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CENA 1
Sons sobem ligeiramente como se entrássemos no cenário de uma praia projetada no ecrã de
vídeo. Aos sons da praia misturam-se ao longe vozes, desconexas, impercep veis nos seus dizeres,
ruído de gente que se aglu na para ver par r as Naus. Na praia, como um quadro está co, vemos
Naus carregadas de homens, enquanto outros tantos se despedem destes no areal...a imagem
desse quadro movimenta-se da esquerda para a direita, até que a certa altura, de costas se
deslumbra um homem.
VELHO DO RESTELO:
CENA 2
No momento nal do texto, tambores explodem na banda sonora que se inicia. Entram em cena 4
marinheiros, 4 bailarinos que tocam os tambores enquanto dançam. Pelo meio da plateia um
Sacerdote caminha em direção ao palco. Traz consigo o famoso cálice de incenso que espalha pela
sala como benzendo ou puri cando o público.
“- Não deis vós Senhor ouvidos aos que duvidam das tuas razões…que os nossos corações se
encham de bravura e bondade para te servir! Nas velas brancas desfraldadas ao vento pintai de
vermelho a Cruz de Cristo! Povoai as terras com as Quinas da Coroa, e aos Homens que
encontrardes mostrai a nossa fé para que também eles se convertam a um só Deus, a uma só
religião...o Cris anismo.”
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
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PIMENTA, CANELA,
NOZ MOSCADA PARA VENDER.
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
LEVANTAI O CRUCIFIXO,
ESPALHAI A FÉ CRISTÃ!
A QUEM NÃO SE CONVERTER,
UM TRISTE FADO DITARÁ...
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
CENA 3
VELHO DO RESTELO:
“- Nesse pequeno reino de portas abertas para o mar, habitava um povo corajoso e audaz. Há
muito tempo que o horizonte longínquo lhes despertava a curiosidade. Era no entanto preciso
mais do que coragem para se entregarem ao total desconhecido na imensidão desse mar. O
des no estava porém traçado...e em breve começaria a grande epopeia dos Descobrimentos e da
Expansão Marí ma! Estávamos no Verão de 1415...”
O cenário (sempre digital) acompanha a canção. O ecrã de vídeo mostra também um mapa com o
percurso dos Navios descendo a costa Portuguesa até ao norte de África.
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DO ATLÂNTICO AO MEDITERRÂNEO,
ESSA PÉROLA VALE OURO!
SABE D.JOÃO I,
COMO CONVERTER O MOURO.
Quando a música repen namente termina, entra em cena o Sacerdote, e com ele ca apenas o
Infante D. Henrique.
CENA 4
SACERDOTE: “- Deus todo poderoso abençoe o nosso Infante que o povo e o reino aclamam de –
HENRIQUE O NAVEGADOR!”
INFANTE D. HENRIQUE: “- Rogai a Deus pelos nossos marinheiros para que possam redescobrir as
Ilhas do Atlân co...”
SACERDOTE: “- Não vos assusta o infortúnio dos que perderam a vida nessas águas
amaldiçoadas?!””
SACERDOTE: “- Duvidais então dos que asseguram que ali mesmo se acaba o mundo...no abismo
do Bojador?!”
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INFANTE D. HENRIQUE: “- Não só duvido como mandarei o meu melhor escudeiro para o provar...”
INFANTE D. HENRIQUE: “- Com a experiência dos nossos navegadores! Mas não só! Outros tantos
virão...Maiorquinos, Genoveses, Venezianos...não há tempo a perder...”
SACERDOTE: “- Quem mais senão vós poderia merecer a honra de governar a “Ordem de Cristo”?!
Ide...e que o Senhor vos acompanhe na vossa grande ambição!”
Uma nova música rompe a sala…os tambores e as trovoadas misturam-se num jogo de suspense e
emoção. Barcos a ranger, ondas e ventos furiosos juntam-se aos acordes, e a uma só voz o coro
canta…
QUEM ÉS TU,
CABO DO MEDO,
ONDE O MUNDO SE ACABA?!
QUEM ÉS TU,
DESCONHECIDO,
MAR DO ABISMO OU CHÃO DE ÁGUA?!
UM SÓ HOMEM TE DOMINA,
UM SÓ POVO TE DESEJA.
GIL EANES TE CONQUISTA,
E AO MUNDO FAZ INVEJA!
No nal da música volta o Velho do Restelo, enquanto um indígena se esconde e tenta escapar da
sorte que se avizinha…
CENA 5
VELHO DO RESTELO: “-Vencido o Cabo Bojador estava aberta a porta para os descobrimentos.
Todos os mitos e medos da idade média se afundavam nas águas imensas e profundas do Oceano
Atlân co. Nos anos seguintes esse povo aventureiro e sedento de riqueza mapeava toda a costa
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ocidental Africana. Em cada terra que pisavam descobriam um mundo totalmente novo…mas a
sorte, não era igual para todos…”
Neste momento dá-se uma cena de “caçada”…uma música que é uma dança entre 2 marinheiros
brancos e 1 indígena negro. O indígena luta pela sua liberdade, mas o des no está-lhe traçado e
acaba como escravo.
Toda a música é uma cena de caçada. Os 2 marinheiros avançam pela plateia onde o escravo tenta
escapar…
NÃO ÉS HOMEM,
NÃO ÉS GENTE.
QUE LINGUA É ESSA QUE FALAS?!
APROXIMA-TE,
NÃO FUJAS,
RENDE-TE À MINHA ESPADA.
No nal da música o escravo ca sozinho em cena…lamenta-se, brada aos céus enquanto outros
escravos vão chegando. Numa música instrumental bem afro, cada um dança um ritmo tradicional
e exorciza a sua liberdade roubada. É um momento de dança forte e comovente. Em vários dialetos
africanos a única palavra que se ouve das suas bocas como uma melodia sem nexo é “liberdade”!
MÚSICA 5: AFRICA
Em determinada altura desta coreogra a, no video, misturado com imagens a preto e branco dos
escravos, a voz do Velho do Restelo em “o ” vai lendo um texto extremamente conhecido da idade
média, de seu autor, Gomes Eanes de Zurara.
"[...] começaram os marinheiros a tirar os escravos que tinham trazido para os levarem como
lhes fora mandado [...].
Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados em lágrimas, outros estavam gemendo
dolorosamente, [...] outros faziam as suas lamentações em maneira de canto [...]. Mas, para a
sua dor ser mais acrescentada, chegaram os que estavam encarregados da partilha e
começaram a separá-los uns dos outros, a fim de fazerem lotes iguais. Por isso havia
necessidade de se separarem os filhos dos pais, as mulheres dos maridos e os irmãos uns dos
outros [...]. As mães apertavam os filhos nos braços para não lhes serem tirados [...]."
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CENA 6
SACERDOTE: “- Nenhum Homem poderá negar a Cruz de Cristo. Todos, de Mouros a Indígenas se
converterão ao Cris anismo!”
DIOGO CÃO: “- El Rei D. João II deu-me a honra de comandar uma expedição pelo sudoeste
Africano…(para o Sacerdote) tereis já ouvido falar dos “padrões”…as cruzes de pedra que mando
erguer a cada terra conquistada?!”
SACERDOTE: “- Graças também a Diogo Cão, Cavaleiro da Casa do Infante…na verdade os cereais
que nos chegam matam a fome ao nosso povo…a madeira é cada vez mais importante para a
construção dos nossos navios…e o ouro…o precioso metal enriquece a nossa coroa!”
DIOGO CÃO: “- Temos de con nuar a descer o Bojador…cada vez mais longe…cada vez mais a sul…
temos de encontrar essa passagem para leste…”
DIOGO CÃO: “- Na verdade, julguei tê-lo encontrado quando rumei a leste por aquele imenso
canal de água…”
DIOGO CÃO (como saudosista): “- Sim…levamos dias nessas águas… até chegarmos à porta das
“Cataratas de Lelala”…deixei também uma cruz de pedra para assinalar que ali chegamos…e outra
ainda mais a sul no Cabo de Santa Maria…”
DIOGO CÃO: “- …na verdade equivocado…era a minha segunda viagem…alcançamos o Cabo Cruz…
el Rei julgou que es vera-mos na ponta sul da costa de África…lá mandei também erguer mais
uma Cruz de Pedra…”
SACERDOTE: “- Que o Senhor te proteja…rezo por Diogo Cão e por todos os que expandem o
nosso Reino…!”
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CENA 7
BARTOLOMEU DIAS: “- Incubiu-me El Rei D. João II de saber no cias do Preste João. Levo a meu
cargo duas Caravelas e uma Naveta com man mentos…”
SACERDOTE: “- Recebei a benção de Cristo antes de par rdes para essa temível viagem…”
SACERDOTE: “- Que o Senhor vos dê ventos e correntes a favor…que nalmente encontres o tão
desejado mar a Oriente que vos levará às tão valiosas especiarias da Índia…”
BARTOLOMEU DIAS: “- Shhhhhh! Falai baixo…ninguém nos poderá ouvir…nem sequer sonhar que
buscamos a todo o custo um caminho marí mo para a Índia…”
VELHO DO RESTELO (quase num aparte sussurrado ao público): “- Por esta altura…está realmente
Colombo, um Navegador Genovês a tentar convencer D. João II a patrociná-lo para a mesma
viagem, mas…pelo lado inverso…navegando para Ocidente para também ele chegar ao…Oriente…”
BARTOLOMEU DIAS: “- Está na hora de largar amarras…façam embarcar dois homens e quatro
mulheres escravos negros…dai-lhes de comer e vistam-nos com as melhores roupas…serão
largados do outro lado da costa a oriente para que as gentes de lá saibam da bondade e grandeza
dos portugueses…(solta grandes gargalhadas…)
CARAVELA,
BARCO À VELA.
TÃO FÁCIL DE GOVERNAR.
NO TEU MASTRO,
TUAS VELAS,
SÃO DE FORMA TRIANGULAR.
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CARAVELA,
DO ATLÂNTICO,
QUANTAS LÉGUAS NAVEGASTE?!
A NORTE E A SUL DO BOJADOR,
QUANTOS SUSTOS NOS PREGASTE?
CARAVELA,
BARCO À VELA.
SABES TÃO BEM BOLINAR.
QUANDO O VENTO,
TE DÁ TRÉGUAS,
PÕES OS HOMENS A REMAR!
Bartolomeu terá à sua frente à boca de cena apenas um leme que segura de pé e tenta governar
durante toda a travessia…
CENA 8
BARTOLOMEU DIAS: “- Depois de passar o “Cabo da Cruz” o ponto mais a sul onde Diogo Cão
nha chegado, tudo para a frente voltava a ser desconhecido…para infortúnio dos nossos homens
uma tempestade assolou-se diante de nós por 13 dias…os ventos severos e as correntes fortes
empurravam-nos mar a dentro…perdidos e sem esperanças lutávamos pelas nossas vidas…a esse
cabo desconhecido e intransponível chamei-lhe o Cabo das Tormentas! (a tempestade vai-se
amainando)
Quando nalmente as ondas e o vento deram tréguas tentamos voltar para a costa…mas só
encontramos mar! O tão desejado mar!!! Sem que o soubéssemos navegávamos já no Oceano
Índico! Dois oceanos estavam nalmente ligados permi ndo contornar Africa descendo o Atlân co
e seguindo o Índico rumo ao oriente…nos dias seguintes con nuamos o mais que pudemos…
cartografando a costa descoberta…erguendo cruzes de pedra para marcar a nossa presença…
(“terra à vista”…em OFF)
Até que os meus homens, vencidos pela fome, pelo cansaço e pela doença, me obrigaram a
regressar. Uma vez regressados a Lisboa, ao Cabo que chamei das Tormentas quis el Rei D. João II
dar outro nome…chamou-lhe então o Cabo da Boa Esperança!”
CENA 9
VELHO DO RESTELO: “- O tal navegador Colombo, ao serviço da coroa espanhola, tentava a todo o
custo chegar às Índias primeiro do que os portugueses. Baseado no facto de que a terra é redonda,
navegava no sen do oposto dos portugueses…e rumando a oeste alcançou as Américas. As
tensões entre o reino de Portugal e o Reino de Castela na disputa por esse novo mundo tornavam-
se cada vez mais reais, até que de ambos os lados se chegou a um histórico acordo…o Tratado de
Tordesilhas…
Entram em cena os bailarinos (2+2) representando cada um dos países. Trazem uma enorme corda,
um cabo náu co que seguram e disputam. De um lado os portugueses e do outro os espanhóis. A
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cena será uma coreogra a como que puxando e disputando o mundo enquanto um mapa no ecrã
mostra a divisão com a linha da la tude. O Sacerdote resume o tratado durante a coreogra a. No
nal da cena, o Sacerdote corta pelo meio o cabo, caem os bailarinos em cada um dos lados e
rasga-se no vídeo o mapa.
SACERDOTE: “-INTER COETERA…a Bula Papal de sua san dade o Papa Alexandre VI é mais
vantajosa ao reino de Castela…assim, exige EL Rei D. João II, o Príncipe perfeito que seja
re cada…Que o mundo se divida numa linha imaginária a 370 léguas a oeste de Cabo Verde…
SACERDOTE: “- A leste deste meridiano (usam a corda como exemplo) caberão a Portugal todas as
terras conquistadas e todas as outras por conquistar…a oeste serão de Espanha…que se evitem os
con itos entre estas duas grandes nações e que o mar pertença a quem o conquistar!!!
Mare Clausum…Sob o teu testemunho Senhor…O reino de Portugal e o reino de Castela assinam o
Tratado de Tordesilhas…”
CENA 10
Um pequeno trecho instrumental épico ouve-se em cena, Atores vão entrar na pele de piratas…
SOMOS PIRATAS,
SAQUEADORES,
ESPALHAMOS O MEDO,
E OUTROS HORRORES.
QUEREMOS FORTUNA,
MOEDAS DE OURO.
QUE VENHA A NÓS,
O VOSSO TESOURO!
AHAHAHAHAH!!!!
FOMOS ESCRAVOS,
HOMENS SEM NOME.
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PASSAMOS SEDE,
PASSAMOS FOME.
MARINHEIROS,
NAUFRAGADOS.
NUMA TÁBUA,
NOS SALVAMOS.
AHAHAHAHAH!!!!
SOMOS PIRATAS,
SAQUEADORES,
ESPALHAMOS O MEDO,
E OUTROS HORRORES.
QUEREMOS FORTUNA,
MOEDAS DE OURO.
QUE VENHA A NÓS,
O VOSSO TESOURO!
AHAHAHAHAH!!!!
TIVEMOS CÓLERA,
ESCORBUTO.
FEBRE E DIARREIA.
AGUENTA-TE ESQUELETO,
COM DOIS OSSOS,
E UMA CAVEIRA!
AHAHAHAHAH!!!!
SOMOS PIRATAS,
SAQUEADORES,
ESPALHAMOS O MEDO,
E OUTROS HORRORES.
QUEREMOS FORTUNA,
MOEDAS DE OURO.
QUE VENHA A NÓS,
O VOSSO TESOURO!
SOMOS PIRATAS,
SOMOS PIRATAS,
SOMOS PIRATAS!!!
CENA 11
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VELHO DO RESTELO: “- Não obstante todos os perigos que já se conheciam…e os que ainda
estavam por descobrir, o projeto de D. João II estava cada vez mais lançado…e mesmo contra a
vontade das “altas classes” D. Manuel I, seu sucessor, estava também ele decidido a chegar à India
por mar…assim…mandou preparar as Naus e nomeou um seu Cavaleiro para capitão da armada…
170 homens divididos em 3 Naus e um Navio com man mentos enfrentavam novamente o mar
numa viagem que duraria mais de 10 meses…apesar de tão longe…nunca o ouro do oriente
es vera tão perto…
Dá-se uma trovoada…um dos momentos altos do espetáculo está prestes para acontecer…
…poderemos repe r a cena cénica do Bartolomeu Dias agarrado ao leme desta vez com Vasco da
Gama e o Adamastor no ecrã. A imagem é como o gigante a falar nas costas do navegador…
ADAMASTOR: “- Ó gente ousadas mais que quantas no mundo cometeram grandes cousas…e
navegar meus longos mares ousas…sabe que quantas naus esta viagem que tu fazes zerem, de
atrevidas, inimiga terão esta paragem, com ventos e tormentas desmedidas…”
VASCO DA GAMA: “- Quem és tu? que esse estupendo corpo certo me tem maravilhado?”
ADAMASTOR: “- Eu sou aquele oculto e grande cabo a quem chamais vós outros tormentório…
chamei-me Adamastor!”
No nal desta cena, o Adamastor esfuma-se no ecrã…o ecrã revela um horizonte de bonança…o
Sol…o céu…a praia de Melinde…Vasco da Gama con nua “preso ao leme”…
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CENA 12
…pela plateia vão entrar mercadores indianos, que são muçulmanos, e entre outros produtos nos
seus cestos e bandejas trazem incensos que perfumam de especiarias imediatamente a sala. Uma
música instrumental a lembrar o oriente acompanha a ação. No Palco bailarinos fazem o mesmo
numa coreogra a.
SAÍMOS DE BELÉM,
COM AS VELAS ENFUNADAS.
3 NAUS E UM OUTRO NAVIO (E UMA GALÉ)?,
COMPLETAVAM A NOSSA ARMADA.
No nal da canção acontece um diálogo entre Vasco da Gama e um dos seus homens a propósito
das di ceis negociações…
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VASCO DA GAMA: “- Não vejo fácil estabelecermos como desejávamos uma feitoria em
Calecute…”
VASCO DA GAMA: “- Ouro, e algumas especiarias…embarcadas que estejam nas nossa naus
par remos sem aviso prévio…”
VASCO DA GAMA: “- Ninguém saberá da nossa par da…haveremos de voltar…com uma nova e
reforçada armada, com poder bélico e diplomacia capaz de os convencer…”
Terminada que está a cena das Índias…volta o instrumental oriental para na mesma coreogra a e
no ambiente fes vo e aromá co do mercado, as Naus, que são agora só 3, desembarcarem
anonimamente…inicia a viagem de regresso…
CENA 13
NA LATITUDE DO SUL,
AMARGAMOS AO INVERNO.
E AO PASSAR O EQUADOR,
PADECEMOS NO INFERNO!
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HÁ DE NÓS OS QUE ENJOAM,
SÓ COM AS NAUS A BAILAR.
E VÃO DE GOA A LISBOA,
COM A GARGANTA A BALDEAR!
CENA 14
SACERDOTE: “- Eis que o céu e Deus todo poderoso nos concede o milagre de ver regressar a casa
a armada de Vasco da Gama…dois anos depois de deixarem Lisboa, realizando a mais longa e mais
arriscada viagem marí ma alguma vez realizada.
148 homens par ram, apenas 55 homens regressam. O céu se encarregará de recompensar os que
se perderam no mar…”
VELHO DO RESTELO: “- El Rei D. Manuel I não perderá tempo a preparar a 2ª expedição à India…”
SACERDOTE: “- Que seja rezada de véspera uma missa em despedimento e homenagem da nova
armada…muito nos honrará a presença de el Rei D. Manuel I e da sua corte,,,”
VELHO DO RESTELO: “- Desta vez um con gente signi ca vamente maior rumará ao sul e ao
oriente…”
SACERDOTE: “- Para comandar a frota, sua majestade el Rei nomeou o nobre Cavaleiro da Ordem
de Cristo Pedro Álvares Cabral…”
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VELHO DO RESTELO: “- Pedro Álvares Cabral par u rumo à Gran Canária e de seguida a Cabo
Verde…por esses dias misteriosamente uma das Naus com 150 homens desapareceu sem deixar
rasto…as outras seguiram para cruzar a linha do Equador e usando da experiência das viagens
anteriores afastaram-se o mais que puderam da costa Africana, navegando em mar alto para
seguirem as correntes e os ventos que os empurravam para sul…até que a certa altura os marujos
aperceberam-se que algo mudava na paisagem…”
O vídeo ajuda a compor a cena…não há música apenas os sons naturais e o suspense dos homens…
…avistadas as algas anoitece…só a lua no mar e um céu estrelado…
…amanhece e os marujos percebem que estão próximos de costa…
PEDRO ÁLVARES CABRAL: “- Será por certo mão divina…se estamos em época da Páscoa
chamemos-lhe o Monte Pascoal! Rumaremos a norte…procuraremos um Porto Seguro…!”
PEDRO ÁLVARES CABRAL: “-…que porção de terra é esta que se apresenta diante dos meus olhos…
de tão bela que é mais me parece uma ilha…chamo-lhe a Ilha de Vera Cruz…e porque é Domingo
de Páscoa celebremos em terra uma Missa!”
TODOS: AMEN!!!
Já o som de cuícas e pandeiros ecoam na sala…Porto Seguro…O Brasil estava assim descoberto…
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No nal da música Pedro Álvares Cabral manda um homem a terra…logo de seguida prepara-se o
cenário com tochas e uma alca fa como descreve a carta de Pero Vaz de Caminha.
CENA 15
PEDRO ÁLVARES CABRAL: “- Que se apresse um dos nossos pilotos a ir a terra num batel buscar
na vos…
As tochas são colocadas e acendidas…a alca fa é estendida…ao fundo Pedro Álvares Cabral
sentado numa poltrona com um colar de ouro…chegam dois índios (conforme descritos na carta).
Segue-se uma cena encenada (que terá até algum humor)…com pouco ou nenhum texto, com o
som do mar ao fundo e apenas alguns “grunhidos”…a carta diz-nos o seguinte:
(QUEM LÊ A CARTA?)
Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez
sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente
deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro
preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas
vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de con nhas brancas,
miúdas, que querem parecer de aljaveira(…)
(…)
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem ves do, com um colar de
ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alca fa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de
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Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no
chão, pela alca fa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não zeram sinal de cortesia, nem de
falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de
acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro.
Também olhou para um cas çal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o
cas çal como se lá também houvesse prata.
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não zeram
caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase veram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e
depois a tomaram como que espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e gos passados. Não quiseram
comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora.
Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram
mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que
lavaram, e logo a lançaram fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e
lançou-as ao pescoço. Depois rou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para
as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.
Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e
mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou
as contas a quem lhas dera.
Então es raram-se de costas na alca fa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas
vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O
Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não
a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consen ram, quedaram-se e dormiram.
No nal desta cena, anoitece num breve black-out e amanhece com o mesmo cenário das tochas e
mais um altar…o Sacerdote vai entrar e a tal missa de Páscoa vai ser celebrada. Mais em jeito
conclusivo da cena do que propriamente de uma eucaris a, mas com celebração…os índios
assistem e par cipam…
SACERDOTE: “- Deus anuncia o evangelho nesta nova terra descoberta. Que todos se convertam a
cristo, por cristo, com cristo…”
TODOS: “- Amen!”
SACERDOTE: “- Salvas estarão as almas destes na vos que clérigos mais virão por demanda Del Rei
para os ba zar…”
TODOS: “- Amen!”
SACERDOTE: “- Antes de par r…pedir a vós Senhor, que guardeis as nossas Naus na viagem que
ainda nos falta. Que a paz de cristo que com esta terra que a ela haveremos de voltar!”
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No nal da cena, os índios que es veram presentes dançam e cantam numa cerimónia ritual das
suas tribos em tom de despedida dos Portugueses.
PEDRO ÁLVARES CABRAL: “- Amarrem os bateis à popa das naus…ao mar alto voltamos…ao Cabo
da Boa Esperança aproamos para rumarmos a Calecute…!”
Inicia-se uma coreogra a com uma dança e tambores muito semelhante ao inicio do espetáculo…
volta a música que abriu o musical…
CENA 16
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
LEVANTAI O CRUCIFIXO,
ESPALHAI A FÉ CRISTÃ!
A QUEM NÃO SE CONVERTER,
UM TRISTE FADO DITARÁ...
IÇAR VELAS,
LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
IÇAR VELAS,
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LARGAR!
AO MAR,
IR E VOLTAR.
FIM