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ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
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ALGUNS ASPECTOS DA
UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA
GLIFOSATO NA AGRICULTURA
Janeiro 2005
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Autores
Antonio J. B. Galli – Gerente Técnico de Agroquímicos – Monsanto do Brasil Ltda.
Marcelo C. Montezuma – PD Especialista – Monsanto do Brasil Ltda.
Revisores
Ecosafe Agricultura e Meio Ambiente Ltda. – Jaboticabal/SP
João Domingos Rodrigues – Prof. Titular da Unesp, campus de Botucatu/SP
José A. Quaggio – Pesquisador Científico do Centro de Solos e Recursos Agroambientais do
Instituto Agronômico - IAC
Pedro J. Christoffoleti – Prof. Associado do Dept.o de Produção Vegetal da Esalq/USP
Editora
ACADCOM Gráfica e Editora Ltda
2005
ISBN e expedientes
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PREFÁCIO
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ÍNDICE
Capítulo III Glifosato no manejo de plantas daninhas em culturas perenes ..... Página 19
Capítulo VIII Glifosato e a fixação biológica de nitrogênio na cultura da soja ..... Página 50
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INTRODUÇÃO
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I
Forma de Atuação
nas Plantas
O glifosato é um herbicida pós-emergente, pertencente ao
grupo químico das glicinas substituídas, classificado como não-seletivo e
de ação sistêmica. Apresenta largo espectro de ação, o que possibilita um
excelente controle de plantas daninhas anuais ou perenes, tanto de folhas
largas como estreitas.
As aplicações do produto devem sempre ser dirigidas sobre
as plantas daninhas seguindo as recomendações técnicas e boas práticas
agrícolas. Se utilizado dessa forma não causará qualquer interferência no
metabolismo, desenvolvimento ou produtividade das culturas para as quais
é recomendado.
Quanto à absorção, lembramos que o glifosato é absorvido
basicamente pela região clorofilada das plantas (folhas e tecidos verdes) e
translocado, preferencialmente pelo floema, para os tecidos meristemáticos.
O glifosato atua como um potente inibidor da atividade da 5-
enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPS), que é catalisadora de uma
das reações de síntese dos aminoácidos aromáticos fenilalanina, tirosina
e triptofano, influencia também outros processos, como a inibição da síntese
de clorofila, estimula a produção de etileno, reduz a síntese de proteínas e
eleva a concentração do IAA (Cole, 1985; Rodrigues, 1994).
Assim, toda vez que for aplicado de forma inadequada e entrar
em contato com a cultura, o produto também expressará sua atividade
herbicida e causará danos, guardadas as proporções de dose e
suscetibilidade da cultura.
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II
A Importância da Correta
Aplicação do Glifosato para o
Desenvolvimento e a
Produtividade das Culturas
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Glifosato Controle
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III
Glifosato no Manejo de Plantas
Daninhas em Culturas Perenes
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Figura 2. Plantio direto de feijão de porco (Canavalia ensiformis) na entrelinha da cultura de citros.
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Quadro 1. Resultados médios de produção e qualidade dos frutos em sete colheitas de Laranja-Pêra
na região de Itápolis - Estado de São Paulo.
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da planta, cuja largura deve exceder em pelo menos 30% o raio da copa,
para se evitar competição por água, nutrientes e ainda possíveis efeitos
alelopáticos de algumas espécies.
Prática de manejo de mato que vem sendo difundida
atualmente na citricultura consiste na utilização de roçadeira sem proteção
lateral, que permite que o mato ceifado seja depositado nas linhas de
plantio, com o objetivo de proteger o solo com palha na superfície. Nesse
caso, deve-se ressaltar que tal prática pode reduzir a disponibilidade de
nitrogênio no solo para as plantas cítricas, principalmente quando as ervas
infestantes são espécies do gênero Brachiaria , que possuem relação
carbono/nitrogênio (C/N) muito larga na biomassa. Portanto, nesse caso
é necessária a utilização de doses de nitrogênio complementares em relação
às adubações normais nos primeiros anos para compensar o consumo
extra de nitrogênio por microrganismos decompositores da matéria orgânica.
É importante lembrar ainda que essa prática não exclui a necessidade de
manter o mato controlado com herbicidas nas linhas de plantio e tem
como grande inconveniente o aumento da concentração de sementes de
plantas daninhas sob a copa da cultura. Sem o tratamento adequado, essa
concentração levará a uma maior competição e poderá exigir, inclusive,
um controle manual, encarecendo sobremaneira os custos com o manejo
do mato, além de dificultar o controle de pragas e doenças. Caso o controle
dessas plantas daninhas seja realizado com o uso de altas doses de nitrato
de amônio, aplicado com altos volumes de água, vale lembrar alguns riscos
que essa prática pode trazer. Sabe-se que o excesso de nitrogênio pode
causar um desequilíbrio nas plantas, promovendo excesso de crescimento
vegetativo, levando a um aumento do auto-sombreamento e trazendo como
conseqüência severa diminuição da produtividade, além de maior
atratividade ao ataque de pragas e doenças, especialmente afídeos, a Teoria
da Trofobiose. Por essa teoria, Francis Chaboussou, em 1969, concluiu
que os adubos químicos solúveis (principalmente os nitrogenados) e os
agrotóxicos promovem a formação de substâncias orgânicas simples na
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IV
Glifosato - Segurança
para as Culturas
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o glifosato interferir nessa rota tão importante para grande parte das
fitoalexinas sintetizadas. Por outro lado, muitas plantas podem liberar,
pelas raízes e folhas, grande variedade de metabólitos secundários, como
os ácidos fenólicos, principalmente caféico e ferúlico, que podem reduzir
o crescimento de muitas plantas e mesmo inibir a germinação. Esses
compostos sintetizados por plantas daninhas, quando liberados no solo,
poderiam afetar o desenvolvimento das plantas citrícolas. Nesse aspecto,
a ação do glifosato, em doses comerciais, é bastante efetiva, pois, como
inibe a atividade da EPSPS, acaba inibindo a rota do ácido chiquímico, a
via metabólica da formação dos ácidos fenólicos, não ocorrendo liberação
desses compostos no solo e não ocorrendo, portanto, o efeito da redução
do desenvolvimento das plantas cultivadas (Taiz & Zieger, 2004).
Liu et al. (1995) observaram que a aplicação de glifosato não
afetou significativamente o acúmulo ou exsudação de fitoalexinas
(kievitone, phaseollinisoflavan e phaseolin) nas raízes do feijoeiro
(Phaseolus vulgaris L.) inoculadas com Pythium spp, quando cultivadas
em sistema de hidroponia. Já em plantio do feijoeiro em areia esterilizada
e inoculado com Pythium spp, o glifosato não afetou significativamente o
acúmulo de fitoalexinas até o terceiro dia; entretanto, no quinto dia a
presença da fitoalexina phaseollin, detectada nas raízes inoculadas de
plantas tratadas com glifosato, foi significativamente maior que nas plantas
não tratadas e também inoculadas, mostrando que o glifosato não afetou
negativamente a produção de fitoalexinas.
Outros trabalhos procuraram avaliar a relação da molécula
do glifosato e sua interferência com patógenos. Kassaby & Hepworth (1987)
demonstraram o efeito do glifosato na redução do crescimento radicular,
na produção de esporos e no potencial de inóculo de Phytophthora
cinnamomi, responsável por doença radicular em Pinus radiata. Esses
resultados foram corroborados por Azevedo (2003); Toftaneli (1997) e Alves
Jr. (1997), para condições brasileiras, com fungos entomo e fitopatogênicos,
onde observaram que a ação do glifosato chegou a ser fungistática, porém
não fungicida.
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Comunicação pessoal do Prof. Titular Dr. João Domingos Rodrigues, da Unesp de Botucatu.
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V
A Clorose Variegada
dos Citros (CVC) e o Glifosato
A Clorose Variegada dos Citros (CVC), ou “amarelinho”,
representa hoje uma das principais ameaças à citricultura brasileira, pois
ataca todas as variedades comerciais de laranja doce, base da nossa
indústria de suco de laranja. Constatada pela primeira vez no Brasil em
1987, em pomares de Colina (SP), e logo depois no Triângulo Mineiro e
nas regiões norte e noroeste do Estado de São Paulo, ela representa hoje
uma das maiores preocupações da citricultura nacional (Rosseti et al.,
1997).
A doença é mais severa em plantas jovens, pois quando as
infecta precocemente, inviabiliza a continuidade dos pomares. Em plantas
adultas, os danos iniciais são menores, mas a doença também compromete
a qualidade dos frutos, tornando-os pequenos e com pouco suco, portanto
imprestáveis para o mercado in natura e, muitas vezes para a indústria.
Neste caso, nem sempre é necessária a erradicação do pomar.
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Figura 3. Fotografias de microscópio eletrônico mostrando a obstrução dos vasos do xilema em função da
presença de bactérias Xyllela fastidiosa.
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III). Esses dados mostram que essa molécula é bastante segura para a
cultura de citros, não tendo qualquer relação com doenças como a CVC,
sendo seu uso recomendado pelas principais instituições especializadas
no manejo de plantas daninhas. Como já citado no capítulo IV, Altman
(1995) discutiu essa relação e não identificou qualquer evidência de que
as aplicações de glifosato tenham modificado as características de absorção
das raízes das plantas de uva ou mesmo facilitado o processo de infecção
por bactérias do grupo da Xylella fastidiosa em uva ou citros.
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VI
Comportamento do
Glifosato no Solo e na Água
A principal rota de degradação do glifosato são os
microrganismos de solo e água (por processos aeróbicos e anaeróbicos),
que o decompõem em compostos naturais. Uma característica importante
do glifosato é a sua capacidade de ser adsorvido pelas partículas de solo e
permanecer inativo até sua completa degradação. O glifosato é rapidamente
degradado por microrganismos do solo, sendo que sua meia-vida média
(tempo médio necessário para que metade da quantidade aplicada do
produto seja degradada) é de 32 dias. Esse resultado foi obtido em 47
estudos conduzidos em campos agrícolas e áreas de reflorestamento em
diferentes localidades geográficas (Giesy et al, 2000).
As plantas são seletivas quanto ao processo de absorção e
liberação de substâncias ao meio. Dentro desse contexto, a molécula de
glifosato, por ser um derivado de glicina (um aminoácido essencial presente
nas plantas), não é percebida pelas plantas como um potencial agressor e,
portanto, normalmente é muito pouco exsudada pelas raízes, o que foi
demonstrado por vários trabalhos, como por exemplo o desenvolvido por
Coupland & Peabody (1981), que avaliaram a quantidade de glifosato
exsudado pelas raízes após aplicação sobre plântulas de gramínea.
Mantendo-as em laboratório com as raízes em água deionizada, esses
autores observaram que apenas 0,36% da dose aplicada sobre as mesmas
foi exsudado pelas raízes. No caso da solução do solo, essa pequena
concentração liberada seria adsorvida pelos colóides e íons metálicos
presentes na solução e decomposta por microrganismos, ou seja, a
concentração na solução do solo seria praticamente nula.
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O
COOH-CH2-NH-CH2-P-OH
Glifosato OH
C-P liase
O
COOH-CH2-NH-CH3 NH2-CH2-P-OH
OH
Sarcosina
Ácido Aminometil fosfônico
Figura 4. Degradação do glifosato por bactérias do solo, com produção dos metabólitos ácido aminometilfosfônico (AMPA) e
sarcosina (Dick & Quinn, 1995).
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OHFe O H H
pk b O
Covalente dativa
O P C NH2 + C C
dupla
pk a
O
O H H pk a
pk a
Ponte de hidrogênio
+++
+++
+++
+++
+++
+++
Figura 5. Esquema dos mecanismos (interação eletrostática, forças de Van der Waals, pontes de hidrogênio e ligação covalente
dativa dupla) envolvidos na sorção do glifosato em solo (Prata & Lavorenti, 2002).
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VII
O Glifosato e as Populações
Microbianas do Solo
O solo é um sistema bastante complexo, constituído por
material mineral, matéria orgânica, microrganismos, água e ar; sendo que
a variação de um desses componentes pode provocar alterações nos demais
(Alexander, 1961). Populações complexas e diversificadas de
microrganismos estão presentes no solo e provocam grandes interferências
na qualidade dos mesmos, juntamente com os processos bioquímicos que
neles ocorrem (Tiedje et al., 1999). A presença de microrganismos no solo
pode ser facilmente influenciada por inúmeros fatores, como propriedades
físico-químicas, matéria orgânica, umidade, temperatura, pH, sistemas de
manejo e outros (Alexander, 1961; Buckley e Schmidt, 2001). Portanto,
variações em populações específicas de microrganismos são esperadas
sempre que se introduz alguma prática agrícola que altere
significativamente os fatores citados.
No ambiente agrícola, o glifosato não causa impacto
significativo sobre as populações microbianas em função da grande
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300
Evolução do CO2 (mg /Kg de solo) TESTEMUNHA
250 0,10%
0,20%
200 0,50%
1,00%
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Dias após incorporação
Figura 6. Efeitos da incorporação de diferentes concentrações de glifosato sobre a atividade respiratória de um latossolo vermelho-
escuro, textura média, em condições de incubação em laboratório (período de 22 de junho a 14 de julho de 2003).
Pitelli, R. A. - UNESP, Jaboticabal, 2003, ensaio 1 (gráfico publicado com autorização expressa do autor).
250
Evolução do CO2 (mg /Kg de solo)
TESTEMUNHA
200
0,10%
0,20%
150 0,50%
1,00%
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Dias após incorporação
Figura 7. Efeitos da incorporação de diferentes concentrações de glifosato sobre a atividade respiratória de um latossolo vermelho-
escuro, textura média, em condições de incubação em laboratório (período de 22 de junho a 14 de julho de 2003).
Pitelli, R. A. - UNESP, Jaboticabal, 2003, ensaio 2 (gráfico publicado com autorização expressa do autor).
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b)
5,0 . a). . . .... 0,5 2,5 Não adaptada
. .
Concentração Crescimento
(sem glifosato)
de glifosato 2,0
..
Adaptada
(5 mmol L-1)
. (5 mmol L-1)
0,2 1,0
2,0
. 0,1 0,5
1,0
.
.... . . 0,0
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 15 20 25 30
Tempo, horas Tempo, horas
Figura 8. Crescimento de uma população microbiana do solo adaptada em meio de cultura enriquecido com 0,5 mmol L-1 de
glifosato (Quinn et al., 1988) e crescimento de população de Aerobacter aerogenes adaptada e não adaptada ao glifosato (Amrhein
et al., 1983).
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VIII
Glifosato e a Fixação Biológica de
Nitrogênio na Cultura da Soja
A fixação biológica de nitrogênio é o processo através do
qual o nitrogênio atmosférico (N2, forma não absorvida pelas plantas)
é reduzido a NH 3 por bactérias do gênero Rhizobium , dentro de
estruturas especiais desenvolvidas nas raízes, chamadas nódulos.
Posteriormente, o NH3 é transferido para a planta, fazendo parte de
compostos nitrogenados vitais para o seu desenvolvimento, tais como
aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos, etc.
Dentre outros fatores, o processo de fixação do nitrogênio
pode variar com a estirpe do inóculo de solo, condições ambientais e
também com o cultivar utilizado. Trabalhos conduzidos em laboratório
indicaram que o glifosato pode afetar as bactérias fixadoras do
nitrogênio, porém, apenas quando se aplicam concentrações de
glifosato muito acima daquelas passíveis de ocorrer na solução do
solo, em condições reais de campo (Moorman et al., 1992; Santos &
Flores, 1995).
Segundo Goring & Laskowski (1982), os herbicidas podem
reduzir a nodulação de leguminosas no campo, inibindo a ação de
Rhizobium e Bradyrhizobium , e essa redução é maior quando se
utilizam altas doses dos produtos em culturas com tolerância marginal,
sendo a redução geralmente devida aos danos causados pelos
herbicidas. Bethlenfalvay et al . (1979), em estudo semelhante
concluíram que mesmo com o uso de herbicidas mais seletivos,
aplicados em doses recomendadas, pode ocorrer redução temporária
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IX
Segurança para o Homem
e para o Meio Ambiente
A propriedade herbicida dessa molécula foi descoberta pela
Monsanto em 1970 e a primeira formulação comercial foi lançada nos
Estados Unidos em 1974, com o nome comercial de Roundup. Hoje ela é
utilizada em mais de 130 países, sendo aplicada para controle de plantas
daninhas nas áreas agrícolas, industriais, florestais, residenciais e ambientes
aquáticos, de acordo com os registros obtidos em cada país.
O glifosato é uma das moléculas mais eficientes já introduzidas
no mercado para controle de plantas daninhas e por isso seu uso continua
em expansão em todas as principais áreas agrícolas do mundo.
O herbicida glifosato foi o principal responsável pela adoção
mundial de práticas agrícolas como o plantio direto e também possibilitou
um grande avanço na produção mundial de alimentos com a introdução
de culturas geneticamente modificadas, tolerantes ao glifosato.
Devido principalmente à sua alta eficácia no controle de
plantas daninhas e às propriedades ambientais favoráveis – forte fixação
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X
Resistência de Plantas Daninhas
É importante ressaltar que a presença de plantas daninhas
resistentes em uma área é um fenômeno natural. O herbicida é apenas um
agente de seleção dos indivíduos resistentes que normalmente se encontram
em freqüência muito baixa.
Christoffoleti et al. (2003) definem resistência como a
capacidade natural e herdável de alguns biótipos, dentro de uma
determinada população de plantas daninhas, de sobreviver e se reproduzir
após a exposição à dose de um herbicida que seria letal a uma população
normal (suscetível) da mesma espécie.
Fica muito claro por esse conceito que não é o herbicida que
cria um biótipo resistente, mas que ele já existe no ambiente e se deve à
ampla variabilidade genética das plantas daninhas, uma das principais
características que lhes permite se adaptar e sobreviver em diversas
condições ambientais e do agroecossistema (Christoffoleti et al., 2003). O
que ocorre nesse processo é que o herbicida elimina os indivíduos
suscetíveis, e a sua utilização de forma sistemática e intensiva como fator
de seleção cria um ambiente favorável ao crescimento da população dos
biótipos resistentes, ou seja, o herbicida não é o agente causador, mas sim
o selecionador dos indivíduos resistentes.
Esse processo vem ocorrendo na agricultura desde a mais
remota antiguidade em razão das práticas agrícolas imposta pelo homem.
A monda, por exemplo, selecionou gramíneas aquáticas na cultura do
arroz e acabou favorecendo um biótipo com aparência morfológica similar
em sistema inundado, como é o caso da Echinochloa crusgalli (capim-
arroz). Outro exemplo é que o preparo de solo convencional praticamente
eliminou espécies que possuíam pouca capacidade de dormência das
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Considerações Finais
Poderíamos ainda incluir aqui inúmeras páginas sobre a
segurança e os benefícios da utilização do Roundup, marca comercial da
Monsanto para o glifosato, o herbicida mais estudado pela comunidade
científica mundial. Essa molécula mudou a história da agricultura mundial,
tendo desempenhado um papel relevante na adoção e implementação de
práticas agrícolas conservacionistas, como o plantio direto, permitindo
sustentabilidade e constantes aumentos de produtividade.
Com as informações contidas nesta publicação procuramos
abordar tópicos importantes relacionados ao comportamento desse
herbicida no solo, na água, na planta e no ambiente. Abordamos também
benefícios proporcionados por sua alta eficácia no controle das plantas
daninhas.
Essa molécula, descoberta na década de 1950, teve sua
propriedade como herbicida desenvolvida por cientistas da Monsanto
Company no início da década de 1970 e sua comercialização iniciada em
1974, quando foi aprovada nos Estados Unidos.
No ano 2000, mais de 150 marcas comerciais já eram vendidas
em 119 países. No Brasil, há mais de 25 marcas disponíveis comercializadas
por cerca de 18 empresas nacionais e multinacionais.
Somente um produto com baixa toxicidade para o homem,
reduzido impacto ambiental e elevada eficácia agronômica poderia ter
uma trajetória de sucesso como essa.
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