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JESSY MARIANA QUICENO GARCÉS

 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA
“O pagador de promessas”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado no curso de artes cênicas
do centro universitário IESB
 
Orientadora: Lenka Neiva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA
2021
 
 
 
REFERÊNCIAS
GOMES, A. de F. D; o pagador de promessas. Brasil, 1960.
 
O pagador de promessas dirigido por Anselmo Duarte, é um filme brasileiro do ano de 1962,
baseado no romance homônimo de Alfredo de Freitas Dias Gomes (Salvador, 19 de outubro
de 1922 — São Paulo, 18 de maio de 1999) sendo vencedor da Palma de Ouro do Festival de
Cannes do mesmo ano.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A temática explorada pelo autor começa com Zé, um homem humilde que mora em uma zona
rural do Brasil. Seu único amigo é um burro chamado Nicolau. Quando Nicolau adoece, Zé
reza por sua recuperação e promete a de*s que carregará uma cruz até a igreja de Santa
Bárbara, em Salvador da Bahia, em agradecimento por sua recuperação.
O filme tem uma duração aproximada de 95 minutos e tem uma alta carga humanística e
moral. Poderíamos comparar o roteiro de “O Pagador de promessas” com as experiências
vividas por Jes*s ao ser capturado no Jardim do Getsêmani. Desta forma, Zé representaria o
papel do humilde e gentil camponês, que tem conseguido renunciar às suas terras e riquezas,
distribuindo-as entre os pobres e deserdados depois de ver cumprido o seu pedido e cujas
motivações são incompreendidas pelo resto da população.
Pessoalmente, a parte de mais interessante para mim foi a divisão das terras do agricultor para
distribuí-las igualmente entre os camponeses de sua aldeia natal. Nas palavras do humilde e
confiante camponês, tudo sugere que o pedido feito ao Santo está ligado à salvação de um
familiar ou de uma colheita que parecia perdida. No entanto, a vestimenta pedida por Zé nada
mais é do que a salvação do seu mais fiel amigo: o seu burro.
Minhas principais considerações e apreciações sobre o tema é que esses personagens com
maior presença na sinopse como o sacerdote e o Zé, são sustentados por uma série de
maravilhosos personagens secundários que sempre contribuem com seu grão de areia para
incendiar a história com pequenas metáforas filosóficas. Trata-se do usurário e avarento dono
do bar da Plaza de la Iglesia (de origem espanhola), um escritor fracassado à procura de uma
história para encher de prosa as páginas vazias da sua próxima obra, um jornalista mesquinho
e sensacionalista que tenta falsificar a realidade para escandalizar a sociedade e vender com
ela jornais, um grupo de capoeira que se junta ao partido que vê Zé como uma espécie de líder
revolucionário a favor da Reforma Agrária e finalmente os devotos da religião pagã de origem
africana chamada Candomblé que avisam que a promessa realizada por Zé pôde ser
consumada graças à mediação de uma sacerdotisa desta religião no seu lugar de origem e,
portanto, da mesma forma, tentarão usar este facto a seu favor.
A peça gerou-me várias emoções ao longo da obra, pois no momento que a obra ia se
desenvolvendo, senti o esforço por parte do diretor Anselmo Duarte e de toda sua equipe de
produção para que o espetador conseguisse compreender o objetivo da mesma, já que é uma
obra chocante, metafórica, crua, selvagem e exótica.
 
 
Embora eu não seja católica e não concorde com o extremismo religioso, gostei do
aprofundamento e desse convite a honrar a promessa e a nossa palavra como o Zé fez. Ele
mostrou-se um homem humilde e com um grande coração disposto a ajudar quem precisar
sem importar o quanto ele tiver.
O sacerdote dizia que a Santa Bárbara é uma santa católica. Suas palavras foram” Você
invocou um falso ídolo e foi a ele que lhe prometeu o sacrifício” e “você que pretende imitar
ao filho de de*s”. Mas o zen disse que santa bárbara era a mesma coisa que a lansã.
Estudando um pouco a respeito, achei que a lansã e a orixá associada a Santa Bárbara no
catolicismo devido a influência da santa cristã sobre os raios, tempestades e trovões. A crença
surgiu por causa dos
africanos traficados como escravos para o Brasil que pertenciam a povos diferentes.
Desse modo, foi assim que se deu origem às suas cosmologias e crenças religiosas chamadas
“nações do candomblé”. Seguindo com a obra, o tema é bem relevante no contexto atual,
devido às diferenças religiosas que existem há muito tempo. Assim como o Zé, ele fez uma
promessa e a honrava muito, mas não teve muito conhecimento sobre a quem que ele fez a
promessa...Eu como pessoa tento me por nos seus sapatos, mas o mundo espiritual é muito
amplo e temos que ser mais conscientes sobre como as nossas decisões podem repercutir
depois. Também tem pessoas como o escritor que procurava uma história para escrever, lhe
dizendo ao Zé: “Estava pensando. Da tua briga com o sacerdote eu poderia fazer um bom
livro”. Veja-se que querem fazer de tudo um negócio. Algumas pessoas se mostram com
vontade de ajudar, mas só se interessam pelos seus fins próprios, o qual me deixa um pouco
de constrangimento.
A linguagem e a abordagem utilizada facilitam o entendimento. Ainda que algumas palavras
não me sejam muito familiares, a linguagem não é muito diferente à que empregamos nos dias
atuais.
Realmente não tenho pontos negativos sobre a obra, posso dizer que é uma criação bem
elaborada, com personagens muito talentosos, um roteiro rico e cheio de palavras novas para
meu vocabulário e um ambiente próprio para que a mesma peça possa se desenvolver da
maneira certa.
A peça traz um bom número de contribuições para o público. Eu optei por assistir o filme;
tanto o livro quanto o filme são bem conhecidos e de fácil acesso, tive a oportunidade de
presenciar uma obra do pagador de promessas interpretada por Santoz, um ator profissional de
Brasília fazendo o papel do Zé. Se procurarmos, a peça não só se encontra no seu idioma
original do português, mas em espanhol e possivelmente em outros idiomas de forma gratuita
como na plataforma de YouTube.
O filme brasileiro tem sido o único a conquistar a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival
de Cannes, na França, um dos mais prestigiados e famosos festivais de cinema do mundo.
Lendo um pouco, o Brasil e os Estados Unidos são os únicos países do continente americano a
conquistar a honraria. O Pagador de Promessas também se tornou o primeiro filme da
América do Sul a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme estrangeiro, na edição de 1963, por
ganhar o prêmio dito anteriormente.
Analisando um pouco dos aspectos desnecessários e/ou irrelevantes do pagador de promessas,
considero todos os aspectos essenciais para o bom entendimento da obra, já que por meio dela
consigo relacionar as situações com os acontecimentos da atualidade e consigo me identificar
com muitos deles.
3 momentos da peça que mais chamaram a minha atenção:
 Nos ensina a sentir mais empatia pelo outro, neste caso ter mais empatia pelo Zé. Ainda
que o sacerdote não quisesse deixar entrar o Zé à igreja por fazer uma promessa no
território de candomblé, ele segue sendo uma pessoa que independente das suas origens
ou de seus pecados merece ser morta, mas escutada e respeitada, Assim como a mulher
prostituta com Jes*s na bíblia (7 de Lucas, nos versículos 36 a 50) ele a amou e perdoou
ela.
 Assim como o camponês Zé, devemos aprender a honrar a nossa palavra e ser impecáveis
com ela. Como falou Carlos Hilsdorf: “Promessas são apenas palavras até começarem a
ser cumpridas por nossas atitudes”.
 Rosa, a mulher do Zé nunca o abandonou. Ela sim enganou seu marido, mas se
arrependeu e esteve com ele até o final. Posso dizer que nos dias atuais não é muito
comum que aconteça uma coisa assim, a situação dela não foi fácil, mas seu amor por ele
nunca morreu e preferiu passar fome e momentos confortáveis antes de ir embora.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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