Você está na página 1de 126

CONSELHO EDITORIAL

Otávio Velho – PPGAS-MN/UFRJ, Brasil


Dina Picotti – Universidade Nacional de General Sarmiento, Argentina
Henri Acserald – IPPUR – UFRJ, Brasil
Charles Hale – University of Texas at Austin, Estados Unidos
João Pacheco de Oliveira – PPGAS-MN/UFRJ, Brasil
Rosa Elizabeth Acevedo Marin – NAEA/UFPA, Brasil
José Sérgio Leite Lopes – PPGA-MNU/UFRJ, Brasil
Aurélio Vianna – Fundação Ford, Brasil
Sérgio Costa – LAI FU, Berlim, Alemanha
Alfredo Wagner Berno de Almeida – CESTU/UEA, Brasil

CONSELHO CIENTÍFICO
Ana Pizarro – Professora do Doutorado em Estudos Americanos Instituto
de Estudios Avanzados – Universidad de Santiago de Chile
Claudia Patricia Puerta Silva – Professora Associada – Departamento de
Antropologia – Faculdad de Ciências Sociales y Humanas – Universidadde
Antioquia
Zulay Poggi – Professora do Centro de Estudios de Desarrollo – CENDES–
Universidad Central de Venezuela
Maria Backhouse – Professora de Sociologia – Institut für Soziologie –
FriedrichSchiller-Universitätjena
Germán Palacios – Professor Titular – Universidad Nacional de Colombia,
Sede Amazonia – Honorary fellow, University of Wisconsin-Madison
Roberto Malighetti – Professor de Antropologia Cultural – Departamento
de Ciências Humanas e Educação “R. Massa” – Università degli Studi de
Milano-Bicocca
Rosa Elizabeth Acevedo Marin
Cynthia Martins Carvalho
Alfredo Wagner Berno de Almeida
Organizadores

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI,


RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS
AMÉRICAS

Manaus - Amazonas
2019
Copyright © Rosa E. Acevedo Marin et al., 2019

Organizadores do evento Equipo de Entrevistadores


Aniceto Cantanhede – Centro de Cultura Negra Alfredo Wagner Berno de Almeida
do Maranhão Rosa Elizabeth Acevedo Marin
Mauricio Paixão - Centro de Cultura Negra do Bárbara Oliveira
Maranhão Helciane de Fátima Abreu de Araújo
Alfredo Wagner Berno de Almeida - Projeto David Pereira
Nova Cartografia Social da Amazônia Cynthia Carvalho Martins
Daniel Brasil
Equipe de Relatoria - Novembro de 2013
Helen Catalina Ubinger (PPGCSA-UFAM) Financiamento: Fundação Ford
Raphaelle Servius-Harmois (INTERRMUN’A)
Rita Pereira da Costa (UNIFESSPA) Editor
Janaina Campos Lobo (UFRGS) Alfredo Wagner Berno de Almeida
UEA, pesquisador CNPq
Equipe de Tradução
Helen Catalina Ubinger Foto da capa:
Sheilla Borges Dourado Rosa Acevedo Marin (Matanzas, setembro, 2015)
Rosa Acevedo Marin Escultura anónima. La señora Georgia Lérida de
Raphaelle Servius-Harmois Armas Torres, cubana en Misión por Salud Pública
(1988-1990) en Angola adquirió esta estatua y la donó
Equipe de Transcrição a su madre. Ahora se encuentra en la pared de la
casa de Berta Rosa Vento de Armas, en Matanzas,
Enoc Moisés Merino Santi (Ecuador -
Cuba.
PPGCSPA/UEMA)
Yulimar Sugey Millán Coy (Venezuela - PPG/
Projeto Gráfico (diagramação)
UFPR)
Marcela Costa de Souza
Raphaelle Servius-Harmois (Guiana Francesa
INTERRMUN’A)
Yulimar Millán (Venezuela/UFPr)

Ficha catalográfica

C573 Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e


Palenqueros nas Américas / Rosa Elizabeth Acevedo Marin, Cynthia
Carvalho Martins & Alfredo Wagner Berno de Almeida (Orgs.) - 1.
Ed. - Manaus: UEA Edições/ PNCSA, 2019.

126 p.: il.

ISBN 978-85-7883-521-7

1. Antropologia. 2. Quilombolas. 3. Movimentos sociais. I. Título.

CDU 39+304

(Bibliotecária Responsável: Rosiane Pereira Lima - CRB 11/963)

UEA - Edifício Professor E-mails: UEMA- Endereço: Largo


Samuel Benchimol pncaa.uea@gmail.com Cidade Universitária Paulo
Rua Leonardo Malcher, 1728 pncsa.ufam@yahoo.com.br VI, 3801 - Tirirical, São
Centro - Manaus, AM www.novacartografiasocial.com Luís - MA, 65055-000
Cep.: 69010-170 Fone: (92) 3878-4412 Fone:(98) 3244-0915
(92) 3232-8423
SUMÁRIO

7 Siglas e abreviaturas

9 Prefácio
Porque o Colóquio

15 Apresentação

21 Cerimônia de abertura do Colóquio Cimarrones, Marrons,


Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e Palenqueros
nas Américas
Centro de Cultura Negra - CCN

24 Intervenções de Cimarrones, Marrons, Quilombolas,


Boni, Garifunas e Palenqueros: exercícios de relatoria

69 Primitivo Pérez Herazo


Palenque São Basílio - Colômbia

79 Clemente Edilcer Ajovi Arroyo


Afroecuatoriano

81 Ximena Ajovi Vernaza


Afroecuatoriana

86 Kelvin Donovan Velázquez Lewis


Garifuna Nicaragua

93 Seefiann Deie
Boni Guiana Colonia Francesa

98 Carlos Alberto González Escobar


Afrocolombiano
Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)
6
Siglas e Abreviaturas

ACONERUQ - Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas


do Maranhão
AFRODES - Asociación Nacional de Afrocolombianos Desplazados
CCN - Centro de Cultura Negra do Maranhão
CECN - Comisión Especial de Comunidades Negras
COCOMACIA - Consejo Comunitario Mayor de la Asociación Campesina
Integral de Atrato
CESTU - Centro de Estudos Superiores do Trópico Úmido
CNA - Conferencia Nacional Afrocolombiana
CNOA - Conferencia Nacional de Organizaciones Afrocolombianas
CONAIE - Confederación Nacional Indigena del Ecuador
CONAQ - Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas
CEDENPA - Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CPI - Comissão Pró-Indio
FADCANIC - Fundación para la Autonomia y el Desarrollo de la Cosa
Atlantica de Nicaragua
FF - Fundação Ford
FCP - Fundação Cultural Palmares
IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INEGI - Instituto Nacional de Estadística y Geografía
IPPUR - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional,
MAGAP - Ministerio de Agricultura, Ganaderia y Pesca - Ecuador
MALUNGU - Comissão Estadual das Comunidades de Quilombo
MAST - Museu de Astronomia e Ciências Afins

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 7
MN - Museu Nacional
MNC - Movimiento Nacional Cimarrón
MNU - Movimento Negro Unificado
NAEA - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
LAI - FU Instituto de Estudos Latino Americanos - Freie Universität
OIT - Organização Internacional do Trabalho
PCN - Processo de Comunidades Negras
PNCSA - Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PPGCSPA - Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política
na Amazônia
RAAS - Región Autónoma del Atlántico Sur - Nicaragua
SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
SOCPINDA - Organización para el Desarrollo Social y Productivo de los
Pueblos Indígenas y Comunidades Afrodescendientes A.C
UEA - Universidade do Estado do Amazonas
UEMA - Universidade Estadual do Maranhão
UFPA - Universidade Federal do Pará
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
UNESCO - Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das
Nações Unidas

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


8
PREFÁCIO:
POR QUE O COLÓQUIO?

A proposição de realizar este COLÓQUIO INTERNACIONAL


DE QUILOMBOLAS, PALENQUEROS, CIMARRONES, CUMBES,
SARAMAKAS, BONI, DJUKA e GARIFUNAS foi elaborada a partir de
um intenso processo de discussão entre pesquisadores do Projeto Nova
Cartografia Social da Amazônia -PNCSA e militantes do Centro de Cultura
Negra - CCN. Participaram também destas discussões, ainda incipientes, de
maneira eventual, membros da Coordenação Nacional das Comunidades
Quilombolas CONAQ e representantes de comunidades quilombolas, de
Alcântara, de Cajari e de Penalva. Todos, de certo modo, companheiros de viagens,
marcados pela impetuosidade do cosmopolitismo, que haviam participado de
eventos internacionais sobre temas de cartografia social, em Cartagena, Medellin,
Quibdó e Bogotá (Colômbia), em Buenos Aires e Rosário (Argentina), em Caracas
e San José de Barlovento (Venezuela), em Caiena e St. Laurent (Guiana), em
Paramaribo (Suriname) e que mantinham contatos tanto com organizações de
luta, por direitos territoriais e identitários, da Nicarágua, do México, da Bolívia e
do Equador, quanto com pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa
de Milão (Itália), de Austin e Gainesville (Estados Unidos), de Berlim (Alemanha),
de Havana (Cuba) e de Lima (Perú). No decorrer deste processo e de pelo
menos três “Jornadas do Amazonas ao Rio de La Plata”, em Manaus e em
Buenos Aires, e outros tantos “Simpósios sobre conhecimentos tradicionais na
Panamazônia”, organizados pelo PNCSA em Manaus e Tabatinga – na fronteira
tríplice Brasil, Colômbia e Perú -, foram sendo consolidados argumentos que
apontavam para a possibilidade de articulações continentais e para novas formas

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 9
político-organizativas a partir de uma mobilização em rede, com contatos
permanentes e troca regular de informações e experiências de mobilização.
Nesta primeira década do século XXI, assiste-se, em todas as Américas,
à aplicação de políticas de reorganização de espaços e territórios que não são um
produto mecânico da expansão gradual das trocas econômicas, mas sim ações
de Estado voltadas para a reestruturação de mercados, disciplinando de um lado
a comercialização das terras, dos recursos florestais, hídricos e do subsolo e de
outro a circulação dos chamados conhecimentos tradicionais. Assiste-se de maneira
concomitante à emergência de unidades sociais que constroem politicamente
identidades coletivas, descortinando um novo capítulo de lutas contra atos de
Estado e iniciativas neocolonialistas de concentração fundiária, baseadas em
modelos renovados de plantations, eufemizados pela expressão “agronegócios”
ou pelas explorações das empresas mineradoras, e contra as modalidades
igualmente renovadas de usurpação das terras tradicionalmente ocupadas dos
povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas.
Desse ponto de vista dos antagonismos sociais e do intercambio de
formas de resistência é que foi ganhando corpo a proposta de se reunir
representantes de comunidades quilombolas, palenques, cimarrones, saramakas,
djuka, boni, cumbes, garifunas, raizales, marrons e outras denominações correlatas
para fortalecer relações entre movimentos quilombolas de distintas regiões e
países das Américas do Sul, do Norte e Central. O propósito último consiste na
montagem de uma rede de relações informais e diretas, sem mediadores e tutelas,
entre representantes destes diferentes movimentos; articulada com pesquisadores
de diferentes formações acadêmicas (antropólogos, geógrafos, advogados,
historiadores, engenheiros de sistemas, agrônomos, biólogos, sociólogos e
economistas) e seus critérios de competência e saber, fundamentando questões
relativas aos direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais.
A proposta do Colóquio, trabalhada a partir destes laços de solidariedade,
expressa o potencial desta conjunção de identidades coletivas e de autodefinições,
em que os povos e comunidades explicitam uma consciência de si mesmos,
objetivadas em movimentos sociais, que se distribuem hoje por toda a América
do Sul, a América Central e a América do Norte, criando condições de
possibilidades para se pensar as novas formas político-organizativas e seus efeitos
sobre as estruturas e os centros de poder. Da Argentina aos Estados Unidos, ou

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


10
seja, dos cumbes, dos “candombes” e dos caboverdeanos em Buenos Aires aos
“black farmers” dos campos norte-americanos, tem-se uma diversidade pouco
compreendida sociologicamente, bem como uma heterogeneidade de agentes
sociais e formas associativas com laços de solidariedade esparsos e pouco
conhecidos. Objetivando suprir as lacunas desta incompreensão, a proposta do
Colóquio foi sendo trabalhada, nas sucessivas discussões dos militantes do CCN
com os pesquisadores do PNCSA, buscando resgatar os fundamentos de uma
presencialidade do passado e de uma perspectiva reflexiva, livre de todos os
historicismos e de todos os trabalhos memorialísticos, que inadvertidamente
incorrem em “ilusões biográficas” e em determinadas narrativas míticas produzidas
pelo ideário colonialista. Livre ainda dos dualismos e das oposições simétricas,
que traçam uma inflexível linha divisória entre o político e o pré-político, apoiada
no arbitrário de classificações estigmatizantes e de um a noção rígida de partido
político. Em verdade, como temos constatado em inúmeras publicações do
PNCSA, neste início do século XXI, tem-se uma redefinição do significado de
política e uma profunda transformação no padrão de relações políticas,
conjugando pautas reivindicatórias e reorganizando consignas em que lutas
identitárias e lutas econômicas se mostram indissociáveis.
A agenda do Colóquio1 foi paulatinamente concretizada, propugnando
uma reflexão aberta, uma discussão sem fronteiras pré-estabelecidas, sem os
limites do mundo colonial, sem as barreiras antepostas à noção de política,
dispondo frente a frente agentes sociais que jamais tiveram condições de se ver,
de se sentir mutuamente e discutir face a face, lado a lado, seus pontos de vista,
suas lutas, seus sofrimentos, suas alegrias e seus desafios, seus temores e seus
acertos, suas reivindicações e a afirmação de suas identidades coletivas. As
reciprocidades positivas tendem a se acentuar, consolidando os laços entre estes
diferentes povos e comunidades, com suas distintas identidades, línguas e critérios
político-organizativos, referidos a diferentes países e continentes.

1
No início das discussões e operacionalidades relativas ao Colóquio a gestão do CCN estava a cargo do
antropólogo Aniceto Cantanhede, doutorando do PPGAS-UFAM, e posteriormente a cargo de Mauricio Paixão,
mestre pelo PPGCSPA-UEMA, ambos assessorados pelo médico e militante Doutor Luis Alves, mais conhecido
como "Doutor Luisão".

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 11
A iniciativa do Colóquio, nesta ordem, visa reforçar condições de
possibilidades, abrindo as discussões e os meios de intercâmbio, que facilitem
novas modalidades de cooperação e de solidariedade e, sobretudo, a troca de
experiências relativas a novas formas político-organizativas seja dos boni, dos
garifunas, dos quilombolas, dos palenqueros, dos saramakas, dos djuka, dos
marrons, dos cumbes, dos raizales e dos cimarrones de todas as Américas face
aos desafios do futuro próximo.
Com este livro está-se diante não exatamente das páginas dos anais do
evento ou das transcrições integrais das intervenções em cada mesa redonda,
mas da reprodução parcial de algumas exposições e respectivos debates e,
sobretudo, de manifestações discursivas, pronunciadas livremente, nos intervalos
das atividades programadas, nos momentos considerados de lazer, em que cada
um se sentiu à vontade para falar de si e de sua comunidade ou povo, de sua
trajetória coletiva e de suas dificuldades. Sem converter seu dado biográfico numa
hagiografia, isto é, mantendo um senso crítico constante e uma reflexividade
detida. A ordem das falas não revela hierarquia ou favoritismos, mas uma sequência
livre, afeta às próprias condições intrínsecas ao desdobramento das intervenções
realizadas no decorrer dos debates. A sala de conversas inteiramente aberta à
quem quisesse falar foi acolhendo os interessados, como se fosse uma ampla
conversa de corredor, afastada das atividades previstas e antes realizadas no grande
salão do hotel que abrigou o evento. A câmera de filmar fixada num tripé frente
a uma poltrona ia registrando as falas e quem passava e se detinha por si só já
estava habilitado a sentar e a se colocar numa narrativa direta, sem o crivo dos
mediadores convencionais. Militantes do CCN por ali circulavam, conversando
com Miriam, representante dos “caboverdeanos de Buenos Aires” ou com Mr.
Sidney do movimento negro da Nicarágua ou com Aurelia, dos garifunas de
Honduras. e pesquisadores do PNCSA procediam aos registros videográficos e
de áudio. Todos se arriscavam nas perguntas, abrindo ao debate e mantendo a
conversa acesa. Os eventuais entrevistados informalmente se autoapresentaram
como palenquero, como no caso do Sr, Primitivo, ou quilombola, ou boni, ou
cimarron, ou raizales ou ainda como afroecuatoriano e afromexicano. Eles foram
se colocando explicitamente, traduzindo parcialmente a extensão da mencionada
diversidade e seus efeitos sociais hoje. As diferenças linguísticas não constituíram
dificuldade maior. Os trabalhos de tradução, quando existentes, foram precários
e realizados generosamente por estudantes e professores voluntários. Não inibiram
todavia, os debates e o confronto de distintos pontos de vista, que às vezes
colocavam em questão o próprio significado de “tradicional” que idealmente a
todos agrupava. Viver este processo de interação, compreendendo suas vicissitudes
traduz uma solidariedade política maior, que não se apoia numa visão genérica,
mas nas especificidades de cada um dos agentes sociais em pauta. Cada fala
consistia numa modalidade de ação. O discurso não se dissociava das práticas
solidárias que iam sendo pacientemente construídas. Mediante estas relações sociais,
de extrema afetividade, foram se descerrando as portas para uma compreensão
política mais abrangente dos processos reais e das possibilidades de uma análise
concreta de situações concretas do que se passa atualmente nas Américas.
Eis enfim o livro!

Os Organizadores
Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)
14
APRESENTAÇÃO

No Coloquio Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e


Palenques nas Américas foi produzida uma interrelação dinâmica de participantes
motivadas pelo interesse de obter e trocar informações sobre realidades sociais
que parecem incompreensíveis, desconectadas e terrivelmente distantes umas das
outras. Contrariamente, das vozes dos expositores ouvimos a informação
circunscrita, detalhada que rompe com o silêncio sobre esses povos. De viva voz
temos o conhecimento das formas de existência e conflitos sociais que atingem
os Raizales, de San Andrés; os Garifunas, de Pear Lagoon; os Palenqueros, de
San Basílio; os afroecuatorianos, da Playa del Sol; os Boni, da Guiana – última
colônia francesa das Américas -; dos quilombolas de Cachoeira Porteira; dos
quilombolas de São Domingos do Capim(PA) e de Penalva e Camaputiua (MA).
Essa rica interlocução apresenta diversos fluxos, conexões e sentidos, tais como
os processos que os aproximam: seja a expropriação e luta pelo território, sejam
os projetos de educação e saúde, sejam as mobilizações pelo reconhecimento
dos territórios étnicos.
Nas anotações do evento destacamos parte da memória dos Grupos de
Trabalho, que se seguiram às palestras a cada manhã. Nela se indica os
delineamentos e a direção que o coletivo propõe para a formação de uma rede.
Estas abrem com a compreensão do que pode ser uma rede e as perspectivas
que contém, como bem foi pontuado por um dos participantes:

“Establecer una red a partir de un directorio. La red se hace


para compartir lo que hacemos en cada país, ayudarnos
mutuamente y poder hacer incidencia para los problemas que

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 15
vivimos en cada país. Un principio de esta red es la autonomía
de las organizaciones de cada país. Pensar en parcerías e
intercambios entre los países”.

Desde um plano de organização e de funcionamento os participantes


visualizaram atividades e possibilidades de tarefas compartilhadas.

“Que los actores lleven tareas específicas a sus países. Significa


que alguien debe asumir establecer la coordinación (donde
no hay internet hay teléfono). Implica compromisos, por
ejemplo pueden hacerse dos coordinaciones. Se envía a una
parte, procesa la información y de ahí se distribuye.”

Assim, nas discussões, objetivou-se:


“Definir comisiones específicas. Grupos de trabajo específicos. Se van a
ir trabajando los temas.
1. Grupo de tradición oral, cosmovisión
2. Temas de inclusión social como las mujeres, los jóvenes, los ancianos.
3. Territorio.”

No terceiro item se elaborou o proposito e as estratégias para aumentar


e aprofundar os intercâmbios em jogo:
“Intercambio entre las experiencias de los países, para asumir nuestra
ancestralidad que privilegia la oralidad. Pensarnos en el intercambio bilateral desde
las experiencias o fortalezas de las organizaciones. Incidencia de cada organización
que haya una visita, desde las experiencias de reconocimiento de los derechos,
que se visite a otro país para que se sepa que no estamos solos”.
Várias análises convergiram para as dificuldades de comunicação, apontando-
se estratégias discursivas de uma ruptura profunda com os preceitos colonialistas no
mundo da informática e para se organizar novos Colóquios, a saber:

“Construcción de una página web de la red. CENTRO DE


CULTURA NEGRA. Donde se pueda subir información
concreta de todos de los países, para socializar el conocimiento.
Mantienen una comunicación viva, permanente. Para el
siguiente Coloquio nos gustaría: Hacer un informativo con
los distintos idiomas. El periódico debe ser online.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


16
Cuando algún país hace una declaración los demás deben
apoyar.
Mapa de las organizaciones por países. Portales geográficos,
cartográficos desde lo étnico, geopolítico de acceso a todos.
Pensarse en capacitación para formar una red. Utilizar
herramientas, software libre, sin licenciamiento.
Intercambiar cartografía como posibilidad
Pensarnos en la gente que no tenemos la red; las comunidades
locales hacemos trabajo impreso. Revalorar los mitos, las
tradiciones y compartirlas en las comunidades”.

“Si el material impreso es básico, pensemos que antes del


próximo Coloquio tengamos un impreso sobre tradiciones
orales (por ejemplo) y que cada año tengamos comunicaciones
que nos sirvan para hacer trabajo en las cuatro o cinco lenguas
más representativas en este Coloquio”.

Os agentes sociais reunidos nos Grupos fizeram diversas observações


sobre recursos financeiros para as atividades propostas. A esse respeito delinearam
também possibilidades

“Pregunta sobre los recursos económicos para el


funcionamento de la red, por ejemplo para la edición de
material impreso y/o audiovisual.
Elaboración de proyectos que abarquen los distintos países.
Cuando se den intercambios entre países, de la delegación
que viaja asume los costos económicos y quien recibe asume
los gastos de estadía y transportes internos.
Fondo Común para apoyo mutuo.
Fuentes de financiación: se plantea que organizaciones están
financiando este evento. Y organismos multilaterales.

La realización de un Segundo Coloquio Internacional.


Propuesta de que se realice en México por la situación tan
compleja.
Realizar el coloquio cada dos años, hacer reuniones de países
previamente atendiendo las particularidades. Hacer encuentros
específicos por temas amplios o binacionales.
Pensar y participar en eventos internacionales y encontrarnos
allí…”

Estas falas soltas, de dificil recuperação de autoria, mas que circularam


intensamente pelas dependências por onde estiveram os participantes do Colóquio

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 17
finalizam com uma manifestação de solidariedade dirigida a todos os
“afrodescendentes” de todas as regiões e países ali representados:
“La propuesta de sacar una declaración de apoyo a los afrobrasileros del
Coloquio, se complementa que la declaración sea para todos los países”.

No tempo curto e intenso do evento os debates se adensaram mais


durante os Grupos de Trabalho e nessas sessões foram definidos propósitos que
também dizem respeito aos organizadores. O Projeto Nova Cartografia Social
da Amazônia (PNCSA) e o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN)
passaram a ter a responsabilidade pela documentação do Colóquio, tais como:
fichas de inscrição, endereços, fotos, gravações, filmagens, relatorias e notas de
imprensa. Com um propósito de organização da rede e de pesquisa esses
materiais constituem uma sorte de arquivo vivo da rede.
Com este livro agora apresentado pode-se dizer que esses compromissos
ganham corpo e forma palpável e apontam para novas formas politico-
organizativas, mais autônomas e livres de tutelas, quaisquer que sejam.
Podíamos ter feito melhor, mas nos limitamos a dizer que o fizemos nas
condições de possibilidade de nosso tempo e dedicação, de nosso empenho e
certeza de que estamos dando um passo rumo ao futuro, numa luta renhida por
um mundo melhor e mais justo em que a diversidade seja o elemento propulsor
da igualdade e porque não da felicidade de todos aqueles povos e comunidades
tradicionais aqui representados neste Colóquio.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


18
CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,
GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 19
Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)
20
CERIMÔNIA DE ABERTURA DO COLÓQUIO
CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS,
BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS
NAS AMÉRICAS

CENTRO DE CULTURA NEGRA - CCN

A referência histórica mais marcante sobre a organização autônoma de


africanos que, escravizados, haviam sido trazidos à força para o Brasil, foi o
quilombo de Palmares. Quilombo, no Brasil tem, portanto, o sentido de
organização social vinculada à resistência, a um território que controla, que marca
a luta contra a imobilização da força de trabalho. A luta contra a escravidão
representou uma luta por autonomia produtiva, sempre cerceada pelas tentativas
de subordinação dessa força de trabalho e de seus descendentes, através,
principalmente, do artifício da privação do acesso ao principal bem produtivo
dessas comunidades rurais que é a terra. O Quilombo de Palmares, localizado
onde hoje é o Estado de Alagoas, durou de 1580 a 1695. Seu principal líder foi
Zumbi dos Palmares.
Levando em consideração o tempo de duração, historiadores do século
XIX consideram o quilombo do Turiaçu, no Estado do Maranhão, o segundo
maior quilombo do Brasil. Teria tido uma existência por 40 anos, iniciada por
volta do ano 1731. No Maranhão também ocorreu a Balaiada, revolta popular
que liberou da escravidão grande parte da Província entre os anos 1838 a 1842.
Os anos finais dessa revolta popular foram sustentados pelos quilombolas
liderados por Cosme das Chagas, que formara o Quilombo Lagoa Amarela, em
região que hoje corresponderia aos Municípios de Vargem Grande e Nina
Rodrigues.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 21
No Brasil inteiro foram inúmeras as situações de organizações de negros
que se revoltando contra o regime escravista, organizavam formas próprias de
resistência, os chamados quilombos. Mesmo após a declaração formal de extinção
da escravidão no Brasil, em 1888, a luta por autonomia produtiva fez com que a
resistência tivesse que ser logo reorganizada. Várias comunidades quilombolas
resistem a tentativas de desapossamento desde a década de 30 do século XX, a
manobras cartoriais e a ameaças de pistoleiros perpetradas por famílias detentoras
do poder local. Diversas tentativas de cercamento ilegal de territórios de
comunidades quilombolas foram rechaçadas.
Em 1984, em reconhecimento ao direito de propriedade, o governo do
Estado de Goiás entregou 200 títulos de terra a integrantes do Quilombo Kalunga.
O CCN – Centro de Cultura Negra do Maranhão, organização do
Movimento Negro fundada em 1979, além da luta contra o racismo, como
outras organizações do Movimento Negro, notabilizou-se pelo pioneirismo na
articulação do movimento quilombola no Brasil. Em 1986 organizou o primeiro
encontro de “comunidades negras rurais”, reunindo quilombolas do Maranhão.
Juntamente com o Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará - CEDENPA
(organização do Movimento Negro do Estado do Pará) e com o apoio de
organizações do Movimento Negro do Rio de Janeiro, promoveu uma forte
articulação e, na 1ª Convenção Nacional “O Negro e a Constituinte” (Brasília-
DF, 26 e 27 de agosto de 1986), convocada pelo Movimento Negro Unificado-
MNU, apresentaram a proposta de uma norma que garantisse os direitos das
comunidades negras rurais. Tal proposta foi encaminhada à deputada federal
constituinte Benedita da Silva, que a apresentou ao Congresso Nacional
Constituinte. A proposta foi aprovada, conheceu modificações no decorrer das
discussões, e resultou na origem do Artigo 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal.
Em 1995, o Movimento Negro brasileiro organizou a Marcha 300 anos
de Zumbi, em Brasília-DF. Nos dias que antecederam à Marcha foi realizado o I
Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas e aprovada a
criação de uma coordenação nacional das lutas. Os quilombolas participaram da
Marcha e, em conjunto com outras lideranças do Movimento Negro entregaram
uma pauta de reivindicações ao presidente da República. Em 1996 foi criada a

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


22
Coordenação Nacional de Quilombos – CONAQ, composta por lideranças
quilombolas de todo o Brasil.
A luta pela aplicação do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias se faz sentir em vista do aparecimento no cenário nacional de um
grande número de comunidades rurais, que reivindicam reconhecimento e titulação
como comunidades quilombolas. As primeiras estimativas oficiais do governo
brasileiro dão conta de 2.200 comunidades quilombolas no Brasil. Dados oficiais
dão conta de apenas 111 territórios titulados até junho de 2012. Lutas por território
com fundamento na Convenção 169 da OIT, ratificada pelo governo brasileiro
em 2012, buscam ampliar as possibilidades de respeito a seus direitos territoriais
atingidos por medidas governamentais ditas de “crescimento econômico”
traduzidas pela implementação de grandes obras como hidrelétricas, rodovias,
portos, bases de lançamento de foguetes, hidrovias, ferrovias, linhas de transmissão
de energia e congêneres.
Em eventos internacionais e contatos com organizações de países vizinhos,
designadas como cimarrones, garifunas, marrons, boni, palenqueros e inúmeras
outras identitades coletivas, não foi difícil perceber que viviam desafios semelhantes.
Ampliamos as discussões sobre estes desafios, juntamente com professores
universitários e pesquisadores do PNCSA, cujas análises convergiam para os
mesmos temas, e fomos produzindo a proposta deste Colóquio internacional,
que hoje abrimos aqui em São Luis, Maranhão, com a esperança de alicerçarmos
novas formas de articulação e novas plataformas de luta e resistência às usurpações
das terras de quilombos em todas as Américas. Sejam muito benvindos!

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 23
Danilo Serejo coordenador da Mesa I - “Direitos Territoriais, Legislação e Pau-
tas Reivindicatórias”.

Intervenções de CIMARRONES, MARRONS,


QUILOMBOLAS, BONI, GARIFUNAS e
PALENQUES: exercícios de relatoria

MESA I DIREITOS TERRITORIAIS, LEGISLAÇÃO E PAU-


TAS REIVINDICATÓRIAS COORDENAÇÃO DE DANILO
SEREJO

Primitivo Pérez Herazo

Mi nombre es Primitivo Herazo y soy de San Basilio de Palenque, el


primer territorio libre de América. Hablare sobre las comunidades negras en
Colombia y las distintas formas organizativas que tienen y a través de las cuales se
gestionan nuestros derechos. Estas formas son de dos tipos: unas históricas,
ancestrales que funcionan a nivel local y están representadas por cabildos (consejos)

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


24
y Kuagros (Ma-Kuagros en lengua palenquera). Los cabildos fueron las formas
organizativas de la cultura africana de los Conga, Ararat. Ellas cumplen funciones
culturales y de solidaridad. Esas formas culturales se mantuvieron. Los Kuagros
que el palenque agrupa son jóvenes y mujeres de la misma generación y cumplen
funciones de solidaridad, culturales y de formas organizativas.
Las otras se derivan de las formas de organización que surgen a partir de
la ley 70 de 1993 y actúan como organizativas nacionales, estas organizaciones
son Movimiento Nacional de Cimarrón, Associación Nacional de
Afrocolombianos Desplazados, Conferencia Nacional Afrocolombiana - CNA
y el Proceso de Comunidades Negras - PCN al cual pertenezco. Existen otras
pero estas son las cuatro más importantes son estas y se diferencian en la
interpretación de la situación de las problemáticas, en la forma que funcionan y
operan y las reglas y mecanismos para tomar decisiones, en el caso del PCN nos
orientamos por los siguientes principios políticos organizativos: afirmación del
SER, la conservación para el ser, un espacio donde ejercemos de la cultura… el
territorio; el principio de la Autonomía; el principio del desarrollo propio o
etnodesarrollo y esos principios soportan nuestro accionar, y tenemos palenkes
regionales. Es decir, el PCN cuenta con un palenque en el caribe, un palenque, en
Buenaventura, Tumaco, Magdalena medio, en el norte del Cauca, estos son espacios
de confluencia de las organizaciones regionales. Es importante anotar que producto
de la complejización de la situación de Colombia, estas organizaciones han
entendido la necesidad de articularse y por eso en el marco de la conmemoración
de la ley 70 20 años organizamos el primer Congreso de comunidades negras,
Palenqueras y Raizales. Este congreso tomo decisiones importantes sobre nuestros
derechos territoriales, consulta previa, participación de mujeres, jóvenes,
desplazados. Y a nivel nacional se conformó la Autoridad Nacional
Afrocolombiana que cumple una función la coordinación nacional y estas
organizaciones que confluyen tienen la tarea de superar las dificultades de las
dinámicas organizativas y de interlocutar con el gobierno nacional.

Felix Alfredo Vitely Gualinga (Ecuador)

Sou do Território Kichwa. Somos todos um povo com 138 comunidades


dispersas. Temos grandes comunidades. Nos últimos oito anos temos trabalhado

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 25
com cartografia para conhecer nosso território. Para conhecer e gerir. Esse é um
trabalho que tem muitos impactos. A gente tem um marco jurídico constitucional
e a partir de 2008 o Ecuador se declara como plurinacional. Existe um código
orgânico de centralização, que estabelece as circunscrições territoriais do governo
como um todo correspondente. Esse é um caminho longo e não é apenas para
os povos indígenas, mas para os povos afros e montubios. Uma coisa é o que
está escrito na Constituição, não basta, estar na lei, isso é mais complexo. Temos
que conhecer nosso território. Precisamos de um plano de vida. Porque como
exercer nosso governo. Isso é uma tarefa de muitas gerações. Estamos trabalhando
na capacitação para que possamos governar. A primeira tarefa é elaborar nossa
própria constituição: estatuto nacional Kichwa de Pastaza. Para exercer o direito
coletivo de acordo com constituição. Principalmente com a Organização
Internacional do Trabalho - OIT. E o principal desafio é executar esse trabalho.
A respeito da participação de afros na Constituição. Somos seis
nacionalidades distintas e estamos elaborando para compor uma pluralidade de
nacionalidades. Por essa razão cada nacionalidade elabora seu estatuto. Cada povo
tem que tomar decisão de avançar nesse processo.

Kenly Velázquez (Nicarágua)

Eu pertenço ao povo Garifuna, mas eu vivo numa comunidade Kriol.


Cada comunidade do governo tem um representante, temos um presidente e
um vice-presidente. As pessoas trabalham voluntariamente, mas sempre tem
tempo para a comunidade. E nós próximos dias, me sinto em casa. A nossa
distância é o espanhol. Podemos falar em qualquer idioma. A lei do território
foi lacunar. Não dá acesso para criar lei comunitária. O governo nacional nos dá
o direito de administrar nossa comunidade e nossos costumes. Temos um juiz. A
primeira vez que uma comunidade tem um jovem, porque tradicionalmente são
maiores, mas ultimamente temos muitos jovens. Como chegaram os garifunas?
Anteriormente viviam de frente da Venezuela. Os africanos foram em direção
aos Estados Unidos para serem escravizados e disseram que esses negros eram
da Nigéria. E somos hoje mistura de indígenas, caribenhos e africanos. Pessoas
valentes que decidiram que nunca seriam escravos. Dizemos que nosso povo
precisava dessa terra. E quando os ingleses perceberam que não podia mais

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


26
chamar por soldados, ficamos nessas ilhas e nos mesclamos. Entraram pela barra
e chegaram os Miskitos em Lacune. É preciso respeitar os Miskitos porque e
respeitar os Miskitos porque eles quem deram lugar para onde vivemos. Temos
entendido que constituem distintos povos e a matéria é de preservar os direitos
ancestrais desses distintos povos. Cada povo tem sua própria lei interna; suas leis
próprias.

Debates, questões e comentários Mesa I

Luiz Alves Ferreira (CCN)

A Acadêmia continua preconceituosa e racista. Precisamos colocar o jovem


nisso. A discussão é central e passa pelo território. A grande parte da academia
vai lá e pesquisa e não volta lá. Isso é a lei.

Manoel Clauderi Coutinho da Luz (Quilombola, Povos do Aproaga,


Município de Capim, Pará):

Nós conseguimos perceber as lutas e os desafios. Hoje temos lutas que


são parecidas. Podemos perceber que os colonizadores se unificam cada vez
mais. Unificam suas estratégias. Para tomar conta de seus territórios várias pessoas
vão passar pela luta, muito perdem sua vida porque as pessoas que estão no
poder matam. E decidimos com a ocupação da estrada, de uma P.A. e chegaram
a autoridade do Estado para desobstruir a P.A. As pessoas que nos escravizaram
no passado e no presente continuam se unificando.

Maria Amélia (Quilombola do Rio Pindaré):

No Maranhão foi na luta para sermos reconhecido como quilombola.


Hoje no Brasil as leis nos deixaram de ser escravizados.

MESA III ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO E CONFLITO FOI


COORDENADA POR ANICETO CANTANHEDE.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 27
Jairo Obregon (Colômbia)

De uma forma muito rápida, apresentarei uma coisa relacionada com o


tema da mesa que é: Estratégias de organização e conflitos. Vou apresentar o
território negro no Vale do Cauca, en el municipio Jamundí, em Colômbia.
Basicamente vou mostrar as raízes da comunidade negra de origem Cimarrona
que conserva as raízes africanas; dizemos que somos de origem Cimarrona e essa
é nossa visão política.
Nesse momento nós vamos falar basicamente das nossas estratégias
específicas. A cartografia social é uma ferramenta que nos ajuda a esquematizar
nosso território, é uma radiografia feita pelas próprias pessoas para trabalhar
situações sobre as práticas produtivas e que possui uma lógica para os membros
da própria comunidade já que são eles mesmos que a elaboram, assim temos um
grande sistema de água, e a gente vê muito claro na cartografia a importância que
tem esses ecossistemas.
Estamos buscando que os jovens possam participar para dinamizar esses
processos nos quais eles estão envolvidos. A gente faz um trabalho com a parte
educativa, porque esses processos são de continuidade; a gente fortalece esses
processos com os jovens e pode ter mudanças significativas, um território de
negros e um território ambiental e saudável. Ainda como estratégia vemos esses
espaços de poder, é isso que a gente precisa que os jovens saibam o que está
acontecendo, é muito importante que os jovens comecem a pensar na parte
política porque é exatamente onde se tomam as decisões e os jovens comummente
tem sido marginalizados nesses espaços.
Uma estratégia é a produção de alimentos agroecológicos, mas é muito
pouco por que não temos terras coletivas. No vale andino onde há conselhos
comunitários e não são muitos é diferente. Ainda, se faz presente nesses territórios
forças que estão acima da lei 70, empresas grandes, e então, para valorizar a vida,
para produzir alimentos que são mais limpos, que dependem o mínimo de
produtos agrotóxicos, é um processo lento porque os produtos de fora chegam
com mais facilidade. É muito importante a parte produtiva, frutas produtivas,
mamão, mandioca, feijão que são produtos de consumo dos negros de nossa
região. E assim queremos produzir excedentes para a comercialização, e aí temos

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


28
umas estratégias de produção onde os jovens podem chegar e existe um comercio
muito forte nesse sentido.
Outra estratégia está relacionada à localização geográfica e igualmente o
objetivo é proteger as áreas onde temos água, o problema na verdade é o projeto
de privatizar essa água e esses projetos não preveem a consulta previa e a
Constituição nos concede o direito a consulta previa. Cada dia os produtores
estão limitados a uma parcela de terra muito pequena, restrita apenas a produção
de sua família e as empresas tomam decisões, isolam os negros. O grande interesse
é ter água para os grandes capitais. O garimpo ilegal é tema de grandes conflitos,
ouro, bauxita que impactam o território, e não há nenhuma política de retorno
para a população. Também os grupos armados, numa situação muito irregular,
guerrilhas e paramilitares, e às vezes, setores do próprio Estado, o que gerou
situações muito adversas.
Essa região sempre foi vista pelas administrações municipais como um
lugar em que se poderia colocar todo o lixo, e estamos lutando para que esses
postos sanitários não sejam colocados lá em razão da contaminação; ela tem
crescido demasiadamente e esse crescimento vai tirar algumas coisas do nosso
território. Estabelecer os planos básicos territoriais, onde o crescimento do
município, ainda esses planos atendem situações muito particulares e não atendem
às questões participativas.
Sobre a educação, essa região é conhecida como etnoeducadora. Temos
problemas com a juventude que saí do território e nós buscamos sempre a
permanência dos jovens no território garantindo para ele educação. Aplicação e
acesso a normativa e temos dois exemplos claros é o que acontece com a lei da
negritude e não tem lei da terra produtiva e as terras estão nas mãos de
narcotraficantes e grandes empresas. Então, quando saem das mãos dos
narcotraficantes, essas terras vão para outras mãos e as roças que eram deles,
pertenciam antes à pessoas que morreram e então estão passando por uma situação
preocupante. Portanto, é entender que o Estado tem dificuldade de retomar essa
terra. Então, é uma série de conflitos e isso reflete na região e em outras partes
da Colômbia.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 29
Miriam Victória Gómez (Argentina)

Nasci em Buenos Aires Argentina. Eu gostaria de agradecer ao CCN e


Alfredo Wagner por me convidar. Os negros argentinos são muito abundantes, e
nessa forma podemos falar sobre a presença africana na Argentina. A população
negra já data do período colonial e a partir disso, pode-se perceber três períodos
históricos: o primeiro, do tráfico escravo que deixou mulheres e homens africanos
na Argentina. O segundo no final do século XIX com a entrada de pessoas de
Cabo Verde, trabalhando com tráfico marítimo. O terceiro século XX é mais
complexo, é um panorama muito diferente dos outros que estamos falando. No
passado é muito maior o número de negros, a produção agrícola era maior. A
população afrodescendente na Argentina é de 4%. Na região andina a população
negra é menor.
Todas essas porcentagens eram tão altos e por que se fala na academia
que a população afro tem sido invisibilizada e por que tem sido excluída? A
invisibilidade tem sido uma política. Nesse sentido, quando a Argentina começa
a sua formação, observa-se que a população que antes se declarava negra, começa
a se declarar como mulata, parda, “trigueña” e isso, contribuiu muito para a
invisibilidade do negro na Argentina. A partir desse momento esses dados já não
refletem a população da Argentina.
Essa questão e o território não tem sido estudado no país, não existia
essa problemática nos estudos realizados sobre as comunidades no interior da
Argentina, em Santa Fé ou em lugares rurais, Santiago, São José que são
remanescentes e reclamam seus territórios. Muitos afrodescendentes desconhecem
sua origem. A Casa da Cultura da província de Santa Fé serve para isso. Assim
há grande grau de discriminação racial e são quase dois milhões de pessoas.
Sobre o alto grau de preconceito racial, muitas pessoas se recusavam a
responder em pesquisas censitárias: “Você ou alguma pessoa é afrodescendente
ou tem alguém, pai, mãe? E as pesquisas são importantes. E o que os argentinos
pretenderam fazer para eliminação do preconceito racial? Em 2011 foi o Ano
Internacional dos Afrodescendentes onde a população Afroargentina tem
colaborado com esse processo de invisibilidade. Sem dúvidas existem alguns
avanços, políticas públicas que incluem essas temáticas. Temos o Comitê contra
o racismo em toda América do Sul e buscamos um diálogo com o governo.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


30
Gostaria de fazer uma referência ao professor Wagner, já estamos trabalhando a
cartografia social desde 2008 e elaboramos o primeiro fascículo de Caboverdeanos
em Buenos Aires e claro houve a participação de todos os setores da comunidade.
Sobre a pergunta sobre as formas inclusivas e participativas. Eu acredito
que é fundamental a participação não só dos jovens, mas dos mais velhos e claro
as mulheres e, nesse sentido, fundar a formação de líderes. Nós temos um aspecto
que é a falta de organização das cabeças e movimentos. Seus líderes por muito
tempo estão nessas organizações e não se preocupam com outras pessoas que
poderiam ocupar seus lugares. Durante muitas décadas foram silenciadas e ter a
oportunidade de debater com outros grupos é uma necessidade desses líderes
ocuparem esses espaços. Mas é preciso ter certeza que outras pessoas podem
ocupar esses espaços.
Sobre a participação das mulheres no caso da Argentina, as mais antigas
lideranças foram dirigidas por mulheres. A mais antiga que eu presido tem 81
anos e há outra de 86 anos que é presidida por uma mulher e isso é um correlato
da sua história e são também chefes de família. Há uma gradual diminuição da
população negra na Argentina como querem muitos e a mídia e a sociedade
geral. Muitos homens negros foram cooptados, eles eram chamados de pardos
e morenos e em 1875 quando o Brasil e Argentina se uniram para aniquilar a
vizinha uruguaia, eles estavam lá nos campos de batalha. Para nós todos é preciso
seguir a luta

Aurélia Martina Azru Rochez (Honduras)

Vou referir-me ao tema sobre organizações e conflitos. Honduras não é


diferente, há um grupo de mulheres que estão na causa do reflorestamento, há
mudanças climáticas que estão afetando o meu país, e as mulheres sempre estão
presente para todos. Nós fizemos um trabalho de campo em tudo que se refere
ao cultivo. O povo Garifuna está há mais de 200 anos e ainda somos vistos
como estranhos.
Ao povo Garífuna matrilocal foi negado muitos direitos em Honduras.
Não temos direito a educação, saúde e sofremos em Honduras por terras e
territórios. Tudo isso nos afeta, se a gente quer alguma coisa, temos que fazer
muitas marchas até a capital, para chegar à casa do governo. Em nossa última

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 31
marcha tivemos que mover muita gente para chegar até o Congresso. Em
Honduras tem que se mobilizar para conseguir alguma coisa e se faz necessário
realizar isso na capital para chegar até o governo e para isso tem que ter dinheiro
e assim chegar até o congresso na casa do presidente. Essa foi outra mobilização
que tivemos que fazer. A manifestação com 214 tambores. Vocês podem imaginar
como soaram os 214 tambores, mas foi uma coisa que fizemos para chamar
atenção do governo. Caminhamos até a capital de Honduras e eramos mais de
800 pessoas, chegamos a capital salvos e sempre com força com respeito ao
povo Garífuna. Todos usavamos um uniforme de Garifuna e todos os povos
Garifunas cantavam em sua língua. E só assim foram escutados. São os
megaprojetos turísticos, o petróleo que agora tem uma concessão dos rios e é
lamentável e acontece grande desastre que afetam a fauna da comunidade. O
peixe não pode mais ser consumido e essas pessoas conseguiram mudar o curso
do rio. O estado de Honduras é falido e a violência e o narcotráfico são um
problema de todo país. O narcotráfico acaba com a juventude é um problema.
O narcotráfico acaba com as terras e acaba com eles. E é importante a união
para poder ser mais forte e se não há organização não se consegue nada.

Raphaelle Servius-Hamois Hartemann (Guiana Francesa)

Agradecemos pelo convite, é uma honra vir participar de um colóquio


internacional, sendo que a Guiana não é tão visível, sou tradutora e trabalho
muito sobre culturas negras e indígenas. Trabalho muito com o povo Boni na
Guiana, dos conflitos existentes nessa terra. Aí vemos uma imagem do guerreiro
Boni, o território da Guiana é da América do sul, que pertence aos blocos das
Guianas. A Guiana foi conquistada pelos franceses no século XVII, La Ravardière
e De La Touche, foi uma colonização europeia e depois estes trouxeram da
África a mão de obra africana. Depois os negros do Suriname, que fugiram das
plantações. A situação posterior a abolição da escravidão que aconteceu 1848 e a
situação da Guiana atual é que até 1946, a situação de colonialidade continuou na
Guiana. O status é de cidadãos franceses regida pela França que dá uma igualdade
aos cidadãos que vivem na França. Todas as leis aplicadas são redigidas na França,
ou servem para a Guiana também.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


32
Os Bushinengue, igual que os indígenas são povos para os quais não
existiam fronteiras, os estados colonizadores da época tinham interesses para
deslocar e desviar a fronteira. O caso de Apatou, ele era um chefe boni que
ajudou no século XIX a um pesquisador francês que veio pesquisar sobre a
biodiversidade, esse território foi tomado pelo governo francês, dando lhe um
título: Apatou agora é uma aldeia, tem um título oficial dado por uma
administração francesa, o que na verdade nem era necessário porque eles já
habitavam lá. O Estado francês mostra isso como uma recompensa: um território,
que era natural para eles, e instituem uma jurisdição municipal. Esse é o caso da
aldeia de Apatou que agora é um município.
Temos que debater a existência dos povos tradicionais no esquema
colonial. A França não reconhece os povos tradicionais, o anonimato do que o
Seefian Deie falava, está condicionado a essa Constituição francesa. Depois da
Revolução Francesa, a França se prevalece de ser a dona das terras, a Convenção
169 não foi ratificada, portanto, não há reconhecimento dos povos tradicionais.
O Conselho Consultivo dos Povos e Bushinengue, como o administrador não
reconhece as comunidades, nem os povos, aí ela usa um artifício para reconhecer
apenas as associações que trabalham por estes povos. Assim é um reconhecimento
regional, não é um conhecimento nacional, internacional. O reconhecimento é
apenas do lugar.
A situação atual é conflituosa em consequência de uma territorialidade
fronteiriça, zonas de direito de uso coletivo, existe um conflito entre o presidente
da associação e a chefia tradicional da aldeia. Ainda eles tem que pagar as taxas
e impostos, isto é todos os membros das comunidades tem que pagar taxas e
impostos, indígenas e bushinengue. Os povos bushinengue pagam taxas, mas
não tem titulação, nem cadastro. A criação do Parque Nacional Amazônico na
Guiana é interesse do governo francês para ter o maior parque amazônico da
Europa, enquanto para o povo Boni é uma área que não podem mais acessar.
Novos conflitos são gerados pela criação do Parque Amazônico pois foi colocada
uma legislação pela biodiversidade, os moradores já tinham o uso coletivo dessa
área, os direitos que eles tinham antes foi cancelado, a França sobrepõe a legislação
a favor dela e não dos povos. Houve um parecer desfavorável às decisões do
parque, o que gerou um conflito entre a administração e o conselho do parque,
e se criaram estratégias de como eles iriam se mobilizar contra a administração

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 33
do parque. A carta que foi colocada pelo Parque foi elaborada em francês e os
chefes não puderam dar resposta em função disso. Foi criado um movimento
social contra essa carta, falavam contra essa carta. Os povos bushinengues rejeitam
a carta, eles têm várias dificuldades de se organizar; entre os boni eles pensam que
é lei e não interpuseram recurso jurídico.

Seefian Deie (Guiana Francesa)

Eu sou Seefian Deie, estou muito feliz de estar com vocês aqui a agradeço
o convite do CCN Maranhão. O convite que eu recebi me mostrou a importância
do combate da luta numa continuidade que os nossos ancestrais já começaram
ha muitos anos. Alguem falou para mim que esse era um encontro de lideres e
de mulheres que vivem nessa condição. Eu acho que minha escolha foi clara.
Quando tem um encontro com uma mulher não se pode falar tudo da primeira
vez se não tem nada para amanhã, por isso não vou falar muito hoje.
A Guiana tem uma situação especifica, é uma situação colonial. Apesar
da condição administrativa há limitações territoriais e fica isolada de outros lugares.
Estão em uma situação de atraso com relação ao Brasil e até na expressão identitária
é difícil na Guiana dada a situação específica do país. Não que tudo seja negativo,
mas temos uma segurança física e social seria importante ter. Mas o preço que
pagamos pelo anonimato, eles não aparecem. A Guiana é regida pela constituição
francesa e a última fala quem diz é ela; é única e indivisível dizendo que quer
proteger o povo e todo mundo é como anônimo é como se chama o jacobinismo.
Quem são os Bonis? Eles vivem na situação atual em um território da
America do Sul que pertence ao território das Guianas de 90mil km. A França
colonizou, mas não conquistaram todas as terras e trouxeram da África a mão de
obra negra. Em 1773 começam a aparecem os negros de Suriname que foram
para Guiana e na época os Boni conquistaram algumas terras. Depois da abolição
em 1843 chegaram os orientais chineses, indianos .... Guiana tem sido colônia da
França desde o século XVII. A situação de colonialidade que existe desde 1946 é
regida de outra forma. Todas as leis da França servem para a Guiana também.
Os povos Buschinengue conquistaram suas terras com luta. Para eles não tinha
fronteira a partir do rio.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


34
Sobre o direito natural de ter o território, o estado francês mostra que é
uma recompensa, ou seja, o estado francês concedeu um território que já pertencia
a alguém. Sem contrapartida, pois era uma coisa doada que eles pegaram de
volta já que agora é do município. Houve uma política de afrancesação. A faixa
litoral tem 20 km de largura. A constituição Francesa fala que a França é indivisível
e não reconhece os povos tradicionais em termos de cultura, de tradição, de
história e religião distinta. Como legislador não reconhecia a legalidade das
comunidades tradicionais. Então apenas as associações são reconhecidas. Eles
reconhecem regionalmente, não é nacional.
Os povos estavam radicados em torno da fronteira do rio Maroni, essa
área continua sendo uma área de contestação. Existe um conflito de interesse
entre a França e o Suriname. Fazendo referência ao ZDUC – Zonas de Direito
de Uso Coletivo essas zonas foram dadas a comunidades, não como
comunidades étnicas, mas como associações representando essas comunidades.
A associação que é reconhecida e não o chefe. Então, existe um conflito entre
esse chefe que é reconhecido pelo povo e pela associação. Isso gera conflitos de
poder dentro da aldeia. Outra coisa: as taxas de impostos: Bushinenge apesar de
não ter titulação, pagam impostos e quem não paga imposto é o estado francês,
os indígenas e Bushinenge tem que pagar. Os povos Bushinenge não tem cadastro,
mas pagam impostos.
O Parque Amazônico da Guiana foi criado pela França para os povos
Boni e divide o território entre as áreas que não podem mais ser acessadas pelas
comunidades, vão ser regidas pelas autoridades do parque. Isso gerou conflitos.
No município de Camopi o parque colocou por terra um princípio de diversidade
os direitos que tinham antes. Agora os boni não tem direitos e precisam ficar em
outras áreas que não mais dentro do parque. Em 2012 deram um parecer
desfavorável a decisão do Parque, então as comunidades deram uma opinião
contra o parque. O conflito entre o Conselho e a administração do Parque gerou
estratégias de organização. A situação é a seguinte 9 de cada 10 pessoas não tem
diplomas então foi fácil para administração do parque apresentar a carta do
parque que pode ser assinado por cada um, eles dizem que o contrato, é uma lei
que se impõe. Mas no contrato é preciso ser aceito por duas partes e como é lei,
os boni não reagem. Nesse contrato, eles substituíram a palavra consentimento
por concertação. Os povos têm dificuldades em se organizar porque eles pensam

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 35
que a carta do parque é lei e não tem dinheiro também para se mobilizarem.
Mas quando se diz que é lei, as pessoas aceitam, eles substituíram a palavra
consentimento por concertação.
A linhagem materna é a linhagem hereditária. A linha é de herança. Então
por questão de referências históricas e de herança. Só que a mulher não está
sendo valorizada de forma material e de forma espiritual. Então a mulher reúne
essa força material e espiritual. E a mulher que representa essa comunidade reúne
essas forças. O altar dos ancestrais tem como fiscal uma mulher, a guardiã. A
pessoa que vai guardar o lugar é a mulher. Então é forçosamente uma ancestral.
Precisam organizar a luta das mulheres. O lugar da mulher na sociedade. A
minha aldeia é um foco da demografia de jovens, ou seja, a população jovem é
expressiva atualmente. A natalidade supera a dos chineses, daqui a 2030 a população
vai ser multiplicada por três ou quatro.
No que diz respeito ao território, não se fala disso normalmente, porque
na história são alvos dos interesses coloniais. Inclusive quando Suriname se tornou
independente, o novo sistema político que se instalou não regularizou a situação
dos Saramaka. Recentemente no Suriname, os Saramaka processaram o Estado
e Suriname teve resultado positivo. Mais uma vez que esse documento foi dado
em favor dos Saramaka a efetivação definitiva permanece uma luta. Sugere que
daqui a outra oportunidade, gostaria que os povos Saramaka pudessem participar
desse colóquio. Para responder o professor Luís Alves Ferreira não existem
representantes do Bushinenge que seja francês, no esquema nativo Frances. É
uma representação paliativa, através de uma associação. É por acaso que eu possa
ser representante do conselho. É difícil a França reconhecer seus direitos e o que
eles são.
Eu agradeço pela atenção sabemos que essa luta tem que continuar. Essa
é a única forma de agradecer aos ancestrais o que eles fizeram. Que essa união
continue!

Ivanildo de Sousa (Cachoeira Porteira, Quilombo do rio Trombetas, Brasil)

Agradeço a todos os países da América Latina, que já colocaram seus


anseios, não é fácil pra nenhum dos países lutarem pra defender os interesses
coletivos de seus povos. Essa luta cada vez mais tem que conquistar guerreiros

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


36
para ela, precisamos ter uma formação para montar um exército, parece que a
luta dos outros irmãos é muito forte. Vocês estão querendo, assim como nós
termos o domínio da terra nas mãos, isso dói mais quando é colocado em nível
internacional que o governo não dá condições para que a lei seja cumprida. Todos
nós viemos trazidos nos porões dos navios de vários lugares e hoje nós estamos
reunidos para lutar por nossos direitos. Não é simples e não é fácil reunir esse
povo pra falar sobre o nosso direito.
Já foi colocado aqui que o negro ele tem o mínimo de oportunidade, no
mercado de trabalho, nos melhores cargos para fazer a administração, e isso é
porque nós não temos acesso ao nosso território. Na minha visão, nós ainda
somos escravos, você tem que ter o título da terra, o que de direito é teu; você vai
continuar sendo escravo. Uso coletivo, mas na hora que o governo precisar você
vai ter que devolver. Os encontros conseguem alavancar muito pouco as demandas
dos irmãos, vamos pensar juntos na coletividade, pois pensando assim, lutaremos
por nosso território que é teu de fato e de direito. é preciso pensar na coletividade,
ela supera as barreiras, os desafios que todos temos e que tem uma história de
antepassados. Luta que você vai conseguir.
Os conflitos de nosso território vieram de um momento histórico há
muitos anos tiveram laços de sangue e tiveram acordos que foram firmados
com órgãos do governo das quais foram definidas que etnias seriam reconhecidas
e tiveram seus limites pré-definidos e como vizinhos atendiam os anseios deles.
Eles sempre atendiam os quilombolas de Cachoeira. Eles foram para campo
fazer o levantamento da área e em seguida o interprete foi fazer o
georeferenciamento da área e a consulta a qual foi feita uma publicação nos
outros órgãos. Resumindo a consulta, a comunidade finalizando com a
comunidade, eles finalizaram o processo chegando a mesa do governador e
firmaram dia 20 de Novembro seria feita a reintegração do título do território
de Cachoeira. Com isso, no próximo dia a CPI (Comissão Pró-Indio) reuniu
outras comunidades e tiveram reuniões do qual ele ajudou a conduzir a proposta
realizando remoção de agentes. Eles diziam que o conflito estava aumentando e
não se reconhecia território que estava em conflito, isso seria uma questão mais
institucional que interna. Para a instituição foi preocupante e no dia da Consciência
Negra foi planejado uma atividade e nada se realizou. Eles não estão indo para as
vias de fato, ainda é uma questão pacífica. Não chegaram ainda em fase conclusiva.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 37
Não está acontecendo o que foi parar na mesa do governador do Pará.
Internamente há indígenas casados com quilombolas e continuavam sem ter
conhecimento sobre a CPI. Vivemos um único país. A luta é a mesma. A união
vai fazer a diferença para todos nós. O caminho é longo, mas se unirmos vai se
tornar próximo. Isso faz a diferença.

Debate, questões e comentários à Mesa III

Luiz Alves Ferreira (Luizão) CCN

Sem mulher não tem revolução. Lembro da minha avó que era parteira
e que era um quilombola. Diz que 37% das mulheres são mães solteiras. Os
negros e as negras estão sendo violentados, apesar das leis que existem, somos todos
mutilados. Existe uma matança de jovens negros. O CCN e mesmo o conselho e
estão colocando questões do Brasil e da América. Na sua condição política afirma
que ainda tem colônia na America latina. Essas comunidades Boni, Saramaka tem
representatividade no governo francês? ONU, UEA e EU (União Europeia)?

Débora Cristina Bush Bush

Sou da Associação dos negros da Nicarágua, que apresenta problemas


diferentes e isso a faz cada dia mais forte. Miriam diz que na Argentina se ocultam
os afrodescendentes e Aurélia falou que todas as reivindicações históricas de
Honduras se conseguem através de manifestações e marchas. O colega de Guiana
diz que grande parte da população é analfabeta. Isso é preocupante, então isso faz
a população afrodescendente reclamar os direitos históricos. O que faz a população
afrodescendente para que essa cifra de população analfabeta possa demandar
educação, pois entendem que apenas através da educação que se constrói algo.
As comunidades afrodescendentes se sustentam em um sistema matrilocal
e mostra como são fortes as mulheres para realizarem desenvolvimento e isso
traz a fortaleza e a força para seguir adiante. Na Nicarágua quando se quer um
casal de negros, muitas vezes se prefere uma que não seja negra, pois as mulheres
negras são dominadoras. O mesmo acontece quando se pergunta quem manda
na casa que seja composto por negros, geralmente quem manda é a mulher. Daí

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


38
a importância de pedir ao governo mais educação e diminuir essa taxa de
analfabetismo.

Primitivo Pérez Herazo

Quais são os mecanismos para transformação da produção no seu


departamento? Enquanto a população negra, somos um só povo, deve haver
união. Em Honduras há um movimento e todos precisam saber desse movimento
e vice-versa é a única forma que podemos ser escutados. A Europa formou a
União Europeia e parecem um só país.

Gomes dos Santos (CONAQ - norte da Bahia)

Parabeniza pelo trabalho, pois está sendo dado continuidade e isso está
em alguns dados sobre a regulação fundiária. Existe aqui uma diferença com a
Guiana francesa. Aqui terra é poder e hoje esse poder está na mão dos políticos
e ex- donos de senzala dos passado.
O decreto 4887 de novembro de 2003 certifica comunidades e agora
está sendo derrubado por uma bancada ruralista. O processo de regularização
fundiária é discutido em outros países, como é um processo coletivo, essa terra
fica nas mãos dos quilombolas. Na Guiana o território foi dado em mãos e
depois com a emancipação do seu território. Aqui no Brasil aconteceu em função
do artigo 68 das disposições constitucionais transitória. O poder não será dado e
sim conquistado e para isso é preciso muita luta.

MESA IV PERSPECTIVAS POLÍTICAS DOS MOVIMENTOS


QUILOMBOLAS COORDENADA POR GARDÊNIA AYRES

Ruben Dário Hernández Cassiani (Colômbia)

Meus agradecimentos aos organizadores desse evento e ao Projeto Nova


Cartografia Social pela oportunidade de participar desse evento sobre perspectivas
sociais e políticas dos Palenqueros, Cimarrones, Quilombolas, Boni. Eu pretendo
dividir com todos as experiências que geraram os Palenques, essas experiências

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 39
deixaram uma mensagem no que diz respeito à busca pelo território como
exercício livre da sua cultura e nesse grande espaço que é o território.
O Estado tem cortado sistematicamente o território que tem o povo
Palenque, essa reflexão se alimenta também sobre o que se deve fazer para viabilizar
a luta Palenque. Desse ponto de vista, no âmbito das práticas agrícolas, da
recuperação da memória e no fortalecimento dos territórios tradicionais é que se
constitui o suporte e sustento. Muitas comunidades palenqueras tem conseguido
uma compreensão de mundo tripartite e o mundo mitológico. O segundo articular
dois mundos e os três se articulam em um ir e vir dessa concessão de mundo,
uma de suas raízes.
A cosmovisão compreende a existência do homem, dos espíritos,
dos animais. Os irmãos de lua têm a mente e a alma e tudo isso está presente nas
comunidades palenqueras. Isso caracteriza essas comunidades. Essas referentes
identidades culturais apresentam uma lógica própria e representam transformações
importantes. Na Colômbia quem melhor interpreta isso é o movimento social
afrocolombiano. Esse movimento tem consolidado esse sentimento de
pertencimento. Por isso definem movimento social como conjunto de ações
representativas do tipo social, produtivo, econômico dirigidos para uma
coletividade. Os palenques apoiam-se na identidade que pressupõe direitos e
deveres e eles tem um papel político definido e isso só se consegue enquanto
sujeitos coletivos. Eles como sujeitos são produtos das circunstâncias históricas,
no entanto se mobilizam para transformar essa realidade e isso gera transformação
de um sistema escravista e colonial que constrói uma lógica perversa. Essa política
de transformação se combina com uma lógica de poder. O poder é a autoridade,
a capacidade de controle que se tem sobe o território pois eles tem sua
ancestralidade. Essa identidade com esse papel político está ligada à ideologia
que configura toda uma práxis cultural. Assim, falando de identidade estamos
falando de consciência. E precisamos usar isso para transformar a realidade.
Uma primeira condição para o desenvolvimento real é o
reconhecimento do território e aqui se constatou que muitos irmãos em outros
países têm dado passos importantes para a definição dessa unidade política
administrativa própria e os colombianos tem avançado no reconhecimento da
titulação coletiva. Acreditamos que a grande mensagem é a Lei do 70 e é a ela

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


40
que se quer dar um saldo qualificativo e querem também o reconhecimento
como povo e acreditar que os irmãos devem passar para um novo passo. E isso
supõe um reconhecimento de comunidades autônomas e outra reivindicação é a
restrição de terra via titulação definitiva. Como é sabido a estratégia de
paramilitarismo conduziu o deslocamento de 4 milhões de cidadãos e na maioria
de afrodescentes e isso tem a ver com o reconhecimento de suas línguas como as
línguas oficiais. Não pode deixar de mencionar que o direito consuetudinário.
Nos necessitamos dos direitos próprios que regulam as relações sociais e com a
natureza. Inclui os aspectos comuns e os serviços no âmbito do artesanato. Não
é possível pensar em desenvolvimento sem pensar em uma educação. Quero
ressaltar tres aspectos pedagógicos :1) De que educação para que sociedade? 2)
Esse modelo tem que estar ligado à pedagogia própria e 3) Esse modelo precisa
responder ao modelo de explicação própria. E finalmente de políticas públicas
como condição de desenvolvimento, o que configura a agenda política própria
que precisamos construir e dar o passo para construir seu próprio movimento
político. É preciso sair para a criação de movimento político com rosto próprio.
É um movimento político. Esse cenário querer um parâmetro político.

P. Solicitação da plenária para que Ruben fale sobre a relação da juventude


nesse processo de identidade (masculino e feminino) e falasse também sobre as
mulheres negras nas políticas atuais no México.
Nossa cultura é integrante e nossa identidade também tem esse
caráter, nossa luta não se reduz a isso. São também manifestações do mundo
material e esse ponto de vista usamos para fortalecer nosso território. A identidade
dos recursos naturais. Para nós é vital a participação das mulheres e que são
encantadoras da comunidade e sustentam os rituais que são iguais no Pacífico e
são as mais importantes intérpretes de nossa música. Como a rede de mulheres
do Pacifico. Essa concepção de jovens, mulheres e adultos na vida política recupera
o sentido da política. E a política em favor de uns poucos e em contexto do
diálogo com os círculos acadêmicos incorpora novos paradigmas sociais.
Acreditamos na ampliação dos nossos direitos e desejamos ter maiores êxitos
onde realmente se pratique de forma efetiva e não mesquinha e a pluraridade
etnorracial.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 41
Célia Cristina da Silva (CONAQ)

Eu falo desde as organizações dos quilombos no Brasil e o que queremos


com esse movimento quilombolas aqui no Brasil. Ontem falaram muito sobre a
Constituição de 1988 e falaram do artigo 68 e surgiram muitas perguntas sobre
esse artigo: ele diz que os aos remanescentes que ocupam sua terra e reconhecida
propriedade definitiva a titulação devida. O decreto 4887/03 considera
remanescentes de quilombos grupos que apresentam ancestralidade negra e
resistência a opressão sofrida.
A história de luta e resistência no Brasil começa com a escravidão. Aqui
no Brasil o processo de escravidão foi o mais perverso da América latina e a
partir dessas lutas temos como marco de luta o quilombo dos Palmares, Lagoa
Amarela, Turiaçu e outros que foram surgindo como forma de resistência e as
pessoas não aceitavam e se refugiavam e essa luta continuou e continua hoje. Os
quilombolas brigam por esse espaço político e os territórios titulados nesse país.
Na década de 60 surgem os movimentos negros que darão visibilidade a esses
povos que estavam nos quilombos e lá eles estavam e não sabiam quem eles
eram e a partir dessa data ganharam visibilidade e até hoje há comunidade de
difícil acesso. Um dos movimentos que se constituíram nessa década foram o
CCN, o CEDENPA e o MNU. Esses grupos se articularam dando visibilidade
a essas comunidades. Em 1986 ocorreu o primeiro encontro de Comunidades
Negras Rurais; em 1993 encontro nacional de Comunidades Negras Rurais
Quilombolas. Em 1997 criaram primeira organização, a ACONERUQ
aglomerando comunidades que estavam dispersas e foi criada para dar visibilidade
para essas comunidades. Em 1996 criaram a CONAQ que surge de uma discussão
no Maranhão. Somente no Estado do Acre, Distrito Federal que não foram
identificadas comunidades negras quilombolas. O Amazonas não tem
representação na CONAQ. As comunidades quilombolas se organizam por
Associação comunitárias, estaduais, conselho, federação e comissão e nacional/
coordenação nacional que é uma articulação das comunidades negras rurais
quilombolas. A estrutura da CONAQ define um Encontro nacional de três em
três anos e há regionais que compõem a CONAQ. A coordenação é composta
por dois representantes e onde há mais comunidades como no Estado do
Maranhão temos três representações. Como resultados legais obtidos temos a

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


42
Constituição de 1988, no qual consta o artigo Nº. 68; depois o Decreto 4887. O
decreto 6040 é uma conquista recente que diz respeito a povos e comunidades
tradicionais e bem como povos de terreiro. Temos as leis estaduais e ainda os
Tratados e Convênios Internacionais – como a Convenção 169 da OIT. Sobre as
perspectivas políticas do movimentos temos que apontar as estratégias de
enfrentamento a Ação Direta de Inconstitucionalidade do Decreto 4887; esse decreto
está sendo ameaçado pela inconstitucionalidade e se isso acontecer, mais difícil vai
ser a titulação dos territórios, a garantia de autonomia do movimento quilombola
no Brasil. Temos essa organização, mas precisamos que ele seja mais forte,
precisamos assumir isso de verdade e garantir nossos direitos e fortalecê-los.
A efetivação da titulação dos territórios quilombolas precisa que
busquemos mecanismos para avançar e concretizar. Aqui no Maranhão não tem
uma terra titulada e vários processos estão acumulados, mas nenhum com o
título definitivo. O fortalecimento da mobilização nacional dos quilombos tem
avançado, mesmo com tantos direitos ameaçados e por isso precisamos ir a luta.
Há necessidade de criação de uma rede latino-americana. Se nós não temos o nosso
território, como fazer o desenvolvimento? Não temos estrada, não temos energia nem
água tratada. Essa efetivação do território como expectativa de vida. Terra é
saúde! É preciso estar juntos e se não for assim vamos lutar por mais 500 anos.
Temos um desafio muito maior.
P. Como é o funcionamento da estrutura da CONAQ e sobre o artigo
68 e sobre o decreto 4887 que o regulamenta.
A questão sobre os jovens e sua participação dos jovens, nós já tem uma
coordenação de jovens na CONAQ está prevista para o final desse ano o encontro
de jovens Conaquianos. A juventude está presente na CONAQ e não é só a
coordenação, são todas as comunidades negras rurais quilombolas, são homens,
mulheres, jovens e crianças.
O funcionamento da CONAQ. Primeiro há um escritório em Brasília e
que fica recebendo as demandas e reuniões constantes na CONAQ e há sempre
um coordenador de Brasília. Com relação ao comentário do senhor Primitivo,
somos na maioria que estamos excluídos e que não tem educação de qualidade e
a educação que faz a diferença. A maioria que está marginalizada. Isso dificulta o
nível de consciência. Temos que intensificar a educação que é primordial. A SEPPIR
foi um marco para esse desenvolvimento. Nesse momento que mostra que não

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 43
é um pais que há igualdade racial e que quando assume essa secretaria, ele assume
que há diferença. O grande desafio do Brasil é uma população gigantesca e que
tem ainda sua população a maioria a margem das políticas públicas. O Programa
Brasil Quilombola garante moradia, saúde, mas para alcançar isso é muito difícil.

Hilda Margarita Guillén Serrano (México)

No México as artesãs e produtoras e lutam para que se apliquem os seus


direitos. São elas que estão no trabalho no estado Oaxaca e se pode compartilhar
com os índios e povos negros. Para situar nos contextos históricos das mulheres
que foram escravizadas farei uma síntese dessa história e depois de muito percorrer
os negros chegaram na América com os europeus e foram obrigados a
acompanhar seus senhores. Nosso estado é multicultural e a maioria é indígena.
A morte reduziu o número de índios e então trouxeram os escravos e trabalhavam
nas minas e nas fazendas. Esses trabalhadores foram arrancados de seus povos
e assim os negros foram espalhados pelo México e não são numerosos e no
estado de Guerrero, Oaxaca, Michoacán, Campeche, Veracruz e Acapulco no
golfo do México. Os negros permaneceram ai preservando seus costumes, na
costa os negros trabalhavam como criados e como vaqueiros. Os outros negros
no estado de Oaxaca foram os negros cimarrones. Parte desse mosaico tem um
rosto próprio que se manifesta nos fandangos. Com o reconhecimento do povo
americano há bases para uma cultura afromexicana. Nós temos realizado três
encontros de mulheres indígenas e afromexicanas em Oaxaca e esse encontro
aconteceram nesse ano. Esse espaço de articulação de mulheres que desde 2011
começaram a articular-se, correspondem a interesses de intercambio e lições
apreendidas e fatores por parte das instituições e outros autores. Esse é um espaço
de mulheres das comunidades e das organizações indígenas e constitui o grupo
de trabalho de mulheres do Conselho e Secretaria dos Grupos Indígenas. Nós
lutamos entre os povos afromexicanos e povos indígenas e nós encontramos nas
filas do governo estatal; temos uma história de luta e aspirações mas sentidas em
torno do desenvolvimento. Nos três encontros realizados tem sido constante a
afirmação dos povos pelo cumprimento de seus direitos. Nós trabalhamos
ativamente na vida dos povos no âmbito político e comunitário. A perspectiva
de gênero é transversal, mas está ligado aos direitos dos povos. As demandas

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


44
apresentadas são grandes e em diferentes âmbitos da vida política, pois existe um
espaço limitado para a honra das mulheres que tem defendido seus direitos.
Atualmente, temos trabalhado organização e no reconhecimento de uma
aplicação dos direitos humanos e agora muitas mulheres exercem ações políticas.
Elas querem ter segurança e querem que se confiem na sua palavra e ação. Estamos
pedindo para os que tomam as decisões nossos direitos. Queremos ser deputadas,
governadoras, senadores, investigadoras e juízas e participar dos espaços de
comunicação e preciso dizer que radio televisão de maneira livre e temos
companheiras que foram assassinadas por disserem o que querem. Existe uma
secretaria que trabalha com assuntos indígenas, mas querem também ampliar
isso para os afromexicanos. Então impulsionamos a inserção da mulher em
diferentes níveis, o reconhecimento do seu valor. Estamos recusando as diversas
formas de violência de que somos vítimas. E enquanto governo não incluir isso
nas políticas públicas, não se pode mudar muito. Desde 2011, 400 mortes que
são entendidas como feminicídio. É necessário que se transversa este assunto das
mulheres indígenas e afromexicanas. No México falar das mulheres é falar das
mulheres indígenas e afromexicanas nas áreas rurais e urbanas. Com frequência
dizem homens e mulheres, mas desde o governo federal o povo afromexicano
é invisível, mas agora existe em Oaxaca. Não existe povo negro e então estão
impulsionando algo sobre esse tema. Os governantes não sabem quantos povos
negros existem no país, mas participam como defensoras dos direitos humanos.
Algumas vezes disfarçam suas atividades. Os direitos humanos se exigem e também
nessas oficinas impulsionam as mulheres para que elas sejam agentes comunitárias.
Estão fortalecendo as mulheres para serem líderes. Antes a mulher não tinha
participação política e hoje tem, foram exigidos dos partidos 40% das vagas
para mulheres. Nós fazemos política desde que levantamos da nossa cama. Há
muita migração no México e algumas mulheres vivem sozinhas.
P. Vive o México um conflito com o narcotráfico?
Sobre o crime organizado podemos transitar livremente porque não os
mencionamos e sabemos quem eles são. Não nos metemos com eles por
segurança. Comunicamos a marinha, polícia federal. Estamos trabalhando para
o município e para o estado e estamos tentando organizar um evento.
Primitivo Pérez pergunta: no México e na Argentina não tinha população
negra? A maior população do Brasil é negra. Na política o que passa se ela é a

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 45
maioria negra? Por que não tem um presidente na câmara, no Senado. Então o
que acontece?

Sidney Orlington Francis Martin

Aprendemos informações que há uma liderança centro americana e latino


americana para alcançar autonomia e não é uma luta fácil. Nesse salão não estamos
iniciando nada, só continuando uma luta. Nossa luta é muito antes de chegar aos
portos da América. Só queria mencionar que é interessante e importante tomar
conta da participação política afrodescendente. Isso não é assunto de homens e
mulheres indígenas e afrodescendentes. É parte do sistema dizer que, som os
descendentes de escravos isso para que uma minoria governe uma maioria. É
reconhecido que temos uma raiz rica. A relação tripartite é fundamental e isso é
fundamental. E estou aqui para apoiar a mulher, mas temos que avançar na luta
com homens, mulheres e jovens, pois é um assunto da família.

MESA V CONSTRUÇÕES DE ESTRATÉGIAS


COORDENADA POR DINA PICOTTI

Ivo Fonseca da Silva

Qual é estratégia da aplicação das leis? Nós temos a Convenção 169 que
unifica os direitos dos povos. Dentro de nossas normas e nossos costumes. O
decreto e o direito natural é nosso sentimento, nossa permanência. Eu nasci aqui,
e aqui me criei e eu não saio daqui, só quando em morrer, é daqui para o cemitério.
Em toda comunidade tem um pé de árvore que é abençoada. Quando eu nasci
esse pé de árvore já estava. Tem comunidade que tem pessoa que nunca foi na
comunidade. Nós temos comunidade que não consegue a legislação. Nós temos
alguns segredos que o Estado não percebe que é a forma da gente viver. Pelas
nossas estratégias de permanência nós ficamos. A pergunta mais batida é de que
vocês vivem?
Ontem foram apresentados os quilombos brasileiros. Eu sou de uma
comunidade chamada Frechal. Quando se trata dos direitos para o povo brasileiro,
nós não tínhamos direitos. Se nós tínhamos direito era o direito natural. Por

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


46
exemplo, o quilombo de Palmares tudo foi conquista natural. A questão do
território foi adquirido naturalmente 1530 até essa data de hoje. Nós estamos
trabalhando com direito natural para conquistar o nosso direito. De 1530 nós só
fomos aparecer na legislação em 1888. Todo direito era natural. Eu nasci sem
direito constitucional nesse país. Esse país é cruel com esse povo africano. O
projeto de colonização é cruel. O povo afrodescendente não tinha direito. Todos
eram iguais perante a lei na constituição de 1824. Há uma disparidade com o
povo que construiu esse país. O estado brasileiro dizia para nós que ele não tinha
aplicabilidade. O CCN, MNU, CEDENPA começaram a fazer seus encontros.
Em 2003 nós conseguimos o decreto 4887 no governo, é o decreto que dava
condições para trabalharmos e o direito de nossas terras. O governo não conhece os
territórios que nós vive. Os grupos racistas desse país entram com uma
inconstitucionalidade desse decreto. O racismo constitucional não é só no Brasil.
Nós temos que ter cuidado com as normas constitucionais. O projeto de
escravidão foi planejado e planejado para enriquecer a Europa e ainda está
enriquecendo e isso gera dificuldade em intervir com o Estado e o Estado é uma
teia de aranha.

Ilama Graybern Livingston Forbes. Raizales. San Andrés Colômbia.

Sou do povo Raizal. Nós vivemos no Arquipélago de San Andrés,


Providencia y Santa Catalina. Raizal é diferente de afrocolombiano, de palenquero,
temos raizes culturais afro-anglo e antilhana. Falamos o Criol uma língua própria.
De 1822 até 1912, os Raizales vivíamos independente e de forma autosuficiente
em relação a Colômbia. Em 1912, o Arquipelago foi transformado em uma
intendência e executou uma política de colonização para povoar as ilhas, impus a
cultura, a língua e a religião do Estado. Em 1912 um grande líder iniciou um
movimento de resistência. Em 1953 San Andrés foi declarado porto livre, com
abertura econômica que a fez centro turístico internacional. Houve uma onda de
migração gigantesca na costa, formada por uma população muito pobre por
causa dos grandes hotéis. Em 1953 aos anos 60 muitos jovens que eram da igreja
batista foram estudar nos Estados Unidos e voltaram com a ideia de autonomia
e pensaram que a ilha poderia ser independente. Isso foi um momento importante.
Quando os anos 60 chegaram o movimento surgiu e reivindicaram e viram a

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 47
necessidade de fazer um documento que garantisse uma sustentabilidade.
Começam então a trabalhar um estatuto. Em 1991 o Estado colombiano reconhece
a existência e identidade dos Raizales. A ilha tem muitos problemas provocados
pela super população, a falta de recursos que nos Raizales precisamos. Assim,
vivemos com muitas dificuldades e conflitos, pois não temos direitos territoriais
reconhecidos, a nossa cultura e organização é abalada.

Déborah Cristina Bush Bush

O motivo da minha intervenção é para abordar quais são os mecanismos


estratégicos para construir alianças de distintos movimentos. Nesse caminho eu
percorro a América Látina e nos constituímos a terceira parte da população e
somos muitos a viver em condições péssimas. Já existiram vários formas de ver
e falar sobre os movimentos sociais, sobre esses paradigmas e na atualidade
tratam de fazer acreditar em harmonia com o meio ambiente e nem sempre
estão sendo efetivos.
Os povos afrodescendentes estão cobertos de marcos jurídicos e estão
lutando por séculos. Todo esse processo é para reconhecer os seus direitos
humanos por diferentes instrumentos jurídicos e tem que ver com a declaração
universal da ONU. Essa declaração tem como instrumento a justiça e a paz e os
direitos humanos, e é inalienável. Esse conhecimento tem isso como base, como
preâmbulo e há uma serie de direitos e agora nos perguntamos se essa declaração
foi feita para que eles possam ser vistos como iguais? E que todas essas civilizações
possam viver em paz? Desde o afrodescendente minha experiência me permite
afirmar que os textos testemunham que é preciso ter uma luta continua e preciso
que haja ligação. Tudo está sendo usado para fins comerciais: fauna, água, flora.
Isso vem criando políticas e ações que permitem que as decisões sejam tomadas
sem que nos saibamos. Sistematicamente vem mostrando desprezo pelo capital
humano que nós representamos. Como organizações etnosociais elas têm a função
de fortalecer o povo. Alguns elementos: perderam valores familiares/ confere-se
debilidade da identidade coletiva; há limitações financeiras. A organização tem
como objetivo é juntar vozes de todos os lugares que podem ser levadas a todo
lugar e tudo será encaminhado para esforços gerais e assegurando sua articulação
ao movimento da diáspora. Desenvolvendo situações de forma sistemática. Tem

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


48
que se seguir com encontros, fóruns, conferências, colóquios buscando articular
e procurar respostas.
Eu acredito que é importante agilizar os direitos dos afrodescendentes do
mundo, penso também que é relevante criar um fundo afrodescendente e a
habilitação técnica para impulsionar processos de identidade cultural e com a função
de melhora da condição de vida dos povos. É preciso facilitar o acesso dos jovens
e mulheres ao crédito e melhorar as condições das famílias. No sociocultural é
importante impulsionar programas de educação que possibilitem falar sobre a
cultura afrodescendente e desenvolver a espiritualidade. É necessário criar museus
onde se visibilizem as diferentes artes e é sumamente fundamental a criação e
promoção das disciplinas afrodescendentes nos estados nacionais. Finalmente,
acredito que é necessário parabenizar a todos e que há palavras de ânimo para que
se possa seguir fazendo o que se está fazendo. Isso exige muito de todos, mas tem
que ser feito para que possamos alcançar nossos sonhos e juntar nossos esforços.
Esse legado dos ancestrais tem que permanecer vivo em cada um de nós. Como
os seus valores e propostas positivas onde não se existe estereótipo e não há
processo de exclusão que estigmatiza os afrodescendentes. Todo ser humano tem
um motor que é seu impulso na vida e assim sigamos fazendo o que estamos
fazendo e seguir desenvolvendo o que queremos para nóis.

Jimena Ajovi Vernaza (Equador)

Quero agradecer o convite em nome do Equador. Comprimento a toda


a família que encontra aqui. Em termos gerais falarei dos afroequatorianos. No
pais calcula-se que 7.2% é formada por afroequatorianos e indígenas são
igualmente 7 %. A população afroequatoriana tem sido influente no país e tem
uma história de luta. Eu tenho o compromisso de sair daqui e trabalhar e tem
muitas organizações que não são articuladas no Equador. É preciso então
estabelecer contatos dentro do país e replicar o que se está vivendo aqui no
Brasil. Como o caso do México, Nicarágua e Brasil. Os brasileiros são muitos
mais e eles não estão no poder; eu acho necessário que se organizem na política.
No Equador há representação política. Um evento como esse foi financiado
pelo governo e eu apoio a menção. Mas eu proponho que nós mesmos sejamos
provedores desses recursos. Há também no Equador problemas de território.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 49
No Equador existe muita corrupção, lá se diz se tem dinheiro tem poder. Para os
próximos eventos é necessário que sejam enviadas todas essas informações. Temos
que buscar estratégias e é importante considerar, quando o documento sair do
Colóquio é preciso ter essas estratégias. É preciso fortalecer uma rede de base.
Finalmente que criemos as condições para se reunir; é necessário que se crie uma
comissão de três pessoas para tratar esses problemas do território. Espera que
seja o primeiro, mas que não seja o último colóquio.

Yves Deie

Penso que essa organização não teve anteriormente e ela está do jeito que
eu gostaria para tentar inverter um sistema que foi construído há muito tempo
atrás: a redução da demografia e espiritual. Foi demonstrado aí que tem pessoas
que tiveram força e se pode agradecer aos ancestrais. Homens e mulheres que
foram nossos ancestrais e é a primeira vez que estamos reunidos desde aquela
época, mas de forma autêntica e não estamos reunidos em qualquer lugar, estamos
reunidos em São Luís no Maranhão. A situação facilita, entretanto, não temos um
tempo para sermos informados e de permitir contar com um tempo para refletir
sobre nós mesmos. Isso compromete as novas gerações. Eu me sinto abençoado
por estar entre todos entre mulheres e homens, diz mulheres primeiro porque a
ordem é importante. Se quer entender uma coisa é preciso revisitar, se questionar
sobre tudo que foi construído. Existem várias verdades sobre nossa história,
nosso patrimônio. Na Guiana poucas são as pessoas que poderão entender as
coisas como foram ditas neste Colóquio. O trabalho que as mulheres podem
fazer é como guerreiras. Esse trabalho que se faz aqui só se tem sentido com as
mulheres porque elas têm a espiritualidade que permite acreditar nessa luta. Que
leva a concretização dessa realização. Aliança é uma palavra forte para nós da
afro descendência e ainda a palavra inteligência. A língua oficial é dada por ele
como uma segunda proposta. Propõe a existência de uma comissão para fazer a
tradução em outros idiomas pois é importante. Porque a família precisa vir e
precisa entender e não se pode negar a língua a qualquer pessoa.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


50
Isidro Ramírez López:

Eu considero o Brasil de maneira especial é uma terra bendita por um


deus especial, e um lugar dos ancestrais africanos. Com essa presença internacional
se sonha com maior força. Em Oaxaca é uma comunidade multicultural com
predominância indígena e hoje se celebra o Congresso negro mexicano em
Oaxaca. É preciso buscar articulações. Isso nos tem levado a conquistar a inclusão
nas leis do estado. O sistema quer controlar nossas ações e não se estabelecem
coletivos para isso. É a partir dessas experiências podemos ter a possibilidade de
conquistar nossos direitos. Temos buscado articular com grupos de trabalhos no
México onde foi criado mecanismos: Aliança Civil da Costa de Oaxaca. Essas
articulações trazem encontros de povo negro, fóruns, celebrações sobre a infância
e os primeiros trabalhos com jovens mexicanos. Na segunda feira na comunidade
de José Maria Morelos estarão reunidas celebrando o Dia Internacional da Não
violência contra a Mulher e hoje a mulher afromexicana tem levantado a voz
para isso. Hoje se está potencializando isso. No próximo ano estará Argentina.
No México que antes era nova Espanha, essas mulheres foram que viveram um
exemplo de vida. Mulheres em condição de pensar na liberdade e ainda com o
abuso das senhoras dona de casa dos senhores, ainda depositavam esperanças
em ver essa linhagem livre. E suportar a crítica de ter filhos bastados e hoje se
tem a liberdade graças ao sacrifício dessas mulheres. E com muito orgulho que
minha mãe é negra afromexicana e é um pilar que o motiva a seguir esse
movimento. Se tem caminhado junto para somar outros companheiros e
continuaremos.
É preciso trabalhar o tema identitário. A história no México não fala dos
atores negros do país e depois de Miguel Hidalgo, a segunda cabeça nesse processo
foi de Vicente Guerrero, um negro e no México existiram dois presidentes negros.
No processo histórico no México não há muitas menções sobre eles e conclui
dizendo que a diferença da língua não é limitante e isso nos faz mais interessante.
Eu peço apoio para estabelecer uma base de aproximação que vai ser histórica
também. Essa aproximação histórica ajudaria o México a ter mais visibilidade na
América latina.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 51
Ivo Fonseca da Silva (Brasil)

Essa pauta de estratégias nacionais já está submetida em todas as falas e


eu pensava uma frase de um tio quando ele falou que iria parar seu trabalho no
movimento. Meu tio comentou: “Tua missão não terminou” e eu digo para
todos que estão aqui, a nossa missão ainda não terminou. Tem-se um compromisso
em trabalhar a todos os irmãos que não sabem ler, temos que ter um sonho que
é um sonho de Mandela. Todos aqui somos Mandela, Dandara. O nosso
sentimento com a África está todo dia conosco, toda hora. Todas as falas aqui
dizem quais os pontos que se devem seguir para continuar com esse trabalho. A
companheira da Nicarágua pontuou – isto é ponto por ponto qual a estratégia
para libertar nosso povo.

Debate, questões e comentários à Mesa III

Luiz Alves Ferreira (Luizão) CCN

Ivo fala que é jovem e ele disse que tem 63 anos. Então é esse o trabalho,
o Mandela tem mais de 80 anos e lutou muito. A unidade dos povos tradicionais
para enfrentar tudo que foi falado. O presidente da república do Brasil de origem
cigana ninguém sabe, Juscelino Kubitschek não falava. Ele conta que passou pela
esquerda brasileira, com os negros e com os indígenas. Ele continua sendo um
homem de esquerda. Tudo existia, discriminação do negro e o racismo é central
no sistema capitalista. Como isso é refletido na juventude? Eu parabenizo a
todos e por esse nosso debate. Mandela é o símbolo, mas há um pensador
africano Amílcar Cabral, ele era marxista, estudou em Moscou, mas pensava no
povo. Ele foi assassinado pelo sistema. Na República tem poucos, quase todos
tem origem europeia. Essa é a nossa unidade brasileira. Tem um pensador Franz
Fanon que poucos sabem falar sobre ele.

Jozanira Rosa Santos da Luz (Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa)

Eu sou militante do CCN e é do grupo de mulheres e sinto a necessidade


de ter uma discussão sobre gênero. Nós temos um legado histórico, considerando

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


52
a importância das línguas e aqui se trata então de uma articulação. Nós fomos
violados a partir da língua e pensar em estratégias para inserção do idioma africano
nas escolas é fundamental. Todos falamos a língua do colonizador. Como é
possível depois de tantos anos de escravidão ter esperança e a educação é um
caminho que liberta! Eu proponho pensar em um estudo de um dos dialetos
que possa fortalecer o povo afrodescendente.

Isidro Ramírez López

Esse é o dia do negro mexicano em Oaxaca. Porque é o dia que se


comemora a abolição da escravidão no México e contra a escravidão. Por isso se
celebra o povo negro de Oaxaca.

Antônio Henrique França Costa

Eu sou bailarino no CCN. Aprendo a dançar com meus mestres e com


meu povo e faço parte também de um terreiro a casa Fanti Ashanti. Esse ano faz
10 anos da lei no ensino brasileiro da inserção da história africana no Brasil e
houve vários negros na história do Maranhão que foram importantes para o
Maranhão, mas são totalmente desconhecidos. A educação é uma arma para
combater o racismo e outras questões também como a posse da terra, das
territorialidades. Devemos propor a educação como tema transversal nessa pauta
do Colóquio. Eu pergunto como isso é trabalhado em outros países, combate
ao racismo tendo como arma a educação. Existe uma lei também para falar do
povo negro na escola?

Débora Cristina Bush Busch

Os homens disseram que estavam conspirando, mas vamos construir


uma rede de mulheres e que isso se anexe no documento final desse congresso.
Sobre a educação não conhecemos o tema da etnoeducação nas escolas ou
universidades. Estão trabalhando fortemente com relação a isso.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 53
Jimena Ajovi Vernaza

Eu sou a favor a essa rede de mulheres. Sobre a questão em Nicarágua,


a educação na costa do caribe se dá ao redor do modelo pedagógico de que
falava Ruben Hernández. Esse sistema educativo regional é o que tem o poder
de educar os nossos filhos e de populações afrodescendentes em sua língua
materna e isso vem há 25 anos na costa do Caribe e tem avanços e retrocessos
em vários municípios. Nos casos particulares dos crioulos no Norte e isso não
está sendo aplicado e no entanto se tem avançado com os povos indígenas e na
zona do norte. Esse sistema tem vários componentes, não só na língua materna.

Dina Picotti

Esse tema é muito importante e é necessário que o negro seja incluído


nessa educação não apenas para lugares onde a maioria seja de negros ou índios,
mas para todos. Isso não pode ser reduzido, por mais importante que seja.

Yves Deie

Companheiros e colegas na Guiana não se está nesse nível, tudo passa


pela aquela visão jacobinista da França. O povo da Bretanha tem uma visão
centrada em Paris e tudo está centrado nesse sistema. Foi colocado um sistema
de mediação local. Os contratos que eram dados aos professores eram de seis
anos e eles não poderiam continuar e teve uma briga. A preocupação é o
reconhecimento dos idiomas maternais no sistema educativo francês. Apesar da
literatura que tem, que descreveram os idiomas, eles não conseguiram ir além
disso. Toda força jurídica é dada a língua creole, a língua dos afro da faixa litoral.
A língua dos outros são reconhecidas como afro regionais. Hoje se fala professores
de língua maternal e de permitir a criança entender o Frances, a língua francesa.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


54
RESUMOS DE DEBATES DOS GRUPOS DE TRABALHO

GT 1: DIREITOS TERRITORIAIS E LEGISLAÇÃO.

Carlos Alberto González Escobar


Proponho que trabalhemos com 4 perguntas:
1.Qual o estado da propriedade? Os relatos coincidem que as ameaças aos
territórios são os megaprojetos, os monocultivos do agronegócio, o narcotráfico,
os grupos a margem da lei. Para a Colômbia a mineração gera também forte
ameaça para o território. Outras ameaças estão relacionadas ao turismo,
extrativismo. Isso afetam em grande medida o desenvolvimento e permanência
dos povos em seus territórios e, por último, a legislação que não é participativa
para os povos. Por último, para a Colômbia as propostas seriam para gerar
decisões a nível local e regional e nacional e até internacional. Isso deve ser um
exercício que articule com outros povos. Elaborar mecanismos de rede para os
povos negros para que os direitos estejam sempre a luz deles. Junto com as
universidades a população negra e incorporar as universidades nisso.
2. Quais são as principais normas de legislação. Quanto a legislação há casos
muitos limitados. Na Colômbia a legislação é ampla, mas para os povos é
complicado. A norma para o conhecimento popular é preciso que a linguagem
seja clara para que possam usar esses mecanismos que existem. No Brasil o
território constitui elemento de identidade e de titulação coletiva. Mas há
impedimentos que dificultam os processos, no entanto os quilombolas estão
conseguindo titulação em função das leis que existem. A territorialidade no Brasil
é importante, aqui se defende a igualdade racial, mas a realidade é outra. O
Congresso Nacional tem a bancada ruralista e isso gera um cenário desfavorável
para os povos exercerem seus direitos. Para o Equador há conflitos que param
os processos de titulação e os conflitos interetnicos; os conflitos devem ser
diminuídos. Eles estão trabalhando fortemente para converter as ameaças em
potencialidades. Não basta reclamar e querer o título, é preciso saber o que fazer.
Uma coisa é obter o título outra coisa é administrar o território. A aliança com
outros povos ajuda. Então, a administrar melhor o território e isso se diz ao
Equador e nos demais países. Para finalizar, faltava Nicarágua. Para lá eles têm
uma legislação que opera para uma determinada área do país, não é para todo o

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 55
país, para as zonas onde há povos negros. Eles estão tratando que se reconheçam
seus direitos de registro, mas não tem registro oficial e trabalham para ter esse
registro. Logo, irão realizar as eleições e a tarefa clara que terão que retomar a
discussão sobre os direitos territoriais e que determina a lei 445. Há um êxito de
pessoas desse território, mas quando eles obtiverem os títulos. Uma das propostas
é conseguir desenvolver processos internacionais, como o exercício que estamos
fazendo nesse colóquio. Isso é um grande resumo de todos esses feitos e é preciso
que seja sistematizada.

Danilo Serejo
Todos esses não cumprimentos da lei ferem a Convenção 169. Essas leis não
foram efetivadas e há a necessidade desses povos se organizarem em espaços
como esses.

Carlos Alberto González Escobar


Na Colômbia o tema da titulação dos territórios vincula a titulação dos territórios
coletivos, no resto do território onde não há como fazer isso, o governo nacional
está titulando sob a pressão dos povos os territórios pertencentes ao narcotráfico
e isso gera risco para a população negra de grande parte do território nacional. É
tão difícil que o governo entrega a responsabilidade da vida dos colombianos
frente ao narcotráfico. Essa condição viola os direitos humanos e em lugar de ser
reconhecido os direitos, o Estado nos coloca a mercê dessas pessoas. E a qual
nós nos vemos enforcados. Deixa isso para que fique na memória do colóquio.
Esse conflito é muito grave.
3. Quais as principais alianças?
4. Quais são as soluções para aplicar e melhorar as condições atuais?

GT 2: CONFLITOS SOCIAIS, POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E


GRANDES PROJETOS

O Grupo de trabalho reunido no I Colóquio Internacional de Quilombolas,


Palenqueiros, Cimarones, Cumbes, Saramaka, Boni, Djuka e Garifunas discutiu a
partir de relatos de experiências sociais e de pesquisa, diferentes situações de
conflitos gerados por intervenções de grandes projetos, de ordem privada ou

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


56
estatal e, debateu ainda sobre políticas governamentais em diferentes países e,
quais incidem, impactam e infligem os direitos dos grupos sociais representados
neste colóquio. Os conflitos sociais e as políticas guardam especificidades pelas
realidades e identidades onde se apresentam, mas, também se mostram em certos
aspectos similares. Por isso, requerem ações conjuntas que visam o enfretamento
das situações de conflito decorrente do avanço do grande capital e suas estratégias
que incidem em intervenções e exigem políticas públicas, direitos sociais, territoriais
e humanos.
Das Propostas e estratégias
1. Que o Colóquio saia com uma declaração que contenha uma solidariedade
com o trabalho que realizam cada uma das organizações que participam do
colóquio, especialmente Guiana Francesa e Argentina. Uma declaração com
rechaço às políticas de governos e estados que vão contra os processos
organizativos dos grupos e povos tradicionais.
2. Continuidade e constituição de uma rede em âmbito nacional e internacional,
com as diferentes identidades representadas no Colóquio, da América Latina e
Caribe.
2.1. A rede deve propiciar a articulações entre entidades e movimentos locais e
nacionais e, a partir daí uma integração dos países. Com a constituição de uma
agenda entre Caribe e América Latina.
2.2. A rede necessita incorporar as articulações especificidades de gênero, geração
e experiências que apontem para um modo de viver das comunidades e povos,
com foco a educação e práticas agroecológicas. Em articulação com a academia
a partir de práticas que revisem o próprio modelo ensino dominante.
2.3. Constituição de uma equipe técnica para definir o alcance e atuação da rede.
Que não seja conjuntural, mas, continua. E, assim, é proposto outro Colóquio.
Com sugestão de que seja realizado na Nicarágua, devido as experiências
importantes apontadas.
2.4. Que em torno da rede se crie uma página de internet, boletins e prontamente
uma articulação virtual como e-mail e redes sociais para encaminhar as ações da
própria rede.
3. Que a rede realize articulações e aliança com organismos nacionais e
internacionais para promover os direitos e financiar ações como da própria rede,
a exemplo do Colóquio.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 57
4. Promover a elaboração de cartilhas com dispositivos jurídicos locais, nacionais
e internacionais a fim de dá visibilidade para os direitos e troca de experiências
relativos estes direitos dos povos e comunidade tradicionais e negros.
5. Que a rede se articule a organismos nacionais e internacionais que pressione
sobre os direitos e a titulação dos territórios.
6. Revisar experiências de articulações e redes, nos últimos com foco nas
experiências positivas.
7. Pressionar os governos e instituições (no Brasil, exemplo de INCRA) que
reflita e incorpore em suas ações a noção de território e não somente de titulações
de parceladas e da propriedade individual.
8. Buscar espaço de participação em organismo como MERCOSUL, OEA,
ONU, ALA, entre outras. E, que responda a sociedade civil.
9. Aprofundar sobre estudos das diásporas e povos negros. Sobretudo, para
questionar os problemas das estatísticas oficiais que negam a existência dos negros
em países como México, Argentina, Brasil, por exemplo. E contribua a conhecer
a história e em processos de afirmação da identidade dos diferentes povos negros.
10. Participação real na política para tomada de decisão em ações políticas,
econômicas, sociais e ambientais em âmbito local, regional e em cada país.

Sugestões
Quilombolas e outras identidades não olvidar a perspectiva diaspórica para
américa.
Educação novos epistemologia, incorporar aquelas que foram deixadas de fora
Reforçar a participação
Escola de formação de jovens pós diasporica
Brasil, Colômbia, Nicarágua começam a pensar essa escola e entrar na experiência
pela que está disponível.
Possibilidade de participar no Congresso Americanistas em San Salvador que se
realize uma mesa. A estratégia é impactar no acadêmico.

GT3: FORMAS ORGANIZATIVAS: PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

Abordaram-se os temas: problemas organizativos e sociais; perspectivas sobre


esse evento. Pensou-se em uma dinâmica participativa e como se trabalhar em

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


58
cada país. É comum que se trabalhe sobre o fortalecimento ocupacional e o
relacionamento com o governo, que delimita essas dinâmicas organizativas.
Outro tema é sobre a colonização e isso passa a ser um problema. É um trabalho
contínuo para buscar conhecer e apresentar em cada país. Em segundo momento
entender os problemas e recorrer ao que se conversou sobre as problemáticas
sociais e se falou muito sobre saúde, segurança social e temáticas organizativas.
Mas, faltou mais dinâmica e articulação com outros grupos. A presença africana
das Américas e em mais de 200 países. E não somente como sujeitos pacíficos.
Na outra perspectiva está o tema sobre a liderança que se plantou em vários
sentidos em nível geral e ligados ao tema da participação da mulher. Faltam
recursos econômicos e isso limita o desenvolvimento das ações. É igualmente
interessante a relação entre o conhecimento ancestral e o acadêmico, pois tem
que se avançar nesse sentido. Entre as organizações e o acesso a recursos.
Um ponto forte é a perspectiva no cenário nacional pensando que isso continue.
Para que se construa a rede. Esse é um compartilhamento que fazemos em cada
país e algumas são compartilhadas. Liderança política é um tema geral para que
possam avançar em seus direitos com seus povos. Um princípio básico é sobre
a autonomia como povo negro e como povo negro em cada país. Basicamente
tem funções que foram expostas onde há quatro elementos:
1. Funcionamento (como funciona a organização em cada país).
2. Intercambio (contato entre os pais) é preciso que haja coordenação com a
participação de cada país. A coordenação deveria ser no Brasil e aqui há muitas
informações. A partir dos países que tem mais territórios teriam mais condições
de ter mais informações. É importante esperar esses eventos para realizar
intercâmbios. segunda forma é divulgar esse tipo de experiência.
3. Tema da comunicação. Aqui entra a incorporação da tecnologia, mencionado
pela professora Dina Picotti onde teria informação sobre todos os países em
colocá-los nessa rede. Fazer um informativo sobre os eventos realizados onde as
experiências podem ser relatadas. Nesse pensamento é importante pensar sobre
a questão geográfica e pensar sobre a cartografia que se está fazendo e utilizar
ferramentas para isso. Para as comunidades que não tem acesso a internet isso é
pensando, mas o recurso é pouco. Então, é importante pensar nos recursos. O
diretório precisa ser montado também.
4. Recursos. Estudar quais são os recursos para elaboração de projetos e buscar

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 59
financiamento. Pensar na autonomia e gestão onde tem elementos de construção
política. É preciso ter fonte de financiamento como a UNESCO e multinacionais.
Outro tema: perspectivas para outros eventos, propõe que seja no México, onde
está sendo iniciado um processo de reconhecimento. Em 2015 teria encontros
bilaterais e encontros pequenos onde seria lançado quem somos outra coisa
interessante é o reconhecimento. Visualizar eventos internacionais para realizar
redes e relações. Uma pessoa tem uma tarefa onde irá fazer uma declaração
sobre a população afrolatina americana, onde se está trabalhando, há resistência.
O que estão sendo apresentado aqui, espera-se que se aprove.
Yves Deie. Precisamos pois é é importante ter esse resumo. Todos aqui são
irmãos e se pretende construir uma rede de contatos. O CCN tem dado exemplo
de um trabalho de pesquisadores e há também uma presença de uma universidade
expressiva no Colóquio. Na Guiana Francesa eles lutam para ter uma universidade
e a universidade que havia lá não funcionava, não estava bem. Isso e uma
oportunidade para ampliar e para que cada país coloque o que está sendo discutido
e se pode começar com os materiais que estão sendo reunidos. Ele registra tudo
e isso pode servir como material a ser apresentado em programas radiofônicos.

1. PRESENTACIÓN DE LAS ORGANIZACIONES

MÉXICO
La señora Hilda Margarita Guillén Serrano de México hizo la presentación de su
organización en la cual trabajan desde 1997 con mujeres, jóvenes niños y niñas
indígenas y afrocolombianos.

BRASIL
Existen varios modelos de organización. Unos son virtuales y no queremos el
modelo de dominador. Nuestro modelo es afecto, respeto, se trabaja desde la
mística, la tradición, el saber ancestral. La formación y pensar mucho en la juventud
como protagonista. Lo otro es el fortalecimiento de nuestra cultura. Debe ser
apropiado. Combate la política de superioridad de un conocimiento. Nuestra
mística es propia, ella dialoga con esos saberes.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


60
GUYANA
La situación precisa de una respuesta rápida, lógica. Ha acontecido con los
ancestros de aquí. Contraste de choque, de sorpresa. Responder a una situación
rápidamente. Con continuidad, de manera natural, con respeto. La idea sería
poner toda la imaginación. El sistema que otro coloco para deshumanizar, la
religiosidad, el poder en la educación, en la economía y otras áreas.
Encontramos una situación de guerra contra los indígenas. Foco de violencia y de
deshumanización fue feroz. Ya vivian personas en la selva. Bushinenges con su
estructura organizativa propia, saben entender y resolver problemas. Elementos
propios, lenguas propias.
El gobierno francés no hace nada para respetar la diversidad etnica y cultural.
Otro problema mixturado de las bebidas y la salud de más de 30 personas. No
consiguieron ayudarle y llamaron los curanderos. Otro factor es la responsabilidad
de la organización francesa. Eso es para mostrar cómo opera por dentro. Los
Indígenas y bushinengue hacen parte de la misma situación ante el Estado frances.

COLOMBIA
Como ya hablé en la Mesa las comunidades negras en Colombia tienen distintas
formas organizativas a través de los cuales se gestionan nuestros derechos. La
organización de los afrocolombianos, Palenqueros, Raizales fue fundamental
para la articulación que llevo la Ley 70 a la Constitución Nacional. Las nuevas
organizaciones surgen para la interlocución y reclamación de derechos junto al
Estado colombiano; ellas son diferentes de las organizaciones locales, como los
Kuagros de los Palenqueros de San Basilio. En noviembre de 2002 se organizó
la primera Conferencia Afrocolombiana con delegados de todo el país y
analizamos las problemáticas del pueblo afro. Uno de los temas discutidos es la
violencia que provoca la muerte de líderes afrocolombianos, las pérdidas de
territorios, los desplazamientos forzados. En las regiones surgen organizaciones
como la COCOMACIA. En 2005 fue realizada la Conferencia Nacional de las
Organizaciones Afrocolombianas CNOA. También fue montada la Mesa Nacional
de Organizaciones Afrocolombianas. Nosotros pensamos que son muy
importantes los consejos comunitarios y las organizaciones de base que se articulan
para fortalecer el proceso. La pregunta que queda es como vamos a organizarnos
y como daríamos un salto

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 61
NICARAGUA
La organización tiene más de 10 años y surge por la necesidad de ser visibilizado
en los escenarios económico, político, social. Las políticas del gobierno se estaban
orientando a otros grupos especialmente a los indígenas. Surge entonces Caribian
Black Asociation. Tiene desde sus mandatos promover la identidad cultural. Este
proceso ha sido difícil porque la percepción generalizada cuando las organizaciones
negras se organizan es que vienen a quitar derechos a otros grupos, sin embargo,
esa no es la pretensión, solo estamos haciendo demandas que están en la
constitución política, en la ley de autonomía. Coincido plenamente con la doctora
Dina Picotti cuando dice que estos esfuerzos tiene que llevarse a la academia,
porque esta lesionando a las comunidades Negras. No estamos llevando nuestro
proceso, nuestra valía con la fuerza que debemos tener. Debemos cambiar
currículos, hemos estado elevando nuestros esfuerzos para fortalecer nuestros
grupos. Eso requiere una transformación de la lógica de pensamiento, sino queda
metido en la cabeza la lógica de colonización.
En el pais se están dando dos procesos: uno de reformulación de la ley de
Autonomía, tienen 45 concejales, y la reforma a esta ley pasa por una consulta
nacional. En ese sentido la organización NBPA… proponemos que las
organizaciones negras tengamos mayor representación, desde ahí se inicia el
racismo institucionalizado. Ahí también estamos peleando por llamarnos Pueblo
Afrodescendiente y de comunidades negras sino de Pueblo Afrodescendiente. El
otro proceso grande es la reforma de la constitución política donde todas estas
transformaciones deben quedar en la constitución.

2. PROBLEMAS

ECUADOR
Afros e indígenas de la Amazonia. Problemáticas. Falta más coordinación entre
pueblos afros indígenas y montubios. Al interior existe debilidad en el
fortalecimiento institucional, no capacitaciones, encuentros, diálogos. Por ejemplo,
este tipo de eventos en las bases comunitarias no se dan. También a nivel
organizativo en los liderazgos en jóvenes y mujeres. Por último, existe falta de
recursos económicos o que limita la autonomía y el funcionamiento, el desarrollo
de acciones político- organizativas.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


62
Perspectivas.
Participación y coordinación interna.
Generar dialogo equitativo: conocimiento ancestral y académico.
Necesidad de nuevos liderazgos
¿Desconfianzas, quien representa a quién?
Aun cuesta reconocer la diversidad al interior de las organizaciones y promover
la participación en ese sentido.

COLOMBIA
Un problema es de las perspectivas como se entiende y se asumen la situación del
pueblo negro tanto al interior como al exterior de nuestros países. En ese sentido
entender que hay por lo menos dos perspectivas, de un lado quienes estamos
pensando en la transformación de la sociedad, de las relaciones sociales dominantes,
y que a partir de allí nos asumimos como sujetos colectivos de derecho. La otra
es la perspectiva de entender la situación de las comunidades negras como
coyuntural, y desde allí se piensa en la asimilación y no cuestiona de fondo la
realidad estructural, y desde allí se plantea a las comunidades negras como
beneficiarias de las acciones del gobierno, de los Estados.
Es central reconocer la diferencia al interior de las organizaciones y del movimiento
social, participación activa de mujeres y jóvenes. Lo segundo es la financiación, se
necesitan recursos para funcionar organizativamente.
El tema de los liderazgos, las desconfianzas el discutir sobre quien representa a
quien, si no estoy yo no estoy representada, por ejemplo, también constituye un
problema.

GUYANA
Nuestra situación es muy distinta a las otras. Nuestro territorio se queda en dos
países al mismo tiempo. Uno independiente y otro sigue siendo una colonia… es
una consecuencia audible de la colonización que sigue. Cuando esta Guyana no es
preciso ir para entender. Ustedes tienen mucho avance en comparación y no saben
si van a conseguir los mismos avances. Los representantes de nuestras naciones no
tienen la lengua o nación para representar nuestra nación y afirmar lo que ellos son.
Tiene un documento que une la nación Boni al estado francés. Un documento muy
importante afirma que la concertación es lo mismo que consentimiento.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 63
BRASIL
Nuestro territorio es necesario para la supervivencia. Los proyectos financiados
por el Estado favorecen la explotación de los recursos hídricos, forestales,
madereros, minerales.
Por otro lado, el conocimiento tradicional como conocimiento marginal, menor
e imponen el conocimiento y las técnicas de empresas, retirando la posibilidad de
los pueblos utilizar esos recursos.
Tenemos problemas de acceso al territorio y las titulaciones no ocurren. En la
Paraíba (Nordeste) la titulación demoro 40 años. Cuanto tiempo demoraría si
existen 30 zonas se demoraría un siglo más. Cuál es la supervivencia de nuestro
pueblo.
Ivanildo Costa
Vivo en una comunidad pequeña. La comunidad de Cachoeira Porteira. Hay
unas diferencias grandes de movilidad. Es más económico salir de Belém a Brasilia
que de Belém a la comunidad de ella.
Nuestro problema es que los hijos no tienen acceso a la educación y cuando
llegan a la ciudad no se acostumbran. Los que no se acostumbran regresan y
hacen cosas malas… para tener acceso a la salud tienen que viajar 3 horas y es un
gran problema.
No queremos que nuestros hijos pierdan la conexión con los padres, abuelos,
porque es la tradición con los quilombolas, pues tienen jóvenes que no quieren
ser llamados quilombolas, entonces hace una exigencia importante para la familia.
Desde el 2004 estamos luchando para la titulación, tenemos una etnia indígena
que tienen titulado, ellos tienen el título, pero no quieren que los quilombolas, los
indígenas dicen que ellos tienen poca tierra y los quilombos tienen mucho. No
existe conflicto, es una cosa de la cabeza, del pensamiento.

MÉXICO
El caso de México creemos que hay problemáticas ligadas, pero es diferente a lo
de América Latina. El acceso a la salud es muy limitado, no hay medicamentos,
no hay médicos. Otro problema es el nivel educativo y el acceso a la educación
superior es muy limitado. En México existe o hemos vuelto a la diferenciación de
clases, los ricos demasiado ricos y los pobres muy pobres y carecemos de nuestros
derechos de pueblos negros, por eso somos discriminados, reina la xenofobia,

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


64
lamentablemente. Una cosa positiva es que hay organizaciones que trabajan el
tema negro, tenemos foros, encuentros y problemáticas negras, lo negativo en la
parte de las organizaciones hay una fractura de quien llega primero para el
reconocimiento primero y existe un protagonismo que refiero algunos actores
sociales que se dicen los amos, expertos del movimiento negro. Se han generado
redes por el reconocimiento de representaciones afromexicanos. Estamos en la
estructuración de una tercera vertiente donde intentamos crear un trabajo
transparente, de base y esto coloquio viene a reforzarlo. la idea de conocer el
centro cultural y conocerlos a ustedes para fortalecer el trabajo en México. Concluyo
diciendo: los últimos problemas es que no estamos en el censo, no hay políticas
públicas y estamos en pañales en la visibilización en el contexto nacional.

HONDURAS
Los garifunas tenemos problemas como todos aquí, problemas de salud, de
educación, narcotráfico, pérdida de valores, de identidad, de cultura. Y eso que
en Honduras a donde están 56 pueblos garifunas. La profesora Picotti dijo algo
muy importante ahora que había que llevar esto a los más altos niveles de educación
pero la educación empieza por casa, desde los más pequeños, porque si yo no le
enseño garifuna de pequeño no va a saber, si no le enseño mi cultura, va a aprender
de otras cosas porque nunca va a aprender, me da tristeza que hay garifonas que
no hablan garifona, pero no los culpo porque fue la educación del mundo colonial.
Solo pido de todo corazón que nos organizamos.

TEMA DE PERSPECTIVAS

1. Establecer una red a partir de un directorio.


La red se hace para compartir lo que hacemos en cada país, ayudarnos mutuamente
y poder hacer incidencia para los problemas que vivimos en cada país. Un principio
de esta red es la autonomía de las organizaciones de cada país.
Pensar en parcerías e intercambios entre los países.

FUNCIONAMIENTO
Que los actores lleven tareas específicas a sus países. Significa que alguien debe
asumir establecer la coordinación (donde no hay internet hay teléfono). Implica

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 65
compromisos, por ejemplo, pueden hacerse dos coordinaciones. Se envía a una
parte, procesa la información y de ahí se distribuye.
Definir comisiones específicas. Grupos de trabajo específico. Se van a ir trabajando
los temas.
1. Grupo de tradición oral, cosmovisión
2. Temas de inclusión social como las mujeres, las mujeres, etc.
3. Territorio.

INTERCAMBIO
• Intercambio entre las experiencias de los países, para asumir nuestra ancestralidad
que privilegia la oralidad. Pensarnos en el intercambio bilateral desde las
experiencias o fortalezas de las organizaciones.
• Incidencia de cada organización que haya una visita desde las experiencias de
reconocimiento de los derechos, que se visite a otro país para que se sepa que no
estamos solos.

COMUNICACIÓN
Construcción de una página web de la red. CENTRO DE CULTURA NEGRA.
Donde se pueda subir información concreta de todos de los países, para socializar
el conocimiento. Mantienen una comunicación viva, permanente. Para el siguiente
coloquio no gustaría
Hacer un informativo con los distintos idiomas. El periódico debe ser online.

Cuando algún país hace una declaración los demás debe apoyar.

Mapa de las organizaciones por países. Portales geográficos, cartográficos desde


lo étnico, geopolítico de acceso a todos. Pensarse en capacitación para formar
una red. Utilizar herramientas, software sin licenciamiento.
Intercambiar cartografía como posibilidad

Pensarnos en la gente que no tenemos la red. Tenemos las comunidades locales


hacemos trabajo impreso. Revalorar los mitos, las tradiciones y compartirlas en
las comunidades.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


66
Si el material impreso es básico, pensemos que antes del próximo coloquio
tengamos un impreso sobre tradiciones orales (por ejemplo) y que cada año
tengamos comunicaciones que nos sirvan para hacer trabajo en las cuatro lenguas
más representativas en este coloquio.

RECURSOS
Pregunta sobre los recursos económicos para el funcionamiento de la red, por
ejemplo para la edición de material impreso y/o audiovisual.
Elaboración de proyectos que abarquen los distintos países.
Cuando se den intercambios entre países, de la delegación que viaja asume los
costos económicos y quien recibe asume los gastos de estadía y transportes
internos.
Fondo Común para apoyo mutuo.
Fuentes de financiación: se plantea que organizaciones están financiando este
evento. Y organismos multilaterales.

2. La realización de un Segundo Coloquio Internacional.


Propuesta de que se realice en México por la situación tan compleja.
Realizar el coloquio cada dos años, hacer reuniones de países previamente
atendiendo las particularidades. Hacer encuentros específicos por temas amplios
o binacionales.
Pensar y participar en eventos internacionales y encontrarnos allí

3. Propuesta de sacar una declaración de apoyo a los afrobrasileros del coloquio.


Se complementa que la declaración sea para todos los países.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 67
Valmir e Ivo Fonseca da CONAQ com Danilo Serejo e Leonardo dos Anjos
do MABE.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


68
Primitivo Pérez Herazo
Voz de San Basilio de Palenque (COLOMBIA)

¿Que es el San Basilio de Palenque como primera tierra libre y como era el San
Basilio de su infancia y cómo la ve hoy, en que se transformó San Basilio y como
es el territorio?

Soy Primitivo Pérez Herazo de San Basilio de Palenque y soy representante


legal de la junta del Consejo Comunitario Macacamana de San Basilio y hago
parte de la Mesa Departamental de Víctimas,– de la población desplazada,
representó a las victimas afro en el departamento de Bolívar.
Palenque en mi infancia era una población que no gozaba de ninguno de
los servicios, cuando yo nací en Palenque no había luz, no había agua potable, no
había centros de salud, solo había 2 maestros para atender toda la población de

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 69
primero a quinto. La población se dedicaba exclusivamente a la producción
agrícola, las mujeres vendían las cosechas que los maridos traían del campo y las
vendían en las poblaciones vecinas, como Cartagena, Arjona, Turupaco, Mahates,
Malagana. A pesar de que en la época no se gozaban de los servicios con los que
hoy cuenta, la población vivía muy cómoda, todas las familias tenían en los patios
de sus casas una cría de gallinas, cerdos, pavos, aves de corral. Se dice que ahora
es una población libre de pobreza, pero consideramos que hoy el pueblo es más
pobre, porque lo que ganamos no alcanza para pagar tantos servicios. Antiguamente
los recursos no se utilizaban para esas cosas (pagos de servicios).

¿Por favor explique esa expresión “Palenque la primera tierra libre de América”?

Palenque es el primer pueblo libre de América, sabemos que como país


fue Haití, pero como pueblo en América fue San Basilio de Palenque, eso fue en
los años 1700 por la lucha que libraron los Palanqueros ante los españoles, ya que
todos los que se fugaban de la ciudad amurallada se reunían y buscaban estrategias
para defenderse del hombre blanco. Dicen los abuelos, que el Palanquero decía,
no descansaré hasta no acabar con el hombre blanco, porque ese hombre blanco
solo quería tomarlo para someterlo a la esclavitud, a una vida infrahumana y
esclavizarlo. En vista de esa lucha tan fuerte que dieron los Palenqueros, el gobierno
español se vio obligado a declararlo pueblo libre de América y le fue dado un
título, un título que se ganaron por su lucha donde se reconocía a Palenque como
primer pueblo libre de América. Hoy el territorio está conformado por cinco
municipios, dentro de esos municipios están María Navajas, parte del municipio
de Mahates, parte de los municipios de San Juan, Carmen de Bolívar hasta
Oveja. Ese título que le dio la corona española donde reconocen a Palenque
como pueblo libre, tiene copias en el municipio del Carmen de Bolívar.

¿Cual es hoy la situación del territorio, como ustedes viven en ese territorio y cuál
es el grado de libertad que tienen?

El Palenquero siempre ha sido una persona libre, que no le gusta estar


sometido a nadie como trabajador. Las mujeres, sobre todo las que no son
estudiadas, prefieren vender dulces y platanitos en la calle, para no tener que ir a

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


70
trabajar en casas de familias, porque consideran que es someterlas de nuevo a la
esclavitud. En cuanto a el hombre, siempre ha sido agricultor, con la intención de
educar a sus hijos, por eso en cualquier familia de Palenque hay 2 y 3 profesionales,
la gran mayoría han estudiado las carreras educativas, pero también tenemos
Médicos, Ingenieros, Abogados, Antropólogos y un sin número de profesionales
en la población.

¿Que problemas tiene hoy Palenque? ¿Hay algún proyecto que afecte la vida de
los Palenqueros?

En Palenque hay un proyecto que se llama Palenque 20-15, es un proyecto


de la gobernación de Bolívar en compañía de algunas organizaciones, como la
Fundación Semana, Fundación Carvajal y la Fundación Saldarriaga Concha, en
donde ya se cuenta con gas por tuberías, se está terminando el trabajo de
alcantarillado, se están construyendo 120 viviendas y unos 70 proyectos de
mejoramientos de viviendas, todo esto se está haciendo con el proyecto 20-15.
Con la Fundación Saldarriaga Concha se vienen trabajando unos proyectos pilotos
con los campesinos de tercera edad, dentro de esos estoy yo.
Entre los problemas que se presentan está que la gobernación de Bolívar
que inicio estos trabajos con la Junta del Consejo comunitario anterior, donde
luego se eligió una nueva junta, pero la gobernación no ha querido dejar de
trabajar o parece que ya está cediendo para comenzar a trabajar con la nueva
junta de la cual yo soy el representante legal. Esa junta fue elegida el 14 de diciembre
del 2012 y hasta hoy la alcaldía de Mahates escribe mi nombre en los libros del
consejo comunitarios y los envía al ministerio, lleva casi un año esperando solventar
esta situación.

¿Como se compone políticamente San Basilio de Palenque ?

Palenque es patrimonio inmaterial de la humanidad en reconocimiento


dado por la UNESCO, además de eso hay una junta de Consejo Comunitario
que está conformada por un representante legal que es mi persona Primitivo
Pérez, un presidente y 12 consejeros con sus respectivos suplentes. Esa junta es
elegida por un periodo de cada 3 años.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 71
¿Como esa junta como realiza el gobierno del territorio?

Su función de la junta es administrar el territorio, donde se incluye la


población, el agua, el aire, las riquezas. Los recursos vienen de otras entidades.
Como ejemplo, en Palenque se trabajó un proyecto para 250 campesinos, donde
se les dieron 1.800.000 pesos para cultivar productos agrícolas. Hoy estamos con
la población victimas de conflictos, donde le presentamos un proyecto al Instituto
Colombiano de Desarrollo Rural INCODER de unos 250 campesinos para un
proyecto agrícola de 14.000.000 de pesos por familia.

¿Como los Palenqueros han vivido ese conflicto armado?

El conflicto armado es nacional, sabemos que en Colombia existen varios


actores armados, es falso cuando dicen que se acabaron algunos. Palenque está
ubicado al pie de los Montes de Maria, estos montes son un corredor de los
distintos grupos ilegales armados que existen en Colombia y como corredor
ellos llegaban a la población de Palenque, al igual que a los otros pueblos vecinos
que están alrededor. En un comienzo la gente del pueblo no veía esto como una
amenaza no lo veía como un problema, ya que el gobierno nacional tampoco le
daba ninguna importancia. Estos grupos llegaban al pueblo y compartían bebidas
con los habitantes, sancochos y le quitaban vacunas a los señores que tenían algún
recurso económico. Pero luego se presentan los grupos paramilitares, los cuales
comenzaron primero asesinando a los dueños de tiendas que vendían sus productos
a la guerrilla. Por ejemplo, yo tengo mi tienda y a cualquiera que llega a comprar
yo le vendo porque mi negocio es venderle a quien compre.
La primera inclusión de los grupos paramilitares fue que se metieron a
media noche, le tocaron la puerta al señor dueño de tienda al abrir lo sacaron y
mataron en la puerta. Al tocar en la otra puerta, pero el dueño de esa tienda lo
contaba con Dios y ese día no se quedó a dormir en esa tienda y sacaron al señor
que le había alquilado la tienda para que lo llevara a donde estaba durmiendo el
dueño de la tienda. En el transcurso del camino ese señor vio a un tío del dueño
de la tienda y le comentó al grupo, mire ve el sí sabe a dónde duerme el dueño
porque ese es su tío. Entonces soltaron al señor que había alquilado la casa y
agarraron al tío. El tío comenzó a darle vuelta en el pueblo, pero nunca lo llevo a

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


72
donde estaba durmiendo el sobrino, y ellos le dijeron que si no los llevaba lo iban
a matar, a lo que el tío le responde: ‘Bueno mátenme que yo ya estoy viejo”.
Entonces lo mataron en plena calle.
Lo más preocupante para la población es algo que uno esto lo dice con
temor, es que inmediatamente hicieron eso apareció el ejército. ¿La esposa del
primer dueño de tienda muerto vio a uno de los que venía uniformado como
militar y le dice, y ahora tu vienes otra vez? Ese señor trato de ocultarse porque se
dio cuenta que lo habían descubierto. Con todo y eso la guerrilla continúo dando
vueltas por el pueblo y haciendo de las suyas, se comían la yuca de los campesinos
en los cultivos, porque el ejército ya les había dificultado la entrada de alimentos
de las ciudades y se sentaban a tomar con los muchachos en un billar.
Un día se presentaron de nuevo los paramilitares, pasaron en un vehículo,
algunos que estaban en el billar al darse cuenta de que eran los paramilitares se
salieron, y otros dijeron, no porque yo voy a salirme si yo no he hecho nada, yo
tengo mis papeles. Cuando esos paramilitares regresaron entraron disparando a
todos los presentes, matando a seis personas, cuatro estudiantes y dos boxeadores.
Lo que sucedió fue muy duro para la población porque esos muchachos muertos
a pesar de ellos estaban juntos con los guerrilleros, no eran guerrilleros. Les puedo
confirmar que al Palenquero no le gusta ser parte de ninguno de los grupos
armados, si usted va a Colombia, puede ver que de cada 100 Palenqueros se
consigue que menos del 1% en el ejército o en la Policía. A pesar de la guerrilla
estar muy metida en el pueblo, ninguno de los Palenqueros formaba parte de las
filas de la guerrilla ni de los grupos paramilitares, por lo que Palenque no se
merecía que le mataran sus habitantes.
Luego que hicieron eso, a unos 10 km del casco urbano de Palenque,
donde había una vereda llamada la Bonga, a esos habitantes le llegaron con unos
panfletos que decía: ‘A los habitantes de esta comunidad les damos 48 horas para
que la desocupen, de no hacerlo los sacaremos nosotros mismos, autodefensa
campesina, afuera sapos, guerrilleros y colabores de la guerrilla AUC’. La gente al
ver eso salió enseguida del pueblo porque vieron que ya habían matado en otros
lugares, como en Las Brisas. En otra comunidad un año antes entre Manpujan y
Las Brisas, le cortaron el cuello a unos campesinos, así fue como el Palenquero
que vivía en La Bonga no espero más e inmediatamente salió con lo que pudo y
abandono todo. Esa población se dividió en dos, de las 90 familias que estaba

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 73
conformada la vereda La Bonga, 57 familias nos fuimos para Palenque y nos
reubicamos en el colegio de Bachillerato de la población y las otras 33 familias se
fueron para una comunidad de San Pablo de María Navajas, llamada La Pista.
Los de Palenque nos resistimos a salir del colegio hasta no ser resuelto el problema,
porque nosotros no teníamos nada que ver con esa guerra.
Luego llegó la infantería de Marina quitándoles a los campesinos los
panfletos, ni todo el mundo los entrego, algunos los escondieron. Nos reunieron
en la iglesia del pueblo y nos ofrecieron armarnos, para defendernos de los
grupos armados. Nosotros respondimos que como es que nos iban a armar, si
nosotros no tenemos nada que ver con esta pelea. Allá llega la guerrilla, llega el
ejército, allá llega todo el mundo y nosotros no podemos armarnos, porque no
sabemos contra quien vamos a pelear y nos vienen exterminando a todos, así que
el pueblo no acepto y se quedó en el colegio.
Luego se presentó la Pastoral Social en compañía de un cura al que le
agradecemos mucho, se llama el padre Rafael Castillo, hablamos con él, nos dijo,
ustedes no están pidiendo nada, todo les pertenece, consíganse un lugar en donde
se puedan reubicar, hablamos con un Palenquero y nos vendió un lote de 2
hectáreas y medias, que es donde estamos hoy reubicadas las 57 familias, que hoy
son 75, son 75 porque aquellos muchachos que venían de 15 y 16 años, ya hoy
son padres de familia.

Hablas también de que el territorio es el territorio de tu infancia, desde


que eras muy chiquitico que caminabas libre por San Basilio. ¿Cuéntanos un
poco de tu infancia en San Basilio y cuál es la diferencia con el tiempo presente?

Cuando yo nací, en Palenque no había ninguna clase de servicios (luz), no


había centros de servicios, solo había dos profesores para toda la comunidad,
los muchachos jugábamos libremente en la calle, al Recondecon de la Sortija, al
Botellón, al Velillo, a la Penca atrás, o sea, a toda clase de juegos. Pero también se
formaban los grupos de edad, los grupos de edad se dicen que fue una forma
organizativa que uso Benkos biohó, para defender a su pueblo del ataque de los
españoles, estaban conformado por muchachos y muchachas que estaban en una
misma edad, se formaban varios Kuagros que podían tener de 20, 30 o 40

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


74
personas según el sector donde habitaban, estos Kuagros se formaban desde que
teníamos aproximadamente de 8 a 10 años. Los Kuagros se enfrentaban para
pelear, yo, por ejemplo, hacia parte del Kuagro de la Flor del Medio y nos tocaba
pelear con el Kuagro de la Nueva Ola, el Kuagro de la Araña se enfrentaba con
el Kuagro de la Faja de Tuin, eran unas peleas sumamente sanas en donde
acordábamos diciendo por ejemplo, mañana nos vamos para la plaza de Ramos,
invitaba a tu Kuagro que yo llevo el mío, porque cada Kuagro tenía un jefe. Se
posicionaba el Kuagro de La Nueva Ola de un lado, el Kuagro de La Costeña
del otro lado y se casaban las peleas, por ejemplo, yo decía, yo quiero pelear con
el compañero Luis (un ejemplo) y por otro lado contestaban no, el hombre para
ti no es él, el hombre para ti soy yo decía otro, y así se casaban las peleas, se
enfrentaban a puras trompadas, donde había un árbitro, cuando ya se cansaban
de pelear, el árbitro les decía, ahora abrásense como amigos, entonces esos dos
contendores se abrazaban como amigos y luego venía una y otra pelea que se
hacía de los Kuagros.
Con el tiempo la juventud comenzó a salir más a la ciudad, con la llegada
de la luz eléctrica comenzó el uso de la televisión. Los Kuagros perdieron esa
originalidad, ya los muchachos no querían pelear más a trompadas, sino que
ahora querían utilizar cuchillos, revolver, ya se han matado los muchachos en
Palenque por tonterías. Aun cuando esas peleas no pasan a mayores porque somos
un pueblo donde hay algún parentesco entre uno y el otro, porque siempre un
Palenquero se casa es con otra Palenquera, por ejemplo, la señora es mi tía o es mi
prima, por eso las peleas no pasan a mayores, a pesar de que entre los jóvenes ha
habido muerte.

¿Después de la ley 70 que ha cambiado?

En vista del desplazamiento de La Bonga los campesinos desplazados


pensamos que esos desplazamientos en Colombia se dan por el interés de la
tierra, sabiendo eso es cuando pensamos en proteger el territorio. Ya en el pacífico
colombiano la ley 70 estaba muy avanzada y nosotros dijimos, aquí no hay otra
cosa que hacer sino titular colectivamente las tierras de Palenque. Creamos un
consejo comunitario y así logramos proteger las tierras para que no sean tomadas
por las multinacionales, por los sembradores de teca y de palma aceitera, que

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 75
llegaban al pueblo ofreciéndoles dinero a los campesinos. Unos de los pocos
pueblos que hoy conserva la poca tierra que tiene, a pesar de haber perdido
mucha de esa tierra de cuando fue declarado territorio libre, con esta invasión de
la palma y la teca no le hemos permitido la entrada porque titulamos nuestras
tierras colectivamente.

¿De esa tierra colectiva una parte ha sido titulada en la colonización española,
después una parte ustedes han adquirido? ¿Han comprado o no?

La tierra que tiene Palenque todas son de la corona española, algunos


campesinos que se fueron para la ciudad vendieron sus tierras. El Palenquero
desde el comienzo de su historia casi siempre le ha vendido sus tierras o a un
hermano, al primo o a el vecino más cercano. Siempre se ha evitado la invasión
de otros pueblos, porque nuestro pensamiento es que el Palenquero es para su
Palenquera, eso es una de las cosa que ha hecho que Palenque todavía siga siendo
ese pueblo negro, con la diferencia de otros pueblos vecinos que también eran
comunidades negras, en donde ha habido mucho cruce con el hombre blanco,
donde ya el negro no es negro, sino que dicen yo no soy negro, yo soy mestizo, o
soy clarito o soy moreno, el Palenquero no, el Palenquero es negro.

Describa, por favor, una fiesta Palenque y un ritual de muerte.

Las fiestas de Palenque de mi infancia eran para celebrar la Semana Santa,


la Navidad. Los Palenqueros para esas épocas se vienen de donde estén, de
Cartagena, de Barranquilla, de Venezuela, todos se vienen para Palenque, se reúnen,
hacen bailes, se encuentran los familiares, matan cerdos en diciembre, para semana
santa se comía mucho Icotea (tortuga), hoy para evitar la extinción de la especie
se come es gallina.
El velorio hoy ha cambiado, en mi infancia en los velorios de Palenque la
población se reúne a acompañar a los dolientes, antiguamente se hacían muchos
juegos, se jugaba al pavo y la pava, se jugaba al Chipililin, al besito acomodado, al
fosforito, a una serie de cantos. Hoy no en todos los velorios se hace eso, solo se
hace en los velorios de algunas personas que lo piden antes de morir, algunos
piden que le pongan pico o que le toquen el tambor, que imiten a la alegre

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


76
ambulancia o que imiten al grupo del Sexteto Tabalá, que son grupos musicales
de Palenque, ese es el velorio de hoy.
También había mucha comida, todos los vecinos colaboraban con leña
para izar el fogón, otro llevaba yuca, otro ñame y así sucesivamente para hacer
comida a toda la gente del pueblo. Hoy eso ha cambiado, ahora hay grupos
monitorios, que son las personas de una misma edad pertenecientes a un Kuagro
que cuando se muere o se enferma un Palenquero, se reúnen todos los del mismo
Kuagro y se ponen una misma cuota en dinero para ayudar a esa familia, ya sea
por velorio o por problemas de salud.

¿Y bailaban?

Si todavía, pero no en todos los velorios. Por ejemplo, en el velorio de


Graciela se hizo una fiesta, como ella era cantante y ella cantaba en los velorios, a
ella se le hace una fiesta más grande.

¿Y el territorio de Palenque es grande, tiene varias Pueblos?

Tiene varias veredas, el territorio de Palenque estaba conformado por la


vereda La Bonga que se desplazó, la vereda de Catival que se desplazó, la vereda
de Todo Sonrisa que se desplazó pero que la gente luego volvió y otra vereda
que no recuerdo ( La Pista).

¿Cómo llega cada una de esas veredas a la Junta del Consejo Comunitario?

Cuando la junta va a elegir siempre hay dos planchas, donde en cada


plancha se integran personas de los distintos sectores de la población, de los
cuadros y es donde entran los miembros de cada uno de esas veredas.

¿Es electo por votación directa?

Si, al comienzo se hacia una reunión y se levantaba la mano. Luego fue


creciendo el número de votantes y ahora se hace una urna de votación. Y la
plancha que saca la mayoría de los votos es la ganadora.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 77
¿Cuál es el sueño de un Palenquero?

Lo que más sueña el Palenquero es que tiene que profesionalizarse, es tan


así que la población campesina ha disminuido en un 90%, más aún con la presencia
de actores armados que ya no se ven. En el sector de Palenque ya no existen esos
actores armados, pero en Colombia aún existen, entonces el sueño del Palenquero
es ese, hacer a sus hijos profesionales para que no lleven esa vida que ellos han
llevado.

¿Cual es la relación de los Palenqueros con los espíritus en ese periodo?

Cuando visitamos San Basilio había un narrador que nos comentó que
había un funeral y había también unos espíritus que estaban esparcidos por todo
el centro del pueblo y que visitaban al enfermo. Si, los espíritus visitan al enfermo,
se dice que cuando la persona esta grave hay espíritus que le han traído medicina
y a esa persona que el espíritu le ha traído medicina se levanta, pero al enfermo
que los espíritus le han traído comida, esa persona se muere. Ó sea, todos los
enfermos que han comido de los espíritus, que dice, ahorita ha venido fulano que
tiene tantos años muertos y me ha traído un plato de arroz, por ejemplo, y se ve
al enfermo comiendo, al mismo día o a los días ese enfermo se muere. Eso ha
ocurrido muchas veces en Palenque

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


78
Clemente Edilcer Ajovi Arroyo: Comunidad y Territorio
de Playa del Oro (ECUADOR)

Mi nombre es Clemente Ajovi, vengo de Ecuador de una comunidad


bien alejada de la Provincia de Esmeraldas y aproximadamente 15 horas de viaje
a Quito capital de Ecuador, quiero agradecer a los compañeros y compañeras
responsables de este acto para hacer posible que nosotros estemos presentes aquí
en Brasil, es la primera vez que estoy en Brasil y me siento contento.
Seguidamente quiero contar un poco de la historia de mi comunidad y el
conflicto territorial. Nosotros vivimos de Quito a 15 horas, mi comunidad Playa
de Oro, una linda comunidad que algunos conocerán otros no. Mi comunidad ha
vivido más de 400 años ocupando ese territorio, ha sido siempre conservadora,
mi comunidad fue parroquia, pero se mantiene en la actualidad como comunidad,
la parroquia se llama Luis Vargas Torres y la comuna el Recinto Playa de Oro.
La comunidad comenzó la lucha por el territorio 20 años atrás y hace 15
logro el título de comuna, posee un territorio virgen de 10.400,86 hectáreas, la
lucha tuvo un inicio intenso, en esta vida nada es gratis, todo cuesta, se puede
decir que hasta nuestra propia vida. Nosotros pertenecíamos a la comuna Río
Santiago Cayapas en ese entonces, esta comuna contaba con 75.000 hectáreas.
Nosotros intentamos abrirnos de esta comuna porque se vio involucrado en
corrupción con empresas mineras ilegales, tala de maderas y como ustedes conocen
lo que dice nuestro presidente siempre, que los terratenientes los que poseen los
recursos económicos nos van a invadir nuestro territorio.
Ante esta situación nosotros empezamos buscando personas para nos
ayuden, asesoren, conseguimos en Esmeraldas a un escritor de nombre Juan
García que algunos habrán oído nombrar, él nos asesoró en muchas
oportunidades, comenzando a viajar de Esmeraldas a Quito comenzando la
lucha. La comuna de Río Santiago no quiso que nos dividiéramos, porque era el
territorio más importante que había dentro de esas 75.000 hectáreas, pero nosotros
pensando en el futuro de nuestros hijos, de nuestros nietos decidimos separarnos.
La lucha iniciamos con el objetivo de conseguir nuestro territorio, hoy en día es
dichosa de contar con ese territorio propio, un territorio de aproximadamente
7200 se mantiene bajo conservación. Creo que algunos han oído del Programa
Socio Bosque, nosotros para conservar mejor nuestro territorio decidimos

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 79
inserirnos en ese programa y en lo restando realizamos agricultura, el territorio en
conservación es importante porque realizamos la actividad de turismo comunitario,
esta actividad nos ha nutrido de mucho conocimiento para poder seguir
manteniendo nuestro territorio.
La comunidad de Playa de Oro cuenta con 400 habitantes de las cuales
300 somos comuneros, los mayores de edad que comprenden desde la edad de
17 años quienes pasan a ser miembros activos de la comunidad. Nosotros dentro
de nuestro territorio tuvimos amenazas de invasiones, antes de conseguir el título
de comunidad, frecuentemente patrullábamos nuestros límites, ya que poseíamos
conocimientos de nuestro territorio y sus límites antes de ser comuna porque
cada ocho días teníamos invasiones, nos enfrentábamos a grandes grupos armados
y les echábamos de nuestro territorio. Luego de ser comuna, fue peor aún, las
invasiones no cesaban, ya con el título en mano, se puede decir que fue cuando
más invasiones tuvimos. Ante esta situación formamos grupos de guardabosques
comunitarios de cinco personas, esas cinco personas eran los encargados de vigilar
cada ocho días los límites territoriales, quienes eran encargados de informar si
encontraban a personas dentro de nuestro terreno, cuando acontecía esto el
presidente de la comunidad convocaba a todos los miembros de la comunidad
y hacíamos una asamblea general y ahí se tomaba las decisiones de lo que íbamos
a hacer, comenzando la lucha, salíamos al bosque hombres, mujeres y niños a
enfrentarnos a los grupos armados, quienes estaban dentro de nuestro territorio.
Gracias a Dios no tuvimos ninguna desgracia, pero si defendimos a capa y espada
nuestro territorio, después empezaron a pasar por el rio de nuestra comunidad,
pero no paraban para visitarnos pasando directo rio arriba con el fin de invadir
nuestro territorio, ante este acecho y poseyendo los medios canoa motor para
perseguirlos, al poco tiempo lo alcanzábamos y los deteníamos.
Nosotros poseemos reglamento interno que tomo ocho días para elaborar
ese plan, luego fue enviada para el Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca
MAGAP, que tenía la sede en Esmeraldas para que sean aprobadas.
Luego ellos crean otra ley para los invasores, tal vez se van a reír con lo
que les voy a contar, pero es la gran verdad, la única alternativa fue construir una
cruz en el centro de la comunidad y ante cada invasor cogido la gente gritaba
llévenlos a la cruz, cuando la gente gritaba el invasor preguntaba qué cosa es la
cruz que nos van hacer? Les llevábamos a la cruz y les amarrábamos pies y manos

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


80
y les dábamos látigo, fue una forma de contrarrestar las invasiones por que los
castigados contaban a sus amigos sobre el castigo sufrido y los terratenientes
nunca más vuelven a invadir nuestro territorio porque tiene mucho miedo de la
cruz, pero igual siguen las amenazas de las madereras y las minerales, que es el
caso más complicado que estamos sufriendo en las comunidades, aunque poseemos
nuestro título sufrimos de amenazas por parte de estas empresas.
Gracias a Dios en mi comunidad hay una buena organización de segundo
grado como es la comuna que está bien respalda y por ello hemos logrado
combatir para defender nuestro territorio ancestral.
Voy a contarles por que fue llamado Playa de Oro. Cuando tres hombres
salieron de caza encontraron una playa donde vieron gran cantidad de pepitas de
oro, cuando estos hombres regresaron a la comunidad contaron a sus familiares
y decidieron ir a vivir a ese lugar fundando la comunidad con el nombre que
actualmente se conoce. Muchos creen que el territorio posee mucho oro, aunque
ya no se encuentra oro en la playa como fue en sus inicios. El territorio de nuestra
comunidad esta evaluado en un valor de 25 millones de dólares en arboles
madereras y en oro en 150 millones de dólares, es una comunidad rica.
En especies de fauna se puede encontrar con más facilidad en nuestro
territorio que en Colombia permitiendo que el turista pueda disfrutar del paisaje,
porque posee vías accesibles y todo se encuentra cerca y nosotros hacemos respetar
ante cualquier persona que ingrese a nuestro territorio, porque es nuestro derecho
ancestral, con vía jurídica de cumplir las normas y hacerlas cumplir.
Gracias, compañeros.

Ximena Ajovi Vernaza: del Norte de Provincias de


Esmeraldas (ECUADOR)

Mi nombre es Ximena, y vengo del norte de la Provincia de Esmeraldas.


En Ecuador tenemos muchos problemas territoriales, pero yo me voy a basar
específicamente en los que hay en la comunidad Rio Santiago Cayapas. Está posee
un territorio de 60 mil hectáreas que agrupa a 57 comunidades, posee titulación y
fue adquirida de una manera muy particular. Nuestros antepasados compraron
este territorio con oro y dinero en efectivo, a pesar de gozar de toda esa superficie

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 81
terrestre, 11 mil hectáreas han sido desmembradas por nuestros propios líderes,
a pesar de que la ley de comunas prohíbe la venta y división en lotes, sin embargo
lo han hecho de manera ilegal.
En cuanto a minería ilegal trata, como les comentaba en la mañana, hemos
tenido serios problemas de contaminación y deforestación, hoy en día el gobierno
digamos entre comillas planteó una reforma en la cual no se puede llevar a cabo
la minería ilegal, pero aun no logran controlar la actividad ilegal, nuestro ríos
están contaminados, no podemos hacer usos del agua, no tenemos peces en el
río, y estamos sintiendo que nos están matando porque el agua y la naturaliza para
nosotros es vida, porque de ella nuestro Pueblo se ha alimentado, nosotros
vivíamos cerca del rio por la accesibilidad y ser fuente de obtención de peces,
pero ahora no disponemos de esa fuente, por ende nuestra vida se ha vuelto más
costosa.
Uno de los problemas que he podido palpar es que el problema está en
nuestros propios representantes, ya que a pesar de que existe y conocen de la ley
no son capaces de defender lo que tenemos y más bien tratan de despojar de la
tierra a su propia gente, por ejemplo la comunidad tiene un cabildo y en muchas
ocasiones son los mismos miembros del cabildo quienes organizan las ventas de
las tierras comunales, llevando como consecuencia los desplazamientos de las
personas desde el sector rural al sector urbano, donde los jóvenes al no conseguir
trabajo empiezan a delinquir, ante esta situación mi interés es replicar o buscar el
mecanismo de lo que está pasando en Nicaragua sea aplicado en Ecuador, ya que
si nosotros no despertamos ahora no sé dónde vamos a parar.
Otro problema que veo es que a pesar de que hay muchas organizaciones
de hecho como de derecho no mantienen vínculos para trabajar juntos, cada
quien está enfocado en su tema, todos no estamos defendiendo lo que es para
todos, en ese sentido yo pienso que es por falta de conocimiento de nuestra
historia, porque mucha gente de mi comunidad no conoce el proceso de
esclavización, los jóvenes no están interesados en involucrarse en el proceso.
En el caso de la política gubernamental, tenemos varios aspectos uno de
ellos es que el Estado nos ha invisibilizado, por ejemplo, en los derechos, los
derechos colectivos en la Constitución dicen que tienen derechos los indígenas y
enumeran, en cambio dice que a los afro ecuatorianos se los reconocerá. No
estamos reconocidos actualmente por eso estamos emprendiendo una lucha para

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


82
que el gobierno nos incluya en la Constitución, ya que la Constitución dice que
todos los ecuatorianos tenemos los mismos derechos y deberes, pero nosotros
como afroecuatorianos no estamos considerados.
Por esta razón aun no vemos la aplicación de las políticas públicas, a
pesar de que en el año 2011, se consideró el Año del Afro descendente pero no
vimos la inclusión porque hay unos que otros hermanos que tienen trabajos públicos
otorgados por el Estado y creen que esto es suficiente para resarcir el daño que
nos ha causado.
Como propuesta a los grandes proyectos, de hecho, yo estoy trabajando
en ello, es en el rescate de algunos elementos culturales que se han perdido. Nuestras
comunidades están aculturizadas por que muchas personas migran a las ciudades
y retornan adoptando otras costumbres lo cual ha permite que se pierdan los
elementos culturales de la comunidad, la forma de vida es totalmente diferente a
lo que fue en sus inicios, por cierto, fue muy rica culturalmente.
Además de eso están dos proyectos más en proceso de ejecución. i)
Promoción turística aprovechando la riqueza natural además el norte de
Esmeraldas posee una tierra rica para la producción agrícola. ii)- Estamos tratando
de incentivar a la gente para la realizar proyectos productivos, en la cual la gente
no se despoje de sus tierras, no lo vendan y mejor aprovechen la tierra que
poseen para cultivar a gran escala.

¿Como ustedes se autodefinen, que es ser afroecuatoriano, que es ser comunero


y como se encuentra esas distintas identidades, como tu defines ser afroecuato-
riano y ser comunero?

La definición de afroecuatoriano se estableció en la Constitución del año


2008, ya que antes éramos considerados negros, también nosotros nos considerábamos
negros. De hecho, algunos aun utilizan ese término, pero la palabra negro en Ecuador
es utilizado de manera despectiva en términos racistas, ante la discriminación que
veníamos sufriendo iniciamos la lucha por la reivindicación de nuestros derechos a
autodefinirnos como afrodescendentes, pero somos libres de autodefinirnos como
mejor nos sintamos, no hay problema dentro de nuestra gente.
Refiriéndome al tema del territorio de la comuna, se puedo considerar
privado por que fue adquirido mediante intercambio comercial, dentro del

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 83
territorio no podemos decir que no hay palenques, lo que viene a ser conocidos
acá como quilombos, porque la gente no tiene conocimiento o simplemente han
perdido esa identidad, pero hay otro sector en San Lorenzo, allá si existen los
palenques.

¿En la Carta Constitucional no son reconocidos claramente sus derechos entonces


en que derechos ustedes están apoyados para su lucha reivindicatoria?

Ahora a través de las organizaciones sociales se está luchando, para que la


ley sea reformada, mi preocupación es que, aunque tenemos representantes negros
o afrodescendiente en el gobierno, pero no sé si ellos van a apoyar los interés de
nuestro Pueblo, porque la mayoría son del partido o alineados con el gobierno.
Estamos conscientes que el presidente ha hecho muchas cosas buenas, pero el
gobierno está cuidando sus intereses políticos y obligaciones adquiridas con sus
prestamistas, ante esta situación no sé cómo van a responder nuestro Hermanos,
en el momento cuando nosotros vayamos a presentar nuestras propuestas y el
gobierno no esté de acuerdo, incluso ellos son encargados de elaborar las leyes en
el país. Hay alrededor de 10 asambleístas afrodescendientes, pero en su mayoría
o sea 9 llegaron por el partido de gobierno, ante ello hay una gran preocupación
por eso estamos fortaleciendo nuestro proceso desde afuera, aunque debemos
reconocer que si habido muchos asambleístas que si han estado en el proceso. Un
ejemplo claro sucedió hace un mes, tres asambleístas del partido del gobierno
estaban en desacuerdo y pidieron de despenalización del aborto en caso fortuitos
y como el gobierno no estaba de acuerdo con eso suspendió a los asambleístas,
por eso pienso que va suceder lo mismo con los asambleístas afrodescendientes
en el momento cuando vayamos a reclamar nuestros derechos. Por temor a ser
suspendidos de sus cargos, considero no estoy afirmando, mi temor está latente.
Que va a pasar en el momento en que tengan que afrontar o confrontar con el
gobierno realmente con los problemas que tenemos nosotros como Pueblo
afroecuatoriano.

¿Para aclarar mejor la primera pregunta, tu dijiste que no hay una consciencia de
lo que es palenque, entonces que es esa consciencia de ser palenquero?

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


84
El desconocimiento de la historia, hay mucha gente que desconoce la
historia. Yo no pensaba así hace 15 años cuando me involucré en esto y dije que
caí por accidente aunque yo pienso que no fue por accidente, por es algo que uno
lo lleva en la sangre, pero mucha gente está viendo el proceso de lucha pero
parece que no le importa nada y es de nuestra misma raza, entonces yo creo que
es un problema de consciencia o de conocimiento porque hay mucha gente que
no conoce como fue el proceso de esclavización.
Conozco a varios activistas afrodescendentes y algunos de ellos
participaron en la redacción de la Constitución, por eso me llamo la atención que
dijeras que el gobierno los invisibiliza y no les reconoce, porque lo que vi en
Ecuador están mucho más avanzados por ejemplo de lo que pasó en Argentina
o en otros países, ustedes tuvieron la oportunidad de participar en la redacción
de la Constitución, cosa que nosotros no logramos, entonces me llamaba la
atención como se da este proceso cuando hay varios activistas afro ecuatorianos
trabajando por estos temas y al mismo tempo tienes una cierta incredulidad,
respecto a los resultados, entonces si hay activistas, diputados funcionarios,
constituyentes como es que todavía no lograron por lo que están luchando, noto
como cierta contradicción.
Cuando me refiero a la invisibilización me refiero a los términos que
utilizan, si bien es cierto que luchamos para participar en la redacción de la
constitución, pero no se qué paso, pero los términos que utilizan de se les
reconocerá quiere decir que no estamos reconocidos, entonces lo que se está
buscando es el mecanismo para que esa parte se resarza para poder hacer uso de
los derechos que ampara la Constitución.
La compañera de Ecuador cuando estaba hablando pronuncio la palabra
cabildo, nosotros entendemos que la palabra cabildo es un término de los indígenas,
¿entonces el tipo organizativo de ustedes como es?
El cabildo viene siendo, como les explicaba hay una ley de comunas, la
comuna es un territorio, la nuestra está conformada por 57 comunidades, entonces
el cabildo viene ser la junta representativa de la comunidad que está conformado
por una comitiva, el presidente, el vicepresidente y un sindico encargado de
administrar un determinado área o espacio de territorio donde están ubicadas las
comunidades.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 85
Kelvin Donovan Velásquez, de camisa vermelha no primeiro plano

Kelvin Donovan Velásquez Lewis narra la lucha de los


Garifunas (NICARAGUA)

Kelvin tenemos mucho interés por conocer la lucha de los Garifunas y los principios
que los Garifunas conciben la autonomía, gobierno y los avances que han tenido
en los últimos años, sobre todo después de la revolución Sandinista, ahí nos
gustaría que te presentaras y nos hicieras una pequeña exposición.

Buenas noches, soy Kelvin Velásquez representante y coordinador del


gobierno comunal costa Caribe Sur, y candidato a la presidencia del territorio de
Pearl Lagoon (Laguna de Perlas). En estos últimos años, hemos tenido la dicha
de tener un gobierno territorial, los últimos 8 años hemos tenido el apoyo de la
Ley número 445, que nos da el derecho a administrar nuestros recursos conforme
a nuestras costumbres, la revolución con el Frente Sandinista, nos han dado un
gran apoyo. Fue cuando identificaron que había una raza que no era Misquitos,
Sumo ni Creol, se dieron cuenta que había un grupo de gente distinta a los Creol,

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


86
con igual color de piel, pero diferentes culturas y diferente habla, ahí en los años
80 fue que el gobierno Sandinista, se interesó en investigar de donde provenían
estas personas y se dieron cuenta de que no eran personas autóctonas del lugar.
Gracias al gobierno que nos tomaron en cuenta y nos han dado el derecho y
tomado como unos de los grupos afrodescendientes del Caribe, somos y estamos
celebrando el aniversario número 19 de ser reconocidos como el Pueblo
GARIFUNA en Nicaragua, nuestro aniversario lo festejamos el día 19 de
noviembre en nuestro País y en los otros países de Centro América.

¿Por favor me cuenta cómo es que ustedes llegaron a pensar ese territorio y ese
gobierno en el territorio, como objeto especial?

En el territorio de Pearl Lagoon tenemos 10 comunidades y 4 diferentes


grupos étnicos, Misquitos, Criouk, Mestizos y Garifunas, en ese territorio de
alguna forma cada pueblo debe de tener un representante. Hablamos diferentes
idiomas, pero para proteger nuestra tierra debemos estar juntos ya que divididos
seriamos débiles y la idea de juntarnos es con el fin de formar un solo bloque de
territorio para titular como uno solo ya que se nos hace más fácil que tratar de
titular pedazos de bloques individuales, esa es la razón, nos juntamos para ese
proceso. Hasta el momento ha sido de gran ayuda contar con los compañeros
Misquito y algunos compañeros mestizos, porque son las personas que conocen
la montaña, conocen el valor que tienen los recursos naturales, son las personas
que ha cuidado y se han beneficiado de una forma muy sostenible.

¿Y con relación del territorio como ven ustedes los recursos, como realizan el
usos de los recursos, lagunas las áreas donde tienen la pesca, regiones donde
tienen productos forestales?

Cada comunidad tiene su territorio, pero también tenemos territorios de


uso común, por ejemplo la laguna es de uso común, todas las personas de las 10
comunidades pueden utilizarla, las costas marítimas y las islas que están en la costa
del Caribe también son de uso común, pero algunas comunidades tienen títulos
propios de las islas entonces estas pertenecen a una o dos comunidades y las que
no tiene propiedad son consideradas de uso común, también existen tierras

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 87
comunales particulares, nosotros protegemos los territorios de uso común de las
10 comunidades, entonces las comunidades que no forman parte de nuestro
bloque se organizan para proteger su territorio. Cuando hay conflicto entre
comunidades es cuando entra el gobierno territorial la cual está integrada por un
representante de cada comunidad, por eso es importante porque cada comunidad
sin importar el tamaño tiene presencia en el gobierno, tiene su posición en el
gobierno, tiene el derecho de voto en el gobierno, tienen derecho como cualquier
otra comunidad, no importa su potencial económico, población, ubicación
geográfica, ni su historia ni su raza, todos tenemos el mismo derecho.

¿Quién representa, el presidente, como eligen a este, al que va ser presidente


candidatean o lo eligen?

Es un sistema en que cada comunidad tiene un gobierno con 9 integrantes,


quienes son elegidos por el pueblo, los 9 integrantes escogen un miembro para
que represente en el gobierno territorial, si creen y deciden que la persona elegida
posee las condiciones y preparación necesarias para postularle como candidato
para presidente, vicepresidente, secretario, tesorero o vocal. Los postulados pueden
aceptar la propuesta o sino dejan el puesto para otro miembro.
Después se realiza una asamblea territorial, en donde todos los gobiernos
comunales se reúnen en un solo punto y de los candidatos de las 10 comunidades
se elige al presidente, es una asamblea de miembros del gobierno de donde se
elige al que va ser representante de las 10 comunidades.
Tú has hablado de leyes comunales que son formas de gobernar conforme
las costumbres, podrías darme un ejemplo de ley comunal?
Una de nuestras leyes comunales, es usar trasmayos. El trasmayos es la
red que utilizamos para pescar, una regla dentro de nuestras comunidades, es de
no usar trasmayos con agujeros menor de 3 pulgadas, entonces si encontramos a
un pescador sea de nuestras comunidades o de otras comunidades, procedemos
a quitar la red y a sancionarlo y a la segunda vez puede ir a la cárcel por 1 año la
tercera vez hasta por 7 años, eso lo aplicamos con nuestro juez comunal, porque
son leyes comunales, están estipulados en nuestro territorio ahí el gobierno y el
juez local del infractor no interviene. Ese es un ejemplo de nuestras leyes internas
comunales que ejercemos en nuestro territorio.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


88
Ustedes ahora cuentan con un marco legal, me gustaría saber si encuentran
resistencia externa a ese marco legal?

Sí, hay por ejemplo otros pueblos de Nicaragua que creen que la ley solo
favorece a los costeños, a las personas del caribe de Nicaragua y creen que como
nicaragüenses ellos también deberían de tener el derecho de poder beneficiarse
de nuestros recursos y la ley no les da ese derecho, aunque son nicaragüenses no
pertenecen a la zona, además ellos tienen costumbres que nuestros indígenas y
afrodescendientes no tenemos. Nosotros utilizamos nuestros recursos de una
manera sostenible, ellos siembran pastos para ganados, nosotros no; nosotros
solo lo utilizamos cuando de verdad lo necesitamos, del bosque usamos la madera
de los árboles para hacer las casas, usamos cayucos que son canoas para
transportarnos en los ríos, tenemos conciencia de que sin los bosques los ríos se
van a secar y son de ahí que los peces pasan para las lagunas.
La base de la economía de las 10 comunidades es la pesca, entonces si no
tenemos bosque no vamos tener pesca, pero a ellos no les interesa porque ellos
no son pescadores, son agricultores más ganaderos se aprovechan de la madera
y no tienen amor a la tierra como los indígenas y los afrodescendientes, es un
problema muy grande y has estado entrando del Pacífico al Caribe nicaragüense
con sus ganados y tradición porque en su zona ya lo tienen a la tierra desértico lo
mismo están haciendo con nuestra zona.

Este es un tipo de conflicto que se les ha presentado?

Sí, es un conflicto yo diría un conflicto que debemos tomar muy en serio,


porque son personas organizados en grupos familiares, no viene solo no vienen
2 o 3 personas sino hasta 7 familias que se organizan para invadir diferentes
territorios, a veces vienen armados y se resisten a desalojar el territorio ocupado
y muchas de las veces son personas que tienen algún vínculo con políticos y hasta
el ejército de nuestra nación a veces no nos toma en cuenta, por lo cual tenemos
que tomar la ley en nuestra manos y enfrentarnos a veces a los invasores.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 89
¿Yo quería saber si estos grupos están organizados en partidos, confederaciones
para debatir dentro de los órganos que legislan, crean las leyes para revertir esos
derechos.

La influencia política sea el partido “A” o en el Congreso puede permitir


que las leyes se reviertan, por ejemplo, la ley que mencionabas, si contesta la ley
4635, si contesta la del de titulación de tierras. Como mucho de nuestros países
latinoamericanos, creo que Nicaragua tiene las leyes más lindas del mundo, pero
no es llevado a la práctica, las leyes nos dan el derecho de administrar lo nuestro,
pero en muchas ocasiones ha pasado que el gobierno central no nos toma en
cuenta pero se aprovechan de nuestros recursos sin consultarnos

Estamos muy interesados en conocer, ese concepto de autonomía que los


Garifunas han desarrollado, que conciben como forma De su vida social y política,
puedes hablarnos de ese sentido de autonomía?

Los Garifunas son personas muy independientes, llegaron al territorio de


Pearl Lagoon, durante la revolución de los años 80, es uno de los únicos pueblos
en la costa Caribe donde la contra resistencia no entro, no invadió mientras otras
comunidades fueron invadidas por la contra resistencia. La contra resistencia es el
grupo armado que surgió en los años 80 quienes se enfrentaban contra la revolución
Sandinista, por eso el gobierno actual ha apoyado tanto a este pueblo, por que
vieron que este pueblo se ha resistido.

Los 4 pueblos: los Garrifunas, Misquitos, Kriol y Mestizos, que dominio territorial
tienen en la costa Caribe, cuál es su espacio, su territorio?

En el territorio de Pearl Lagoon, los Garifunas son dueños del 20% del
territorio de Pearl Lagoon y entre los mestizos, los Misquitos y los Criouk se
dividen entre 20% y 20% formando un total de 40%, pero los Criouk y los
Garifunas son más pescadores que agricultores y no aprovechan la tierra para
cultivar, beneficiándose más de la pesca, por lo que los mestizos se aprovechan
para crear pastizales y adueñarse de las tierras.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


90
¿Ustedes tienen algún documento de propiedad que garantice la pertenecía del
territorio de cada pueblo?

Estamos en proceso de titulación, en la costa Caribe están las


demarcaciones, tenemos dos territorios vecinos … que queda al norte de Pearl
Lagoon y al sur a los …(incomprensible) que ya consiguieron su titulación. Ellos
están con el título en las manos, en Pearl Lagoon tenemos la copia del título, pero
el título original no lo tenemos tampoco, tampoco están registrados en el registro
oficial de la región, por qué? No sé, si es el proceso de elecciones que esta próximo,
no sé si están esperando que termine este proceso para dar el título a nuestras
comunidades, ya con título en mano vamos a pasar a otro proceso que se llama
saneamiento lo cual consiste en tratar de negociar con los invasores, como son
nicaragüenses difícilmente lo podemos sacar de nuestras tierras, lo que queremos
es llegar a acuerdos que beneficie a ambas partes, por ejemplo los que tiene 500
manzanas reducirlos a 300 y empiecen a pagar un impuesto por que han
deforestado nuestro bosque; lo tienen deforestado y que manejen de una manera
sostenible. Entonces, va ser un trabajo muy duro porque son cientos de familias
que están en las montañas en los bosques del caribe del Nicaragua y son gente
ajena a la región, pero son nicaragüenses son personas y sabemos en las dificultades
que esta nuestro país, el segundo más pobre en Latinoamérica, somos la región
más pobre del país y solo imaginasen como estará la costa caribe del Nicaragua.
Nosotros entendemos las necesidades de las personas, pero si destruyen
los recursos que tenemos todos nos vamos a quedar sin nada, entonces tenemos
que cuidar para todos, por eso consideramos que debemos poner algunas reglas
sobre la mesa ya que cada año estas personas vienen despedrando cientos de
manzanas para pasto cortando grandes árboles que desaparecen en instantes, se
secan los ríos y eso es un problema.

¿Como participan estos grupos en ese gobierno territorial, hay una participación
delegada o son voluntarios o todos son voluntarios en ese gobierno territorial,
como es, es capaz de sostener el movimiento de ustedes?

Nuestro trabajo es completamente voluntario, lo que hace el gobierno


territorial cuando tenemos que reunirnos es pagar el transporte, alimentación y

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 91
hospedaje a los participantes, no les pagamos por estar ahí nosotros
voluntariamente nos reunimos.
El gobierno central por la extracción de los recursos por parte de los
invasores nos devuelve el 25% de todos los recursos que aprovechan por la
extracción de manera de nuestros bosques y la pesca de mariscos de nuestros
lagos, pero es un 25% que está en el papel y en el aire, porque nosotros no
tenemos un inventario de lo que tenemos, nosotros no controlamos cual es la
cantidad de madera extraída de nuestros bosques, tampoco la cantidad de mariscos
que extraen de nuestros lagos. Ellos solo nos presentan un papel con la cantidad
del 25% y la verdad no sabemos si ellos cumplen con ese porcentaje, por eso
queremos reforzar ese error y realizar el inventario de los recursos que poseemos
porque es la única forma de administrar y tener el control de nuestros recursos
porque si no sabemos lo que tenemos no podemos administrar. Para eso
necesitamos ingenieros forestales, abogados, geógrafos y más, por el momento
el gobierno no ha podido financiar esto, hemos estado tocando puertas en
diferentes organizaciones, hay una organización que se llama Fundación para la
Autonomia y el Desarrollo de la Cosa Atlantica de Nicaragua – FADCANIC
(Bluefields – RAAS) que nos ha apoyado mucho en Pear Lagoon, en diferentes
ocasiones y vamos ir haciendo diferentes proyectos para buscar apoyo en otros
lados a nivel nacional e internacional.

¿Y ustedes tienen jóvenes que saben manejar instrumento como GPS, instrumen-
tos para hacer georeferenciamiento del territorio?

No tenemos. Tenemos algunos pescadores que usan GPS para ubicarse


en el mar, pero no sé si en tierra podrían manejar, para hacer un mapeo de la
zona no lo manejan, tenemos algunos abogados jóvenes de la zona, pero el
problema es que por falta de trabajo emigran a otras ciudades, tenemos como
nueve profesionales de la ley pero no trabajan en la zona.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


92
SEEFIANN DEIE (de Nação Boni na Guiana /colônia
francesa)

“Nous sommes ici au Colloque International à l’invitation du CCN (Centre


de la Culture Nègre) de São Luís du Maranhão et à l’invitation de cette organisation,
nous avons passé un certain nombre de jours à échanger, à discuter sur les
thématiques qui nous concernent. Concernant la Guyane, et le peuple que je
représenterai humblement, sans aller dans les détails historiques, de tout le processus
qui a mené à ce que nous nous installions sur le cours de la rivière Lawa qui se
trouve à la frontière donc qui fait la frontière… entre le Suriname et la Guyane
Française aujourd’hui encore, nous sommes descendants d’Africains qui ont pris
leur liberté, de la suite de leur traite dans les plantations du Suriname. Suite à cette
situation d’oppression, il a été décidé… dans la mémoire collective, on parle du
fait de dire non à cette situation, et à partir de ce moment là, les ancêtres Boni se
sont réunis, se sont battus, se sont organisés d’abord, se sont battus, et en fait, ce
n’est pas comme beaucoup veulent nous le faire entendre encore ce n’est pas une
fuite, c’était un projet. Un projet réfléchi, et dans les premiers temps de ce projet
-là, jusqu’à présent la mémoire orale donne les détails nécessaires qui montrent
qu’il y avait une prise de conscience malgré le système qui était établi, qui voulait
instaurer la déshumanisation, l’absence d’âme, donc d’humanité et d’intelligence
des hommes et des femmes qui ont été déportés, apportés ici de force, qui
étaient pour la plupart à mon avis des jeunes. C’est une donne très importante

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 93
qu’il va falloir révéler, sans être chercheur mais tout converge vers ce point- là,
que tous ces hommes et ces femmes étaient pour la plupart des jeunes en tous cas
j’ai eu l’occasion de le dire à nos chefs, pour qu’ils comprennent bien qu’aujourd’hui
on parle d’ancêtres, mais pour l’époque c’était tout, à mon sens, selon ma lecture,
montre que c’était pour la plupart des jeunes.
Quand on dit des jeunes, c’est moins de 30 ans pour la grande majorité;
ça c’est très important! Et je demanderai à la communauté scientifique, celle qui a
les moyens d’aller vérifier certaines choses, de diriger son œil, son oreille aussi,
vers ces données -là, on en a besoin, pour situer les choses de cette manière–là.
Parce qu’un crime commis sur une population jeune n’a certainement pas les
mêmes conséquences qu’un crime commis sur les populations plus anciennes, d’
âge plus avancé. Ca c’est un élément assez important que nous n’avons pas nous
en France , que personnellement je n’ai pas, mais que je sens … il y a quelque
chose qui me le dit … que nous étions jeunes! Voilà! C’est un crime contre la
jeunesse aussi, contre l’humanité mais contre la jeunesse! et donc fi de ce constat,
les ancêtres: il y avait des hommes mais il y avait surtout des femmes, des femmes
que l’on ne retrouve pas nommément aujourd’hui, mais dans la ligne héréditaire
que nous avons gardée, la matrilignée, et bien la place dans notre histoire, depuis
sa genèse jusqu’à aujourd’hui, de la femme est claire: c’est la colonne vertébrale,
c’est aussi la moelle épinière qui permet de maintenir la structure de l’Homme
Boni, quand je dis l’ Homme, c’est avec un grand H. C’est surtout d’abord la
femme qui lui permet de se reconnaitre, de garder tous ses repères, justement
tout ce que l’on fait, tout ce que je fais, le témoignage que je porte à votre
appréciation, c’est dans ce but–là aussi. Le passage des hommes comme moi,
c’est éphémère.. c’est le travail que font les femmes qui permet d’exister à travers
les générations. Alors ça peut paraître nouveau, mais au contraire c’est très ancien.
Il y a un proverbe chez nous qui dit : [Na ka rao deme ki gnou] littéralement, ce
que ça veut dire c’est qu’avec les anciennes choses que l’on fait les nouvelles. Et
donc lorsqu’ils ont décidé, qu’ils ont eu le projet de s’établir, de se positionner,
dans la silve amazonienne, quand je dis qu’ils ont décidé, qu’ils ont eu le projet, il
y a des repères clairs, que témoignent les militaires, les représentants de la colonie
concernée qui disent que dans la forêt on a vu des hectares de champs de maïs, de
champs de manioc, de champs de riz, on avait notre propre économie depuis les
Premiers Temps.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


94
Il y a un concept chez nous des Premiers Temps, ça veut dire que le
concept historique du Boni et du Bushinengue, il y a une période qui se situe à peu
près juste après la séparation avec le système de la plantation, on appelle ça les
Premiers Temps. Avant cela, il est difficile de progresser, mais à partir de ce
moment- là, et bien la transmission est plus claire, plus organisée, plus choisie,
plus intéressée aussi.Alors peut-être que ça a ses travers, mais tout ça c’est pour
vous dire que c’est une histoire qui nous a marqués, que l’on a compris en tant que
tel, et que les mots de nos ancêtres jusqu’à présent sont immuables. J’invite, ce que
je fais c’est une contribution mais aussi une invitation, j’invite les étudiants, les
chercheurs, les professeurs, les universités, à prendre contact avec nous. Vous
n’aurez peut-être pas le meilleur accueil que vous avez ailleurs, parce que la situation
est telle que, pour le moment on n’a pas toute cette conscience, cette conscience
de devoir se battre de nouveau comme l’a fait nos ancêtres, avant d’arriver là où
ils nous ont établis. Et donc je pourrai peut-être avec d’autres, le Grand Man lui-
même, vous donner d’autres éléments plus précis que vous pourrez vérifier à
l’image de notre frère Jean Moomou qui est historien, qui a longuement écrit , qui
a écouté les Anciens, qui a écouté les femmes aussi et qui a comparé ces éléments
de l’oralité à ce qu’il a pu trouver dans les archives et la preuve en est par sa thèse
qui a reçu une mention très honorable, avec félicitations du jury ,ce qui est sans
précédent, et bien c’ est la preuve que la parole des Anciens, ça a son poids, ça a
sa sagesse et ça a sa vérité aussi qu’il faut entendre.
Donc voilà quelques éléments, ce combat a duré pratiquement un siècle,
pour la plupart. Il y a eu des unions, il y a eu aussi des désunions et ces unions et
désunions ont formé des groupes successifs: Saramaka, Ndjuka, Boni qu’on appelle
aussi Aluku, Paamaka, Matawaï, Kwinti. Donc concernant le groupe Bushinengue,
plus familier aux Bushinengue, des hommes et des femmes Africains qui sont
sortis du système esclavagiste du Suriname, pour prendre possession de la silve
amazonienne sur le plateau des Guyanes, nous avons six (6) Nations. Chaque
Nation a sa représentation mais je dirai que ce sont des représentations similaires:
Tout en haut, on a le chef suprême qui s’appelle le GRAN MAN, GRAN MAN,
ça veut dire littéralement le « grand homme » , et en dessous , on a un certain
nombre de chefs qui sont des chefs de village. Sous ces chefs -là, on a ce qu’on
appelle des BASHIA. Et le mot bashia vient d’un ancien anglais qui veut dire un
contremaître et cet ancien anglais c’est “bastian”. On a un mot aussi que vous

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 95
reconnaitrez, vous la population lusophone, c’est le « fiscal«, on l’a aussi. C’est un
mot qu’on a gardé, donc voilà quelques elements; on a des hommes qui sont
chefs de village, on a aussi des femmes qui sont chefs de village, des femmes et
des hommes qui sont bashia, chacun dans l’organisation comme l’a indiqué nos
ancêtres. C’est une organisation tirée, bien sûr, inspirée de la situation dans les
plantations, parce que ce bastian, ce bashia, c’était le Nègre, le Noir, parmi les
frères et sœurs qui composaient la main d’œuvre gratuite, africaine, dans la plantation
qu’on choisissait sur des critères d’aptitude à apprendre la langue dite du maitre
par exemple ou celui qui aurait une influence sur le plus grand nombre, ou encore
celui qui aurait appris des choses, un intérêt pour le maître, celui -là qui était le
bastian, le bashia, celui qui était censé faire le lien entre le maître, qui était assis à
l’ombre, et la main d’œuvre qu’ils avaient gratuitement à leurs ordres. Donc voilà
des éléments que l’on peut jeter à votre appréciation, il y en a d’autres encore, déjà
étudiés, mais d’autres aussi, qui peuvent permettre d’ouvrir l’histoire de cette
partie de notre pays.”
« …Alors j’ai entendu, parce que je ne connais pas le Brésil comme il se
devrait, mais j’ai entendu dire qu’il y aurait une entité spirituelle qu’il y aurait ici,
comme d’autres, qui s’appellerait Ogum! Cela me fait penser à ce que j’ai déjà
entendu chez moi aussi.. et je serai pas étonné que ce Ogum soit lié à la guerre,
qu’il ait des caractères liés au tonnerre , je ne serai pas étonné si cette entité qui doit
défendre un groupe en cas d’attaque, soit équipé d’un sabre, d’un marteau, et je
pense qu’il y a des traits comme ça qui ne se perdent pas ! Il y en a d’autres encore
qui peuvent être compris aussi et ce Ogum , nous on a Odum ! Ogum …Odum
ça me semble assez proche ! Et Odum a les traits dont je vous ai parlé .Donc
peut- être un frère, peut-être une sœur ? , peut-être lui-même ? !! Voilà, on a
notamment , chez les frères Saramaka, d’ailleurs les Saramaka, ils sont très
intéressants et précisément pour vous parce que parmi les Bushinnengue ,eux ils
parlent une langue dont la genèse a été en contact avec le portugais. Certains
chercheurs sont remontés jusqu’à la conclusion que c’était des mains d’œuvre
gratuites des Juifs, et ces Juifs étaient dans une période de l’Histoire au Brésil.
Après, dans une situation de fuite, là de fuite !... parce que nos ancêtres sont partis
mais c’était pour se battre, pour détruire les plantations. Quelqu’un qui fuit, il ne
revient pas détruire la plantation, ne revient pas remettre à sac toute la plantation
, il ne vient pas mettre en difficulté le système colonial et esclavagiste ,quand on

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


96
fuit on part ! Et quand on revient mieux armé, mieux organisé, en nombre, et que
l’on prend la tête de tous, et qu’on laisse un dernier, juste pour témoigner par
exemple, de notre passage, je ne pense pas que ce soit une fuite, c’est autre chose,
et donc il y a cette réécriture de l’Histoire. Mais la réappropriation des mots aussi
qu’il faut avoir, des mots justes, parce que ce qui peut s’écrire de cette manière –
là ici ne peut pas l’être dans tout le monde! On a des frères et des sœurs, ce sont
nos ancêtres, parce que c’étaient des frères et des sœurs, il y avait une cargaison qui
arrivait au Brésil, ici, qui passait par la Guyane, qui passait par le Suriname etc. les
familles qu’ils prenaient là-bas étaient disséminées dans les plantations, aussi il
s’agit de frères et de sœurs…qu’on ne se trompe pas! Donc tous n’avons pas eu
les mêmes opportunités, que ce soit sur les îles , que ce soit sur le grand continent,
que ce soit dans la grande forêt amazonienne, et donc en étant en contact avec
d’autres populations… : ceux qui ont permis de parfaire notre art de la guerre, en
empruntant aussi, en convoquant tout d’abord nos ancêtres Africains, toutes les
entités que nous avons pu garder dans notre esprit, parce qu’il faut se le rappeler,
nul n’est arrivé ici avec sa valise, en ayant préparé son séjour, en ayant réservé sa
chambre d’hôtel, son moyen de locomotion et de restauration, ..comme nous …
ça a été le cas pendant ce Colloque !... Et je remercie encore le Centre de la
Culture Nègre de São Luís du Maranhão de nous avoir permis de nous rencontrer
après cette Histoire sous le poids et l’oppression de l’Autre, pour la première foi,
on se rejoint par nous- mêmes, c’est important, par nous -mêmes !....sans pression
et par la volonté de la manifestation de la famille, et de l’humanité qu’il y a en
chacun de nous. Je vous remercie. Il y a encore à dire comme on dit chez nous:
[Tolide te ma tsonde sa to !] ce qui veut dire que “les histoires continuent mais le
jour du dimanche est court!”. Merci à vous ! ….Muito obrigado!

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 97
Carlos Alberto González Escobar2

Carlos Alberto González Escobar, soy oriundo del valle de Cauca,


Colombia, de una región muy importante que esta al sur del valle de Cauca, que
se llama Jamundí. Su nombre es de ascendencia indígena. Es un municipio que
tiene unas características muy importantes, porque digamos que es el conector
entre la región Pacífica, por el lado de Buenaventura, entre la región caucana, por
el norte del Cauca y el lado del Naya y entre la región de Cali como capital del
departamento. Entonces es una municipalidad que tiene una influencia de las
áreas indígenas que están en la zona alta, en el pie de monte del Parque Nacional
Los Farallones y con toda esta otra zona biodiversa que corresponde a la pesca
del rio Timba y el sector del Naya.
Toda esta biodiversidad que hay en ese territorio pues también es, digamos
influenciada por todos los fenómenos sociopolíticos que se dan en ese territorio, en
relación a la marginalidad de los pueblos de los grupos étnicos allí, de pueblos
negros y pueblos indígenas, pero también a la vulnerabilidad que tienen estos
territorios respecto al conflicto armado en Colombia. Entonces Jamundí es un
territorio indígena, mestizo y negro y las comunidades negras se ubican en la zona
plana del municipio, a orillas del rio Cauca, que es el segundo río, o cuenca, más
importante de Colombia. Esta situación pues nos pone en un contexto muy
importante por ser la tercera ciudad con población negra del departamento del
Valle del Cauca, la cercanía a la ciudad de Cali, es una de las ciudades con más
población negra en Colombia y el ser transito que articula esos territorios pues
genera en Jamundí una gran presión a raíz de todos los procesos que adelanta el
mismo gobierno en aras de poder mantener lo que ellos consideran un orden
social en los territorios, no? De esa manera pues se configura un territorio donde
las comunidades negras que, inicialmente parten de un proceso de cimarronaje,
fruto del proceso de esclavización que se vio en todo el Pacifico colombiano y que,
al ingresar hacia los valles interandinos lo hizo, en este caso, por el sector del Cauca
y la mayoría de las haciendas esclavistas estaban ubicadas en el norte del Cauca.

2
A entrevista com Carlos Alberto González Escobar foi realizada em Oaxaca, México durante o II Colóquio. Os
entrevistadores foram Bárbara Oliveira, Rosa Acevedo Marin e Daniel Brasil.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


98
De estas haciendas esclavistas se fugaron muchos negros y negras, pioneros
en el establecimiento de las comunidades donde hoy esta nuestro territorio, que
organizativamente está representado en los Consejos comunitarios, pero antes de
los Consejos comunitarios, que es una figura organizativa, que digamos, se evidencia
a nivel nacional y se le estima a través de la Ley 70 del 93, estaban las organizaciones
de base, organizaciones dedicadas a diferentes fines pero que digamos impulsaban
el proceso de resistencia y permanencia en el territorio de las comunidades negras
del sur del valle y del norte del Cauca. Nosotros vivimos durante los años sesenta,
setentas, todo el proceso de territorializacion de las comunidades negras del norte
del Cauca.
A partir del todo el tema de la aparición de los monocultivos - de caña
de azúcar especialmente y como fueron despojados de sus tierras, de sus formas
de producción, de sus características culturales de desarrollo y sobre todo como
fueron, digamos en gran medida, desligados de esa biodiversidad que tenía el
territorio en ese momento y que les proveía de refugio, pero también de sustento
a esas comunidades y toda la resistencia del norte del Cauca compilada en escritos
hechos por sus propios líderes, impulsados por organizaciones sociales y digamos,
en algún momento aparece también la Academia, dando un apoyo en cuanto a
poder documentar esos procesos, nos sirvieron a nosotros para, digamos para
ganar elementos y experiencias y sobre todo aliarnos con nuestros hermanos
negros del norte del Cauca para tratar de fortalecer un proceso que venía
emergiendo en el sur del Valle y que hoy nos pone casi que en una situación
similar a la que vivieron nuestros hermanos de norte del Cauca. Entonces pues
este territorio del cual les hablo, que está en la zona plana sur del municipio de
Jamundi, corresponde a un territorio donde estos ancestros se quedaron allí por
ser un territorio, que considera la literatura de aquella época, eran territorios
malsanos, enfermos, llenos de mosquitos, donde la vida humana no era posible,
pero fue el enclave, el refugio apropiado que encontraron nuestros ancestros
cimarrones para quedarse allí y para fundar estas comunidades que hoy hacen
parte de este proceso de la Asociación Mayor de Consejos Comunitarios y
organizaciones de base de las comunidades negras de Jamundi.
Es un territorio muy rico, con tierras muy fértiles, allí nuestros ancestros
desarrollaron unas técnicas de producción traídas de África, lo consideramos así
porque ahí unos estudios han revelado como la finca tradicional, que le llamamos

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 99
la finca tradicional afrocolombiana, es un policultivo que no obedece a los patrones
técnicos de producción, que combinan muy bien prácticas como la alelopatía y
como el uso de los cultivos de sombrío y también la articulación de cultivos de
pancoger con cultivos de especies maderables, que están todos a orillas del rio
Cauca, pero que es un territorio donde la propiedad está ligada a la familia. Pero
es un territorio que por uso y prácticas, es colectivo, ya que no tiene barreras ni
cercas en alambrados, ni nada de estas cosas que limite el circular, tanto de la
biodiversidad existente allí, como de las personas que van de finca en finca
recorriendo, intercambiando experiencias con sus vecinos, recuperando sus
productos pero con una clara imagen de que el respeto por lo ajeno es lo que se
debe valorar, entonces a pesar de que no ser un territorio baldío para ser titulado,
pero que tampoco es un territorio titulado a través de una escritura pública de
cada persona.
No está titulado, es por uso y aprovechamiento y por herencia de familia
en familia y de generación en generación; este territorio genera el sustento de la
gran parte de las familias locales. En evaluaciones hechas hasta dos mil dos mil
seis, dos mil siete, la finca tradicional es esa reserva cultural y natural que tienen las
comunidades negras en la zona del norte del Cauca y sur del valle. Estas fincas
tradicionales tiene la característica que proveen de alimentos a las comunidades
locales pero generan excedentes que son comercializados en los mercados de las
comunidades intermedias. Aparte, ello tienen un valor intrínseco, que es el que
son productos orgánicos, que hoy en día se ve afectada su calidad por el vecino
amenazante que es la caña de azúcar, la cual sí tiene fumigaciones aéreas, la cual
utiliza grandes volúmenes de agua y genera una presión fuerte sobre la forma de
cultivo ancestral. La particularidad de las fincas tradicionales es que, una familia
posee, en promedio, una plaza y media de tierra en finca tradicional y una plaza
media de tierra son seis mil cuatrocientos metros de una plaza, más la mitad de
seis mil cuatrocientos, tres mil doscientos, cierto? Entonces tiene nueve mil
seiscientos metros. Significa una hectárea por familia, es eso? Y esa es el área que
una familia tiene para vivir, para trabajar.
Una amenaza grande para estas fincas tradicionales ha sido el rio Cauca
como tal, por su proceso de erosión y por tener en la margen izquierda las fincas
tradicionales de las familias negras y tener del otro lado el monocultivo de la caña
de azúcar, que tiene gran infraestructura para manejar el rio a su amaño, entonces

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


100
de hecho el rio, todas las obras rígidas que hacen los cañeros del otro lado, le
cobra a la gente pobre del otro lado sus tierras, entonces gran parte de las fincas
tradicionales, el rio las ha erosionado, mucha gente, en un acto de rebeldía también
frente a la naturaleza, hicieron una especie de ritual y le tiraron las escrituras, los
que tenían escritura, se las tiraron al rio, en un acto de que “ya no había nada más
que hacer y qué haces con un papel si no existe la tierra”.

Pero, esta situación del rio Cauca se agravó, según la gente mayor, a raíz
de la construcción del embalse de la represa Salvajina, que es un embalse que
inicialmente lo construyen con el objetivo de poder regular las aguas de rio para
habilitar tierras para los grandes agro-negocios y luego vino el tema de la
generación de energía eléctrica y digamos que ese ha sido, en los últimos años, el
punto central de la hidroeléctrica, y es producir energía y sin importarle nada el
bajar los niveles del rio el o subir los niveles del rio a amaño de los cañeros, de
quienes generan el fluido eléctrico y entonces esto genera en las orillas del rio pues
un proceso fluctuante.

Anteriormente el rio subía en la mañana y bajaba en la tarde, ahora sube


y baja cuatro veces en el día, entonces esto genera que la erosión se acreciente y ha
sido una situación que no ha sido fácil de manejar para las comunidades y mucho
menos encontrar el respaldo del Gobierno frente a este tipo de acciones, que
son antrópicas, que generan impactos negativos, pero que a la final, pues pesa
más la generación de energía eléctrica para un negocio muy grande, como es este
donde se vende energía o se exporta energía a otros países, pero que se tiene muy
poco en cuenta el proceso este proceso de perdida de la tierra de las comunidades
que están en la zona contigua a la represa.
Esta situación ha venido acrecentándose, las hectáreas en caña de azúcar
avanzan rápidamente y digamos que la finca tradicional se convierte en un resorte
que está presionando y tratando de mantenerse. Pero digamos que en los últimos
años hemos perdido mucha tierra de finca tradicional, hoy en día se puede
evidenciar y denunciar que hay un proceso de presión para la venta de la finca
tradicional. Y están metiendo gente que consideramos que son como testaferros
de los cañeros y están comprando fincas tradicionales y abriendo parches dentro
del complejo de fincas tradicionales, que cada vez van acordándose más a los

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 101
predios con caña y nos van fragmentando nuestro territorio, esa situación se
viene dando. Hay también un grado, a rato, de inconsciencia frente al nativo, al
local, frente a la situación pero también eso es reflejo de la fragmentación de la
herencia; si es que una vez que desaparece el padre o la madre inmediatamente
los herederos ya no están interesados, ni tienen una conexión directa con la finca
y por ende terminan vendiéndola rápidamente.
Mucha gente hoy, no podríamos decir cuántos; yo pensaría que menos
de un quince por ciento de la gente nuestra trabaja en la caña, la caña genera muy
pocos puestos de trabajo realmente. La gente que trabaja allá, pues la mayoría
son jornaleros porque no tienen un cargo mayor y allí tampoco es que el flujo de
las responsabilidades vaya en ascendencia, la gente siempre está en un mismo
nivel de cortero. Y el principal fenómeno que se da es el mismo escenario digamos
de la modernidad y del tema de la educación no pertinente y por otro lado de la
debilidad en la identidad cultural de nuestra juventud hoy en función de que hay
más gente ingresando a la formación técnica y profesional, pero también hay
menos gente dedicando sus esfuerzos a trabajar por la defensa del territorio.
¿Entonces digamos que el hecho de que el joven entre a la Universidad casi que
nos garantiza que en un noventa por ciento se exporto ya ese talento del territorio,
bien? Y la gente que está vinculada a procesos en el territorio, pues digamos que
cada vez es menos, el relevo generacional se da pero en menor porcentaje y esto
todo debilita una estructura de autonomía que nuestros abuelos y padres
garantizaban para sus familias, ¿bien?

Carlos, la Ley 70 garantiza el derecho al territorio a ustedes? Las familias


tienen títulos familiares?.¿Cómo es?¿Hay algún proceso para una titulación colectiva
de todo el territorio de la parte plana del valle del rio Cauca?
No hay un proceso porque la Ley 70 no garantiza territorios para las
comunidades negras, la Ley 70 lo que garantiza territorios colectivos para la
población negra que está del otro lado de la Cordillera occidental, o sea en la
costa del Pacifico colombiano, bien?.También ha garantizado territorios en otras
zonas del Atlántico, cierto?.. hacia el interior del país son muy pocos los casos.

Em Tumaco hay territorios colectivos?


En Tumacu, si porque es costa Pacífica, cierto? Allí donde habían territorios

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


102
baldíos, que no estaban titulados, que le pertenecían al Estado, el Estado por uso
y aprovechamiento se los titula a las comunidades, si? Pero hacia la zona del
interior del país donde los terrenos baldíos ya casi que no existen, son escasos,
entonces no hemos podido adelantar un proceso claro de titulación para las
comunidades, allí lo que hemos tratado de adelantar es un proceso de compra de
tierras para grupo étnico, bien?

Por el Estado?
Si, por el Estado mismo a través de una institución que se llama el
Incoder, si? Y el Incoder pues, tiene ese rubro para compra de tierras para las
comunidades, sin embargo la debilidad en ese proceso está en que el Incoder
compra con el avalúo catastral entonces la gente que quiere vender su tierra la
quiere vender a un precio que ellos consideran en lo que vale para ellos, pero
cuando ya se presenta el avalúo catastral, el precio es mucho menor, entonces la
verdad, la mayoría de los negocios se caen por eso, aparte de que el Incoder te
pide que tu estés al día con todo, estés al día con los papeles, estés al día con
escritura y muchas veces la gente va vendiendo de mano en mano y no tiene
actualización de sus predios ni nada de eso, entonces eso debilita mucho el proceso.

¿Hay alguna movilización de las comunidades de ese territorio para la


titulación colectiva?
Si, de hecho, de la Asociación que conformamos, estamos trabajando
para buscar esas oportunidades que se pueda titular colectivamente algunas tierras.
Hubo un proceso ahorita, el año anterior, se dio en el norte del Cauca con unas
comunidades negras hermanas nuestra. A ellos les titularon un territorio,
inicialmente se daba a raíz de una presión, ellos se tomaron las oficinas del Incoder
durante una semana presionando para que les hicieran compra de unas tierras y el
Gobierno al final compro las tierras. Compra las tierras para los indígenas y
también para los negros, y entonces en gran medida ese ejercicio que hizo el
Gobierno puso en un conflicto a la comunidad indígena con la comunidad negra
por definir como se partía la tierra para poder comprar el mismo predio para las
comunidades pero no define qué es lo que le va a corresponder a quien, entonces,
en un ejercicio de concertación y de dialogo entre indígenas y negros lograron
definir como quedaba la distribución de la tierra y que proceso avanzar, cierto?

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 103
Para el caso nuestro no hemos logrado avanzar en esto, los terrenos que hemos
tratado de adquirir son terrenos que en gran medida vienen siendo incautados
por el Gobierno a el narcotráfico.
El gobierno incauta gran cantidad de tierras, pero esas tierras no llegan a
las comunidades o las comunidades no tenemos real acceso a poder que esas
tierras queden en manos de las comunidades locales, y un fenómeno que se está
dando ahora. Se está hablando de pos-conflicto y todo esto, es que las tierras que
están siendo incautadas por el Gobierno, que son tierras fértiles, están en los valles
interandinos casi que inmediatamente se habla de que fueron incautadas, ya están
entregadas a los cañeros, entonces los cañeros se están volviendo como unos
muy buenos amigos del proceso y entonces inmediatamente se habla de que la
tierra ha entrado en expropiación o que va a ser incautada; inmediatamente ya
ves que están preparándola para sembrarle caña de azúcar, entonces lo que
estamos considerando es que esta alianza que tiene el Gobierno propietario y los
cañeros, es una alianza que va en contra de nuestra, de nuestras necesidades de
territorios, de nuestras necesidades también de permanecer en él, porque están
expropiando las tierras pero a la final se las están devolviendo al mismo propietario
a través de una figura de tenencia por los cañeros para que produzca, pero la
tierra jamás se va de manos de él. El termina siendo el mismo propietario de la
tierra y esto para nosotros es muy complicado porque al menos cuando estaba
en manos, supuestamente de la persona que no tenía buen uso, -del narcotraficante
o de cualquier otra figura- había más posibilidades porque al menos sí la tiene en
ganadería hay más posibilidades de que la gente trabaje en la ganadería o
posibilidades de que la gente adquiera la leche o posibilidades de algo y posibilidades
de que ambientalmente es mejor tener potreros con algo de árboles a tener solo
caña de azúcar con nada mas veneno. Si con veneno, entonces ¿Cómo es la
cosa? Y esos terrenos son los terrenos colindantes con las comunidades….
Bueno lo que estamos adelantando o como nos hemos venido a ver el
proceso organizativo que sea venido dando a partir de los consejos comunitarios
que define la Ley 70 del 93 y que los reglamenta el Decreto 1745 de 1945, lo que
ha permitido que las comunidades negras dela zona plana sur de Jamundi
empecemos a repensarnos un poco el territorio y a ver de manera colectiva
como adelantamos acciones en función de defenderlo y en función de poder
garantizar la permanencia de las comunidades en el territorio, porque la situación

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


104
es tan grave que hoy en día sentimos una grave amenaza por un desplazamiento
forzado en nuestro territorio, y forzado no solo por las armas, sino forzado por
la pérdida de la tenencia de la tierra y por el desarraigo que se está viviendo en los
territories. Entonces como organización de consejos comunitarios, hemos venido
adelantando una serie de encuentros de los trece consejos comunitarios y definiendo
como vamos a lograr bajar el tema de las políticas públicas para las comunidades
negras, que es una política que se definió en el gobierno nacional hace dos años,
como está representada en las políticas públicas a nivel departamental y como
nosotros realmente influimos cosas importantes en la política pública a nivel
municipal para que podamos tener un encadenamiento en esos procesos y que
no haya la posibilidad de que los gobiernos no atiendan las situaciones y las
peticiones nuestras, en función de que estamos armonizados en temas de política
pública para la población negra en Colombia y en el territorio.
Este ejercicio nos permitió, digamos, tener un escenario de acuerdo político
a nivel municipal, a nivel local y se logró que se creara el año….este año la Secretaria
de asuntos étnicos para el municipio donde está, el municipio de Jamundí, o sea
que hoy con una Secretaria de Asuntos Étnicos, lo que aspiramos como asociación
es poder incidir directa y positivamente en este espacio de articulación en el gobierno
local para garantizar que los escenarios de procesos y planificación participativa
que se den, tengan garantía de que la Secretaria va a ser, digamos, la garante de
que esto se cumpla en los territorios, ¿Cómo? Porque políticamente estamos
tratando de de ser un territorio con unidad para garantizar al menos que el
manejo de la secretaria este en los grupos étnicos indígenas y comunidades Negras;
ya tuvimos las primeras dos reuniones con los cabildos indígenas y con los consejos
comunitarios, un escenario pues, que por primera vez se daba, bien? Y logramos
ponernos de acuerdo y tener claridad en que estos espacios de poder que se están
abriendo por la dinámica del proceso porque tanto comunidades indígenas como
comunidades negras estamos articulando cosas, nos garanticen procesos más
claros de inclusión, a nivel del gobierno pero a nivel de la ejecución, de los recursos
y a nivel de la defensa o a nivel de la pertinencia de las políticas para que garantice
la permanencia de las comunidades en sus territories.
Hemos hecho alianzas con la academia, alianzas que estamos tratando de
mantenerlas, pero de tener la claridad como organizaciones y comunidad, de no
perdernos en la dinámica tan acelerada que vive la institucionalidad frente a la

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 105
dinámica un poco más lenta que se vive en los territorios, si? y tenemos unas
alianzas muy importantes con seis universidades en Colombia y con una universidad
en los Estados Unidos.
En Colombia, la Universidad del Valle, y con la Universidad del Valle se
viene trabajando en unos temas de mejoramiento, en el tema de saneamiento
básico más que todo en temas de investigación para mejorar el aprovisionamiento
de saneamiento básico en los territorios y en el tema de educación ambiental para
conservar esos humedales, que son el sustento nuestro; con la Universidad del
Cauca se están haciendo… ya llevamos dos años de monitoreo de calidad
hidrobiológica de los humedales, la intención es poder tener elementos para
poder nosotros argumentar nuestros procesos, con la Universidad Javeriana.
Estuvimos trabajando en unos procesos de apropiación social del
conocimiento y es como buscar escenarios donde el conocimiento tradicional
tenga la posibilidad de dialogar con el conocimiento científico realmente, con la
Universidad Noah, que es la Universidad extranjera que hemos venido trabajando,
con ellos trabajamos en el tema de resolución de conflictos, desde una mirada
muy local, pero tratando de articular la caracterización de actores para poder
manejar de mejor manera los conflictos en el territorio y más que todo enfocado
al trabajo con jóvenes, a través de una estrategia que hay en el territorio que se
llama “Jóvenes constructores de paz”. Entonces en estos relacionamientos estamos
tratando de mirar es como se ligan realmente al proceso organizativo de la
Asociación y de los consejos comunitarios, también desde la institucionalidad.
Con la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca, la CBS que es la
autoridad ambiental del territorio, pues se están construyendo acuerdos, acuerdos
de manejo del territorio, que nos permitan, digamos, de mejor manera atender
esta situación de la caña de azúcar que es nuestra principal amenaza hoy en día.
Sabemos que no es un proceso fácil, pero digamos que es hacia allá
donde está enfocándose el movimiento a nivel local, a nivel nacional hemos
logrado tener un espacio en la Comisión Nacional de Consulta previa, entonces
allí yo soy en el representante por el territorio en esa comisión nacional que apenas
comienza a funcionar, pero digamos que es el escenario, el único escenario que
está funcionando hoy en día de articulación de los pueblos negros en Colombia
con el Gobierno, bien? Hay otras instancias, pero esas otras instancias aun, digamos
que siguen siendo muy regionales o muy sectoriales y no están siendo…no están

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


106
operando en la medida en que nosotros lo necesitamos. Otra estrategia que
hemos asumido y que nos ha dado buen resultado es el hacer alianzas con otros
movimientos que se están dando en el territorio, con estos otros movimientos
pues digamos que tenemos un buen relacionamiento….
Estos movimientos, como el Proceso de Comunidades Negras en
Colombia, el PCN, Hay una organización que nace a partir del Congreso de
Chocó en 2013, En Chocó se reunieron los pueblos negros de Colombia y
definieron una agenda y una hoja de ruta. Esa hoja de ruta es la que se puesto
base para poder que se consolide lo de la Comisión Nacional de Consulta previa
y pues allí nosotros estamos articulados allí, en esa instancia y otras organizaciones
que hay a nivel regional, que están en el norte del valle y otras que están a nivel del
norte de Colombia. También nosotros estamos haciendo parte de estas
organizaciones, articulando con ellas y pues esto es como lo que estamos haciendo
en gran medida del territorio hacia afuera. Hacia adentro nos hemos enfocado,
uno: en que las comunidades negras conozcan cuáles son sus derechos, que las
comunidades negras conozcan cuál es la necesidad de defender el territorio y que
las comunidades negras conozcan cuáles son las instancias de decisión que hay a
nivel local, regional y nacional, con el objetivo de que el proceso sea fuerte en la
base, de que nosotros tengamos el respaldo entero de la comunidad, de una
comunidad que requiere de estos procesos pero que si no está lo suficientemente
informada y participando, nosotros digamos que en algún momento, los procesos
se debilitan y se caen, entonces lo que estamos haciendo es un proceso al interior
de las comunidades que nos garantice eso.

¿Como la Asociación hace para llevar esa información, dar ese impulso
a la organización?
Bueno, la Asociación tiene una estrategia, la primera es la asociación visita
los consejos comunitarios en sus zonas, la intención con esto es que fortalezcamos
al Consejo Comunitario al interior de su comunidad, al menos con la presencia
de la Asociación, que la componen personas de los diferentes consejos, pero que
al llegar a la comunidad, y al poder dialogar con la comunidad es poder infundirle
ese espíritu de compañerismo y de trabajo en equipo que necesita el consejo
comunitario para poder cumplir un buen papel y representar a su comunidad,
pero aparte de ello traer beneficios hacia su comunidad y defender sus necesidades,

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 107
que es una estrategia que consideramos es la más básica pero también es como
de las más importantes que se pueden desarrollar, porque tenemos muchas
dificultades, en términos del reconocimiento de la misma gente y es que la misma
gente tiene muchas limitaciones para trabajar con el igual. Si y aún tenemos en
nuestra memoria ese partidismo que nos ha generado la politiquería en los
territorios, entonces el llegar con los consejos comunitarios no es una tarea fácil y
mucha gente, en gran medida desconoce cuál es el rol del consejo comunitario
¿Por qué? Porque no participan, porque se resisten al dialogo y a la participación
o porque definitivamente, a nivel del consejo comunitario como junta de consejo,
no hay una estrategia clara de comunicación al interior de las familias y de
participación. Entonces lo que hace la Asociación es apoyar al consejo comunitario
en esa tarea, a través de una asamblea comunitaria que el consejo convoca, invita
a la Asociación y la Asociación lo que hace es fortalecer esa dinámica del
conocimiento de la normatividad pero también del reconocimiento de lo que
somos en el territorio como comunidad negra. Y logramos ir como Asociación
al Ministerio del Interior en Colombia, uno para posicionar la Asociación, para
darla a conocer, para dejar su documentación allá, pero también logramos traer
un material importante que había publicado el Ministerio, un ladrillo grandote
con toda la normatividad y el compendio de cosas y trajimos eso a cada uno de
los Consejos Comunitarios con la idea de ir generando capacidades pero también
de ir trayendo material que nos sirva de consulta y de apoyo al proceso que se
viene dando. Otra estrategia importante que se está impulsando desde la Asociación
es sobre el tema de la etno-educación y con los maestros etno-educadores, que
tienen un gran compromiso con la Asociación y con los consejos porque
defendimos sus intereses en el momento en que el gobierno nacional pretendió
meterlos a hacer concursos con los demás maestros del país, se logró que hubiera
un ejercicio diferenciado…

¿Y cómo se formaron esos maestros etno-educadores?


Muchos de los maestros que se denominan etno-educadores son maestros
provenientes de las propias comunidades, cierto? que han tenido formación
académica pero que mantienen un proceso de trabajo extra mural con las
comunidades, entonces ellos entraron como primeros maestros etno-educadores,
hay otros maestros que han venido ya capacitándose en las universidades en Etno-

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


108
educación. Entonces estos maestros que pueden ser o no del territorio han ido
concursando por las plazas o los puestos de maestros etno-educadores; entonces
lo que hemos hecho con los consejos comunitarios es primeramente defender al
maestro que viene de lo local, que tiene trabajo extramural con la comunidad
para que permanezca siendo etno-educador. Luego allí los avales del consejo
comunitario han sido muy importante para ellos en la defensa de eso ante la
Comisión Nacional, que es la determina el tema de los cargos y todo esto a nivel
de Colombia, entonces estos maestros digamos que de alguna manera han
entendido el mensaje y están ahora apoyando el proceso de la Asociación y el
proceso de los consejos comunitarios haciendo este proceso de capacitación
desde los jóvenes en sus escuelas y en la educación secundaria, entonces digamos
que estamos haciendo un ejercicio de dentro hacia afuera, pero también de afuera
hacia adentro con la Asociación de consejos comunitarios, todavía falta mucho
por hacer en ese sentido y para el tema de territorio como tal.
Y para el tema del territorio pues estamos avanzando en unas mesas de
trabajo conjuntas que estamos tratando de convocar con las autoridades
municipales, ambientales, de control para tratar de revisar, invitando también a
gente de los ingenios cañeros, para tratar de revisar el tema del territorio y para
tratar de establecer unos acuerdos, al menos que nos permitan, digamos, poner
en “stand by” la situación actual para que la situación no siga creciendo porque el
esfuerzo que nosotros estamos haciendo, realmente al evaluarlo, encontramos de
que no estamos ganando la pelea, nos está ganando el proceso.

¿El monocultivo en Colombia no pasa por un tipo de licenciamiento


ambiental?
¿Na verdad? No, el monocultivo es un escenario muy autónomo de los
ingenios que hacen lo que les da la gana en todos los lados, porque a pesar de que,
como comunidades hemos trabajado en la elaboración de los planes de manejo
ambiental de los humedales, que es una normatividad a nivel nacional, que esta de
pronto bajo el paraguas de la Convención Ramsar, los ingenios hoy en día siguen
cultivando caña en las zonas priorizadas dentro de la zonificación, siguen utilizando
las áreas que debieran de ser áreas de protección o de conservación para el
cultivo de caña, siguen cultivando caña hasta la orilla de los ríos, entonces la
verdad, aunque existe la normatividad. Aunque existe la autoridad que debiera

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 109
hacer cumplir la normatividad, esta no se cumple, y no se cumple porque también,
tanto la autoridad esta permeada por los mismos poderes y también quien debe
de hacer el control esta permeado también por los mismos poderes;, entonces lo
único que queda en el escenario es como labor de lucha, de reclamación, de hacer
ruso de los mecanismos de participación y hacer uso de la protesta, de la marcha,
de todos los mecanismos posibles para hacernos escuchar porque hasta hoy, la
realidad es que nuestro territorio cada vez se achica más, cada vez se achica más,
lo último que nos ha sucedido es que hasta los años noventa existió en el territorio.
En Robles, comunidad negra de Robles, una piscifactoría que era la más grande
de Suramérica, una piscifactoría, una cría de peces, de tilapia roja y fue montada
allí por los israelíes, con asocio con empresarios colombianos y tenía más de
cinco mil puestos de trabajo; esta empresa cerró porque el gobierno la intervino,
argumentó que habían dineros del narcotráfico allí vinculados y fue cerrado, se
perdieron todos los puestos de trabajo, no quedo capacidad instalada en las
comunidades y hoy en día, en solo seis meses, esas ciento catorce hectáreas, que
estaban en lagunas, en lagos, para cría de peces, son caña, si? y es una cosa que está
pegada al centro poblado de la comunidad y así como eso, cada día, cada día
vamos a encontrarnos más áreas metidas en caña…
Hay muchas cosas que están muy débiles, muy débiles, o sea nuestro
poder también de sacar a flote nuestras problemáticas no ha sido tan expedito y
tan fácil, bien? Nos hace falta tener más contacto y más comunicación y más
apertura para poder poner eso en el contexto internacional también
En gran medida es esto que le contaba anteriormente, el propietario
sigue siendo el mismo, solo que el uso de la tierra cambia, ahora hay caña de
azúcar, bueno aunque no cambia el uso porque el gobierno dice es uso agrícola y
como la caña es agrícola pues tiene toda la cabida del mundo, entonces el terreno
sigue en propiedad de la misma persona, solo que la caña la produce en asocio
con los ingenios, si? Y esa situación pues para nosotros es complicado de manejar,
es complicado de manejarlo porque muchas veces, qué dicen los ingenios cuando
llegamos a las reuniones? Los ingenios dicen “ah, pero es que nosotros solamente
cultivamos, pues los dueños siguen siendo ustedes, y ustedes, ustedes, ustedes,
bien?
Pero lo que le genera a uno no es la tenencia en gran medida sino el
impacto que genera el proceso.

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


110
Esas tierras son de terratenientes, que algunos pues han tenido dificultades
por el tema de lo ilícito, otros están detenidos, bien? Pero, su ejercicio sigue
hegemónico en el territorio.

Carlos, usted me hablaba ayer que en el territorio de ustedes, no? Tienen


muchas comunidades, son trece comunidades, no? ¿Usted pudiera hablar de las
relaciones de parentesco y del territorio?

A ver, estas comunidades comparten un territorio con unas características


biológicas similares, son comunidades que tienen sus prácticas ancestrales allí, son
comunidades que llevan muchísimos años asentadas en el territorio y con
relacionamiento continuo, pero en este territorio no hay la figura que nos permita
llegar a la titulación colectiva, uno porque no hay territorios baldíos, o sea territorios
que le pertenezcan al estado colombiano y que el Gobierno colombiano nos lo
pueda titular como territorios colectivos.
Nosotros hemos emprendido una campaña en el interior de las
comunidades pensando en que la gente que tiene su finca y esta en esos espacios,
la gente dijera “queremos ser un territorio colectivo sin perder nuestra autonomía
en nuestro pedazo”,”pero nosotros queremos ser un territorio colectivo:
¡titúlelo…titúlelo!” que “ nosotros queremos mantener, nosotros mantenemos
aquí nuestra herencia de todos. Pero definimos un código colectivo de manejo
del territorio, que es lo que estamos promoviendo ahora, bien? En lo poco que
queda, con la idea de que eso nos sirva como blindaje frente a lo que está sucediendo
con el tema de la caña de azúcar y al menos que se pueda reglamentar de manera
colectiva la tenencia de la tierra, que la gente no pueda vender la tierra si no está en
el consenso colectivo, eso es un tema que aún se sigue manejando pero no ha sido
fácil de podérselo; que la gente lo apropie, bien? Porque una cosa es la tenencia y
el poder que tiene la tenencia y lo mío frente a lo que es de todos, ese territorio.
A pesar de que las comunidades están allí ejerciendo su presencia y su
autonomía, seguimos con las limitantes de que al no tener territorio colectivo nos
seguirán fragmentando desde las políticas que se definen a nivel nacional, regional
y local y también nos seguirá fragmentando nuestro proceso autónomo de
independencia personal y familiar frente a la tenencia de la tierra, nos seguirá
fragmentando los recursos económicos; que tienen algunos para persuadir a la

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 111
gente que venda o nos seguirá fragmentando la presión y también la amenaza que
nos genera el tema del acceso al agua, el tema del acceso a la tierra, el tema de las
servidumbres para poder acceder a los mismos predios; que ya cada vez se va
poniendo más complicado.
Ya hay más cercas, ya hay más puertas en los territorios de los terratenientes
que nos impiden acceder a los recursos con toda la apertura que lo hacíamos
anteriormente. Entonces estas situaciones nos generan a nosotros que una de las
únicas alternativas que existe es que podamos tomar una decisión de volvernos
territorios colectivos así sean parches y que después los una esa cultura y esa
ancestralidad los una, pero es la única manera de ir ganando como mayor fuerza
como consejos comunitarios. Porque, algo paradójico que sucede es que, aunque
la norma o la ley nos permite crear los consejos comunitarios, los valida y que la
última legislación que está que ha emergido en Colombia en todo lo de la sentencia
de la Corte Constitucional.
La última sentencia que es la 576 de 2014, nos dan ahora la potestad de
que consejos comunitarios con territorio colectivo o sin territorio colectivo debe
dársele el mismo trato, sin embargo eso en la práctica no es así, en la práctica
nosotros seguimos relegados, nosotros seguimos invisibilizados y también
seguimos condicionados a poder participar en algunos espacios para negros, en
otros no, bien? Esta el mismo caso de la elección del representante de las
comunidades negras en la autoridad ambiental que maneja el departamento y no
tenemos acceso nosotros porque no tenemos territorio colectivo, bien?
No podemos elegir, entonces allí quienes eligen son los consejos
comunitarios que están en la costa pacífica que tienen territorio colectivo, nosotros
no podemos, entonces de hecho que la…..la participación, el apoyo y el interés
que debe mostrarse desde ese representante hacia nuestro territorio es muy débil
o casi que ninguno, entonces estas son las inequidades que genera el sistema pero
también las inequidades que genera el que nuestros procesos crezcan lentamente,
bien? Pero por eso es tan valioso para nosotros llegar a los espacios de diálogo y
concertación a nivel nacional e internacional, por eso es tan importante llevar
nuestra voz y presentar las situaciones pero, más que a manera de queja es como
a manera de poder apoyar otros procesos, de poder dialogar con otros procesos
y enriquecer lo que estamos haciendo, pero también nos interesa es poder avanzar

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


112
en procesos de investigación compartida que nos garantice mayores elementos y
conocimientos de nuestras realidades.

En los proyectos que tienes con las universidades, más la universidad de


Austin, que estás trabajando?
No, con la Universidad de Noah en la Florida, con Austin aun no
avanzamos. Pues más que todo en lo que avanzamos es el tema de manejo de
conflictos socio-ambientales en el territorio, que eso es lo que hacemos con Noah,
con las otras universidades pues el tema de monitoreo de la calidad de los
humedales nuestros, es una herramienta muy importante porque nos permite
entender y ver que nosotros estamos en una bomba de tiempo…

¿Y los jóvenes están estudiando aquí, formándose para hacer eso?


Muy poco. A raíz de eso nosotros emprendimos un proyecto con mucha
autonomía en la asociación y es la creación del Centro de Documentación e
Investigación Comunitaria para la Conservación de Humedales y lo que
pretendemos allí es como nosotros logramos también generar procesos que
partan desde la necesidad comunitaria, con las universidades lo que sucede es que
hay mucha dificultad en cuanto a armonizar los intereses de las universidades con
nuestros intereses, si? No es fácil, no es fácil, uno, porque no todas las universidades
están con enfoque diferencial, territorial. Porque muchas veces los ejes de
investigación que tienen las universidades se enfocan a otras cosas y no van por la
línea que nosotros necesitamos, tres, porque solamente partir de intenciones de
los estudiantes que quieren desarrollar sus procesos de investigación allá no es
suficiente, si no hay un engranaje al interior de la universidad que garantice que
eso va a tener algún futuro desde allí, que vamos a poder continuar haciendo
cosas, y lo otro es porque también en las comunidades tenemos limitaciones
grandes en cuanto a que nosotros no tenemos ni personal ni organizaciones tan
disponibles para administrar toda la cantidad de información que se genera,
para articularla y para poder echarla a rodar. Eso en cabeza de tres, cuatro o
cinco líderes se vuelve un problema, es mucha cosa para tanta cosa. Entonces
también nosotros estamos tratando es de cómo nos fortalecemos como asociación
en eso, como buscamos recursos porque no tenemos recursos, actuamos con
nuestros propios recursos, actuamos con las pocas cosas que que logramos aportar

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 113
cada uno. Entonces digamos que todo este proceso tiene que llevarnos, uno, al
fortalecimiento organizativo de base y dos, tiene que llevarnos a tener menos
alianzas pero mejores alianzas, si? porque tantas alianzas no son buenas cuando
uno realmente no puede manejar todo eso, entonces se vuelve un problema,
mejor es tener una buena alianza y no tener tantas alianzas y que no le saquemos
el mejor provecho.
¿Qué te parece? ¿Este coloquio puede tener repercusión en la asociación
y el trabajo que están realizando?
Bueno, pues el coloquio es una gran plataforma para fortalecer procesos
locales, yo pienso que esto es, como dice la canción de Rubén Blades, depende
con el ojo que se mire. Porque uno lo que hace y debemos hacer es apretar desde
aquí es que el relacionamiento que hacemos, si? pueda uno mirarlo con ojo de
lupa a partir de estos encuentros internacionales y es poder tener la claridad para
proponer y la claridad para articular las alianzas con algunos. Yo sé que no es con
todos, con algunos actores de los que están o los vienen y participan de ese
proceso; hay actores en todos los niveles, el generar intercambio con los pares,
muy bueno, el generar alianzas con los que están en otros niveles del proceso
diferentes a nosotros es muy interesante. Pero sobre todo el reconocer de que
hay una comunidad internacional que esta también trabajando en las mismas
cosas que nosotros, con diferentes enfoques pero están en su casa lo mismo y es
que la gente es el comienzo y fin de cualquier proceso y si la gente es el comienzo
y fin de cualquier proceso, pues entonces todos los procesos podrían hermanarse
porque tienen el mismo principio y el mismo fin, bien? Y eso es lo que hemos
extractado de los coloquios, en Brasil, el reconocernos en un contexto internacional
es muy importante porque no solo para que te den aplausos por lo que dices,
sino para poder encontrar algunas personas que se identifican con las cosas que
uno hace y que puede generar algún tipo de red porque dentro de esto uno habla
de la gran red; pero dentro de la red hay otras cosas pequeñas y más pequeñas y
más pequeñas, lo interesante del coloquio es como hacemos para evidenciar esas
otras redes que subyacen del gran proceso que se genera en el coloquio y no
solamente pensar que el coloquio es la reunión de los países internacionales porque
eso no es la realidad de todo lo que pasa aquí.Aquí lo que pasa es que están
haciendo alianzas pequeñitas, intereses pequeñitos que muchas veces no los
evidenciamos ni en la sistematización del proceso, ni en lo otro. Entonces eso no

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


114
permite hacerle tampoco seguimiento a cosas pequeñas, por decir algo, en el
pasado coloquio en Brasil nosotros dejamos como muy sentado algo que
arrancábamos con la universidad, cierto? Entonces yo sé que eso nos permitió de
alguna manera poder llegar a Austin y allá hablar más de cartografía social porque
era lo que nosotros estábamos haciendo en ese momento y era la fortaleza que
teníamos, digamos que la cosa se quedó muy en el tiempo y hoy la estamos
retomando, pero ese debe ser el trabajo también de este escenario de los coloquios,
no solo pensar en lo que sale del consenso general sino también conocer esas
otras alianzas que surgen para poder hacerle el seguimiento, para poder revisarlas
como van en lo sucesivo. Entonces es esto lo que deja entender a mi es que, en
este y en lo sucesivos eventos que tengamos, el trabajo tiene que estar organizado
de manera no tan plano? Sino que tiene que haber momentos en el que el trabajo
sea, no jerárquico sino que sea por escenario de interés también para que nos
permita leer esas otras cosas que están pasando en el espacio de trabajo porque
eso no está quedando evidente.
Ejemplo, lo que digo es que por lo menos lo que ha pasado aquí es que
nos hemos reunido o me he reunido con tres, cuatro jóvenes de acá y me han
hecho la misma pregunta, me han dicho “bueno pero y esto entonces…¿esto
como fortalecer el trabajo aquí? Y nosotros, “no se” O sea si vemos esto pero
y esto como fortalece nuestro trabajo, aquí los afro-mejicanos lo que vamos a
hacer aquí nosotros cómo es? porque no entiendo.” Entonces yo les decía “pero
más que te lo digan es como lo lees, qué puedes coger de aquí que va a servir
para trabajar acá”.
Entonces siento que no es tan grafico lo que está pasando en el coloquio,
donde el coloquio se queda en un nivel, de pronto, de la gente que ya trabaja en
estos procesos hace muchos años y que tiene muchas cosas para contar, muchas
cosas para percibir de los otros y para enriquecer sus procesos, a la gente con
liderazgo emergente que esta apenas queriendo entender cómo es que coge cosas
de aquí para poder trabajar acá, en sus comunidades, entonces yo por eso pienso
que el coloquio debe tener espacios de trabajo más particular, como dice usted,
a ver cómo se construye, pues, cómo es que la cosa se hila porque estamos de
pronto desperdiciando esos intereses de la nueva gente, esos intereses de las
organizaciones que están mirando es como cojo algo que me sea practico para
yo ponerlo acá o de pronto debe ser en la etapa preparatoria de los coloquios.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 115
En la medida en que tengamos más procesos, como decía usted ahora, más
encuentros, mas diálogos, van surgiendo más herramientas de pronto que cuando
llegamos al coloquio pueden ser puestas al servicio de todos los que están, bien?
Entonces esa es mi lectura, bien? Pues hoy estamos consolidando. Nosotros nos
vamos de aquí, me voy de aquí con la idea clara de que tenemos una idea de
proyecto que estamos consolidándola y que vamos a estar acuciosos siguiéndola
para que la saquemos adelante, me voy con una claridad de que hay una persona
que está trabajando con procesos de mujeres afro, está en Honduras y que está en
Washington pero que aspiro establecer una red muy clara con el proceso de
mujeres negras en la Asociación para que haya otra línea de trabajo distinta o no
distinta sino complementaria; o que refuerce lo que estamos haciendo nosotros
por territorio pero que también la línea de trabajo con la mujer tenga un ejercicio
mucho más abierto, mucho más amplio y no se quede tan local en el territorio
nuestro y la última cosa que me llevo es que de este coloquio hay que hacer
cualquier esfuerzo para que quede esa comisión funcionando, de lo contrario
digamos que uno de los objetivos grandes que tiene este coloquio que es la red
organizada o la red funcionando, nos vamos otra vez en blanco, son como las
cosas, las tres grandes cosas que veo, algo interesante que se discutió ayer en la
mesa de trabajo es como hacer para poder desarrollar un escenario de capacitación
que se haga cada año, con temáticas distintas sobre los temas afro-descendientes
a nivel internacional, que nos sirva para todos. Cómo construir ese escenario para
que ese recurso de capacitación que se puede hacer virtual empiece a funcionar y
se haga un punto de encuentro y de dialogo entre más gentes que no pueda asistir
a los coloquios pero que si está interesada en participar y en nutrir esas cosas y la
otra cosa es cómo vamos a hacer nosotros para funcionar, si? Cómo vamos a
garantizar esa funcionalidad, esto, queramos o no, hay que buscarle recursos
económicos que favorezcan algún tipo de movilidad o de comunicación, bien?
Porque muchas de las organizaciones que estamos acá tampoco contamos con
esas posibilidades de hacerlo y allí pues la alianza con la academia es fundamental,
pero entonces esa alianza con la academia. Quien va a ser garante de esa alianza
con la academia? Y cómo vamos a estructurar eso de tal forma que cuando ya
no estemos nosotros eso continúe,
Muy bien Carlos, muchas gracias, de verdad, fue muy bueno
Muchas gracias!
Muchísimas gracias!

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


116
Intervenção do Prof. Luisão, do CCN

Senhora Aurélia Martina Arzu Rochez da Organización Fraternal Negra de


Honduras e senhor Jairo Obregon Fundacion Vida y Ambiente para el Futuro
“Viafut”

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 117
Senhora Aurélia Martina Arzu Rochez da Organización Fraternal Negra de
Honduras e senhor Jairo Obregon Fundacion Vida y Ambiente para el Futuro
“Viafut”

Senhora Hilda Margarita Guillén Serrano e senhor Rubén Dário Hernández


Cassiani, Instituto de Educación e Investigación Manuel Zapata Olivella

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


118
Dina Picotti, coordenadora da Mesa V

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 119
Mauricio Paixão e Aniceto Cantanhede, coordenador e exCoordenador do Centro
de Cultura Negra

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


120
Ocupaç?o dos Raizales na area central de San Andres, outubro de 2018

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,


GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 121
Relación de Participantes

Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)


122
CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,
GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 123
Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)
124
CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES,
GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 125
Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)
126

Você também pode gostar