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MULHERES NEGRAS
E JUSTIÇA REPRODUTIVA
2020 - 2021
O dossiê Mulheres Negras e Justiça Reprodutiva é uma iniciativa de Criola vol-
tada ao levantamento e organização de dados quantitativos nacionais e estaduais
sobre Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCAs)
e Direitos Sexuais e Reprodutivos (DSDR) e também à produção popular de dados
qualitativos sobre esses cenários por cerca de 100 mulheres, em sua maioria negras,
em três localidades do estado do Rio de Janeiro: Belford Roxo; Duque de Caxias;
Zona Oeste do Rio.
Boa leitura!
DOSSIÊ: Mulheres Negras e Justiça Reprodutiva
Equipe de Criola:
Realização: Parceiras:
www.criola.org.br
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4
SUMÁRIO
DIMENSÕES DE (IN)JUSTIÇA REPRODUTIVA NO RJ Violência obstétrica vivenciada por mulheres
gestantes ou em situação de abortamento.................87
(BELFORD ROXO - DUQUE DE CAXIAS - ZONA OESTE):
Esterelização de mulheres nos territórios................... 88
DADOS QUALITATIVOS EM PERSPECTIVA .............................73
Acesso à saúde........................................................ 89
Introdução aos dados qualitativos..............................74
Saúde mental das mulheres...................................... 90
DIMENSÃO 1: SITUAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS ECONÔMICOS, Trajetórias reprodutivas.............................................. 91
SOCIAIS, CULTURAIS E AMBIENTAIS......................................... 75
DIMENSÃO 3: SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS E VIOLAÇÕES
Análise dos dados.....................................................76 PROMOVIDAS PELO ESTADO..................................................... 92
Direito à moradia........................................................77
Análise dos dados.....................................................93
Saneamento básico e coleta de lixo............................78
Violências promovidas pelo Estado
Acesso à água...........................................................79
e grupos armados.................................................... 94
Segurança alimentar................................................. 80
Ação das mulheres negras como resistência
Trabalho e renda........................................................ 81
ao cenário de violência..............................................95
Uso do tempo de lazer e o trabalho de cuidado......... 82
Encarceramento........................................................96
DIMENSÃO 2: SITUAÇÃO DE SAÚDE E DIREITOS HUMANOS Violência em razão da política de remoção
SEXUAIS E REPRODUTIVOS...................................................... 83 e violação ao direito de moradia.................................97
Análise dos dados.................................................... 84 Intolerância religiosa e racismo religioso.....................98
Aborto e violência.....................................................85
REFERÊNCIAS.............................................................. 99
Acesso ao aborto legal............................................. 86
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5
APRESENTAÇÃO
CRIOLA
7
mulheres, agravado pela pandemia. Através dos dados apresentados e produzidos
pretendemos consolidar informações e reflexões críticas para fortalecimento dos
trabalhos de Criola, de outras mulheres negras e demais sujeitos, embasadas na
leitura e estratégia da Justiça Reprodutiva, que nos permite olhar as iniquidades
em saúde sexual e reprodutiva com cenário amplo e aliado aos Direitos Humanos,
Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCAs), à cidadania e à democracia.
8
METODOLOGIA
9
A Coletiva Popular de Mulheres da Zona Oeste é uma coletiva que organiza mu-
lheres e distintas organizações locais da cidade do Rio de Janeiro em torno da luta
radical anticapitalista, antirracista e antipatriarcal. Faz parte da Teia de Solidariedade
Zona Oeste, que constrói coletivamente a resistência das mulheres negras e perifé-
ricas. O grupo é composto por 18 mulheres, algumas da Teia de Solidariedade Zona
Oeste e outras indicadas por elas, majoritariamente moradoras do território da Zona
Oeste do Rio de Janeiro.
10
nos territórios, violências institucionais, interpessoais e a ação das forças conser-
vadoras na vida das mulheres.
Devido à pandemia, a escuta das mulheres foi realizada de forma coletiva e on-
-line, por consultoras parceiras nos territórios. Cerca de 100 mulheres participaram
desta etapa. As mulheres tinham entre 18 a 55 anos de idade, muitas tinham filhos/
as, estavam em um relacionamento, grande parte relatou que perdeu o trabalho na
pandemia, estudavam ou já haviam estudado pelo menos o Ensino Fundamental e a
maioria se declarou negra. Em um dos territórios um número significativo de mulhe-
res se declarou branca, mas sendo lidas socialmente como pardas, evidenciando
os desafios da autoidentificação racial no nosso país.
11
precário à saúde e educação e estão mais expostas às violências e à violação de
direitos por parte do Estado.
12
PROPOSTA PARA
UTILIZAR ESTE MATERIAL
Abaixo apresentamos a sugestão de uso deste material para trabalho com gru-
pos de mulheres para a avaliação de cenários e conjunturas.
13
• Imprima as páginas 32 a 36 deste dossiê e as cole também em retângulo no
mesmo papel, dispostas lado a lado, logo abaixo das páginas 19 a 26. Anote ao
lado da colagem das páginas 32 a 36 o indicativo “dados do estado - RJ”.
dados do estado - RJ
14
Dimensão 2 - Situação de Saúde e Direitos Humanos Sexuais e Reprodutivos
dados nacionais
dados do estado - RJ
15
Dimensão 3 - Situação de Violências e Violações promovidas pelo Estado:
dados nacionais
dados do estado - RJ
16
DIMENSÕES DE (IN)JUSTIÇA
REPRODUTIVA NO BRASIL E NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
DADOS QUANTITATIVOS
EM PERSPECTIVA
DIMENSÃO 1:
SITUAÇÃO DE DIREITOS
HUMANOS ECONÔMICOS,
SOCIAIS, CULTURAIS E
AMBIENTAIS (DHESCAS)
– BRASIL
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
VULNERABILIDADE SOCIAL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2020/ IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais.
EXTREMA POBREZA
MENOS DE US$ 1,90 POR DIA
Homens
brancos:
10,4%
Total: 13.689.000
Porcentagem em Mulheres
negros/as: 76,7% negras:
39,8%
Homens
negros:
36,9%
Mulheres
brancas:
11,9%
POBREZA
MENOS DE US$ 5,50 POR DIA
Homens
brancos:
12,2%
Total: 51.742.000
Porcentagem em Mulheres
negros/as: 73,6% negras:
38,1%
Homens
negros:
35,5%
Mulheres
brancas:
13,3%
19
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
BRASIL
PESSOAS BENEFICIÁRIAS*
43.832.200
32.964.667
57,21%
42,79%
10.132.895
27,7%
23,7%
20
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
BRASIL
Negros/as: Negros/as:
46,9% 64,95%
POF 2017-2018 IBGE. Os dados têm como referência a raça/cor e sexo das pessoas de referência no domicílio.
Mulheres: Mulheres:
38,6% 45,60%
Mulheres: Mulheres:
49,9% 51,9%
21
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SANEAMENTO BÁSICO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
Pessoas residindo em domicílios sem acesso a serviços de saneamento,
com inadequações domiciliares e posse de bens.
PERCENTUAL DA PERCENTUAL DA
POPULAÇÃO BRANCA POPULAÇÃO NEGRA
Sem coleta direita ou indireta de lixo
6,0% 12,5%
* Adensamento domiciliar excessivo diz respeito a situação que há mais de três moradores por dormitório.
11,5% 17,9%
26,5% 42,8%
Adensamento excessivo*
3,6% 7,0%
21,0% 44,8%
22
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ACESSO À TECNOLOGIA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
75,5% 82,9%
65,4% 74,6%
Dados de 2017.
23
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
TRABALHO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
* A taxa composta inclui a de desocupação, a de subocupação por insuficiência de horas e a da força de trabalho potencial,
Mulheres Homens Mulheres Homens
Boletim Especial Dieese – Desigualdade entre brancos e negros se aprofunda na pandemia, de novembro de 2020.
negras: negros: negras: negros:
18,2% 14,0% 40,5% 29,4%
pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar.
Total: 13,3% Total: 29,1%
Porcentagem de pessoas negras: 32,2% Porcentagem de pessoas negras: 69,9%
RENDIMENTO MÉDIO
3.484 reais
2.660 reais
2.426 reais
1.950 reais
1.573 reais
24
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
TRABALHO INFANTIL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
CRIANÇAS DE CINCO A 17 ANOS EM EXPLORAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL
TOTAL: 1.8 MILHÃO
Negros/as: Brancos/as:
64,1% 35,9%
Mulheres: Homens:
34,7% 65,3%
PNAD Contínua 2016.
25
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
EDUCAÇÃO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
TAXA DE ANALFABETISMO ABANDONO ESCOLAR
(PESSOAS COM 15 ANOS OU MAIS) (PESSOAS DE 14 A 29 ANOS)
Negros/as: Negros/as:
8,9% 71,7%
Mulheres: Mulheres:
6,3% 41,7%
Total: 6,6% Total: 10,1 milhões
Mulheres: Mulheres:
89,3% 76,4%
Total: 87,5% desse grupo Total: 71,4% desse grupo
frequentando escola sem atraso frequentando escola sem atraso
9,4 anos 10,4 anos 8,6 anos 9,2 anos 9,6 anos
26
ANÁLISE DOS DADOS
27
negros e 887 mil mulheres negras perderam suas ocupações. As mulheres negras
apresentaram a maior taxa de desemprego (18,2%) e de subutilização (40,5%) na
pandemia (DIEESE, 2020), bem como o menor rendimento médio: as mulheres ne-
gras recebem menos que a metade do rendimento médio dos homens não negros.
A taxa de subutilização significa quem está desempregado, trabalha menos do que
poderia trabalhar ou mesmo que não esteja procurando emprego porém está dis-
ponível para o trabalho. Trata-se de uma taxa complementar à taxa de desemprego,
que ajuda a compreender melhor as desigualdades no mundo do trabalho.
28
ano de 2018, podemos estimar que essa realidade não sofreu mudanças positivas
bruscas, se agravando de forma considerável na pandemia de Covid-19.
29
a trajetória escolar, um dos motivos mais frequente foi a gravidez. A necessidade
de trabalhar e realizar tarefas domésticas também foram motivos expressivos.
Araújo e Caldwell (2020) argumentam que a Covid-19 é mais mortal para a popu-
lação negra justamente pelo cenário de violação dos direitos humanos. Condições
inadequadas de saneamento e moradia; profissões majoritariamente negras que
estão na linha de frente, mas não foram incorporadas nos planos de vacinação,
como transporte e serviços gerais; racismo institucional nos serviços de saúde;
pobreza e alimentação inadequada são fatores que relegam a população negra
em geral e as mulheres negras trans e cis em particular aos riscos de morte por
Covid-19. Nesse contexto, a pandemia atinge essas mulheres de forma direta, ex-
pressa nas mortes pelo vírus, como também no agravamento das condições de vida.
30
DIMENSÃO 1:
SITUAÇÃO DE DIREITOS
HUMANOS ECONÔMICOS,
SOCIAIS, CULTURAIS E
AMBIENTAIS (DHESCAS)
– RIO DE JANEIRO
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
VULNERABILIDADE SOCIAL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BENEFICIÁRIOS DO PBF*
Negros/as:
1.931.839
Brancos/as: Homens:
752.391 1.055.155
** Dados calculados pela consultora.
Mulheres:
1.645.845
Total: 2.701.000
Porcentagem de negros/as**: 71,50%
32
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SEGURANÇA ALIMENTAR
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
SUDESTE
POF 2017-2018 IBGE. Os dados têm como referência a raça/cor e sexo das pessoas de referência no domicílio, mas os dados por região do país não estão
Insegurança moderada:
5,8%
Insegurança grave:
2,9%
Insegurança leve:
22,5%
Segurança alimentar:
68,8%
33
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SANEAMENTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
SUDESTE*
96,50% 97,00%
66,90%
65,62%
44,70%
**Síntese de Indicadores Sociais – IBGE, 2019.
*IBGE – 2019 saneamento básico.
34
IMPRIMA ESTA
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TRABALHO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
TAXA DE DESOCUPAÇÃO*
Homens brancos:
10,4%
Mulheres Homens
negras: negros:
19,8% 14,4%
Mulheres brancas:
13,3%
MÉDIA SALARIAL**
3.375 reais
2.873 reais
2.283 reais
2.030 reais
1.763 reais
35
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
TRABALHO INFANTIL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
SUDESTE
Meninas: Meninos:
36,9% 63,1%
Brancos/as: Negros/as:
41,6% 58,4%
36
ANÁLISE DOS DADOS
O Brasil não apresenta, em grande parte, os dados por Estado segregados por
raça/cor e menos ainda por sexo-raça/cor. A estratégia utilizada para disposição das
informações é com mais frequência por grandes regiões. Apesar do Sudeste ser
uma região com melhores índices sociais do que Norte e Nordeste, por exemplo,
um olhar mais próximo aos territórios nos permite analisar que o padrão de segre-
gação racial se mantém. O percentual de pessoas vivendo na extrema pobreza e
na pobreza no estado do Rio de Janeiro é de 3% a 8% e 16,2% a 37,9%, respecti-
vamente. No Brasil esses índices correspondem a 6,5% e 24,7% e, no Sudeste, a
3,1% e 15,8%, o que mostra o Rio de Janeiro em uma situação intermediária.
37
territórios apresentam desigualdades nesta questão. De acordo com o Mapa da
Desigualdade (2020), os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias e Maricá
demonstram um percentual de habitantes atendidos com abastecimento de água
bem abaixo da média do Estado, correspondendo a 76,5%, 84,5% e 41,1% respec-
tivamente. Com relação ao tratamento de esgoto, apenas 16%, 1,1% e 22,4% são
tratados nos respectivos territórios.
38
DIMENSÃO 2:
SITUAÇÃO DE
SAÚDE E DIREITOS
HUMANOS SEXUAIS E
REPRODUTIVOS – BRASIL
39
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
MORTALIDADE
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
MORTALIDADE MULHERES EM IDADE FÉRTIL
64.258
36.255
(56,42%**)
25.946
(40,38%**)
1.481
MORTALIDADE MATERNA*
1.576
1.039
(65,93%**)
475
(30,14%**)
*Dados do SINAN (2019)
36
40
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
BRASIL
41
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ABORTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
INTERNAÇÕES POR ABORTO
209.520
100.520
Dados SINAN (jan/2020-fev/2021): aborto espontâneo, por razões médicas e outras gravidezes que terminam em aborto.
(47,98%*)
52.142
(24,89%*) 50.593
33
(45,21%*)
*Dados calculados pela consultora.
20
13
(17,81%*)
42
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SAÚDE MENTAL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
Total: 8.135
Total: 13.752
43
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
**A Manobra de Kristeller é uma pressão feita na parte superior do útero para acelerar o trabalho de parto. É uma técnica desnecessária que causa dor e
ALIMENTAÇÃO NO ANALGESIA MANOBRA DE
TRABALHO DE PARTO EPIDURAL* KRISTELLER**
29,7% 37,3% 34,0%
Mulheres brancas Mulheres brancas Mulheres brancas
*Analgesia epidural é um tipo de anestesia que bloqueia a dor é um determinado lugar do corpo.
desconforto para as mulheres. Apesar de não mais recomendada, ainda é muito utilizada.
USO DE PROCEDIMENTOS
NÃO FARMACOLÓGICOS MOVIMENTAÇÃO NO
PARA ALIVIAR A DOR TRABALHO DE PARTO
31,5% 48,5%
Mulheres brancas Mulheres brancas
26,3% 45,6%
Mulheres pardas Mulheres pardas
27,5% 46,0%
Pesquisa Nascer (LEAL et al., 2014)
44
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
LGBTQIAP+
BRASIL
Perfil das notificações de violências em lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
VIOLÊNCIAS INTERPESSOAIS OU AUTOPROVOCADAS
Não informado:
6,8%
Outros:
1,8%
Brancos: Negros:
41,4% 50,0%
45
ANÁLISE DOS DADOS
46
dados no Brasil. Essas duas pesquisas indicam que a população negra representa
grande parte dos/as usuários de Caps e hospitais psiquiátricos. As condições de
vida às quais a população negra é submetida no Brasil – fome, desemprego, ausên-
cia de moradia e saneamento adequado, violências -, precisam estar relacionadas
à saúde mental dessa população.
De acordo com Leal et al. (2014) a incidência de boas práticas durante o par-
to não atinge 50% das mulheres. São consideradas boas práticas a alimentação
e movimentação durante o trabalho de parto, bem como o uso de procedimentos
não farmacológicos para aliviar as dores e o monitoramento de parto. Apesar da
pesquisa não apontar para a prevalência de raça/cor nos dados, o que é discutido
por Leal et al. (2017) ao lembrar que o estudo não objetivou analisar as expressões
do racismo nos serviços de saúde, é possível identificar expressões do racismo
na atenção ao parto. As mulheres pretas recebem menos analgesia para controle
da dor, o que também é apontado pela autora. Essas também estão mais sub-
metidas a um pré-natal inadequado, recebem menos orientações sobre início do
trabalho de parto e complicações e menos anestesia local quando a episiotomia
(corte cirúrgico entre a vagina e o ânus) é realizada (LEAL et al., 2017). Ainda de
acordo com a pesquisa, as puérperas pretas apresentam menor vinculação com
a maternidade, maior ausência de acompanhante e sofrem menos intervenções
obstétricas. Esse último dado precisa ser analisado à luz do modelo de atenção à
saúde materno-infantil. De fato, o debate da humanização do parto argumenta que
este precisa ser um momento de autonomia das mulheres com menor intervenção
possível. Entretanto, a partir da lógica intervencionista predominante na saúde, pro-
fissionais compreendem as intervenções como bom cuidado em saúde.
Esse cenário de violência obstétrica tem como resultado o alto índice de morte
materna no Brasil. As mulheres negras são maioria na mortalidade, nas violências
e nas situações de aborto. A mortalidade materna e o número de internações por
abortamento são os índices mais expressivos: 65,9% das mortes maternas ocorrem
entre mulheres negras. De acordo com o Boletim Epidemiológico n° 2 do Ministérios
47
da Saúde, em 2020 a razão de mortalidade materna foi de 59,1 óbitos por mil nasci-
dos vivos, destacando que as mulheres negras estão expostas a duas vezes mais
riscos de óbitos maternos. Na pandemia do novo coronavírus essa situação se agra-
vou. O Brasil chegou a liderar mortes maternas por Covid-19 no mundo (SOUZA;
AMORIM, 2021) e as mulheres negras apresentam um risco de morte duas vezes
maior comparadas às mulheres brancas (SANTOS et al., 2020). As dificuldades
de acesso ao pré-natal de qualidade se agravaram, tendo em vista que diversos
serviços foram suspensos e maternidades se transformaram em atendimento
para Covid-19. A desastrosa condução da crise sanitária que atravessamos é res-
ponsável por milhares de mortes evitáveis. De acordo com os dados produzidos
pelo Observatório Obstétrico Brasileiro de Covid-19, até maio de 2021, as mortes
maternas entre mulheres negras foi 77% superior às das brancas. O Brasil representa
75% das mortes maternas pela doença no mundo todo. Além do sucateamento ao
qual os serviços públicos foram submetidos com mais intensidade nesse período, o
agravamento da precariedade das condições de vida, incluindo o aprofundamento
da fome e do desemprego e a insuficiência do auxílio emergencial, compromete a
saúde materna dessas mulheres.
48
A vida reprodutiva das mulheres negras é marcada por interdições que ceifam
o direito de escolha e de uma vivência digna dos direitos reprodutivos. O pano de
fundo no qual as mulheres realizam suas escolhas reprodutivas é marcado por vio-
lências, precariedades e interdições de direitos básicos como segurança alimentar,
trabalho e moradia, revelando a complexidade das injustiças reprodutivas às quais
estão submetidas.
49
DIMENSÃO 2:
SITUAÇÃO DE
SAÚDE E DIREITOS
HUMANOS SEXUAIS E
REPRODUTIVOS – RIO
DE JANEIRO
50
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
MORTALIDADE
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
3.969
(60,44%)
2.532
(38,56%)
58
MORTALIDADE MATERNA
155
115
(74,19%**)
39
(25,16%)
Dados do SINAN (2019)
51
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
52
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ABORTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
7.061
Dados SINAN (jan/2020-fev/2021): aborto espontâneo, por razões médicas e outras gravidezes que terminam em aborto.
(46,81%)
5.087
2.617
(17,35%)
3 3
53
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SAÚDE MENTAL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
Total: 452
Total: 256
54
ANÁLISE DOS DADOS
O cenário do Rio de Janeiro é ainda mais crítico do que o nacional. Ser uma mu-
lher negra no Rio de Janeiro representou estar exposta cerca de duas vezes mais à
violência de diversos tipos comparado às mulheres brancas. Podemos argumentar
que no Rio de Janeiro a violência contra as mulheres é racial, haja vista que es-
tas representam 56,7% das vítimas de estupro. Na contramão da média nacional,
entre as lesões autoprovocadas – como tentativa de suicídio -, as mulheres negras
representam 46,3%.
55
A cidade do Rio de Janeiro apresenta um quadro grave de saúde para a popu-
lação negra e para as pessoas autodeclaradas pretas em particular. Em 2020, a
taxa de mortalidade por doença pelo HIV foi de 16,9 para as pessoas pretas (bran-
cos: 5,6; pardos: 8,8: indígenas: 16,7); a taxa de mortalidade de tuberculose foi de
9,9 para as pessoas pretas (branca: 2,2; parda: 3,9); e a taxa de mortalidade por
Covid-19 foi de 225,1 (brancos: 188,3; pardos: 142,2). Apesar de os dados não esta-
rem segregados por raça/cor e sexo, é possível mensurar o nível de vulnerabilidade
em saúde que as mulheres pretas estão submetidas.
56
DIMENSÃO 3:
SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIAS E
VIOLAÇÕES PROMOVIDAS
PELO ESTADO – BRASIL
57
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
HOMICÍDIOS E ENCARCERAMENTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
3,2 5,2
78%
***** Dossiê ANTRA (2020).
*** Atlas da Violência 2020.
19%
58
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SEGURANÇA PÚBLICA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
79,1%
74,3%
20,8%
0,8%
59
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
BRASIL
FEMINICÍDIO
1.326
89,9%
66,6%
58,9%
33,1% 37,1%
266.310
AMEAÇAS
498.597
Anuário de Segurança Pública 2020.
12.604
60
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
VIOLÊNCIA SEXUAL
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
ESTUPRO
Homens:
14,3%
Mulheres: Negros/as:
85,7% 44,6%
Brancos/as:
54,9%
Total: 66.123
TENTATIVA DE ESTUPRO
5.676
61
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
BRASIL
GRUPOS ESPECÍFICOS
População em
LGBT: situação de rua:
* Não apresentado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Permanece como grupo genérico.
846 672
Balanço anual (2019) do Disque 100 Direitos Humanos – Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Igualdade racial:
225
População em
População carcerária:
situação de rua: 899
4.378
62
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
RACISMO RELIGIOSO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
BRASIL
233
Balanço anual (2019) do Disque 100 Direitos Humanos – Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
61
18 12 12 11
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ANÁLISE DOS DADOS
Ser uma mulher negra significou estar duas vezes mais exposta à vitimização
por homicídio. Em 2019, de acordo com o Atlas da Violência, a taxa de homicídio
para as mulheres negras era de 2 pontos a mais que as mulheres brancas. Entre as
pessoas trans, ser negra significou 78% dos assassinatos cometidos no país em
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2020. Segundo o Anuário de Segurança Pública (2020), 35,5% dos homicídios de
mulheres são feminicídios. Ainda segundo o Anuário, o 1° trimestre de 2020 apre-
sentou uma diminuição de 9,9% dos registros nas delegacias referentes à violência
doméstica. Entretanto, as chamadas do 190 subiram 3,8%. Apesar desses dados
não estarem desagregados por raça/cor, os dados apresentados pelo Sinan nos
possibilitam estimar que o aprofundamento da violência doméstica na pandemia de
Covid-19 atingiu com mais intensidade as mulheres negras.
Cerca de 68% das mulheres que estão em situação de cárcere são negras, se-
gundo dados do Depen de junho de 2020, e o aprisionamento das mulheres está
seguindo uma curva ascendente. Entre 2000 e 2014, de acordo com o Depen, houve
um aumento de 567,4% da população feminina encarcerada. Nesse mesmo período,
a taxa de aumento do encarceramento masculino foi de 220,2%. Esse quadro de
tendência crescente do encarceramento das mulheres atinge seu cume em 2016.
Se em 2014 havia 33.8 mil mulheres encarceradas, esse número saltou para 41 mil
em 2016. Entre janeiro e junho de 2020, o Depen informou um total de cerca de
37 mil mulheres encarceradas, sendo 1.850 com filhas/os no estabelecimento, 106
lactantes e 176 gestantes/parturientes. Conforme o Levantamento de Informações
Penitenciárias (Infopen) de 2017, apenas 14,2% dos estabelecimentos penais têm
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celas ou dormitórios adequados para gestantes e apenas 3,2% apresentam berçário
ou centro de referência materno-infantil. Os direitos reprodutivos das mulheres em
cárcere são cotidianamente violados, situação que faz parte de um quadro mais
amplo de injustiças e violações de direitos humanos.
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DIMENSÃO 3:
SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIAS E
VIOLAÇÕES PROMOVIDAS
PELO ESTADO – RIO
DE JANEIRO
67
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
HOMICÍDIOS E ENCARCERAMENTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
37,60
3,00 5,40
*****Taxa referente ao ano de 2017.
68
Total
6.357
99,2%
Homens
LETALIDADE VIOLENTA*
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
0,8%
Mulheres
SEGURANÇA PÚBLICA
1.245
79,1%
Negros/as
20,8%
Brancos/as
74,3%
29 anos
Jovens até
Segurança em Números 2020 elaborado pelo Instituto de Segurança Pública - ISP e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
*O Indicador de Letalidade Violenta se refere a vítimas homicídio doloso, morte por intervenção de agente do Estado, roubo seguido de morte e lesão
corporal seguida de morte, de acordo com o documento Segurança em Números 2020 elaborado pelo Instituto de Segurança Pública - ISP e o Governo
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do Estado do Rio de Janeiro.
IMPRIMA ESTA
PÁGINAS 13 A 16!
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINA E SIGA AS
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
PERFIL DA VÍTIMA
Homens:
39,7%
Mulheres: Negros/as:
Dossiê Crimes Raciais 2020 elaborado pelo Instituto de Segurança Pública - ISP e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
58,7% 90,8%
*Balanço anual (2019) do Disque 100 Direitos Humanos – Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Brancos/as:
9,2%
Total: 844
Idade: 40 a 59 anos
35
24
70
ANÁLISE DOS DADOS
71
contaminação, 22 crianças foram baleadas e 12 crianças negras assassinadas em
intervenções policiais no Rio de Janeiro. Isso significa dizer que a estratégia de iso-
lamento social não é uma alternativa para a população negra no contexto de pan-
demia. Além dos números, a violência racista se expressa também na impunidade
em relação ao crime. Grande parte dos casos ainda não teve desfecho e nenhum
agente foi responsabilizado. A polícia do Rio de Janeiro está em segundo lugar no
ranking de letalidade no Brasil com uma taxa de 10.5 homicídios por 100 mil ha-
bitantes. Apesar dos dados do estado não apresentarem raça/cor das vítimas da
violência policial, os dados nacionais indicam que os jovens negros são os alvos
preferenciais.
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DIMENSÕES DE (IN)JUSTIÇA
REPRODUTIVA NO RJ
(BELFORD ROXO - DUQUE DE
CAXIAS - ZONA OESTE): DADOS
QUALITATIVOS EM PERSPECTIVA
INTRODUÇÃO AOS DADOS QUALITATIVOS
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DIMENSÃO 1:
SITUAÇÃO DE DIREITOS
HUMANOS ECONÔMICOS,
SOCIAIS, CULTURAIS
E AMBIENTAIS
75
ANÁLISE DOS DADOS
76
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
DIREITO À MORADIA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
77
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
78
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ACESSO À ÁGUA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
ANÁLISE CRIOLA
Maior risco de contágio: as dificuldades acima mencionadas são vivenciadas pelas mulheres
no contexto da pandemia, no qual a água é um recurso essencial para conter a contaminação
de Covid-19 no processo de higienização e para que pessoas, mulheres e meninas trans e cis,
bem como homens trans e pessoas não binárias, pratiquem cuidados ligados à saúde sexual e
reprodutiva. O Rio de Janeiro apresenta o dado oficial de 90,5% de abastecimento por rede de
água (MAPA DA DESIGUALDADE, 2020).
79
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
SEGURANÇA ALIMENTAR
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
80
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
TRABALHO E RENDA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
ANÁLISE CRIOLA
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
DE CUIDADO
O QUE ELAS RELATARAM:
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
82
DIMENSÃO 2:
SITUAÇÃO DE
SAÚDE E DIREITOS
HUMANOS SEXUAIS E
REPRODUTIVOS
83
ANÁLISE DOS DADOS
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ABORTO E VIOLÊNCIA
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
ANÁLISE CRIOLA
O aborto se apresentou como uma realidade entre as mulheres. Percebe-se uma diferença em
relação à situação financeira para a realidade do risco gerado pelo aborto clandestino, que é
mais grave para as parcelas mais pobres. O processo é violento de maneira significativa sobre
como o julgamento é direcionado para as mulheres no território.
85
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
Agência Brasil
Agência Brasil
Agência Brasil
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
Agência Brasil
87
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ESTERELIZAÇÃO DE MULHERES
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
NOS TERRITÓRIOS
O QUE ELAS RELATARAM:
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
A violência é parte da experiência vivida por gestantes, seja pela ausência de equipamentos
sociais nos territórios ou pelo racismo institucional. A insuficiência de serviços tanto no pré-
natal quanto no parto expõe as mulheres a maiores complicações, sendo os maus tratos e a
discriminação mais intensas contra as mulheres pretas. As atitudes violentas por parte dos
profissionais funcionam como uma barreira de acesso aos serviços, desencorajando o retorno
das pacientes para acompanhamento. O processo de violência obstétrica também é marcado
pela dissimulação e justificativa da violência, muitas vezes apresentada como boas práticas.
Frases como “Mãezinha, quer que seu filho/a morra? e “Vamos subir em cima de você, mas
é para o seu bem” expressam a naturalização da violência no cotidiano dos serviços e o
desrespeito à autonomia das mulheres nesse momento.
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ACESSO À SAÚDE
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
89
IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
O contexto de medo, mortes e incertezas no Brasil devido à pandemia afeta a saúde mental da
população e das mulheres negras trans e cis em particular. A crise sanitária é proveniente também
de uma profunda crise econômica e política fundada pelo racismo patriarcal cisheteronormativo. A
pandemia agravou desigualdades e acelerou o processo de retirada de direitos, sobretudo em um
governo negacionista que não prestou nenhum apoio para amenizar o sofrimento da população.
Não houve investimento na política de saúde mental do Brasil para acolher essas pessoas. Ao
contrário, a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos impede a expansão dos serviços
e programas.
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
TRAJETÓRIAS REPRODUTIVAS
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
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DIMENSÃO 3:
SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIAS E
VIOLAÇÕES PROMOVIDAS
PELO ESTADO
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ANÁLISE DOS DADOS
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
GRUPOS ARMADOS
O QUE ELAS RELATARAM:
ANÁLISE CRIOLA
O cenário de injustiças reprodutivas das mulheres negras trans e cis, atravessado por diversas
violações de direitos expressas nos relatos, se materializam na interdição do direito de
maternidade, haja vista que o Estado brasileiro é responsável pelo extermínio dos jovens e
crianças negras. A ausência de equipamentos sociais de educação, saúde, esporte e lazer é
combinada com uma presença militarizada e violenta do Estado nesses territórios, em expressão
de um projeto político que determina quem pode viver e quem deve morrer e como morrer na
sociedade.
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ENCARCERAMENTO
INSTRUÇÕES DAS
PÁGINAS 13 A 16!
ANÁLISE CRIOLA
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
ANÁLISE CRIOLA
As remoções fazem parte de uma longa história de marginalização territorial da população negra
no Brasil. Com a valorização de determinados territórios, a população é afastada das regiões
em processo de desenvolvimento. Isso implica no afastamento, muitas vezes, dos locais de
trabalho e ocupação, aumentando o deslocamento das pessoas. As remoções impactam
também promovendo apagamento da memória da comunidade. Os territórios são espaços que
as pessoas constroem uma forma de vida, com história, dinâmica social interna
e redes de integração. Nesses espaços, a comunidade constrói uma memória coletiva de
luta e resistência.
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IMPRIMA ESTA
PÁGINA E SIGA AS
RELIGIOSO
O QUE ELAS RELATARAM:
Agência Brasil
ANÁLISE CRIOLA
98
REFERÊNCIAS
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GÓES, E. F.. Racismo, aborto e atenção à saúde: uma perspectiva interseccional. Tese (Doutorado
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WERNECK, J.; SILVA, N. I. Dossiê A situação dos direitos humanos das mulheres negras no Brasil:
violências e violações. Geledés: São Paulo, Criola: Rio de Janeiro, 2016.
101
Criola é uma organização da sociedade civil com 29 anos de trajetória na defesa
e promoção dos diretos das mulheres negras e na construção de uma sociedade
onde os valores de justiça, equidade e solidariedade são fundamentais. Nesse per-
curso, Criola reafirma que a ação transformadora das mulheres negras cis e trans é
essencial para o Bem Viver de toda a sociedade brasileira.
VISÃO
MISSÃO
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
3. Formar lideranças negras aptas a elaborar suas agendas de demanda por polí-
ticas públicas e a conduzir processos de interlocução com gestores públicos
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