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Contrato Coletivo de Trabalho

Empresas e Trabalhadores da atividade da Construção


Civil e Obras Públicas

ISEC – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS


MESTRADO EM GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Gestão Estratégica e Planeamento


TRABALHO E RELAÇÕES LABORAIS

Julho 2016
Elaborado por: João Sequeira, José Fernandez
Índice

1. Introdução............................................................................................................................2

2. Objectivo do trabalho..........................................................................................................2

3. Âmbito.................................................................................................................................2

4. Enquadramento....................................................................................................................3

5. Escolha das Cláusulas do CCT com maior relevância para a SST dos trabalhadores.........4

6. Comparação das cláusulas relevantes do CCT com a legislação em vigor.........................5

6.1. Horário e duração do trabalho..........................................................................................5

6.2. Contratos (Capitulo VII do CCT)....................................................................................5

6.3. Segurança e Saúde no Trabalho (SST)............................................................................5

7. Condições e normas não preconizadas no CCT e que a sua inclusão iria melhorar as
condições de SST dos trabalhadores...........................................................................................7

7.1. Qualificação dos trabalhadores da construção com a constituição de carteiras


profissionais para estes trabalhadores.........................................................................................7

7.2. Alteração dos requisitos para a participação em concursos público/privados, definindo


um número mínimo de trabalhadores nos quadros das empresas...............................................8

8. Conclusões...........................................................................................................................8

9. Referências bibliográficas...................................................................................................9

Índice de Tabelas
Tabela 1 - Enquadramento e actualizações do CCT...................................................................4

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1. Introdução

«A nova cultura começa quando o trabalhador e


o trabalho são tratados com respeito»
Máximo Gorky, escritor, 1868-1936

O presente trabalho é realizado no âmbito do módulo de Trabalho e Relações Laborais da


unidade curricular Gestão Estratégica e Planeamento.
Foi solicitado uma análise de um contrato de trabalho colectivo à escolha dos alunos, por
forma a verificar quais as disposições em matéria de segurança e saúde previstas e analisar as
condições que não se encontram escritas, mas que deveriam estar, considerando o impacto nas
relações de trabalho dos trabalhadores do setor.
Devido ao facto de os alunos deste trabalho serem ambos da área de construção, decidiram,
com base nos critérios fornecidos pela Docente do módulo, apresentar um estudo sobre o
contrato colectivo de trabalho do setor de atividade da construção civil e obras publicas.
Para a realização deste trabalho, promovemos uma reunião, no Porto, com o Presidente do
Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Obras Públicas, Sr. Albano Ribeiro, que nos
recebeu, apoiou e contribuiu para esta análise, ao qual desde já agradecemos.

2. Objectivo do trabalho
Pretende o presente trabalho efetuar uma análise do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT)
estabelecido entre a AECOPS - Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e
outras e a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro e outros
(FEVICCOM), por forma a verificar quais as disposições previstas neste CCT com relevo
para a segurança e saúde dos trabalhadores, bem como as condições que não se encontram
escritas, mas que deveriam estar, considerando o impacto nas relações de trabalho dos
trabalhadores do setor.

3. Âmbito
O Contrato Coletivo de Trabalho em estudo, foi publicado no Boletim de Trabalho e Emprego
(BTE) nº 13, 1ª série, em 13 de Abril de 2005 e revoga o publicado no BTE, n.º 15, de 22 de
Abril de 2002, celebrado entre a AECOPS—Associação de Empresas de Construção e Obras
Públicas, a AICCOPN—Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, a
ANEOP—Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas e a AICE—Associação
dos Industriais da Construção de Edifícios, pelas associações de empregadores e a Federação
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Nacional dos Sindicatos da Construção, Madeiras, Mármores e Materiais de Construção,
agora designada Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro
(FEVICCOM), e outras associações sindicais.
Este CCT obriga, por um lado, as empresas singulares ou colectivas que, no território do
continente, se dedicam à actividade da construção civil e obras públicas e estejam filiadas nas
associações de empregadores outorgantes e, por outro, os trabalhadores ao seu serviço das
categorias profissionais nele previstas e constantes do anexo III representados pelas
associações sindicais signatárias.
As partes outorgantes deste CCT efetuaram o requerimento ao ministério responsável pela
área laboral, pelo que a sua aplicação foi estendida por Portaria, a todas as empresas e aos
trabalhadores da construção civil e obras públicas, incluindo os não filiados nos organismos
outorgantes.
Na data da sua publicação, este CCT abrangia 18 517 empregadores e 300 000 trabalhadores.
Tendo atenção ao facto de CCT de 15 de Agosto de 2015 (BTE n.º30, 2015), entre a
AECOPS (Associação de Empresas de Construção Civil e Obras Publicas e Serviços e
outras), a FETESE (Federação dos Sindicatos da Industria e Serviços) e a FE (Federação dos
Engenheiros), abranger 7 600 empregadores e 170 000 trabalhadores e o CCT de 8 de Abril
de 2005 (BTE n.º13, 2005), entre a AECOPS (Associação de Empresas de Construção Civil e
Obras Publicas e Serviços e outras) e a FEVICCOM (Federação Portuguesa dos Sindicatos da
Construção, Cerâmica e Vidro), abranger 18 517 empregadores e 300 000 trabalhadores,
decidimos por fazer a comparação entre o contrato colectivo com maior representatividade
laboral e o código de trabalho.

4. Enquadramento
O contrato coletivo de trabalho (CCT) é um acordo, com carácter normativo, que resulta
de uma negociação entre uma ou mais associações sindicais de um determinado setor de
atividade com a correspondente associação patronal. Por exemplo, existe um contrato coletivo
de trabalho nos setores da construção civil, agricultura, têxteis, hotelaria, etc.
Ao contrário dos acordos coletivos, o âmbito dos contratos coletivos de trabalho não se limita,
exclusivamente, às empresas e seus empregados presentes no acordo.
Estabelece normas que serão aplicáveis às convenções coletivas e resulta de negociações de
âmbito mais amplo que as mesmas, com a participação das centrais sindicais, confederações,
etc, e pode chegar a abranger o âmbito nacional.
As disposições previstas nos contratos coletivos de trabalho só podem ser afastadas por
contrato de trabalho nos casos em que este estabeleça condições mais favoráveis para o
trabalhador. (Costa, 2014)
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Na tabela seguinte, apresentamos uma relação com o enquadramento e actualizações do CCT
em estudo.
Tabela 1 - Enquadramento e actualizações do CCT

Âmbito
Ano de BTE Diário da Associações Associações
Territorial IRCT Descrição Observ.
Publicação nº República Patronais Sindicais
/Setorial

AECOPS FEVICCOM CCT 15/2002


TN 2005 13 CCT Revisão global
e outro(s) e outro(s) - revogado
DR I
Série B,
PE 13/2005;
n.º 208,
TN 2005 38 PE Portaria n.º
de
1124/2005
2005.10.
28
Alteração AECOPS FEVICCOM
TN 2006 25 CCT CCT 13/2005
salarial e outra e outro(s) e outro(s)
DR I
Série, n.º PE 25/2006;
TN 2006 40 PE 212, de Portaria n.º
2006.11. 1192/2006
03
Alteração AECOPS FEVICCOM
TN 2007 24 CCT CCT 13/2005
salarial e outras e outro(s) e outro(s)
Integração níveis AECOPS FEVICCOM
TN 2007 43 CCT CCT 13/2005
qualificação e outro(s) e outro(s)
DR I
Série, n.º PE 24/2007;
TN 2008 7 PE 33, de Portaria n.º
2008.02. 159/2008
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Alteração AECOPS FEVICCOM
TN 2008 20 CCT CCT 13/2005
salarial e outras e outro(s) e outro(s)
DR I
Série, n.º PE 20/2008;
TN 2008 47 PE 242, de Portaria n.º
2008.12. 1453/2008
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5. Escolha das Cláusulas do CCT com maior relevância para a SST dos trabalhadores
Tendo em conta que o clausulado do CCT é extenso, iremos abordar as clausulas que
considerámos mais relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores, concretamente, os
horários de trabalho, a duração de trabalho, o contrato tipo e a segurança e saúde de
trabalho.

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6. Comparação das cláusulas relevantes do CCT com a legislação em vigor
6.1. Horário e duração do trabalho
Capitulo III - Prestação de Trabalho, Secção I - Duração de Trabalho, do CCT
As grandes diferenças entre o CTT e o Código do Trabalho (CT) neste Capítulo são:
a. A refeição a meio da manhã também conhecido por “bucha” (ponto 10 da cláusula
8.ª do CCT);
b. O Banco de Horas por regulamentação colectiva, individual e grupal (artigo 208.º, e
os de mais do CT);
c. O descanso suplementar é alterado no CT com a revogação do “direito a um
descanso compensatório remunerada por trabalho suplementar prestado em dia útil,
descanso semanal complementar ou feriado”, artigo 229.º, enquanto que o mesmo se
mantêm na clausula 14ª do CCT.

6.2. Contratos (Capitulo VII do CCT)


A grande diferença entre o CTT e o CT neste capítulo é:
a. O CCT restringe o clausulado a Contratos a Termo (Clausulas 53.ª e seguintes);
Sem ter uma base do porquê o CCT restringiu o clausulado a um único tipo de contrato
laboral (clausulas 53.ª e seguintes), questionamos um jurista sobre o facto e a resposta foi que
este tipo de contrato é o mais comum na Construção Civil e Obras Publicas, apesar da regra
que ainda subsiste, “o trabalhador quando vai trabalhar é efetivo”.
Na construção civil e nas obras publicas é mais fácil para as empresas do setor a contratação a
termo, sendo que a justificação para a celebração deste tipo de contrato é a de se tratar de uma
atividade que não é continua no tempo, mas que tem um prazo que pode ser curto ou longo,
dependendo da dimensão da tarefa. O contrato a termo tem duas modalidades, a Termo Certo
quando tem uma previsão de quando termina, a Termo Incerto quando não tem data definida
para conclusão. Este ultimo também é conhecido por Contrato de Obra, (quando a obra
terminar, termina o contrato).

6.3. Segurança e Saúde no Trabalho (SST)


O CT estabelece os princípios gerais em matéria de segurança e saúde no trabalho (artigos
281.º e seguintes da Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro), e também estabelece aspectos mais
específicos como:
● Proteção da mulher grávida, puérpera ou lactante (n.º6 do art.º62º);
● Proteção de menor (art.º72º);
● Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida (art.º 84º);
● Trabalhador com deficiência ou doença crónica (art.º86º);
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● Trabalhador Temporário (art.ºs 186º e 189º);
● Trabalho por Turnos (art.º 222º);
● Trabalho Noturno (art.º 225º);
● E por ultimo, Trabalhador em regime de cedência ocasional (art.ºs 291º e 293º).
Já o CCT (clausula 76.ª e seguintes) vem definir a organização de serviços, obrigações do
empregador e trabalhador, medidas de segurança e proteção, a escolha dos representantes dos
trabalhadores para SST e a prevenção e controlo de alcoolémia, ignorando por completo o
controlo de outros estupefacientes.
No entanto a comparação que iremos abordar agora não é sobre o CT, mas sim sobre o
Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho (RJSST), a Lei 102/2009,
10 de Setembro, e a alteração da mesma pela Lei 3/2014, 28 de Janeiro.
O ramo da construção civil possui outros instrumentos de regulamentação de SST, os quais
faremos somente uma breve referência no fim, mas não desenvolveremos, pois, tornaria este
trabalho extenso demais.

Capitulo XIV do CCT - Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho


As grandes diferenças entre o CTT e o RJSST neste Capítulo são:
a. O CCT só foca na prevenção e controlo de alcoolémia, ignorando por completo
outras substâncias perigosas (clausula 80.ª), fazendo uma breve referencia aos
trabalhadores abrangidos pelo código da estrada (com carta de condução de motorista
ou profissional de máquinas e equipamentos pesados), em que a taxa de alcoolémia
será a prevista naquele código (ponto 3 do mesmo clausulado). Define que o controlo
é aleatório e só pode ser realizado por superior hierárquico ou por trabalhador com
competência delegada para o efeito (pontos 5 e 6 do mesmo clausulado). A
realização do teste é obrigatória, presumindo-se em caso de recusa que o trabalhador
apresenta uma taxa de alcoolémia igual ou superior a 0,5 g/l (ponto 8 do mesmo
clausulado). Só no caso em que se verificar que o trabalhador apresenta taxa de
alcoolemia igual ou superior a 0,5 g/l, ficará sujeito ao poder disciplinar da empresa
(ponto 9, idem). Para os casos referidos nos pontos 8 e 9, o trabalhador será
impedido, pelo seu superior hierárquico, de prestar serviço durante o restante período
laboral (ponto 10, idem). Por fim (pontos 11 e 12, idem), será elaborada uma
comunicação escrita (com cópia para o trabalhador), e será constituída uma comissão
de acompanhamento para fiscalizar a aplicabilidade das matérias que integram a
presente clausula.
b. No RJSST, encontramos uma secção dedicada ao Serviço de Saúde no Trabalho
(art.º103º e seguintes), em que define a prestação do serviço por especialistas
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licenciados em medicina no trabalho, as garantias minimas de funcionamento do
serviço de saúde no trabalho, assim como o acesso à informação privilegiada do
trabalhador, como a ficha clinica, a ficha de aptidão, os resultados dos exames de
saúde e a vigilância de saúde.
c. O RJSST é omisso sobre procedimentos relativo a ingestão de álcool ou drogas.
Quanto ás restantes clausulas do CCT, obrigações do empregador (clausula 76ª); obrigações
do trabalhador (clausula 77ª); medidas de segurança e proteção (clausula 78ª); critério e
escolha dos representantes dos trabalhadores para SHST (clausula 79ª), encontram-se
também previstas no RJSST.
O RJSST sendo um documento mais recente (2014), abrange todos os ramos de atividade
laboral (excepto administração pública), e promove a segurança e saúde no trabalho,
incluindo a prevenção e proteção de todos os trabalhadores e proteção de terceiros (art.
15.º/7).

7. Condições e normas não preconizadas no CCT e que a sua inclusão iria melhorar as
condições de SST dos trabalhadores
Com objetivo de melhoria das condições de SST dos trabalhadores da construção civil, bem
como com a perspetiva de redução das condições de concorrência desleal entre as empresas
do setor, indicamos a título de exemplo duas matérias de poderiam e estar contempladas nos
CCT do setor.

7.1. Qualificação dos trabalhadores da construção com a constituição de carteiras


profissionais para estes trabalhadores
A deficiência na qualificação dos profissionais da construção civil é uma realidade que se
reflete em toda a cadeia produtiva e constitui um dos principais fatores que impedem a
melhoria da qualidade na construção, bem como a redução efetiva de acidentes de trabalho.
A rotatividade inerente à contratação de mão-de-obra também desestimula o setor privado a
realizar investimentos mais significativos na capacitação de sua força de trabalho, mesmo
sendo este setor um dos maiores empregadores diretos do país. Isso tudo aponta para a
necessidade de uma atuação indutora do setor público que articule as entidades, ações e
programas de capacitação e requalificação profissional tendo em vista as necessidades
específicas da construção civil.
O investimento na qualificação profissional dos trabalhadores da construção civil tem uma
dimensão social e cultural importante, não devendo se limitar a aspectos técnicos da
construção, mas também envolver formação básica, desenvolvimento de capacidades de
gestão e sensibilização para mudança de comportamentos e atitudes.
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Neste contexto, as empresas podem recorrer, desde o passado dia 4 de agosto de 2015, a uma
nova medida que visa contribuir para a melhoria da sua produtividade e competitividade: o
cheque-formação. Criada pela Portaria n.º 229/2015, de 3 de agosto, o cheque-formação
configura um financiamento às entidades empregadoras, mas também aos ativos empregados
e aos desempregados inscritos nos centros de emprego e nos centros de emprego e formação
profissional do Instituto do Emprego e Formação Profissional, com o objetivo de reforçar a
qualificação e a empregabilidade e potenciar a criação e a manutenção do emprego.
No que respeita aos ativos empregados, a medida constitui-se como “um instrumento de
custeio parcial dos encargos que resultem da frequência de formação por iniciativa
individual”, enquanto, relativamente aos desempregados, visa “reforçar a disponibilidade das
ofertas de formação profissional (…), impelindo ao compromisso individual associado à
escolha do processo de qualificação.”
Como reforço a esta medida do governo, deveriam os CCT aplicáveis ao setor da construção,
adaptar-se a esta nova realidade, por formar a “exigir” às entidades empregadoras o apoio e
promoção desta medida no seio das suas empresas, com vista à melhoria da sensibilização
para mudança de comportamentos e atitudes no que respeita à segurança do trabalho.

7.2. Alteração dos requisitos para a participação em concursos público/privados,


definindo um número mínimo de trabalhadores nos quadros das empresas
Em reunião ocorrida entre este grupo de trabalho e o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores da Construção, Madeiras, Mármores, Pedreiras, Cerâmica e Materiais de
Construção do Norte, Sr. Albano Ribeiro, debatemos a inclusão desta proposta de medidas
que de seguida apresentamos.
Propomos a inclusão de clausulas no CCT alinhadas com a criação de novos diplomas legais
com vista à necessidade de que só possam apresentar-se a concurso, quer público quer
privado, empresas que tenham no mínimo 50 por cento dos seus trabalhadores no quadro
permanente.
Se medida for concretizada vai ser possível reduzir os acidentes mortais no sector da
construção, pois tornará o sector mais regulado e melhor pagador das suas contribuições ao
Estado e à Segurança Social.
De todos os trabalhadores do sector da construção, apenas 20 por cento tem vínculo laboral
estável, sendo os restantes precários e/ou clandestinos. Se todas as empresas de construção
fizessem os descontos para a Segurança Social de acordo com o valor real dos salários,
poderíamos todos pagar menos e ter uma segurança social melhor e com maior
sustentabilidade, reduzindo o trabalho precário e clandestino substancialmente, e
consequentemente reduzir o número de acidentes de trabalho no setor da construção.
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8. Conclusões
O sector da construção civil e obras públicas apresenta um maior risco de acidentes de
trabalho, devido às suas características bastante específicas, quando comparado com outros
sectores de actividade. Torna-se portanto urgente, contrariar esta tendência, através de uma
cultura de prevenção e segurança no interior das organizações, envolvendo todos os
trabalhadores, empregadores, associações empresariais e sindicatos do sector, pois todas estas
entidades têm um papel importante a desempenhar na melhoria da segurança e saúde no
trabalho, mediante um diálogo social eficaz.
A abordagem efetuada pelo CCT selecionado, no que respeita às condições de SST dos
trabalhadores, não representa, um fator de protecção adicional para os trabalhadores do setor
da construção civil e obras públicas. As disposições previstas nos normativos legais em vigor
em Portugal, contemplam, na sua generalidade, todas a disposições que se encontram no CCT
do setor.
É nossa opinião, que este CCT deveria ser renegociado entre a AECOPS e a FEVICCOM,
com vista a ser atualizado com as novas disposições do RJSST e do CT, bem como deveriam
ser incluídas as matérias acima descritas, que dizem respeito ao aumento da qualificação dos
trabalhadores da construção civil e obras públicas, bem como a exigência de as empresas de
construção deterem 50 por cento dos seus trabalhadores no quadro permanente, para poderem
concorrer a obras públicas ou privadas.
A inclusão destas matérias no CCT, levaria a uma maior qualificação dos trabalhadores do
setor e à redução do trabalho precário e clandestino, o que levaria à redução do número de
acidentes de trabalho no setor da construção.

“Todos os Trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de


origem, religião, convicções politicas ou ideológicas, têm direito:
- A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde.”
Art. 59.º, da Constituição da Republica Portuguesa

9. Referências bibliográficas
Costa, N. (09 de Setembro de 2014). Ekonomista.pt. Obtido de As alterações ao Código do
Trabalho e o seu reflexo no Contrato Coletivo:
http://www.e-konomista.pt/artigo/contrato-coletivo-de-trabalho/

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Roxo, M. (2016) - Obrigação de Prevenção - Regime jurídico da segurança e saúde no
trabalho (acetatos das aulas de Legislação, Regulamentação e Normalização da
Segurança e Saúde no Trabalho do Curso Mestrado em Gestão da Segurança e Saúde
no Trabalho);

Boletim de Trabalho e Emprego n.º13, de 8 de Abril de 2005 - Convenção Coletiva de


Trabalho entre AECOPS e FEVICCOM;

Lei nº 7/2009, de 12 de fevereiro - Código do Trabalho - Art.º 281º a 284º - ( Estabelece os


princípios gerais em matéria de segurança e saúde no trabalho);

Lei nº 102/2009, de 10 de setembro - Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no


Trabalho - (Regulamenta o Regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e saúde
no trabalho, de acordo com o previsto no art.º 284º da Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro);

Lei nº 3/2014, de 28 de janeiro - (Procede à segunda alteração à Lei n.º 102/2009, de 10 de


setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, e à
segunda alteração ao Decreto -Lei n.º 116/97, de 12 de maio, que transpõe para a ordem
jurídica interna a Diretiva n.º 93/103/CE, do Conselho, de 23 de novembro, relativa às
prescrições mínimas de segurança e de saúde no trabalho a bordo dos navios de pesca);

Decreto-Lei nº 273/2003, de 29 de outubro (Estabelece regras gerais de planeamento,


organização e coordenação para promover a segurança, higiene e saúde no trabalho em
estaleiros da construção);

Decreto nº 41821/58, de 11 de agosto (Aprova o regulamento de segurança no trabalho da


construção civil);

Decreto-Lei nº 46427/1965, de 10 de julho (Aprova o regulamento de Instalações Sociais


Provisórias destinadas a pessoal empregado nas obras);

Portaria nº 101/1996, de 3 de abril (Regulamenta as prescrições mínimas de segurança e de


saúde nos locais e postos de trabalho dos estaleiros temporários ou móveis);

Portaria n.º 229/2015 (Cria a Medida Cheque-Formação)

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