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Fascia Muscular e o
Movimento
Sistema fascial consiste no contínuo tridimensional de tecidos conectivos
moles, contendo colágeno, frouxos e densos que permeiam o corpo. Ele
incorpora elementos como tecido adiposo, adventícia e bainhas
neurovasculares, aponeuroses, fáscias profundas e superficiais, epineuro,
cápsulas articulares, ligamentos, membranas, meninges, expansões
miofasciais, periósteas, retináculos, septos, tendões, fáscias viscerais,
todas as artérias intramusculares e intramusculares, além de tecidos
conjuntivos intermusculares incluindo endo/peri/epimísio. O sistema
fascial interpenetra e envolve todos os órgãos, músculos, ossos e fibras
nervosas, dotando o corpo de uma estrutura funcional e proporcionando
um ambiente que permite que todos os sistemas do corpo operem de
maneira integrada.
Ela circunda e conecta os músculos, estruturas nervosas e viscerais. Ela
constitui assim um importante elemento de comunicação mecânica entre
os vários sistemas corporais.
Ou seja, desempenha um importante papel na transmissão miofascial de
forças. É um tecido ativo mecanicamente, que possui funções
proprioceptivas e nociceptivas.
A fáscia é descrita como uma rede tensional distribuída ao longo de todo o
corpo humano. Os elementos anatômicos que são englobados nessa rede
tensional são:
Os estudos mais recentes demonstram que o tecido fascial vai muito além
do “miofascial”. Ele envolve os músculos, organizando e transmitindo a
tensão por todo o corpo (fáscia epimisal), por meio do epimísio, perimísio
e endomísio. A fáscia também é contínua com os tendões, cápsulas
articulares e ligamentos, possibilitando o controle e a coordenação da
função de movimento e postura . Estudos anatômicos evidenciaram que
parte dos tendões não tem inserção óssea e sim uma continuidade com a
cadeia fascial; como ocorre com o tendão distal do bíceps – onde 40% não
se insere na cabeça do rádio e sim no Lacertos Fibrosos que ajuda a formar
a Fáscia antebraquial anterior
As fáscias de movimento
Neste
artigo discutiremos a última camada da ilustração acima, chamadas de
fáscias do movimento, pois envolvem os músculos.
São as fáscias epimisais e as fáscias profundas histologicamente 20% que
estão nessas fáscias são proprioceptivos (mielinizados): fuso, OTG, Ruffini
e Paccini. E 80% são terminações nervosas livres que também enviam
informações proprioceptivas. Porém, essas são multimodais, podendo
enviar, inclusive, informações emocionais, do tecido muscular.
Por isso, talvez estejamos muito próximos de entender a conexão
mente-corpo e porque as emoções ficam, por vezes, retidas em tecidos
periféricos. Por isso além das alterações químicas, o movimento auxilia
nas questões emocionais. Logo, movimento com grandes amplitudes é
fundamental para melhorar a fluidez de todo esse sistema. Essas
terminações nervosas livres estão no músculo, por uma programação
biológica, simpática ou parassimpática. Quem faz o corpo reagir a um
stress, lutando ou fugindo é o músculo.
Fáscia profunda
Refere-se às camadas fibrosas densas que interagem com os músculos. Ela
conecta diferentes elementos do sistema musculoesquelético e é
importante na transmissão de forças. De acordo com sua espessura e
relacionamento com os músculos subjacentes, é dividida em:
Fáscia Profunda
Fáscia Epimisal
Nos membros é a fáscia que recobre cada músculo. Por exemplo: Fáscia
epimisal do bíceps, do tríceps, do braquial, do deltóide, etc,
No tronco é a fáscia que recobre ou engloba cada músculo. Por exemplo:
Fáscia epimisal dos oblíquos abdominais externo e interno, do transverso
do abdômen, dos intercostais, grande dorsal, peitoral maior e menor,
serrátil anterior e posterior, eretores da espinha, rombóides, etc.
Fáscia Aponeurótica
Nos membros é a fáscia que recobre todo o segmento ou membro. Por
exemplo: Fáscia aponeurótica da perna, do pé, do braço, do antebraço, etc.
No tronco é a fáscia que serve de inserção de vários grupos musculares.
Por exemplo: Fáscia tóracolombar e bainha do reto-abdominal.
Fáscias do crânio
Em
contato com os ossos parietal e frontal do crânio temos a fáscia
Epicraniana, a fáscia profunda da cabeça. Ela possui uma camada, porém
bilaminar, separada por tecido conjuntivo frouxo. A parte laminar
profunda está ligada ao periósteo dos ossos: frontal e parietal.
A fáscia Epicraniana vem do frontal, parietal e segue até a linha orbital
superior. Quando ela atinge o olho, surge a primeira articulação fascial na
parte superior da órbita, pois ela se cruza com a fáscia de Tenon. Na
verdade, ela é a mesma, só mudando seu nome. A fáscia de Tenon envolve:
A fáscia de Tenon envolve todas estruturas que estão dentro da órbita dos
olhos.
Acima da sutura do temporal, logo acima da orelha com o parietal, temos
uma linha paralela superiormente a essa sutura. Essa linha é a articulação
da fáscia epicraniana com a fáscia temporal profunda que no arco do
zigomático insere-se a fáscia temporal profunda. Forma mais uma
articulação fascial com sua ligação a fáscia massetérica ou fáscia
parotidamasseterica, porque envolve também a parótida numa
envaginação se relacionando ao nono nervo, o glossofaríngeo. Ele tem a
função de controlar a função de amilase, que abraça a mandíbula
envolvendo o masseter, aqui temos a articulação fascial com a camada
superficial da fáscia profunda do pescoço (no pescoço temos 3 camadas
fasciais).
Dentro da boca a fáscia massetérica se comunica com a fáscia pterigoidea.
Ela possui uma expansão chamada fáscia interpterigoidea que ajuda na
formação da parte posterior da boca. A fáscia cruza de um processo
pterigoideo até o pterigoideo contralateral, envolvendo os músculos
pterigoideos lateral e medial.
Ainda dentro da boca temos mais uma fáscia que possui continuidade com
a fáscia massetérica, anterior ao masseter e posterior ao músculo
bucinador. Aí encontramos a fáscia buco-faríngea envolvendo a parte
posterior do bucinador. Ela é interligada ao masseter, envolve o músculo
constritor superior da faringe, e segue num trajeto descendente formando
a camada adventícia do esôfago e da faringe (conecta o músculo
bucinador, ao esôfago e a faringe). A fáscia passa atravessando o tórax por
detrás do coração emitindo expansões para o pericárdio no nível de T4. Já
na parte basilar do occipital insere a fáscia buco faríngea, e para encerrar
as fáscias do crânio, a fáscia epicraniana segue até a linha occipital
superior, formando mais uma articulação fascial.
As fáscias profundas que são as fáscias do movimento vêm do folheto
embrionário da mesoderme.
Fáscias cervicais
No pescoço conforme, já citado temos 3 camadas profundas de fáscia com
e camadas bi laminares. Logo no tronco e cervical teremos 6 capas
fibrosas para formar essas 3 camadas profundas. Nas fáscias cervicais
começarei falando da camada superficial da fáscia profunda (fáscias do
movimento). Essa fáscia envolve os músculos esternocleidomastoideo
(ECOM) e trapézio. Ela é continua com a fáscia Epicraniana.
Além disso o ECOM emite expansões fasciais para o assoalho da
mandíbula, comunicando-se com a fáscia massetérica. Como o ECOM se
insere no terço medial da clavícula e esterno, o trapézio insere-se nos dois
terços laterais da clavícula, acrômio e na espinha da escapula. Logo a
camada superficial insere-se na clavícula e na espinha escapular. Como
uma parte do ECOM insere-se na parte anterior da clavícula, porém
algumas fibras do ECOM seguem para ter ligação com o peitoral maior,
que está na camada superficial da fáscia profunda do tronco. Já o trapézio
superior se liga ao trapézio médio e inferior posteriormente.
Já na camada média bi laminar da fáscia profunda, descreverei agora a
lâmina superficial da camada média da fáscia profunda que sairão do osso
hioideo envolvendo os músculos infra-hioideos inserindo-se uma parte na
região posterior da clavícula. Parte dela segue por baixo da clavícula
ligando ao músculo subclávio. Essa fáscia também envolve o peitoral
menor recebendo o nome de fáscia clavipeitoral (envolve o subclávio e o
peitoral menor). Essa fáscia é um segmento da lâmina superficial da
camada média da fáscia profunda.
A lâmina profunda da camada média da fáscia profunda encontra-se atrás
dos músculos infra-hioideos. Envolve, portanto, tireoide, paratireoide e
segue por trás da clavícula. Ela forma os ligamentos suspensores do
coração e pulmão:
● Vertebro pleurais;
● Vertebro pericárdios;
● Costo pleurais;
● Transverso pleurais;
● Ligamentos do pericárdio.
● Reto da cabeça;
● Reto do pescoço;
● Reto anterior;
● Reto lateral;
● Reto posterior maior e menor;
● Oblíquos superior e inferior;
● Esplênios;
● Semi espinhal da cabeça e do pescoço.
● Cérebro;
● Encéfalo;
● Medula.
● Pericárdio;
● Pleura;
● Diafragma;
● Psoas que se encontra posteriormente;
● Peritônio.
Conclusão
Como vimos a fáscia e única e emite expansões para todos os planos,
sentidos, direções em diferentes continuações que se engendram para as
vísceras, ossos, sistema nervoso e todos os tecidos corporais, impossível
pensarmos em fáscia sem antes entendermos suas conexões anatômicas.
Bibliografia
Functional Atlas of the Human Fascial System
-CARLA STECCO MD Orthopaedic Surgeon; Professor of Human Anatomy
and Movement Science, University of Padua, Italy English Language Editor
Warren Hammer DC MS Postgraduate Faculty, New York Chiropractic
College, NY, and Northwestern Health Sciences University, Bloomington,
MN, USA Forewords by Andry Vleeming PhD Professor, Department of
Anatomy, Center of Excellence in Neuroscience, University of New
England, Maine, USA; Professor, Department of Rehabilitation and
Kinesiotherapy, University of Ghent, Belgium; Program Chairman, World
Congress Lumbopelvic Pain Raffaele De Caro MD Full Professor of Human
Anatomy, Director, Institute of Human Anatomy, Department of Molecular
Medicine, University of Padua, Italy; President, Italian College of
Anatomists
– Leonardo Sette Vieira ABF- Academia Brasileira de Fascias
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