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DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA

A sociologia propriamente dita é fruto da Revolução Industrial, e nesse sentido é chamada de


“ciência da crise” – crise que essa revolução gerou em toda a sociedade europeia. Ela é fruto de
toda uma forma de conhecer e pensar a natureza e a sociedade, que se desenvolveram a partir do
século XV, quando ocorreram transformações significativas como a expansão marítima,
reformas protestantes, a formação dos Estados nacionais, as grandes navegações e o comércio
ultramarino, bem como o desenvolvimento científico e tecnológico que desagregaram a
sociedade feudal, dando origem à sociedade capitalista.

Conceptualmente, podemos entender a Sociologia como o estudo científico das relações sociais,
das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de
fenómenos sociais, fenómenos que se produzem nas relações de grupos entre seres humanos.
Estuda o homem e o meio ambiente em suas interações recíprocas.

Ela se baseia em estudos objectivos que melhor podem revelar a verdadeira natureza dos
fenómenos sociais. Ela é desta forma, o estudo e o conhecimento objectivo da realidade social.
Como exemplos, podemos citar a formação e desintegração de grupos, Na divisão da sociedade
em camadas ou classes sociais, a mobilidade de indivíduos e grupos nas camadas sociais,
processos de competição e cooperação, exclusão social e desigualdades sociais, entre outros
aspetos.

VIVER EM SOCIEDADE

Cada indivíduo, ao nascer, segundo Strey (2002, p. 59), “encontra-se num sistema social criado
através de gerações já existentes e que é assimilado por meio de inter-relações sociais”. O
homem, desde seus primórdios, é considerado um ser de relações sociais, que incorpora normas,
valores vigentes na família, em seus pares, na sociedade. Assim, a formação da personalidade do
ser humano é decorrente, segundo Savoia (1989, p. 54), “de um processo de socialização, no qual
intervêm fatores inatos e adquiridos”. Entende-se, por fatores inatos, aquilo que herdamos
geneticamente dos nossos familiares, e os fatores adquiridos provém da natureza social e
cultural.
O homem é um animal que depende de interação para receber afeto, cuidados e até mesmo para
se manter vivo. Somos animais sociais, pois o fato de ouvir, tocar, sentir, ver o outro fazem parte
da nossa natureza social. O ser humano precisa se relacionar com os outros por diversos motivos:
por necessidade de se comunicar, de aprender, de ensinar, de dizer que ama o seu próximo, de
exigir melhores condições de vida, bem como de melhorar o seu ambiente externo, de expressar
seus desejos e vontades.

Essas relações que vão se efetivando entre indivíduos e indivíduos, indivíduos e grupos, grupos e
grupos, indivíduo e organização, organização-organização, surgem por meio de necessidades
específicas, identificadas por cada um, de acordo com seu interesse. Vivemos em diversos
grupos (familiares, de vizinho, de amigos, de trabalho) nos quais interagimos e crescemos. Os
mais diversos grupos sociais influenciam na vida do indivíduo.
O indivíduo tem, para si, claras as características que o diferencia dos demais, como seus fatores
biológicos, seu corpo físico, seus traços, sua psique que envolve emoções, sentimentos, volições,
temperamento. Todavia, o indivíduo, como objeto de estudo da psicologia social e da sociologia,
é considerado, segundo Ramos (2003, p. 238), da seguinte maneira:

Indivíduo dentro dos seus padrões sociais, vive em sociedade, como membro do grupo,
como “pessoa”, como “socius”. A própria consciência da sua individualidade, ele a
adquire como membro do grupo social, visto que é determinada pelas relações entre o
“eu” e os “outros”, entre o grupo interno e o grupo externo.

Então, quando estudamos sobre o indivíduo, percebemos a forma como ele organiza o seu
pensamento, seu comportamento. Assim, iremos concluir que essa construção e organização
ocorrem, a partir do contato que tem com o outro. Por isso, temos a necessidade de estudar não
só o indivíduo enquanto ser social, mas este influenciado por padrões culturais diante da
sociedade em que vive, pois a cultura fornece regras específicas. Assim, para compreendermos o
indivíduo e a sociedade, precisamos entender a cultura à qual pertencemos.
GRUPOS SOCIAS

Estratificação social
O sociólogo britânico Anthony Giddens (2005, p. 234) escreveu de maneira bastante simples que
“a estratificação social pode ser definida como as desigualdades estruturadas entre diferentes
agrupamentos de pessoas”. Resumindo, podemos dizer que estratificação social é um recurso
heurístico que auxilia no estudo das diferenças e das desigualdades entre pessoas e grupos em
uma dada sociedade ou em uma parte dela, permitindo identificar a posição que cada um ocupa
na estrutura social, de acordo com um critério estabelecido teoricamente.

O objetivo da pesquisa que se utiliza da estratificação social é especificar a forma e os contornos


desses distintos grupos sociais para descrever os processos através dos quais se faz a alocação
dos indivíduos em diferentes condições sociais de existência, a fim de revelar os mecanismos
institucionais por meio dos quais são geradas e mantidas as desigualdades sociais (GRUSKY,
1996).

Desigualdade Social
Na literatura a desigualdade social tem diferentes asserções, dependendo do ponto de vista de
cada autor. Por exemplo, Roger Girod diz que desigualdade social “consiste na repartição não
uniforme, na população de um país ou de uma região, de todos os tipos de vantagens e
desvantagens sobre as quais a sociedade exerce uma qualquer influência.” (Girod, 1984: 3; op
cit. In: Ferreira, idem: 325). Numa perspectiva semelhante, Anthony Giddens olha esta como
“um conjunto de desigualdades estruturadas entre diferentes grupos de indivíduos.” (Giddens,
1993: 212; op cit. In: Ferreira, ibidem).

Olhando para estas abordagens destes autores pode-se então perceber que é a sociedade quem
cria e estabelece esta e por conseguinte ela não seria algo natural. Assim, pode-se definir então a
desigualdade social como sendo uma diferença socialmente criada e condicionada aos bens e
serviços, ou seja, aos recursos dentro de uma sociedade. Quer isto dizer que a possibilidade dos
Indivíduos dentro de uma sociedade poderem ter mais ou menos riqueza, ocuparem posições de
direção e chefia, etc., é por vezes já condicionada pela própria sociedade. Ela pode ser analisada
tanto sob ponto de vista individualista (centrada no sujeito) e coletivista (ao nível do grupo).

Mobilidade social

Analisar uma sociedade a partir de um modelo de estratificação social permite averiguar


“fotograficamente” como os recursos sociais disputados estão distribuídos. Esse modo de captar
uma dada realidade favorece o conhecimento das desigualdades estruturadas num determinado
momento histórico. Complementarmente, os estudos sobre mobilidade social favorecem uma
análise “cinematográfica” da distribuição e apropriação dos recursos sociais, ou seja, favorecem
a análise dos deslocamentos de indivíduos e grupos sociais ao longo do tempo. Essas
investigações “buscam mensurar o grau de fluidez da estrutura social, bem como identificar os
padrões e a movimentação envolvidos na distribuição e redistribuição de atributos específicos”
(SCALON, 1999, p. 18).

Dessa forma, podemos definir mobilidade social como o movimento de indivíduos e grupos de
um estrato social a outro, de uma posição de classes ou status a outro, ou mesmo como uma
mudança de ocupação ou profissão. Em qualquer desses casos, a mobilidade social implicará o
deslocamento entre posições socioeconômicas diferentes.

Devemos, por tanto, de acordo com Stavenhagen (2004, p. 240), reconhecer que “a mobilidade
social implica um movimento significativo na posição econômica, social e política” de um
indivíduo ou grupo. Essa mobilidade pode ser observada de modo individual ao longo da vida de
uma única pessoa, ou pode ser vista de modo coletivo, como a mobilidade realizada por uma
família, um grupo social, uma região ou mesmo uma nação inteira. Isso implica reconhecer que
há diferentes tipos de mobilidade social. Antes de identificarmos esses diferentes grupos, vale a
pena determos um instante nas razões pelas quais se estuda a mobilidade social.

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