tipo fenômenos antecedem sua erupção, tais como abalos sísmicos,
orográficas, que permanecem estacionadas num mesmo ponto liberação de gases, ci nzas e pedras-pomes.
d u rante vários d ias . IV. Terremotos, vu lcões e tsu nâmis são fenômenos i ntensificados
d) As preci pitações de tipo convectivas ocorrem especialmente nos pela ação antrópica e mesmo com toda a tecnologia ainda são
meses de verão, sendo c o m u m a ocorrência de chuvas de granizo i m p revisíveis.
n o final d a tarde.
Assinale a alternativa correta.
QU ESTÃO 28 a) Somente as afirmativas I e 11 são corretas.
(Unesp 2013)As manchetes de jornal de junho de 2012 enfatizaram a b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. c) Somente as afirmativas 1 1 1 e IV são corretas.
A Rio+20, como ficou conhecida, tinha o desafio de dar conti nu idade d) Somente as afirmativas I, 11 e 1 1 1 são corretas.
à conscientização global que teve início na Rio 92. As d i retrizes pro- e) Somente as afi rmativas 1 1, 1 1 1 e IV são corretas.

GEOGRAFIA VESTIBULAR 2015 � 141


RES POSTAS E CO M E NTÁR I OS
QUESTÃO l QUESTÃ0 4
A afirmativa I está correta. O conceito "Pegada Hídrica", surgido no início Observando o mapa e analisando as informações con tidas nos gráficos,
do século XXI, é definido como sendo o volume total de água utilizado para é possível afirmar que, entre 2000 e 2010, a cobertura florestal na Asia
produzir bens e serviços consumidos pelo indivíduo, pela comunidade ou aumen tou. Tal crescimento pode ser creditado à recuperação de áreas
produzidos pelas empresas. degradadas e à implantação de programas de reflores tamento em áreas
A afirmativa 11 está correta. O clima é um dos fatores determinantes para devastadas. Na América do Sul, entre os intervalos de 1990-2000 e 2000-
a abundância ou escassez de água em uma região. Onde predominam os 2010, o ritmo de devastação florestal sofreu pequena redução, apesar de
climas desérticos e semiáridos, como no Oriente Médio e norte da Africa, a o nível permanecer elevado. Utilizando a escala informada, percebe-se que
escassez hídrica é maior. Atualmente, além da questão climática, o crescimento na Europa en tre 1990 e 2010 foram recuperados ou cultivados menos de
demográfico e a questão ambiental são fatores que atuam na disponibilidade 3 milhões de hectares. Analisando os gráficos, nota-se, a partir de 2000, uma
de água potável. Quando o uso excede o abastecimento natural por um longo diminuição da perda líquida de florestas. E, por fim, não é correto afirmar
período, os níveis de água subterrânea caem. que toda a cobertura vegetal das A méricas do Norte e Cen tral estejam
A afirmativa 111 está correta. O Brasil e a Rússia, em função de sua grande extensão protegidas em Unidades de Conservação.
territorial, dos tipos climáticos predominantes e da ocorrência de aquíferos, Resposta: A
estão entre os cinco países que apresenta a maior disponibilidade de água.
Resposta: E QUESTÃ0 5
No primeiro mapa, cada centímetro representa 500 m etros no terreno
QUESTÃ0 2 mapeado. No segundo, cada centímetro representa 1000 metros. Dessa
A crosta terrestre não é uma capa rochosa contínua, mas um conjunto de placas forma, o mapa 1 apresenta mais detalhes, e o mapa 2 abrange uma área
dispostas sobre o manto. Nas áreas de encontro das placas, a crosta é mais frágil, maior que a do mapa 1.
permitindo o escape de magma, dando origem a vulcões. Além disso, por causa Resposta: A
da movimentação das placas, a crosta fica sujeita a terremotos. Ao observar
o mapa, é possível notar que as principais zonas de atividade sísmica intensa QUESTÃ0 6
estão sobre os limites das placas tectônicas. Outra observação importante é As áreas destacadas no mapa indicam regiões de aglomerações urbanas.
que terremotos e vulcanismo podem ocorrer quando as placas tectônicas se Algumas dessas regiões deram origem às megalópoles. Uma megalópole
separam, se chocam ou deslizam uma ao lado da ou tra. é o conjunto de m etrópoles interligadas, a b rangendo extensas áreas
Resposta: D geográficas den tro de um mesmo país, podendo se estender por países
vizinhos. No mapa, en tre outras, estão destacadas as megalópoles norte­
QUESTÃ0 3 a mericanas de Boston-Washington, San Oiego-San Francisco, Chicago­
Os crá tons apresentam idade geológica bastante avançada (mais de Pittsburgh; a megalópolejaponesa, que engloba as metrópoles de Tóquio,
500 milhões de anos) e são blocos estáveis da crosta terrestre, sobre os Yokohama e Osaka; as megalópoles europeias da Grande Londres, da
quais se assentam ou tras estruturas. Quando a rocha do embasamento está Grande Paris e ao longo do eixo Reno-Ruhr, que em conjunto formam uma
exposta, recebe o nome de escudo, quando está recoberta por sedimentos megalópole transnacional. Já a área destacada em território brasileiro
é chamada de plataforma. No Brasil, as regiões cratônicas dos escudos corresponde à futura megalópole São Pdulo-Rio de janeiro, que abrangeria
cristalinos das Guianas e Sul-Amazônica são ricas em jazidas minerais, a macrometrópole paulista, passando pelo Vale do Paraíba até alcançar a
conforme descrito na alterna tiva A A Serra do Navio, no Amapá, que fica região metropolitana do Rio de janeiro.
na região cratônica das Guia nas, possui reservas de manganês. }á a Serra Resposta: E
dos Carajás, no Pará, que está na região cratônica Sul-Amazônica, é rica
em minério de ferro. QUESTÃ0 7
As jazidas de petróleo e gás natural, mencionadas na alternativa O, estão No domínio morfoclimático da caatinga, a vegetação é formada basicamente
depositadas nas bacias sedimentares. Elas são depressões no relevo preenchidas por plantas adaptadas a climas secos (xerófitas). A extração de madeira
por sedimentos e ficam assentadas sobre estrutura geológica mais an tiga. da caatinga para a produção de carvão vegetal e lenha, além da pecuária
Quando a sedimentação ocorre em um ambiente rico em microrganismos, extensiva, é responsável pela desertificação desse domínio, levando à
como um mar ou um lago, é possível encontrar petróleo e gás natural. redução da cobertura vegetal e ao surgimento de terrenos arenosos.
As ações de erosão e intemperismo físico, mencionadas nas alternativas C e já o processo de arenização vem ocorrendo e m áreas do domínio
E, não contribuíram para a formação das regiões cratônicas. O intemperismo morfoclimático das Pradarias, mais especificamente no sudoeste do Rio
físico, inclusive, está associado à variação de temperatura diária e entre as Grande do Sul. Os solos são arenosos, sobrepostos aos derramamentos
estações do verão e inverno. As regiões cratônicas das Guianas e Sul-Amazônica basálticos, e de baixa fertilidade. Devido à intensa utilização dos solos e
estão localizadas em ambiente de clima equatorial, com temperaturas médias sua exposição a processos erosivos, ocorre o fenômeno da arenização, que
elevadas e baixa amplitude térmica diária e sazonal. leva à formação de bancos de areia.
Resposta: A Resposta: A

142 -7 GEOGRAFIA VEST I B U LA R 2015


QUESTÃO B a superfície de infiltração, o que potencializa a ocorrência de inundações.
O bioma X apresenta temperatura média de 2S ·c e média pluviométrica As ações a ntrópicas, ou seja, derivadas da atividade humana, intensificam
de Boa milímetros anuais, ou seja, tem um clima quente e seco, ou tropical a ocorrência de desastres naturais. Vale ressaltar que eventos climáticos
semiárido. Em razão das elevadas temperaturas médias, o solo não consegue extremos podem, sim, a fetar encostas recobertas com vegetação natural
capacidade de reter umidade. A vegetação, adaptada ao clima semiárido, e causar deslizamentos.
é composta principalmente de arbustos caducifólios e espinhen tos. Com Resposta: c
essas características, trata-se da caatinga.
O bioma Y apresenta características de clima tropical, com solo bastante QUESTÃO ll
ácido e com poucos n utrientes. Em algumas áreas desse bioma, o solo Analisando os gráficos, n o ta-se que n o período 1994-2010 o núm ero de
apresenta excesso de hidróxidos de ferro ou de alumínio, o que prejudica municípios com coleta seletiva mais que quintuplicou, passando de 81 para
sua fertilidade. A vegetação é composta basicamente de plantas herbáceas 443. já entre as regiões brasileiras, as que apresentam o maior número de
e árvores esparsas, de caules grossos e retorcidos. O bioma Y representa municípios com coleta seletiva são Sudeste, com so%, e Sul, com 36%.
o cerrado. Resposta: c
O bioma Z apresenta elevada temperatura média e alto índice pluviométrico.
Boa parte dos solos que compõem esse bioma apresenta baixa fertilidade. QUESTÃ0 12
A vegetação se apresenta de forma exuberan te, com árvores de grande A alternativa incorreta é a E. A inversão térmica é comum durante o inverno,
porte, latifoliadas e perenifólias. As características descritas no bioma Z quando no início da manhã o ar próximo à superffcie se torna mais frio que
correspondem à floresta, especificamente à floresta equatorial. o da camada superior, invertendo assim a disposição das camadas de ar
Resposta: A quente próximas à superfície e fria nas camadas superiores, impedindo

a movimentação ascendente do ar. Tra ta-se, portanto, de um fenômeno


QUESTÃ0 9 natural que independe da ação humana e pode ocorrer tanto em zonas
Com base nos gráficos, é possível afirmar que a população urbana supera a urbanas quanto em zonas rurais. Ele desaparece quando a temperatura
população rural em todas as regiões brasileiras. A migração da população do ar próximo à superfície aumenta. Nas cidades, o fenômeno da in versão
do campo para a cidade é uma tendência global e irreversível. A partir do térmica agrava o problema da poluição atmosférica, uma vez que sem o
governo Getúlio Vargas (1930-194S), com a adoção de uma política econômica movimento ascendente do ar não há dispersão dos poluen tes.
baseada na industrialização, começou a ocorrer o processo de urbanização Resposta: E
da população brasileira.
No Sudeste, a urbanização foi reflexo da modernização econômica em QUESTÃ0 13
grandes centros urbanos da região. No Sul, o processo de urbanização se O movimento de rotação terrestre foi u tilizado para a determinação dos
acelera a partir da década de 1970, com a substituição de lavouras de café fusos horários. Sabe-se que, num período de 24 horas, a Terra, girando de
por soja, pela crise enfrentada pela agricultura familiar e pela intensificação oeste para leste, desloca-se 360". Ou seja, a cada hora a Terra percorre 1S" em
da a tividade industrial nos estados da região. Na década de 1980, Paraná e seu deslocamento ao redor de seu eixo. Com base nesse cálculo, dividiu-se
Rio Grande do Sul já apresentavam mais de Bo% de sua população vivendo a superfície terrestre em 24 fusos horários, delimitando-se o primeiro deles
em ambientes urbanos, o que corrobora a alternativa E. a partir do meridiano de Green wich, contando 7"30' a leste e 7"30' a oeste
A construção da cidade de Brasília, no Cen tro-Oeste brasileiro, contribuiu deste. Segundo o enunciado, João vive em Pequim, cidade situada no fuso
para que a população urbana começasse a aumentar mais rapidamente de 120"L, conforme assinalado no mapa, e recebe uma ligação telefônica de
n a região. Além disso, n a década de 1970, a agricultura comercial s e Maria, que vive em Manaus, cidade situada no fuso 6o"O, às 9h da manhã
modernizou. Como a s fazendas d e soja e pecuária altamente mecanizadas de uma segunda-feira. Se Maria está no fuso 6o"O e João está no fuso 120"L,
pouco con tribuem para fixar o homem no campo, os trabalhadores foram a distância entre eles é de 180", ou 12 fusos horários. O que equivale a uma
estimulados a migrar para o setor de serviços e comércio nos centros diferença de 12 horas en tre as cidades de Manaus e Pequim. Assim, tendo
urbanos da Região Centro-Oeste. João recebido a ligação às 9h de segunda-feira, é correto afirmar que Maria
Entre os anos 19SO e 1980, a Região Nordeste ficou marcada pela migração realizou a chamada às 21h de domingo.

em direção às demais regiões brasileiras, notadamente a Sudeste, que Resposta: A


apresen tava ritmo de crescimento econômico mais acelerado. Na década de
1990, o fluxo de nordestinos em direção aos estados do Sudeste foi menor QUESTÃ0 14
do que em décadas anteriores e houve crescimento do fluxo de imigrantes A partir dos anos 1980, a quan tidade de produtos eletrônicos produzidos
nordestinos retornando para a cidade de origem ou capital do Nordeste. tem sido cada vez maior. Computadores, aparelhos de telefonia celular e
O crescimento da população urbana da Região Nordeste é resultado do televisores, em função da obsolescência, são trocados com muita frequência.

crescimento vegetativo, da migração com destino às áreas urbanas (êxodo Tanto os equipamentos eletrônicos quanto as pilhas e baterias, se não forem
rural) e da chamada migração de retorno. corretamente descartados, provocam danos ambientais e representam

Resposta: E riscos de contaminação por metais pesados para a população. Estados


Unidos e países europeus têm exportado o chamado "e-lixo" para países
QUESTÃO lO africanos e asiá ticos. Na maior parte dos países que recebem o "e-lixo",
No período das cheias, a calha d e muitos rios não suporta o escoamento de a sua reutilização ou mesmo reciclagem são realizadas sem as devidas
um volume maior de chuvas, e, naturalmente, as águas passam a ocupar a preocupações sanitárias e ambientais - rendendo dinheiro, mas também
várzea, também chamada de planície de inundação. Nas áreas urbanas, as provocando inúmeros problemas de saúde.

várzeas dos rios são muitas vezes ocupadas por ruas e avenidas, reduzindo Resposta: D

G EO G RAFIA VESTIBULAR 2015 � 143


QUESTÃ0 15 A alternativa E está correta. A região do Sahel corresponde à borda do deserto do
O trecho da Ferrovia Norte-Sul destacado no mapa, desde Barcarena n o Saara, na Africa, com clima semiárido e vegetação xerófila, que vem sofrendo
estado d o Pará, até Ouro Verde, no estado d e Goiás, atravessa o s dominios com o processo de desertificação provocado por uma combinação entre fatores
morfoclimáticos Amazônico e do cerrado. O trecho correspondente ao dominio naturais e outros decorrentes da ação humana.
amazônico está restrito praticamente ao território do estado do Pará. Quando Resposta: C
a ferrovia alcança o estado do Maranhão, aden tra uma pequena faixa de
transição, e, posteriormente, já no Tocantins e em Goiás, a ferrovia atravessa QUESTÃ0 19
o dominio do cerrado. Assim, de acordo com o enunciado, as caracteristicas A proposição 1 está incorreta. A principal vantagem da energia nuclear é a não

naturais predominantes corresponderão às caracteristicas do cerrado: clima utilização de combustiveis fósseis e, portanto, não gerargases de efeito estufa
predominantemente tropical, presença do planalto central brasileiro com relevo na produção de eletricidade. Os custos da extração de minérios (urânio, plutônio)
plano e ondulado, onde prevalecem as chapadas e os chapadões, e vegetação não são impeditivos para a utilização de energia nuclear. Alguns dos fatores que,
composta basicamente de plantas herbáceas e arbóreas. eventualmente, provoquem restrições à utilização da energia nuclearsão: o risco
Resposta: E de acidente; a produção de residuos radioativos que necessitem de estocagem
adequada para evitar acidentes radioativos; utilização para fins bélicos; e o alto

QUESTÃ0 16 custo de investimento inicial e de manutenção das usinas nucleares.


Denomina-se intemperismo o conjunto de ações que produzem a desagregação A proposição 2 está incorreta. O CFC não resulta da queima de combustiveis
fisica e a decomposição quimica dos minerais das rochas. A ação dos ventos, a fósseis. O gás CFC (clorofluorcarbono) é utilizado como fluido de refrigeração em
erosão eólica e a grande variação de térmica, sejam diárias, sejam no decorrer geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, como solvente nas embalagens de
das estações do ano, que provocam a dilatação e a contração das rochas, aerossóis e nas espumas plásticas, sendo o principal responsável pela destruição
ocasionando a desagregação fisica de seus minerais, são os principais agentes da camada de ozônio. As ilhas de calor, fenômeno tipico das aglomerações
do intemperismo fisico, que é caracteristico de regiões onde predominam climas urbanas, resultam da elevação de temperaturas médias nas áreas urbanizadas
secos e onde a amplitude térmica é alta. O intemperismo quimico acontece em comparação com áreas vizinhas.
pela ação da água. Tanto a água das chuvas quanto a dos rios se infiltram nas A proposição 5 está incorreta. A suinocultura no Brasil é uma a tividade
fissuras das rochas, provocando a dissolução destas. O enunciado faz referência predominante de pequenas propriedades rurais. Há algumas décadas os
a processos mecânicos, portanto intemperismo fisico. Como as áreas de dominio dejetos suinos não constituiam fator preocupante, pois a concentração de
de Mares de Morros apresentam o predominio de clima tropical úmido, a animais era pequena e o solo das propriedades tinha capacidade para absorvê·
alternativa C pode ser descartada. O texto de apoio menciona regiões áridas los ou eram utilizados como adubo orgânico. Porém, o desenvolvimento da
de precipitação baixa, o que confere com o sertão nordestino. suinocultura trouxe a produção de grande quantidade de dejetos, que, pela
Resposta: A falta de tratamento adequado, se transformaram numa das maiores fontes
de poluição de mananciais.
QUESTÃ0 17 Resposta: F F V V F V
Os climogramas apresentados têm as seguintes caracteristicas:
Climograma 1: Temperaturas elevadas, pequena amplitude térmica anual e QUESTÃO lO
chuvas abundantes o ano todo caracterizam o clima equatorial. A proposição 3 está incorreta. Regime pluviométrico é basicamente a distribuição
Climograma 11: Temperaturas médias elevadas e alternância entre as estações das chuvas no decorrer de um ano. Na realidade, o debate sobre o Código
secas (inverno) e úmidas (verão) caracterizam o clima tropical. Florestal apresenta, entre outras questões, a proposta de redução das áreas
Climograma 111: Temperaturas médias em torno de 15 ·c a 20 ·c no verão e por de preservação permanente e os consequentes prejuizos para os rios e seus
volta de 5 •c no inverno e chuvas bem distribuidas durante o ano caracterizam respectivos regimes fluviométricos.
o clima temperado oceânico. A proposição 5 está incorreta. De acordo com o texto, a mudança legal do Código
Portanto, a combinação de climas e cidades que se adequam à descrição acima Florestal obedece a uma velha agenda desenvolvimentista, na qual prevalecem
é apresentada pela alternativa C. os interesses de forças econômicas envolvidas na cadeia agroindustrial. Como
Resposta: c o descrito no texto: "Tudo que se fará não será no sentido de uma mudança de
rumo, mas de flexibilização de regras e condutas para continuar destruindo".
QUESTÃO lB Assim, o texto critica o direcionamento do Código Florestal, que acaba por
A alternativa A está correta. Os paises desenvolvidos, com menos de2o% do total da favorecer a agroindústria.
população mundial, são os responsáveis pelo consumo deaproximadamenteBo% de A proposição 6 está incorreta. O estado de Santa Catarina foi marcado por intensa
toda a matéria-prima, energia e alimentos produzidos ou extra idos da natureza. exploração de seus recursos naturais para a extração madeireira, formação de
A alternativa B está correta. De fato, os ecossistemas têm grande capacidade pastos e áreas de cultivo e para a exploração mineral. Vale ressaltar que Santa
de recuperação quando há impactos esporádicos decorrentes da natureza. já Catarina está inserida 100% no bioma mata Atlântica, do qual hoje restam, no
as atividades humanas provocam impactos ambientais continuas, não dando estado, aproximadamente apenas 12%.
tempo para a regeneração dos ecossistemas. Resposta: V V F V F F
A alternativa C está incorreta. Em uma floresta, a cobertura vegetal impede o choque
direto das chuvas no solo, diminuindo a velocidade de escoamento superficial, QUESTÃ0 2l
protegendo o solo dos agentes do intemperismo e evitando a erosão. A descrição 1 corresponde ao clima equatorial, caracterizado pelas altas
A alternativa O está correta. Com o auxilio de equipamentos que monitoram temperaturas e chuvas abundantes durante todo o ano, além de baixa amplitude
a temperatura das águas superficiais do Pacifico, é possivel adotar medidas térmica e elevada umidade do ar.
para enfrentar os problemas gerados pela alteração climática. A descrição 2 corresponde ao clima subtropical, que apresentagrandeamplitude

144 � GEOGRAF I A VESTI BULA R 2015


térmica - invernos frios e verões quentes - e um regime de chuvas que não de melhor distribuir as águas na Região Nordeste, o projeto de transposição

varia muito durante o ano. do rio São Francisco visa a minimizar ou mesmo solucionar os problemas
A descrição 3 corresponde ao clima semiárido, caracterizado por temperaturas ambientais relacionados à seca. O projeto de transposição do rio São Francisco

médias anuais superiores a 2S "C, podendo apresentar alta amplitude térmica prevê a construção de canais de ligação, dutos e bombeamento das águas

devido à baixa umidade do ar. A pluviosidade anual é baixa e irregularmente do São Francisco para abastecer açudes e rios menores. Vale lembrar que

distribuída no decorrer do ano. a transposição do rio São Francisco é um projeto inicialmente pensado no

A descrição 4 corresponde ao clima tropical, que apresenta invernos secos e século XIX por dom Pedro 11.

frios e verões quentes e chuvosos. Sobre as duas afirmações incorretas, cabe ressaltar que obras de melhorias pa.ra

No mapa, as letras A, 8, C e o indicam, respectivamente, o clima subtropical, a navegabilidade do São Francisco não fazem parte do projeto de transposição.

semiárido, equatorial e tropical. Além disso, a vegetação do semiárido nordestino, a caatinga, apresenta

Resposta: B múltiplas adaptações que vão desde a perda de folhas até as longas raízes
que se aprofundam em busca de lençóis subterrâneos de água. Aliás, alguns

QUESTÃ0 22 especialistas defendem a ampliação do uso desses reservatórios subterrâneos

A representação cartográfica apresentada é denominada anamorfose. Em em vez do projeto de transposição.

uma anamorfose, o objetivo principal é a visualização quantitativa de dados Resposta: B


ou das informações apresentadas. Na representação cartográfica em questão,
as distorções são propositais e guardam relação direta entre a disponibilidade QUESTÃ0 27
de recursos hídricos e o tamanho do país representado. Ou seja, quanto maior a Conforme o enunciado, trata-se de uma frente fria que se forma quando uma
representação de um país, maior será a disponibilidade de recursos hídricos. massa de ar frio polar avança em direção a uma massa de ar quen te. Ao se

Resposta: E encontrarem, a massa de ar frio empurra a massa quente para altitudes maiores,
provocando chuvas frontais, queda de temperatura e em seguida tempo mais

QUESTÃ0 23 frio e seco, típico do inverno, conforme descrito na alternativa A.

Pressupõe-se que os períodos que oferecem as melhores condições para a As chuvas orográficas, mencionadas na alternativa C, são provocadas pelo relevo.

produção de energia hidrelétrica e energia eólica sejam aqueles em que a Elas ocorrem quando uma massa de ar úmida depara com uma montanha. A

quantidade de chuvas e a velocidade dos ventos são maiores, respectivamente. massa de ar úmida ao ganhar altitude perde temperatura e umidade, que cai

Os mapas apresentados indicam que os índices de pluviosidade no Sudeste sob a forma de chuva nas encostas.
são maiores no verão e que a velocidade dos ventos no Nordeste são maiores As precipitações de tipo convectivas, descritas na alternativa O, são típicas do

no inverno. verão brasileiro. Esse tipo de chuva ocorre pela ascensão do ar mais leve, que, ao

Resposta: D ganhar altitude, perde temperatura, condensando o vapor de água presente no


ar, que acaba por precipitar. Apesar de a alternativa O apresentar informações

QUESTÃ0 24 corretas, elas não correspondem ao esquema apresentado.

De acordo com a escala, cada 1 centímetro no mapa equivale a soa metros Resposta: A
(so.ooo em) na realidade. Assim, uma cidade que tem 4,5 km (4.soo metros ou
4SO.ooo em) entre seus extremos será representada com 9 centlmetros. QUESTÃ0 28
1 em ·--· so.ooo em X = 4SO.ooo/so.ooo No fim da década de 1980 foi publicado pela ONU, através da Comissão Mundial

X ---····· 4SO.ooo em X= g cm sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, o Relatório Brundtland. Com esse

Resposta: A relatório, criou-se a noção de desenvolvimento sustentável, aquele que atende


às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações

QUESTÃ0 25 futuras atenderem às próprias necessidades.

O Aquífero Guarani, um dos maiores aquíferos do m undo, estende-se por Resposta: A


mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, ocupando territórios do Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai. Estima-se que a recarga natural por parte das QUESTÃ0 29
águas das chuvas possibilite abastecer milhões de pessoas, continuamente, A afirmativa I está correta. Como o vulcanismo está relacionado a fendas na

sem comprometer suas reservas. As regiões A e B assinaladas no mapa crosta terrestre e não depende da ação humana, ele pode ocorrer em países

correspondem às áreas de afloramento do sistema. A quantidade de poços como Japão e Guatemala, que possuem nível de desenvolvimento diferente.

em A está diretamente relacionada à necessidade de uso, ou seja, quanto A afirmativa 11 está correta. Mesmo com algumas limitações, os geólogos estão

mais populosa e mais intensa forem as atividades econômicas desenvolvidas, avançando nas pesquisas para prever terremotos com mais precisão. Muitos

maior será o número de poços perfurados. Na região "B'; o reduzido número países que podem ser afetados por tsunamis já dispõem de alertas para avisar

de poços não guarda relação com as características físicas da área, mas com a população sobre a chegada de uma onda gigante.

a baixa necessidade de captação de água junto aos afloramentos do aquífero A afirmativa 111 está correta. A atividade vulcânica pode ser precedida de alguns

na região. Vale ressaltar que o Guarani está situado em terrenos sedimentares, fenômenos. A erupção catastrófica do Vesúvio, conforme descrito na página 31,

e não em escudos cristalinos, conforme afirma a proposição 11. foi antecedida por um forte tremor e pela liberação de densas cinzas.

Resposta: B A afirmativa IV está incorreta. A ocorrência de tsunamis, terremotos e vulcanismo


depende da disposição das placas tectônicas e nada tem a ver com a ação do

QUESTÃ0 26 homem. Conforme mencionado na afirmativa li, já há progressos na previsão

Com o uso de tecnologias apropriadas é possível amenizar os problemas em desses fenômenos.

relação à escassez hídrica do semiárido nordestino. Assim, com o objetivo Resposta: D

G EOGRAFIA VESTI B U LA R 2015 � 145


2500 a.C. Mapa de Ga·Sur I 2009 Mapas da1 Nasa
Embora haja evidências de que o homem pré­ I A partir do século XVIII, os mapas ganharam maior precisão
histórico já demarcasse a localização de seu entorno I com os avanços da astronomia e da geometria. Atualmente, as
em gravuras nas cavernas, o mapa mais antigo de I imagens obtidas por satélite ajudam os cartógrafos a reproduzir
que se tem notícia é o de Ga-Sur. Originalmente I grande riqueza de detalhes. Em junho de 2009, a Nasa, a agência
desenhado em uma placa de argila cozida, a figura I espacial norte-americana, divulgou imagens do mais completo
mostra o vale do rio Eufrates, na antiga Mesopotâmia, I levantamento da superfície terrestre já realizado, que abrange
região que corresponde ao nordeste do lraque. I 99% da área do planeta.
I
I
1569 Mapa de Mercator
530 a.C. Mapa de Anaximandro O cartógrafo belga Gerardo
Na Grécia antiga, houve grande evolução Mercator criou um sistema de
dos mapas. O filósofo Anaximandro foi projeção cilíndrico que conseguia
pioneiro ao representar o mundo de modo representar a superfície esférica do
um pouco mais realista. Em forma circular, planeta em um mapa retangular
o mapa mostrava o mar Mediterrâneo plano, o que facilitou a navegação.
(à esquerda) e os três continentes Mesmo com distorções nos polos,
I
conhecidos em volta - Europa, As ia e Africa. o mapa de Mercator forneceu as
�- - - - - - - -� principais diretrizes para a produção
I cartográfica que conhecemos hoje.
I
I
200 a.C. Mapa de
Eratóstenes 1507 Mapa de
Com Eratóstenes, a produção de Waldseemüller
mapas passou a adotar métodos A cartografia ganhou novo impulso
mais científicos. O matemático durante a Era das Navegações. A
_grego foi o primeiro a calcular partir do século XIII, começaram
a circunferência terrestre e a a surgir as cartas portulanas -
incorporar paralelos e meridianos mapas feitos por navegantes com
nas representações cartográficas. anotações de rotas e distâncias. Os
Apesar das distorções na escala, o portulanos serviram de referência
mapa já apresentava o continente para que o cartógrafo alemão Martin
.. - - - �
asiático maior.
I Waldseemüller criasse um dos
I primeiros mapas a mostrar a América
�- - - - - - - -� I

150 Mapa de Ptolomeu 600 Mapa de lsidoro


O astrônomo e matemático de origem A forte religiosidade na Idade Média
grega Cláudio Ptolomeu é o mais retardou a evolução dos mapas, que
influente cartógrafo da Antiguidade. pass�ram a reproduzir o espaço de forma
Sua obra Geografia traz um enorme mais simbólica que realista. O primitivo
tratado de como confeccionar mapas mapa T·O, de São lsidoro de Sevilha, é
com maior precisão. É responsável por um exemplo. O "T" representa os três
introduzir a noção moderna de latitude cursos d'água que dividiam os continentes
e longitude ao indicar as coordenadas conhecidos, mas também simboliza uma
I
de mais de 8 mil localidades. cruz. Na junção, ao centro, está Jerusalém.
I
• . . . . . . . . . . . . . • . . . . .•

146 � GEOG RAFIA VEST I B U lA R 2015

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