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TRADIÇÕES PRESERVADAS

ENREDO:

(indiazinha) ---“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo...

Mostra a aluna desenhando o sol amarelo e depois segurando a enxada com cara de
sonhadora. Neste momento toca o sino da escola e os alunos começam a sair. Então
ela acorda do sonho e diz:

(indiazinha) ---Poxa, desenho nada! Eu faço é trabalhar todos os dias em baixo do sol
quente e amarelo.

Crianças passam em frente à casa dela e ela se esconde, com vergonha e diz:

(indiazinha) --- Como eu queria estudar como essas crianças. Mas meu pai nem deixa.
Então vou ficar aqui sonhando.

Neste momento, o pai sai e vê a menina escondida e fala:

(pai) ---Rumm, cunhatã, o que você está fazendo aí? Vai logo ajudar a sua mãe! Tem
muito trabalho hoje menina!

A menina sai correndo e senta ao lado da mãe e começa a descascar a macaxeira.


Seu olhar está muito triste. Sua mãe ao ver isso, fala:

(mãe)--- Ô minha filha, eu sei o quanto você queria estudar. Mas desde que a gente
saiu do maloca, seu pai ficou assim: duro de coração.

Neste momento, o pai entra pela e fala:

(pai)--- As duas já estão cochichando novamente? Já disse que não é não. E tá dito.

Ele sai e vai deitar na rede. Na sequência, elas arrumam as coisas (bolo de macaxeira
e os artesanatos indígenas) para vender na feira dos artesãos, perto da Orla. Elas
estão com roupas caracterizadas de indígenas. Saem de mãos dadas, segurando as
sacolas. A câmera filma elas passando em frente à escola e a menina olhando com a
cara de tristeza.
Já na feira, enquanto a mãe faz os artesanatos, a menina vende os produtos para os
turistas. Nesse momento, uma turista para com o desejo de fazer compras. E então
começa o diálogo:

(Tur) --- nossa, que produtos lindos!

(indiazinha) --- são produtos indígenas.

(tur) --- estou vendo! Vocês são indígenas?

(indiazinha) --- somos sim, com muito orgulho!

(tur) --- e você ajuda a sua mãe a vender?

(indiazinha) --- sim, senhora.

(tur) --- mas você freqüenta á escola, né?

Com um olhar triste, a menina responde:

(indiazinha) --- não, senhora.

Neste momento, a turista olha para a mãe e diz:

(tur) ---senhora, a sua filha precisa estudar. Lugar de criança é na escola e não na rua
trabalhando. Isso é crime.

A mãe, abaixa a cabeça com um olhar triste e volta a fazer o artesanato.

(tur) --- eu ia comprar esses produtos. Mas não posso, pois se assim o fizesse, seria
conivente com esse crime. Pena que sou turista e ainda hoje irei embora do estado.
Se eu fosse ficar aqui, iria procurar um conselho tutelar.

Turista olha com piedade e fala:

(tur) --- minha menina, vá para escola.

E se despede.

Mais tarde, quando a família volta para a casa, a mãe conversa com o pai.

(mãe)--- hoje uma turista chamou nossa atenção, dizendo que essa menina tem que
estudar e que ela não pode trabalhar comigo na rua. Você sabe o quanto eu desejo
que a nossa menina freqüente a escola.

(pai) --- Ah muié, já vem tu de novo com essa história. Eu já falei para você que se a
gente saísse do maloca, essa cunhatã não ia estudar não. Eita que essa história
sempre volta....!!!!!

(mãe)---Meu marido, mas ela não vai deixar de ser indígena e também não vai
abandonar nossas tradições se freqüentar a escola na cidade. Ela precisa estudar,
homem.
(pai)--- Tu é doída muié! Essa cunhatã vai encher a cabeça dela e logo vai deixar
nossas tradições igual os parentes que vieram para cidade. Não quero saber, já falei
que não é não.

Vira as costas e vai para a rede.

Na manhã seguinte, na escola, a professora está dando uma aula sobre o combate ao
trabalho infantil.

(professora) –- Nesses próximos dias iremos falar sobre trabalho infantil. De acordo
com o Estatuto da criança e do adolescente, o artigo 60 diz que o trabalho infantil é
crime. Vocês crianças não podem exercer qualquer ocupação trabalhista antes dos 14
anos e mesmo aos 14 anos vcs precisam estar cadastrados no programa Jovem
Aprendiz, que sobre isso, eu falarei na próxima aula. Mas voltando ao assunto da aula
de hoje, infelizmente por todo Brasil e no mundo inteiro tem crianças que estão fora da
escola e estão sendo exploradas em trabalhos diversos. Elas trabalham em
carvoarias, nas ruas fazendo vendas, limpando casas e limpando vidros de carros nos
semáforos e por aí vai. Vocês crianças podem ajudar nos afazeres de casa. Mas faltar
às aulas para trabalhar, isso não, pois é crime e precisa ser denunciado no disque
100.

(aluna) --- professora, tem uma menina que mora ao lado da minha casa. Ela não vai à
escola. Os vizinhos dizem que o pai dela não deixa, pois ela tem que ajudar a mãe
dela nas vendas de artesanato indígena.

(professora)--- mas isso não está certo! Hoje mesmo irei entrar em contato com o
pessoal do Conselho Tutelar para visitar essa família.

No dia seguinte...

Cena da professora chegando na casa com o conselheiro. Começa o diálogo:

(professora) --- olá eu sou professora aqui da escola ao lado e ontem eu recebi uma
denúncia que a sua filha não estuda. Por isso, eu trouxe o conselheiro para conversar
com vocês.

(conselheiro) --- senhor Gilberto, nós recebemos uma denúncia que a sua filha mais
velha está fora da escola e o pior, ela tem realizado trabalho juntamente com a mãe.

(pai) ---sabe seu moço, desde que sai do maloca essa minha muié quer colocar o
menina na escola. Eu sou contra porque eu temo que minha filha esqueça nossas
tradições e nossa cultura. Vir para a cidade seu moço não foi fácil. Eu queria voltar pro
maloca.

(conselheiro) --- eu entendo seu Gilberto. Mas o fato de vocês estarem na cidade não
impede de sua filha preservar as tradições indígenas e até mesmo ensinar seus
colegas da escola sobre a cultura dos povos indígenas. Tem a Joênia Wapichama, ela
é indígena, nunca negou sua história, sua origem. Estudou e representou muito bem o
seu povo. Atualmente ela é a 1ª indígena eleita a deputada federal no Brasil. Isso é
motivo de orgulho, seu Gilberto. Quem sabe no futuro seja a sua filha. Pense nisso. E
considere o fato de que a sua filha precisa estudar. Está na constituição federal. Isso é
um direito dela. Não prive a sua filha disto.

O conselheiro vai embora juntamente com a professora e mostra a cena, do pai


pensando com a mão na cabeça. E ele fala consigo mesmo:

(pai) --- Já tá resolvido! Minha filha vai preservar as tradições.

Ele vai para o interior da casa.

Na manhã seguinte...

A câmera foca o rosto da indiazinha que diz:

--- Meu nome é ____________________

Sou indígena com muito orgulho!

E sou criança. E como criança não devo trabalhar, pois estudar é uma das melhores
tradições que eu devo preservar.

Ela sobe as escadas correndo. É recebida pela porteira, entra na sala e recebe uma
calorosa saudação dos seus novos colegas e da professora.

Última cena:

Crianças fazendo panfletagem em frente ao colégio e filma o cartaz: MPT NA


ESCOLA, TODOS CONTRA O TRABALHO INFANTIL.

MÚSICA DE ENCERRAMENTO: Zeca Preto e Neuber Uchôa MAKUNAIMANDO.

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